Iª Mostra Bibliográfica de Ficção Científica e Fantasia de Autores Portugueses
Tal como na Mostra anterior teremos de atender ao espaço, à dimensão da produção, ao que se considere mais relevante e ao gosto pessoal. Se o espaço não fosse uma condicionante, a maior limitação seria conseguir obter exemplares das obras, o que certamente seria uma tarefa árdua, pois sabemos que as bibliotecas públicas não têm, o mais das vezes, muitas das obras editadas. Tal como na Iª Mostra tivemos de fazer opções, algumas delas difíceis, mas como o espaço não estica iremos expor aquelas que para nós foram mais marcantes. Mesmo assim não serão muitas as colecções que não estarão representadas, pois optamos por usar critérios que se prendem sobretudo com a representação e distância no tempo. As colecções mais recentes e assim mais conhecidas e visíveis terão exposto um menor número de exemplares. Como estamos perante uma Mostra que pretende dar a conhecer as colecções, sobretudo as de ficção científicas, tal implica que as obras que saíram dispersas não estarão representadas, assim como algumas antologias que mesmo sendo relevantes, verão adiadas a sua exposição para uma futura Mostra que privilegiará as antologias e as fora de colecção. Tudo tem um tempo. Esperamos assim demonstrar que apesar do que se diz, muitas das principais vozes da ficção científica e fantasia mundial viram, pelo menos uma parte, a sua obra publicada em português e assim tentar chamar novos leitores para o género, assim como afastar a ideia, quanto a nós perigosa, que quem ler dentro dos géneros terá de recorrer a edições originais, leia-se anglo-saxónicas. Vamos dar também uma particular atenção à extinta colecção Argonauta, uma das de maior longevidade na Europa, com a publicação neste folheto de um artigo e uma tabela referentes a ela. Tecidas as anteriores considerações é tempo de listar as obras que estão expostas para memória futura. Esperamos que usufruam desta iniciativa. Marcelina Gama Leandro Álvaro de Sousa Holstein
IIª Mostra Bibliográfica de Ficção Científica e Fantasia
Expositor 1 (Colecção Argonauta) Iniciou-se em 1953 e terminou em 2006, tendo saído 565 números. Não publicou nenhum autor português e apenas um autor de língua portuguesa a brasileira Márcia Guimarães, no penúltimo número da colecção. nº 1 – Perdidos na estratosfera – A. M. Low nº 3 – A última cidade da Terra – Edmund Hamilton nº 6 – O Mundo Marciano – Ray Bradbury nº 40 – O Síndico – C. M. Kornbluth nº 73 – Operação Vénus – Leonid Onochko nº 82 – Emissários do Futuro – Gérard Klein nº 85 – O templo do Passado – Stefan Wul nº 100 – Os melhores contos de FC – antologia nº 102 – A guerra das salamandras – Karel Čapek nº 130A – Estação de trânsito – Clifford D. Simak nº 200 Vampiro – Estação de trânsito – Clifford D. Simak nº 156 – Os Super-Homens – A. E. van Vogt nº 162 – Areias de Marte – Arthur C. Clarke nº 251 – Os Napoleões das Estrelas – Pierre Barbet nº 385 – Os Anais dos Heechee – Frederick Pohl nº 542 – O castelo de Lorde Valentine – Robert Silverberg nº 561 – A conspiração dos Imortais – Márcia Guimarães
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Expositor 2 (Antecipação e Dêagá) A colecção Antecipação iniciou-se em 1967 e terminou em 1975, tendo saído 69 números. Publicou um autor português, Jack Swann (Fernando Saldanha), sob o nº 69, sendo este o último livro da colecção. Já a colecção Dêagá Ciência, iniciou-se em 1972 e terminou em 1975, tendo saído 35 números e publicou um autor nacional Peter Oake (Pedro Alves Carvalho), sob o nº 34 - Dois Homens no Infinito. nº 1 – Ameaça do infinito – Fredric Brown – Antecipação nº 10 – O general do Universo – Gordon R. Dickson nº 21 – Lotaria Solar –Philip K. Dick nº 23 – Império do Átomo – A- E. van Vogt nº 29 – Anti-crepúsculo – Arthur C. Clarke nº 33 – O cosmos de Kickaha – Philip Jose Farmer nº 36 – Nulos – Brian W. Aldiss
nº 39 – A estrela do apocalipse – John Brunner nº 49 – Os correios do tempo – Robert Silverberg nº 50 – Enfírio – Jack Vance nº 2 – O viajante de negro – John Brunner – Dêagá nº 21 – Na Terra, em parte alguma – Michael Elder nº 24 – Os mestres da vortex – E. E. “Doc” Smith nº 27 – O falcão vermelho – Lin Carter nº 28 – Para além do Infinito – A. E. van Vogt nº 33 – A porta através do espaço – Marion Z. Bradley
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Expositor 3 (FC Bolso e Caminho FC) A colecção FC Bolso/PEA iniciou-se em 1979 e terminou em 2001, tendo saído 247 números e não publicou nenhum autor português, Já a colecção Caminho FC, iniciou-se em 1984 e terminou em 2001, tendo saído 98 números e foi a colecção que mais romances de ficção científica de autores nacionais publicou.
nº 6 – Ubik – Philip K. Dick – FC Bolso nº 17 – Um estranho numa terra estranha – Robert A. Heinlein nº 24 – A Máquina assassina – Jack Vance nº 26 – Tempestade no tempo – Gordon R. Dickson nº 51 – a rainha de Gelo – Joan D. Vinge nº 58 – Solaris – Stanislaw Lem nº 61 – Friday – Robert A. Heinlein nº 80 – Para além do planeta silencioso – C. S. Lewis nº 139 – Tempo suspenso – Philip Jose Farmer nº 148 – Os viajantes – Arkady e Boris Strugatsky nº 247 – O céu como limite – David Brin nº 91 – Galápagos – Kurt Vonnegut – Caminho FC nº 93 –As maças douradas do Sol – Ray bradbury nº 121 – Força da pedra – Greg Bear nº 147 –Baol – Stefano Benni nº 151 –Heróis e bandidos – Angela Carter nº 165 –Drácula libertado – Brian Aldiss nº 193 –Madrugada –Octavia E. Butler
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Expositor 4 (Outras)
Colecção Ciência e Ficção – Aguiar & Dias nº 1 – O Cérebro Poderoso – Roy Sheldon nº 2 – O Último Cérebro – H. J. Campbell nº 5 – O Mundo em chamas – H. K. Bulmer Antecipação – Editorial Organizações nº 1 – Departamento do invisível – Jean-Gaston Vandel nº 2 – Atentado Cósmico – Jean-Gaston Vandel nº 1 – Para Além do infinito – Jimmy Guieu Colecção Órbita – Editorial Minotauro nº 1 – Justiça Facial – L. P. Hartley nº 2 – Nove amanhãs – Isaac Asimov Colecção 3:C – Editora Ulisseia nº 3 – Mais que humanos – Theodore Sturgeon nº 6 – Fundação – Isaac Asimov nº 9 – O declínio de marte – Alexei Tolstoi nº 21 – Agulha – Hal Clement Presença do Futuro – Distri Editora A Barreira – Frank Herbert Vida, Universo e tudo o mais – Douglas Adams Não mordam o Sol – Tanith Lee
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Expositor 5 (Outras)
Mir - Antagonista nº 1 – Golfinho de Júpiter – Mary Rosenblum nº 1 – Pela sombra morrerão – Carla Ribeiro Gradiva Bolso FC - Gradiva nº 2 – O olho da Rainha – Phillip Mann nº 5 – A Pegada – Larry Niven e Jerry Pournelle nº 12 – O modelo Jonas – Ian Watson Doutor Who – Editorial Presença nº 1 – Doutor Who e a invasão dos Autones – Terrance Dicks nº 6 – Doutor Who e o dia dos Daleks – Terrance Dicks O prazer de ler FC – Editorial Fragmentos Relatório sobre a probabilidade A – Brian Aldiss O rato de aço inoxidável – Harry Harrison
Bolso Noite – Europress nº 7 – Hestia – C. J. Cherryh nº 36 – Um caso de consciência – James Blish nº 46 – Anti-Crepúsculo –Arthur C. Clarke
Órbita – Vega Os inimigos do sistema – Bryan W. Aldiss Nove amanhãs – Isaac Asimov 4Enigmas – Novaera Os translúcidos – B. R. Bruss Regresso a “0” – Stefan Wul 4Enigmas – Círculo de Leitores Sexta-feira por exemplo – Pierre Suragne Regresso a “0” – Stefan Wul IIª Mostra Bibliográfica de Ficção Científica e Fantasia
Expositor 6 (Outras)
Mamute – Editorial Caminho nº 1 – Que difícil é ser Deus! – Arkadi e Boris Strugatski nº 2 – A guerra das salamandras – Karel Čapek nº 5 – A nebulosa de Andrómeda – Iván Efrémov nº 8 – Os caminhos nunca acabam – João Aniceto Col. Fantástico – Edições Rolim nº 2 – Contos do Diabo – antologia nº 26 – O Fantasma do lago – Sousa Viterbo nº31 – O canto da sereia – Júlio Dinis nº 33 – A peste negra – Gomes Leal nº 34 – Onde está o Menino Jesus? – Natália Correia Cosmonauta – Brasília Editora nº 1 – O terror da sexta Lua – Robert A. Heinlein nº 2 – O terror da sexta Lua – Robert A. Heinlein nº 6 – O conflito dos Mundos – Philip K. Dick FC – Editora Mir nº 1 – A cabeça do Doutor Dowell – Aleksandr Beliaev Livros de Algibeira – Via Editora nº 1 – A fábrica de mulheres – Ian Watson Biblioteca de Ciência-Ficção e Aventuras – Edições Ráduga nº 3 – O planeta azul – antologia nº 5 – O Homem das Neves – antologia nº 8 – A torre dos pássaros – antologia
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Expositor 7 (Outras)
Galáxia 2001 – APE nº 1 – Os Estranhos – Adisson Starr nº 13 – Quando as Estrelas pararem – Joe Mogar nº 23 – Telepata – Joe Mogar nº 34 – A alavanca do tempo – Law Space nº 65 – A luz vivente – Walt G. Dovan Espaço – Mãos de Fada de Mário de Aguiar nº 1 – Primeira etapa “!Ulania!” – Andre Tagorelle nº 4 – Mandraka e os seus Robots – Andre Tagorelle nº 18 – Os emigrantes do mundo extinto – Andre Tagorelle
nº 21 – O negro espaço silencioso – Clark Carrados nº 22 – Motim electrónico – Louis G. Milk Kizola – Edições Lito-Tipo nº 5 – A vingança do astronauta – Louis G. Milk nº 6 – Estação nas Estrelas – Louis G. Milk nº 9 – Marte espera-nos! – Louis G. Milk nº 12 – A invasão da Lua – Clark Carradas Robot – Editorial Organizações nº 1 – Os Micro-Robots de Saturno – Alan Comet nº 2 – Ventosas da Demência – Alan Comet nº 3 – A rebelião dos Hipogeos – Alan Comet nº 6 – O Robot do Dr. Freuding – Alan Comet
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Naviatom – Agência Internacional de Livraria e Publicações nº 1 – Senhores do Sol – Walt G. Dovan S.I.P. – Spacial Internacional Police – Carlos de Oliveira Editor nº 1 – Assassinato na Lua Terminus – Alan Comet Escalas do Futuro – publicações Europa-América nº 1 – A cidade no tempo – Clifford D. Simak
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Expositor 8 e 9 (Outras)
Obras primas da Ficção Científica, vol 1 – antologia (GP-ANT nº 3) Obras primas da Ficção Científica, vol 2 – antologia (GP-ANT nº 3) Os Amantes – Philip José Farmer (GP-AE nº 1) Viajantes no Tempo – antologia (Gp-Ant nº 2) Bestiário Fantástico – Jean Ray/John Flandres (Moraes) O poço e o pêndulo – Edgar Allan Poe (A Biblioteca de Babel – Vega) A mão de Midas – Jack London (A Biblioteca de Babel – Presença) O ouro do predador – Philip Reeve (Via Láctea – Presença) Do outro lado do sonho – Ursula K. Le Guin (Orion – Edições 70) Rainha dos Anjos – Greg Bear (Portal – Devir)
Espaço 5 – antologia (Verbo) Robot completo, vol 1 – Isaac Asimov (Nebula, nº 2) O Barco com um milhão de anos – Poul Anderson (Nebula, nº 41) Guerra Sempre – Joe Haldeman (Nebula, nº 94) Uma vida mais longa – John Wyndham (Romances de FC – Círculo de Leitores) O Sorriso de Metal – antologia (Colecção OG – Portugal Press) Mundo sem estrelas – Poul Anderson (Ciência Ficção – CLB) Dune, vol 1 – Frank Herbert (Colecção Argonauta Gigante, nº 1) A árvore do Verão – Guy Gavriel Kay (Colecção Argonauta Gigante, nº 16) O legado de Hastur – Marion Zimmer Bradley (Difel) O Festim da Aranha – antologia (Col. Beltenebros nº 10 – Assírio & Alvim) Este é o tempo dos assassinos – antologia (Col. Beltenebros nº 13 - A & Alvim) Pensa em Phlebas – Iain M. Banks (Limites, nº 4 – Clássica Editora) O jardim de infância – Geoff Ryman (Limites, nº 8 – Clássica Editora) IIª Mostra Bibliográfica de Ficção Científica e Fantasia
A longa tarde da Terra – Brian Aldiss (Contacto, nº 1 – Gradiva) A Oeste do Éden – Harry Harrison (Contacto, nº 2 – Gradiva) Ar – Geoff Ryman (1001 Mundos – Gailivro) O Reino mais além das ondas – Stephen Hunt (Col. Bang, nº 161 – SdE)
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As particularidades da Colecção Argonauta e das várias reedições Para “falar” deste assunto vamos recorrer a um excelente texto sobre a Colecção Argonauta da autoria de João Manuel Mimoso já publicado no seu site: http://www.tabacaria.com.pt/ e publicar uma tabela com essas particularidades e suas variantes conhecidas. «Uma vez que não quero repetir o que os outros fizeram, vou tratar do que em geral não trataram - vou tentar focar vários assuntos conexos com a edição dos livros, mas não os conteúdos propriamente ditos... - MARCAS DA COLECÇÃO
As marcas logotípicas ou outras que interessarão a esta apresentação são. 1- o logotipo da Colecção Argonauta existente na capa, marcado "Ícaro” capa na figura acima; IIª Mostra Bibliográfica de Ficção Científica e Fantasia
2- o monograma "CAN" com que Cândido Costa Pinto assinou as capas originais que executou e que pode estar situado em qualquer zona da capa, marcado a branco na figura acima; 3- o logotipo dos Livros do Brasil na contracapa, correspondente ao texto em itálico serifado "LIVROS DO BRASIL, LIMITADA / LISBOA" indicado por uma seta negra na figura acima; 4- o logotipo da Colecção Argonauta existente na contracapa, marcado "Ícaro” na contracapa na figura acima; - CINTAS
Todos os números da Colecção Argonauta desde o nº 1 até ao nº 13 vinham selados com uma cinta em papel castanho que saía de entre dois dos cadernos e colava noutra meia cinta inserida entre a última página do livro e a contracapa. À esquerda o aspecto de um livro selado. Cada cinta anunciava o número seguinte com texto e cor variáveis. As duas meias cintas eram coladas e a metade posterior carimbada com o texto "Não devolva ao editor livros com cintas violadas". A cintagem destinava-se a contrariar uma prática corrente de ler as publicações e depois devolvê-las como novas. Havia até um pequeno negócio de aluguer de livros novos por uma fracção do preço de custo tal como havia o hábito de devolver jornais lidos aos jornaleiros, na perspectiva de uma revenda. O nº 14 tinha, em vez da cinta, as páginas coladas com uma aplicação de cola transparente. O nº 15 usava cola azul (figura à esquerda) enquanto que no nº 16 e todos os seguintes foi usada cola transparente, como no nº 14. Esta aparente indecisão quanto ao tipo de cola a usar tem uma explicação simples: é que a seguir
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ao nº 13 (saído em Novembro de 1954) foi publicado o nº 15 em Dezembro desse ano. Entre as páginas 18 e 19 tinha um pequeno papel cor de laranja impresso, com o título "Advertência ao Leitor" explicando que, por razões editoriais, o nº 15 tinha saído antes do 14. Este número foi, assim, o primeiro a não trazer uma cinta, que era uma solução cara e podia ser descolada e reaplicada. Em vez disso tinha a tal gota de cola azul a unir as páginas. Foi o único número a utilizar cola desta cor. O nº 14, saído em Janeiro de 1955, utilizava então o mesmo sistema mas agora as folhas eram coladas com cola transparente. Entre as páginas tinha uma folhinha azul também intitulada "Advertência ao Leitor" em que explicava o selo (a que chamavam "lacre branco") como uma medida de protecção contra doenças. Claro que a finalidade era a mesma do que a das cintas, mas os editores exploravam a crença generalizada de que a tuberculose se podia propagar através dos livros usados. Aliás, os meus pais só me deixavam comprar números antigos do Superman da Ebal, que - claro! - só se conseguiam usados, porque eu tinha tido tuberculose em bébé e, tendo sobrevivido (como se prova), fiquei naturalmente imunizado contra a doença.
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- REEDIÇÕES Os primeiros números da Argonauta foram impressos em tiragens cautelosas, justificadas pelo sucesso duvidoso de um novo género. Por isso foram reimpressos uma ou mais vezes. As reimpressões eram clones dos originais e são em geral indistinguíveis (presumo que em benefício dos coleccionadores que poderiam adquirir uma segunda edição idêntica à primeira). Nota: nem sempre é assim - o Joel Lima explicou-me que ao abrigo do actual código de direitos autorais a identidade das reedições se pode destinar a ocultar aos detentores dos direitos a verdadeira tiragem dos títulos. No caso da Argonauta, no entanto, há pelo menos uma reedição que tem um sinal que a distingue. Revendo as marcas constantes da primeira imagem deste estudo e considerando os números iniciais da Colecção verifica-se que: 1- o Ícaro da capa é verde no nº1; vermelho no nº2, azul no nº3 e depois vermelho nos nºs pares e azul nos ímpares até ao nº 14 que saiu após o nº 15. No nº 14 e em todos os seguintes o Ícaro da capa é azul. O Ícaro da contracapa é sempre negro; 2- o logotipo "LIVROS DO BRASIL, LIMITADA / LISBOA" da contracapa é sempre vermelho. No entanto ocorrem exemplares aberrantes. Considere-se os dois nºs 1 da figura seguinte. Num o logotipo da contracapa é vermelho e no outro azul.
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Considere-se agora os dois exemplares do nº 4 da imagem seguinte. Além da mesma variação das cores do logotipo reconhece-se agora que o Ícaro na capa do exemplar com o logotipo azul é roxo...
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Creio que a explicação é a seguinte: o editor quis que os exemplares da reedição fossem aparentes para os funcionários da empresa através de uma espécie de "marca secreta" (talvez para evitar a devolução de exemplares já lidos da edição esgotada) e por isso imprimiu o logotipo a azul para os distinguir. Esta reedição foi feita quando o Ícaro da capa era sempre azul e por isso, no nº 4 introduziram por engano um Ícaro no fotolito azul, mas esqueceram-se de que já existia um outro no fotolito vermelho, de cuja sobreposição resulta a cor roxa. Se for assim, uma das reedições distingue-se pela cor azul do logotipo da contracapa. Talvez nas outras reedições tenha sido introduzida uma marca menos evidente, por exemplo na cor ou no texto das cintas, que eram geralmente eliminadas por um comprador que pretendesse ficar com o livro e com essa eliminação desapareciam as provas de que houvera uma reedição.
- ILUSTRAÇÕES As capas da Colecção Argonauta do nº 1 até ao nº 32 são tradicionalmente atribuídas a Cândido Costa Pinto. Para isso contribuem as indicações em quase todos os títulos que o identificam como o autor da capa (mas há omissões, facto que muitos atribuem a um esquecimento) e também a exposição da obra do artista realizada em 1995 na Fundação Gulbenkian, mais de uma década após a sua morte, onde eram mostrados os 32 livros como exemplos do seu trabalho como capista. Mas apesar dos guaches finais serem de Cândido Costa Pinto, a autoria dalgumas ilustrações não é sua e por isso o pintor não assinou essas capas com o seu monograma "CAN". Vejamos os nºs 1 até ao 8. Destes ressaltam dois soberbos trabalhos: o nº 5 "O Universo Vivo" (guache que, na minha opinião, qualquer boa colecção de Arte Portuguesa da segunda metade do século XX se orgulharia de integrar) e o nº 6 "O Mundo Marciano" - uma capa de um surrealismo delirante que felizmente adorna um dos melhores (para mim o melhor dos cerca de 150 que li) títulos da Colecção. O nº9, no entanto, não está atribuído ao artista no interior nem assinado por ele e é na verdade uma reprodução da capa de Stanley Meltzoff para uma edição americana homónima. E neste ponto convém dizer que os títulos ingleses indicados como originais nos livros da Argonauta são enganadores. O nome da versão portuguesa do livro de Van Vogt é tomado de "Mission: interplanetary" e não do nome alternativo "Voyage of the Space Beagle", tal como o nome do nº 2 é tomado IIª Mostra Bibliográfica de Ficção Científica e Fantasia
de "The green man of Kilsona" e não do nome indicado no próprio livro.
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Analogamente, a capa do nº 10 é uma adaptação da capa inglesa da edição do livro de Jon J. Deegan e também não está assinada embora, em justiça, o trabalho de Cândido Costa Pinto seja quase todo original. Tal como a do nº 9, a capa do nº 11 "O homem que vendeu a lua" é cópia da capa de uma das edições americanas e não está, nem assinada, nem atribuída no interior.
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A capa do nº 12 "Os humanóides atacam" é uma adaptação da capa inglesa da edição do livro de Bryan Berry e também não está assinada. A capa do nº 13 "O cérebro de Donovan" é original e está assinada "CAN". A capa do nº 14, "Indómito planeta" por Roy Sheldon (pseudónimo usado, tanto por E.C.Tubb, como por H.J.Campbell) é duvidosa. No interior é atribuída a Cândido Costa Pinto mas não está assinada (ou, pelo menos, não encontrei a assinatura). É possível que seja a adaptação duma qualquer ilustração que não conheço
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A capa do nº 15, atribuída no interior a Cândido Costa Pinto, é, na verdade, cópia da capa duma edição inglesa. Naturalmente, Costa Pinto não a assinou, apesar de ter produzido a arte final. A única outra capa não assinada (embora atribuída no interior a Cândido Costa Pinto) é a do nº 23 "Slan", também ela retomando o motivo de uma capa estrangeira.
Edição francesa (Galimard, 1954) Mas o conjunto de capas totalmente originais da autoria de Cândido Costa Pinto inclui trabalhos extraordinários que seguramente atraíram muitos leitores nos primeiros anos: a capa do nº 4 "Nave sideral" demostrando a sua mestria das formas e das cores; as dos nºs 5 e 6 já referidas; a do nº 18 "O homem ilustrado" cujo original foi exposto em 1995; e sobretudo a do nº 26 "A Idade do Ouro", talvez a melhor capa do conjunto. Mais do que qualquer outro género, a ficção científica recorreu a alguns dos mais criativos capistas do mundo. Com os melhores trabalhos desta série Costa Pinto ganhou um lugar entre eles, tanto mais notável quanto fugiu do estilo realista que caracteriza a generalidade das capas doutros autores para praticar um estilo simbolista-fantástico-surrealista de que não conheço par neste campo. Perturbado IIª Mostra Bibliográfica de Ficção Científica e Fantasia
e incompreendido, aquele que foi um dos maiores pintores portugueses do pósguerra retirou-se para o Brasil em 1956 onde viveu os últimos anos da sua vida. E é assim que todos perdemos a oportunidade de continuar a desfrutar do resultado da sua colaboração com Livros do Brasil. É uma ironia que seja hoje conhecido quase só pelos trabalhos de ilustração para esta editora, em particular nas colecções "Vampiro", "Vampiro Magazine" e "Argonauta". Mas pelo menos neste meio o seu nome não será esquecido.» João Manuel Mimoso, 15 de Novembro de 2011
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Tabela
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