Análise da causa de morte em alevinos de Discus (Symphysodon spp.) Hugo Santos Pretendeu-se com este trabalho identificar as causas efectivas da morte de 16 alevinos, com 20 dias de vida. Dos 16 animais mortos foram autopsiados 8, tendo a amostra ficado nos 50%. Os animais estavam num aquário de 100L ainda com os progenitores, sem fundo e com filtragem mecânica e biológica, com trocas de água de 20% diárias, sendo que as análises feitas á água se apresentam no quadro seguinte.
Após análise dos dados não foi atribuido à água, pelo que se passou á autópsia dos 1ºs animais encontrados mortos
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Ph TDS NH3 NO2 NO3 KH GH
7,2 370 0 0 5 a 10 30 80
Valores em ppm
Em todo o cardume os animais encontravam-se notoriamente escuros, alguns com a barriga inchada no fundo ou á superficie, todos os individuos com excepção dos pais apresentavam hiper actividade respiratória. Nos animais mortos foram separados os arcos branquiais e o intestino.
Observações: Em 3 das amostras intestinais de alevinos com a barriga inchada, verificou-se a presença de ovos de artémia no final do trato intestinal, o que leva a crer que são estas as responsaveis pela impactação e resultante inchaço.
Aspecto de um dos animais
Em 100% das amostras brânquiais foram encontrados trematodos,na média de 5 jovens (20micron) Dactylogyrus por peixe.
Fotos varias e respectiva tentativa de identificação
Dactylogyrus. È comum ser designado genéricamente como “parasita das guelras”, é de facto um Platelminto da classe Monogenea. Ovíparos na reprodução, os ovos eclodidos geram larvas que flutuam na coluna de água, chegando assim ao seu hospedeiro onde por meio de 14 ganchos (âncora, vide foto) literalmente se fixam ao hospedeiro. O tempo de eclosão dos ovos é de poucos dias a temperaturas de 30ºC. A melhor forma de os identificar são os 4 pontos (olhos), isto em individuos Adultos, pois os espécimes observados foram bastante mais complicados devido ao seu tamanho e naturalmente aos meios à disposição.
Dactylogyrus sp.
Foto:Li Shaoqi Opções. Chegado o momento da identificação, tornou-se necessário optar por um tratamento e medir os prós e contras da utilização de cada um dos disponiveis. Predispus-me a usar o Praziquantel, por ser mais seguro em crias tão pequenas e necessitar de menos trocas de água, já que tanto o sulfato de cobre como o permanganato de potássio são agressivos a tecidos ulcerados e em peixes tão jovens pareceu-me mais arriscado. As formas comerciais de tratamento eficazes, carecem de grandes volumes de trocas de água, devido aos solventes que usam para o mesmo principio activo, praziquantel. Não esquecendo que foi este o escolhido devido a serem Platelmintos! Correndo o risco, mas sabendo que a dissolução do Praziquantel na água é tarefa titânica.. usei alcool etilico. O suficiente para ensopar as 250mg usadas. O Praziquantel é um quimico muito leve, pelo que é essencial pesar. Ensopado o principio activo, juntou-se água e agitou-se a mistura de forma a que no tubo de ensaio aparecessem “flocos com ar de nuvem” a boiar pela solução. Colocou-se a solução e ainda se notou alguma precipitação do químico na água.
Conclusões. Nas 24h seguintes morreram 4 peixes prefazendo um total de 16, todos os 4 foram autopsiados e verificou-se que apenas um dos individuos tinha ainda um único exemplar de Dactylogyrus. Nos exemplares separados e guardados in Vitro em água tratada, todos os Dactylogyrus estavam mortos. Esta situação leva a crer que o Praziquantel é eficaz nestes casos, pelo menos em Dactylogyrus tão jovens. Durante o tempo de tratamento não se verificaram sintomas que indicassem diminuição de oxigénio dissolvido, nem o aumento de opacidade da água, expectavel pela introdução de alcool. Notou-se um aumento de 0,2 no Ph, pelo que na possibilidade do Praziquantel ter algum efeito sobre este, a ausênia de amónia deve ser uma permissa, esta situação carece de ser testada. Foi feita uma TPA de 20%. Nas 24h seguintes não houve mais mortes e os peixe clarearam e houve diminuição do ritmo respiratório. Não foram encontradas hemorragias nos arcos branquiais ou sinais de infecções secundárias, este facto carece de maior e melhor estudo. Na ausência de mais dados, leva a crer que em individuos tão jovens apenas 5 exemplares destes parasitas, conseguem diminuir drasticamente a capacidade respiratória dos alevinos, provocando-lhes a morte. Proceder-se-à a novo tratamento no prazo de 7 dias, para que quebre o ciclo reprodutivo da espécie em causa.