Folha da Rua Larga Ed.39

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Divulgação

Escola faz experiência pedagógica com artes visuais

Concluídas as obras de abertura do Túnel da Saúde

A Escola Municipal Vicente Licínio Cardoso criou um Ginásio Experimental de Artes, devido à proximidade com o Museu de Arte do Rio de Janeiro. Agora os alunos podem participar de ateliês temáticos, onde desenvolvem seus dotes artísticos.

O túnel permitirá o início da instalação do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, transporte comum nos países desenvolvidos. O Consórcio VLT Carioca, formado por seis organizações nacionais e estrangeiras, cidade I página 4 venceu a licitação para construí-lo.

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educação I página 3

folha da rua larga RIO DE JANEIRO | MAIO – JUNHO DE 2013

educação

Escola do Olhar faz ponte entre o MAR e as escolas

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 39 ANO VI

Light consolida linhas de patrocínio e busca novas formas de investir na cultura e no social Divulgação

Entidade deu início a seu programa de formação de professores com o curso “Rio: uma cidade em construção”, primeiro módulo de uma série de reflexões sobre as exposições inaugurais do Museu. página 5

desenvolvimento

Polo Região Portuária busca mais qualidade Comerciantes da região decidem promover encontros bimestrais no Espaço Gourmet do Principado Louças, nos quais palestrantes convidados transmitirão conhecimentos estratégicos que possibilitarão expandir os negócios e as vendas. página 7

gastronomia

Entrevista com Paulo Bicalho, gerente de patrocínios e do Centro Cultural Light, mostra como a empresa amadureceu na política de comunicação corporativa e como está buscando novos caminhos através de parcerias cultura I páginas 8 e 9 Lielzo Azambuja

Yellow Submarine: charmoso e informal página 14 Divulgação

entrevista Capoeirista e dirigente da ONG Kabula Rio, Mestre Carlão mostra a importância da formação do movimento ConDomínio Cultural, que congrega diversos artistas e produtores culturais da Região Portuária. Com visão crítica, ele fala de ocupação de espaços públicos com ações culturais e da necessidade de que empresas e governos ajudem os agentes culturais locais na conquista da sustentabilidade. páginas 11


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maio – junho de 2013

vozes do morro O que você está achando das ações da Prefeitura no Morro da Conceição? Mário Margutti

Cláudio Aun, escultor e morador do Morro da Conceição

Mário Margutti

Paulo Dalier, pintor e morador do Morro da Conceição

Mário Margutti

Osvaldo Gaia, artista plástico e morador do Morro da Conceição

“A concessionária Porto Novo ganhou 16 anos para administrar a Região Portuária. O grande problema desse arranjo é que todas as demandas dos moradores precisam passar pela intermediação da empresa para conseguir solução. Se um cano de água fura, precisamos ligar para a Porto Novo, porque cabe a ela acionar a Cedae. E assim o órgão público, que deveria servir ao cidadão, passa a agir sob as determinações de uma empresa privada que reina sobre a cidadania. A mesma coisa com a Comlurb, a CET-Rio, a CEG. Como morador do Morro da Conceição, gostaria que ele fosse tratado pela prefeitura como a joia que é, não como local de ‘obras padronizadas’, como ouvi um engenheiro dizer”.

“Não foram colocados os postes novos prometidos. A colocação dos fios internos foi mal feita, os buracos estão acumulando água e ninguém veio cuidar desse problema. Outra questão: na hora de pôr o calçamento, fecharam a saída de água pluvial da minha casa. Precisei mandar cavar um buraco para que a água voltasse a escorrer. As obras no Morro estão paradas e ninguém está corrigindo os erros cometidos. As detonações de dinamite na Praça Mauá provocaram a queda de parte do meu ateliê, que chegou a ficar interditado. A GEO-Rio consertou a parte danificada há duas semanas e fez uma contenção na base do ateliê, que agora ficou seguro. Na casa de um vizinho, as detonações fizeram cair os azulejos da cozinha. Por sorte, ninguém se feriu”. “Como eu trabalho com projetos de arquitetura, sei que toda obra traz algum transtorno. Por isso, minha atitude é ver mais adiante. Sei que não vamos conseguir tudo que a gente quer para o nosso bairro. Muitas coisas são privatizadas e, quando a gente fica sabendo, é tarde, já aconteceu. Como está ocorrendo com o Maracanã. A empresa que ganhou a licitação foi a mesma que deu assessoria para fazer os editais... Voltando ao nosso Morro: olhando o entorno, podemos ver que muita coisa boa aconteceu, como a criação do Museu de Arte do Rio, por exemplo. Até certo ponto, as obras estão ótimas. O problema da fiação dos postes vai ser resolvido, num determinado momento. Além disso, os imóveis do Morro se valorizaram, e isso é bem positivo”.

Diagramação - Suzy Terra

Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário

Revisão tipográfica - Raquel Terra

Margutti, Mozart Vitor Serra

Produção gráfica - Paulo Batista dos Santos

Direção executiva - Fernando Portella

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

Editora e jornalista responsável - Sacha Leite

www.maviartesgraficas.com.br

Colaboradores - Aloysio Clemente Breves, Ana Carolina

Contato comercial - Teresa Speridião

Portella, Archimedes Monea, Danielle Silveira, Fernando

Tiragem desta edição: 6.000 exemplares

Portella, Lielzo Azambuja e Teresa Speridião

Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Educação técnica na Região Portuária Os moradores da Região Portuária precisam muito se impor no cenário da metrópole, no sentido de se realizar através de um processo socioeducativo profissionalizante, capaz de abrir novos caminhos para a juventude local! Se faz urgente, necessário e imperativo que os poderes públicos (federal e estadual) possam ser sensíveis e coerentes e instalem uma escola técnica profissionalizante no bairro da Gamboa. É uma antiga demanda da comunidade, que não está sendo ouvida pelas autoridades! O equipamento socioeducacional que solicitamos será fundamental para a capacitação profissional dos jovens, afastando-os dos caminhos do crime e, ao mesmo tempo, possibilitando a geração de renda familiar na região. Gabriel Catarino diretor de Comunicação e Projetos, Associação de Moradores e Amigos do Bairro da Gamboa e Adjacências Exposição de arte no IPN Minha exposição de pinturas no IPN (Instituto dos Pretos Novos) foi altamente recompensadora. Pude mostrar em parte a evolução do meu trabalho artístico e rever amigos de outrora. Pude observar de perto a grandeza das obras que estão sendo feitas na Região Portuária. Quem, como eu, é assíduo frequentador da região, se emociona vendo as mudanças que estão acontecendo. No IPN já fiz uma exposição no início dos anos 2000, sem a pompa da atual, mas com todo o glamour das casas simples e acolhedoras da região. Entre a primeira e a segunda mostra, pude ver nitidamente a mudança para melhor que está ocorrendo na entidade cultural. Honra e glória para Mercedes e Petrucio, que fizeram de tudo para manter o Instituto Pretos Novos de pé. Geleia da Rocinha artista plástico A riqueza cultural da região O MAR (Museu de Arte do Rio) trouxe uma atenção maior e um charme especial à Região Portuária, abandonada há tanto tempo. Os dois prédios que compõem o museu, interligados pela onda de concreto na cobertura, são por si só uma grande atração. Pude observar isso numa terça-feira de visita gratuita e de casa cheia Lúcia Helena Soares jornalista

folha da rua larga Conselho editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,

espaço dos leitores

Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9, sala 101, CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br.


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Escola cria Ginásio Experimental de Artes Visuais Alunos participam com entusiasmo de diversos ateliês de expressão artística Mário Margutti

O programa Ginásio Experimental Carioca, criado em 2011 pela Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Educação, é um novo modelo de ensino, que prevê horário integral para os alunos do 7° ao 9° ano das escolas da rede municipal. De lá para cá, a nova metodologia evoluiu e surgiram também os Ginásios Experimentais Olímpicos, vocacionados para a prática de atividades esportivas e os Ginásios Experimentais do Samba, nas escolas com vocação para a música. Por causa da proximidade física com o MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro, a Escola Municipal Vicente Licínio Cardoso criou um Ginásio Experimental de Artes Visuais. Como o museu tem uma Escola do Olhar, que prepara professores para visitar suas exposições acompanhados de seus alunos, o centro de ensino vizinho pretende ser uma espécie de projeto-piloto dessa experiência de envolvimento da entidade museológica com a rede pública de ensino. Nada menos que 24 professores da escola já fizeram o programa de capacitação da Escola do Olhar e, junto com seus alunos, têm trânsito livre no museu, não precisam pagar ingresso. “Vamos testar a proposta pedagógica do museu”, afirmou o professor Niverton Antunes, de 45 anos, diretor da escola.

Os alunos da Escola Municipal Vicente Licínio Cardoso, em plena atividade no Ateliê 3D Mário Margutti

O diretor da escola, Niverton Antunes, mostrando o ambiente do Ateliê de Arte Rupestre e Egípcia

Agora os alunos da Vicente Licínio Cardoso desenvolvem diversas formas de expressão artística, em ateliês diferentes, coordenados por sete professores de artes visuais, nos quais são praticados o desenho de observação e

da figura humana, o estudo da arte rupestre e egípcia, a feitura de objetos em três dimensões, além da prática de artes gráficas, texturas e reciclagens. Há também o ateliê Território Livre, que está aberto para a dança e o folclore.

Garante o diretor: “Com a implementação do projeto, os alunos passaram a estudar em horário integral, das 8 às 16 horas, com professores disponíveis na mesma carga ho-

rária. Alguns ficam até as 18 horas, participando do Programa Mais Educação, que envolve aulas de reforço escolar, atividades lúdicas e prática de capoeira. Nossos alunos estão escolhendo com liberdade qual o ateliê artístico que preferem frequentar, mas a nossa proposta é que eles, com o tempo, percorram todos os núcleos e participem de todas as atividades”. As práticas artísticas são complementadas pelo Educopedia, um programa multimídia disponibilizado pela internet para as escolas pela Secretaria Municipal de Educação. “O conteúdo é feito pelos próprios professores da rede pública e nosso corpo docente admira a qualidade dos pro-

gramas ofertados”, comentou o professor Niverton. Tudo indica que o Ginásio Experimental de Artes Visuais será um grande êxito pedagógico da escola que o criou. “Os pais dos alunos estão adorando a experiência e nossas crianças tiveram uma reação extremamente positiva, até surpreendente. Diversos trabalhos de qualidade estão expostos em nossos corredores, e todos eles, sem exceção, foram feitos por nossos alunos”, concluiu Niverton, sem esconder o orgulho pelos resultados alcançados.

da redação redação@folhadarualarga.com.br


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Porto Novo conclui escavação do Túnel da Saúde Concessionária promete inauguração para o segundo semestre deste ano Divulgação

Com presença do prefeito Eduardo Paes nas obras, a Concessionária Porto Novo retirou a última parede do futuro Túnel da Saúde. O novo túnel terá 80 metros de extensão e três faixas viárias de cada lado. Entre elas, circulará o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que será instalado pelo consórcio vencedor da licitação referente à sua construção, formado pelas empresas Actua – CCR, Invepar, OTP – Odebrecht Transportes, Riopar, o grupo multinacional francês RATP e Benito Roggio Transporte. O Túnel da Saúde será o único da Região Portuária a ter calçada para pedestres. A previsão é de abrir o túnel ao tráfego quando as ruas de superfície Equador, Venezuela e a antiga Via Trilhos estiverem prontas e

Trilhos é um dos mais modernos meios de transporte do mundo, utilizado com sucesso em cidades como Barcelona, Berlim e Paris. Os trens não têm fios superiores em rede aérea e são movidos por energia embarcada. Há diversas tecnologias para o abastecimento energético, mas essa será a primeira vez em que serão combinadas em um único sistema.

Túnel da Saúde: uma galeria com três pistas em cada sentido, com o VLT passando pelo meio liberadas para a circulação de veículos, representando 80% do novo sistema viário da Zona Portuária. Para o prefeito Paes, o túnel “é fundamental como alternativa para o Elevado da Perimetral, no primeiro momento”. Isso porque, “quando a gente tirar a primeira parte do viaduto, essa via funcionará de alternativa para todo o fluxo de veículos”. E acrescentou: “Esse túnel terá um charme, o VLT, passando no meio”. A construção do túnel foi iniciada em setembro de 2011 e nela foram utilizadas duas metodologias de construção diferentes: a escavação e a detonação. O novo túnel também exigiu a construção de uma grande estrutura em concreto armado para sustentar toda a carga do Morro da Saúde, que representa uma parte da pedreira que foi muito explorada no aterro do Porto do Rio, no início do século XX. De acordo com o depoimento de José Renato Ponte, presidente da Concessionária Porto Novo, “o avanço do túnel foi de cerca de dois metros por dia”.

O VLT – Veículo Leve sobre Trilhos O grupo vencedor da licitação do VLT, intitulado Consórcio VLT Carioca, apresentou proposta com oferta de R$ 5.959.364,27 mensais, a serem pagos pela prefeitura durante 25 anos de contrato – valor 1,35% abaixo do teto de R$ 6.040.916,67 previsto no edital de concorrência. O pagamento da contraprestação mensal pela prefeitura só começará após o término da obra e início da circulação, que em tese acontecerá daqui a dois anos e meio aproximadamente. O VLT ligará os bairros da Região Portuária ao centro financeiro e também ao Aeroporto Santos Dumont, passando pelas imediações da Rodoviária Novo Rio, Praça Mauá, Avenida Rio Branco, Cinelândia, Central do Brasil, Praça XV e Santo Cristo. A prefeitura espera que a integração com outros meios de transportes (metrô, trens, barcas, BRT, redes de ônibus convencionais, teleférico e aeroporto) promova uma redução do fluxo de veículos no Centro da cidade. O Veículo Leve sobre

Mudança cultural O VLT vai circular na cidade a partir de 2014 e terá modelo europeu de cobrança de passagem. O passageiro terá livre acesso ao transporte, porque não haverá cobrador ou catracas nos pontos de embarque/desembarque, nem nos trens. O usuário será responsável pela compra do cartão em máquinas de venda e precisará validá-lo dentro do vagão. Será necessária, portanto, uma mudança cultural na população, acostumada à presença de cobradores e à passagem por catracas de controle. Falta ainda definir se fiscais darão “incertas” nos passageiros ou se ficarão fixos nos trens para controlar quem comprou a passagem. A aquisição do cartão poderá ser feita em todos os postos de venda do Bilhete Único, nas paradas do VLT, que terão máquinas de venda, ou ainda nos guichês das quatro estações do novo sistema, localizadas na Praça XV, Rodoviária, Central e Aeroporto Santos Dumont. Em Berlim, se um passageiro de VLT não comprar o tíquete ou circular no trem sem validá-lo e for flagrado, é obrigado por lei a desembolsar o equivalente a cerca de R$ 120 em multa. No Rio, entretanto, o valor dessa multa ainda não foi estipulado. A tarifa do VLT deverá custar entre R$ 3 e R$ 4,40, com integração intermunicipal.

da redação redação@folhadarualarga.com.br


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educação

Escola do Olhar inicia suas atividades Primeiro grupo de professores já foi formado para levar alunos ao MAR Divulgação

A Escola do Olhar do Museu de Arte do Rio de Janeiro inaugurou, no dia 11 de maio, o primeiro curso do seu programa de formação de professores. Intitulado Rio, uma cidade em construção, o curso é o primeiro módulo de um programa de reflexões sobre as exposições inaugurais do museu. Com 4 horas/aula, o curso

A primeira turma de professores formados pela Escola do Olhar

se baseia nas questões oferecidas por duas das exposições que estão em cartaz no MAR: Rio de imagens e O abrigo e o terreno. O seu objetivo é instaurar um processo de pesquisa sobre as diferentes dimensões de cidade que existem num mesmo território. Uma proposta para mostrar que a cidade não é uma unidade,

nem uma imagem, mas sim um jogo complexo de relações que, no âmbito escolar, podem ser explorados pelo professor com seus alunos. O curso foi dividido em três momentos: visitas às exposições, discussões e formação de grupos de trabalho a partir de questões geradoras. Foi disponibilizado um material educativo

desenvolvido especialmente para duas exposições enfocadas. Junto com os educadores do MAR, os professores poderão explorar as potencialidades desse material em ações de pré-visita, visita ou pós-visita ao museu.

da redação redação@folhadarualarga.com.br

Nível educacional é baixo na Região Portuária Os indicadores da ONG Rio Como Vamos evidenciam que a educação não vai nada bem na Região Portuária. Em 2011, o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) referente aos primeiros anos escolares era 4,4. A

situação era a segunda pior do Rio, ganhando apenas do Complexo da Maré. Já o IDEB dos anos finais do ensino fundamental foi 4,3, empatando com a média da cidade, que é considerada baixa pelos especialistas. No ensino médio, a situ-

ação não é muito diferente: 208 alunos foram reprovados e 305 abandonaram a escola, deixando a região em penúltimo lugar entre todas as demais da cidade. O desempenho sofrível dos alunos é um reflexo das condições das 14 escolas

da região. Basta dizer que metade não tem biblioteca e 12 funcionam sem laboratório de ciências. Apenas uma escola está equipada com sala de recursos multifuncionais, que é destinada a estudantes com deficiência. Outras dez escolas

nada oferecem em matéria de acessibilidade. Diante desse quadro, o que os moradores da região esperam é que os investimentos maciços na revitalização da Zona Portuária, que reúne os bairros do Caju, Gamboa, Saúde e

Santo Cristo, também possam contribuir para reverter essa indesejável conjuntura no campo da Educação.

da redação redação@folhadarualarga.com.br


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nossa rua folha da rua larga

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boca no trombone

Cliques Rua Larga Mário Margutti

Essa nossa gente feliz Quando ando pela região da Rua Larga no Centro da cidade do Rio de Janeiro, procuro observar as pessoas. Tento ler suas expressões, ora franzidas, ora risonhas; alguns com a mente focada numa meta, outros com a cabeça distante, vagando nas ondas do celular. Uns corpos são empinados, outros curvados carregando um peso nas costas, muito além das mochilas. Pessoas andando rápido, devagar; com roupas coloridas ou escuras e tristes, ora combinadas, ora irreverentes. Procuro entre todos na multidão “seres especiais”. Vejo um garoto que carrega firme um envelope pardo. No rosto: um baita sorriso. Ele segue o seu caminho e eu me pergunto: para onde vai? O que pensa esse moleque feliz? Talvez no elogio que recebeu do chefe, na paixão da sua vida, ou quem sabe no seu time de futebol. Pode ser que esteja feliz por ter acabado de ler Crime e Castigo, de Dostoiévski. Uma menina, de gesto meigo e suave, ajuda uma senhora idosa a cruzar a Avenida Rio Branco. Na lanchonete, o atendente educado mostra com pequenas atitudes o carinho que tem pelo lugar. Na farmácia, busco a atenção da simpática funcionária, sempre ligada às necessidades dos clientes. São esses pequenos detalhes humanos que revelam essa gente simples iluminada pela vida. Olho a bandeira do Brasil, que flameja incerta. Leio os jornais e sofro com a impunidade. Gostaria de ver na página de quem morreu a alegria dos pais por quem nasceu. Quando encontro estes bravos brasileiros: pretos, brancos, mulatos, de todos os sexos e religiões, pessoas sem preconceitos que não alimentam a maldade, eu me animo. Acho que não dormem, sonham sempre. Desejam apenas ser amados pelo tanto que amam naturalmente. Estão sempre dispostos a ajudar, a colaborar e dificilmente dizem: “Esse não é o meu serviço”. É uma turma que faz muito com quase nada, é gentil, devolve o dinheiro que encontra, deseja a paz e a justiça social. Pertencem a todas as classes, podem ser minorias, mas fazem a diferença aqui e em qualquer lugar. Muitos os chamam de “boa gente” ou de “gente boa”. Percebo nessas belas criaturas que não desejam o poder pelo poder, nem são gananciosas por dinheiro, um novo olhar. Normalmente são amantes maravilhosos, carinhosos, gostam de dar e receber presentes. Acordam saudando o sol, o tempo nublado e a chuva. Dão bom dia a todos em casa, para o porteiro, o cobrador do ônibus e para o ascensorista, até chegar à sua sala de trabalho. São pessoas de bom humor, que sofrem como todos, mas se recuperam como poucos das dores da vida. É gente que acredita que os momentos ruins, de fato, vão passar. Esses seres especiais se escondem nas entranhas da simplicidade. Na criação do mundo (eu fantasio), o Criador as escolheu para desenhar as flores, as borboletas e para compor os cantos dos pássaros. Nasceram juntos com as primeiras estrelas. Encarnam de vez em quando para cumprir missões de amor e felicidade na terra. Depois voltam para o plano espiritual. Nunca morrem, vão para o céu e voltam. Se repararmos bem em suas costas, vafernando portella mos ver suas asas. cottaportella@globo.com

A Igreja de São Francisco da Prainha, patrimônio tombado pelo Iphan, está muito deteriorada. Há até vegetação crescendo pelo telhado. Ainda este ano, a CDURP deve iniciar o restauro desse bem histórico. Mário Margutti

Um dos sobrados do Largo de São Francisco da Prainha desabou no início deste ano, criando uma triste lacuna no conjunto urbanístico. Moradores esperam que o restauro seja feito em harmonia com a história dos imóveis.


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desenvolvimento

Comerciantes da região melhoram qualidade no atendimento Integrantes do Polo Região Portuária realizam reuniões para aumentar o capital cognitivo Israel Silveira

Sob a liderança da presidente Maria Eugênia Duque Estrada, os comerciantes que integram o Polo Região Portuária decidiram fazer encontros bimestrais em que serão ministradas palestras sobre temas de interesse coletivo, de modo a difundir conhecimentos estratégicos que possam alavancar as vendas e promover melhorias na qualidade do atendimento à clientela. O primeiro encontro foi realizado no dia 27 de abril, no Espaço Gourmet do Principado Louças, na Avenida Marechal Floriano, 153, que foi gentilmente cedido pelo seu proprietário, Aníbal Baltazar. Na ocasião, foi promovida uma palestra de Abel Ferreira Júnior, assistente de atendimento da Caixa Econômica Federal, que abordou as linhas de crédito que aquela instituição financeira oferece para micros e pequenos empresários. Essas linhas contam com recursos do Governo Federal (do Programa de Geração de Emprego e

Renda do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador) e têm os juros mais baixos do mercado brasileiro: 0,82% ao mês. Não por acaso, o crédito concedido pela Caixa Econômica Federal cresceu 43% nos últimos 12 meses. Abel Júnior também falou sobre a antiga linha de crédito da Caixa para restauro de imóveis históricos no Centro da cidade. Como existe grande número desses imóveis na Região Portuária transformados em estabelecimentos comerciais, os associados do Polo, ao final dessa primeira reunião, decidiram reunir os representantes dos três polos ligados ao patrimônio histórico do Centro do Rio de Janeiro – Polo Região Portuária, Polo da Praça XV e Polo do Rio Antigo – para apresentar à Caixa uma proposta objetiva de renovação da linha de crédito para restauro de imóveis antigos. O presidente do Polo Rio Antigo, Isnar Manso, também participou dessa primeira reunião, o

LIGUE. ACESSE. ANUNCIE.

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O palestrante Abel Ferreira Júnior, da CEF, Kenia Giacomini da Fecomércio, Isnar Manso (Polo Rio Antigo) e Maria Eugênia Estrada (Polo Região Portuária)

que facilitou o surgimento da ideia de unir as forças dos três polos da área do Centro Histórico para obtenção futura de crédito na Caixa, em condições favoráveis de financiamento. A atual presidente do Polo Região Portuária, Maria Eugênia Duque Estrada, é formada em Desenho Industrial e comanda uma firma de design instalada na Marechal Flo-

(21) 2233 3690 www.folhadarualarga.com.br

folha da rua larga

riano: Estopim Comunicação. Em sua opinião, o processo de revitalização intensiva da Região Portuária “acordou os comerciantes locais”, deixando-os “mais motivados para um trabalho conjunto em prol do desenvolvimento local”. Para ela, os 40 comerciantes que participam do Polo “estão mais preparados para a nova realidade da revitalização” – e, por isso, aumentaram o tamanho da área geográfica de sua atuação, que é maior do que a área coberta pelo Polo da Nova Rua Larga, entidade criada anteriormente e que era presidida por Milton San Roman, proprietário do Restaurante Velho Sonho. Maria Eugênia também informou o assunto que será debatido no próximo encontro do Polo: a

criação de lojas virtuais, de modo a aumentar as vendas através da internet e dar maior visibilidade ao comércio local. Nessa perspectiva, a reunião deverá ter pelo menos três palestrantes. O primeiro deles será um comerciante do Polo que esteja na fase inicial de implantação da sua loja virtual (provavelmente, será o dono da Casa Caça e Pesca, que está entusiasmado com os pedidos que tem recebido pela internet). O segundo será um especialista em marketing viral e propaganda pelas redes sociais. O terceiro abordará o tema da gestão de processos de negócios pela internet. A ideia de ampliar os conhecimentos dos comerciantes da região está em sintonia com o pensamento do renomado eco-

nomista polonês Ignacy Sachs, que propõe um novo paradigma de desenvolvimento. Segundo Sachs, no século passado, a humanidade lutava pelo controle das máquinas, os chamados meios de produção. Hoje, o lucro pertence a quem controla o acesso ao conhecimento, acumulando capital cognitivo. A economia contemporânea consolidou a sociedade do conhecimento, inserindo a humanidade na era da economia criativa. O economista Ladislau Dowbor, que coordena o Núcleo de Estudos do Futuro da PUC–SP, corrobora a opinião de Sachs. Em matéria escrita no jornal francês Le Monde Diplomatique, em junho de 2011, ele afirmou: “Um produto hoje se torna viável e útil muito mais pelo conhecimento incorporado (pesquisa, design, comunicação, etc., os chamados intangíveis) que pela matéria-prima e trabalho físico. Trata-se de um deslocamento-chave relativamente à economia dos bens materiais que predominaram no século passado”. Portanto, se o objetivo é ampliar o capital cognitivo dos empresários do Polo Região Portuária, os encontros bimestrais prometem gerar resultados cada vez melhores.

mário margutti mfmargutti@gmail.com


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cultura

Light remodela sua política de patrocínios Empresa quer ampliar atuação na área social e buscar novas parcerias Divulgação

Num mundo que muda velozmente, as políticas de comunicação corporativa das grandes empresas precisam se readaptar continuamente, face às transformações socioeconômicas e tecnológicas da sociedade em que estão inseridas. Nesta entrevista, Paulo Bicalho, gerente do Instituto Light e do Centro Cultural Light, revela como a empresa na qual trabalha já consolidou uma filosofia básica de atuação e mostra por quê a organização precisa buscar novas oportunidades nas áreas de patrocínio cultural e de responsabilidade social e ambiental.

Paulo Bicalho: “A Light consolidou um caminho de atuação que ficou impresso no DNA da empresa”

FRL – Como evoluiu, historicamente, a política de patrocínios e apoio a projetos sociais da Light? Paulo Bicalho – Ao longo do tempo, a Light consolidou um caminho próprio de atuação, que ficou impresso no seu DNA. Como a empresa trabalha sob um regime de concessão regional, seu mercado é cativo, caracterizando uma espécie de monopólio na área de distribuição de energia elétrica restrito a 31 municípios do estado do Rio de Janeiro. Durante muito tempo, acreditou-se ser desnecessário investir em comunicação institucional e patrocínios. Por isso, no passado, as ações eram majoritariamente voltadas para o público interno da empresa. Essa política se materializava na edição do jornal interno Turbina e na antiga Revista Light. As poucas peças de publicidade dessa época indicavam uma grande preocupação em tangibilizar o trabalho da empresa, valorizando-o aos olhos dos clientes. As peças de comunicação revelavam o quanto a empresa investia em infraestrutura, na insta-

lação de novos cabos, como atuava quando as chuvas derrubavam árvores sobre a fiação. A Light chegou a publicar diversos anúncios dos serviços de gás encanado e telefonia principalmente. Mas a visão do monopólio, por um lado natural, por outro insuficiente, deve ter se reforçado a partir da estatização da empresa em 1974 – e permaneceu como resíduo até a saída dos franceses em 2006. Com o surgimento da Lei Estadual de Incentivo Fiscal à Cultura, em 1992, o panorama se modificou. Além disso, a empresa havia sido privatizada e estava sob gestão de franceses. O patrocínio a projetos culturais começou e, em 1994, foi criado o Centro Cultural Light, que é o principal equipamento cultural franqueado ao público nesta região da cidade. Nessa época, o Centro Cultural tinha muito conteúdo, com exposições de artes plásticas, shows de música e peças de teatro. Por sua vez, o projeto Caravana Centro Cultural Light, em parceria com as prefeituras, levava eventos artísticos da capital para o interior e vi-

pios clientes do interior fluminense, para aumentar organicamente o consumo de energia e, portanto, o lucro da organização. A ideia central é fazer prosperar a área de concessão da Light, a partir do indivíduo, em todas as áreas, mas com especial atenção às comunidades de baixa renda, no comércio, perseguindo uma equidade na oferta de oportunidades e o estímulo ao enraizamento de valores como coragem, protagonismo, empreendedorismo, perseverança, alegria, senso de pertencimento e responsabilidade etc. ce-versa. Mas a grande mudança aconteceu quando os franceses venderam a Light para um consórcio de empresas brasileiras, em 2006. FRL – Que mudança foi essa? Paulo Bicalho – Estou me referindo à reativação do Instituto Light para o Desenvolvimento Urbano e Social, que foi dirigido pelo urbanista Mozart Serra entre 2006 e 2009, com total apoio do presidente na época, José Luiz Alqueres e do então diretor e atual presidente da empresa, Paulo Roberto Ribeiro Pinto. Nesse período foram realizados os projetos do Museu Light da Energia, do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, do nosso programa de publicações, do inventário das fazendas históricas do Vale do Médio Paraíba, do plano urbanístico da Rua Larga e do projeto Parque Madureira. O Centro Cultural foi dinamizado com diversas atrações culturais. A empresa assumiu um papel de liderança no desenvolvimento urbanístico e econômico da região em que a sede da empresa

está inserida. A criação do polo empresarial local, por exemplo, teve o apoio total do Instituto Light, que ocupou a vice-presidência da entidade durante dois anos. Além disso, foram patrocinados projetos educativos e sociais nas escolas, e o voluntariado dos funcionários foi estimulado. Os novos conceitos de comunicação corporativa que ficaram impressos no DNA da Light foram os seguintes: 1) apesar de a empresa não ter concorrente, ela precisa construir e manter uma boa reputação junto a todos os seus clientes; como mais de 20% do consumo de eletricidade no Rio de Janeiro é representado por gatos ilegais (roubos e fraudes), feitos por pessoas que não pagam sua conta de luz (configurando o terceiro maior índice de furto energético do país), é necessário atuar no sentido do desenvolvimento da cidadania para mitigar esse prejuízo, que é significativo; 2) para que a empresa cresça, precisa agir concretamente a fim de estimular o desenvolvimento do próprio Rio de Janeiro e dos municí-

FRL – Por favor, cite alguns exemplos da política de patrocínios dessa época. Paulo Bicalho – No interior do estado, por exemplo, a Light patrocinou o Inventário das Fazendas Históricas do Médio Paraíba, em parceria com o Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural). Foi criado um site para esse inventário, que já recebeu mais de cinco milhões de visitas virtuais. Além disso, a Light promoveu o I Encontro de História do Vale do Paraíba Fluminense, na cidade de Vassouras. Essas ações contribuem para desenvolver o turismo histórico, cultural e ecológico no interior do estado. Sempre na perspectiva de que o desenvolvimento do mercado cliente representa o crescimento direto do mercado da própria Light. Na época, portanto, trabalhava-se com visão de futuro. Quando o Rio se candidatou a ser Cidade Olímpica, a Light patrocinou, nos anos de 2008 e 2009, um torneio da Liga Profissional de Golfe Feminino. Lembro que foram os ingleses, fundadores da Light, os criadores do pri-

meiro clube de golfe na cidade. Em 2009, a empresa patrocinou também o Volvo Ocean Race, o maior evento de corrida de barco a vela do mundo, posicionando o Rio de Janeiro como uma cidade apta à promoção de esportes daquela magnitude e representatividade. Foram contribuições da empresa à candidatura da cidade que, como vimos, deu certo. Não é preciso muito exercício para imaginar o quanto a escolha do Rio como sede olímpica impacta positivamente o nosso mercado. No campo cultural, é importante mencionar também a edição de livros bilíngues (português / inglês): por exemplo, a série River of January, que objetiva divulgar dentro e fora do Brasil o talento de escritores cariocas, como João do Rio, Machado de Assis, Lima Barreto e Manoel Antônio de Almeida, que, em última análise, contavam e descreviam a cena política e cultural do Rio de Janeiro em suas respectivas épocas. Outra ação importante foi o patrocínio e a criação do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, nas proximidades do município de Rio Claro. Além de resgatar uma importante história do passado, o sítio é um atrativo para o turismo na região. FRL – E na atualidade, como se configura a política de patrocínios da Light? Paulo Bicalho – Recentemente, a Light criou a sua diretoria de Comunicação, para a qual foi nomeado o administrador de empresas Ziza Valadares. Nosso novo diretor, que está conosco há um ano, tem uma visão livre de preconceitos e tem nos estimulado a buscar novos caminhos e soluções mais inovadoras. Esta vi-


cultura

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Divulgação

são teve apoio do diretor-executivo do Instituto Light, Oscar Guerra, que vem buscando reposicionar o Instituto frente aos novos paradigmas do Rio de Janeiro e da própria Light. O desafio atual é tornar o Instituto Light e o Centro Cultural mais independentes financeiramente, através da captação de recursos junto a parceiros interessados em se envolver com a região por meio dos projetos do Instituto. Neste sentido, estamos buscando empresas para realizar copatrocínios e convênios de cooperação. O Instituto tem exercitado seu poder de articulação e vem desenvolvendo arranjos institucionais que envolvem atores dos setores público e privado. Com a viabilização deste plano, pretendemos investir parte no Parque Arqueológico de São João Marcos, na melhoria do acesso e também na capacitação da população local, com o objetivo de aumentar o fluxo de visitantes e a efetiva fruição das oportunidades oferecidas pelo empreendimento. Outra parte deve ir para ações de reforma e construção de espaços multiuso nas comunidades de baixa renda. A socialização, a atividade cultural e a prática esportiva irão contribuir para uma nova dinâmica social nestes territórios que passaram muito tempo sob o domínio do poder paralelo. Nessa vertente de investimentos em comunidades, começamos nossa articulação quando fomos ao Instituto Pereira Passos (IPP), da prefeitura do Rio, para ver o andamento do projeto UPP Social. Aprendemos com o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, que apenas a ocupação policial não resolve os problemas socio-

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Show de Victor Biglione no “Palco do Bonde”: uma das atrações apresentadas no Centro Cultural Light, com entrada franca Divulgação

Museu Light da Energia: diverte e educa crianças e jovens de escolas públicas, contando com a participação ativa dos professores

Atrações do projeto Caravana Centro Cultural Light

econômicos dessas comunidades: é preciso investir também em ações sociais, esportivas e culturais. Junto com o IPP, estamos fazendo um levantamento das demandas por equipamentos socioculturais das comunidades em que foram instaladas UPPs, para investir na sua recuperação e habilitação, de modo que possam servir como base para múltiplos usos. As ações que pretendemos realizar, no fundo, são promotoras do desenvolvimento civilizatório dessas comunidades, ajudando a formar indivíduos que sejam cidadãos mais conscientes, mais integrados e conhecedores de seus direitos e deveres.

Nesse caminho, poderemos melhorar importantes equipamentos culturais e de prática de esportes nas comunidades que precisam de apoio para garantir o funcionamento desses espaços de socialização. FRL – E a segunda vertente de atuação? Paulo Bicalho – Estamos buscando caminhos alternativos de investimento para fontes atualmente existentes, mas com outro olhar, outra filosofia. Um deles é a possibilidade de utilizar parte de um fundo que é gerido pela Light, no âmbito da regulação setorial, em benefício da eficiência energética. Já fomos a Brasília conversar com téc-

nicos da agência reguladora para avaliar a possibilidade de utilizar uma pequena parte desse fundo em projetos em comunidades de baixa renda. Como a quantidade de gatos ilegais só cresce no Rio de Janeiro, encarecendo o custo da eletricidade e prejudicando a qualidade dos nossos serviços com a sobrecarga da rede, queremos trabalhar no âmbito da construção de uma cultura de cidadania plena, para influenciar positivamente os cidadãos no longo prazo. Queremos conjugar a verba deste fundo com as leis de incentivo fiscal do governo do estado. Em matéria de leis de incentivo à cultura e ao esporte, a Light já utilizou, nos últimos cinco anos, uma média anual de R$ 5 milhões de dinheiro próprio. Acrescentar a este montante o uso de uma parcela desse fundo para investimento em projetos socioculturais pode ser um bom caminho para a viabilização da construção desta nova atmosfera cultural, capaz de reduzir tanto o desperdício quanto o furto de energia. A proposta vem sendo bem recebida e recebemos sinal verde para o encaminhamento de um projeto-piloto para análise. A oportunidade que se desenhou é que poderemos ajudar a tornar realidade um grande programa que foi criado pela Secretaria de Cultura. Trata-se de um amplo conjunto de ações, que envolve ativação das bibliotecas-parques das favelas e programas de

capacitação em produção cultural e economia criativa, feiras, rodadas de negócios, fomento ao teatro, ao cinema e à moda, além da criação de um portal na internet para interação dos jovens dessas comunidades, dando a eles e aos seus projetos a visibilidade necessária para captação de recursos e conquista da sustentabilidade. Já estamos preparando uma proposta para avaliação final da Aneel. E aqui cabe uma nova orientação do diretor-executivo do Instituto Light, Oscar Guerra, no sentido de se definir uma política clara de patrocínio, pela qual evitaremos a sobreposição de projetos pontuais em benefício de programas articulados com o setor público e demais atores. FRL – Quais as novas propostas para o Centro Cultural Light? Paulo Bicalho – Na linha do que já disse sobre a independência financeira, vemos que dentro da atual conjuntura econômica da empresa e do setor elétrico, a verba para realização de projetos em nosso Centro Cultural ficou sensivelmente diminuída. Tivemos então a ideia de buscar parceiros externos, através de convênios de colaboração com outras organizações que gostariam de se envolver com a cena cultural da Zona Portuária e da Rua Larga, coproduzindo eventos em nosso Centro Cultural ou na região. A receita gerada pelos convê-

nios e parcerias seria captada pelo Instituto Light e utilizada para produção de projetos, inclusive aqueles que estiverem incentivados pela Lei do ICMS do estado do Rio de Janeiro. Já consultamos a secretaria de Estado de Cultura sobre esta possibilidade e o retorno também foi, em princípio, favorável à nossa proposta. Com isso, pretendemos dar continuidade aos projetos consagrados: Terças Musicais, Botequim da Rua Larga e MPB às 12:30 em Ponto, este último um talk-show conduzido por Ricardo Cravo Albin. Também queremos reativar nossa programação de homenagens e efemérides com uma série sobre Vinícius de Moraes, que contará com shows e exposição. Está ainda em nossos planos a realização do Festival Literário do Porto e do Festival de Jazz e Gastronomia do Morro da Conceição, além do já consagrado programa cultural Animando a Rua Larga. Só falta acrescentar que a nova política de patrocínios e ações sociais da Light está em sintonia com o conceito de marca sustentável, que prevê fatores como persuasão do público, influência no comportamento das pessoas e preocupação com a preservação ambiental, um conjunto de fatores que leva a uma mudança na percepção das pessoas sobre o que significa valor.

mario margutti mfmargutti@gmail.com


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música

Raízes musicais da Região Portuária Onde e como se inspiraram alguns dos maiores compositores populares do Rio Em quais fontes beberam nossos maiores compositores? Com certeza a Região Portuária do Rio de Janeiro teve de alguma maneira influência na formação da maioria das vertentes sonoras que hoje compõem o complexo ramo de estilos musicais de que o Brasil pode-se orgulhar de ter em sua cultura. Desde o início de nossa colonização, o porto do Rio foi uma das entradas no país de influências externas, como as europeias e as africanas, que foram se misturando entre si de forma única no mundo, graças às condições socioculturais que caracterizam nossa cidade.

Historicamente, temos notícias de danças africanas que podiam ser vistas no Cais do Valongo ainda na época da escravatura ou, mais recentemente, no início do século XX, em reuniões na Pedra do Sal (um dos berços do samba). Ou ainda, a partir da década de 40, na Rua Larga, hoje Marechal Floriano, onde começou a surgir um mercado de instrumentos musicais com lojas e luthierias de qualidade manufaturando cavacos, bandolins e violões, atraindo inúmeros músicos e apaixonados pela música. Esse é o caso de Dilermando Reis, que teve uma oportunidade de emprego de professor dado por Mi-

Archimedes Mones

A tradicional roda de choro da loja Ao Bandolim de Ouro: ao fundo, Deo Rian; de costas, Zé do Cavaco Dez e, à esquerda deste, Cidinho Sete Cordas

guel Jorge do Souto, fundador da fábrica e loja Ao Bambolim de Ouro, onde ele pôde mostrar todo seu talento. A loja, aliás, até hoje preserva o espírito incorporado na Rua Larga de reunir músicos e amantes em rodas de choro. Em outro local – que infelizmente já não existe, a loja O Cavaco de Ouro – surgiu um reduto da Velha Guarda do Choro, estilo este que deve ter suas raízes fincadas no entorno desta região repleta de histórias. Uma dessas histórias é a do músico Deo Rian, que substituiu Jacó do Bandolim no conjunto Época de Ouro, que fazia parte dos frequentadores das rodas de choro da década de 60. Passaram ainda

por lá Paulinho da Viola, Rafael Rabello, Pixinguinha e, é claro, Jacó do Bandolim. Estivemos em uma dessas rodas de choro e presenciamos alguns desses momentos mágicos que ainda acontecem todos os sábados pela manhã na Ao Bandolim de Ouro, com a presença de várias figuras que presenciaram a história da Rua Larga através dos anos, como Cidinho Sete Cordas, Zé do Cavaco Dez e outros anônimos mas lendários participantes dessa história. Podemos citar também Genésio Nogueira, violonista e autor do livro Sua majestade o violão, que aborda a vida e a obra de um dos

maiores nomes do violão do Brasil: Dilermando Reis. Podemos ainda mencionar o Beco das Sardinhas, o Largo da Baiana, onde sempre há algum tipo de manifestação cultural. Esta rua e a região parecem realmente ter uma atração mágica, que faz grupos de artistas e músicos se reunirem para criar nichos culturais distintos um do outro e que influenciaram as novas gerações de artistas que vieram a seguir. Em 2009, a Light apresentou o projeto Light ao Cair da Tarde, em seu Centro Cultural. Tratava-se de um festival que teve a ousadia de reunir por um ano os maiores nomes do jazz & blues nacional e alguns ícones internacionais, mantendo viva a tradição da Rua Larga em explorar novas vertentes culturais que promovem a reunião de profissionais e amantes das artes de diversos segmentos. Com as obras de recuperação da região e também da própria Rua Larga, pode ser vislumbrado um novo cenário que propiciará novas oportunidades culturais que de alguma maneira irão influenciando novos artistas e a sociedade como um todo.

archimedes mones confraria gastronômica@oi.com.br


cultura 11 folha da rua larga

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“Os fomentadores é que devem se adaptar aos artistas” Mestre de capoeira comenta as necessidades culturais da Região Portuária Maria Buzanovsky

Carlo Alexandre Teixeira da Silva, mais conhecido como Mestre Carlão, é gerente de Artes e Projetos da Kabula Rio, organização não-governamental dedicada ao ensino e valorização da Capoeira Angola. Como participante do recém-criado movimento ConDomínio Cultural na Região Portuária, ele oferece aos leitores da Folha da Rua Larga uma visão abrangente do potencial desse novo coletivo de artistas e produtores culturais e também aponta suas expectativas quanto aos apoios financeiros, governamentais e privados, que seriam benéficos para os agentes desse território urbano. “O ComDomínio surge com a missão e o compromisso de colaborar com a cultura local, mas, para além disso, queremos servir de guia às políticas públicas da

região. Queremos mostrar às instituições públicas, empresas privadas e aos governos municipal e estadual que a Zona Portuária produz cultura e de que forma nós a produzimos. A partir daí, atuaremos no sentido de capacitar os fomentadores para que entendam as demandas que estão sendo criadas através das nossas produções, para que, com base na realidade, criem um formato adequado de financiamento e instituam programas para a cultura e artistas locais”, afirma Carlão. Para ele, os agentes culturais não precisam se adaptar aos critérios de seus patrocinadores: “Os fomentadores precisam entender as especificidades dos bairros e da população que integram o território cultural da Região Portuária. Nós somos a prerrogativa a partir da qual eles

devem ou deveriam se guiar. Obviamente, não existe só o ComDomínio Cultural. Em nossa região estão baseadas outras organizações culturais e socioculturais, assim como artistas independentes, que também estão se mobilizando e se organizando, o que é bom pra todos nós. Parafraseando Amir Haddad, nós, artistas, não temos que nos adaptar ao governo, aos agentes fomentadores. Eles sim é que devem se adaptar a nós”. Ao ser inquirido sobre como a sua ONG, a Kabula Rio, poderá contribuir para o novo movimento coletivo, Mestre Carlão fala da importância de ocupar os espaços públicos: “Kabula Rio é um projeto baseado nos saberes e fazeres da Capoeira Angola. Temos sede no Rio e em Londres. Tanto lá como aqui, as rodas

Mestre Carlão de Capoeira Angola, atual gerente de Arte e Projetos da Kabula Rio

de capoeira ocupam espaços públicos e espaços de educação, que são nossos grandes objetivos. Os desdobramentos que vêm a reboque dessas ocupações são nossa justificativa para fazer tais ações e intervenções. Estamos dando visibilidade à Arte Pública que está tomando as ruas e praças do Rio de Janeiro. Queremos mostrar, junto a muitos outros artistas, que nós sabemos como produzir arte e cultura do mesmo nível que as chamadas artes finas ou de alta qualidade, profissionais ou clássicas”. A atitude é a de quem acredita plenamente na democracia participativa, que considera superior ao regime da democracia representativa: “Queremos nos tornar visíveis para nós mesmos e para o mundo. Queremos colaborar com um movimento histórico que antes ocupava as ruas e trazia a cultura para o contato direto, participativo e representativo de um povo. Isso acabou ou foi extirpado pela ordem pública. A Kabula e tantos outros grupos agora têm a oportunidade de reanimar essa condição para qual a arte existe”. A ONG Kabula Rio também participa de outro coletivo. É uma das cofundado-

ras do movimento cultural Conexão Carioca de Rodas na Rua, que há quase um ano atrás começou com cinco e agora é integrado por nove grupos de Capoeira Angola. “O Conexão Carioca ocupa sítios históricos e afetivos da cidade e criou um calendário próprio, que deveria ser reconhecido e divulgado pela prefeitura e pelo governo do estado”, conta. E aqui Carlão mais uma vez faz menção ao pensamento do diretor teatral Amir Haddad: “Ele diz que o Rio de Janeiro tem essa vocação e nós devemos trabalhar pra isso, cada vez mais. Temos que avançar na ocupação dos espaços públicos e temos que afirmar a liberdade nesses espaços públicos”. Os grupos e indivíduos que integram o ComDomínio Cultural estão participando dos editais específicos para a Zona Portuária e também de outros promovidos por entidades fomentadoras que já ofereciam ou começam a oferecer financiamento cultural. Contudo, na visão de Mestre Carlão, “nossa região precisa receber uma chancela do Ministério da Cultura para se transformar num dos 110 Territórios Criativos do Brasil, que é uma das metas do MinC no âmbito do Pla-

no Nacional de Cultura”. Por outro lado, ele percebe que “as empresas privadas também já começam a demonstrar interesse em investir nos projetos culturais da área e nós do ComDomínio Cultural estamos atentos a tudo isso, pois queremos ter esta ajuda”. Mas Carlão também reivindica maiores facilidades no acesso às verbas: “O mais importante para o ComDomínio é que tanto o governo quando a iniciativa privada percebam que historicamente a grande necessidade dos agentes culturais, populares ou não, é a conquista da sustentabilidade. E isso só será alcançado a partir da elaboração de políticas públicas que se materializem em programas duradouros, abrangentes e democráticos. É preciso também simplificar as maneiras de acesso às verbas, financiamentos, apoios, editais, prêmios, leis de incentivo fiscal e outras formas de fomento”. A expectativa do mestre de capoeira é que aconteça uma mudança cultural na mente de governantes e empresários: “O ComDomínio representa e reflete a diversidade e complexidade cultural do Rio e da Região Portuária. O movimento agrega todo tipo de arte e possui uma história de singularidades incomparável. Tem também a função de incitador. Os integrantes do movimento desejam, mais do que nunca, provocar um novo olhar e uma remodelação na forma como nós agentes da cultura estamos recebendo recursos e verbas para nossos projetos. Queremos acreditar que estas mudanças mais profundas virão em breve, com a implementação do PMC, PEC e PNL, para que ninguém fique de fora ou que mais uma vez ‘morra na praia’, depois de tantos anos aguardando pelas oportunidades”.

da redação redação@folhadarualarga.com.br


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novembro – dezembro de 2012

patrimônio

Prefeitura incentiva restauro de imóveis históricos Serão destinados R$ 4 milhões para a Região Portuária, através do IRPH Mário Margutti

Através do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a prefeitura lançou, no dia 6 de junho, um programa de preservação do patrimônio da cidade, com foco na Região Central e na Zona Portuária. Em cerimônia realizada no Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, na Praça Tiradentes, o prefeito Eduardo Paes anunciou dois editais voltados para o restauro de imóveis antigos e para o que chamou de “ocupação criativa” de imóveis pertencentes à prefeitura que estão vazios ou em mau estado. O programa tem um aporte de R$ 12 milhões, sendo R$ 8 milhões destinados ao Centro e R$ 4 milhões

Diversos imóveis, como estes da Rua São Bento, precisam urgentemente de restauro

para a região do Porto. O programa dobrou o valor antes previsto para restauro de imóveis no Centro Histórico.

Segundo o prefeito, “trata-se de uma iniciativa inédita, que devolve ao Centro da cidade aquilo que nunca deveria ter perdido: sua

identidade e sua história”. E garante: “O poder público deseja com os editais dar maior agilidade ao processo de restauro da região”.

De acordo com o presidente do IRPH, Washington Fajardo, a prefeitura destinará recursos não reembolsáveis para projetos de restauração de fachada, cobertura, estrutura, instalações prediais e acessibilidade. A concessão de verbas será acompanhada de isenção do IPTU. Um dos editais se dedica a criar moradias. Com o aval dos proprietários, escritórios de arquitetura poderão se candidatar à obtenção dos recursos. O outro edital está focado na recuperação de imóveis pequenos, fechados e em ruínas. “Esses imóveis podem interessar a jovens, startups, iniciativas culturais e economia criativa”, diz Fajardo. E ressalta:

“O Centro do Rio estará totalmente renovado até 2016”. Podem se inscrever neste segundo edital produtoras culturais, ONGs, Organizações Sociais, escritórios de arquitetura, empresas de engenharia especializadas em restauro ou cooperativas de artesãos e restauradores, com até três projetos por CNPJ. Para concorrer, a empresa deve ter sede no Rio. As cotas da prefeitura serão de até R$ 300 mil e não serão aceitas inscrições de pessoas físicas, mesmo que sejam proprietárias dos imóveis.

da redação redação@folhadarualarga.com.br

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morro da conceição

Muito barulho por nada Fotos Teresa Speridião

Depois do vendaval vem a bonança. O vendaval permanece e a bonança ainda estamos esperando. Depois de uma longa reforma que tem o nome de Maravilha, que parece já estar em fase final, eis que os moradores do Morro da Conceição e do entorno levantam as mãos dando sinal de que as coisas não estão tão maravilhosas assim. Um deles reclamou que os paralelepípedos da Rua Pedro Antônio estão arrancados em pelo menos três pontos da via. Há também um afundamento no calçamento da Rua Major Daemon, próximo à Rua Acre. Outro diz que a falta de segurança é total e que carros de não moradores, sobem a Rua Jogo da Bola em alta velocidade, pondo em risco a vida das pessoas, principalmente, de idosos e crianças, que estavam acostumados com o ambiente tranquilo de antes. As pessoas que trabalham na Rua Acre trazem carros para estacionarem no topo do Morro, ocupando a vaga dos moradores. Outro problema é o da companhia telefônica Oi, na esquina da Rua Jogo da Bola com a Mato Grosso: foi retirado o poste que sustentava a fiação e, depois disso, penduraram os fios no canto de uma casa, formando um bolo de fiação. Os enormes cabos que se estendem pela rua abaixo estão quase na altura da calçada. Na mesma rua, um pouco mais abaixo, a situação está ainda pior: outro emaranhado de fios e cabos está pendurado aleatoriamente no muro. É um convite aos ladrões que, há alguns dias, roubaram os cabos, deixando a população do Morro sem internet e sem telefone por dezoito dias. Na esquina da Rua do Escorrega com a Sacadura Cabral há um prédio (o n° 67) que está soltando o reboco. São placas grandes que se desprenderam – e há outras menores na iminência de cair. Os pedestres ficam à mercê

Os parafusos dos postes na Rua Sacadura Cabral ferem constantemente os transeuntes e nada é feito para protegê-los

Perigo elétrico: fiação embaralhada na Rua Jogo da Bola

A fiação caída facilita o roubo de cobre na região

Calçamento desnivelado na Rua Major Daemon

A tampa do bueiro é uma ameaça para os pneus dos carros

do destino, da sorte, da Lei de Newton e da ajuda divina. Há também a questão das manilhas de água e esgoto que descem da Rua Argemiro Bulcão. Quando chove, inundam as colunas de sustentação e a lixeira do prédio 117 da Sacadura Cabral. Os fundos desse edifício ficam na Rua Argemiro Bulcão e, antes das obras na região, isso não acontecia. A síndica já reclamou, mas nada foi feito. Tanto no Morro da Conceição como na Rua Sacadura Cabral pode-se observar que, na base dos postes de iluminação fixados nas calçadas, há expostos quatro parafusos com uns 5 cm, pondo em risco a segurança dos passantes. Uma situação bem diferente dos postes do mesmo tipo, colocados na Zona Sul, que têm suas bases protegidas. No Largo da Prainha, Rua Sacadura Cabral, n° 77, há um desnível abrupto na calçada, onde várias pessoas já caíram. Quando chove, o local se transforma em piscina. Um pouco mais à frente, na Rua Camerino, foram colocadas manilhas gigantes que de nada adiantaram. Quando cai a chuva, nascem rios sem peixe na própria rua, também na Sacadura Cabral e, principalmente, na Coelho de Castro. Além do mais, o asfalto da Camerino, em frente às escadas do Valongo, cedeu com a água que brota do asfalto, formando um pequeno lago. Os ônibus e carros que passam em alta velocidade molham os pedestres menos atentos. O vazamento já foi

consertado duas vezes, mas a água continua minando. Capítulo à parte são os comerciantes da região. Muitos não resistiram ao longo tempo das obras e fecharam suas portas. Aqueles que permaneceram estão sem poder receber as mercadorias para comercializar. Quando os fornecedores chegam não encontram vagas para carga e descarga. Como são cercados por guardas e multados, muitos fornecedores já não querem fazer mais as entregas, com medo das multas. A Sacadura Cabral ficou mais estreita e os passeios mais largos. Falta gente para tanto passeio e sobram carros para as poucas vagas, para o deleite dos guardas que multam os próprios moradores até nos fins de semana. Túnel Muitas pessoas estão com medo das explosões de dinamite que furam o túnel e estremecem as janelas dos prédios de madrugada. Os moradores reclamam que as portas já estão ficando emperradas. Além disso, nas calçadas da Sacadura Cabral, os tijolões de cimento estão irregulares e ondulados, principalmente, do número 114 até o Largo da Prainha. Esses altos e baixos da calçada obrigam os idosos a andarem no asfalto para não tropeçarem. Assim, de problema em problema, moradores, comerciantes e passantes vão levando suas vidas e entregando seus destinos pacifica-

mente ao bel-prazer das autoridades que nos conduzem. Por falar em conscientização de um povo, é melhor encerrar esta coluna com a questão da educação. A Escola Padre Francisco da Motta, que tinha como mantenedora a Venerável Ordem Terceira da Penitência, no final do ano passado demitiu todos os seus funcionários. O motivo alegado foi uma grave crise financeira sofrida pela VOT. Depois de muita luta, sob a liderança da diretora Taiza Della Libera, e da mobilização da imprensa, de amigos, pais e alunos, e também com a ajuda de entidades como o Rotary Club, a escola continua de pé. Taiza conta que foi feito um comodato com a Ordem e criada uma associação de pais, amigos e alunos, para manter a escola. Agora a diretora da escola faz um apelo aos empresários do entorno, ex-alunos e amigos da escola, para que contribuam com a Associação criada. Muitos pais estão deixando de pagar os R$ 100 solicitados pela escola. Algumas pessoas deixaram de contribuir, quebrando o elo financeiro e dificultando a administração. A palavra de ordem agora é: vamos formar uma corrente para que essa tradição da educação, com 116 anos de vida e 1.300 alunos continue formando e educando os menos favorecidos.

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com


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gastronomia

Onde o rock e a quadrilha convivem harmoniosamente

receitas carol

Restaurante Yellow Submarine se destaca pela diversidade gastronômica e musical Mário Margutti

Fui almoçar no Yellow Submarine em uma quinta-feira. Cheguei cedo à casa e nem precisei ouvir as badaladas do sino da Igreja da Candelária para saber que o horário oficial de almoço estava começando. Ao meio-dia em ponto, uma fila começou a se formar entre as mesas, que até então abrigavam um ou outro comensal de apetite mais ansioso. O simpático restaurante, localizado na esquina da Rua da Candelária com o Beco do Bragança, chama atenção dos passantes pela bela decoração temática. Como o nome sugere, a casa presta homenagem a uma das bandas de maior sucesso de todos os tempos: The Beatles. Fotos e pôsteres do grupo de rock em preto e branco compõem toda a ornamentação do salão, com exceção de um grande painel colorido, com caricaturas dos integrantes do fenômeno londrino. Apesar de já existir há 16 anos, a casa está de cara nova há cerca de um ano e meio, quando foi realizada uma grande reforma, que incluiu a repaginação do ambiente. “Eu e meu marido, que abriu o restaurante comigo, sempre fomos fãs dos Beatles. Ele fez parte de uma banda nos anos 80 e a música sempre esteve presente na nossa vida. Nós nos sentimos privilegiados em poder homenageá-los”, conta Cristiane Zimetbaum, dona do Yellow Submarine. Diferente de outros bufês a quilo, o cardápio da casa conta com o elemento surpresa. A casa não trabalha com nenhuma culinária específica e não existe um cardápio fixo para cada dia da semana, o que resulta em um mix de pratos que

Apesar das árvores parecerem tristes nesta época do ano, a natureza ainda é bem generosa. Temos muitas frutas e legumes disponíveis para nos aquecer neste início de inverno, como caqui, abacate, pimentão, tangerina e abóbora, que é um dos meus

legumes preferidos. Com ela podemos fazer uma infinidade de pratos que têm a cara do outono. Escolhi o nhoque, receita deliciosa com jeito de confort food, que ajuda a acabar com a preguiça e faz um carinho na alma. Bon appétit!

Nhoque de abóbora com molho gorgonzola ACP

Divulgação

O ambiente do restaurante é charmoso e abençoado pela doce memória dos Beatles Mário Margutti

Comida saborosa e variada, com opção também de carnes na chapa

promete agradar a todos os paladares. O cliente pode comer normalmente no sistema a quilo (R$ 47,90) ou optar pelo Flex, onde paga um valor fixo de R$ 30,90 e come à vontade: “O Flex faz muito sucesso às sextas-feiras, quando servimos nossa feijoada, que é muito famosa! As carnes vão para a bancada em recipientes separados, para que o cliente selecione suas favoritas. Entre os acompanhamentos, tem couve mineira e abóbora, entre outros”, explica a proprietária. Outro destaque da casa são as sobremesas, que compõem um cardápio de cerca de 10 opções bem servidas, caseiras e de pre-

ço justo. Entre os doces tentadores estão a Banana Suspirosa (R$ 8), banana frita com suspiro, e o Pavê da Casa (R$ 9), deliciosa versão da torta alemã, servida com calda quente. Para quem prefere manter a linha durante a semana, encontram-se opções mais leves, como gelatina diet (R$ 4) e salada de frutas (R$ 6). Este mês, o Yellow Submarine realiza um dos eventos mais esperados pelos fiéis clientes da casa: a festa junina! Na segunda quinzena de junho, o restaurante ganha decoração e músicas típicas da tradicional comemoração e todos entram no clima, dos funcionários, que trabalham

a caráter, aos clientes, que participam de brincadeiras, como a pescaria, que valem mimos como uma paçoca ou um beijo da “caipira”, personagem que anualmente participa da festança. “Durante a quinzena, investimos em pratos típicos das festas juninas: canjica, quindão, cocada... E a música e a decoração especial também dão um clima bacana. Os clientes adoram“, garante Cristiane. Essa quermesse com um toque de Beatles com certeza é uma combinação inesperada e imperdível!

danielle silveira daniellethamires@hotmail.com

Ingredientes Nhoque de abóbora 300 g de batata 300 g de abóbora cortada em cubos 1 colher (sopa) de azeite extravirgem 3/4 de xícara (chá) de farinha de trigo 1/3 de xícara (chá) de amido de milho (maisena) 1 ovo 4 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado 1 colher (sopa) de sálvia picada bem pequena Sal a gosto

pere com sal e pimenta. Amasse com as mãos. 5. Se estiver grudando, coloque mais farinha de trigo. Faça rolinhos com as mãos numa superfície polvilhada com farinha de trigo e corte em pedacinhos. 6. Cozinhe em água fervente com sal até que o nhoque venha à superfície. O nhoque deve ser cozido imediatamente após o preparo, para não grudar. 7. Coloque num recipiente e regue azeite.

Molho de gorgonzola 2 1/2 colheres (sopa) de manteiga sem sal 2 1/2 colheres (sopa) de farinha de trigo 800 ml de leite 250 g de queijo gorgonzola ralado 1/2 xícara (chá) de vinho tinto (opcional)

Molho de gorgonzola 1. Leve uma panela ao fogo, adicione a manteiga e, quando derreter, junte a farinha. Cozinhe-as até que a mistura fique dourada. Vá adicionando o leite aos poucos, em fogo médio, mexendo sempre para não encaroçar. 2. Adicione o vinho e o queijo e deixe ferver para derreter o queijo. 4. Misture o molho ao nhoque e polvilhe parmesão ralado. Sirva imediatamente. Rendimento: 4 porções

Modo de Preparo Nhoque de abóbora 1. Cozinhe as batatas com casca na água. 2. Refogue a abóbora numa panela com azeite. Cozinhe-a em água. 3. Amasse, ainda quentes, a batata e a abóbora, como se fosse fazer um purê. Deixe esfriar totalmente. 4. Junte ao purê frio de batata e abóbora, a farinha, a maisena, o queijo ralado, a sálvia picada e o ovo, e tem-

ana carolina portella carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol. blogspot.com


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história baú da rua larga Tropelias da polícia na refrigerante sombra da Rua Larga A história de um povo está retratada nos jornais! Um primo de saudosa memória, que gostava da leitura dos pasquins com validade vencida, acompanhava as notícias como se fossem capítulos de um livro. As guerras, as revoluções, o cotidiano popular e a política, para ele, tinham um sabor de romance. Em 24 de maio de 1874, à noite, conversavam dois cidadãos “qualificados” na Rua Larga, quando foram intimados por um “urbano” que os mandou circular. A notícia saiu no jornal O Brasil. O editor relata que, diante da negativa dos rapazes e de dois negociantes que chegaram para juntos protestarem contra a “tropelia do urbano”, foram encaminhados à polícia. O excesso policial foi resolvido pelo delegado Figueira de Mello, que se desculpou com os honrados negociantes. Pergunta então o editor: “Em que épocha estamos? Sob que regimen vivemos?” O funcionalismo público, sempre muito criticado, servia de contraponto para uma notícia do Correio Mercantil. Existiam três lugares perigosos e propícios para emboscada no Rio de Janeiro: a praia de Santa Luzia, a Rua Nova do Conde e a Rua da Relação. Quanto à municipalidade... esta também tem seus esconderijos e são muitos, escuros, ótimos para o descanso dos fiscais e guardas, enquanto as posturas e normas são muito claras. No semanário A vida fluminense eram citados os “tempos difíceis”. Talvez parecidos com os que vivemos. Um anônimo denunciava ao comendador Dias da Cruz – nome de uma das ruas do Méier atual – que o estado das ruas dos Andradas e São Pedro eram um escândalo, onde segundo ele haviam “caldeirões capazes de engolir uma machambomba inteira”. Não estavam em melhor sorte o calçamento da Rua Larga de São Joaquim, próximo da igreja de mesmo nome. Deplorável, dizia o cidadão, e causador de solavancos monstruosos aos que ali transitam, quer em cômodas caleches, quer nas desconjuntadas diligências. As árvores que foram plantadas ao longo da rua foram abandonadas, morrendo em pouco tempo. Reclama o cidadão: “Se houvessem cuidado, teríamos grandes copas e refrigerante sombra para o povo transeunte que vai diariamente à estação D. Pedro II, ou às diversas repartições da Secretaria da Guerra”. Salientava o missivista que “sombra, sombra e mais sombra, e água em profusão” é o que precisa a cidade para ter boas condições sanitárias. E mais adiante solicitava que não se ouçam os médicos, pois a eles só interessam grande número de enfermos e pelo menos uma epidemia por ano. A novidade fantástica do ano ficava por conta das “pedras que andam”, da Austrália, divulgadas pelo jornal Naturaliste Canadien. Pequenos calhaus, seixos, encontrados em charcos que, se colocados em cima de uma superfície lisa, entram logo em movimento e juntam-se como ovos num ninho. Enquanto isso, o Jornal da Tarde de 18 de julho de 1870 noticiava que, no palacete do Sr. Barão de Itamaraty, situado na Rua Larga de São Joaquim, era oferecido um baile de gala a Sua Alteza o Sr. Conde d’Eu, pela oficialidade da Guarda Nacional da Corte. O povo comparecia ao Circo Olympico, companhia do Sr. Bartholomeu, acrobata calorosamente aplaudido por todos. O jornal A Reforma de 5 de janeiro de 1871 publicava o apelo de alguns moradores para a algazarra insuportável num andar térreo de uma casa. O pagode começava às 10 e 11 horas da noite, a pretexto de ensaiar danças e cantigas, e varava a madrugada. “É tempo de fazer cessar certos hábitos e costumes que muito depõem contra a nossa civilização e que são péssimas consequências para a moralidade pública”, suplicavam os moradores. Tropelias policiais, ruas mal cuidadas, sanitarismo deficiente, festas em palácios e circo para o povo. Coisas antigas? Talvez não... aloysio clemente breves beiler soubreves@yahoo.com.br

Extinto colégio tradicional da Praça Mauá Enquanto o Colégio Municipal Vicente Licínio Cardoso comemora a inauguração de um Ginásio Experimental de Artes, o colégio estadual que tem o mesmo nome entrou em processo de extinção no dia 20 de maio de 2013, por recomendação da Secretaria de Estado de Educação. Antes da extinção, o colégio estadual havia sido transferido da unidade municipal com a qual compartilhava salas e instalações, para um prédio da Avenida Venezuela, deteriorado, com carteiras de criança inadequadas para uso de jovens, numa região perigosa, de viciados em crack. O tradicional colégio será absorvido por outro, o Colégio Estadual Julia Kubitschek, que fica na Rua General Caldwell, 132. Em carta

LIGUE. ACESSE. ANUNCIE.

(21) 2233 3690 www.folhadarualarga.com.br

folha da rua larga

Fotomontagem Marfemp

aberta à população, divulgada na internet, o último diretor do Colégio Estadual Vicente Licínio Cardoso, Luiz Carlos Torres, lamenta a perda das raízes culturais do centro de ensino que ele dirigia: “Depois de finalizada a absorção, a direção do CE JK deverá se pronunciar sobre a nova linha

administrativa e pedagógica da unidade, agora não mais CE Vicente Licínio Cardoso e não mais escola de identidade portuária, das tradições da favela e das heranças africanas da região”. Em sua carta, o diretor não esconde a certeza de que ele e seus alunos foram vítimas

de um processo exclusivo: “Nossa saída da Região Portuária (em janeiro de 2013), como demanda indireta do projeto Porto Maravilha, só nos deixa mais entristecidos pela clareza de exclusão que fomos vítimas mais uma vez. Não somos apenas uma escola da Região Portuária. Vivíamos cotidianamente na árdua tarefa de interagir escola e comunidade com a perspectiva de uma escola local que éramos e resgatávamos em falas e ações pedagógicas (no possível) sobre essa singularidade. Nos últimos três anos à frente da direção da unidade, esse era nosso esforço”.

da redação redação@folhadarualarga.com.br


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dicas da cidade Dois complexos Até 28 de julho, o Instituto Pretos Novos (Rua Pedro Ernesto, 32/34 – Gamboa) estará apresentando a exposição coletiva de fotografia 2Complexos, que reúne trabalhos de jovens moradores dos Complexos do Alemão e da Maré. A mostra foi idealizada pelo curador Marco Antonio Teobaldo e exibe os resultados de dois relevantes projetos socioculturais que são realizados naquelas duas comunidades. Um deles é o coletivo Foto Clube Alemão, projeto coordenado pelo fotógrafo profissional Dhani Borges, que criou o clube junto com o jovem morador Bruno Itan, e ensina aos moradores o uso de câmeras digitais e captura de imagens em telefones celulares. De acordo com Borges, a proposta é “fortalecer a cultura da fotografia dentro do complexo, com gente fotografando e sendo fotografada”. Os jovens do Alemão que participam da mostra são: Alexandre Correia, Baba (Edson J. Silva), Bruno Itan, Célio Ferreira, Dhani Borges, Diogo Luz, Michelle Beff e Tiago Bastos. Foto de Jonas Willami Ferreira / Projeto Mão na Lata

Os raios de luz que passam por um furinho na lata, feito por uma agulha, sensibilizam o papel fotográfico e criam uma foto de imagem imprevisível: eis a técnica do pinhole.

O outro projeto sociocultural é o Mão na Lata, que é coordenado por Tatiana Altberg na Maré. Ela ensina aos jovens da comunidade o processo do pinhole (uma lata de metal reciclada é furada, o que permite a passagem da luz por alguns segundos, gerando assim a imagem diretamente sobre o papel fotográfico, que é colocado dentro da lata). Os alunos de Tatiana operam, assim, com fotos analógicas, enquanto a turma do Foto Clube Alemão atua com modernos equipamentos digitais. Para ela, que criou o projeto em 2003 em parceria com a OSCIP Redes da Maré, “a fotografia é importante para os jovens, porque faz pensar”. De forma lúdica e educativa, as câmeras são confeccionadas pelos próprios adolescentes que participam do projeto – e eles também revelam os negativos que originam as fotos. Na contramão da foto instantânea, o projeto Mão na Lata busca aliar educação, fotografia e literatura no desenvolvimento artístico, pessoal e social dos adolescentes da Maré. Os fotógrafos são: Augusto Araújo, Bruna Kely Barbosa, Fagner França, Franciele Braga, Géssica Nunes, Jailton Nunes, Janaina Lopes, Jonas William Ferreira, Juliana de Oliveira (Juba), Larisse Paiva, Lucas Eduardo Mercês da Costa, Nicole Cristina da Silva, Rafael Oliveiria, Ruan Torquato e Yasmin Lopes. Para o curador Marco Antonio Teobaldo, “a produção recente de jovens fotógrafos das duas comunidades é uma oportunidade para compreendermos melhor a cidade onde vivemos”. A exposição foi inaugurada no dia da Abolição da Escravatura, 13 de maio, data em que o Instituto Pretos Novos também comemorou oito anos de existência. A entrada é franca.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

CCBB antecipa FotoRio 2013 Divulgação

O FotoRio 2013, encontro internacional bienal de fotografia, criado em 2003 pelo fotógrafo e antropólogo brasileiro Milton Guran, teve sua edição deste ano antecipada: no dia 27 maio, no 4º andar do Centro Cultural Banco do Brasil, foi inaugurada a exposição Charlotte Rampling – Álbuns Secretos. Com patrocínio da GVT, a mostra é resultado de uma parceria entre os realizadores do FotoRio e a MEP – Maison Européenne de la Photographie, de Paris. Organizada por Milton Guran, a exposição leva também a assinatura de Jean-Luc Monterosso, filósofo francês que foi fundador e é o atual diretor da Maison Européenne de la Photographie (Casa Euroeia da Fotografia), sediada em Paris. A mostra, apresentada em duas salas do 4º andar do CBB, apresenta a atriz Charlotte Rampling na frente e atrás das câmeras. Na primeira sala da mostra, os visitantes tomam contato com ensaios em 24 poses diferentes, assinados

A intimidade e a carreira cinematográfica da atriz Charlotte Rampling são os temas da exposição Álbuns secretos, no CCBB

por alguns dos mais importantes fotógrafos do século XX, tais como: Bettina Rheims, Helmut Newton, Alice Springs, Jeanloup Sieff, Cecil Beaton, David Lynch, David Bailey, Norman Parkinson, Juergen Teller, Jacques Bosser, Peter Lindbergh e Paolo Roversi. A intimidade da atriz é revelada na segunda sala, à qual o público chega através de um portal, onde os “álbuns secretos” de Charlotte Rampling são desvendados progressivamente. O destaque é um painel de 2,40 x 2,90 metros, cópia do mural fotográfico que a atriz montou ao longo de

30 anos, em seu escritório, em Paris. O mural exibe fotos de família, dos filhos Barnaby e David, dos amigos, sua vida familiar. Na mesma sala, uma vitrine com seus álbuns secretos, mostrados pela primeira vez ao público em geral, revela fotos de sua infância e adolescência, juntamente com imagens que mostram a intimidade das muitas viagens que a atriz fez ao Extremo Oriente. No mesmo ambiente, foi estruturada uma instalação com monitores de TV que transmitem uma música original, composta para Charlotte pelo músico francês Jean Michel Jarre (seu ex-ma-

rido) especialmente para esta exposição. Inglesa de nascimento, Rampling é filha de uma pintora com um coronel do exército que foi campeão olímpico da equipe britânica de corrida por revezamento. Ela estudou em colégios de elite (Jeanne d’Arc Académie pour Jeunes Filles, de Versalhes, na França, e St. Hilda School, de Bushey, Reino Unido. Após uma rápida carreira de modelo, Charlotte Rampling fez sucesso no cinema com o filme A bossa de conquista, de 1964. A partir daí, seguiu carreira notável nos cinemas francês, italiano e britânico. Quando jovem, a atriz tinha um estilo sexy com um toque masculinizado, que chamou atenção do público e da crítica. O CCBB fica na Rua Primeiro de Março, 66 e a mostra fotográfica tem entrada franca e fica em cartaz até 21 de julho.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Roda de Samba no Imaculada O Imaculada Bar-Galeria, na Ladeira João Homem n° 7, no começo da subida do Morro da Conceição, consolidou sua tradição de promover uma roda de samba aos sábados. A música começa às

16 horas. Não podem ser feitas reservas e por isso o que vale é a ordem de chegada. O bar tem tamanho pequeno e seus atuais proprietários zelam pelo respeito à vizinhança como regra fundamental do seu

funcionamento. Por isso, não é permitido o consumo do lado de fora, na rua. O espaço do bar termina na calçadinha. A música acaba, impreterivelmente, às 19h. Com esse espírito, os comerciantes e moradores

do Morro da Conceição asseguram um estilo de vida pacato, que envolve a preservação dos casarios históricos e os cuidados com as calçadas e plantas dos vizinhos. O couvert artístico da roda de samba custa R$ 15.

Bibi Ferreira, filha de Procópio Ferreira, que cursou a Martins Pena, já esteve na escola para conversar com os estudantes. O diretor da Martins Pena, Roberto Lima, afirmou: “Estamos vivendo um ano muito especial e emocionante, com várias atividades exaltando este século de formatura. É uma escola que tem muitas histórias marcantes para contar”. Pela instituição de

ensino passaram grandes nomes da dramaturgia nacional, como Procópio Ferreira, Teresa Raquel, Joana Fomm e Alexandra Richter, entre outros. A Escola Martins Pena fica na Rua 20 de Abril, 14, perto do Campo de Santana.

Centenário teatral A Escola Técnica de Teatro Martins Pena está festejando um século da formatura de sua primeira turma de alunos. Trata-se de um centro de ensino público, fundado em 1908, que se tornou referência no Rio de Janeiro para quem deseja fazer teatro e não tem condições financeiras de arcar com as despesas de um curso particular. Basta dizer que na última seleção

de alunos, em dezembro de 2012, houve 1.200 inscrições para concorrer a apenas 30 vagas, 15 em cada turno (manhã e noite). No semestre anterior, foram 840 inscrições para o mesmo número de vagas. Para os festejos do centenário, estão previstas diversas atividades, como a realização de uma Semana Pedagógica que começa no dia 25 de maio.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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