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Reportagem: Marcos Orsolon
28 Revista da InstalaçÃO
Ano I Edição 03 Juhno’16
Instalações hidráulicas devem ser bem-feitas para evitar dor de cabeça De forma equivocada, usuários e instaladores muitas vezes subestimam os sistemas hidráulicos prediais e não adotam os devidos cuidados para que eles sejam eficientes e seguros. Resultado: em poucos meses os problemas começam a aparecer.
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magine a situação: depois de economizar durante anos, a família finalmente realiza o sonho de comprar seu imóvel. Ao pegar as chaves, renova a pintura, instala os equipamentos de iluminação, aplica um lindo piso de madeira na sala e nos quartos e compra móveis novos. Muda e, depois de um mês, surge um inesperado vazamento de água na parede entre o banheiro e a sala. Lá se foram a nova pintura e parte do piso de madeira. Essa cena, fictícia, tem muito de verdade. E, com algumas variações, é mais comum do que se imagina. E revela como é importante prestar atenção nas instalações hidráulicas, que podem gerar estragos consideráveis em um imóvel. Mas como se encontram, hoje, as instalações hidráulicas prediais no Brasil? A resposta a essa pergunta pode ser dividida em duas partes. A primeira envolve as empresas instaladoras que, em linhas gerais, têm melhorado o nível dos serviços prestados nos últimos anos. Esse pessoal ainda apresenta alguns problemas, mas boa parte das empresas estão mais preocupadas com a qualidade das obras do que no passado. O problema maior envolve
Users and installers often underestimate the building plumbing systems and do not take the proper care in order to make them efficient and safe. This lack of attention results, in a few months, in many problems that can be serious, such as leakages and breakages of pipes.
Equivocadamente, los usuarios e instaladores a menudo subestiman los sistemas hidráulicos de las edificaciones y no adoptan el cuidado apropiado de manera que sean eficientes y seguros. El resultado de la falta de atención es la aparición, en unos pocos meses, de problemas que pueden ser graves, tales como fugas y rotura de la tubería. Revista da InstalaçÃO 29
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Equívoco
as instalações executadas por profissionais autônomos, que, infelizmente, nem sempre têm a devida qualificação para o trabalho. Isso quando não ocorre do próprio pedreiro ‘faz tudo’ botar a mão na massa, fato comum em construções residenciais autogeridas. “Nas instalações prediais residenciais, erroneamente, as instalações hidráulicas são vistas como instalações simples, e na grande maioria não se realizam nem os projetos hidráulicos. Fato este que ocasiona, como consequência, várias patologias nas instalações”, observa Toshio Kiwara, coordenador de Engenharia de Aplicação da Tubos Tigre, que completa: “Cerca de 80% dos problemas em uma obra predial são decorrentes de problemas na instalação hidráulica”. Entre os erros mais comuns durante a instalação, Kiwara cita as montagens 30 Revista da InstalaçÃO
de tubulações tensionadas por desalinhamento; excesso de aperto em roscas em tubos e conexões de PVC; juntas soldáveis malfeitas que não apresentam estanqueidade; execução de caixas de esgoto sem vedação hermética; execução de juntas e desvios em tubulações de PVC com o uso do fogo; apoio e ancoragem deficientes que causam a vibração e deformação das tubulações; e instalações sem projeto hidráulico e sem acompanhamento de um engenheiro. O problema é que esses equívocos na instalação podem gerar transtornos grandes, tanto para os imóveis, quanto para os próprios usuários. Como explica Fabiana Castro, gerente de Produto e Inovação da Mexichem Brasil, geralmente o principal impacto é financeiro, com
Cerca de 80% dos problemas em uma obra predial são decorrentes de patologias na instalação hidráulica. Toshio Kiwara Tubos Tigre
a perda de tempo e de bens do usuário – sem contar o investimento necessário para reparar a parte hidráulica. Mas há riscos também para as pessoas. “O ideal é que não haja problemas deste tipo em nenhuma obra, já que eles Foto: Divulgação
Um erro comum no mercado é ver a instalação hidráulica como algo simples, que qualquer um faz.
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Atenção
colocam vidas em risco (tanto dos profissionais, quanto das pessoas que irão usar a estrutura depois de pronta). As falhas geram vazamentos, infiltrações e, em uma situação mais grave, até mesmo o desabamento da estrutura, além das perdas financeiras. Em algumas situações, a residência fica meses sem perceber um vazamento, o que só agrava o cenário”, alerta a especialista. Toshio Kiwara, da Tigre, cita ainda que a instalação hidráulica malfeita pode comprometer o pleno desempenho da edificação. Além disso, “os vazamentos causam danos no ambiente e podem até comprometer a estabilidade da construção; obstrução parcial de tubulações por resíduos deixados durante a instalação; ruptura iminente de conexões com alagações de alto grau nos ambientes; alto grau de ruídos nos ambientes adjacentes às tubulações e o não funcionamento adequado do sistema”.
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Uma instalação hidráulica malfeita pode comprometer o pleno desempenho da edificação.
Aspectos a serem considerados na execução de uma instalação hidráulica Para evitar problemas com a instalação hidráulica, alguns passos devem ser dados, a começar pela elaboração de um bom projeto. “Esse é um bom começo. Além disso, a obra, desde seu planejamento, deve ser feita por profissionais. Depois, a escolha do material deve levar em conta não apenas o cumprimento do que foi definido durante a concepção do projeto, mas o tempo de vida útil dos materiais necessários, já que transportarão grandes volumes de água e de forma constante. Por fim, outro aspecto essencial é o respeito às orientações de segurança no trabalho e ao tempo de execução da obra em si, sem pular etapas ou deixar incompletos 32 Revista da InstalaçÃO
processos necessários”, comenta Fabiana Castro, da Mexichem. Obviamente, não basta ter em mãos um bom projeto. É preciso executá-lo corretamente. Nesse sentido, Toshio Kiwara afirma que é preciso ter obediência ao traçado do projeto, preservando as condições de nível e prumo das tubulações, execução de juntas roscáveis, mecânicas e soldáveis de acordo com as recomendações dos fabricantes para a garantia da estanqueidade. “E também observar as condições de ancoragem e apoio recomendadas em norma ou em catálogo técnico do fabricante”. Para auxiliar nesse trabalho, a NBR 5626 - Instalação predial de água fria é a
norma que estabelece os critérios e condições para projeto, execução e manutenção das instalações hidráulicas. Mas nem todos seguem suas especificações. “As empresas instaladoras buscam o seu cumprimento, porém, em termos de profissionais avulsos, não há conhecimento suficiente sobre a norma para pô-la em prática”, adverte Kiwara. Uma recomendação importante para assegurar que a instalação foi bem-feita e está funcionando adequadamente é a realização do teste de estanqueidade, que garantirá se a instalação está apta a ser aprovada ou se há anomalias que necessitem de ações corretivas para que a instalação esteja em condições de desempenho pleno.
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Um dos fatores que explica os erros cometidos nas instalações hidráulicas diz respeito às deficiências na formação de mão de obra. Isso quando o dito profissional tem algum tipo de formação, já que muitos ‘aprendem’ o trabalho na própria obra, geralmente com uma pessoa que também não tem o devido conhecimento técnico e normativo. “A mão de obra normalmente está aquém do desejável, com pouca qualificação e poucos investimentos em capacitação, em especial dos instaladores hidráulicos”, comenta Toshio Kiwara, da Tigre. Diante desse quadro, as próprias empresas têm investido, já há algum tempo, em ações de treinamento e conscientização dos profissionais e clientes que necessitam de seus serviços. “É muito importante a conscientização não só dos profissionais, mas também do contratante em exigir materiais de qualidade e não permitir adaptações em sua obra”, afirma Fabiana Castro, citando o SENAI como boa opção para os profissionais buscarem qualificação: “Os profissionais que atuam com instalações na construção civil têm a oportunidade de
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A importância da capacitação profissional
capacitação por intermédio de centros especializados, como o SENAI, onde somos parceiros há anos. Os módulos dos cursos trazem, em aulas práticas e teóricas, todas as etapas de planejamento e instalação desses sistemas”. Fabiana destaca ainda que a Amanco, uma das marcas da Mexichem, possui profissionais qualificados para treinar e orientar seus clientes, além da parceria com o SENAI voltada à capacitação profissional de instaladores hidráulicos e elétricos. “O resultado dessas ações é a melhor qualidade do serviço executado nas obras. Além dos profissionais formados, a Amanco assegura ao mercado seu compromisso com a qualidade e o fomento à formação de mão de obra, um dos principais gargalos operacionais do País. Desde 2006, quando começou a parceria com o SENAI, 70 mil profissionais foram formados”, ressalta.
A busca por instalações que ajudem a reduzir o consumo de água é uma tendência crescente no mercado brasileiro. Fabiana Castro Mexichem Brasil
Capacitação
Um dos fatores que explica os erros cometidos nas instalações diz respeito às deficiências na formação da mão de obra.
A Tigre também mantém uma atuação forte em torno de treinamentos e capacitação profissional na área hidráulica. A empresa disponibiliza em todos os estados do Brasil cursos e palestras para profissionais instaladores autônomos e de empresas instaladoras, que capacitam os referidos profissionais para que executem instalações de qualidade superior, aplicando soluções técnicas inovadoras que resolvem problemas diversos, típicos de instalações executadas com qualidade inferior. “Os resultados obtidos através dessas ações incluem a execução de instalações com melhor qualidade, com a aplicação de soluções técnicas que possibilitam que a edificação tenha o seu uso com desempenho pleno, como recomenda a NBR 15575, conhecida como Norma de Desempenho”, afirma Toshio. O especialista também observa que a Tigre possui um programa de relacionamento chamado Mundo Tigre, que Revista da InstalaçÃO 33
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Erros comuns nas instalações hidráulicas ➧ Montagens de tubulações tensionadas por desalinhamento ➧ Excesso de aperto em roscas em tubos e conexões de PVC ➧ Juntas soldáveis malfeitas que não apresentam estanqueidade ➧ Execução de caixas de esgoto sem vedação hermética ➧ Execução de juntas e desvios em tubulações de PVC com o uso do fogo
➧ Instalações sem projeto hidráulico e sem acompanhamento de um Engenheiro promove diversas ações com o objetivo de ajudar no desenvolvimento de profissionais e estudantes na área da construção civil e vendas. “Os cursos são gratuitos e direcionados com o perfil e a
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➧ Apoio e ancoragem deficientes que causam a vibração e deformação das tubulações
necessidade dos participantes. Abordam temas como: Água Fria, Água Quente, Esgoto e Drenagem Pluvial, sendo que cada um tem módulos de ensino específicos, conforme sua complexidade.
A Tigre oferece também uma série de cursos presenciais por todo o País. Nessa programação destacamos os cursos para mulheres, síndicos e o curso de 100 horas”.
É preciso manter as instalações em ordem Para quem pensa que a instalação bem-feita seja suficiente, vale lembrar que ela também precisa ser utilizada adequadamente e, principalmente, bem conservada. E aí entra o trabalho de manutenção, que, via de regra, ocorre apenas quando a instalação apresenta algum tipo de problema. “Como as instalações normalmente estão embutidas e não são visualizadas, não é hábito a manutenção preventiva, embora haja casos pontuais em que ela seja praticada. No entanto, percebe-se que a grande maioria só toma ações de manutenção quando já ocorreu alguma patologia que compromete o funcionamento dos dispositivos hidráulicos ou 34 Revista da InstalaçÃO
causam danos aos ambientes”, afirma Toshio, que cita que as instalações devem ser vistoriadas com inspeção visual das tubulações quanto à integridade das paredes, juntas e deformações (caso de tubulações expostas). Fabiana Castro também lamenta a ocorrência rara de manutenções preventivas. “Infelizmente, manutenções preventivas ainda são pouco realizadas e os usuários costumam fazer manutenções corretivas apenas quando necessário”. E completa: “Defendemos que, por mais simples que pareça um problema, o ideal é ter sempre um profissional para executar qualquer intervenção na obra e realizá-la o mais rápido possível, pois
a área de reparo pode aumentar com o tempo, danificando outras partes da instalação”. Ela observa ainda que em imóveis mais complexos é necessário definir um padrão de manutenção preventiva para evitar prejuízos, já que a manutenção corretiva sempre é mais cara do que a preventiva. Em imóveis menores também é possível realizar algumas ações, como a limpeza dos reservatórios, eliminação de possíveis golpes na rede, etc. “E sempre fique atento ao funcionamento dos equipamentos. Vazamentos, barulhos e movimentação das instalações são sinais de que há algo mais sério acontecendo”, alerta.
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Busca por eficiência avança nesse mercado Uma tendência clara nesse segmento é a aplicação, cada vez maior, de instalações hidráulicas que favorecem a redução do consumo de água. Com a recente crise hídrica que atingiu vários estados brasileiros, esse movimento ganhou força, com nítido aumento no consumo de produtos economizadores, como torneiras e vasos sanitários. “A busca por instalações que ajudem a reduzir o consumo de água é uma tendência crescente no mercado. O Brasil tem evoluído nesse caminho consideravelmente. A Mexichem Brasil, por exemplo, apoia o projeto Hydros, uma iniciativa global que visa a conscientização sobre o uso racional da água. Como parte das ações, a Amanco, uma das marcas comerciais do Grupo, apoiou, nos últimos três anos, o piloto de paramotor Lu Marini, que sobrevoa os principais rios brasileiros para avaliar a situação dos recursos hídricos e educar a população local sobre a importância da preservação do meio ambiente. Sua mais recente aventura, realizada neste ano, abrangeu o Rio Paranapanema, em São Paulo”, comenta Fabiana.
Toshio Kiwara observa, no entanto, que ainda há bastante espaço para evoluir nesse campo da eficiência. Em sua opinião, os avanços ainda ocorrem em ritmo relativamente lento no País, embora reconheça que a preocupação com o consumo de água tem, de fato, aumentado. “Isso está mais concentrado em projetos de grandes edificações de uso comercial e institucional, não sendo ainda observado esse objetivo em obras de menor porte e moradias
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em geral. No entanto, há uma variedade de produtos disponíveis no mercado brasileiro que possibilitam reduzir fortemente o consumo de água”, afirma. Quanto aos custos de uma instalação hidráulica mais eficiente, se pensarmos apenas no curto prazo eles realmente são mais altos, por envolverem itens mais sofisticados e que requerem cuidado com mais detalhes que uma instalação comum. Porém, em médio e longo prazos torna-se um investimento mais compensador, já que proporciona a economia de água e consequentes custos menores ao usuário. “Além disso, a tecnologia produtiva avançou significativamente nos últimos anos e prolongou a vida útil dos produtos, fazendo com que sejam necessárias menos manutenções nas obras ou troca de materiais. É difícil falar em quanto tempo uma instalação mais eficiente se paga, pois as instalações podem conceber diferentes projetos que levam a um maior ou menor investimento. Em geral, os maiores investimentos trazem maiores economias e é preciso balancear esta conta e ajustá-la a cada necessidade”, explica Fabiana.