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Para pior já basta assim
O antigo deputado acredita que apenas os receios face à Lei de Segurança Nacional e a situação criada pela pandemia evitaram que a insatisfação face à actuação do Governo resultasse em protestos nas ruas. Ainda assim, Ng afirma que o Executivo é conhecedor dos sentimentos da população e que, se quiser, tem espaço para melhorar
APESAR de nos últimos anos não ter havido manifestações em Macau, Ng Kuok Cheong acredita que há um ambiente de insatisfação acumulada. Em declarações ao jornal All About Macau, o ex-deputado explicou que apenas o medo da Lei de Segurança Nacional, actualmente em debate na Assembleia Legislativa, e a pandemia fizeram com que não houvesse protestos nas ruas de Macau.
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Para o membro fundador da Associação Novo Macau, mesmo que a sociedade não tenha conseguido mobilizar-se, tal não significa que a população avalie o trabalho do Governo positivamente.
Ng Kuok Cheong acredita que o próprio Governo está consciente de que “as queixas da população se foram acumulando muito ao longo dos últimos anos” e que há espaço para melhorar.
Com o processo da renovação das licenças de jogo terminado, Ng considera também que o Governo tem as condições necessárias para implementar mais medidas de auxílio à população e que contribuam para reduzir o sentimento de insatisfação.
No entanto, o democrata levanta dúvidas sobre se efectivamente existe vontade no Governo de Ho Iat Seng de contribuir com mais medidas de apoio.
Sem responsabilização
Em relação ao que considera ser o “caos” criado durante o surto mais recente em Macau, Ng
Quem dá mais?
Pereira Coutinho quer bónus de um salário para a função pública afastou o cenário de existir qualquer responsabilização política. Este ponto de vista é sustentado não só devido à postura mais recente do Governo, que evita este tipo de responsabilização, mas também por haver receio que se abra a caixa de Pandora.
JOSÉ Pereira Coutinho defende a atribuição de um subsídio extra para “os trabalhadores da linha da frente”, e não só, da função pública. Para o deputado estão em causa os muitos sacrifícios feitos por estes trabalhadores, ao longo dos três anos de isolamento da RAEM.
Segundo Coutinho, a “súbita e inesperada” mudança da política de zero casos de covid-19 para a política de coexistência com o vírus “obrigou à sobrecarga de trabalhos dos trabalhadores da linha da frente”. Por isso, o legislador defende que agora é “o momento ideal para que o Governo venha a reconhecer e recompensar publicamente os muito sacrifícios” de todos os trabalhadores da função pública.
“Se o Governo responsabilizasse algum governante pelo que aconteceu desencadeava um processo em que a população ia querer ver mais pessoas responsabilizadas”, argumentou o ex-deputado.
Por outro lado, Ng não se mostrou surpreendido com a falta de recursos médicos, que ficou bem patente em Dezembro. Para o antigo legislador é o resultado de anos seguidos a negligenciar os Serviços de Saúde.

“Macau sempre teve falta de recursos médicos. Só que antes o Governo era rico e podia recrutar mais profissionais para virem até Macau. Ao mesmo tempo, os recursos médicos do Interior eram canalizados para Macau, em casos de necessidade”, apontou. “Desta vez, o Interior
Ng Kuok Cheong acredita que o próprio Governo está consciente de que “as queixas da população se foram acumulando muito ao longo dos últimos anos” e que há espaço para melhorar também enfrentou um surto, e Macau ficou sem hipótese de recorrer ao seu maior apoio em alturas de crise, por isso, como os recursos médicos que já estavam sobrecarregados colapsaram imediatamente”, explicou.
Apesar da actual situação, Ng Kuok Cheong não deixa de reconhecer que a escassez de recursos pode ser ultrapassada, quando o edifício de doenças transmissíveis do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, que estão em construção, forem concluídos. A entrada em funcionamento da Faculdade de Medicina da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau é também vista como uma solução. Nunu Wu e João Santos Filipe
Fronteira Limites nos postos de Gongbei e Qingmao mantêm-se
As autoridades de Zhuhai anunciaram ontem o prolongamento até 30 de Abril da medida que limita a uma passagem a circulação de pessoas pelos postos fronteiriços de Gongbei e Qingmao. A medida tinha sido aplicada no ano passado, devido às obras do antigo Edifício do Posto Fronteiriço de Gongbei, e inicialmente estava previsto que fosse temporária, e terminasse a 2 de Fevereiro. A informação foi avançada pelo lado de
A proposta apresentada através de uma interpelação escrita passa assim por atribuir o valor equivalente a um salário mensal: “Independentemente das condecorações honoríficas e promoções avulsas até hoje concedidas a título aleatório, vai o Governo proceder à atribuição de um subsídio correspondente a um mês de salários como forma de reconhecimento público dos trabalhadores [...] que muito se sacrificaram nos últimos três anos no combate à covid-19?”, pergunta.
Subsídios e obesidade
Além de apresentar um pedido de subsídio ao Governo, na mesma interpelação o deputado aborda também o problema da obesidade e a relegação deste tipo de serviço no hospital público para segundo plano, em virtude da covid-19.
“Ao longo dos três anos da pandemia, a área de cuidados alimentares e nutricionais dos Serviços de Saúde tem sido bastante negligenciada, sendo actualmente o parente pobre, quando comparada com outras especialidades”, denunciou o deputado. “Os profissionais de Saúde [nutricionista] são atirados para um canto do Centro Hospitalar Conde São Januário e estão constantemente ‘saltitando de um cubículo para outro cubículo, causando elevados transtornos aos utentes que procuram esta especialidade”, acusou.
No cenário traçado pelo deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), estes profissionais têm falta de meios. Pereira Coutinho quer assim saber se o Governo vai alterar a situação e dotar os serviços de cuidados alimentares e nutricionais dos equipamentos necessários para poderem desempenhar com eficácia as suas funções. J.S.F.
Pandemia Alvis Lo avisa que luta ainda não acabou
Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), disse, no âmbito da última reunião do Conselho para os Assuntos Médicos, que a gestão da crise pandémica ainda não terminou. “Com o termo do período de transição, as diversas políticas de prevenção da epidemia foram ajustadas de forma ordenada, mas isso não significa o término de toda a luta contra a epidemia”, referiu, citado por um comunicado. O encontro serviu ainda para a apresentação do “Relatório de inquérito sobre a vontade de utilização da ‘Plataforma de Registo de Saúde Electrónico’” [eHR], bem como o “plano de trabalhos para o futuro”. Os membros do Conselho “manifestaram o seu apoio e reconhecimento em relação à promoção da eHR para melhorar a acessibilidade das informações”, sendo que alguns frisaram que, “na fase inicial da implementação, é inevitável a necessidade de adaptação durante o período de transição”.
Papel Leong Sun

Iok defende menor utilização
Numa interpelação escrita, o deputado Leong Sun Iok quer saber quais são os planos do Governo para reduzir o uso do papel, com vista a concretizar gradualmente uma sociedade praticamente sem papel, que valoriza a protecção ambiental. O deputado dos Operários recordou que ao longo dos anos, o Governo fez muitos esforços para que os documentos electrónicos substituam o papel. No entanto, considera que alguns serviços públicos ainda utilizam papéis em muitos procedimentos, como declarações, requerimentos, notificações, ou recibos, e que devia existir alternativas, para que não fosse usado tanto papel. Leong Sun Iok quer ainda saber como é que vão ser criados incentivos para que a população participe neste esforço e como vão ser alteradas as leis, dado que alguns regulamentos legais ainda pedem o uso de papel na entrega de documento ou nas emissões de notificações.