Teresa Speridião
Um impulso ao exercício da cidadania
Jovem artista quer mostrar o que falta no Morro da Conceição
Presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região Portuária, Alberto Silva explica objetivos e ferramentas do programa Porto Maravilha Cidadão.
Recém-integrado ao Projeto Mauá, David Coelho planeja registrar intervenção artística no Morro da Conceição para mostrar cotidiano e carências do local.
folha da rua larga
cultura e cidadania I capa
cultura e cidadania I página C3
folha da rua larga RIO DE JANEIRO | NOVEMBRO – DEZEMBRO DE 2013
cultura e cidadania
Arte de rua: a diferença entre grafite e pichação
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 42 ANO VI
Centro Cultural José Bonifácio reabre para visitação pública após restauro Divulgação
A Região Portuária tem sido cada vez mais cenário de arte de rua, inclusive abrigando eventos temáticos de porte internacional. A matéria conta a origem mundial das intervenções nos muros da cidade, de antes de Cristo até a atual Zona Portuária carioca. páginas C6 e C7
história
Um passeio pela Rua Larga do século XIX A coluna de Aloysio Clemente Breves Beiler traz episódios reais do século XIX evocados pelo autor, atual frequentador da antiga Rua Larga e arredores. Para ilustrar, uma bela pintura de Edward Francis Finden, que retratava o mercado de escravos na época.
cultura e cidadania I página C8
página 4
Lielzo Azambuja
gastronomia
O imperdível jiló doce do 177 página 14 Divulgação
cultura e cidadania
Experiências de sucesso em educação pública na Zona Portuária Bárbara Portilho, diretora da Escola Rivadávia Corrêa, e Inês Resende, diretora pedagógica do Colégio Vicente Licínio Cardoso, explicam como funcionam os Ginásios Experimentais Cariocas. Segundo elas, as 29 unidades do gênero acrescentam matérias como Protagonismo Juvenil, Projeto de Vida e Artes Visuais ao currículo convencional. páginas C4 e C5
2 folha da rua larga
novembro – dezembro de 2013
nossa rua espaço dos leitores Descaso na Rua Barão de São Félix
Fiação aérea no Morro da Conceição
Foto enviada por leitor
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Comentários dos leitores “Ninguém pode trabalhar. Há esgoto a céu aberto, está tudo entupido... Se continuar desse jeito, as lojas irão fechar. Meu estabelecimento tem 39 anos e todos os dias penso em fechá-lo.” Proprietário do Restaurante Sentaí “Quem quiser passar pela rua precisa usar uma roupa de motoqueiro para não tomar banho de esgoto, que corre a céu aberto. Assim, quando os veículos passam, a lama sobe pelo passeio. A proporção de lojas fechadas para as abertas é de um para um. O abandono é total e as autoridades exigem que nossos deveres sejam cumpridos rigorosamente. Somos frequentemente extorquidos pelos guardas municipais. Até mesmo a placa de carga e descarga foi furtada. Dessa forma, qualquer comerciante fica desestimulado a trabalhar. Nós não podemos reformar a rua, pagamos nossos impostos para isso. Cabe às autoridades fazê-lo.” Proprietário da Casa de Comércio Ferragens e Dutos “Existe uma cracolândia bem em frente ao meu estabe-
lecimento, e que aumenta o número de usuários a cada dia. Não são violentos, mas aqui acampam, cozinham e usam a rua como banheiro.” Proprietário do Alto Píer Mauá Resposta da Cdurp e da SMDS Com relação à referida situação, em nota, a Cdurp responde: “Na etapa atual das obras, já houve melhorias no sistema de drenagem de águas pluviais. No entanto, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) não tem autonomia para determinar que a Concessionária Porto Novo, contratada da Prefeitura do Rio para executar obras e serviços do Porto Maravilha, intervenha em redes da Cedae (água e esgoto). A solução para essas ruas (Barão de São Félix e entorno) depende de intervenções conjuntas. Ciente de que a situação da Rua Barão de São Félix é crítica, a Cdurp estuda a possibilidade de antecipar o calendário para esta rua para o início de 2014”. Quanto à denúncia de cracolândia, em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social responde: “Diariamente, ações da SMDS acolhem cerca de 15 pessoas em situação de rua na região. A SMDS esclarece ainda que os adultos abordados e convidados a ingressar na rede acolhedora do município têm o livre-arbítrio de acompanhar ou não as equipes. O monitoramento da região será intensificado”.
folha da rua larga Conselho editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,
Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins
Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário
Diagramação - Suzy Terra
Margutti, Mozart Vitor Serra
Revisão tipográfica - Raquel Terra
Direção executiva - Fernando Portella
Produção gráfica - Paulo Batista dos Santos
Editora e jornalista responsável - Sacha Leite
Produtora Executiva - Roberta Abreu
Colaboradores - Aloysio Clemente Breves, Ana
Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.
Carolina Portella, Clarice Martins Tenório Barretto, Daniel
Contato comercial - Teresa Speridião
Murgel, Elisa Rigoto, Fernando Portella, Yuri Maia, Lielzo
Tiragem desta edição: 8.000 exemplares
Azambuja, Luciene Braga e Teresa Speridião
Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br
Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br
Comentário do leitor “A fibra ótica foi instalada no Morro da Conceição, mas os moradores estão insatisfeitos com a colocação feita de maneira inadequada. Se o Morro é tombado pelo Iphan, com tantas exigências nas fachadas das casas, por que a fibra ótica foi colocada sem nenhum critério, descaracterizando o casario?A displicência foi tamanha, que portas foram furadas para a passagem dos fios...” Proprietário do Bar do Sérgio, no Morro da Conceição Resposta da Cdurp A Cdurp informou que a instalação de fibra ótica é feita mediante autorização por escrito do usuário, que precisa concordar com o procedimento.
A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9, sala 101, CEP: 20090-010, pelo fax (21) 22333690 ou através do endereço eletrônico leitor@ folhadarualarga.com.br.
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novembro – dezembro de 2013
história baú da rua larga Comércio florescente, alforrias, missas e um pedaço de fachada Um passeio pelas ruas centrais do Rio, admirando a pouca arquitetura antiga que resta na cidade, me leva à reflexão de como teria sido a vida dos cariocas num tempo mais remoto e não tão distante. Por conta do trabalho numa empresa próxima à Av. Marechal Floriano, coloquei algumas vezes meu carro num estacionamento que fica no número 209. Do lado direito, apenas uma parede muito antiga que restou de uma fachada e uma entrada de carros, para quem chega da Central do Brasil. Ao entrar, deixando o pensamento voltar ao passado, reconstruo o belo sobrado residencial onde residiu por algum tempo Dona Ana Clara de Moraes Costa. Filha dos barões do Piraí, sobrinha do
“rei do café” Joaquim Breves, e uma das herdeiras das fortunas do Vale do Café Fluminense, Dona Ana morreu em 28 de novembro de 1876, deixando em testamento uma fortuna e a alforria a pelo menos 20 escravos: Reginaldo, com três apólices da dívida pública de mil réis cada; Adriana com duas apólices. Também libertou: João, Bibiana, Elesbão, Henriqueta e Ernesto, pardo, que deveria ficar com sua filha Cecília, obrigando-a a educá-lo e aprender o ofício de boticário. Aplacando sua consciência e tendo a certeza do caminho do Céu, seu testamenteiro, cumprindo suas exigências, mandou celebrar 650 missas: por sua alma; pelas almas de seus pais, irmãos, tios, cunhados, parentes e compadres, maridos (foi casada duas vezes), escra-
vos e purgatório. No dia de seu enterro mandou distribuir uma boa fortuna aos pobres e aos escravos. Uma de suas filhas, Ana Clara, se casou com o fidalgo russo Maurice Haritoff e foi a grande dama dos salões imperiais, promovendo festas em seu palacete em Laranjeiras e em sua fazenda Bela Aliança, em Piraí, RJ. Chamada de condessa Haritoff, Ana Clara Breves de Moraes Costa morreu muito jovem e ficou eternizada numa tela de grandes dimensões, de autoria do alemão Richter, em exposição no Museu Nacional de Belas Artes. Para sua filha Rita, deixou o imóvel do número 209 da Rua Larga de São Joaquim. Em pouco tempo, Rita vendeu a casa de dois pavimentos com quintal nos fundos que serviu
Tela de Edward Francis Finden, que retrata o comércio de escravos na Rua Larga de São Joaquim, 1824
a diversos propósitos: residiu um professor que fundou um colégio, funcionou uma associação comercial, foi vendida e alugada sucessivamente até a sua demolição. As transformações do progresso não me impedem de imaginar a história da famosa rua, que se valia das bestas movidas a capim puxando os
bonds da Carris Urbanos que eram a força motriz vigente. Agora, circulam os automóveis, nossas “bestas atuais”. Perdemos o esterco, ganhamos rapidez, fumaça e poluentes. Durante algum tempo, por conta da proximidade com o Porto, do trotoir intenso de prostitutas, ladrões, escravos, jogadores e capoeiras, a rua fi-
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cou com má fama. Hoje, na barulhenta via, o comércio de louças e ferragens progride, talvez atendendo à simpática quadrinha publicada no jornal Estação em dezembro de 1900: “Que minha face empalideça e encove, si eu minto, quando digo a toda a gente, que só se compra louça de patente, na rua Larga, cento e vinte e nove”. Eu continuo na minha caminhada e chego ao Largo de Santa Rita, um templo de fé, exemplo grandioso do barroco-rococó, onde devotos rezam e acendem velas, e na rua, os não menos cristãos fazem uma pausa, para a sardinha frita e chope gelado, abençoados também.
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cultura e cidadania novembro – dezembro de 2013
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• Representantes do Ginásio Experimental Carioca e Ginásio Experimental de Artes Visuais explicam a metodologia inovadora aplicada nestas escolas públicas da Zona Portuária do Rio. páginas C4 e C5
• Alberto Silva explica a política de incentivos do projeto Porto Maravilha Cidadão e lembra da importância da participação popular ao longo do processo de requalificação urbana da região. página C3
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
Edição Especial
Arte engajada e reflorestamento do Morro da Conceição David Coelho, novo integrante do Projeto Mauá, planeja trazer mais verde à região Teresa Speridião
Morador do Morro da Conceição há três anos, David Coelho estreará no Projeto Mauá, coletivo de artistas que abrirão ateliês no Morro da Conceição entre os dias 6 e 8 de dezembro de 2013. Nascido em Inhaúma, região do Complexo do Alemão, seu interesse pelo audiovisual o trouxe para a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Centro do Rio. Recentemente, conseguiu uma bolsa-sanduíche na Universidade de Sorbonne, em Paris. De lá, David trouxe muitas experiências audiovisuais que contribuíram para sua produção atual, ligada ao cinema marginal. Por ocasião do Projeto Mauá, o jovem artista pretende fazer uma intervenção urbana, indicando o que já se deu por encerrado, mas que estaria por finalizar, nas obras do Porto Maravilha. A ideia é completar, com recursos de artes visuais, o que ficou faltando com relação ao projeto original da reforma. Para isso ele usará material plásti-
David Coelho pretende assinalar o que falta finalizar nas obras do Porto Maravilha
co e fitas adesivas. David pretende registrar tais intervenções e trazer a arte das ruas para os espaços fechados, em salas de exibição. Ele explica o objetivo de sua manifestação artística: “Mostrar o cotidiano onde a arte será inserida. Nesse caso, o Morro da Conçeição, buscando a interação dos morado-
res e visitantes”. O projeto é intitulado Isso?, um manifesto à estética e padrões impostos na arte, na política urbana (revitalização), no comportamento e no consumo. Segundo David, um dos objetivos é desenvolver o olhar crítico do público sobre o meio e o modo de vida praticado. De acordo com ele, a
intervenção urbana irá mostrar “o lixo, as obras inacabadas e as pessoas que costumam estar sempre ali, no mesmo lugar. O movimento nas escadarias do Morro, enfim, todo o dia a dia dos moradores”. O maior objetivo, para ele, é a busca de interação com o público e que esse contato gere reflexos. “É um peque-
no manifesto à estética e padrões impostos na arte, na política urbana (especialmente na revitalização), no comportamento e no consumo, entre outros”, destacou o artista, de 31 anos, Recentemente, David trabalhou no filme Feio, eu?, presente no Festival do Rio 2013, de Helena Ignez, cineasta que
atuou em diversas obras do diretor Rogério Sganzerla, com quem foi casada, e dirigiu filmes como A miss e o dinossauro (2005) e A volta do bandido da luz vermelha (2012). Segundo ele, Feio, eu? é um manifesto contra a ditadura do belo, onde tudo precisa ser bonito, bem finalizado e padronizado. Seu contato com a arte, em especial do cinema e da fotografia, surgiu após uma temporada de dois anos em Paris. De lá pra cá, ele já realizou diversos trabalhos nas áreas de cinema, teatro, shows e festas. Além da contribuição artística, David Coelho está viabilizando um projeto para o plantio de 100 mudas de árvores de Mata Atlântica no Morro da Conceição. O objetivo do jovem artista é aumentar a qualidade de vida de moradores e visitantes.
teresa speridião e sacha leite teresa.speridiao@gmail.com, sacha@folhadarualarga.com.br
C2 Edição Especial
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cultura e cidadania boca no trombone
Cliques Rua Larga
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Almas Livres Almas Livres são pessoas especiais escondidas nas entranhas do comum. Habitam todos os cantos do planeta. Não se percebem, apenas intuem que são diferentes. Na criação do mundo, o Criador as escolheu para desenhar as flores e as borboletas; para compor os cantos dos pássaros e marcar o curso dos rios e de suas cachoeiras. Almas Livres são anjos paridos das primeiras estrelas. Tiveram sempre missões na terra e em outros planetas desconhecidos por nós. São barcos sem âncoras, ora são velas, ora são ventos. Quando encarnados, adquirirem os melhores prazeres humanos, desejos que levam consigo a cada vez que voltam para a espiritualidade onde habitam. Quando chegam lá, sentem saudades e retornam ao convívio humano, transitam por todas as gerações. Almas Livres não são ansiosas de poder, planejadores mentais, calculistas, gananciosos por ouro, muito pelo contrário. Vaidosas e belas, circularam entre os santos e as figuras da mitologia grega. Acendem incensos e frequentam as festas de todas as religiões. Dançam com o fogo, voam com os ventos e banham-se despidas no orvalho da manhã. Não dormem, sonham. Podem ser homens ou mulheres, ou os dois. Depende do que querem, a qualquer hora, sem preconceitos. Emocionais, doam-se, choram e sorriem facilmente. Desejam apenas ser amadas pelo tanto que amam. Vivem momentos inesquecíveis de pura, real e divina sexualidade. Almas Livres quando transitam na terra precisam de base e apoio familiar como todos os humanos. Casam-se, têm filhos, vivem em família, mas as suas naturezas transcendem ao banal – odeiam o ciúme e a posse, mas adoram ser possuídos. São espíritos superiores às mediocridades da vida. São criativos na essência, por onde passam transformam os ambientes e provocam mudanças mesmo estando em silêncio, incomodam pela simplicidade e lucidez. Almas Livres não se exibem, atuam entre os parênteses da história. Ninguém até hoje as definiu, são seres ocultos nas sombras da luminosidade. Quando o coração bate, seus olhos brilham. Não formam confrarias, não se expõem, não julgam, guardam o respeito pelos outros, buscam o melhor de cada um. Cultuam o sol e a chuva, sofrem com a dor dos homens e com os desmatamentos – são ecológicas na essência. Acreditam piamente na recuperação das pessoas, na volta por cima e na sublimação. Almas Livres precisam viver instantes de amor para que suas mentes se tornem brilhantes, para que suas relações cotidianas transcendam ao banal. São anjos que precisam do contato, do calor humano, da delicadeza dos toques e do suor dos aromas para se sentirem como sempre foram e serão: libertas. Almas Livres enxergam além dos fatos e das regras, pois não existe uma cartilha, um questionário para preencher, um diagnóstico para defini-las. Elas se reconhecem no olhar – clareira da porta para espiritualidade. Elas nunca morrem, sempre retornam. Vivem momentos de doçura rascante. Bebem-se como vinhos que correm nas veias dos seus corpos. Seus encontros ficam marcados no firmamento.
fernando portella cottaportella@globo.com
A prefeitura do Rio lançará candidatura do sítio arqueológico do Cais do Valongo a Patrimônio Cultural Mundial.
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A primeira implosão do elevado da Perimetral ocorreu no dia 24 de novembro, domingo, às 7h. Houve contagem regressiva e aplausos.
cultura e cidadania C3 Edição Especial
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entrevista I com Alberto SIlva, Presidente da Cdurp
Porque o Porto precisa de Cultura e Cidadania Presidente da Cdurp explica os mecanismos de apoio aos projetos focados na região Clarice Tenório Barretto
Domingo, dia 24 de novembro, às 7h, Alberto Silva coordenou a mais polêmica e desafiadora ação do município, nos últimos tempos: a implosão da Perimetral. O presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) acompanha a implementação do projeto Porto Maravilha, na Zona Portuária do Rio, desde 2009. Ele afirma, veementemente, nesta entrevista exclusiva para a Folha da Rua Larga, que as soluções para as intervenções urbanas na área do Porto não estão sendo impostas aos cidadãos que frequentam e moram na regiao. E que o programa de incentivos existe justamente para estimular o protagonismo dos atores locais: “O apoio está intimamente ligado à participação”. Por que criar um programa de incentivo ao exercício da cidadania, no âmbito da operação urbana consorciada Porto Maravilha? O conceito de revitalização do Porto Maravilha não se restringe à recuperação arquitetônica ou viária da Região Portuária. A proposta de desenvolvimento econômico e social desta área de cinco milhões de metros quadrados da cidade e 32 mil habitantes – com estimativas de triplicar até 2020 – está na base do planejamento. A Prefeitura do Rio, por meio da Cdurp, conduz o resgate deste espaço para as pessoas. A demolição do Elevado da Perimetral é bastante emblemática nesse sentido. O viaduto fez com que os bairros que ficaram à sua sombra se tornassem somente áreas de passagem, em estado de abandono e degradação. Quem investiu ali nas úl-
exemplo. Outro bem interessante foi a articulação dos moradores do Morro do Pinto, que ajudaram a compor o projeto final da área de lazer sobre o novo reservatório. A obra tem o toque dos moradores, que fizeram pedidos incluídos no projeto. Se estamos trabalhando para a população, temos de ter a sensibilidade de ouvi-la. Isso também tem um outro lado, que é a demonstração de que determinados pleitos não são passíveis de concretização. Se você tem o diálogo e a confiança da população, faz-se entender. Qual é o mecanismo de apoio às iniciativas locais? Como os interessados devem proceder para conseguir apoio?
Alberto Silva: “Se você definir apoio como abertura à negociação, basta entrar em contato conosco”
timas décadas? Que oportunidades foram geradas naquele espaço? Criar um programa como o Porto Maravilha Cidadão estabelece o compromisso de apoio às pessoas para que acompanhem e protagonizem as transformações. Não estamos simplesmente implantando programas, mas discutindo cada proposta com os beneficiários. Assim, o apoio está intimamente ligado à participação. Quais foram as realizações do programa Porto Maravilha Cidadão ao longo de 2013? Em 2013, a Cdurp criou a Superintendência de Desenvolvimento Econômico e Social, que assumiu a gestão dos programas Porto Maravilha Cultural e Cidadão trabalhando diretamente com a população, o que demonstra a importância que isso tem. Temos uma política de incentivo à contratação de mão de obra local, que tem
melhorado a renda da população trabalhadora da região e do entorno. Para reforçar esse estímulo, também investimos e apoiamos parceiros em programas de qualificação profissional para ampliar as chances de moradores nos processos seletivos, não só internos, mas em outras áreas da cidade, é claro. Avançamos muito na parceria que temos com o Sebrae/RJ, programa que fomenta a geração de emprego e renda por meio do empreendedorismo. Promovemos a segunda rodada de negócios, a Semana do Empreendedor, que abriu oportunidades de crédito aos participantes e ampliamos o atendimento, que superou dois mil atendimentos, a empreendedores distintos até agora ante meta de 500. Cem pequenos empreendedores foram selecionados por edital e são assistidos por uma incubadora de negócios populares para melhorar seus resultados e
crescer. A Feira de Artes Porto do Rio em Harmonia, na Praça da Harmonia, ganhou novos participantes e visitantes este ano. A segunda edição do Festival Gastronômico e Cultural Sabores do Porto é outro capítulo de sucesso. O lançamento do programa de Habitação de Interesse Social da Prefeitura do Rio, que vai construir 2.200 unidades na região do Porto Maravilha, é uma das grandes ações anunciadas em 2013. Há iniciativas no âmbito cultural com claras raízes no apoio à cidadania. Grupos de produtores culturais se organizaram em coletivos, e até o edital de prêmio a projetos culturais do Porto Maravilha Cultural, que investirá R$ 2 milhões às 20 melhores propostas, teve participação fundamental no processo de formatação. Outro trabalho que nós fazemos, de mobilização social, ganhou contornos bem interessantes. A região tem
mais associações. Os grupos estão se fortalecendo para reivindicar e discutir suas propostas. Como incentivar a geração de novas iniciativas do gênero? Quase quatro anos desde que a Lei 101/2009 foi aprovada temos muitas histórias e conquistas. Acho que estamos no caminho certo. Dialogamos muito com a população, ouvimos cada pleito. A organização desses grupos facilitou muito a negociação. Quer um exemplo? Nós estabelecemos pontos de carga e descarga após pedido dos comerciantes que se viram às voltas com as restrições a partir da criação do Binário 2, que absorveu o tráfego pesado de ônibus depois da interdição do Elevado da Perimetral. Esse movimento é mais qualificado, porque as organizações vêm sabendo que nós ouvimos e estamos dispostos a resolver os problemas. É só um
Se você definir apoio como abertura à negociação, basta entrar em contato conosco. O telefone geral da Cdurp é o 2976-6640. Se você se refere ao Contato Conosco, temos um canal de comunicação já estabelecido e estrutura para receber as mais diversas questões, o Fale Conosco: cdurp@ cdurp.com.br. Há alguma novidade no programa prevista para 2014? Sim. Vamos intensificar as ações de construção de habitação de interesse social. Existe algum tipo de iniciativa que será mais bem-vinda, ou beneficiada, nos próximos anos? Não há nada programado em especial.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
C4 Edição Especial
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cultura e cidadania I entrevistas
Ensino público de qualidade: quem não quer? Como ingressar nos Ginásios Experimentais cariocas e quais são os seus diferenciais Inês Resende, coordenadora pedagógica do Ginásio Experimental de Artes Vicente Licínio Cardoso Sacha Leite
Qual é o diferencial do Ginásio Experimental de Artes Visuais com relação aos outros colégios públicos do Centro do Rio? O GEA (Ginásio Experimental de Artes Visuais) Vicente Licínio Cardoso segue o modelo Ginásio Experimental Carioca – atualmente são 29 escolas nesse modelo na rede municipal de Educação do Rio. São escolas de horário integral com mais tempos de aula nas disciplinas do núcleo comum – Português, Matemática, etc. –, além de disciplinas diferenciadas como Protagonismo Juvenil e Projeto de Vida. O GEA, porém, tem como diferencial oferecer aos alunos o trabalho com Artes Visuais, que se divide em duas aulas semanais de História da Arte e quatro tempos semanais de trabalhos práticos em ateliês de arte. Oferecemos sete opções de ateliês semestralmente e os alunos os escolhem por afinidade: temos ateliês de desenho e pintura, artes gráficas, tecelagem, escultura, mídias e arte contemporânea. Também faz parte do currículo visitas a museus e espaços culturais. Temos uma parceria com o MAR (Museu de Arte do Rio) onde já realizamos, além de visitas às exposições, encontros com artistas para conversa com os alunos.
tação especial aos pais de alunos que desejam estudar? Não, mas aceitamos alunos com deficiências. Somos uma escola que valoriza a inclusão e respeita as diferenças individuais. Temos alunos com necessidades especias em turmas regulares e turmas especiais. De que forma a instituição se posicionou diante das recentes reivindicações de melhorias no que concerne à educação pública municipal? Este tipo de debate é estimulado dentro de sala de aula?
Sacha Leite
Quais são os pré-requisitos para estudar na escola? É preciso ser morador da região?
Alunos do Colégio Vicente Licínio
O ingresso do jovem nas turmas disponíveis ocorre por idade ou por meio de avaliação? Há prova específica? Não existe seleção de alunos. Os alunos se inscrevem durante o período de matrícula da prefeitura do Rio de Janeiro através de site próprio. No caso
do GEA, a escolha dos alunos fica no âmbito dos ateliês de artes, que eles se inscrevem semestralmente de acordo com suas habilidades e gosto, sem seleção por parte dos professores. A ideia é de que eles possam experimentar e conhecer diferentes técnicas e possibilidades de expressão.
A escola atende a alunos do 7º ao 9º ano, que ingressam por matrícula pelo site da prefeitura ou por transferência entre escolas. Não é necessário morar perto. Este ano temos alunos de Niterói, de Santa Teresa, do Caju, de São Cristóvão, de Madureira, etc. Contudo, a grande maioria mora no Centro nos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo – incluindo Morro da Providencia e Morro do Pinto. O colégio oferece também ensino para adultos, ou há alguma orien-
O modelo que seguimos (Ginásio Experimental Carioca) prima pela educação de qualidade. O desempenho escolar de nossos estudantes está acima da média da rede pública. Os alunos são estimulados a debaterem temas atuais para serem protagonistas em escola democrática, onde o desejo de todos é o sucesso não só na vida escolar como também na construção de cidadãos críticos e atentos às constantes mudanças que vivemos. Quais são as lições de cultura e cidadania que esse Ginásio procura transmitir aos estudantes? Um de nossos principais pilares é mostrar aos
alunos que eles podem e devem se apropriar dos espaços culturais de nossa cidade. E, através das artes, criar um olhar diferenciado para tudo que ocorre em nosso entorno. Usamos a arte como forma de perceber e discutir criticamente o mundo. Formar estudantes que valorizem, preservem, construam e reconstruam a própria vida e do espaço que ocupam. Como avalia as realizações da instituição em 2013? Nosso primeiro ano foi um ano de construção de identidade, mas terminamos com muitos motivos para comemorar. O desempenho acadêmico dos alunos melhorou bastante; o conhecimento e a visão sob a ótica das Artes foi ampliada; muitos alunos se descobriram e apresentaram vários talentos nos ateliês; participamos de torneios esportivos, mostra de música, visitas a museus e espaços culturais, e foram inúmeras exposições e vários elogios ao trabalho dos estudantes! Neste mês (dia 2 de dezembro), quatro alunas foram a Brasília receber um prêmio do MEC por um vídeo no projeto “Curta Histórias”, escolhido pelo júri técnico como o melhor trabalho inscrito em âmbito nacional. Participamos de programas de TV, Globo Educação, com o tema “A
cultura e cidadania C5 Edição Especial
novembro – dezembro de 2013
Educação do Olhar” – e fomos matéria de muitos jornais. Há alguma novidade programada para 2014? No próximo ano, pretendemos continuar o trabalho, integrando cada
vez mais as disciplinas do Núcleo Comum ao olhar das artes visuais, de forma interdisciplinar. Como a arte se insere no contexto da formação cidadã e profissional do jovem estudante desse Ginásio?
Nossa escola não pretende formar artistas, mas desenvolver talentos, proporcionar experimentações, propiciar novas formas de expressão aos nossos alunos. Educar o olhar de modo que a arte se transforme em mais uma forma de ver e enten-
der nossa sociedade e seu desenvolvimento. Há algo que não foi perguntado que gostaria de acrescentar? Um dos grandes ganhos da nossa escola é o fato de que nossos professo-
res trabalham 40 horas semanais. Desta forma, têm tempo de conhecer e se aproximar mais dos alunos, educando não só pelas palavras, mas pelo exemplo. Também têm tempo para planejar suas aulas em conjunto, de forma cooperativa, garan-
tindo, assim, que todas as turmas estudem os mesmo conteúdos e tenham as mesmas oportunidades.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
Bárbara Portilho, diretora do Ginásio Experimental Carioca Rivadávia Corrêa Sacha Leite
Qual é o diferencial do Rivadávia com relação aos outros colégios públicos do Centro do Rio?
Precisa ser morador da região? Não. Qualquer jovem, morador de qualquer lugar da cidade ou do estado podem ser matriculados.
Somos uma escola de horário integral, com professores em regime de 40h, que têm seu currículo obrigatório ampliado e sua parte diversificada constituída por atividades que investem no desenvolvimento do projeto de vida dos jovens. Desenvolvemos também um projeto de tutoria aos alunos. Trabalhamos orientados pela Pedagogia de Projetos e nos organizamos por áreas de estudo e não por disciplina como as escolas convencionais.
O Rivadávia oferece também ensino para adultos, ou tem alguma orientação especial aos pais de alunos que desejam estudar?
Sacha Leite
O ingresso do jovem nas turmas disponíveis ocorre por idade ou por meio de alguma espécie de prova? Matriculamos por remanejamento os alunos no 6º ano experimental das escolas Gal. Mitre e Tia Ciata, e as vagas remanescentes são oferecidas ao sistema de matrícula digital. Não há qualquer tipo de seleção para o ingresso na nossa unidade escolar.
Alunos da Escola Municipal Rivadávia Corrêa
Não oferecemos ensino para adultos, porém com o estreitamento das relações entre nossa escola e sua comunidade e os resultados acadêmicos apresentados, somos procurados por aqueles que acreditam que a escola pode ser o lugar de transformação social. Nossas atividades pedagógicas privilegiam a participação comunitária e o estímulo à formação acadêmica. Orientamos que jovens a partir de 17 anos e adultos retornem aos estudos em escola com trabalho específico para adultos. Indicamos as escolas municipais com atendimento de PEJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos).
De que forma o colégio se posicionou diante das recentes reivindicações de melhorias no que concerne à educação pública municipal? Somos solidários à pauta de mais investimentos na educação pública, na formação continuada dos professores e de um plano de carreira que contemple aos servidores que buscam o seu desenvolvimento através da formação acadêmica. Este tipo de debate é estimulado dentro de sala de aula? Nossa escola tem como princípio formar jovens autônomos, solidários e competentes. Buscamos traduzir nossas aspirações em atividades que privilegiam o Protagonismo Juvenil e a transformação de sonhos em Projetos de Vida. Acreditamos que o nosso modelo de organização escolar pode contribuir muito significativamente para uma sociedade mais justa e solidária.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
C6 Edição Especial
novembro – dezembro de 2013
cultura e cidadania
Proibido pichar aqui A Região Portuária do Rio vira reduto de arte de rua. Mas isso é novidade? Teresa Speridião
Pichação é o ato de escrever sobre muros, edifícios ou fachadas. A pichação pode ser uma declaração de amor, um protesto político ou assinatura, geralmente ilegível. Os materiais usados geralmente são: spray aerosol, estêncil ou rolo de tintas. Para os menos observadores, as pichações podem parecer muito semelhantes entre si, mas cada uma tem sua forma ou desenho. As pichações geralmente são usadas para demarcar território entre grupos de jovens. Os formatos de letras e desenhos também apresentam diferenças de estado para estado. Atualmente, há entre os pichadores das grandes cidades a ideia de que ganha aquele grupo que conseguir pichar mais alto, pondo em risco a vida de jovens que muitas vezes ficam pendurados de cabeça para baixo, segurados pelos colegas. Muitos deles já perderam suas vidas por conta dessas aventuras. O mundo das pichações tem uma longa história. Na década 1960, uma pichação que ficou famosa foi originada pelo programa National Kid – Contra os seres abissais, de origem japonesa. As incrições “Lerfá Mu” e “Celacanto provoca maremoto” (inspiradas no tal programa), aparentemente enigmáticas, que apareciam nos muros do Rio de Janeiro, eram feitas por dois jovens rivais. Esse episódio deu origem ao filme Lerfá Mu, escrito e dirigido por Carlos Frederico Rodrigues. No Brasil, os muros já foram usados tanto para protestos políticos, de-
Teresa Speridião
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claração de amor, poesias e até piadas. Com o passar do tempo, as pichações ganharam novos formatos, principamente entre os mais jovens. Engana-se quem pensa que pichação é atividade moderna ou contemporânea. Ela aparece em paredes de antigas civilizações, como na cidade italiana de Pompéia, atingida pelo vulcão Vesúvio, em 79 d.C. Lá havia muros onde predominavam todas as formas de pichações: xingamentos, propagandas políticas, anúncios, poesias, enfim, toda forma de pichação, e graças aos trabalhos dos pesquisadores, elas foram preservadas. Na Idade Média, os padres pichavam os conventos rivais, expondo suas ideologias. Antigamente o material usado
para o ato era o piche. Depois da Segunda Guerra, o aparecimento do spray facilitou a ação. A revolta estudantil de 1968, em Paris, ganhou força com os recados rápidos deixados no muro para a sociedade, devido à rapidez da escrita com o aerosol. O muro de Berlim, na Alemanha, permaneceu limpo, sem pichação, do lado oriental e completamente pichado do lado ocidental. Após a queda do muro, as pichações foram preservadas, como forma de liberdade de expressão. No Brasil, existe uma diferença entre grafite e pichação, envolvendo muitas discussões sobre os limites da arte. O grafite, em geral, é mais aceito pelo interesse estético, forma, cor e local
de utilização. Enquanto o grafite é aceito pelo poder político, a pichação é marginalizada, excluída e proibida. A convivência entre grafiteiros e pichadores é pacífica. Muitos dos primeiros já foram pichadores no passado e estes, em geral, não interferem sobre os trabalhos dos grafiteiros. A história do grafite é tão longa quanto a da pichação. Desde o Império Romano já se registra grafites em paredes e muros. Atualmente, a maioria da população vê com bons olhos a arte do grafite. Alguns artitas têm ganhado destaque e prestígio no mundo do grafite, como é o caso da dupla de irmãos Osgêmeos, requisitados para pintar algumas paredes de vários lugares do mundo.
cultura e cidadania C7 Edição Especial
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Teresa Speridião
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Na Região Portuária, há inúmeros muros, edifícios e fachadas com pichações e grafites. Quanto mais abandonado o local, mais pichado costuma estar. Já o grafite, aparece em diversos estabelecimentos, inclusive sob encomenda dos empresários e comerciantes locais. Muitas vezes o grafite embeleza e esconde as marcas do tempo nas paredes e muros. É o caso do estacionamento na Rua Camerino, onde o colorido encobre a pintura que estava em mau estado.
O Centro Cultural José Bonifácio está de volta
Realização
Apoio
Há também um grande painel de grafite na Rua Sacadura Cabral, próximo ao Largo de São Francisco da Prainha, pintado recentemente e que foi muito bem aceito por moradores e comerciantes locais, como é o caso da proprietária do Andrea’s Café, que diz receber elogios diariamente de seu clientes quanto à parede grafitada em frente à sua loja.
teresa speridião e sacha leite teresa.speridião@gmail.com, sacha@folhadarualarga.com.br
Compromisso com a preservação da memória afro-brasileira
Entrada Franca Rua Pedro Ernesto, 80. Gamboa. Rio de Janeiro. RJ Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h
Confira a programação PortoMaravilha.com.br facebook.com/PortoMaravilha
C8 Edição Especial
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cultura e cidadania
Mais um ponto para a celebração da herança africana Centro Cultural José Bonifácio reabre reformado com foco na cultura afro-brasileira Divulgação
Parte do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, a construção do século XIX, na Rua Pedro Ernesto, foi reaberta ao público no dia 20 de novembro. O novo centro foi reinaugurado sob a coordenação da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, mantendo o compromisso de preservar e valorizar a cultura afro-brasileira, com raízes intimamente ligadas à Região Portuária carioca. O palacete na Gamboa foi inaugurado em 1877, por Dom Pedro II, ainda com o nome de Escola Pública Primária da Freguesia de Santa Rita, a primeira da América Latina. Ao saber que seria presenteado por personalidades ligadas ao governo imperial com uma estátua de bronze, ele sugeriu que aplicassem o dinheiro na construção de um conjunto de escolas para levar educação às comunidades pobres da cidade. A inscrição “Ao Povo o Governo” marca o episódio. Desativada em 1977, passou a sediar a Biblioteca Popular Municipal da Gamboa. Em 1994, após grande reforma, tornou-se Centro de Referência
da Cultura Afro-Brasileira, ganhou esculturas de inspiração africana, e as unidades receberam nomes de ícones como Abdias do Nascimento, Ruth de Souza, Grande Othelo, Heitor dos Prazeres e Tia Ciata. A importância na preservação das culturas africana e afro-brasileira fez com que o CCJB fosse incluído no Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, instituído pelo município em 2011. Ao todo, são seis os pontos do circuito transformados em áreas de visitação: CCJB, Cais do Valongo e da Imperatriz, Jardim Suspenso do Valongo, Pedra do Sal, Largo do Depósito e Cemitério dos Pretos Novos. De acordo com os números divulgados pelo Porto Marvilha, o restauro custou cerca de R$ 3,8 milhões. Além da reforma de pisos, telhados, fachadas, forros, esquadrias, revestimentos e ornamentos, as obras instalaram sistema de ar-condicionado e adaptações de acessibilidade. O edifício agora dispõe de rampas e elevador para acesso a portadores de necessidades especiais. A obra recolocou os painéis de azulejos que retratam as transformações urbanísticas da região do Porto retirados no início das reformas.
convenções e administração. O restaurante-escola de culinária afro-brasileira vai funcionar no prédio anexo para servir como espaço de formação profissional e opção de lazer para frequentadores e visitantes. O segundo andar terá exposições e salas para cursos e oficinas voltados às culturas africana e afro-brasileira. De acordo com a Cdurp, o CCJB combinará atividades acadêmicas, pedagógicas e artístico-culturais sobre a contribuição africana para a formação social brasileira. Além disso, abrigará exposição permanente dos objetos encontrados durante as escavações e obras da Operação Urbana Porto Maravilha. Pulseiras, cachimbos, amuletos e diversos outros itens utilizados pelos africanos escravizados que desembarcaram no Rio entre os séculos XVII e XIX foram catalogados e ajudarão a contar um pouco do cotidiano dessa comunidade tão carente de registros históricos. O CCJB fica na Rua Pedro Ernesto, nº 80, Gamboa, próximo à Praça da Harmonia. Não há estacionamento no local. Prédio do CCJB inaugurado por Dom Pedro II em 1877: reforma custou R$ 3,8 milhões
O prédio é formado por três andares e 18 salas com usos diversificados. No primeiro pavimento,
Patrocínio
biblioteca com acervo qualificado nas temáticas africana e afro-brasileira, livraria especializada, es-
paço de exposição para arqueologia (que receberá achados do Cais do Valongo), minicentro de
da redação redação@folhadarualarga.com.br
Realização
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cidade morro da conceição
Fim de Semana do Livro Nos dias 7, 8 e 9 de dezembro de 2013, acontecerá pela segunda vez o FIM – Fim de Semana do Livro do Porto, idealizado pelo filósofo, escritor e editor Raphael Vidal. Tomo emprestado aqui alguns dados já publicados pela Folha da Rua Larga, em junho de 2012, por ocasião da primeira abertura do FIM: o planejamento de fazer uma festa literária começou em 2002, quando Raphael foi à Flip e conheceu o formato do evento. O sucesso do primeiro FIM, no ano passado, foi surpresa até mesmo para o criador do evento, que, empolgado com tamanha repercussão, passou a lutar mais bravamente para conseguir um espaço permanente que pudesse abraçar o FIM e agregar a ele atividades culturais, capacitando moradores para tal. Falando assim, resumida-
mente, pode parecer fácil, mas Raphael lutou, conversou, pediu apoio, mostrou projetos durante um ano, sem trégua. Até que, nesses últimos meses, pôde consolidar o tão sonhado apoio. Segundo ele, as primeiras pessoas que acreditaram no projeto foram a Claudine, da Porto Novo, e o Alberto, da Cdurp. Finalmente, a Casa Porto foi inaugurada no dia 30 de outubro deste ano, sob gestão de Bel Fernandes, Eduardo Rua, Júlio Silveira, Zeh Gustavo e Raphael Vidal. O espaço é muito interessante, fica no Largo de São Francisco da Prainha, esquina com a Rua Sacadura Cabral. No salão de entrada, mesinhas com cadeiras em madeira convidam o visitante para tomar o “café do vizinho”, em que moradores da região são os fornecedores de salgadinhos, doces e qui-
Sobre o idealizador
tutes. Se a opção for outra, há cervejas geladíssimas, servidas em copos opacos pelo gelo. Isso tudo com direito a ouvir um vinil da coleção da casa ou levado pelo visitante. Mais adiante, há uma sala com ar condicionado e revestimento acústico, destinada a todas as atividades que acontecem por lá e com programação postada diariamente no Facebook. Nas paredes, uma exposição do artista plástico Sérgio Marimba completa o ambiente,
selando o compromisso cultural e atístico do sobrado. A vocação cultural da Região Portuária casa perfeitamente com os ideais de Raphael. Para este ano, ele está capacitando 35 moradores para trabalharem no FIM. A rica história desse lugar é um estímulo para que as pessoas se mobilizem profissionalmente e permaneçam no entorno. Raphael acredita que o impacto da leitura é transformador e que sua luta está apenas começando.
Raphael conta que sua paixão pelos livros começou quando ainda era muito jovem. E que em sua casa só havia livros didáticos. Mas, por intermédio de um amigo, Davidson Neves, pôde tomar emprestado os primeiros clássicos que leu. Foi o suficiente para nunca mais se separar dos livros. Tanto, que fez deles a sua profissão de designer gráfico, livreiro, editor, escritor e agitador cultural. Figura popular e carismática, fez inúmeros amigos entre moradores, vizinhos, intelectuais e escritores famosos. Fernando Pessoa escreveu: “Tudo que eu sou foi terem vendido a casa”. Raphael pode dizer: tudo que eu sou foi terem me emprestado os livros. A sua trajetória legitima a teoria de que o acaso só
favorece as mentes já preparadas. Ao longo do tempo o Morro da Conceição tem sido contemplado com a presença de pessoas iluminadas e empreendedoras. Raphael Vidal é uma delas. Cabem aos moradores o apoio e o reconhecimento do valor do vizinho que têm. Um dia, quem sabe, a história desse editor apaixonado por biografias possa estar nas estantes à espera de outros leitores. A Casa Porto funciona diariamente das 16h às 22h e aos sábados, das 10h às 17h, e está localizada no Largo de São Francisco da Prainha, nº 4, 2º andar. A programação é divulgada pelo Facebook.
teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com
Um exemplo da tradição portuguesa no comércio Isolino Ferreira conta a trajetória do Mercadinho Pai D’Égua, no Morro da Conceição Elisa Rigoto
É comum encontrar pelas ruas do Centro estabelecimentos como bares, restaurantes e mercados de bairro de proprietários lusitanos que foram passados de geração em geração. Isso se deu pela herança da imigração portuguesa, que tinha como uma das principais atividades o comércio. A exemplo disso, localizado na Rua Sacadura Cabral, existe o Mercadinho Pai D’Égua. O estabelecimento é fruto da parceria de dois irmãos e mais um sócio, todos portugueses. Segundo um dos proprietários, Isolino Ferreira, a história do Pai D’Égua começa com a vinda de seu pai, o português Domingos Ferreira, para o Brasil. A família havia decidido tentar uma vida melhor no país.
Isolino Ferreira, um dos donos do Mercadinho Pai D’Égua
Primeiro, o Sr. Domingos veio sozinho, deixando a família em Portugal. Quando chegou ao Rio de Janeiro, em 1957, ele começou a trabalhar no Mercado da Praça XV para juntar dinheiro e abrir seu próprio negócio. Em 1963, chegaram ao
Brasil sua esposa e seus três filhos. Após alguns anos por aqui, em 1970, já voltada para o comércio, a família inaugurou uma pensão na Rua do Rosário, onde ficaram até 1979. Ainda na década de 70, o filho mais velho, Raul Fer-
reira, comprou a Mercearia Madre de Deus, que ficava na Rua Camerino, também no Centro. Já em 1988, seu irmão, Isolino Ferreira, entrou como sócio e os dois trabalharam juntos até decidirem expandir o comércio. Em 1996, eles venderam a mercearia e inauguraram o Mercadinho Pai D`Égua, localizado na Rua Sacadura Cabral. O novo estabelecimento era mais amplo, permitindo que eles diversificassem os serviços prestados. O mercado foi inaugurado com um açougue e, em 2004, pensando em atender às necessidades dos moradores do bairro e, assim, aumentar a freguesia, foi criada também uma padaria dentro do estabelecimento. Dessa for-
ma, os clientes que passam logo cedo pelo mercado já aproveitam para comprar pão para o café da manhã. Com isso, a freguesia do Pai D`Égua se tornou bem diversificada, atendendo desde os moradores até lanchonetes e empresas da região. Uma curiosidade da maioria dos fregueses é de onde surgiu o nome do mercado. Isolino conta que o seu irmão e sócio viu um restaurante nordestino com esse nome e achou bom para batizar o mercado. Hoje, por coincidência ou influência do nome de origem nordestina, eles são muito procurados pela carne de sol que produzem, uma iguaria típica do Nordeste. Apesar de funcionar há
bastante tempo, para Isolino, a tendência de hoje é dos comércios pequenos acabarem, pois as famílias não querem mais mantê-los, não é mais uma tradição que se passa de pai para filho. Os jovens não querem trabalhar nessa área, desejam estudar e ter outras profissões, pois, como diz Isolino, “a vida de comerciante é uma escravidão”. O mercado funciona de domingo a domingo e fecha apenas duas vezes por ano. “Nós somos os verdadeiros Escravos da Mauá”, brinca o comerciante, fazendo alusão ao bloco carnavalesco que tem o mesmo nome e desfila pela Praça Mauá. elisa rigoto elisarigoto@hotmail.com
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gastronomia
O prazer de sentir-se em casa na hora do almoço
receitas carol
177 encanta trabalhadores e moradores da Gamboa com sabor e ambiente acolhedores Sacha Leite
A partir de 11h, o restaurante a quilo 177, na Rua Sacadura Cabral, próximo ao Hospital dos Servidores, já está em plena atividade. “Às vezes, às 10h30, já tem gente na porta, esperando o serviço de almoço”, conta a funcionária Alice Cristina Gomes de Souza. Ela diz que a casa costuma atender cerca de 400 pessoas por dia. Desse total, a maioria almoça diariamente no local. Além de trabalhadores, o restaurante costuma receber também residentes na região, encantados com a comida preparada na hora, saborosa e com preço justo. Arroz, feijão, macarrão, quiches, milanesas, peixes, saladas, dentre outros itens, além do originalíssimo jiló doce, tornam o 177 atraente aos funcionários de empresas vizinhas e moradores que procuram fugir da cozinha em casa, mantendo a sensação de aconchego e o sabor caseiro. Tudo isso você encontra no buffet a quilo, por apenas R$ 3,85, cada 100g. O restaurante funciona em um casarão de dois andares, cujo térreo abriga o bufê, as balanças e o grill, onde, de acordo com a vontade do cliente, carnes são grelhadas na hora. Já no segundo piso, estão dispostas mesas e cadeiras para uma simpática acomodação de todos. No térreo, há lavabos masculino e feminino, com um belíssimo espelho de Bali, da vizinha Arte da Terra, casa que oferece variados artigos de decoração, lo-
O buffet variado satisfaz todos os paladares
O 177 oferece uma comida saborosa e preparada na hora
calizada na Rua Camerino. Alice Cristina conta que além do bom custo-benefício, outro diferencial da casa está no atendimento: “Se o cliente pede algo especial e a gente pode atender, nós atendemos. Se tivermos os ingredientes naquele momento, a gente faz. Tenho um cliente que pediu: faz um suco com abacaxi, rúcula e manjericão? Fizemos e faremos de novo, se for solicitado”. A funcionária avisa que até mesmo os bifes à parmegiana e à milanesa são feitos com filé mignon: “Quando comecei a trabalhar aqui, há cinco anos, era feito com contrafilé. Agora padronizamos e só fazemos com mignon”. Ainda de acordo com Alice Cristina, o restaurante existe na região há 17 anos e, atualmente, é coordenado por Beatriz Fernandes, que constrói o cardápio. Paulo Aquino e Antonio Celeste são os chefs que preparam todas as receitas. Sucos de frutas da época como melancia, abacaxi com hortelã, laranja com acerola e outras misturas também são pontos altos da casa, que oferece ainda sobremesas irresistíveis como banana-merengue, pavê de chocolate, torta alemã, pudim de leite e frutas da estação. O restaurante 177 funciona de segunda a sexta-feira, das 11h às 15h30.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
Já estamos no final do ano, é Natal! Adoro! Apesar de trabalhar muito nessa época, é o meu feriado preferido. A casa fica cheirando a assado, com um aroma de frutas, um falatório danado na sala, barulho de taças, que energia boa! O telefone não para de tocar, gente dos quatro cantos desejando só coisas boas. Uma delícia ter a
família grande. A mesa é farta, tem para todos os gostos, e eu sempre tentando melhorar a qualidade e as calorias. Por isso, escolhi este ano fazer rabanadas, um dos meus pratos preferidos no Natal. Desta vez, vamos fazê-las no forno, ficam perfeitas! Ho, ho, ho! Boas festas a todos os nossos leitores e um 2014 delicioso!
Rabanadas de forno ACP
Ingredientes • • • • • • • •
1 pão de rabanada 2 xícaras de leite 3 ovos 1 colher de sopa de baunilha 1 colher de chá de canela 3 colheres de sopa de açúcar 1 colher de sopa de manteiga sem sal Açúcar com canela para polvilhar
Modo de preparo Misture os ovos com o leite, o Assim que tirá-las do forno, açúcar, a canela e a baunilha. passe-as na mistura de açúcar Deixe as rabanadas embebidas com canela e distribue-as nessa mistura por 30 minutos. numa travessa. Sirva em Aperte bem e arrume-as num seguida. tabuleiro untado. Coloque em cima de cada uma um pedacinho de manteiga e ana carolina portella leve ao forno pré-aquecido a carolnoisette@hotmail.com 200ºC por 30 a 40 minutos. Na Confira outras metade do cozimento, vire-as receitas da Carol no blog com auxílio de uma espátula. nacozinhacomcarol.blogspot.com
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Para entender a eletricidade
dicas da cidade
Peça de teatro com entrada franca é parte do circuito do Museu Light da Energia
Causa justa
Divulgação
O conforto que a energia elétrica proporciona, os perigos relacionados a soltar pipas e balões junto à rede elétrica e suas implicações com o meio ambiente são alguns dos assuntos abordados pela peça teatral Uma história familiar. Parte do circuito de visitação do Museu Light de Energia, na Avenida Marechal Floriano, antiga Rua Larga, a encenação visa transmitir, de forma lúdica, conceitos importantes sobre a utilização responsável da energia elétrica. O espetáculo acontece no teatro do Centro Cultural Light, com uma produção de qualidade e infraestrutura técnica e profissional de sonorização, iluminação cênica e
Santo Forte Em 38 imagens, a exposição Santo Forte retrata expressões faciais e movimentos coreográficos dos sacerdotes do terreiro de Candomblé Ilê Asé Atara Magba, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Trabalho do fotógrafo Alex Ferro, pesquisador de manifestações populares, a mostra, inaugurada no dia 27 de novembro, fica em temporada até 26 de janeiro de 2014, na Galeria Pretos Novos, da redação na Gamboa. redacao@folhadarualarga.com.br
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Autoridades governamentais e civis, associações de moradores, empresários e residentes da Zona Portuária são convidados a participar da reunião mensal com café da manhã do Conselho Comunitário de Segurança. A diretoria do Conselho propõe um “amigo oculto” em benefício da escola Parde Dr. Francisco da Motta e Sonja Kill, Beco João José, nº 16, onde será realizada a reunião, no dia 12 de dezembro, às 9h.