Artigo - Competitividade - Edição 116 da revista Potência

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O Supply Chain

do futuro

A sua empresa até pode entender que o maior diferencial competitivo é a produção, mas se deixar o Supply Chain em segundo plano, o lucro irá pelo ralo.

A

nualmente, a PwC lança a sua pesquisa sobre Supply Chain (SC), a Global Supply Chain Survey. Para os que militam na área, é um brinde ler todo o seu conteúdo, pois a pesquisa sinaliza com dados e fatos para onde estamos indo. Na edição de 2013, foram entrevistadas 500 empresas nos mais variados

segmentos de indústria e serviços. O relatório final trouxe seis achados que unem as empresas mais lucrativas de toda a amostragem. São características comuns às empresas mais lucrativas algumas práticas de Supply Chain que são adotadas com processo e determinação pelo quartil superior das mais lucrativas. Neste ponto, acende-se a luz vermelha aos gestores da área: se sua empresa não adota estas práticas, com certeza não estará entre as mais lucrativas. E o quanto antes adotá-las, mais rapidamente e facilmente se adaptará às constantes mudanças nos cenários macroeconômicos. O primeiro achado foi que as empresas que reconhecem o Supply Chain como um ativo têm performance 70% superior daquelas que não o fazem. A sua empresa até pode entender que o maior diferencial competitivo é a produção, mas se deixar o SC em segundo plano, o lucro irá pelo ralo. O diferencial

The article writer Cristiano Vallejo comments on the just published PwC Consulting annual survey about the Supply Chain situation. By analyzing the results of companies, the expert identified common aspects that reveal the relationship between the appropriate practice of Supply Chain and the positive results achieved by the companies.

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competitivo deve ser sempre preservado, mas em um mundo com variações macroeconômicas, climáticas e geopolíticas tão intensas e frequentes, boas práticas de SC são cada vez mais fundamentais para a sobrevivência das organizações. O segundo achado foi que as empresas que mantêm entregas pontuais, custos sob controle e flexibilidade para atender as crescentes demandas dos clientes são as mais lucrativas. As organizações líderes apresentam OTIF (Order Total in Full) de 96%, enquanto as medianas apresentam 90%. As primeiras têm lucro médio 8% maior que as do segundo grupo. Mas qual a relação entre entregas no prazo e lucro? Pois é, a relação de causa e efeito deveria ser entre a lição de casa que as empresas tiveram que fazer para conseguir manter OTIF em patamares tão elevados. O curioso é que estas mesmas empresas são as que mantêm giros de estoque na casa das

El escritor de artículos Cristiano Vallejo hace consideraciones sobre una encuesta publicada anualmente por PwC Consultoría acerca de la situación de la cadena de Supply Chain. Analizando los resultados de las empresas, el experto identifica aspectos comunes que revelan la relación entre la adecuada práctica de Supply Chain y los resultados positivos obtenidos por las empresas.


Ano XII Edição 116 Agosto’15

quinze vezes anuais, contra um giro de estoque de oito vezes das medianas. A eficiência nas entregas tem muito mais relação com sistemas, processos e um Supply Chain maduro do que com os níveis de estoque. Esta é a lição de casa a qual me referi antes: processos, liderança e sistemas trabalhando em sintonia. O terceiro achado foi relativo aos canais de distribuição, 83% das empresas líderes utilizam mais do que um canal de distribuição, daí a popularização do marketing multicanal. Além disto, 55% das líderes utilizam mais do que uma configuração em um mesmo canal. Isto é flexibilidade. Caso você queira um exemplo prático é só notar a configuração da embalagem de um produto de limpeza em uma loja de conveniência, em um supermercado de bairro e em um hipermercado. Um mesmo tamanho não é adequado para todo tipo de consumidor. As organizações que tiverem mais flexibilidade de se adequar aos diferentes canais e configurações são mais lucrativas. O quarto achado é que as empresas líderes terceirizam uma ampla gama de atividades, incluindo o que antes era tido como crucial, como produção e entregas, mas mantêm controle sobre o que é realmente vantagem competitiva - aquilo que é centro de sua atividade (Core) – strategic sourcing, desenvolvimento de novos produtos e S&Op. A terceiri-

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zação permite que a gestão das vantagens competitivas fique centralizada e a produção e entregas fiquem na ponta mais próxima ao cliente final, atendendo com mais flexibilidade as demandas do consumidor e flutuações de demanda. O quinto achado é que em mercados maduros os líderes investem pesado na diferenciação, focando seu dia-a-dia na redução de custos, resíduos e na entrega adequada de seus produtos para que satisfaçam seus clientes. Estas são as condições precedentes para que uma organização faça negócios, mas não as diferenciam de dois terços das organizações existentes. As organizações têm que fazer mais do que isto. Ferramentas como VMI – Vendor Managed Inventories – com automatização de reabastecimento; TCO – Total Cost of Ownership – com prioridade no melhor custo, não no baixo custo e SLA – Service Level Agreements – com possibilidade de ganhos de produtividade divididos entre fornecedor e comprador. O sexto e último achado é a questão da sustentabilidade, o que envolve os vértices econômicos, sociais e ambientais em todo o ciclo de vida do produto. Até hoje, a grande maioria das empresas fez muito pouco sobre o assunto. Todas acham a questão ambiental importante, mas poucas de fato fazem uma gestão séria sobre o assunto. Gastam fortunas em campanhas apregoando a ecologia,

mas não sabem o quanto poluem. A grande maioria (87%) já monitora suas emissões de carbono, faz acordos sobre elevados padrões éticos (87%) ou ainda exige de seus fornecedores pegadas de carbono reduzidas e decrescentes (81%). Ocorre que o conceito de ciclo de vida do produto se alterou enormemente, não acabando mais quando o consumidor terminou de usá-lo e sim quando ocorre a disposição final do produto de forma ambientalmente adequada. A vida útil de um produto é apenas uma parte do ciclo de vida total. É a responsabilidade a vazante na cadeia de suprimentos (down stream). Ainda que a utilização crescente da terceirização em países de baixo preço (Low Cost Countries) ou alternativas de melhor custo dificultem a auditoria sobre toda a cadeia de suprimentos, as organizações não podem abdicar desta tarefa. É a responsabilidade a jusante na cadeia de suprimentos (up stream). Estas novas responsabilidades impõem desafios enormes para a organização. Auditorias junto a fornecedores, campanhas para os consumidores e concepção de produtos com maior simplicidade para a desmontagem são apenas alguns dos desafios, mas por outro lado a demanda por produtos mais sustentáveis e certificados é crescente. De novo, vai ter mais sucesso quem sair na frente.

Cristiano Faé Vallejo

vice-presidente Latam da Consultoria em Supply Chain Americana ISCS, secretário-executivo do INRE – Instituto Nacional de Resíduos, e professor no INBRASC e na Universidade Corporativa FENABRAVE.

Foto: Divulgação

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