Carolina Monteiro
O melhor método para avaliar o ensino médio Convidados a refazer a prova no caso de se sentirem prejudicados, alunos do ensino médio do Colégio Pedro II – Centro, analisam o Enem como forma de ingresso às universidades. página 12
Gari compositor protagoniza romance assinado por Haroldo César folha da rua larga Uma experiência de 25 anos como funcionário da Comlurb vira livro. O autor também é líder do Movimento dos Compositores da Pedra do Sal. Página 5
folha da rua larga RIO DE JANEIRO | NOVEMBRO – DEZEMBRO DE 2010
social
Recursos para oficinas culturais nas UPPs
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 24 ANO III
R$ 7,6 bi para o Porto nos próximos 15 anos Acervo Cdurp
O projeto Verão nas UPPs trará diversas oficinas culturais em temas como música, poesia e teatro de rua para comunidades pacificadas. Os ministrantes receberão recursos estaduais para realizar atividades em janeiro e fevereiro de 2011. página 10
comércio
Instituto L’Oréal forma primeira turma de profissionais O primeiro centro de formação de profissionais de beleza L’Oréal Professionnel no mundo, situado na antiga Rua Larga, forma em dezembro sua primeira turma. O centro de treinamento oferece serviços estéticos pela metade do preço de mercado. página 11
gastronomia
A sofisticação de Da Vinci no paladar página 14
Eduardo Paes assinou contrato bilionário com as empreiteiras Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia. O consórcio será responsável tanto por obras, como a demolição do elevado da Perimetral e a construção do Binário do Porto, quanto por serviços de utilidade pública. página 13 Lielzo Azambuja
cultura
Exposição itinerante traz informações raras sobre a antiga Rua Larga O Animando a Rua Larga, projeto que traz eventos para a região ao longo dos próximos meses, contará, em mostra inédita, a história da Av. Marechal Floriano e seu entorno. O curador Ney Carvalho garimpou curiosidades sobre 18 pontos importantes para a história local, como a Central do Brasil, o Largo de Santa Rita e o Palácio Itamaraty. páginas 8 e 9
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nossa rua
Se essa Rua fosse minha
cartas dos leitores Pardal perigoso
Fabiola Buzim
“Mudaria as calçadas, que estão cheias de buracos. Sofri um pequeno acidente dias atrás e desloquei o pé. Não temos o privilégio de andar por calçadas decentes e isso precisa mudar. Limparia a Central do Brasil, o cheiro é terrível.” Cláudia Fernanda, operadora de telemarketing
Fabiola Buzim
“Para atravessar a rua na Av. Marechal Floriano é um sufoco, pois alguns semáforos não fecham para as duas vias. Eu resolveria a sinalização e criaria uma ciclovia, já que não há espaço para os ciclistas, que pedalam no meio da via.” Bruno Alves, estudante
Fabiola Buzim
“Trabalho na região há 28 anos e sempre vejo o mesmo problema: o sistema de esgoto que não funciona direito. Estamos chegando às épocas de chuvas e as ruas já estão ficando alagadas e sujas. Qual a razão? Não tem por onde escoar.” Zuleide Maria da Silva Correia, vendedora
folha da rua larga Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,
Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins
Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário
Diagramação - Suzy Terra
Margutti, Mozart Vitor Serra
Revisão Tipográfica - Raquel Terra
Direção Executiva - Fernando Portella
Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos
Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite
Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.
Colaboradores - Ana Carolina Portella, Carolina
www.maviartesgraficas.com.br
Monteiro, Fabiola Buzim, João Guerreiro, Lielzo
Contato comercial - Teresa Speridião
Azambuja, Marina Ayres Costa, Nilton Ramalho,
Tiragem desta edição: 5.000 exemplares
Rossana Libanio e Teresa Speridião
Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br
Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br
A prefeitura colocou um pardal entre as Ruas Venezuela e Edgard Gordilho. Nada demais, se não fossem os cones que se revezam nas obras, ora fechando a Venezuela, ora a Edgard Gordilho. Durante a semana, é compreensível, já que muitos carros e pedestres transitam por ali, mas, nos finais de semana, ser multado em uma rua impedida (em um dos lados) e quase sem transeuntes é inadmissível. Não é preciso ser um engenheiro de trânsito para saber que está errado. Além disso, torna-se perigoso parar naquele deserto, especialmente à noite, para não ser multado. Por que a prefeitura é eficaz para multar e não para iluminar ou para colocar uma guarita a fim de dar proteção aos moradores do local? Mas quando o poder se instalar no “Porto Maravilha”, a gente aposta que tudo será muito diferente. Júlia Ebehart Limpeza ao lado de Santa Rita Vejo lixo espalhado pelo Centro do Rio, especialmente no seguinte ponto: Rua Miguel Couto, entre a Avenida Marechal Floriano e a Presidente Vargas. Enquanto a prefeitura não fizer nada, a festa fica por conta dos
mosquitos e baratas que constrangem os proprietários de restaurantes do Centro do Rio. Anônimo À subprefeitura do Centro Trabalho no Centro e constato diariamente o abandono no qual se encontra o mesmo. As ruas de pedestres com paralelepípedos ou com blokets se encontram em péssimo estado de conservação com buracos e ondulações que podem causar diversos problemas aos pedestres. Além disso, escoam pelas ruas rios de esgoto e imundície de lixo. Quando chove, ficam poças de esgoto e lixo. Carros em cima das calçadas que dificultam o trânsito de pedestres, principalmente na região da Candelária, Theóphilo Otoni, Ouvidor, Buenos Aires e Quitanda, além dos camelôs insistentes. Por favor, Sr. subprefeito Thiago Barcellos, cuide melhor desta parte da cidade, para que possamos ter satisfação e orgulho de aqui viver e trabalhar e consigamos divulgá-la verdadeiramente como cidade maravilhosa para os estrangeiros que aqui queiram vir. Fernando Freitas
A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br.
nossa rua dezembro de 2009
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nossa rua folha da rua larga
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boca no trombone
Cliques Rua Larga Sacha Leite
Entre a cruz e a AR-15 No alto da Vila Cruzeiro, uma cruz. De um lado, bandidos, do outro, fardados, e no pé, a comunidade – madalenas se debulhando em lágrimas. Pregada de espinhos: nossa culpa cabisbaixa e nossa omissão velada. O Cristo se rende redentor. Fardas, fuzis, revólveres sobem as vielas de paredes pichadas, feridas de tijolos aparentes de tantas chagas. No alto, escondidos de si encapuzados, peitos nus de tênis Nike, tatuagens “Eu amo Fernandinho Beira Mar”, com armas apontadas para a falta de esperança. Nas casas, chaves trancadas, janelas vedadas, familiares abraçados debaixo dos colchões – pânico. Rádios e celulares ordenam o ataque. Ninguém se entrega. Terços são contados, ladainhas, velas que choram cera, não há água nas bicas, joelhos no chão clamam por Nossa Senhora. Estrelas xerifes, antes não tão brilhantes, vão se tornando heróis a cada passo na subida do calvário. Na escadaria da Igreja da Penha, apenas um pombo em prontidão. Sobem catracas, blindados, testas franzidas, caveiras da morte e da ressurreição. Botas na ponta dos pés, fardas verdes, azuis e cisnes brancos em noite de escuridão se espreitam a cada esquina. Libélulas sobrevoam o descaso urbano, desumano das milícias do passado. Balas cruzam o céu, falsos cometas, entram nas paredes, ferem, matam – fogos que não comemoram. Um menino cata balas no chão para vender no ferro velho. Meu estômago doido, dialoga com meu coração. Faz bater seu tam-
bor para outros espíritos cariocas brasileiros “culpados sem culpa” desta situação. Quem são estes bandidos meninos e meninas, nascidos na falta de esperança, educados nas escolas do sonho impossível, que aprenderam que, na conta de dividir, o resto só poderia ser o caminho do tráfico. No quadronegro, escrito em giz: “as drogas somos todos nós”. As botas continuam subindo ao som de sirenes, pisca-pisca os olhos da favela, acuando os donos do pó branco em êxtase. Narinas vermelhas, meninas de mini sem calcinha nadam nas hidros dos marginais. Menores de 12, 13, 14 anos (menos) sem esperanças de vida, saudades de casa, de uma casa que nunca existiu ou não existe mais. Motos largadas nos cantos, apreensão, guerra, brasileiro contra brasileiro na briga pelo território. É a luta de nós contra nós. Começa a fuga dos que estão às margens vaginais. “Mãe! Pai! Por que me abandonastes!” Lá no alto, uma estrada, pernas correndo, tiros evitados para não estragar o show das câmeras jornalísticas do espetáculo global. Fogem os sem destinos, ratos pelos bueiros, até o complexo Morro do Alemão. Salve os soldados valorosos, que há dias atrás eram apenas corruptos, agora heróis. Batalha vencida. No alto, junto à cruz que não se vê, erguem a bandeira do estado e do Brasil – vitória da vontade política, coragem nunca vista em tempos de outrora. Lá embaixo, no escuro das casas, os eletrodomésticos dormem no meio de prestações atrasadas. Quem ousa apontar uma solução?
gabriel provocador gabriel@folhadarualarga.com.br
O Beco das Sardinhas, coração da região da Rua Larga, em uma sexta-feira à noite. Fazemos votos de que essa energia de bate-papo e interação se repita por muitas vezes em 2011. Sacha Leite
Carlos Negreiros e a Orquestra de Tambores trazem música popular brasileira da melhor qualidade, na abertura da campanha Natal Sem Fome dos Sonhos 2010, na Cinelândia.
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entrevista
Uma faxina geral na imagem do gari Haroldo César une letras e música em romance cujo protagonista é um lixeiro compositor Há 125 anos, o francês Aleixo Gary assinou o primeiro contrato de limpeza urbana da cidade do Rio de Janeiro. A “turma do gari” era convocada, na época imperial, para retirar das ruas a sujeira, sobretudo aquelas deixadas pelos cavalos. O termo persiste até hoje, porém, de lá para cá, a história social dos recolhedores de lixo apresentou mudanças significativas. O líder do Movimento dos Compositores Samba na Fonte, Haroldo César, aborda a trajetória da profissão no livro Garimpando Composições. Morador do Engenho da Rainha, o autor é também funcionário da Comlurb há 25 anos. Ele fala à reportagem da Folha da Rua Larga sobre a evolução da imagem do gari e revela como associar música, um cargo de utilidade pública e o ofício de escritor. Do que se trata o seu livro? O livro é uma ficção, um romance, em que o personagem principal é um gari compositor. Não é autobiográfico, são crônicas que mostram o dia a dia de todos os garis. O protagonista se chama Colosso, como alusão à maioria dos funcionários, que é tratada com apelido e número de matrícula. Eu, por exemplo, era o “08”. Eu abordo fatos curiosos que cercearam a história dos garis ao longo do tempo. Como surgiu a ideia da obra? Quando a empresa comprou computadores, comecei a teclar a história do livro. Daí já veio começo, meio e fim na minha cabeça. Mas não é algo fácil, você tem que prender a pessoa na leitura, é preciso que seja algo agradável de ler.
Carolina Monteiro
Antigamente, o gari era aquele que ia ao botequim beber, alguém que não tinha voz e não era respeitado. Hoje, há uma preocupação na direção de tratar bem o profissional, uma preocupação com o bem-estar no trabalho. O que poderia melhorar agora é essa preocupação fora do trabalho.
para a rua, encontra o vício. Éramos 90 em 1970. Hoje estamos chegando a 200 milhões. E a oferta de trabalho não aumentou tanto. Deveria haver uma preocupação do governo, com campanhas de conscientização da população a respeito disso, ou criar novas cidades como foi feito em Brasília.
A partir da Lei de Limpeza Urbana passou a ser possível multar transeuntes que despejam lixo nas vias. Você já multou alguém?
Qual é o seu envolvimento com o Movimento dos Compositores?
Já multei várias pessoas, digo, notifiquei. E colegas meus também já multaram. O problema é que quando aquilo volta para você é como se você fosse um réu. É muito difícil aplicar a lei. Haroldo César exibe sua primeira obra literária: Garimpando Composições
Qual é o público-alvo? O gari. Como a maioria não tem o hábito de ler, optei por colocar letras grandes, em caixa alta, para ler “rapidinho”. O livro também inclui letras de música e partituras. O que veio primeiro, as composições ou as crônicas? As composições não foram feitas para o livro. A música veio primeiro, depois a história. Criei a trama inspirado nas músicas. Houve apoio de alguma instituição para a publicação? O Senac Escola fez a impressão, mas utilizei recursos próprios. O Sindicato dos Garis encomendou uma tiragem de 200 livros. Estou buscando apoios e parcerias. Gostaria que alguém divulgasse o livro na Comlurb, mesmo que internamente.
Ao longo de 1/4 de século como funcionário da Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro, quais foram as mudanças percebidas? Era uma profissão renegada. Ninguém queria ganhar um salário mínimo e carregar lixo. Daí entrava qualquer um: a maioria dos funcionários não sabia ler. Logo que cheguei, recebíamos em dinheiro. Eu fui um dos primeiros funcionários a abrir conta bancária. Na década de 1970, muita gente não diz, mas, aqui na Central do Brasil, existiam espécies de olheiros que recrutavam os passantes para trabalharem como gari. Para você ver a distância de como era e como ficou. Hoje, a concorrência é super acirrada. São 300 e poucos mil inscritos para as provas. Antigamente, as crianças cantavam: “A galinha comeu... Pipoca. O lixeiro lambeu...” Chamávamos os varredores
de cenourinha. As mães falavam: “Estuda filho, senão vai virar gari”. Hoje é quase ao contrário: “Vai estudar para ser gari, meu filho”. De 1985 para cá, o perfil do gari mudou muito. As pessoas passaram a ser mais conscientes. Não vejo crianças encarnando nos garis. Você acompanhou alguma transição estrutural que garantisse a mudança de costumes da população com relação à limpeza urbana? A Lei de Limpeza Urbana é de 2001. Essa Lei estabeleceu mudanças de comportamento como “se o cachorro faz cocô na rua, o dono tem que limpar”. Existiam trechos em que os burros faziam a coleta. Antigamente, o gari era tratado como lixo. Hoje em dia, o gari é valorizado. Existem serviços que dignificam o profissional, como o Telegari. Entrei lá no limiar.
Quais são as atribuições do gari hoje? Hoje, a Comlurb limpa as ruas, hospitais, praias e poda as árvores. A Comlurb entrava nas comunidades, sempre entrou. No entanto em certa época ficou perigoso e então foi criada a figura do gari comunitário. Ás vezes a polícia entrava na comunidade disfarçada com roupa de gari para fiscalizar... Isso gerou desconfiança na classe, deu muito problema. Nas comunidades pacificadas já pode entrar qualquer gari. Em sua opinião, qual é o problema mais grave com o qual se depara o gari? Lidar com a população de rua é um desafio para todos, sobretudo para os governantes. Você tem que trabalhar com a vontade das pessoas. Elas têm o direito de ir e vir. É difícil conseguir moradia. Quando o cidadão vai
No Engenho da Rainha, montamos a Resistência, em 1994, para não deixar o samba morrer. Era um grupo grande: eu, Mário, Ivan, Aurélio, Edson Côrtes, Wantuí, entre outros. Cada um foi para o seu lado e fiquei sozinho. Logo me chamaram para o samba das quartas-feiras na Pedra do Sal. O líder era o Ferreira, mas ele desistiu, agora estou de líder. Qual foi a maior dificuldade no que se refere ao lançamento do livro Garimpando Composições? Só quis lançar o Garimpando com o meu segundo livro já pronto para ser lançado. Não quero ser escritor de um livro só. As dificuldades existem para ser superadas. O que quero por enquanto é prestar uma singela homenagem ao gari da cidade do Rio de Janeiro com esse romance em que o personagem principal é um gari que também compõe sambas. Trata-se de uma das poucas expressões artísticas onde o gari é protagonista.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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opinião Criança é para brincar e ler Nilton Ramalho
João Guerreiro, coordenador de ações culturais da Ação da Cidadania, recebe menção honrosa na Alerj
Ao começar a escrever este artigo, estava vendo na televisão os momentos tensos que antecediam ao possível derramamento de sangue que se anunciava na ocupação militar do Complexo do Alemão. Ao final do dia, mudei tudo que escrevi. Uma imagem não saía da minha cabeça: um menino de 9 ou 10 anos com uma garrafa Pet cheia de cápsulas de fuzil já deflagradas, que, segundo ele, seriam vendidas num ferro velho por nove ou dez reais. No mesmo dia, em outro complexo, o do Jacaré, um menino de 8 anos se negou a atear fogo em veículos e foi alvejado nas pernas pelos mandantes. Nós, da Ação da Cidadania, estamos na nossa 18ª Campanha do Natal Sem Fome dos Sonhos. Qual é o sonho dessas e de muitas outras crianças para este Natal e para as suas vidas? Pode ser muito dife-
rente do que pensamos. Mas nós achamos que é uma oportunidade de as crianças voltarem a se alegrar como crianças e sonharem. Alguém pode dizer: pieguice ou assistencialismo puro! Porém não somos ingênuos, assim como Betinho não o era quando denunciou a existência de 32 milhões de famintos neste país. Sabemos que tem que haver ações emergenciais e, neste caso, iniciar o processo de retornar os sonhos para quem convive na exclusão deste país desigual. Por isso, a doação de brinquedos nesta Campanha ajudará a milhares de crianças a terem com o que sonhar pelo menos na noite de Natal. Mas sabemos também que as mudanças estruturais, tão fundamentais para construirmos um país justo, passam, principalmente, por uma grande revolução na educação e nas esco-
las que, hoje, não estão preparadas para receber os 56 milhões de alunos matriculados em todo o Brasil e dar-lhes educação de qualidade. Por isso, nosso lema nesta Campanha de Natal é “Criança é para brincar e ler”. Nós, como sociedade, temos uma dívida com estas crianças que moram em áreas de exclusão e com as que são “obrigadas” a fazer atividades que não são de crianças (e nem de quase crianças, como vimos pela televisão). Assim como no Morro da Providência, no Alemão, na Vila Cruzeiro, atuamos também em diversos outros bairros que mantêm o estigma de “comunidades” ou “bairros populares”. Buscamos conscientizar todos a conquistarem seus direitos de cidadania, assim como os têm os moradores da chamada área formal das cidades. O Estado como ga-
rantidor da segurança pública se fez presente. Mas falta todo o resto. Exemplo: 56% das moradias no país não têm saneamento básico! O Estado provedor do bem-estar está longe de ser uma realidade. Contudo, uma janela de oportunidade está aberta. Cabe a nós escancará-la e transformá-la em um “trem bala”. Não temos tempo a perder. Nossas ações para darmos um Natal de Sonhos para essas crianças estão nas ruas. É fácil você participar, acessando nosso sítio (www. acaodacidania.com.br). Porém nossos sonhos passam por um Brasil com educação de qualidade para podermos fazer a transformação social que todos nós almejamos. Feliz Natal e um verdadeiro Ano Novo.
joão guerreiro jguerreiro@acaodacidadania.com.br
Maravilhosa e sem maquiagem Descobri agora, após ver vídeo de apresentação do Porto Maravilha, que a primeira fase de execução do projeto inclui a revitalização do Morro da Conceição. Fiquei um pouco confusa. Então significa que as obras no Palácio Episcopal e algumas outras já iniciadas fazem parte de um processo já deflagrado e que logo irá se concluir. Significa dizer que, se há algo a ser impedido ou recomendado, que seja feito agora, pois dentro em breve o foco de ação irá mudar. Em um vídeo curto, com bossa nova ao fundo, a prefeitura informa que o projeto Porto Maravilha se propõe a reintegrar o Porto à cidade. E afirma que esse processo só será possível através da integração com os governos estadual e federal. No vídeo, é dito que a fase inicial do plano diretor, com orçamento de R$ 350 milhões, contempla Píer e Praça Mauá, Morro da Conceição e Saúde. Afirma também, com contentamento, que a região irá receber os museus do Amanhã e de Arte do Rio. No vídeo, é demonstrado, com recursos de computação gráfica, como irá aparentar o Centro do Rio e Zona Portuária após as intervenções urbanas previstas. Arborização, demolição de estruturas antigas e construção de novas, implantação de veículos leves sobre trilhos, ciclovias e a construção de dois grandes novos museus. São tantas ações previstas que seria enfadonho citar uma a uma. Além de cansativo, o número extenso de intervenções talvez soe como pretensão ou fantasia aos leitores e moradores da região. Essa questão semântica se expõe no título do projeto, Porto Maravilha, que remete a um lugar que extrapola
características positivas, quando os frequentadores vivenciam, hoje, uma realidade de sérias dificuldades estruturais. A assinatura da parceria público-privada com as empreiteiras Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia trazem divisas, porém, com elas, uma questão: a quem a população deve recorrer para reivindicar seus direitos de cidadão? Segundo Eduardo Paes, a prefeitura tem uma operação montada, já em andamento e com muitos resultados. Tendo em vista que o processo no Morro da Conceição já teria começado, gostaria de novamente lembrar aos moradores que, se há algum pedido, recomendação ou reclamação com relação a encaminhamento ou conduta, que seja feito agora. Os moradores têm o direito de saber quais seriam esses muitos resultados citados pela prefeitura e, se for o caso, questioná-los. O mesmo dito à população do Morro da Conceição é válido para todos os habitantes do Centro do Rio e Zona Portuária. Muitos intelectuais questionam a revitalização no seguinte aspecto: a área é requalificada, com as melhorias vem o aumento dos impostos e, com isso, a debandada de moradores. Acredito que o Rio de Janeiro tem condições de fazer diferente com a criatividade que lhe é peculiar. Mas para isso, é preciso interatividade. Crie comunidades físicas ou virtuais, contas no Twitter, jornais comunitários e outras ferramentas para dizer a todos desta cidade de que maneira ela pode ficar, sem maquiagem, ainda mais maravilhosa.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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empresa
Eletrobras Eletronuclear inaugura bosque de reflorestamento ambiental Área de lazer e educação ambiental objetiva plantação de uma árvore para cada associado Divulgação
A empresa Eletrobras Eletronuclear inaugurou no mês de novembro, em Angra dos Reis, o Bosque da Cecremef Eletrobras Eletronuclear, localizado na Vila Residencial de Mambucaba. A idealização do projeto começou em 2008, quando o objetivo era plantar uma árvore para cada associado da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empregados de Furnas e demais empresas do Sistema Eletrobras (Cecremef). Os representantes regionais ficaram responsáveis pela procura de áreas desmatadas nas instalações da Eletrobras Furnas, da Eletrobras Eletronuclear ou em reservas ambientais protegidas por Lei ou Decreto. O local também deveria oferecer ao associado a possibilidade de usufruir do bosque como área de lazer e educação ambiental. Sessenta espécies de árvores já foram plantadas desde que o diretor de Operação e Comercialização da Eletrobras Eletronuclear, Pedro José Diniz de Figueiredo, assinou o convênio que viabilizava a concretização do projeto há um ano. A cerimônia de inauguração do bosque contou com alunos do Colégio Estadual Almirante Álvaro
120 crianças plantaram 300 mudas de espécies da Mata Atlântica Divulgação
João Carlos da Cunha Bastos e Maria da Conceição inauguram oficialmente o Bosque Cecremef
Alberto e da Escolinha de Futebol Amigos do Meio Ambiente, somando 120 crianças que plantaram cerca de 300 mudas de diversas espécies da Mata
Atlântica, como pau-brasil (caesalpinia echinata) e quaresmeiras (tibouchina granulosa). Também esteve presente a presidente da Cecre-
mef, Maria da Conceição Lourenço Gomes, junto a outros membros da diretoria da cooperativa. João Carlos da Cunha Bastos, superintendente de Coor-
denação da Operação da Eletrobras Eletronuclear, representou a presidência da Eletrobras Eletronuclear e, em nome desta, declarou estar satisfeito com
o esforço das novas gerações em devolver à natureza o que esta havia perdido, após ter presenciado as obras de aterramento da Vila de Mambucada nos anos 70. Com 16 mil m², o bosque reserva 11.300 m² para a recuperação ambiental. Os outros 4.700 m² são destinados a áreas de lazer para os associados e famílias da região. O projeto, desenvolvido pela Área de Responsabilidade Social da Eletrobras Eletronuclear, faz parte da política da empresa e atende a uma das condicionantes estabelecidas pelo Ibama para a licença prévia da obra de construção de Angra 3.
marina ayres costa mayres@eletronuclear.gov.br
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cultura
A história da Rua Larga espalhada pelas alamedas da região Ney Carvalho assina a curadoria da exposição itinerante que traz textos e imagens raras O Animando a Rua Larga, projeto que propõe circuitos de eventos culturais para a região, receberá uma exposição exclusiva sobre a história da antiga Rua Larga e arredores. São, ao todo, 18 pequenos textos que contarão a história dos monumentos e pontos importantes para a região, como o Morro da Conceição, o Palácio Duque de Caxias, a estação da Central do Brasil e o Palácio Itamaraty, acompanhados de imagens ilustrativas de fotógrafos do Rio Antigo como Augusto Malta. O escritor Ney Carvalho assina a curadoria da mostra, que é realizada pelo Instituto Cultural Cidade Viva e conta com o patrocínio da Light e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro. Abrigando uma biblioteca com cinco mil títulos sobre ciências humanas e 800 títulos sobre o Rio de Janeiro, Ney Carvalho se alegra com o desafio de contar a história de um território que, em sua opinião, é muito rico cultural e historicamente. As descrições e curiosidades sobre os lugares mais importantes para a cultura local serão dispostas em totens triangulares de dois metros de altura no saguão do Centro Cultural Light, e depois, espalhados por diversos pontos da região, confi-
Carolina Monteiro
Ney Carvalho coleciona 800 títulos sobre o Rio Antigo em sua biblioteca particular
gurando uma exposição itinerante, com roteiro ainda a ser definido pelos organizadores. Para Ney Carvalho, o ponto mais interessante é o porquê de Rua Larga: “Ela era dividida em duas, pela Igreja de São Joaquim, anexa ao que hoje é o Colégio Pedro II e que foi um seminário católico. Desta igreja, demolida em 1904, existem poucas imagens. Com muito custo, conseguimos uma imagem da metade do século XIX”. Outro caso interessante trazido pelo curador
diz respeito à Central do Brasil. A Rua Larga abrigava, até a segunda metade do século XIX, as igrejas de Sant’Ana e de São Joaquim (que, segundo literatura católica, foram casados, gerando Maria, mãe de Jesus). O Campo de Sant’Ana é, portanto, uma referência à Igreja de Sant’Ana que foi demolida em 1860 para a construção da Central do Brasil. A Igreja de São Joaquim seria posta abaixo 44 anos depois, pelo então prefeito Pereira Passos. Ney Carvalho opina
sobre a revitalização no Centro do Rio: “É fundamental para quem mora hoje na região. Temos que tomar muito cuidado para não confundir revitalização com modernização arquitetônica. O importante é revitalizar conservando o que existe de histórico e cultural”. O escritor se recorda da transformação de cada lugar no Centro do Rio: “Onde estamos (a redação da Folha da Rua Larga) era um restaurante espetacular dinamarquês, nórdico, e que servia sanduíches abertos, típicos da Escandinávia, por exemplo. Era um sobrado antigo, simples e tradicional que vendia sanduíches incríveis. Eu me lembro das coisas, não me esque-
Curiosidades trazidas pela mostra • O fundador do Palácio do Itamaraty, Francisco José da Rocha, conhecido como conde de Itamaraty, também era o dono do terreno do Maracanã. • O prédio do Colégio Pedro II, após sediar o Seminário de São Joaquim, funcionou como quartel, em 1817, por decisão de d. João VI. • Em 1770, houve uma superlotação no Cemitério dos Pretos Novos, no Largo de Santa Rita, ocasionando a proibição de novos enterros no local. • A cadeia pública funcionava na Rua Acre e a forca, na Praça Mauá, que, na época, era conhecida como Prainha. Os condenados saíam da cadeia na Rua Acre, faziam as últimas orações na Santa Rita e caminhavam para a forca na Praça Mauá. • A Rua Larga foi berço de uma série de instituições portuguesas, como o Vasco da Gama, a Beneficência Portuguesa, e o Real Gabinete Português de Leitura, que depois foram transferidas para outros espaços.
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Acervo Light
Um dos últimos bondes puxados a burro a transitar pela Rua Larga, em setembro de 1906
ço de nada. Às vezes até finjo que não me lembro”, brinca o bibliófilo. O organizador da exposição explica que os textos que estão sendo produzidos por ele são curtos e objetivos, feitos para os passantes mais apressados: “Você tem que escrever de modo singelo, para que as pessoas entendam. Tem uma
Avenida Marechal Floriano em 1924, por Augusto Malta
Concurso Cultural
frase do Churchill que eu adoro: ‘Das palavras, as mais simples. Das mais simples, a menor’. Tenho horror ao academicismo, ao pedantismo acadêmico”. Bacharel em Direito pela PUC, durante 30 anos Ney Carvalho foi corretor da bolsa de valores. Depois disso, começou a escrever livros so-
bre a história econômica do país. O encilhamento, A guerra das privatizações e Praça XV e arredores: uma história em cinco séculos são alguns dos títulos que levam a sua assinatura.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
Reproduzimos abaixo o texto vencedor do 1º Concurso Cultural Folha da Rua Larga
O samba carioca tem história O samba no Rio de Janeiro tem como marco principal a Pedra do Sal. Local onde os escravos vindos da África eram negociados, logo se tornou ponto de encontro para cultuação de ritos religiosos, batuque e rodas de capoeira. Localizada na Saúde – um dos bairros considerados mais importantes na formação cultural da cidade, a Pedra do Sal logo passou a fazer sucesso entre os sambistas da época. Nomes como Pixinguinha, João da Baiana, Cartola, Donga e tantos outros, foram presença marcante naquele local de grande valor histórico para a população carioca. Tombada em 1984, hoje a Pedra do Sal é marcada na agenda carioca como ponto de encontro de sambistas para as comemorações do Dia Nacional do Samba, em dois de dezembro. Neste dia, grupos de sambistas lá se reúnem para prestar homenagens culturais e dar salvas a Xangô, que segundo as tradições umbandistas é o Senhor das Pedreiras. Assim, a Pedra do Sal é forma e cultura, devendo ser considerada, literalmente, a existência concreta da memória do samba de nossa cidade. Celi de Abreu Lopes Obrigada a todos que participaram enviando textos para leitor@folhadarualara.com.br. Continue em contato conosco enviando comentários sobre a região, observações ou sugestão de pauta.
LIGUE. ACESSE. ANUNCIE.
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social
A comunidade como potência cultural Verão nas UPPs leva projetos culturais às comunidades pacificadas Divulgação
Tanto para os turistas tos. Ao longo do período quanto para os próprios ca- de inscrição, o escritório riocas, o verão do Rio cos- de Apoio à Produção Cultuma ter um roteiro básico tural da Secretaria de Culque passa pelas praias do tura ofereceu consultoria Leblon, Ipanema e Copaca- aos candidatos e, segundo bana, finalizando o dia em a produção do Verão das algum ponto da Zona Sul. O UPPs, grande parte deles projeto Verão nas UPPs pre- são agentes culturais das tende mudar esse quadro: próprias comunidades. Para o idealizador do Vepor que não ouvir um bom samba de raiz ou assistir a rão nas UPPs, Marcus Viníuma peça de teatro no Santa cius Faustini, a favela é um Marta, Chapéu Mangueira importante polo de produção ou Morro da Providência, cultural: “Nós temos que testemunhando o pôr do sol romper com este conceito em uma comunidade pacifi- preconceituoso. Nas favelas existem focos de produção cada? Foi com esse argumen- cultural de qualidade muito to que Marcus Vinícius boa. Por que não instituir a Faustini, assessor especial ‘Birosca’ como um patride Cultura e Território da mônio? É uma instituição Secretaria de Estado de As- carioca, assim como o samsistência Social e Direitos ba, o funk. Olha só que coisa Humanos, idealizou o Ve- bacana seria se, depois da rão nas UPPs. O projeto se praia, o turista pudesse ver propõe a promover três dias o pôr do sol em uma visão de eventos artísticos em panorâmica da Providência? cinco comunidades atendi- Ou então assistir a um show das pela Unidade de Polícia de MCs no Borel?”, questiona Faustini. Pacificadora (UPP). Atrair a visitação para as O plano é abranger 17 tipos de linguagens, entre comunidades, tornando-as elas, teatro, circo, dança, uma opção de espaço de ecoturismo, gastronomia, lazer para todos, é o mote música, cinema e fotogra- do Verão nas UPPs: “Espero que essas fia. Além da ações fortaProvidência, leçam a autoo projeto será estima desses realizado tamlocais, para bém nas codesvinculá-los munidades do da imagem Batan, Borel, de violência Chapéu Mana que normalgueira/Babilômente são asnia e Cidade sociados. A cide Deus, com dade pertence o objetivo de à favela assim promover, como a favedentro das comunidades, Marcus Faustini la pertence à cidade. Cheoficinas que gou a hora da resgatem e valorizem a memória local. A comunidade se representar. verba a ser repassada aos Os cariocas podem ter um projetos para a execução de verão na comunidade tamtodas as atividades, em ja- bém, não apenas na praia. neiro e fevereiro de 2011, é O verão acontece em toda a cidade, não há margem”, de R$ 500 mil. 35 projetos foram con- justificou. De acordo com Marcus templados, dos 56 inscri-
“A cidade pertence à favela assim como a favela pertence à cidade”
Apresentação do grupo Tá na rua, uma das instituições que ministrará oficinas na Providência Divulgação
Faustini, já existiam alguns projetos sendo desenvolvidos, como é o caso da “Staumbor Oficina de Música”. Mas, para alguns agentes, faltava apenas o conhecimento de formatação de um projeto para um edital. “Queríamos apoiar, qualificar e tratar com seriedade essas propostas. Essas favelas precisam de políticas específicas, editais específicos. Não estou me referindo a algo pontual somente, como um evento cultural. É uma discussão maior. Se esse projeto piloto der certo, a gente já prepara a edição de outono”, afirmou.
Hernani Lopes ministra aulas de caratê, na Providência, há um ano
Oficinas a serem desenvolvidas na Providência em janeiro e fevereiro de 2011 Oficina Ministrante Cultura, uma providência para todos!
Instituto Tá na Rua para as Artes
Rimatividade Poética
Instituto de Ação Social de Esporte e Educação
Oficina de Música / Músicos pela Paz
Instituto Staumbor
Varal de Lembranças Janelas do Futuro
Instituto Tocando Você
Ciranda de Roda
Studio de Arte Espaço Aberto
Articulação Providência
Dignitá Obras Sociais e Educacionais
Sobre o Morro da Providência, o coordenador do Verão nas UPPs afirmou que a comunidade tem uma grande importância histórica e estratégica. E finalizou dizendo que, se o projeto for abraçado por todos, funcionará como um divisor de águas.
sacha leite e fabiola buzim sacha@folhadarualarga.com.br fabiolabuzim@gmail.com
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comércio
A marca de cosméticos que faz escola L’Oréal Professionel abre na região o primeiro centro de formação do mundo Produtos conhecidos pela qualidade, serviços a preços reduzidos em um ambiente clean e novo. Esse é o Instituto L’Oréal Professionnel na Avenida Marechal Floriano, que forma a sua primeira turma de cabeleireiros em dezembro. São os primeiros 20 profissionais capacitados pelo primeiro (e único) Centro de Formação de Cabeleireiros e Manicures da L’Oréal, no mundo. Há seis meses, ele funciona em um casarão na antiga Rua Larga e se tornou febre entre as frequentadoras da região. Os alunos cursam o Salão Estágio atendendo aos clientes com a supervisão de instrutores. São oferecidos todos os tipos de serviços: corte, coloração, relaxamentos e diversos tratamentos para os cabelos. E os preços são bem populares. Uma escova é feita a partir de R$ 10 e o pacote manicure e pedicure sai a R$ 15. O Salão Estágio funciona de segunda à sexta, das 9h às 19h, e os atendimentos são feitos por ordem de chegada. O horário de almoço é o mais concorrido. A maior parte do público vem das grandes empresas, como Light, Oi, Embratel, e órgãos públicos, como Detran e PMERJ. A ideia de criar um curso de formação para cabeleireiros surgiu nos salões de exposição de produtos da marca L’Oréal. Alguns clientes começaram a questionar e a sugerir que a empresa in-
vestisse em um espaço para capacitação. De acordo com Sheila Duarte, gerente de formação, o mercado brasileiro é muito carente de profissionais com boa formação e o Instituto vem para suprir essa demanda nos salões de beleza. “Essa profissão é belíssima, mas os profissionais enfrentam muitos preconceitos, e um deles é a falta de capacitação”, pontua. Toda uma estrutura foi montada: o espaço abriga dois andares, três salas, área com bancada, lavatórios e posto de tratamento, tudo com qualidade internacional. Já o curso tem duração de seis meses e para se inscrever, os interessados devem acessar o site www. institutolp.com.br e preencher o formulário disponível na página. É preciso atender aos pré-requisitos: ter mais de 16 anos, ter concluído ou estar cursando o ensino médio e demonstrar aptidão para a profissão. Passando por esse estágio, os interessados são entrevistados e recebem orientações sobre o formato do curso e as normas da instituição. O candidato fará ainda uma redação explicando porque escolheu ser cabeleireiro. Todo esse procedimento visa mostrar ao candidato que talento não é o suficiente e que eles precisam conhecer todos os aspectos da profissão. “Para o aluno, o atendimento ao cliente é um dos momentos mais importantes
Divulgação
A capacitação é tanto para os experientes quanto para quem não tem conhecimento na área
do curso, pois é quando ele pratica tudo o que aprendeu em sala, vivenciando situações reais. Quanto mais ele atender, mais ele estará preparado. É um aprendizado total”, explica Nadi Capette, instrutora técnica do Instituto L’ Oréal. Para ela, o Salão é um ambiente favorável que ajuda a desenvolver a segurança nos futuros profissionais, pois muitos chegam ao curso sem experiência nenhuma e, após baterias de treinamento intenso, saem bem preparados. O curso é dividido em oito módulos. Na primeira etapa, os alunos recebem aulas teórico-práticas, em que o aprendizado se faz através de apostilas e apresentações. Eles aplicam esses conhecimentos em bonecos ou modelos voluntários, a maioria da própria família dos alunos. É um período de constantes avaliações e de conteúdos trabalhados de
forma progressiva, quando são discutidos vários temas, como o mercado de trabalho, higiene, ética, vigilância sanitária, administração, especialidades e excelência no atendimento. Após esse período, o aluno deverá cumprir um estágio no Salão, cuja carga horária será correspondente a 50% da carga total, que é de 288 horas. A capacitação técnica do profissional só se concluirá após esta etapa, que é obrigatória. Sheila Duarte garante que o ensino oferecido é de alta qualidade. “Eles precisam ter 75% de aproveitamento, a média não pode ser inferior a 7. Nós cobramos a pontualidade, o uso de uniformes e boa aparência. Se o aluno reprovar terá que repetir o curso inteiro. É preciso amar a profissão e trabalhar para ser bem sucedido”, explica Sheila. Em turmas de até 25 alu-
nos, a capacitação é voltada tanto para quem já tem alguma experiência na área quanto para aqueles que nunca pegaram numa tesoura ou num alicate de unhas. “Temos perfis diferenciados. Alguns nos procuram porque querem se profissionalizar, outros para mudarem de profissão, e há aqueles que querem conhecer para saber administrar o seu próprio negócio. Posso dizer que a maioria dos interessados ainda são as mulheres”, explica Sheila. Esse foi o caso de Michel Lemos Rodrigues, de 29 anos, cabeleireiro. Ele já trabalhou como office-boy, auxiliar de escritório, segurança, pedreiro e entregador. Nunca havia pensado em ser cabeleireiro, quando sua irmã o convidou para ser sócio de um salão de beleza. Ele aceitou e se arriscou a mudar de profissão. A possibilidade de ter o seu
próprio negócio foi o que o motivou. Filho de militar, Michel é casado e tem duas filhas. No início, sua esposa estranhou a decisão, mas agora aprova as habilidades do marido. “Ela tem um cabeleireiro exclusivo, é a minha modelo preferida”, brinca Michel. Sem se importar com o questionamento de sua masculinidade, explica que “é um trabalho como outro qualquer. O importante é você se sentir bem. Eu não posso reclamar de nada. Antes eu nem sabia pegar em um pente direito, agora eu pretendo me especializar em corte. O mais importante é que estou investindo no meu negócio”, avalia Michel Lemos. Segundo a administração do Instituto, a procura pelo curso tem aumentado progressivamente e novas turmas foram abertas. Um sistema de franquias já vem sendo estudado e, até o início de 2011, o projeto chegará a São Paulo. A proposta é estender o modelo para todo o Brasil. De acordo com Sheila Duarte, esse movimento é compreensível: “As pessoas estão interessadas em fazer algo prazeroso e essa profissão é bem flexível. Existem muitos casos de aposentados que estão fazendo o curso para realizar um sonho, e só agora tiveram a oportunidade”.
fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com
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cidade
Enem na berlinda Professores e alunos do Colégio Pedro II avaliam o exame candidato a substituir o vestibular De acordo com a pesquisa Vox Populi divulgada em dezembro pelo portal IG – Último Segundo, 67% dos brasileiros afirmam que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deve ser mantido. Apesar da polêmica causada por erros na impressão das provas, vazamentos dos gabaritos em edições passadas e da consequente queda na credibilidade do exame, apenas 13% da população discorda desse método como forma de ingresso nas universidades. A Folha da Rua Larga ouviu alunos do Colégio Pedro II, unidade Centro, além do diretor da unidade, professor Flávio Norte a respeito do tema em questão. Para os que participaram da avaliação, alunos do 2º e 3º ano do ensino médio, as opiniões foram diversas, mas a desorganização na aplicação das provas foi o que desagradou à maioria dos estudantes entrevistados, como Anna Carolina de Sousa Soares, 17 anos. A adolescente está cursando o 3º ano e aguarda a nota do Enem para ingressar na faculdade de Direto. Ela reclamou do despreparo dos fiscais durante a aplicação dos
testes e do pouco tempo para a realização da prova. Sentiu-se em uma maratona. “São muitas questões e pouco tempo. Não podemos usar rascunho, nem consultar o relógio. Parece que eles avaliam a resistência e não o conhecimento”, reclamou. Concordando com a colega, a estudante Gabriela Siracusa Nascimento, 18 anos, questionou a função do Enem: “Será que a prova avalia mesmo?”. Para ela, tanto o Enem como o vestibular são formas de avaliação que excluem, e acredita que, quando se trata de educação, a palavra excluir não pode existir, a estrutura educacional precisa ser revista. “O Estado deve garantir educação para o povo. Eu deveria sair do ensino médio já com espaço garantido na faculdade”, afirma. Para os candidatos que se sentiram prejudicados haverá uma nova avaliação, que já está marcada para o dia 15 de dezembro, às 13 horas. O estudante Guilherme S. Andrade Silva, de 18 anos, acredita que uma boa forma de resolver o caso seria anular a prova e dar uma oportunidade igual a todos. “Acho que aqueles
Fabíola Buzim
Para alunos do ensino médio do Colégio Pedro II o Enem avalia a resistência, não o conhecimento Fabíola Buzim
Flávio Norte, diretor do Colégio Pedro II – Centro
que ficaram insatisfeitos com o exame deveriam ter o direito de refazê-lo”. O diretor do Colégio Pedro II, Flávio Norte, entende a indignação de alguns alunos, mas acredita que a discussão não deveria permanecer sobre os erros operacionais do exame e defende a legitimidade do método. Ele explicou que a falha se deve a uma questão de execução e não de planejamento. “Acredito que o sistema não pode ser responsabilizado, pois o processo foi correto e o erro não pode comprometer a importância de um projeto como esse. Existe um grupo que torce para que esse sistema dê errado. Mas essas pessoas não têm interesses educacionais, e sim de mercado”. O diretor explicou, ainda, que o sistema educacional precisa de várias reformulações, por exemplo, ter uma avaliação desde as séries iniciais e a extinção do vestibular. Ele criticou alguns colégios que preparam os alunos focando apenas nas provas deste último. “Isso resulta em um ensino de decoreba. A impressão que se tem é de que o objetivo do ensino médio está em pre-
parar o aluno para o vestibular. Aqui no colégio, esse tipo de classe especial que prepara os alunos para o vestibular e para o Enem não funciona. Esse tipo de procedimento gera uma separação entre os alunos e não queremos que isso ocorra aqui. A competição não deve ser supervalorizada. Temos que pensar em formar cidadãos que sejam capazes de enfrentar as dificuldades, que sejam humanos, que tenham facilidade para se socializar “. Para ele, o Enem é um começo desse caminho, por isso é passível de erros e tantas críticas: “A instituição Enem é séria, correta. Graças a esse sistema, temos alunos que já saem do colégio e vão frequentar universidades e faculdades renomadas. É lógico que houve uma falha, mas não faz sentindo anular o Enem. Seria um despropósito”, afirmou. A maior preocupação do dirigente é sobre o resultado final da avaliação e se ela pode prejudicar a matricula de alguns alunos em instituições de ensino superior.
fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com
cidade novembro – dezembro de 2010
morro da conceição Homenagem ao grande professor Jorge Wanderley E por falar em saudade, por onde anda você que a gente não vê? Não vê, mas lê. Não vê, porque há alguns anos foi morar com as estrelas. Foi habitar um cosmo cheio de ausências. Deixou saudades e um punhado de livros ali na estante, bem ao alcance das mãos, para nos comunicarmos com ele. Escreveu tudo que gostaríamos de escrever, traduziu Shakespeare como ninguém. Não, ele não traduziu Shakespeare. Ele se encorpou nele. Sempre dizia em suas aulas: “Hamlet muda a cada leitura — Você já leu seu Hamlet de hoje?” Era neurocirurgião, deixou a medicina para ser poeta. Trocou o bisturi pelas palavras e o fez tão bem que cada poesia lida é uma cirurgia na alma. Algumas vezes são cheias de cicatrizes. Jorge Wanderley, neurocirurgião do espírito, incansável professor, esta é uma homenagem que faço para que as pessoas entendam como os conflitos familiares são desnecessários. Previsão do Tempo A árvore diante da janela parecia destruída, mas no tempo certo / deu flores espantosas sem ligar / a mínima para os parasitas do tronco / ou para os prognósticos gerais. Dentro da casa, todos / continuavam a se massacrar uns aos outros / sem que houvesse entre eles e a árvore / nenhum vínculo, mistério, ponte. Agora vem aí o inverno / e a árvore vai outra vez se esgalhar / em nervos e eminências de uma morte. Que não chegará / depois na primavera de novo / estará colorida. Porém os de dentro de casa / – sem nada que assegure seus ritmos – / não vão saber como estão, / a julgar pelos parasitas
teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com
folha da rua larga
A maior PPP do Brasil Prefeitura assina convênio com empreiteiras para a 2ª fase da revitalização do Porto Acervo Cdurp
do tronco / nervos esgalhados e os prognósticos gerais Sobre o autor Jorge Wanderley nasceu em Recife, Pernambuco, em 1938. Médico, poeta e tradutor, começou a escrever aos 16 anos de idade, publicando seu primeiro livro Gesta e outros poemas, em 1960. Ainda em sua cidade natal, formou-se em Medicina, com especialização em Neurocirurgia, carreira que abandonaria alguns anos após sua chegada ao Rio de Janeiro, em 1976. Na capital carioca, concluiu mestrado e doutorado em Letras pela PUC. Nesta universidade e na UFF foi professor de Literatura Brasileira e Teoria da Literatura nos anos 1980 e faleceu em 1999. Conhecido, sobretudo, como tradutor e crítico literário, não menor foi sua obra própria, que se estendeu ao longo de quatro décadas, resultando em um “fazer poético” que permaneceu sempre em constante construção, grande parte reunido hoje em sua Antologia Poética, livro publicado postumamente. Jorge Wanderley publicou inúmeras crônicas e ensaios literários em revistas e jornais, além de uma dezena de traduções tanto de clássicos da literatura, de Dante (de quem traduziu todos os poemas esparsos e também os poemas de Vita nuova) a Shakespeare, como de autores contemporâneos, entre os quais Bukowski, com quem muito se identificava por ver no bardo americano uma reprodução de si mesmo.
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Eduardo Paes afirma que pela primeira vez pega emprestada uma caneta de um empreiteiro
O plantio de 15 mil árvores, a instalação de sete mil novos postes de luz e a construção de 17 km de ciclovias no Centro do Rio e Zona Portuária são algumas das ações previstas para a segunda fase do projeto Porto Maravilha, formalizada no dia 26 de novembro, no Galpão da Cidadania, com a assinatura de contrato entre a prefeitura do Rio e o Consórcio Porto Novo. Trata-se da primeira parceria público-privada (PPP) do município, no valor de 7,6 bilhões de reais a serem administrados, a partir de janeiro de 2011, pelas empreiteiras Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia, vencedoras da licitação. “Cidade sem Centro é cidade sem alma. Estamos resgatando a alma dessa cidade”, discursou o prefeito Eduardo Paes, após a assinatura do contrato. Segundo Reginaldo Assunção da Silva, diretor da OAS, para elaborar o pacote de obras e serviços destinados ao Porto, sua equipe contatou 55 entidades e percorreu 22 cidades: “Visitamos lugares como Londres, Sidney, Roterdam, Buenos
Aires, Barcelona. Estamos prontos para agir. Há mais de 30 anos os cariocas desejam esse tipo de investimento. Existiam projetos, mas não de forma integrada”. O contrato prevê, dentre as ações, a demolição do Elevado da Perimetral no trecho entre a Praça Mauá e a Francisco Bicalho, a construção do Binário do Porto – via de mão dupla paralela à Avenida Rodrigues Al-
ves e a criação de um túnel que vai da Praça Mauá até o Armazém nº 5 do Cais do Porto. Além disso, será feita a ampliação do túnel ferroviário sob o Morro da Providência, para recebimento do tráfego de automóveis. R$ 4,1 bilhões serão investidos em obras e R$ 3,5 bilhões em serviços ao longo dos próximos 15 anos. Todo o investimento nessa etapa da revitalização será
Obras e melhorias previstas • Construção de 4 km de túneis e viadutos • Execução de 70 km de vias e 700 km de redes de infraestrutura urbana • Execução de 650 km² de calçadas • Implantação de 17 km de ciclovias • Instalação de sete mil postes • Plantio de 15 mil árvores • Projeto Morar Carioca na Providência • Urbanização nos bairros Saúde, Livramento e Morro do Pinto
custeado pela venda dos Certificados de Potencial Adicional Construtivo (Cepacs). Segundo a prefeitura, a operação proporcionará a disponibilização de obras e serviços para a população sem a utilização de recursos públicos municipais. Entre os serviços que ficarão sob responsabilidade do consórcio Porto Novo nos próximos 15 anos estão, por exemplo, a conservação e a manutenção de vias públicas, calçadas e monumentos históricos, iluminação pública, limpeza urbana, coleta de lixo domiciliar e atendimento ao cidadão. A PPP em questão permite o controle de qualidade na prestação de serviços e realização das obras por parte das autoridades públicas e da população. A prefeitura também anunciou, na ocasião, o início das obras de implantação e fortalecimento das vigas de sustentação do Museu do Amanhã, no dia 1º de dezembro, etapa a ser finalizada em fevereiro de 2011.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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gastronomia
Mais pinceladas de bom gosto no Centro do Rio
receitas carol
Gioconda Café abre filial na Rua Acre, trazendo opção charmosa aos paladares mais apurados Divulgação
Os frequentadores da região da Rua Larga ganharam mais um restaurante como presente de fim de ano: Gioconda Café. Inaugurada há cinco meses na Rua Acre, a casa vem rapidamente conquistando uma clientela fiel. O ambiente do Gioconda destoa da agitação das ruas e logo faz o cliente esquecer que está em pleno Centro da cidade. São três ambientes espaçosos dispostos em dois andares. As mesas em madeira dão um ar elegante ao restaurante, que acomoda também uma seleta adega refrigerada. A personagem que dá nome ao bistrô está por toda parte. Do lado de fora, diversas imagens de Gioconda enfeitam a fachada. No interior, quadros em sequência mostram uma divertida transformação da musa em seu criador, Leonardo da Vinci. A decoração segue a mesma linha da matriz, fundada em 2002, na Avenida Rio Branco. O nome é uma homenagem à tradicional livraria Leonardo da Vinci, instalada no Centro há meio século. “O restaurante é a realização de um sonho para mim. Cresci em uma família de cozinheiros, atrás de um balcão, ajudando a servir os salgadinhos que meus avós e tias faziam quando eu era criança”, conta o dono José Mattoso. O amor pelo negócio é visível na atenção dada tanto à decoração quanto aos alimentos servidos. Alguns itens são receitas da família, como as quiches, pastéis, empadas e bolos de milho e formigueiro. Os pratos são elaborados por uma chef e uma nutricionista. Produtos industrializados não entram na cozinha. O cardápio é vasto e agrada a todos os gostos. O medalhão de mignon ao molho madeira e batata rostie é uma boa pedida (R$ 25,90), assim
Trago uma receita bem tradicional, com especiarias e açúcar mascavo, que pode ser servida como sobremesa, junto com sorvete ou café, ao final da ceia. É um presente maravilhoso, além do prestígio de se ganhar um bolo feito por
você: quer honra maior do que essa? Passe um papel filme bem esticado para conservar o bolo e embrulhe no papel celofane. Fica um luxo! Boas festas a todos os nossos leitores e um 2011 bem curtido.
Bolo de frutas com especiarias
ACP
Ambiente acolhedor do Fim de Tarde O aconchegante ambiente que une bar e galeria Carolina Monteiro
Medalhão de mignon ao molho madeira e batata rostie Divulgação
O pé-direito alto é um dos destaques do ambiente
como o salmão grelhado com tomilho fresco e arroz de açafrão (R$ 27,90). O fusilli ao molho de camarões frescos e vinho branco ao perfume de limão siciliano é uma excelente pedida para os amantes de massa (R$ 23,30). Para os que querem manter a linha,
há uma variedade de saladas, quiches e pratos lights, como a panqueca integral, que vem recheada com ricota defumada e espinafre ao molho de iogurte com alho-poró (R$ 20,60). As sobremesas são de tirar o fôlego e fica difícil escolher
entre tantas opções. A que leva o nome do restaurante, a Gioconda Carioca (R$ 4,50), é uma mistura de biscoito com chocolate, ótima pedida para se comer tomando um expresso (R$ 3,20). Outra ótima sugestão é a torta integral de banana com sorvete e canela (R$ 10,20), ou alguns dos inúmeros pavês que a casa oferece. O Gioconda abre também para o café da manhã e oferece opções variadas de sanduíches, croissants e outras delícias. O atendimento, feito por cinco garçons, é excelente. Outra opção que a casa oferece, nesta época do ano, é a ceia de Natal, com cardápio que apresenta desde rabanadas e bolinhos de bacalhau até um sofisticado e surpreendente rosbife ao molho de gorgonzola. Em janeiro de 2011, o Gioconda iniciará o serviço de delivery, passando a entregar lanches e refeições. Bom apetite! Rua Acre, 14, Centro. Fones: (21) 2233-8661 / (21) 2292-8909
karina martin karina.martin@light.com.br
Ingredientes 3/4 de xícara de rum escuro 3/4 de xícara de pera seca picada 3/4 de xícara de passas pretas 3/4 de xícara de damasco seco picado 1/2 colher de chá de raspas de laranja 120 g de manteiga sem sal (3/4 de xícara) 160 g de farinha de trigo (1 xícara cheia) 1/2 colher de chá de canela
em pó 1 pitada de cravo em pó 1 pitada de noz moscada em pó 1/4 de colher de chá de cardamomo em pó 2/3 de xícara de açúcar mascavo 1/3 de xícara de açúcar branco 3 ovos 1/2 colher de sopa de baunilha 1/4 colher de chá de sal
Modo de preparo: Bata a manteiga com o tabasco, alho e limão. Use de 2 a 4 ovos, dependendo da sua fome. Ferva um pouco de água com sal na frigideira e acrescente os ovos um a um. Deixe ferver levemente por 3 a 4 minutos, assim a clara cozinha, mas a gema continua molinha. Derreta 2 colheres de sopa da manteiga temperada,
acrescente a salsa e deixe cozinhar por um minuto. Torre o pão e espalhe a manteiga que não foi derretida, coloque os ovos e regue com a manteiga de salsa. Polvilhe um pouco de sal e sirva imediatamente.
ana carolina portella carolnoisette@hotmail.comr
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lazer
DJs antenados com a revitalização Alexandre Correa e Enzo Wajntraub promovem festa descolada com ingressos a R$ 5 Divulgação
As noites no Centro estão mais movimentadas. Além das tradicionais Rua do Mercado, Beco das Sardinhas e Lapa, uma nova opção surgiu na Rua da Assembleia, no Restaurante Cristal. A festa de “Happy hour do Cristal” ou “Festa do Alê”, que propõe um encontro entre amigos a fim de conversar e descontrair depois do expediente. A festa acontece há quatro meses, sempre às quintasfeiras. O clima começa a esquentar mesmo a partir das 20h na pista de dança da boite. Antes disso, o pessoal faz um “esquenta” no barzinho ao lado. Para os homens, um valor simbólico de entrada: R$ 5. Já as mulheres têm entrada liberada. Além do ambiente agradável, ao longo da noite costumam acontecer
Alexandre Correa toca na Festa do Alê, na Rua da Assembleia
rodadas de cerveja ou caipivodka como cortesia da casa. A programação musical é comandada pelos DJs Alexandre Correa e Enzo Wajntraub e tem uma proposta diferente. Alexandre Correa
diz que a ideia é criar um ambiente leve e descontraído: “A música é boa. Nossa proposta é fazer algo com cara de festa, sem se prender nem ao hit atual, tampouco ao convencional. Às vezes vamos
buscar playlists nos anos 60, fugindo um pouco do que está na moda, do que está no eixo comercial. Nós tocamos músicas alegres, não importa a época”. A ideia do evento surgiu na organização da festa de aniversário do próprio promoter. Tudo começou informalmente e foi uma vontade dos amigos de criar um ambiente para um encontro semanal. Um outro fator apontado pelos organizadores como determinante na escolha do local foi movimentar um pouco mais a noite do Centro e participar efetivamente da revitaliação. Para Alê Ortiz, a região central é um lugar que tem uma diversificação cultural muito grande e é preciso aproveitar esse encontro. “Já temos muitos espaços bacanas para ir, a
Lapa por exemplo, mas aqui na Rua da Assembleia, não há. Estamos cercados por vários escritórios nesta região. Nós criamos mais uma opção para melhorar a vida noturna do Centro”. O promoter Alê Ortiz, organizador da festa, descreve o evento como um espaço amigável, onde as pessoas já se conhecem e querem ficar juntas. Para os “estranhos no ninho”, há um encaminhamento: “Como a maioria das pessoas já se conhece, quando vai um convidado, logo ele é enturmado, pois a proposta é esta, que as pessoas interajam, se apresentem e que o clima de amizade seja mantido.” Segundo Alê Ortiz, o clima é tranquilo e o local é seguro. A maioria dos frequentadores é de pessoas que trabalham na
região. São adultos entre 30 e 40 anos. Em todos os eventos a casa fica cheia, mas não existe uma propaganda ainda. Quem passa e ouve o som acaba entrando, ou então há a indicação “boca a boca”. Mas quem for só pensado em “pegação’, o produtor dá uma dica: “Aqui não rola esta ideia de pegação geral. Os romances acontecem de forma mais sutil. Se tem um amigo interessado em alguém, ele pede a um outro para apresentar e assim vai, na conversa”. Festa do Alê – Happy Hour do Cristal: Rua da Assembleia, 11, Centro – Restaurante Cristal. Produção: 22100717 – Cristal Club.
fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com
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Velha guarda da Vila canta ao mestre Noel
dicas da cidade Concurso Porto Olímpico A Prefeitura do Rio, o Instituto de Arquitetos do Brasil e o Comitê Olímpico Brasileiro estão promovendo um concurso para a seleção da melhor proposta arquitetônica e de urbanização para as instalações olímpicas na Zona Portuária. Serão escolhidos os quatro melhores projetos para construções como a Vila de Mídias, a Vila de Árbitros e o Centro de Convenções: www.concursoportoolimpico.com.br Gastronomia e degustação O Principado Louças promove degustações e cursos de gastronomia em seu Espaço Gourmet. Recentemente, a casa recebeu os chefs Juan Bertoni e Cida Bodstein, que ministraram cursos práticos em
confeitaria. Os interessados em seguir ou ministrar seminários devem entrar em contato com Ana Claudia: (21) 3289-2443. O Principado fica na Avenida Marechal Floriano, 153 a 161. Morro da Conceição No dia 11 de dezembro, os artistas plásticos do Projeto Mauá abrirão as portas de seus ateliês. Este ano, além do tradicional Bar do Serginho e do Geraldo, estarão também abertos os seguintes bares: Sacabral Art Gallery, situado aos pés do Morro da Conceição (Rua Sacadura Cabral, 63, esquina com a Rua do Escorrega), e Imaculada (Rua João Homem, 07).
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
CCL recebe a Vila Isabel para encerramento do projeto Noel, Feitiço do Samba Divulgação
A Velha Guarda Musical de Vila Isabel fará a última apresentação do projeto Noel, Feitiço do Samba, no dia 16 de dezembro, às 12h30, no Centro Cultural Light. Há oito anos, Adílson da Vila criou o grupo e o show que corre o mundo e já foi visto por mais de um milhão e meio de pessoas.
De onde surgiu o interesse em contar a história do bairro através das músicas?
Como surgiu a Velha Guarda Musical de Vila Isabel? Adílson da Vila, Juju Bragança e instrumentistas cantam a história da Vila
Foi iniciativa do Martinho da Vila. Achava que juntar velha guarda era coisa de fim de carreira. Montei um grupo musical, inicialmente, com 25 componentes. Devido ao ritmo árduo de ensaios, ao final ficamos com dez pessoas. O objetivo maior era trabalhar o nome não só da escola, mas também do bairro.
Aqui há 12 milhões e por lá apenas 8 milhões.
O grupo costuma se apresentar fora do Brasil? Estivemos na Sibéria, abrindo o show do U2, na China, representando o Brasil nas Olimpíadas de Pequim, e no Oriente Mé-
dio, tocando para 75 mil pessoas. Assinamos um contrato para voltarmos ao país nos próximo três anos. Somos o primeiro grupo brasileiro a se apresentar por lá. A propósito, existem mais libaneses no Brasil do que no Líbano.
ANÚNCIO FIM DE TARDE SENDO FEITO
Como historiador, procurei formas de trabalhar a velha guarda. Fui buscar a história do bairro, que foi o primeiro a ser projetado no Rio de Janeiro. Na época, a Lapa era um antro de marginalidade e prostituição. A boemia estava na Vila. Noel: Orestes Barbosa, Guilherme Brito (parceiro de Nelson Cavaquinho), Jamelão, Ataulfo Alves e Braguinha. Salve a Vila!
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br