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Emprego

para trabalha-

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menores tem impacto para trabalhadores como Wang. Com 44 anos, nota que, para a sua geração, é “imprescindível” ganhar dinheiro: “devemos cuidar dos familiares mais velhos e dos mais jovens, antes de pensar em nós mesmos”.

Este novo paradigma acarreta também consequências para a posição global da China: ultrapassar os Estados Unidos como a maior economia do mundo teria especial importância para Pequim, num período de crescente competição ideológica, geopolítica e tecnológica com Washington. Até recentemente, muitos economistas davam como certo que o PIB da China ultrapassaria o dos EUA até ao final desta década.

transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor acrescentado, incluindo inteligência artificial, robótica e carros eléctricos.

No sector automóvel, a China conseguiu gerar marcas como a BYD [Build Your Dreams], NIO ou Xpeng, capazes de ameaçar o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.

Oabrandamento económico da China deixou trabalhadores migrados nas grandes cidades a lutar por trabalho temporário, enquanto economistas reconsideram previsões, até recentemente tidas como certas, sobre a ascensão do país asiático a maior economia mundial.

Na vila de Houchang, situada no norte de Pequim, em frente à sede da rede social Baidu, símbolo do desenvolvimento tecnológico da China, milhares de trabalhadores rurais saem todos os dias em busca de trabalho temporário: na construção, mudanças ou entregas ao domicílio. “Ocasionalmente aparece trabalho, mas a maioria tem agora pouco que fazer: estão praticamente desempregados”, descreve Wang Yushua, um trabalhador oriundo da província de Henan, à agência Lusa.

A China tem cerca de 296 milhões de trabalhadores migrantes - oriundos do interior chinês, radicados nas prósperas cidades do litoral. No primeiro trimestre do ano, o seu rendimento médio caiu para 4.504 yuan, de 4.615 yuan no ano passado, segundo dados oficiais.

A economia chinesa cresceu 0,8 por cento, no segundo trimes- tre, em comparação com os três meses anteriores. Isto representa uma desaceleração, em relação ao primeiro trimestre, quando a economia cresceu 2,2 por cento. Estas taxas de crescimento contrastam com a média de quase 10 por cento ao ano, alcançada entre 1979 e 2019.

Uma mudança de paradigma para taxas de crescimento

Seria o culminar daquela que é considerada a mais extraordinária ascensão económica de todos os tempos: de um país pobre e isolado, a China converteu-se no principal mercado do mundo para várias matérias-primas e produtos com valor acrescentado. A procura chinesa tornou-se fundamental para determinar o preço da soja, petróleo ou minério de ferro e para os resultados trimestrais das principais marcas mundiais.

Covid e liquidez

Mas as perspectivas deterioraram-se nos últimos anos, face a uma crise de liquidez no sector imobiliário, fraco consumo interno ou altos níveis de endividamento dos governos locais. Estes factores foram agravados pela política ‘zero covid’ e crescentes fricções geopolíticas.

A situação está a criar dúvidas sobre com que tipo de modelo a China poderá realizar a transição, quando um crescimento assente no consumo interno parece improvável, já que os salários permanecem baixos, e a aposta em sectores de alto valor acrescentado sofre grande resistência externa, com os Estados Unidos a imporem sanções e a restringirem a venda de tecnologia à China.

Pequim lançou um plano, designado “Made in China 2025”, para

A ONU projecta que a população da China em idade activa vai diminuir em mais de 100 milhões, na próxima década

“A minha pergunta é: será que há deste tipo de empresas em número suficiente?”, aponta Richard Koo, economista na consultora japonesa Nomura Research Institute.

O dividendo demográfico que propiciou o rápido desenvolvimento económico do país chegou também ao fim. A ONU projecta que a população da China em idade activa vai diminuir em mais de 100 milhões, na próxima década.

A consultora Capital Economics estima que, se o PIB da China não ultrapassar o dos Estados Unidos até meados dessa década, talvez nunca o venha a fazer.

Ruchir Sharma, presidente da gestora de ativos Rockefeller Capital Management, concorda: “uma crise demográfica, baixos níveis de produtividade, altos níveis de endividamento e crescente rivalidade com os EUA, significam que o período de trepidante crescimento económico da China chegou ao fim”.

Posições revistas

Outros economistas continuam a antever a ascensão do país à posição de maior economia mundial, mas estão também a rever as suas previsões.

O Centro de Estudos Económicos e Empresariais, um grupo de reflexão com sede no Reino Unido, diz agora que a China vai ultrapassar os EUA apenas em 2030, dois anos mais tarde do que a previsão original. O Centro de Pesquisa Económica do Japão, com sede em Tóquio, também adiou em quatro anos, para 2033, a consagração da China como ‘número 1’.

Há cerca de uma semana foram divulgados os dados semestrais do desempenho da economia chinesa, tendo-se registado um crescimento homólogo de 6,3 por cento no segundo trimestre, um valor bastante aquém das expectativas dos analistas, ainda que esta percentagem tenha sido superior à de 4,5 por cento registada nos meses de Janeiro a Março. No entanto, a economia cresceu apenas 0,8 por cento no segundo trimestre.

A expansão robusta, em termos homólogos, deve-se em grande parte ao crescimento de apenas 0,4 por cento, durante o segundo trimestre de 2022, quando o país impôs rigorosos bloqueios em Xangai e outras cidades, visando conter surtos de covid-19. Os ana-

Ao contrário do resto do mundo, a China não enfrenta altas taxas de inflação, mas pode acabar por registar o oposto: a queda dos preços, ou deflação, devido à fraca procura listas previam que o crescimento se fosse fixar acima dos 7 por cento. O Governo chinês estabeleceu a meta de crescimento económico deste ano em “cerca de 5 por cento”. Para alcançar aquele valor, o PIB vai ter que crescer mais rapidamente nos próximos meses. Relativamente às exportações, estas caíram 12,4 por cento em Junho, em termos homólogos, devido a uma menor procura global potenciada pelo aumento das taxas de juros na Europa, Estados Unidos e outros países, que visam conter a inflação.

Ao contrário do resto do mundo, a China não enfrenta altas taxas de inflação, mas pode acabar por registar o oposto: a queda dos preços, ou deflação, devido à fraca procura.

Nos últimos meses, as autoridades tentaram estimular o crédito e gastos.

Se nas grandes cidades os trabalhadores migrantes buscam emprego temporário, ou estão mesmo desempregados, a realidade não é muito melhor para os jovens. Actualmente, a taxa de desemprego entre os jovens urbanos da China, dos 16 aos 24 anos, é de 21,3 por cento, tendo atingido um novo recorde histórico no mês passado.

O Gabinete Nacional de Estatística avançou ainda que a taxa de desemprego urbano, no primeiro semestre, foi de 5,3 por cento, sendo que Pequim estabeleceu, ainda para este ano, a meta de criar cerca de 12 milhões de novos empregos nas cidades. A China tem mais de 96 milhões de jovens com idades entre 16 e 24 anos, entre os quais mais de 33 milhões deles ingressaram este ano no mercado de trabalho.

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