Fotos: Banco de Imagens TN Petróleo
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por Beatriz Cardoso
O IBP quer mais
Em atividade há mais de 65 anos, o Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustível (IBP) entra em nova fase, sob a secretaria executiva de Milton Costa Filho – ele aposta na força da comunicação para a entidade fazer frente aos novos tempos. “O Brasil está no radar da indústria mundial de petróleo”, afirma o novo secretário executivo do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustível (IBP), Milton Costa Filho, que traz na bagagem 35 anos de uma diversificada experiência profissional no Brasil e no exterior, sempre na Petrobras. “Foi a empresa de toda uma vida”, brinca o engenheiro químico, que entrou em 1976 para o curso da Petrobras, passando a integrar os quadros da petroleira no ano seguinte. Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na qual se especializou ainda em Engenharia de Processamento de Petróleo (1977) e Engenharia Econômica e Administração Industrial (1978), ele acredita que a experiência acumulada na petroleira vai ser importante na condução desta nova fase da entidade setorial, a mais antiga do país nesse setor.
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Principalmente pela diversidade de cargos que ocupou nas áreas de negócios internacionais, engenharia, comunicação e marketing da estatal, assim como nas subsidiárias Petrobras Distribuidora, Interbrás (trading) e Braspetro (E&P)... reflexo de uma formação também diversificada: Máster em Engenharia de Produção (PUC-Rio), com MBA em Marketing (1995), pelo instituto de pós-graduação e pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead-UFRJ). Sem falar nos cursos de educação para executivos, entre eles o General Management Program/ Harvard (2007) e Challenge for Leadership (2011), pelo Insead (sigla do Institut Européen d’Administration des Affaires), feitos nos últimos sete anos consecutivos que viveu no exterior, no comando da Petrobras México. Em fevereiro do ano passado, retornou ao Brasil logo após a posse de Maria das Graças Foster, integran-
do uma das gerências executivas da área internacional, comandada pela presidente da estatal. Esta, aliaá, ‘deu a bênção’ a Milton Costa Filho para se aposentar e assumir o cargo no IBP, a convite do dirigente da entidade, João Carlos de Luca. “Eu já tinha um relacionamento próximo com o IBP, por conta sobretudo da World Petroleum Conference (WPC)”, observa Milton, que durante quase dois anos trabalhou na organização desse evento, realizado pela primeira vez no Brasil em 2002 (juntamente com a Rio Oil & Gas, promovida pelo IBP). “Tínhamos uma estrutura própria, mas estávamos nas instalações do IBP. E foi uma experiência muito boa”, afiança o executivo, que integra o comitê de organização do programa técnico da WPC, a qual se realizará na Rússia no próximo ano. “Foram escolhidas 14 pessoas de diferentes países, dois deles do Brasil”, destaca Costa Filho, revelando que o Brasil
vai sediar a próxima reunião do comitê técnico, em abril. Na era da comunicação – Este é mais um dos compromissos da atribulada agenda do secretário executivo do IBP, que prevê “anos bem interessantes, de grandes desafios” para a entidade, que sempre teve forte papel na área de treinamento e qualificação. “Todo mundo na indústria de óleo e gas passou por aqui. Estamos fazendo um diagnóstico para avaliar o que podemos melhorar ainda mais neste aspecto”, observa. “Mas temos outros desafios, entre os quais tornar visível, para todos os setores da sociedade, como funciona essa indústria, que está crescendo de modo assustador. Basta ver a participação dela no PIB e o nível de investimentos neste setor, em especial da Petrobras”, salienta o executivo. “Mas o conhecimento sobre essa indústria não vem se dando no mesmo ritmo.” Segundo ele, há desconhecimento não apenas por parte da sociedade civil, mas também de setores da própria cadeia produtiva. “Não se pode olhar o setor de óleo e gás apenas como um cifrão e sim como uma oportunidade de desenvolvimento sustentável. E para isso é necessário que todos conheçam melhor essa indústria, como funciona, o que vem depois da licitação de um bloco, o impacto socioeconômico dessa atividade etc.”, frisa Costa Filho. Por isso, uma de suas metas é fazer um trabalho de comunicação mais forte nos próximos anos. “A comunicação do IBP deve ser cada vez melhor. É uma obrigação nossa, uma contrapartida que temos de dar para a sociedade.” Principalmente em questões que têm relação direta com a própria indústria, como é o caso do conteúdo local. “O IBP sempre esteve presente nessa discussão: somos membros do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) desde a criação do mesmo”, lembra. Ele acredita que há um consenso em torno da importância do conteúdo local para impul-
Temos que nos ajustar à nova realidade, ser mais dinâmicos. A sociedade, a indústria, os sócioS do IBP requerem isso, precisam de respostas mais rápidAs.
sionar a indústria, uma vez que para qualquer operador é muito melhor ter uma cadeia produtiva forte no país em que se opera, com a mesma qualidade e excelência do mercado internacional. “Esse é o nosso sonho de consumo”, assegura. Mas a realidade é diferente. “A capacidade da nossa indústria está sendo colocada em teste vis-à-vis a demanda de bens e serviços das petroleiras, em decorrência dos investimentos no setor. Basta ver o Capex da Petrobras e de outras companhias: são vultosos e refletem uma enorme demanda. O que vai provocar um impacto muito grande na nossa cadeia de suprimento e, em consequência, causar problemas para as operadoras”, pondera Milton Costa Filho. Pontuando que essas regras precisam ser revistas, ele defende a necessidade de todos trabalharem para ajudar a encontrar um modelo mais adequado, que possibilite à indústria brasileira atender a demanda interna e também exportar para outros mercados. “Precisamos buscar um modelo, que leve em consideração as características da nossa indústria, definir as prioridades e os nichos mais importantes e buscar a excelência em serviços e no desenvolvimento de soluções com alta tecnologia”, afirma o secretário executivo do IBP. “Um projeto sustentável, de longo prazo. Daí sim, teremos chances de criar valor par ao país neste setor.”
Ferramentas tecnológicas – É justamente para atuar de forma mais eficaz e abrangente nas diversas frentes, que o comando do IBP está promovendo uma nova reestruturação, visando fortalecer, entre outras, a parte de Exploração e Produção (E&P). “Aumentamos a infraestrutura para estarmos preparados para tratar de todos os temas que vão impactar a área de E&P”, afiança Costa Filho, sem revelar os números desta expansão. Hoje o IBP tem cerca de 42 comissões, subcomissões e comissões ad hoc, nas quais participam, em caráter voluntário, em torno de mil profissionais do setor. Milton Costa Filho quer mais e mais, em todos os sentidos. Não somente em mais filiados, tanto de empresas e entidades de classe como também de universidades, estudantes, jovens profissionais, enfim, mais pessoas pensando o mercado. “O IBP tem que mudar também, para acompanhar o novo cenário. A gestão anterior criou um IBP grande, com muita diversidade e atividade. Agora, temos que nos adaptar a uma realidade mais complexa, aprimorar a comunicação, aproveitar melhor tudo o que a tecnologia oferece”, afirma. “Temos que nos ajustar à nova realidade, ser mais dinâmicos. A sociedade, a indústria, os sócios do IBP requerem isso, precisam de respostas mais rápidas.” Para Milton Costa Filho, as novas rodadas de licitações, a consolidação dos marcos regulatórios, incluindo a questão do conteúdo nacional, os investimentos no setor são oportunidades a serem contempladas. “Não podemos ‘perder o barco’, inclusive atraindo para cá importantes eventos internacionais, como o congresso mundial de petróleo, de energia, de gás, que vão refletir justamente a posição do país no cenário internacional, pois o Brasil está definitivamente no radar da indústria mundial. E o IBP vai atuar nesse sentido, como entidade reconhecida internacionalmente, que tem legitimidade e credibilidade no setor”, exultou. TN Petróleo 88
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