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Ano XII Edição 119 Novembro’15
Dia do Engenheiro Eletricista: comemoração com preocupação
E
sta coluna está sendo publicada na edição da Revista Potência que circula no mês em que se comemora no Brasil o Dia do Engenheiro Eletricista. Decretado pela Lei Nº 12.074, de 29 de outubro de 2009, assinada pelo então vice-presidente em exercício José Alencar, tendo como base o projeto de Lei N° 2.545 de 2003 do deputado federal, na época, José Roberto Arruda (PFL/DF), engenheiro eletricista formado em Itajubá, o dia 23 de novembro foi escolhido como sendo aquele dedicado ao Engenheiro Eletricista. A data, não por acaso, coincide com dia e mês do ano de 1913, quando foi inaugurado oficialmente o Instituto Eletrotécnico de Itajubá, atualmente Universidade Federal de Engenharia de Itajubá, em Minas Gerais, contando com a presença do Presidente da República Hermes da Fonseca. A iniciativa da criação do curso foi do advogado Theodomiro Carneiro Santiago, formado em 1906 pela Faculdade de Direito de São Paulo. Como se percebe, advogados e engenheiros eletricistas andam lado a lado no Brasil desde o século passado! Para aqueles que não estudaram engenharia elétrica, é preciso dizer que o curso é árduo, muito árduo. É considerado por muitos como o mais difícil dentre todas as especialidades da engenharia, principalmente por utilizar maciçamente os cálculos diferenciais e integrais na modelagem e solução dos problemas. Além disso, todo engenheiro eletricista deve ser, antes de tudo, um crente ardoroso e ter uma imaginação para lá de fértil, pois precisa estudar e controlar um fenômeno que, na sua forma original, é invisível, silencioso, não tem gosto e nem cheiro. Não pense que é uma coisa simples convencer um elétron a circular dentro de um condutor metálico ou pelo sistema de aterramento! Em algum momento do curso de engenharia elétrica, o futuro profissional faz 98
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uma escolha em busca de uma especialização maior ainda: eletrotécnica, eletrônica ou telecomunicações? Dependendo da decisão tomada, virão as habilitações do CREA para o exercício da atividade. Tomando agora a rota da eletrotécnica, surgem então as disciplinas específicas de instalações elétricas e suas correlatas, tais como máquinas elétricas, controles, etc. São mais algumas centenas de horas de aulas e cálculos para entender como projetar, dimensionar, especificar, instalar, operar, manter, otimizar e reformar instalações elétricas de todos os tipos e tamanhos, sempre de forma segura e adequada. E, uma vez obtidos todos esses conhecimentos na escola, são mais alguns anos de trabalho pela frente para consolidar o aprendizado e se tornar um verdadeiro profissional especializado no tema (assim como acontece em todas as outras profissões). Sem contar a necessidade do constante aperfeiçoamento e atualização, indispensáveis em um mundo de permanente avanço tecnológico. E o que aconteceu então em 31 de dezembro de 2010? No último dia do ano, é publicada a Lei Federal N° 12.378, que discrimina as atribuições, atividades e campos de atuação dos arquitetos e urbanistas. Através de uma Resolução do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, CAU/BR N° 21, de 5 de abril de 2012, que regulamentou o Parágrafo 2º da Lei 12.378, fica estabelecido que as atribuições profissionais dos ‘arquitetos e urbanistas’ incluem a realização de projeto, execução e fiscalização de instalações elétricas prediais de baixa tensão; instalações telefônicas prediais; instalações prediais de TV; cabeamento estruturado, automação e lógica em edifícios. Não se trata aqui de atacar as figuras dos arquitetos e urbanistas, profissionais essenciais para o desenvolvimento do País nas suas áreas de atuação originais. A críti-
ca é dirigida à Lei que dá habilitações profissionais a pessoas de bem que não foram capacitadas adequadamente na escola para exercer determinadas atividades. Dentre os próprios engenheiros eletricistas, é consenso que, salvo poucas honrosas exceções, o ensino das instalações elétricas é deficiente na maioria das faculdades de engenharia elétrica. Raríssimamente, para não dizer nunca, é oferecida no curso de engenharia elétrica alguma disciplina, mesmo que optativa, sobre cabeamento estruturado, automação e lógica. O que dizer então sobre o ensino desses temas nos cursos de arquitetura e urbanismo!!! Quer tirar a dúvida quanto a isso? É fácil: que tal aplicar uma avaliação sobre esses temas a todos os profissionais de engenharia, arquitetura e urbanismo que atuam em instalações elétricas? Mais do que a habilitação, estaríamos comprovando a capacitação das pessoas, que é o que realmente importa. Aí poderíamos separar os habilitados e capacitados daqueles que são apenas habilitados. Considerando-se o fato comprovado por estatísticas que eletricidade mata mais do que a dengue no Brasil, principalmente na baixa tensão, parece justo e óbvio que apenas profissionais que realmente dominam o assunto estivessem à frente dessas atividades. Parabéns engenheiros eletricistas! Até a próxima edição!
Hilton Moreno