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A segunda expedição marítima de Zheng
José Simões Morais
Uma frota foi a Palembang para deixar a embaixada que na primeira expedição embarcara para a China e em Surabaya (Java) tratou com o Rei de Java do Oeste o envio de uma delegação ao governo Ming, que partiu a 23 da décima lua de 1407 (ou seria a 23 de Outubro), para admitir a culpa da morte de 170 chineses ocorrida durante a viagem anterior, quando estes foram apanhados no meio do conflito local de sucessão do trono com o rival de Java do Leste.
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A outra parte da frota, após visitar Malaca, seguiu por Samudra (Aché, na ponta setentrional de Sumatra), onde o grosso da armada se reuniria, e depois foi ao Ceilão (Xilan, hoje Sri Lanka), a Kollam [(Gelan ou Xiaogulan para os chineses e actual Coulão ou Quilon) visitado já desde o século IX por muitos juncos chineses e no século XIII um dos quatro mais importantes portos a nível mundial onde existia um florescente bairro chinês], a Cochim (Kezhi) e a Calicute. Como Zheng He na segunda viagem não foi ao Ceilão, este esquadrão não era por si capitaneado.
barcações para estarem preparadas a partir em missão aos países do Oeste. O destino final era o mesmo da anterior expedição: Calicute (Guli), famoso porto e centro mercantil indiano, muito visitado pelos árabes.
A armada partiu do estuário do rio Yangtzé, no porto de Liujia em Taicang, e dirigiu-se para Changle [a Leste de Fuzhou, capital da província de Fujian], onde Zheng He visitou o templo em honra de Mazu, encomendando à deusa a segurança da viagem. Com os barcos estacionados no ancoradouro de Xiagang (só em 1409 baptizado Taipinggang), porto seguro situado no interior do rio Min na parte Oeste de Changle, Zheng He esperando as condições favoráveis da monção de Nordeste, aproveitou para recrutar marinheiros e fazer reparações em algumas embarcações. Apesar de não ficar registado, o número de tripulantes seria aproximadamente o mesmo da primeira viagem. Com a chegada do vento propício, seguiu até à foz do Minjiang e após a Passagem dos Cinco Tigres, Wuhumen, iniciou a navegação no Mar do Sul da China.
Há quem refira, antes de Zheng He partir com o grosso da armada já um esquadrão rumara para o Reino de Champa.
Tr S Esquadras
O primeiro destino visitado fora da China era sempre Vijaya (hoje vila Cha Ban a poucos quilómetros da actual cidade de Qui Nhon), capital entre 978 e 1485 do reino hinduísta de Champa (Zhancheng, na costa central do Vietname), cujo povo malaio-polinésio desde 192 passara a ser governado por uma aristocracia proveniente de Bengala, que substituiu os chineses quando a dinastia Han entrou em colapso. O Reino Champa, Estado confederado existente desde o século II e que duraria até ao século XVII, estava integrado nas rotas entre a Índia e a China, sendo por isso local de passagem para os barcos a navegar no Mar da China Meridional.
Em Vijaya (Qui Nhon) a armada dividiu-se em três esquadrões. A partir daqui com a pontual informação registada, pois apenas alguns factos são conhecidos, compusemos a narrativa que se segue, tentando fazer uma coerente ligação.
A frota comandada por Wang Jinghong seguiu para o Bornéu e terá sido um dos juncos do Tesouro (baochuan) a transportar o Rei de Boni à China. As relações entre a China e Boni (o então nome do actual Brunei Darussalam), situado a Norte da Ilha do Bornéu (Kalimantan), provinham já do período da dinastia Han do Oeste (206 a.n.E-8), quando se designava Poli e desde então eram frequentes as embaixadas, assim como o envio de presentes. Durante a dinastia Ming, entre 1370 a 1530, houve treze trocas de enviados entre a China e Boni, que ainda nessa época mudou o nome para Brunei.
No período do Imperador Yongle (1403-1424) os contactos foram mais frequentes, seguindo para o Celeste Império em 1405 Aliebocheng e outros emissários no ano seguinte. Daí não ser estranho a visita de amizade e cortesia à China em Agosto de 1408 do próprio Rei de Boni, Maharaja Karna, acompanhado por 150 familiares na comitiva para prestar homenagem ao Imperador. Yongle recebeu-o e ofereceu-lhe muitas prendas mas, passado um mês, o rei com 28 anos adoeceu e sentindo a morte, pediu para ser aí a sua última morada. Apesar de ter os cuidados dos médicos da corte, faleceu sendo sepultado na Colina Shizi, localizada no distrito de Yuhuatai, arredores de Nanjing, onde se encontra o seu mausoléu. Após a visita