Article - Hortifruti Brasil February edition - issue 164

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CAPA Por Emanuel Pereira Lima Filho, Marcela Guastalli Barbieri e João Paulo Bernardes Deleo

CLIMA 2014-2017 2017 NÃO SERÁ UM ANO DE “ENOS” - As previsões apontam para um “ano neutro” em 2017, isto é, sem grandes fenômenos climáticos como o La Niña ou um novo El Niño (conhecidos como fenômenos “ENOS”). Nos últimos três anos, o fenômeno mais marcante foi o El Niño (que durou entre o final de 2014 e meados de 2016), considerado o segundo mais forte da história, na avaliação da pesquisadora Dra. Renata Gonçalves Tedeschi, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse fenômeno explica o aumento de chuvas acima da média no Sul do País e a diminuição da precipitação no Norte e Nordeste entre 2014 e 2016.

LA NIÑA TERMINA EM FEVEREIRO SEM TRAZER BOAS CHUVAS PARA O NORDESTE - O fenômeno La Niña, que teve intensidade muito fraca no segundo semestre de 2016 e já tem seu término previsto em fevereiro/17, não elevou, como era aguardado, o volume de chuvas no Nordeste. O último relatório de previsão trimestral do Cptec/Inpe, publicado no dia 25 de janeiro, prevê que, por conta da “neutralidade” de grandes fenômenos em 2017, ampliam-se as incertezas quanto às previsões de chuvas entre fevereiro e abril nas regiões produtoras hortifrutícolas. Segundo o relatório do Inpe, a única exceção é o norte do Nordeste, onde a maioria dos indicadores aponta precipitação abaixo da normal climatológica no principal período chuvoso da região, que é o trimestre de fevereiro-março-abril. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) avalia que a situação hídrica na maioria dos reservatórios de abastecimento de água do Nordeste não deve se recuperar no decorrer do trimestre fevereiro-março-abril de 2017. O Cemaden ainda alerta um acentuado risco de esgotamento da água armazenada entre novembro de 2017 e janeiro de 2018 nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. Quanto às temperaturas, o Cptec prevê temperatura variando de normal a acima da normal climatológica no Centro-Norte e Nordeste do Brasil para o trimestre de fevereiro-março-abril e números próximos da normal climatológica para o Centro-Sul.

FALTA ÁGUA: SITUAÇÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO É CRÍTICA! Nordeste No geral, a situação na região do semiárido brasileiro (norte do Espírito Santo, norte de Minas Gerais e grande parte do Nordeste) é crítica e pode levar à redução dos investimentos em 2017, devido ao déficit hídrico desde 2014. A fraca intensidade do La Niña neste verão não elevou o volume de chuvas, como era esperado para a região. O Cemaden alerta para alto risco de esgotamento da água para 2017 nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. Outras regiões hortifrutícolas como Goianápolis/Cristalina (GO) e Brasília (DF) também estão com limitação de água para a produção, e a situação pode ficar crítica caso a chuva não se normalize nos próximos meses.

Sudeste & Sul O balanço hídrico em 2016 nas regiões Sul e Sudeste (exceto as localizadas no semiárido) finaliza positivo e deve ser suficiente para atender a demanda de irrigação nas praças produtoras em 2017.

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Excesso e falta de chuvas alteram o mapa dos hortifrútis O QUE ESPERAR PARA OS HORTIFRUTÍCOLAS? - As previsões climatológicas do Cptec/Inpe e Cemadem apontam para a situação crítica quando ao volume de água disponível em algumas regiões produtoras, em especial as localizadas no semiárido do Brasil, que abrange tanto parte do Nordeste como o norte de Minas Gerais e norte do Espírito Santo. Mesmo que as chuvas aumentem daqui para frente, estas ainda não serão suficientes para repor as reservas hídricas, devido à forte estiagem dos últimos anos. Serão necessários vários anos de boas chuvas para recuperar as reservas de água do semiárido brasileiro e também de algumas regiões produtoras de Goiás (como Cristalina) e Brasília (DF). Já nas regiões Sul e Sudeste, as reservas hídricas estão em bons níveis, o que deve garantir oferta de água suficiente para atender a demanda por irrigação nos hortifrutícolas em 2017.

BALANÇO CLIMA X OFERTA DE HFS: 2014/2015/2016 O segundo semestre de 2016 e o verão de 2017 (que se encerra em 19 de março) registram normalidade climática nas regiões produtoras do Sudeste (exceto no norte do Espírito Santo e de Minas Gerais) e do Sul do Brasil. Em 2014 e 2015, ao contrário, a falta de água era intensa e causava diversos prejuízos à produção de hortifrutícolas no Sudeste, em geral. Já no Sul, em 2014 e 2015, era a chuva em excesso que causava estragos à produção. Os danos gerados pelo clima entre 2014 até o primeiro semestre de 2016 estiveram atrelados à influência do El Niño. A exceção da “normalidade” em 2016 foi a manutenção da crise hídrica nas regiões produtoras de hortifrútis loca-

lizadas no perímetro do semiárido, como o norte do Espírito Santo, norte de Minas Gerais e grande parte do Nordeste. Além do semiárido nordestino, algumas praças produtoras de hortifrútis de Goiás, como Cristalina e Goianápolis e o Distrito Federal, também sofreram com a falta de água em 2016. No geral, essas regiões registram déficits hídricos há anos, muitas delas antes do El Niño de 2014. Assim, a cada ano que passa, a crise hídrica fica mais grave, o que limita o acesso de água para irrigação. A perspectiva de La Niña forte em 2016 poderia atenuar essa crise, especialmente no Nordeste, mas o fenômeno veio com intensidade fraca, ampliando os problemas por falta de água em várias regiões produtoras.

Tanto a falta de chuvas...

...quanto o excesso prejudicaram o setor hortifrutícola nos últimos anos. Fevereiro de 2017 - HORTIFRUTI BRASIL - 11


CAPA CLIMA 2014-2017

CLIMA X OFERTA DOS HFS 2016 O clima é a variável que mais afeta a oferta dos hortifrutícolas no País. No geral, chuva volumosa prejudica a produtividade e aumenta as incidências de doenças, enquanto a ausência de precipitação limita a ampliação de área e eleva o aparecimento de pragas. Os últimos três anos, especialmente 2014 e 2015, apresentaram condições climáticas extremas (estiagem em algumas regiões e excesso de chuva em outras), cenário que reduziu significativamente a oferta

dos hortifrutícolas. Em 2016, a oferta de HFs, no geral, foi menos afetada pelo clima que nos dois anos anteriores. É importante ressaltar que essa maior oferta no ano passado e na safra de verão 2016/17 deve-se principalmente ao clima mais favorável nas regiões Sul e em grande parte do Sudeste (segundo semestre de 2016), o que garantiu produtividade elevada no período. Confira, a seguir, avaliação detalhada de 2016 e da safra de verão 2016/17 por produto.

TEMPORADAS DE INVERNO 2016 + VERÃO 2016/17: CLIMA DESFAVORECE PRODUÇÃO POR MAIS UM ANO

ALFACE

O volume de chuva foi grande e, as temperaturas, baixas durante a safra de inverno 2016 nas regiões produtoras de alface de Ibiúna (SP) e Mogi das Cruzes (SP). Como consequência, houve quebra na produção de alface. Em maio e junho/16, chuvas de granizo resultaram em perdas nos campos e prejudicaram a qualidade, com surgimento de bactérias que causaram manchas e “mela”. Já de junho a julho, os altos volumes pluviométricos em Mário Campos e Caeté (MG) tranquilizaram produtores mineiros. Contudo, no final de outubro e início de novembro/16, o clima foi quente e com pouca chuva, impulsionando a proliferação de tripes e ocasionando perdas de até 100% em algumas lavouras. Na safra de verão de 2016/17, elevadas temperaturas e chuvas constantes nas praças paulistas de Ibiúna e de Mogi das Cruzes vêm gerando algumas perdas nos campos. Houve ocorrência pontual de granizo e de ventos, diminuindo a produção. Nas praças mineiras de Mário Campos e Caeté, as altas temperaturas e a grande quantidade de chuva vêm diminuindo a proliferação de tripes, o que reduziu as perdas e aumentou a oferta. Em Teresópolis (RJ), as fortes chuvas deste verão estão diminuindo a qualidade, chegando até a estragar as alfaces no campo. O clima quente e chuvoso em janeiro/17 também está causando pendoamento precoce em todas as regiões.

BATATA

SAFRAS DAS SECAS/INVERNO 2016 E DAS ÁGUAS 2016/17: CLIMA GERA BOA PRODUTIVIDADE NO 2º SEMESTRE DE 2016 A temporada das secas de 2016 de batata registrou produtividade reduzida por conta do excesso de chuva, principalmente no sul de Minas Gerais e no Sul do Brasil. Em julho, a safra de inverno também apresentou problemas com a umidade excessiva nas primeiras áreas colhidas, interferindo no plantio e na formação das sementes. No entanto, no decorrer da temporada de inverno, o clima foi mais favorável à produção e, consequentemente, a produtividade foi recuperada. Mais ao fim da safra, em novembro, a produtividade chegou a ficar acima da média. O clima seguiu favorável à produção na atual temporada das águas 2016/17 e, até janeiro/17, a produtividade foi elevada. A perspectiva é de que a safra das águas 2016/17 seja positiva em termos de produtividade, mesmo que o volume de chuvas aumente nos próximos meses, já que a maior parte das áreas se desenvolveram com clima bastante favorável.

CEBOLA

SAFRA 2016 (SUDESTE, NORDESTE E CENTRO-OESTE) + SUL 2016/17: CLIMA FAVORECE PRODUÇÃO A PARTIR DO 2º SEMESTRE DE 2016 O clima no segundo semestre de 2016 foi bastante favorável à produção de cebolas, com produtividade acima da média. Esse cenário e o aumento de área no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste resultaram em excesso de oferta e preços baixos ao longo do segundo semestre. O clima também está ajudando a produção de verão 2016/17 no Sul do País. Produtores desta região aumentaram a área de plantio de cebola, o que, somado à maior produtividade, pode limitar a rentabilidade até o final da temporada, em abril/17. Restam poucas áreas para serem colhidas no Sul do País em fevereiro e, com isso, alterações no volume a ser comercializado daqui para frente podem ser influenciadas por problemas no armazenamento da cebola, caso a umidade do ar seja alta e eleve a incidência de doenças.

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CAPA CLIMA 2014-2017

CLIMA X OFERTA DOS HFS 2016 (cont.) SAFRAS DE INVERNO 2016 + VERÃO 2016/17: ALTA PRODUTIVIDADE DEVIDO AO CLIMA DERRUBA PREÇOS

CENOURA

O clima mais ameno e seco desde maio/16 permitiu um bom desenvolvimento das cenouras nas regiões acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea. Assim, a produtividade foi bastante elevada na safra de inverno 2016, o que derrubou os preços da raiz a patamares abaixo dos custos de produção em todo o segundo semestre de 2016. O excesso de oferta foi ainda mais acentuado diante do aumento de área na temporada de inverno, reflexo da entrada de “aventureiros” na atividade, atraídos pelas altas cotações da cenoura no primeiro semestre. Na temporada de verão 2016/17, a produtividade se manteve elevada até o final de janeiro/17, por conta do clima mais favorável à produção. Houve, apenas, um ligeiro recuo da produtividade no final de janeiro/17, em função de maior percentual de cenouras bifurcadas, decorrentes de má formação, influenciada pela chuva durante o preparo do solo, plantio e desenvolvimento da raiz. Esse problema ainda poderá ocorrer nos próximos meses, mas a perspectiva é de oferta elevada.

SAFRAS DE INVERNO 2016 + VERÃO 2016/17: SITUAÇÃO HÍDRICA É SEVERA NO NORDESTE

TOMATE

Em 2016, a manutenção da seca no Nordeste afetou a produção de tomate nas regiões avaliadas pelo Hortifruti/Cepea. O destaque são as praças do Agreste Pernambucano, Chapada Diamantina (BA), Serra da Ibiapaba (CE/PI) e Irecê (BA). Para algumas regiões, como a Serra da Ibiapaba, a crise hídrica foi muito severa e a área de plantio de tomate precisou ser reduzida em 16% em 2016. Em Venda Nova do Imigrante (ES), a falta de chuva também impactou na produção, mas as precipitações no final de 2016 e início de 2017 devem amenizar o déficit hídrico. Goianápolis (GO) foi outra praça afetada pela seca no ano passado. Em São Paulo, por outro lado, foi o aumento no volume de chuvas desde os últimos meses de 2016 que impactou a produtividade e a qualidade nas roças de tomate envarado no inverno. Em Sumaré (SP), por exemplo, chuvas abundantes geraram perdas significativas na produção e muitos problemas com bactérias, com destaque para a “murcha do tomate”. Já nas lavouras paulistas que colhem no verão 2016/17, especialmente na região de Itapeva (SP), as chuvas regulares e temperaturas elevadas têm favorecido a produtividade das lavouras, resultando, inclusive, em descartes do tomate excedente em janeiro.

BANANA

PELO SEGUNDO ANO CONSECUTIVO, RN REDUZ ÁREA POR FALTA DE ÁGUA EM 2016 Considerando-se todas as regiões produtoras de banana acompanhadas pela Hortifruti/Cepea, a área da fruta recuou 0,73% de 2015 para 2016. O motivo foi a diminuição de 28,9% na área do Rio Grande do Norte/Ceará. O déficit hídrico restringiu investimentos na atividade, principalmente no Nordeste e no Norte. O baixo volume de chuvas no ano passado continuou refletindo em queda na produtividade e qualidade no norte de Minas Gerais e em Bom Jesus da Lapa (BA), embora em menor intensidade que em 2015. No Sul e Sudeste, as adversidades climáticas no primeiro semestre e no início do segundo limitaram a produtividade dos bananais. Na segunda metade do ano, o inverno rigoroso no Sul e Sudeste atrasou o desenvolvimento da banana nanica e reduziu a qualidade (escurecimento da casca). Os efeitos das fortes geadas que atingiram os cachos, sobretudo no Vale do Ribeira (SP), foram observados por todo o segundo semestre e início de 2017. Assim, entre junho e novembro16, a produtividade da nanica na região paulista caiu 55% frente à observada no mesmo período de 2015. No Norte de Santa Catarina, as geadas também causaram redução na oferta e na qualidade no segundo semestre, dificultando a comercialização tanto no mercado interno quanto no externo.

CITROS

FLORADAS SÃO SATISFATÓRIAS EM 2016, MAS PEGAMENTO É LIMITADO PELO CALOR A safra de laranja 2016/17 teve boas floradas, mas o forte calor em outubro/15 ocasionou significativa queda de chumbinhos. Assim, a produtividade foi bastante limitada em 2016, resultando em uma das menores safras dos últimos anos. Para a temporada de 2017/18, produtores de laranja estão com floradas e “pegamento” satisfatórios. Embora seja cedo para estimar, acredita-se que a produção 2017/18 deva superar a atual (2016/17). O clima mais ameno e úmido no estado de São Paulo favorece o desenvolvimento das plantas. Além disso, a retomada dos investimentos em tratos culturais, impulsionada pelos maiores preços de 2016, reforça a expectativa de aumento na produção. Em anos de cotações em baixa, muitos produtores deixam de adubar os pomares, como ocorreu entre 2013 e 2015.

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CAPA CLIMA 2014-2017

CLIMA X OFERTA MAMÃO

COM FALTA DE ÁGUA, ÁREA REDUZ QUASE 10% Em 2016, a produção de mamão foi significativamente afetada pela crise hídrica. O norte do Espírito Santo, por exemplo, registrou expressiva queda de área de 18% em comparação a 2015, por conta da estiagem. Além do impacto em área (redução de 9,9% na soma das regiões acompanhadas pela Hortifruti/Cepea), a falta de água para irrigação dos pomares resultou em menor produtividade, o que limitou o volume disponível de mamão tanto ao mercado interno quanto ao externo. Apesar da volta das chuvas a partir de novembro/16, o clima voltou a ficar seco neste início de 2017 nas regiões capixabas de mamão. Mesmo que as precipitações retornem nos próximos meses, os efeitos da crise hídrica não serão revertidos imediatamente – nos últimos três anos, a região registrou chuva abaixo da média histórica. O Rio Grande do Norte também teve mais um ano de forte estiagem, principalmente em Baraúna e Mossoró, cenário que afetou a produtividade destas praças em 2016. Na Bahia, a utilização de água para irrigação foi limitada e, com isso, houve redução de novos plantios. Algumas lavouras baianas registraram mancha fisiológica, ácaros e menor produtividade.

MANGA

CLIMA SECO LIMITA PRODUTIVIDADE NO NE No Vale do São Francisco, a oferta de manga durante o primeiro semestre de 2016 foi baixa frente ao potencial produtivo da região, devido ao clima excessivamente seco durante as floradas. Em Livramento de Nossa Senhora (BA), mangicultores passaram a maior parte do ano com permissão de irrigação apenas de “salvamento”, com 12 horas semanais. Segundo produtores, caso não haja retomada das chuvas em 2017, há preocupação até com morte de mangueiras. No norte de Minas Gerais, a temporada 2016 se iniciou em maio, com baixo volume de produção e atraso de cerca de um mês. Isso porque a florada de dezembro/15 foi prejudicada pelo excesso de calor, inviabilizando a produção de frutos para o período previsto. Com isso, houve necessidade de novas induções florais em janeiro e fevereiro/16. Já nas regiões paulistas, o frio intenso alterou o calendário de colheita, devido à necessidade de reinduções florais (principalmente para a manga palmer); após o desenvolvimento do fruto, o excesso de chuvas limitou a qualidade de algumas mangas.

SEM PREJUÍZOS COM GRANIZO OU GEADA, TEMPORADA 2016/17 DEVE SER POSITIVA

MAÇÃ

Para a temporada 2016/17, as condições climáticas foram muito favoráveis à maçã até o período de “pegamento”, em setembro/16. O frio, especialmente, foi bastante rigoroso, promovendo boa brotação e um elevado volume de flores. Além disso, a safra não teve prejuízos com granizos e geadas, intempéries que recorrentemente têm afetado a produção. Mesmo com elevado volume de chuvas na região Sul do País a partir de outubro/16, principalmente no Rio Grande do Sul, o “pegamento” não foi prejudicado. Desde o final de novembro/16, o clima tem sido ainda mais favorável, animando maleicultores para a colheita de 2017, que se iniciou no final de janeiro para a variedade gala. Vale lembrar que, na temporada 2015/16, granizo e geadas tardias reduziram em 20% o volume de maçãs frente à temporada anterior – alguns produtores chegaram a ter perdas de até 50%.

MELÃO

FALTA DE ÁGUA PERSISTE NO SETOR EM 2016 A área de melão acompanhada pelo Hortifruti/Cepea fechou o ano passado 6,3% menor em relação a 2015 – considerando-se as safras do Vale do São Francisco (BA/PE) e do Rio Grande do Norte/Ceará. De modo geral, a falta de água é que tem sido o fator limitante. No Vale, o racionamento de água, devido à baixa vazão do reservatório de Sobradinho (BA), fez com que produtores dessem prioridade para as frutíferas perenes e reduzissem o cultivo do melão – a redução de área nessa região foi de 10,5%. Neste cenário, a produtividade no Vale também esteve menor em 2016. Já no RN/CE, produtores reduziram em 4,2% o plantio na safra 2016/17 frente à temporada passada. A diminuição de área só não foi mais expressiva devido à migração para cidades próximas que ainda dispõem de água para irrigação, principalmente por parte de produtores mais capitalizados para tal investimento. Além do baixo nível dos reservatórios potiguares, a água está mais salina, o que exige mais cuidado quanto à concentração de minerais na terra e pode ocasionar redução da produtividade e na qualidade da fruta.

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DOS HFS 2016 (cont.) MELANCIA

ÁREA REDUZ 20% EM TO DEVIDO AO BAIXO VOLUME DE CHUVA EM 2016 Em 2016, o clima adverso afetou a produção de melancia em diferentes regiões. No estado de São Paulo, o frio intenso no inverno e as altas temperaturas de dezembro prejudicaram a qualidade da fruta em 2016. Em Uruana (GO), a alta temperatura em abril e a baixa em junho/julho resultaram em menor qualidade da fruta (cascudas e ocas). Nesse período, compradores optaram por comprar melancias de Tocantins devido à melhor qualidade. Em Tocantins, a falta de água em 2016 reduziu em 19% a área total plantada em 2016. O baixo volume de chuva diminuiu a produtividade da região e reduziu a rentabilidade no final da temporada. Em Teixeira de Freitas (BA), a seca foi a principal vilã e os produtores ainda aguardam um clima mais chuvoso em 2017 para encher os níveis dos reservatórios locais. Por outro lado, na região Sul, é o excesso de chuvas que preocupa. Nas duas últimas temporadas, o elevado volume de precipitações fez com que a produtividade fosse menor e, assim, produtores se desestimularam com a cultura, reduzindo a área plantada no último ano. A menor produtividade e perdas de mudas, por sua vez, comprometeram a receita de boa parte dos produtores gaúchos.

UVA

CLIMA PREJUDICA PRODUÇÃO DE UVA DE MESA EM 2016 A área com uva em 2016 teve retração de 3% frente ao ano anterior, pressionada sobretudo pelo Paraná, dada as sucessivas safras de baixa rentabilidade, influenciadas pelo clima extremamente desfavorável à viticultura do estado. Em São Paulo, por sua vez, o calendário de colheita de algumas regiões, como Campinas e Porto Feliz, foi alterado –nesta última praça, a finalização da colheita foi antecipada, devido às chuvas, e a produtividade foi prejudicada. Em Jales (SP), as chuvas dificultaram as podas, que tiveram de ser refeitas, atrasando a safra e reduzindo o rendimento. Por fim, produtores das regiões paulistas de São Miguel Arcanjo e de Pilar do Sul enfrentaram um inverno rigoroso e prolongado, que atrasou as podas e, consequentemente, a colheita, que começou apenas em janeiro/17 quando deveria ter iniciado em dezembro/16. Já no Vale do São Francisco, houve perdas em produtividade e qualidade, tanto no primeiro quanto no segundo semestre. Na primeira metade do ano, apesar de normalmente a colheita já ser mais restrita, chuvas pontuais e a dificuldade com a irrigação por conta da baixa vazão dos reservatórios acarretaram em perdas. No segundo semestre, com vazão ainda mais baixa, a produção da uva sem semente foi prejudicada (queda na produtividade e qualidade), afetando até mesmo a exportação.

VAI CHOVER NA SUA HORTA EM 2017? Apesar de o Cptec/Inpe relatar que há muitas incertezas quanto à previsão de chuvas nos próximos meses, a aposta é que, sem os grandes fenômenos climáticos (os chamados “ENOS”), 2017 deve ser um ano mais típico. Veja baixo resumo do que é padrão climático por trimestre nas principais regiões do País:

Extraído do site: http://infoclima1.cptec.inpe.br/#

JANEIRO/FEVEREIRO/ MARÇO As chuvas são frequentes em praticamente todo o País, com exceção do nordeste de Roraima e do leste do Nordeste. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, os totais de chuva variam em torno de 300 mm a 700 mm. Na região Sul, totais de chuva de aproximadamente 450 mm ocorrem no Paraná e inferiores a 400 mm no sul e sudeste do Rio Grande do Sul.

ABRIL/MAIO/JUNHO

JULHO/AGOSTO/ SETEMBRO

OUTUBRO/NOVEMBRO/ DEZEMBRO

Este trimestre caracteriza-se pelos elevados totais de chuva no extremo norte da região Norte. O Sudeste e Centro-Oeste apresentam uma diminuição gradativa de precipitação. Historicamente, também há incursão de massas de ar frio que causam declínio acentuado de temperatura, em particular no Sul, Sudeste e Centro-Oeste e, por vezes, podem favorecer a formação de geadas, especialmente nas regiões serranas.

As chuvas diminuem em grande parte do Norte nesta época do ano. No Nordeste, ainda chove entre o leste do Rio Grande do Norte e a Bahia. Neste trimestre, praticamente não chove em grande parte do Piauí e no oeste da Bahia. No Sudeste, as chuvas são bastante escassas. A entrada de massas de ar frio aumenta neste trimestre, causando declínio de temperatura no Sudeste e no Sul.

O período é marcado pelo retorno das chuvas. No sul dos estados do Amazonas e Pará e no norte de Mato Grosso, os totais acumulados no trimestre podem chegar a 800 mm. No leste do Centro-Oeste e em grande parte do Sudeste, predominam totais pluviométricos entre 500 mm e 700 mm. No Nordeste, ainda predomina a estiagem. Neste período do ano, as temperaturas máximas são mais elevadas no Nordeste, e mais amenas no leste das regiões Sul e Sudeste.

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