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Dinâmica de partida
Com a população a ser cada vez mais encorajada a deixar Macau e a mudar-se para a Ilha da Montanha ou para outras partes da Grande Baía, o ex-deputado questiona se a população deseja mesmo abandonar o território
“A realidade objectiva mostra-nos que a indústria do jogo de Macau está a encolher porque decidiram fechar as torneiras no Interior, e a indústria do turismo, que é demasiado dependente dos turistas do Interior, dificilmente vai regressar ao estado que se vivia antes das mudanças”, começa por argumentar. “A procura de recursos humanos vai diminuir. Por isso, como é que um governo responsável deve ajustar e gerir os recursos humanos?”, questiona.
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Política nacional
Feita a pergunta, Au Kam San responde que uma das soluções políticas pode passar “pela redução dos recursos humanos” no território. E dentro desta política, o ex-deputado explica que uma das direcções passa por enviar os “recursos humanos locais” para a Ilha da Montanha, para a Grande Baía e para o Interior, onde podem “encontrar emprego, começar os seus negócios”.
Visita John Lee com Ho Iat Seng em Macau
O Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, vai estar esta manhã em Macau, naquela que é a primeira deslocação ao território de um líder de Hong Kong desde Janeiro de 2020, quando a RAEHK fechou as fronteiras com a RAEM, devido à pandemia. Segundo a informação do Governo da RAEHK, dado que as autoridades em Macau nada comunicaram, John Lee vai visitar Ho Iat Seng fazendo-se acompanhar pelo vice-secretário para a Administração, Cheuk Wing-hing, o secretário para a Cultura, Desporto e Turismo, Kevin Yeung e ainda o secretário para os Transportes e Logística Lam Sai-hung. Este é o segundo encontro entre os representes das RAEs em menos de duas semanas, depois de Ho Iat Seng ter estado em Hong Kong a 25 de Fevereiro.
Zona de Cooperação
Temasek aberta a investir mais na China
Oex-deputado Au Kam San considera que o grande objectivo da política da integração de Macau no “desenvolvimento nacional” passa por criar as condições para acabar com o segundo sistema. A opinião do fundador da Associação Novo Macau foi partilhada ontem nas redes sociais.
Nos últimos dias, o o antigo legislador tem feito várias publicações sobre o que considera os problemas da falta de mão-de-obra em Macau, o número de trabalhadores não-residentes e a política de incentivo dos residentes a viverem e trabalharem no Interior. Ontem, Au Kam San abordou o projecto da Grande Baía e o foco do Governo na Zona de Cooperação Aprofundada entre Cantão e Macau na Ilha da Montanha e no projecto da Grande Baía.
Na perspectiva do ex-deputado, nos últimos anos foi criada uma dinâmica, principalmente com o “ajuste” da indústria do jogo, que vai forçar cada vez mais os residentes a saírem do território para encontrarem novas oportunidades. No entanto, Au Kam San questiona se esta é mesmo a vontade da população.
“Enviar pessoas de Macau para fora de Macau e trazê-las para o Interior [...] é apenas uma manifestação concreta da integração de Macau no desenvolvimento geral do país.” AU KAM SAN ANTIGO DEPUTADO
Na análise do antigo deputado, a abordagem apresentada é “politicamente correcta” para o Governo de Macau, porque “a política nacional tem passado sempre da integração de Macau e de Hong Kong no desenvolvimento geral do país de forma a quebrar a barreira entre os dois sistemas”. “Enviar pessoas de Macau para fora de Macau e trazê-las para o Interior, para arranjarem emprego, uma vida e um negócio é apenas uma manifestação concreta da integração de Macau no desenvolvimento geral do país”, escreveu. “Como resultado, devemos seguir esta direcção, de forma a reduzir os recursos humanos em Macau. E para o Governo de Macau é a melhor maneira de matar dois coelhos de uma cajadada só, em linha com a política nacional”, justificou.
Ainda assim, o ex-deputado não deixa de questionar o caminho: “Será que o que queremos é mesmo levar as pessoas de Macau a deixaram o território?”, pergunta.
João Santos Filipe
A empresa Temasek Holdings Limited comprometeu-se a investir mais na China e admite que a Zona de Cooperação Aprofundada e a Grande Baía Grande podem ser alvos de investimentos futuros. A possibilidade foi deixada em cima da mesa por Wu Yibing, presidente da sucursal chinesa da empresa de Singapura, num encontro com Ho Iat Seng. A reunião aconteceu na terça-feira, foi divulgada ontem pelo Gabinete de Comunicação Social, e serviu para que o Chefe do Executivo considerasse a empresa estatal “uma referência para Macau na gestão de riqueza”, devido à “experiência bem-sucedida” e aos “avançados conceitos de administração”. Por sua vez, Wu Yibing mostrou-se confiante no sucesso dos dois projectos de integração no Interior em que Macau está envolvido.
Talentos Ella Lei quer revisão do Registo de Informações
A deputada Ella Lei quer que o Governo faça um balanço sobre a criação do registo dos quadros qualificados, oficialmente com o nome de Registo de Informações de Talentos. Numa interpelação a deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau revelou que muitas das pessoas que se inscreveram no registo se queixaram de não ter recebido mais qualquer informação ou contacto por parte de potenciais empregadores. Neste sentido, a deputada quer saber como é utilizada a informação recolhida sobre os quadros qualificados. Por outro lado, Ella Lei quer saber que medidas são adoptadas para que a plataforma de registo possa ser utilizada para fazer a ligação entre empregadores e pessoas à procura de empregos.
Tenham a bondade
Conselheira pede subsídios para comerciantes do Mercado da Horta da Mitra
Avogal do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, Chan Peng Peng, considera que o Governo deve atribuir subsídios aos comerciantes do Mercado da Horta da Mitra. Em causa, estão os efeitos das obras de renovação no espaço que vão reduzir o volume de negócios.
Com as obras planeadas para este ano, o Instituto dos Assuntos Municipais (IAM) anunciou que os comerciantes tinham aceitado suspender totalmente o comércio até que as obras sejam concluídas, o que deve no final deste ano.
Para Chan Peng Peng este acordo, mesmo que tenha sido negociado, é um problema porque muitos dos comerciantes arriscam-se a ficar sem rendimentos. Neste sentido, citada pelo Jornal do Cidadão, Chan considera que o Governo devia criar medidas para compensar os comerciantes.
A proposta da vogal do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais foi apresentada, tendo em conta que os próprios comerciantes preferiram suspender as actividades de venda. Como alternativa ao encerramento total, o IAM permitia que os comerciantes continuassem a explorar o mercado, mas as obras iam demorar mais tempo. Esta opção foi recusada.
A conselheira sugeriu ainda que seja criado um autocarro que faça o percurso entre o Mercado da Horta da Mitra e o Complexo Municipal do Mercado de S. Domingos, a alternativa mais próxima para os clientes habituais.
Obras de saneamento
Segundo o IAM, com a suspensão do mercado vão arrancar ao longo deste mês os “trabalhos preparatórios de saneamento básico”.
As obras foram justificadas com o facto de as “instalações de esgotos, de ventilação e de iluminação” serem “bastantes antigas” e as reparações feitas ao longo dos anos não terem resolvido o problema do “envelhecimento”.
As obras vão implicar um “reordenamento global” do mercado e serão ainda aproveitadas para melhorar “os equipamentos e instalações”, assim como o ambiente de negócios. N.W./J.S.F.