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Poema de exílio
Su Dongpo
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Tradução de António Graça de Abreu
EM 1080, Su Dongpo (1037-1101) por críticas à corte foi degredado para o vilarejo de Huangzhou, no curso médio do rio Yangtsé, e acabou por passar quase quatro anos nesta cidadezinha, ostracizado pelos poderosos da corte. Aí fez amigos e escreveu alguns dos seus mais belos poemas, como este:
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NA VARANDA DO SUL (TRÊS DE QUATRO POEMAS)
Estou na minha sala de trabalho. Abertas as portas e as grandes janelas, a vista sobre a montanha, os cumes dos montes. À esquerda, nuvens brancas, à direita, as águas límpidas do rio. Sentado, como se estivesse meditando. Na realidade, penso em coisa nenhuma, respiro naturalmente a bondade da natureza.
I
Outrora, em noites de chuva, entristecido, mudava o lugar da cama, a água gotejava em mim. Agora, quando, pela primeira vez, ouvi a chuva ressoando nas telhas novas da Varanda do Sul, foi como se aspirasse o perfume dos lótus, esvoaçando a leste, sobre o lago.
Ii
Varro o chão, queimo incenso, fecho a porta, vou dormir. A esteira como o ondular das águas, os tapetes como nuvens de fumo. Desperto em terra estranha, onde estou? Levanto a cortina da janela, a oeste, as vagas sobem no céu.
III
Um camponês trouxe-me o mel de mil colmeias, as crianças prepararam a terra para colhermos legumes do quintal. Na Varanda do Sul posso acolher nobremente os amigos que chegam em catadupas ao portão do meu lar.