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e as senhoras esperavam a Lua
XUNZI 荀子 Elementos de ética, visões do Caminho Tradução de Rui Cascais
Da Nomeação Correcta (IV)
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Chen Qingbo, cuja actividade é registada entre 1210 e 1260, é referido por Xia Wenyan, no tratado de 1365 Tuhua Baojian (Precioso espelho da pintura) como um pintor que trabalhou fora da corte e que, «nascido em Qiantang, pintou muitas vezes vistas panorâmicas do Lago do Oeste». E é isso que se pode ver em Manhã de Primavera no Lago Oeste, uma pintura para leque montada como folha de álbum (25 x 26,7 cm, tinta e cor sobre seda no Museu do Palácio, em Pequim) uma sua característica representação em ziguezague, seme- lhante ao caracter zhi, que indica uma pertença ou algo, alguém.

Uma outra pintura também em formato de leque, mostra um encontro nocturno e tem o título No terraço do palácio ao luar (25,6 x26,7 cm, tinta e cor sobre seda, no Museu do Palácio, Pequim) nela cinco mulheres, três senhoras e duas criadas subiram a um terraço para contemplar a lua. Uma das senhoras segura uma bandeja onde estão cinco figuras cónicas, reforçando o número cinco que no Yijing corresponde a «esperar».
AFIRMAÇÕES COMO “Ser insultado não é vergonhoso”, “O sábio não se ama a si próprio” e “Matar um ladrão não é matar uma pessoa” são casos de confusão acerca do uso dos nomes e que conduzem à desordem dos nomes. Se os testarmos tendo a conta a razão pela qual existem nomes e se observarmos aquilo que acontece quando são aplicados exaustivamente, então poderemos rejeitar esses casos. Afirmações tais como “As montanhas e gargantas são planas”, “Os desejos que advêm das nossas disposições naturais são poucos”, “os pratos refinados já não são saborosos” e “Os grandes sinos já não oferecem entretenimento” são casos de confusão acerca do uso dos nomes e que conduzem à desordem dos nomes. Se os testarmos tendo em conta os meios apropriados para distinguir gosto e aversão e observarmos o que acontece quando são praticados exaustivamente, então seremos capazes de os rejeitar. Afirmações tais como “Bois e cavalos não são cavalos” são casos de confusão acerca do uso dos nomes e que conduzem à desordem dos objectos. Se os testarmos tendo em conta os nomes aceites, recorrendo ao facto de que aquilo que essas pessoas aceitam vai contra aquilo que rejeitam, então seremos capazes de os rejeitar. Todos os casos de dizeres desviantes e ensinamentos perversos, que se afastam do Caminho correcto para inovar impruden- temente, pertencem a uma destas três classes de confusão. Assim, o líder iluminado compreende esse tipo de pessoas e não discute com elas. As pessoas podem ser agrupadas com facilidade recorrendo ao Caminho, mas não devemos tentar partilhar as nossas razões com elas. Assim, o líder iluminado controla-as com o seu poder, guia-as com o Caminho, move-as com as suas ordens, agrupa-as com os seus juízos e restringe-as com os seus castigos. E, assim, a transformação do seu povo graças ao Caminho assemelha-se ao espírito. Que necessidade teria de demonstrar e persuadir?1 Hoje, os reis-sage morreram, o mundo todo está mergulhado no caos e os ensinamentos depravados emergem. A pessoa exemplar não tem poder para controlar o povo, não tem castigos à sua disposição castigos para o restringir e, por isso, se vê na necessidade de demonstrar e persuadir.
1 A palavra, aqui, é biàn 辨, que literalmente significa “descriminar entre as coisas”. Este caracter era intercambiável com biàn 辯, que significa “discutir, disputar”. O texto parece jogar com a fusão destes dois sentidos na ideia de que as verdadeiras diferenças entre as coisas podem ser apresentadas e defendidas por argumentação. Por isso, escolheu-se aqui o termo “demonstrar” para transmitir o sentido de simultaneamente apontar diferenças e argumentar uma posição.
Nota Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.