SEXUALIDADE E QUALIDADE DE VIDA A sexualidade é um aspecto central na vida do ser humano, um dos pilares de nossa qualidade de vida, envolvendo desde a reprodução ao simples prazer, passando pela construção da identidade do indivíduo. Além dos aspectos biológicos, a sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, afeta tanto a saúde física quanto a mental. Ela está diretamente relacionada a aspectos biológicos, culturais, ao ambiente psicossocial e à autoimagem. Para abordar esse tema é preciso considerar que a sexualidade tem sido um campo de disputa moral, ética e científica, e que todas essas influências repercutem na forma como os sujeitos a vivenciam. Além disso, a sexualidade não se manifesta da mesma forma para todos – cada indivíduo tem suas preferências e particularidades. Para que seja possível uma vida sexual plena, saudável e prazerosa, todos esses pontos precisam estar em harmonia.
“A sexualidade é um aspecto natural da vida, que pode nos trazer bem-estar e satisfação. No entanto, apesar dos muitos avanços ocorridos nos últimos anos, esse tema ainda é cercado de tabus, mitos e controvérsias, e muitas vezes o que poderia ser fonte de prazer acaba se tornando gatilho para o sofrimento e o adoecimento.” Ueliton Pereira Diretor Técnico da Holiste
SEXUALIDADE E SAÚDE MENTAL Sintomas como redução da libido, ejaculação precoce, dificuldade de ereção, desejo sexual excessivo, preferências sexuais não compreendidas e identificação de si mesmo com um gênero diferente do que lhe foi atribuído podem ser fontes de sofrimento psíquico para o indivíduo. Em alguns casos, essas dificuldades podem evoluir para quadros de depressão e/ou ansiedade. Diminuição do interesse pelo sexo, cansaço, redução da autoestima e dificuldades de relacionamento são alguns sinais que costumam estar presentes em diversos distúrbios psiquiátricos, podendo causar redução da frequência e da qualidade das relações sexuais. Além disso, muitos indivíduos em tratamento de transtornos mentais têm dificuldades sexuais em consequência dos sintomas da própria doença ou de efeitos colaterais de certos medicamentos.
“Se aquele comportamento sexual não está interessante, está trazendo algum tipo de desconforto ou de incômodo, a ideia é que o indivíduo fale sobre o assunto. Nosso papel, enquanto profissionais, é ir além de encontrar uma explicação ou um diagnóstico, mas acolher e cuidar da pessoa em sofrimento.” Paula Dione Psiquiatra
NÚCLEO DE SEXUALIDADE DA HOLISTE Pela complexidade envolvida, questões de saúde mental ligadas a sexualidade e gênero devem ser abordadas com um olhar multidisciplinar. O Núcleo de Sexualidade da Holiste atua com a psiquiatria e a psicologia em conjunto. A abordagem psiquiátrica, entre outras coisas, busca diagnosticar, tratar ou excluir a existência de patologias ou sintomas no indivíduo. Já a psicoterapia pretende construir um processo de amadurecimento e conforto pessoal, permitindo que o sujeito fale sobre suas questões pessoais e de relacionamento. Os acompanhamentos médico e psicológico permitem ampliar o entendimento sobre a sexualidade e as necessidades do sujeito, tornando o tratamento mais efetivo. O Núcleo também realiza palestras, debates, rodas de conversa e grupos terapêuticos, com o objetivo de difundir informações sobre o tema, ampliando o debate e combatendo preconceitos e tabus, além de estimular a busca por orientação e tratamento especializado.
“Quando falamos em saúde sexual, estamos falando também em sexualidade livre de coerção, de discriminação e de violência. A ampliação do acesso à informação de qualidade leva à aquisição de conhecimento e à redução de preconceitos, o que melhora a sensação de bemestar do indivíduo com a própria sexualidade e com a vida em sociedade.”
Lara Cannone Psicóloga
TRANSTORNOS LIGADOS À SEXUALIDADE Com tantas variáveis envolvidas, talvez seja impossível uma definição de sexualidade “normal”. Porém, alguns comportamentos ou impulsos ligados à sexualidade podem trazer sofrimento para o indivíduo, para terceiros e até mesmo para uma comunidade.
“Questões ligadas a gênero, alterações no funcionamento sexual, fetiches e perversões são exemplos de assuntos que levam a diversos questionamentos sobre o bem-estar individual e social. A discussão sobre o comportamento sexual humano é essencial para melhorar a qualidade das relações.” Livia Castelo Branco Psiquiatra
A ABORDAGEM DA SEXUALIDADE E GÊNERO EM SAÚDE MENTAL INCLUI OS SEGUINTES TEMAS: QUESTÕES RELACIONADAS À IDENTIDADE DE GÊNERO: São casos onde o indivíduo não se identifica plenamente com o seu gênero de nascimento, o que gera um sentimento de inadequação ao seu papel social. Travestis, transgêneros e transexuais estão incluídos nesse espectro. Essa incongruência pode trazer sofrimento para algumas pessoas – pela dificuldade de autoaceitação ou de lidar com os conflitos interpessoais que possam surgir. O objetivo do tratamento é aliviar esse sofrimento, acolher as demandas do paciente e de seus familiares, e investigar os possíveis transtornos psicológicos e comportamentais decorrentes. Não se trata, portanto, de corrigir a identidade de gênero do indivíduo, mas de levar em consideração que as exigências sociais refletem na saúde mental do mesmo. PARAFILIAS: Caracterizam-se por uma excitação sexual, recorrente e intensa, manifestada por fantasias, impulsos e comportamentos direcionados a situações incomuns (como desejo por objetos específicos, animais ou crianças) que causam sofrimento e prejuízo para o indivíduo ou que implicam danos ou riscos a terceiros. Ex.: pedofilia, zoofilia etc. DISFUNÇÕES SEXUAIS: São caracterizadas pela dificuldade do indivíduo em responder sexualmente ou de sentir prazer sexual. Elas podem afetar o desejo de iniciar uma relação, a excitação durante o ato sexual e a capacidade de chegar ao orgasmo, podendo haver dor ou desconforto durante a atividade sexual. OUTRAS MANIFESTAÇÕES: Também pode-se abranger conflitos de casais, implicando em prejuízo na interação com o parceiro seja na baixa de libido, problemas no relacionamento ou questões diretamente ligadas ao ato sexual. Retaliação por conta de orientação sexual, geralmente atribuída a pessoas LGBTs, que são censuradas por terceiros ou internalizam o veto social de vivenciar uma experiência homoafetiva. Nesses casos não se visa práticas de reversão sexual, mas de fornecer um espaço livre de julgamentos para acolher os sofrimentos atribuídos.
Responsável técnico: Dr. Luiz Fernando Pedroso | CRM 11711 | RQE 11158