Ratão Diniz
Vanguardista, festeiro, orgânico e agregador
Projeto Juventudeartes mapeia circuitos culturais
Ernesto Neto, um dos principais artistas plásticos contemporâneos brasileiros, abre as portas de seu ateliê, no Centro do Rio, para uma conversa sobre arte, política e brasilidade. página 5
Jovens do Morro da Providência lançaram mapa da cultura local. 29 pontos de educação, paisagem, música, festas e história foram identificados.
folha da rua larga
Página 10
folha da rua larga RIO DE JANEIRO | JANEIRO – FEVEREIRO DE 2012
nossa rua
O carnaval pelas lentes de Evandro Teixeira
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 31 ANO V
Bloco Escravos da Mauá canta a história dos bairros portuários cariocas
Publius Vergilius
Fotógrafo que registrou momentos essenciais da história brasileira, como a passeata dos 100 mil, oferece ao leitor imagens em homenagem à festa multicultural: uma escola de samba, captada de 1974, e o carnaval de rua na Cinelândia de hoje. página 4
cidade
Polo Nova Rua Larga amplia sua abrangência O aumento da área de atuação do Polo Nova Rua Larga, oficializado em janeiro, levou a mudança de nome para Polo Região Portuária. O presidente da Fecomércio e o diretor do programa Polos do Rio explicam a importância dos polos para a região. página 12 página 3
gastronomia
Um fim de tarde com sabor ibérico página 14
Lielzo Azambuja
cultura
Sob nova direção, Iphan fará exposição sobre edifício Docas de Santos Com ampla experiência em patrimônio cultural, a arquiteta e urbanista Cristina Lodi assumiu a superintendência regional do Iphan, após cinco anos de administração de Carlos Fernando Andrade. Além das aspirações da nova gestão, a matéria traz detalhes sobre a mostra que marcará a reabertura da sala de exposições do Instituto. páginas 8 e 9
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nossa rua espaço dos leitores
As mudanças no trânsito estão gerando caos urbano?
Abandono de ruas vizinhas A rua detrás do Colégio Pedro II - Centro tem estado completamente abandonada. Não podemos ter uma Marechal Floriano arrumada e uma Leandro Martins abandonada, com muito lixo depositado indevidamente, além da iluminação deficitária e sensação de falta de segurança. Alguém precisa tomar uma providência.
Sacha Leite
José Feliciano Costa
“A Av. Presidente Antônio Carlos está engarrafando o tempo todo. Houve pouca mudança de itinerário na linha em que trabalho, mas conheço quem trabalhe em linha que foi totalmente mudada. Com as obras, o congestionamento aumentou muito.” David Pinto, motorista de ônibus
Pedras portuguesas Há oito anos, reclamo com as autoridades responsáveis quanto às pedras portuguesas que formam as calçadas da Avenida Marechal Floriano. Apesar de ser uma tradição urbanística da cidade, não combina com a falta de manutenção observada, complicando a vida, sobretudo, das mulheres de salto alto. Luciana Andrade Prudência nas novas instalações
Sacha Leite
“A mudança de itinerário de via pública é uma questão de costume. Uma amiga achou a mudança de ponto de ônibus uma maravilha já que passou a saltar mais perto do trabalho. A obra é um mal necessário e o brasileiro tem que aprender a ter paciência.” Silvia Knupp, funcionária pública federal
No dia 6 de janeiro, uma mulher entrou na Casa do Café Capital apavorada, pois acabara de levar um choque, aparentemente, causado por um semáforo sem isolamento instalado em dezembro de 2011. Deonir dos Santos Calçada que cede Na Avenida Marechal Floriano, lado ímpar, há um vazamento que faz com que a calçada ceda sempre que chove. Arrumam e cai de novo, há três anos. É preciso investigar outra forma de combater o problema. Cobrir de areia não é a solução.
Sacha Leite
Francisco de Oliveira
“As alterações no trânsito não estão causando problemas porque estão bem sinalizadas. Uma das mudanças muito boas foi o fim do estacionamento em ruas estreitas. Isso atrapalhava muito a circulação. É bonito ver essa transformação.”
(foto enviada por leitor)
José Ribamar Ferreira, taxista
O abandono desse prédio na Rua Teófilo Otoni é visível, com plantas crescendo na fachada que resta.
folha da rua larga Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,
Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins
Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário
Diagramação - Suzy Terra
Margutti, Mozart Vitor Serra
Revisão Tipográfica - Raquel Terra
Direção Executiva - Fernando Portella
Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos
Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite
Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.
Colaboradores - Ana Carolina Portella, Ana Paula
www.maviartesgraficas.com.br
Linhares, André Barros, André Calazans, Danielle Silveira,
Contato comercial - Teresa Speridião
Fernando Portella, Lielzo Azambuja, Nilton Ramalho,
Tiragem desta edição: 6.000 exemplares
Renato Amado, Teresa Speridião e Thiago Rosa
Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br
Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br
A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br.
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Escravos da Mauá agita o carnaval do Centro do Rio Bloco azul e amarelo conta a história da região através do samba Publius Vergilius
Há quase 20 anos, da alegria e samba no pé de moradores, amigos, frequentadores e funcionários de diversas empresas sediadas na Praça Mauá, nascia o bloco de carnaval Escravos da Mauá. O Largo de São Francisco da Prainha é o ponto de encontro dos foliões desde a fundação do grupo, em 1993. A partir do Largo, o bloco percorre as ruas do bairro da Saúde, nas proximidades da Praça Mauá, Pedra do Sal e Morro da Conceição. Os sambas contam a história do Centro. Berço dos primeiros ranchos, que deram origem às atuais escolas de samba e do carnaval de rua do Rio, a região já foi local de moradia, trabalho e lugar de encontro de grandes nomes do samba.
Uma das fundadoras do Escravos da Mauá, Tereza Guilhon, conta o que há de tão especial nessa parte do Centro: “A história dos bairros portuários cariocas é a história do próprio Rio de Janeiro, embora a maioria dos cariocas não a conheça. Além de toda a questão da cultura negra, há a história da Rádio Nacional, nos tempos de ouro do rádio, a fabulosa Praça Mauá e histórias como a da Revolta da Chibata no Porto, cujo líder, João Cândido, foi lindamente homenageado por João Bosco e Aldir Blanc como o ‘Mestre-sala dos Mares’. Isso sem falar da arquitetura do início do século XX, que ainda se pode ver de perto no Morro da Conceição e no Mosteiro de São Bento.
Foliões lotaram o bairro em 2011 e prometem o mesmo este ano
Temos também a Pedra do Sal, que é um lugar místico para a cultura negra e para os amantes do samba e do choro. Ali, reuniam-se Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Heitor dos Pra-
zeres. Precisa dizer mais?” O bloco honra a tradição da região até no nome. A homenagem remonta à época do Império, quando o bairro portuário da Saúde, mais especificamente
a Rua Camerino, abrigava o antigo mercado negreiro da cidade. Mesmo após a abolição da escravatura, o local foi escolhido como residência desses ex-escravos e das colônias de
negros baianos que vieram para o Rio em busca de trabalho no Porto. Hoje, além dos moradores e trabalhadores locais, os ensaios do azul e amarelo têm sido procurados por um grande número de jovens de todas as idades, provenientes de todos os bairros da cidade. Segundo a organização, já está tudo definido para o carnaval de 2012. Diversamente da maioria dos blocos, o Escravos da Mauá fez um concurso de camiseta e convidou compositores para criar o samba Um Rio Azul e Amarelo, que vai embalar o bloco este ano.
danielle silveira daniellethamires@hotmail.com
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boca no trombone
Cliques Rua Larga Evandro Teixeira
Encarnaval Uma lantejoula prateada desce de uma janela de um prédio a perder de vista. Lá embaixo, na Rua Larga, mochilas, bolsas e sacolas caminham para trabalhar. Ela vai descendo, cintilante, passando por janelas fechadas, condicionadas, pingando gotas geladas nos ternos engravatados e nos crachás. É quinta-feira, 7 horas da manhã, depois do Carnaval. A lantejoula vem descendo, descendo... Renato Grillo, professor sério, conhecedor profundo de Mecânica Quântica, pós-graduado, doutorado, respeitado... Depois de virar a noite corrigindo provas, veste a sua fantasia de “coelhinho da Playboy”. Careca, barrigona de chope, é um machista nato (sua mulher foi quem fez a sua fantasia e ele a ordenou que ficasse em casa). Longas orelhas, pompom cor-de-rosa na bunda, lá vai o Grillo – havaianas e batom, careta ainda, garrafa de cachaça debaixo do braço, 65 anos, 20 de magistério – para a concentração do bloco Escravos da Mauá. No Sambódromo, o samba comeu rasgado de bois e vacas; abre-alas e vias surpreendentemente coreografadas e bruxas; arquibancadas por ricos e outras bancadas por pobres, todas coloridas – um arco-íris de flechas e flashes. Mulatas perfeitas de corpo e alma; passistas taxistas; porta-bandeiras de todos os países; mestres-salas de copa e cozinha; baianas marias rodopiando, cacarejando; carros alegóricos, cartolas tolos e atolados; repórteres e políticos polidos, loucos para soltar a franga; baterias no compasso, jogo do bicho, bichanas, seios de fora, alegria geral. Renato bebe todas, enche a cara, esquece de quem tem que ser para a sociedade e passa a “ser sendo”, sem Freud para julgar, sem amigos para criticar. Abraça e beija uma velha cândida, toma um gole, chama-a de princesa, deixa-se perder no batuque achado do samba. Dantescamente, brinca no céu infernal do purgatório. Lá vai a “coelha gorda cor-de-rosa”, sem preconceitos, sem criticar nada. Viva o país do carnaval! Em todos os bairros blocos, multidões suadas, ouvintes do grito do Ipiranga, pessoas retumbantes sem raça, credo e religião. Bares lotados, mulheres lindas nas margens plácidas, copos na mão, olhares de raios fúlgidos, ninguém do contra, muito pelo contrário – salve a tradicional contradição! Independência ou Sorte! No dia seguinte, quinta-feira depois das cinzas, Dr. Renato (apagou ontem na Rua Larga) acorda esparramado na porta do Banco do Brasil. Fantasia descosturada, imundo, suado, abraçado na garrafa vazia, gênio fugidio, careta (onde estou?). Multidão chegando para trabalhar, centenas de pessoas cruzando a cena, rindo, apontando... Ele levanta ressacado, se vê no reflexo da vitrine, põe a mão no bolso, carteira roubada, está há quinze quarteirões de casa. A lantejoula prateada pousa na sua testa, no terceiro olho e brilha forte com o sol. Lá vai o folião autêntico da verdade latente, óculos escuros para esconder o que todos estão vendo. Olha a vida pelo ângulo do belo inconveniente, sendo visto como aquele que entrou na festa errada e é, injustamente, o contrário. fernando portella cottaportella@globo.com
Desfile da Estação Primeira de Mangueira, 1974 Evandro Teixeira
Carnaval de rua, Cinelândia, 2011
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entrevista
O Centro pela ótica orgânica de Ernesto Neto Artista visual abre as portas de seu ateliê para uma conversa sobre sua experiência de 20 anos no Centro do Rio Ana Paula Linhares
A porta de madeira maciça nº 70 passa despercebida a quem caminha pela Rua Leandro Martins. O que pouca gente sabe é que essa aparência simplória esconde o local de trabalho de um dos artistas visuais mais importantes do Brasil: Ernesto Neto. Há 20 anos na região e, inicialmente, usado como residência do artista, o ateliê de três andares abriga quilos de tecidos e linhas, matéria-prima principal de grande parte de suas instalações, além de diversos outros materiais. Ele recebeu a reportagem da Folha da Rua Larga e conversou sobre a sua experiência de vida no Centro, passando por aspectos políticos e artísticos nacionais recentes. De que forma o problema de escoamento das águas da chuva virou arte? Em meados da década de 90, fizemos um barco de papel de 1 m por 70 cm. Colocamos o barco para “navegar” na enchente que se formou aqui na rua e filmamos em H8. Foi divertido ver o barquinho navegando. Era dia e havia uns gatos. E havia uma senhora que alimentava os gatos, muito assustadora. Captamos todo esse momento único. Seu ateliê é de frente para os fundos do Colégio Pedro II - Centro. Vocês têm parcerias? Já aluguei a quadra deles várias vezes para cortar tecido durante a noite ou aos sábados e domingos. O pessoal é tranquilo, mas, por enquanto, a parceria se restringe a utilização desse espaço para trabalhos monumentais. E o trabalho com a Gentil Carioca?
Você já pensou em fazer alguma intervenção artística na região?
Marcio Botner é meu sócio na Gentil. Inicialmente, o projeto era uma ideia dele. Parece que umas pessoas queriam me encontrar. E a Gentil nasceu assim sem saber bem o que era mesmo. Não trazemos muita gente de fora. O abre-alas, por exemplo, foi o seguinte: mandavam muitos portfólios para a gente. Um dia decidimos expor. Hoje se tornou uma tradição e todo ano novos artistas nos enviam material. Você já participou de alguma atividade no Morro da Conceição?
Segundo Ernesto Neto, o brasileiro deve buscar suas raízes culturais negras e indígenas Ana Paula Linhares
Não, fui lá ver exposições, intervenções na rua e na Pedra do Sal. Fui convidado pelo Rafael Cardoso para representar a Gentil Carioca em um circuito de eventos por lá.
Há algum lugar na região que você goste de frequentar?
Qual é a sua avaliação da Rua Leandro Martins? Tem muito prédio abandonado. Eu morava aqui. Quando tive filho e ele completou um ano, decidi me mudar. Existe uma certa decadência por aqui, é um pouco insalubre. Está acompanhando o processo de revitalização na região? Acho importante lembrar que não basta fazer obra e gerar equipamentos. O mais importante são os programas. Por exemplo: o Museu Nacional de Belas Artes. As pessoas não vão lá, nem sabem que existe e é o “cara” mais importante do Brasil. Fale um pouco sobre o projeto com os skatistas. Sou um eremita. O Guta Ferraz me indicou o Arqueiro, que fez um jacaré genial de contas. Ele veio aqui
Nunca pensei. Acho que a arte de rua tende a ser um pouco pérolas aos porcos. As pessoas tendem a não valorizar. Agora, qualquer prédio que me dessem por aqui, faria uma intervenção de proporções imensas. Um país onde o professor ganha R$ 700 e 36% dos brasileiros é analfabeto funcional me faz concordar com um cartaz que li outro dia: “Rio de Janeiro: 2ª maior arrecadação do Brasil. 2º pior ensino do Brasil. Dinheiro não é solução”.
O habitat natural do artista, em meio a materiais remanescentes de suas instalações
aprender comigo e ficou. Daí apareceram Cupim, Palito, Colchete, Kleverson... São 30 skatistas no total. E como se dá esse processo de estabelecimento de parcerias? É uma escolha mútua. Somos todos amadores. Na minha geração, conheci poucos que fizeram Belas Artes. Os que fizeram não falam bem do curso e das instalações. O Parque Lage tem uma dificuldade estrutural. É uma espécie de feudo. É tudo mal estruturado. Melhorou onde pudemos mexer: na parte administrativa. O pessoal do “Capa-
cete” (residência de artistas em Santa Teresa), junto com o Daniel Steegmann, está organizando a Universidade de Verão. Como foi ilustrar o clássico de Lima Barreto Triste fim de Policarpo Quaresma? Fala muito do Brasil hoje, achei o livro super atual. Quando comecei a ler, achei que não fosse gostar, porque o Policarpo é muito careta. Depois que ele começou a escrever em Tupi, comecei a gostar dele. Optei por fazer desenho digital usando a bandeira do Brasil e iconezinhos representando as diversas passagens do livro.
Ilustrar esse livro me lembra o que falei sobre o MNBA. Aquele museu representa a desvalorização da arte brasileira. Falta amor. Somos todos filhos bastardos. Retiraram amor do lema da bandeira nacional, restou apenas ordem e progresso. Isso precisa mudar. O cenário do Centro te inspira? Profundamente. As pessoas que moram na Zona Sul não têm noção do que acontece aqui. “Altos” camelôs. Acho interessante a criatividade deles. E é legal também estar do lado do Saara. Adoro o Saara.
O Duas Frentes aqui na Leandro Martins. É o único boteco que conheço que não tem propaganda. Ainda sobre o que falávamos: acho que devíamos estudar mais cultura africana e indígena, e não ficar só estudando Europa. O índio não entrou na sociedade. Ficar achando que a gente é ocidental é a maior besteira. Ficar tentando ser europeu ou ser aceito por eles não faz sentido. Somos brasileiros. Ocidente é americano e europeu. O que forma o ocidente é separar, classificar, separar e classificar. Não há mistura. O branco é branco, o amarelo é amarelo. O ocidente é contra a mistura. Para mim, onde termina a figura começa o fundo, o que o Sérgio Buarque de Holanda chamou de homem cordial.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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opinião Se concentrar mais, não sai Nilton Ramalho
Nem com greve da polícia acaba a folia
Uma particularidade do nosso carnaval é termos blocos espalhados por diversos bairros e ruas. Muitas delas, estreitas. No entanto, essa tradição, que remonta às primeiras décadas do século passado, não é condizente com a sociedade de massa do século XXI. Com o aprimoramento dos meios de comunicação e a pulsante indústria do turismo, qualquer novo bloco de mediano sucesso atrai algumas milhares de pessoas. E os já consagrados vão à casa das centenas de milhares, quando não chegam ao milhão. Os novos tempos trouxeram novos números, mas as ruas seguem tão estreitas quanto antes. Duas questões soam fundamentais para reduzir o apinhamento de pessoas no carnaval de rua: um melhor aproveitamento do espaço urbano e a criação de novos blocos. No primeiro ponto, eu e a prefei-
tura parecemos concordar. Já, quanto ao segundo, as visões são diametralmente opostas. De acordo com a lista liberada pelo governo municipal, este ano, a Zona Sul terá 30 blocos a menos do que em 2011. Mas os foliões não abrirão mão tão facilmente da folia. Na ausência de um determinado bloco, a maioria dos festeiros simplesmente pulará em outro endereço, de preferência o mais próximo possível. Com isso, haverá uma maior aglomeração de pessoas. A prefeitura não deve ir contra a festa, fundamental para que o carioca se realize como tal e para a economia da cidade. Afinal, só no carnaval passado, segundo dados da própria Riotur, o milhão de turistas que passaram por aqui derramaram, além de incontáveis latas de cerveja, nada menos do que 740 milhões de dólares.
A extinção de três dezenas de blocos apenas fará com que os foliões se acumulem ainda mais nos blocos mais conhecidos, que já estão, há tempos, insuportáveis. Ressalte-se que a prefeitura não apenas barrou blocos já existentes na Zona Sul, como proibiu novos na região, o que prejudicará a oxigenação do nosso carnaval. Se a redução do número de foliões não parece viável nem desejável e as aglomerações estão cada vez mais caóticas, qual seria a solução? Uma antiga lei de mercado nos dá a resposta: concorrência. Mais blocos e com coincidência no horário de desfile dos principais. Isso, claro, somado a um melhor aproveitamento do espaço urbano. Obviamente, não devemos fazer como Salvador e reduzir o nosso carnaval a dois circuitos, mas que tal a criação de circuitos em
espaços subaproveitados? Felizmente, já haverá um esboço de movimento nesse sentido. O Bloco Cru, que já não cabe na Rua Henrique de Novaes, está de mudança para a Praça Quinze. O Sargento Pimenta se concentrará no Aterro do Flamengo e o Bloco da Preta irá para a Avenida Rio Branco. São, sem dúvida, bons sinais. Espero queimar minha língua, mas reafirmo que a estratégia do município de reduzir o número de blocos na Zona Sul, provavelmente, fará com que o tiro saia pela culatra e, neste ano, se verá concentração recorde de pessoas, com todas as consequências nefastas que se pode esperar disso. Na quarta-feira de cinzas, a resposta.
renato amado renatoamado@editoraflaneur.com.br
Alguns dias depois dos três prédios caírem no Centro do Rio, tombou outro, de forma semelhante, em São Paulo. Parece até que o desastre em São Bernardo do Campo aconteceu para dizer que não é exclusividade do Rio, que esse tipo de falta de nexo urbano acontece mesmo e não há explicação. Mas vamos a um assunto mais festivo: dizem que este é o grande ano do carnaval de rua carioca. Já ouvi muitos avisarem que não irão viajar para aproveitar a pululante oferta de blocos. No texto ao lado, o escritor Renato Amado discorre sobre a tentativa da prefeitura de subtrair 30 blocos da Zona Sul para evitar congestionamentos e caos urbano. Mas a verdade é que, para esvaziar essa folia, nem com greve da polícia. Nesta época, até os mais recatados se permitem liberar suas delícias, delícias de Michel Teló. Será que devemos comemorar o fato de grandes blocos como da Preta, Cru e Monobloco migrarem para o Centro, como ressalta o artigo de opinião ao lado? Apesar da preocupação com a conservação de todas as riquezas históricas e arquitetônicas da Cinelândia, Praça XV e demais pontos do Centro, considero essa uma boa notícia. Trata-se de uma oportunidade ímpar para que pessoas de todos os cantos da cidade, de todos os rincões do mundo se misturem com o que há de mais representativo na cultura carioca fora dos dias de semana. Será o momento de se conectar com outra energia importante presente no Centro e Zona Portuária, esmagada pela rotina exaustiva do dia a dia dos executivos. Em meio ao calor e a sensação térmica de 47ºC,
o Rio de Janeiro está coberto de obras e concreto. Mas é carnaval e não me diga mais quem é você. Ao andarmos pelo Largo de São Francisco da Prainha afora, lembramos que aqui passaram sambas imortais, que eram sangrados pelos nossos pés e aqui sambaram nossos ancestrais. Conectados com as nossas raízes e genética misturada, percebemos que há muita história ainda por descobrir. A Pedra do Sal bilha soberana aos pés do Morro da Conceição, que abençoa a cidade com a sua arte. A simplicidade luminosa de suas ruelas, fachadas, artistas e anciãos resplandece. A pedra que tudo testemunhou, cada estalo de chicote, cada artefato de tortura para calar e disciplinar o negro, que hoje ainda busca retomar as rédeas de seu destino. Esse mesmo negro-mulato remexeu na Pedra do Sal e criou, na companhia dos amigos, de forma coletiva e democrática – nessa época não era moda o direito autoral – o samba carioca. Pelo Telefone, de Donga e João da Baiana, foi a primeira canção do estilo registrada no Rio de Janeiro. Composta na Pedra do Sal. Mas antes dessa, certamente, existiram outras sem a preocupação de um registro formal. Em toda essa maravilha de cenário, uma notícia que destaco desta edição pré-carnavalesca é o mapa cultural produzido na Providência. Pela primeira vez, a cultura local foi mapeada. A partir de agora quem quiser visitar a comunidade pacificada pode acessar o site do projeto Intercâmbios Juventudearte e conferir o guia produzido pelos jovens moradores da comunidade. sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
A OPERAÇÃO URBANA PORTO MARAVILHA MUDARÁ O SISTEMA VIÁRIO DA REGIÃO PORTUÁRIA PARA MELHOR. DUAS NOVAS GRANDES AVENIDAS VÃO AUMENTAR EM MAIS DE 50% A CAPACIDADE QUE HOJE A PERIMETRAL E A RODRIGUES ALVES OFERECEM. AO TODO, SERÃO 70 KM DE VIAS REURBANIZADAS. O VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS (VLT) UNIRÁ O CENTRO DA CIDADE COM MAIS DE 40 ESTAÇÕES INTEGRADAS AO METRÔ, À RODOVIÁRIA , ÀS BARCAS, À CENTRAL DO BRASIL E AO AEROPORTO. Saiba mais: www.portomaravilha.com.br e www.portonovosa.com
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Iphan ganha nova liderança no Rio Além de preservação do patrimônio, superintendente buscará capacitação no setor Responsável pelo dossiê que elevou o Rio de Janeiro a Patrimônio Histórico da Humanidade, Cristina Lodi assumiu em dezembro a superintendência regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em sua gestão, a arquiteta pretende aumentar a interação do Iphan com o processo de requalificação urbana no Centro. Segundo Cristina, o acompanhamento das obras da prefeitura para resguardo da arqueologia será mantido e priorizado. Ela explicou que não há mais espaço para armazenagem de todo o material que vem sendo encontrado: “Estamos fazendo obras emergenciais na Praça da República, nº 22. Em seguida, iniciaremos a reforma no prédio, que irá receber esses vestígios”, esclarece. A superintendente vem trilhando longa trajetória na área de patrimônio, inclusive como coordenadora do projeto Monumenta, do Ministério da Cultura, responsável pela revitalização da Praça Tiradentes, reinaugurada ano passado. Cristina diz que pretende priorizar as obras de revitalização do Palácio Gustavo Capanema e do Centro de Referência da Memória Ferroviária (antigo Museu do Trem), além de promover ações para a elevação das cida-
Sacha Leite
A arquiteta e urbanista Cristina Lodi é a nova superintendente do Iphan Rio
des de Paraty, na categoria Sítio Misto, e Rio de Janeiro, na categoria Paisagem Cultural, a Patrimônio da Humanidade, pela Unesco. Ainda a respeito de suas primeiras ações no novo cargo, Cristina comentou que pretende suprir a carência que, segundo ela, existe na área de conservação. A arquiteta explicou que há pouquíssimos cursos de restauro e por isso pretende preencher essa lacuna através do próprio Iphan: “Uma empresa nos procurou e mencionou que
há pouca gente capacitada na área de restauração. Vamos fazer a qualificação nos moldes que fizemos com o projeto Monumenta, na Praça Tiradentes.” O curso será destinado não somente aos funcionários das empresas de restauro, como também aos demais interessados: “Em geral, existe uma diversidade muito grande entre os alunos, que vão de pedreiros a estudantes de belas artes”, conta Cristina. Ainda não há data para o início das aulas, no entanto, já foi definido que
“jardins históricos” será o tema a ser explorado ao longo do primeiro módulo. Sala de exposições a ser reaberta contará a história do prédio do Iphan Ocupando o número 46 da Avenida Rio Branco, o prédio centenário do Iphan tem a reinauguração de sua sala de exposições prevista para início de abril. O objeto da primeira mostra será o próprio prédio, em estilo eclético, construído em 1908, para abrigar a Companhia Docas de San-
tos, cujo ramo de atuação – no momento em que se comemorava 100 anos da abertura dos portos – inspirou sua concepção artística, com base em motivos náuticos. Através de 14 painéis com textos e imagens documentais, a exposição narra não somente aspectos arquitetônicos do casarão como também revela a época do erguimento do edifício, trazendo capítulos pouco conhecidos do grande público, como a quantidade de prédios derrubados pelo governo Pereira Passos, em 1904, para a construção da Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. Também para contextualizar, a exposição traz imagens e informações a respeito de personalidades fundamentais para a reestruturação da cidade, como o próprio prefeito Pereira Passos, além de André Gustavo Paulo de Frontin, chefe da Comissão Construtora da Avenida Central, Lauro Muller, encarregado pelas obras de melhoramentos do porto da
cidade, e Francisco de Paula Rodrigues Alves, um dos responsáveis pela grande mudança ocorrida na então capital federal, nomeando pessoas que atuaram diretamente na remodelação do Rio de Janeiro. Mármore, aço e ornamentos utilizados foram trazidos da Europa Outros personagens trazidos à tona para ajudar a redesenhar a história do prédio são os industriais Eduardo Guinle e Cândido Gaffrée, diretores da Cia Docas de Santos, convidados pelo então presidente Rodrigues Alves para ocupar o edifício de mesmo nome, segundo dados da mostra, o primeiro a ser erguido na então Av e n i d a Central. O local escolhido para a construção foi o primeiro trecho da avenida, uma área próxima ao porto, onde se instalariam as companhias de importação e exportação. Antônio Jannuzzi e Francisco de Paula Ramos de Azevedo, dirigen-
“Fiquei muito feliz pelo Iphan ser aqui no Centro, mas vejo que ainda há muitos prédios precisando de restauro.”
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cultura
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Divulgação/Iphan Rio
tes da Antônio Jannuzzi & Irmãos, também recebem menção especial, já que formaram a principal empreiteira da avenida. Além do edifício Docas de Santos, construíram cerca de vinte prédios em estilo francês na mesma via, incluindo seu próprio escritório. A exposição revela as cartas escritas por Gaffrée e Guinle ao engenheiro chefe da Comissão de Construção da Avenida Central, Paulo
Construção da Avenida Central, em 1904, atual Avenida Rio Branco Divulgação/Iphan Rio
Fachada do Edifício Docas de Santos, atual prédio do Iphan Rio, inaugurado em 28 de janeiro de 1908
de Frontin. Esses documentos testemunham a quantidade de materiais utilizados, que aportavam em embarcações vindas de Nova Iorque, Paris, Marselha, Hamburgo, Antuérpia e outras cidades. De acordo com as informações levantadas, apenas para o primeiro pavimento, foram utilizadas 129 caixas de mármore lavrado vindo da Itália. Da Antuérpia, 454 vigas de aço para os três
últimos andares, e, de Hamburgo, 180 volumes contendo material para escadas e claraboias. Com a exposição, o Iphan promete um passeio pelo tempo, exibindo detalhes arquitetônicos e ornamentais dessa importante construção.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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social
Jovens constroem mapa da Cultura na Providência Moradores são incentivados a recuperar e divulgar o patrimônio local Ratão Diniz
A partir de agora, já é possível descobrir com facilidade o que há de interessante para se conhecer no Morro da Providência. Dia 29 de janeiro, foi lançado na comunidade um panorama detalhado das atividades culturais locais. A iniciativa faz parte do projeto Intercâmbios Juventudearte, coordenado pelo Centro de Estudos de Políticas Públicas (CEPP), que, nessa fase, buscou integrar jovens de três comunidades pacificadas cariocas – dentre elas a Providência – aos lugares onde vivem. A identificação e participação desse público na produção cultural local é o principal objetivo do projeto. O guia apresenta pontos
Participantes do projeto Juventudeartes documentam os pontos culturais da Providência
Confira os pontos mapeados na comunidade: 1. Praça Américo Brum
16. Bar do 70
2. Festa de São Jorge
17. Quadra da Vila
3. Projeto Escrevendo o Futuro
18. Eduardo Cardoso (Cachorrão)
4. Casa Amarela
19. Escola de Samba Vizinha Faladeira
5. Maurício Hora 6. Favelarte 7. Mirante da Obra 8. Igreja Nossa Senhora da Penha 9. Eron César dos Santos 10. Centro Cultural de Capoeira Ventre Livre 11. Mirante da Bica
20. Assoc. de Moradores do Morro da Providência 21. Alex Lima (Petróleo) 22. Sparta 23. Santa Rosa Boxe Club 24. Adauto Santos 25. Nélio de Oliveira (Seu Nélio)
12. Bar Mirante
26. Escola de Percussão da Providência
13. Márcio Meneses (Marcinho)
27. Mª das Dores Alves Rodrigues (Dodô da Portela)
14. Capela das Almas
28. Museu da Dona Dodô
15. Marta Alexandre dos Santos
29. Jorge Alexandre (Quinzinho)
Fonte: Mapa Caminhos da Cultura no Morro da Providência, projeto Intercâmbios Juventudearte
Ratão Diniz
Jovem da região registra sua visão da comunidade
culturais e opções de circuitos que podem ser percorridos de acordo com o interesse do visitante. Aspectos históricos e culturais foram recuperados pelos próprios jovens, bem como o levantamento de informações sobre cada uma das referências. São cerca de 30 pontos culturais identificados, incluindo artistas locais, pontos históricos e de encontro, projetos educacionais, culturais ou esportivos empreendidos por moradores, trilhas ecológicas e locais apropriados para a fruição da paisagem do Rio. O trabalho mostra o olhar de um grupo específico de jovens sobre sua comunidade. Eles também foram os responsáveis pelo planejamento e organização do evento de lançamento da publicação. “Foi muito significativo ver, ao final do projeto, como os jovens se apropriaram do resultado ex-
presso no mapa cultural e começaram a vislumbrar ações a serem empreendidas a partir dele”, avalia Ângela Nogueira, do Centro de Estudos de Políticas Públicas, uma das coordenadoras do projeto. De acordo com Fernanda Mayrink, gerente de Atendimento às Comunidades da Light, empresa patrocinadora do projeto junto à Secretaria de Estado de Cultura do Rio, o sucesso dessas ações depende do protagonismo dos atores sociais envolvidos: “Ao investir em projetos como o Intercâmbio Juventudeartes, a Light busca integrar esses territórios pacificados, disseminar ativos culturais e artísticos, resgatar o histórico das comunidades e desenvolver a liderança nos jovens participantes”.
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boa vida Divulgação
Um passeio pela história do vinho Curiosidades para degustação nos bons bares e enotecas do Centro Há pouco mais de 5 mil anos o vinho acompanha o homem no seu dia a dia. Foram encontrados fósseis com resíduos de vinho na região do Cáucaso, que datam dessa época. Outros registros mostram o cultivo, o consumo e a utilização do vinho para embalsamar múmias no Egito antigo, suas propriedades antioxidantes e digestivas, consagrando a bebida como elixir da juventude. Na Idade Moderna, os vinhos branco e rosé, melhor produzidos nas regiões frias e temperadas, eram apreciados por todos e indispensáveis nos jantares nobres
europeus, acompanhando minipratos com vinhos distintos, variando em mais de 15 tipos diferentes, que proporcionava aos convidados uma evolução cadenciada, perfeitamente combinada entre vinho e comida, chamada harmonização. Nos dias de hoje, devido à industrialização de quase tudo, foi-nos imposto os fast food. Curiosamente, como somos um país embrionário no consumo de vinho, nossos hábitos não condizem com o nosso clima. Consumimos quase 80% de vinho tinto e pouco mais de 20% de brancos e espumantes. O vinho, de uma forma
geral, é considerado alimento em quase todo o mundo, somente o Brasil e outros cinco ou seis países o encaram como bebida alcoólica. Além do álcool, o vinho possui outras substâncias que nos provocam sensação de calor, o tinto um pouco mais. Ademais, a temperatura sugerida para os tintos é, em média, entre 15º e 18º graus, bem mais alta que os rosés e brancos, que são melhores apreciados entre 13º e 9º graus respectivamente. Quer por preconceito, quer por tradição dos nossos ancestrais, os rosés e os brancos ocupam um espaço muito pequeno no consu-
mo carioca. Sendo estas as melhores opções para nosso prazer tropical, como identificar um bom vinho rosé ou branco? Quais são as melhores uvas? Com o que combinar? Como guardar e como servir? Como encontrar uma opção dentre tantas?
Saiba como escolher e harmonizar vinhos brancos e rosés 1. É preciso analisar o produtor e a região 2. Os melhores ficam estabelecidos em regiões mais temperadas, frias ou chuvosas 3. Notícias sobre produtores idôneos são divulgadas na internet e revistas especializadas 4. Brancos e rosés, na sua maioria, são melhores degustados jovens 5. Posição horizontal, temperatura constante e abrigo da luz favorecem a conservação 6. Taças apropriadas contribuem para uma boa apreciação do vinho 7. Na Itália, o rosé é chamado de chiareto ou rosato, respeitando a língua nativa 8. Brancos leves combinam com carnes brancas grelhadas e molhos pouco condimentados 9. Brancos encorpados acompanham bem pratos mais gordurosos 10. Rosés combinam bem com massas, risotos e carnes brancas grelhadas
Algumas sugestões de uvas são interessantes, por exemplo: Chardonnay, considerada por muitos críticos a melhor uva branca, matéria-prima para os mais caros Bourgonhas franceses, que vão até R$ 2 mil a unidade, dependendo da safra. Plantadas em quase todas as regiões vinícolas do mundo, ela se destaca em países como Brasil, Chile, Argentina e EUA, entre outros. No entanto, há também outras opções como a Alvarinho Sauvignon Blanc, mais cítrico e acídulo, tendo maior frescor. A Riesling, a Gewurtraminer e a Torrontez, mais aromáticos,
a Trebiano e Malvasia, mais leves. E os rosés? Os franceses são os mais famosos e mais caros, feitos com uvas como Grenache, Cynsaut, Pinot Noir, etc. Encontramos excelentes opções na Espanha, Portugal, Brasil, Chile e Argentina. Na França, o Rosé D’Anjour, do Valle do Loire, e, na Espanha, o Rioja ou Muga rosado são ótimas escolhas. Na Argentina, há o Malbec da Vinícola Alta Vista. No Chile, um vinho que me chamou atenção pela cor, a Una Hectarea, um rosé com tom lilás, diferente da maioria que exibe a tonalida-
de salmão. Já os brasileiros, em suas variedades, mostram que as melhores opções são os espumantes rosés como Casa Valduga, Don Guerino e Casa Perini. Como temos calor na maior parte do ano, encontraremos mais ocasiões para degustar brancos e rosés do mundo inteiro. Mas, ainda assim, a melhor harmonização é uma boa companhia, que, apreciada, dispensa todo o resto, exceto um BOM VINHO!
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Polo Nova Rua Larga amplia limites e ganha novo nome Criação do Polo Região Portuária foi oficializada pela prefeitura em janeiro Após pouco mais de três anos de implantação e diante do aporte de investimentos na região portuária, o Polo Nova Rua Larga teve seus limites ampliados e foi renomeado Polo Região Portuária. O decreto foi publicado dia 26 de janeiro, no Diário Oficial do Município, pelo prefeito Eduardo Paes. A expansão dos limites da organização se arquiteta em meio às novidades e andamento do projeto Porto Maravilha, que promete ampliar os espaços de lazer, moradia e comércio na região portuária. De acordo com o di-
retor do programa Polos do Rio, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário da prefeitura, José Augusto Costa e Silva, a iniciativa busca fortalecer o processo participativo do novo Polo para atrair lideranças comerciais e empresariais de núcleos da região dos bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo. “Os polos empresariais contribuem para a melhoria na qualidade dos serviços prestados e no atendimento ao cliente. Além de impactar no desenvolvimento local, nas questões socioambientais, no respeito, na
valorização do espaço urbano, gera redução de custos ao comércio pelo ganho de escala”, defende José Augusto. O decreto fixa nova delimitação a partir do lado direito da Avenida Presidente Vargas (sentido Zona Norte), esquina da Rua Visconde de Itaboraí até a Praça General Pedra e Avenida 31 de Março, passando pelo Viaduto São Pedro até a Praça Santo Cristo, Rua Professor Pereira Reis, Avenida Rodrigues Alves (a partir do número 20) até a Avenida Rio Branco, e ruas Dom Gerardo e Primeiro de Março, re-
tornando à Rua Visconde de Itaboraí. O interesse pelo crescimento do espaço do Polo veio dos comerciantes e empresários locais. “Nosso objetivo é unir forças de forma legítima para reivindicar direitos e a atenção do poder público, além de promover nosso potencial histórico e nossa agenda de eventos e atividades culturais”, explica o presidente do antigo Polo Nova Rua Larga, Milton San Róman. Ele esclarece que ainda está no comando da agremiação, mas que, em breve, haverá eleições para nova presidência.
De acordo com o presidente da Fecomércio, Orlando Diniz, a criação de polos como esse gera inúmeros benefícios à cidade, não apenas por devolver aos habitantes uma região renovada, mas por injetar recursos na economia com o aumento da arrecadação. “Para se ter uma ideia do potencial da área, o Instituto Pereira Passos prevê um aumento de R$ 200 milhões na arrecadação. Este valor virá da instalação de empresas de grande porte e da elevação das atividades portuárias e de turismo. Isso sem falar da reurbanização
de uma área com imenso potencial urbanístico”, aponta. Ainda segundo Diniz, o crescimento populacional previsto para os próximos anos na área, somado à instalação de grandes empresas que também prometem buscar espaços na região nos próximos anos e a construção de mais píeres no Porto, vai tornar o Polo um importante órgão de apoio aos comerciantes e empresários locais.
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Obras de infraestrutura afetam trânsito
morro da conceição
Ampliação de sistema de drenagem e construção de túnel geram interdições
Obra inspirada no mangue ocupa o Morro da Conceição Osvaldo Luiz Gaia é uma joia rara que Belém do Pará nos mandou. Ele é artista plástico e mora no Morro da Conceição. Seu ateliê-residência, instalado no número 34 da Ladeira João Homem, vem sendo construído ao mesmo tempo em que ele consegue uma produção artística bastante satisfatória. Ele conta que começou a desenhar e pintar em cerâmica ainda muito cedo. Aos 15 anos, já pintava telas. Sua projeção artística começou lá mesmo em Belém, onde participou de várias exposições, inclusive internacionais. Em 1987, Osvaldo participou do Salão de Artes da Aeronáutica, na Ilha do Governador, inclusive foi nessa ocasião que conheceu o Rio de Janeiro. Somente em 2003 veio definitivamente para o Rio. Trabalhou como designer no Museu Aeroespacial da Aeronáutica. Entre trabalhos, cursos, exposições e muita determinação, foi se firmando numa carreira sólida. Hoje, ele realmente possui um currículo invejável: além de ter sido aceito em várias galerias do Rio,
Sacha Leite
série intitulada Arqueologia do Mangue, que é absolutamente fascinante. Para explicar melhor, tomo as palavras do professor, doutor e crítico de arte da faculdade de Artes da Universidade Federal do Pará (UFPA), Luizan Pinheiro: “Gaia arma em suas peças o acontecimento físico-temporal que o mangue produz. As matérias do mangue são geradoras de infinitas mutabilidades e sonoridades. Ao se entrar no mangue, deve-se ficar atento às cores, sons, formas que ali se produzem pela lama, galhos, folhas, cipó e a fauna em geral.” Uma energia o percorre dentro do mangue, gerando os mais estranhos acontecimentos; poderíamos aqui pensar na dimensão artística da própria natureza. Assim Gaia nos leva – através dos percursos inóspitos em sua Arqueologia do Mangue – a reviver, rememorar, mais fundamentalmente, a pensar o lugar de nossa vivência no mundo. Reinventar o tempo da matéria é retomar o lugar da beleza da natureza Divulgação
Embrionária-escultura em madeira, de Osvaldo Gaia
participou pessoalmente da Bienal de Florença e exposições em embaixadas do Brasil, França, Japão, Portugal, Alemanha e até Líbano, onde permaneceu por 30 dias. Gaia fala com modéstia de sua obra e revela a paixão pelas raízes da “terrinha” que sempre foi sua fonte de inspiração. De fato, basta conhecer sua obra para identificar um autêntico ribeirinho, embora numa versão bastante contemporânea. Há uma
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gestual que cabe não só ao artista, mas a todo habitante do planeta. Talvez, nesse tempo de destruição que nos assola, Gaia esteja mesmo nos fazendo pensar na possibilidade de reinvenção do mundo, da vida e de nós mesmos. Eu não disse no início do texto que Gaia é um presente que Belém do Pará nos deu?
teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com
Para acesso à Praça Mauá, o motorista que vem da Zona Sul deve percorrer a Rua Visconde de Inhaúma
Ampliação da rede de drenagem Desde o dia 7 de janeiro, a Rua Camerino está interditada entre a Rua Barão de São Félix e a Rua Sacadura Cabral. O motivo está nas obras de extensão da rede de drenagem. Segundo o secretário municipal de Obras, Alex Pinto, a intervenção irá melhorar a capacidade de escoamento em dias de chuva, evitando os alagamentos que há tempos transtornam os frequentadores e moradores da região. A prefeitura informa que só terão acesso às vias interditadas moradores, funcionários, comerciantes, clientes e pacientes do Hospital dos Servidores. De acordo com Alex, as saídas de água na Baía de Guanabara aumentarão de duas para oito e as galerias de 80 cm de diâmetro serão trocadas por novas, onze vezes maiores. O secretário conta que as enchentes ocorrem na região porque o antigo sistema de drenagem, instalado há 100 anos, não dá vazão para o grande volume de água de chuva recebido pelos morros da região: “Para o verão de 2013, a expectativa é não ter problemas de alagamento na região, pois,
além da nova rede de drenagem da Camerino, teremos a galeria da Rua Barão de São Félix, que já está em obras”. Pelo menos 17 linhas de ônibus tiveram itinerários alterados e as linhas que contavam com pontos no trecho interditado da Rua Camerino passarão a ter pontos na Avenida Marechal Floriano, antiga Rua Larga. Os motoristas devem estar atentos às inversões de sentido sinalizadas por faixas. Mãos invertidas Com a interdição do trecho da Rua Camerino, a Rua do Acre passa a ter a mão invertida, com trânsito no sentido da Praça Mauá para a Avenida Marechal Floriano, em direção à Central do Brasil. A própria Camerino também inverte de mão entre Senador Pompeu e Barão de São Félix, e entre Senador Pompeu e Marechal Floriano há mão dupla. A Marechal Floriano passa a ter mão única no sentido Central do Brasil, entre a Rua do Acre e a Avenida Passos. Já a Rua Sacadura Cabral apresenta mão dupla entre a Rua Sousa e Silva e a Avenida Barão de Tefé.
Esquema especial de trânsito Segundo o diretor de Operações da CET-Rio, Joaquim Diniz, a prefeitura e a Concessionária Porto Novo montaram um esquema especial de trânsito, com 55 operadores e agentes de tráfego para orientar os motoristas. De acordo com ele, uma opção para o motorista que vem pela Avenida Rodrigues Alves e quer chegar à Avenida Passos é entrar na Rua Sousa e Silva, seguir a Avenida Venezuela, ao chegar na Praça Mauá, virar na Rua do Acre, que terá o sentido invertido, acessar a Avenida Marechal Floriano e chegar ao destino. A escolha por implementar as obras no período de férias escolares, segundo Diniz, esteve relacionada ao afastamento de transtornos no trânsito no período de adaptação das mudanças. Ele diz ainda que, desde 28 de dezembro, a prefeitura vem distribuindo folhetos sobre as mudanças para moradores e comerciantes da região.
Visconde de Inhaúma e Dom Gerardo está interditado para a construção da rampa de acesso ao Túnel Binário, que dá continuidade às obras do Porto Maravilha. O motorista que está na Zona Sul e deseja acessar a Rua São Bento, por exemplo, deve entrar na Visconde de Inhaúma, dobrar à direita na Avenida Rio Branco, que está com trecho em mão dupla, e dobrar à direita na Dom Gerardo, que ganhou sentido duplo e se tornou rua sem saída. Segundo a prefeitura, a construção da Avenida do Binário, paralela à Avenida Rodrigues Alves, permitirá a demolição do Elevado da Perimetral, a partir de 2013. O Túnel Binário terá 1,1 km de extensão e 24 metros de profundidade. A via irá da Rua Primeiro de Março até a Avenida Francisco Bicalho. Cada sentido terá três faixas. Ao todo serão 3,5 km de extensão. Para outras informações a respeito de obras e indicação de rotas alternativas, acesse o site: www.portomaravilha.com.br.
Túnel Binário Desde o dia 21 de janeiro, trecho da Rua Primeiro de Março entre as ruas
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gastronomia
Cantinho hispânico no Centro do Rio
receitas carol
Há quase 40 anos, Fim de Tarde serve receitas típicas da Espanha Divulgação
Desde 1973, o Fim de Tarde é um pedacinho da Espanha no Centro do Rio de Janeiro. Localizado na Rua Miguel Couto, o restaurante é bastante elegante e intimista, e, talvez por isso, tenha se tornado um dos pontos de encontro de executivos da área. Como a maioria das casas de origem espanhola, a decoração usa muita madeira e pendentes de luzes. Nas paredes, podem ser vistas fotos de cidades como Madri, mas as principais influências culturais se mostram no cardápio e no sotaque do proprietário da casa, Seu Alonso. Para renovar a tradição, a família Alonso, que comanda o Fim de Tarde nestes quase 40 anos, volta às suas origens em terras hispânicas todos os anos, em busca de inspiração para novos pratos. Entretanto, o menu reserva ainda um espaço para homenagear o Brasil. Pratos típicos de diversas regiões do país, como Picadinho carioca, Carne seca desfiada com nhoque, Virado paulista e Bobó de camarão, são opções para quem não quer arriscar. Já para quem deseja honrar a especialidade da casa, alternativas deliciosas não faltam. Segundo Marcos Alonso, os pratos mais conhecidos pelos brasileiros são Tortilla de bacalhau, Paella a La Marinera e Cordeiro ao forno com batatas coradas e pimentões fritos. Para não ter erro, escolha entre os mais pedidos: Paleta de cordeiro, Pulpo à feira, parrilladas ou paellas. Tantos anos de experiência fez com que a família Alonso apostasse no maior diferencial do restaurante: o atendimento. Prova disso são os clientes que acompanham a casa desde a inauguração.
Parece que o verão chegou mesmo, um pouco atrasado, mas veio com toda sua força. E nessa época de folia, o bom mesmo é passar horas na rua, de bloco em bloco, de sol a sol. Por isso, não custa nada lembrar as velhas recomendações: beber muita água, usar filtro solar e se alimentar bem. E, na volta, recuperar as energias!
Recomendo uma sopa fria, rica em nutrientes, que nos ajuda a repor tudo o que gastamos sem sobrecarregar nosso querido organismo. Diferente e linda, com sua cor púrpura, a sopa de beterraba é perfeita. Ela dura uns três dias na geladeira e até um mês congelada. Um carnaval cheio de alegrias para os nossos leitores! Bon appetit!
Sopa de beterraba ACP Divulgação
Ambiente em estilo espanhol, com pendente de luzes e muita madeira Divulgação
Ingredientes: • 500 g de beterraba • Sal e pimenta do reino a gosto • 2 dentes de alho • ½ colher de chá de orégano • 1/3 xícara de vinagre
Marcos Alonso conta o segredo para se manter uma relação tão próxima com o cliente: “Nós estamos presentes no dia a dia da casa, acompanhamos os pedidos, o atendimento às mesas, e tudo com muita atenção e dedicação. Aqui fazemos muitos amigos. Não abrir mão da tradição, não significa que o restaurante está parado no tempo. Recentemente, o Fim de Tarde lançou um cardápio especial para depois do expediente. Entre
os destaques estão Azeitonas espanholas recheadas com amêndoas, Manjubinhas marinadas em azeite, vinagre e sal, Jámon Serrano e Anéis de lulas empanadas, que prometem deixar qualquer happy hour ainda mais feliz! Outro destaque fica por conta da adega. Com mais de 100 rótulos nacionais e internacionais, a carta é recheada de vinhos espanhóis. E para animar ainda mais a noite carioca, a carta de vinho do Fim de Tar-
de tem desconto de 20% das 17h às 21h. O sucesso do Fim de Tarde e o talento da família Alonso vão render frutos. O restaurante está passando por um processo de estruturação para crescer em 2013. O delicioso sabor espanhol vai se espalhar pelo Rio de Janeiro e ganhar o coração de mais cariocas.
danielle silveira daniellethamires@hotmail.com
balsâmico • ½ xícara de azeite • 3 xícaras de caldo de legumes • 1 xícara de iogurte natural • Cebolinha para decorar
Modo de preparo: Num tabuleiro coloque uma folha de papel laminado. Arrume as beterrabas, feche o papel como se fosse um pacote e aperte bem as laterais para não vazar o líquido. Coloque o alho e regue tudo com o balsâmico, azeite e polvilhe orégano, sal e pimenta. Feche bem o envelope e coloque para assar no forno a 180°C por 1 hora. Retire do forno, abra o envelope e derrame no liquidificador. Junte metade do cal-
do de legumes e bata até a consistência de creme. Se estiver muito grossa coloque mais caldo. Sirva fria com um fio de iogurte e decore com cebolinha fresca picadinha.
ana carolina portella carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol. blogspot.com
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lazer
Poesia Pintada Reprodução
Reprodução
Aqui ao lado
Tudo aqui ao lado, eu não sei por que, treva tão estranha tal realidade.
O gato
Vivo preocupado, querendo saber, se o escuro ganha ou se a luz invade.
Paulo Pacheco – Floresta – serigrafia Reprodução
Flores 2
Aldemir Martins – Gato Colorido – serigrafia
Flores são mães quando mais belas, enquanto sãs. Flores são moças livres das celas, e não são poucas. E a flor menina, a vida zela – logo germina. Daro – Bem Me Quer – litografia
Aprecie o Rio sem moderação
Gato na casa do artista, entrou sem ser convidado. Tinha problema de vista, se guiava pelo olfato. Espalhou montes de tinta mas achou o peixe assado. Numa tela na oficina acabou pintando um quadro. Escreveram na revista: pós qualquer no abstrato. E finalmente o artista despontou do anonimato. O gato virou conviva, leva vida de nababo.
(21) 3283 4583 / 9715 8502 www.riosdehistoria.com
andré calazans poesiapintada@gmail.com
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Harmonia Enlouquece lança novo álbum
dicas da cidade
Banda de pacientes do Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro já está no 3º CD
Quarteto de cordas Reconhecido como o melhor conjunto de câmara do Brasil, o Quarteto Radamés Gnattali será a terceira atração da série Eternos Modernos, com dois concertos programados para o dia 13 de março, no Centro Cultural Banco do Brasil, 12h30 e 19h. Imperdível para os amantes da música instrumental. Divulgação
Mercadinho fiel à região O comércio local que resiste às interdições causadas pelas obras do Porto precisa ser valorizado! O Mercadinho Pai D’Égua, na Rua Sacadura Cabral, 95, continua entregando em domicílio. Sucos, frios e pães quentinhos de produção própria, a qualquer horário, pelos telefones: (21) 2263-4778 ou 2283-2705. da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Sacha Leite
Harmonia Enlouquece, grupo musical que, há 10 anos, mostra uma maneira inovadora de lidar com os transtornos mentais, lançou seu terceiro CD: Mudança Superativa. As 14 faixas autorais revelam a força criativa do grupo, que se tornou conhecido nacionalmente por meio de canções como Sufoco da Vida e Garota. O disco anterior, lançado há sete anos, foi produzido com recursos recebidos pelo prêmio Arte sem Barreiras, organizado pela Funarte. O grupo, formado por pacientes do CPRJ, pratica música como principal meio de superação de problemas encarados por muitos como crônicos. Além dos três álbuns no portfólio, o Harmonia Enlouquece fez parte da trilha sonora da telenovela Caminho das
Vocalista e compositor da banda, Hamilton emplaca sucessos
Índias, exibida há três anos pela Rede Globo. Depois de assistir a uma apresentação, a autora Glória Perez convidou o grupo para participar de alguns capítulos da trama. “Glória nos conheceu no Projeto Loucos por Música. Um dos personagens da no-
vela, vivido pelo ator Bruno Gagliasso, era esquizofrênico. O ator fez sua preparação para o papel no CPRJ e acabou ficando bem próximo do Hamilton, o vocalista do grupo. Segundo Gagliasso, o Hamilton foi sua inspiração para o papel”, orgulha-se Dr. Francisco
Sayão, diretor do CPRJ e violonista do grupo. Em uma década de espetáculos, o Harmonia conquistou a simpatia de muitos outros nomes de peso, que acabaram se tornando apoiadores do projeto, como Gilberto Gil, Paulinho Moska, Maria Bethânia, Turíbio Santos, Sandra de Sá, Ana Carolina e Pedro Luís. Quando foi criado, o projeto do psicólogo e musicoterapeuta Sidnei Dantas tinha como objetivo melhorar a qualidade de vida dos pacientes, que, muitas vezes, se sentiam excluídos da sociedade. Mais de 50 deles já participaram do projeto musical.
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