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vigas-mestras: outras narrativas concretas - Ana Avelar (AdC

vigas-mestras: outras narrativas concretas

Ana Avelar Coordenadora Geral Academia de Curadoria (AdC)

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É inegável a centralidade da arte concreta na historiografia da arte no Brasil. Certa vez pejorativamente denominada Bauhaus exercises pelo olhar estrangeiro presente nas Bienais de São Paulo em fins da década de 1950, a crítica brasileira respondeu defendendo o desenvolvimento independente da arte local. Suas personagens, obras e eventos foram examinados com escrutínio por pensadores comprometidos em construir uma narrativa que garantisse a relevância dessa produção. O lugar dos concretismos foi assim conquistado a duras penas e resultou de um esforço conjunto de artistas e crítica, mais tarde somando-se aí a academia, para que se consolidasse como movimento incontornável para a compreensão da arte contemporânea por estas bandas.

Como é característico da natureza das narrativas, frisaram-se nesse recorte apenas alguns protagonistas. Uma voz razoavelmente uníssona foi incorporada também pela pesquisa, que se apoiava largamente em textos assinados por porta-vozes de grupos, artistas ou críticos alinhados a estes. Devido ao acesso limitado às fontes primárias e contando com algumas poucas iniciativas de sistematização desses materiais, a narrativa das artes concretas seguiu seu curso. Ocasionalmente, pesquisadores atentos aos hiatos incômodos dessa história promoveram fissuras que, aos poucos, iam sendo incorporadas à compreensão geral desses episódios. Hoje, lançando-se luz sobre personagens esquecidas, eventos menosprezados, obras ausentes, surgem abordagens revisionistas, novos cânones e concepções de uma história polifônica.

Atualmente abrigando onze extensos Fundos de artistas, o Instituto de Arte Contemporânea - IAC traz inúmeras possibilidades de se compreender as artes concretas no país. Diante desse acervo gratuito e largamente sistematizado, a Academia de Curadoria apresenta esta exposição digital que explora histórias contadas por esses Fundos, relatando aspectos pouco abordados. Nessa direção, apropriamo-nos e ampliamos o epíteto conferido por Waldemar Cordeiro apenas a Luiz Sacilotto: a “viga-mestra” das artes concretas não se referiria a apenas um artista, dado que tantos e tantas compuseram essa multiforme ambiente que ainda guarda muitas outras narrativas a serem desvendadas.

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