Divulgação
Galpão Gamboa traz arte ao Porto Conheça espaço idealizado pelo produtor Fernando Libonati e o ator Marco Nanini, que é palco de apresentações teatrais e oferece oficinas gratuitas aos moradores da Zona Portuária. página 10
Especialistas em marketing explicam o sucesso das comprasfolha coletivas da rua larga Letícia Leite, do Peixe Urbano, e Daniel Funis, do Groupon, falam sobre o modo de funcionamento desses sites, que já somam mais de mil no Brasil. Página 13
folha da rua larga RIO DE JANEIRO | JANEIRO – FEVEREIRO DE 2011
cultura
Cais do Porto abriga mostra sobre cotidiano de estivadores
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 25 ANO IV
Um guia cidadão para os moradores da Zona Portuária do Rio de Janeiro
Sacha Leite
O fotógrafo Maurício Hora e o produtor Laércio Costa Reis organizam a exposição Trabalhadores do Porto, com abertura prevista para a segunda quinzena de fevereiro, no Armazém 18. página 8
Anderson Medina, o sambista prodígio da Providência Menino de apenas 12 anos já é uma grande promessa no mundo do samba. Além de intérprete oficial da Pimpolhos da Grande Rio, compôs um samba-enredo em homenagem à ex-portabandeira Dodô, da Portela. página 9
gastronomia
A lagosta mais famosa do Centro página 14
Maria Lobo lança Guia do Cidadão do Porto do Rio de Janeiro, uma listagem de 122 entidades que zelam pelos direitos humanos, nos bairros do Centro, Saúde, Gamboa e Santo Cristo. A socióloga promoveu encontros com líderes comunitários ao longo de dois anos. página 5 Lielzo Azambuja
nossa rua
Homens trabalhando no Beco das Sardinhas: primeira obra se inicia Subprefeitura do Centro propõe à prefeitura antecipação dos investimentos na região da Rua Larga, área que seria tardiamente contemplada pelo projeto Porto Maravilha. Representantes da AmBev elaboram projeção para o complexo de bares nos mesmos moldes do Lapa Legal, com toldos padronizados e melhorias na infraestrutura local. páginas 3
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nossa rua
Se essa Rua fosse minha
espaço dos leitores À subprefeitura do Centro
Fabiola Buzim
“Colocaria uma rádio comunitária para anunciar os comércios locais e melhoria o calçamento, pois as pedras portuguesas vivem saindo. Outro dia, tropecei numa pedra dessas e me machuquei. Se você andar distraído, é até perigoso. ” Jaime Fernandes, vendedor
Fabiola Buzim
“Resolveria o escoamento da água. A população não colabora, pois continua jogando lixo no chão e isso entope todos os bueiros. É um problema antigo e sempre falamos da necessidade de se manter a rua limpa, mas não funcionou nada.”
Trabalho no Centro do Rio e constato diariamente o abandono no qual se encontra o mesmo. As ruas de pedestres com paralelepípedos ou com blokets estão em péssimo estado de conservação com buracos e ondulações que podem causar diversos problemas aos pedestres. Além disso, escoam pelas ruas rios de esgoto e imundície de lixo e quando chove ficam poças de esgoto e lixo. Carros em cima das calçadas que dificultam o trânsito de pedestres,
principalmente na região da Candelária, Teófilo Otoni, Ouvidor, Buenos Aires e Quitanda, além dos camelôs insistentes. Por favor, Sr. subprefeito Thiago Barcellos, cuide melhor desta parte da cidade, para que possamos ter satisfação e orgulho de aqui viver e trabalhar, e consigamos divulgá-la verdadeiramente como cidade maravilhosa para os estrangeiros que aqui queiram vir. Fernando Freitas
(Foto enviada por leitor que preferiu não se identificar)
Natalício de Alencar, jornalista aposentado
Fabiola Buzim
“Precisamos de mais opções de lazer, como um circuito de bares e restaurantes, onde as pessoas possam ir ao final do expediente. É um modo de descentralizar o movimento que tem no Beco das Sardinhas. Isso alegraria mais a região.” Sônia Cristina Carmo, técnica imobiliária
folha da rua larga Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,
Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins
Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário
Diagramação - Suzy Terra
Margutti, Mozart Vitor Serra
Revisão Tipográfica - Raquel Terra
Direção Executiva - Fernando Portella
Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos
Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite
Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.
Colaboradores - Ana Carolina Portella, Carolina
www.maviartesgraficas.com.br
Monteiro, Fábio Nin, Fabiola Buzim, Fernando
Contato comercial - Teresa Speridião
Portella, Karina Martin, Lielzo Azambuja, Marina
Tiragem desta edição: 5.000 exemplares
Ayres Costa, Nilton Ramalho e Teresa Speridião
Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br
Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br
Rua Miguel Couto, em um domingo de janeiro
Resposta da subprefeitura do Centro Estamos realizando ope- de conservação do patrirações diárias de ordena- mônio público está sendo mento urbano com apoio realizado de acordo com da Seop e da Guarda Mu- o cronograma da Seconnicipal no bairro, especial- serva. mente nos principais focos Thiago Barcellos, de reclamação apresentasubprefeito do Centro dos pelo leitor. O trabalho A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br.
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Começam as obras no Beco das Sardinhas Subprefeitura do Centro estuda parceria com a AmBev para requalificar a região Sacha Leire
Antecipada pela Folha da Rua Larga na edição de outubro de 2010, a reurbanização do Beco das Sardinhas já é uma realidade. O subprefeito do Centro, Thiago Barcellos, pretende adiantar o que estava previsto para a próxima etapa do projeto Porto Maravilha e iniciar as ações na região, nos moldes do Lapa Legal. “É bem provável que ainda este mês a secretaria de Conservação dê lugar ao consórcio das três empreiteiras que venceram a licitação para administração do Porto”, afirma o subprefeito. A iluminação será o primeiro aspecto a ser alterado. As obras na Rua Miguel Couto, altura do Largo de Santa Rita, começaram no dia 31 de janeiro e a previsão de conclusão dessa reestruturação é de dois meses. Segundo o presidente da Rio Luz, José Henrique Pinto, haverá mudança em três postes de iluminação no Beco das Sardinhas: “Estamos trazendo postes em estilo colonial, para manter o
padrão da arquitetura regional”, explica o presidente. A principal demanda dos comerciantes do Beco das Sardinhas é uma alteração nos toldos. Sr. Fernando Barbosa Ascensão, dono de um dos bares do Beco das Sardinhas, procura uma padronização desde 2003: “Se não colocar cobertura, o freguês fica debaixo de chuva e sol, mas do jeito que está fica uma bagunça, porque uns armam de uma maneira e outros, de outra”, explica. Outra exigência dos administradores do Beco das Sardinhas são toldos que não esquentem muito, para que não se forme uma espécie de estufa. A subprefeitura do Centro entrou em contato com a AmBev, parceira da prefeitura no projeto Lapa Legal. Na sexta-feira, dia 4 de fevereiro, técnicos estudaram o Beco das Sardinhas para elaboração de um pacote de medidas de requalificação urbana. Segundo Sandro Leite, coordenador de marketing da AmBev, serão
O início das obras de reurbanização do Beco das Sardinhas
feitas três projeções a ser apresentadas em reunião com o Polo Nova Rua Larga, prefeitura e subprefeitura do Centro, dali a duas semanas: “A ideia é renovar letreiros, materiais, toldos, mesas, iluminação”. Os toldos fixos, chamados de ombrelones, também serão projetados pela AmBev. “Estamos cogitando toldos removíveis, fixos e
invertidos. Este último facilita a visibilidade das fachadas”, explica Sandro Leite. Os donos dos cinco bares que formam o Beco das Sardinhas se queixam do mau cheiro causado pelo lixo depositado na esquina entre a Rua Miguel Couto e a Rua Acre, que desagrada tanto aos clientes quanto aos moradores e frequentadores da região.
Outro aspecto reivindicado pelo Sr. Fernando é a melhora no calçamento: “No tempo do governo Carlos Lacerda, isso era asfalto. Quando foi feito o calçadão, na época do prefeito Saturnino Braga, descobriram paralelepípedos e outras pedras, daí ficou tudo misturado”. Sr. Augusto Vieira, dono do Málaga Gastronomia,
restaurante na Rua Miguel Couto, ao lado da Igreja de Santa Rita, afirma que, se a reordenação urbana funcionar, também irá colocar mesas e cadeiras nas ruas: “Criarei um outro tipo de menu para a área externa”. Para o Sr. Fernando Barbosa Ascensão, esta será uma grande vitória para a região. “O subprefeito falou: ‘acho que vai sair’”, anima-se o comerciante. Sr. Fernando lembra que o sucesso da sardinha, também chamada de frango marítimo, começou em 1964. Ele conta que, certa vez, havia comprado uma pequena panela e começou a fritar sardinhas abertas, oferecendo aos clientes como cortesia. Daí a clientela começou a chamar os amigos e pedir a iguaria, que é servida no lugar há 47 anos.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Companhia de Desenvolvimento do Porto completa um ano Festa de aniversário comemora realizações e projetos para 2011 Carolina Monteiro
No dia 13 de janeiro, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Porto do Rio (Cdurp) celebrou seu primeiro ano de atividades com um churrasco no Galpão da Cidadania. A confraternização foi restrita a aproximadamente 80 convidados, dentre eles, cinco moradores da região. A Cdurp iniciou nesse dia também o projeto Porto Cidadão. Trata-se de um pacote de ações de mobilização social, através da aplicação de recursos em empreendedorismo, patrimônio histórico e cultural, coordenado por Alberto Gomes, assessor da presidência da Cdurp. De acordo com Felipe Góes, secretário munici-
pal de Desenvolvimento, o ano de 2010 foi marcado pela estruturação do trabalho: “Organizamos e estruturamos as diretrizes. 2011 será um ano de execução para fazer acontecer diversos projetos na região”. Ele destacou ainda alguns marcos de 2010: “A parceria público-privada que trará R$ 7,6 bilhões para o Porto e o início das obras do Museu do Amanhã foram importantes”. Segundo Góes, o primeiro passo de 2011 será a inauguração da fachada do Museu de Arte do Rio (Mar), em fevereiro: “Estamos montando na Praça Mauá um contêiner para explicar o que vai acon-
tecer no âmbito do Porto Maravilha”. O presidente da Cdurp, Jorge Arrais, informou que haverá um número 0800 para que a população fale diretamente com a Companhia de Desenvolvimento do Porto por telefone. O consórcio formado por Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia também terá uma central de atendimento. A população poderá optar por entrar em contato com a prefeitura, ou falar diretamente com a concessionária.
O primeiro aniversário da Cdurp, que aconteceu no Galpão da Cidadania
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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boca no trombone
Cliques Rua Larga Carolina Monteiro
Visão de futuro E quando tivermos milhares de agentes culturais e sociais capacitados, enxergando novos caminhos de sustentabilidade, atuando nas realidades onde vivem, buscando oportunidades locais inspiradas na diversidade brasileira? E quando formarmos multiplicadores de conteúdos de gestão e, com o avanço da tecnologia, pudermos ligar estes empreendedores através de redes interativas em todo o país? Agentes falando uma linguagem de mercado sem ferir a criação. E quando, através da emoção, conseguirmos abrir os olhos brasileiros para a valorização do que é típico e tem a cara do Brasil e saber que toda essa riqueza é o nosso negócio, que fortalece a marca do país para todos os outros negócios? E quando tivermos a consciência de que a leitura cultural das pequenas cidades é o mapa sobre o qual políticos, empresários, professores, jovens e comunitários devem se debruçar para traçar seus planos diretores, geradores de trabalho e renda? E quando descobrirmos que para viver da arte e cultura não precisamos essencialmente de leis de incentivo e patrocínios, mas de parceiros lúcidos, públicos e privados, que entendam que todos os brasileiros são naturais consumidores de arte e cultura? Afinal, vivemos ou da nossa história? E quando vislumbrarmos que a cultura é responsabilidade social sem paternalismo, tão essencial quanto alimentar quem tem fome, um instrumento contra a violência, o orgulho ético que inibe a corrupção, sendo básica na educação para o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade, da autoestima, da cidadania, do conhecimento de si mesmo e dos outros, do cooperativismo e do encontro do nosso objetivo maior que é realizar nossos sonhos e encontrar a felicidade? E, finalmente, quando pudermos compreender que o mercado cultural vai além das fronteiras da arte e encontra-se com o turismo, educação, gastronomia, políticas públicas, moda, lazer, artesanato, economia, ciência, tecnologia, terceiro setor, meio ambiente, urbanismo e tantas outras interfaces que tornam o negócio cultural ainda mais amplo de oportunidades? Então veremos que os problemas brasileiros, além de políticos, econômicos e sociais, são, na sua essência, culturais.
Carolina Monteiro
O casario do início do século XX e os cabos de eletricidade ainda externos no Morro da Conceição. Carolina Monteiro
fernando portella cottaportella@globo.com
No Morro da Conceição, é comum ver crianças brincando na rua e o céu pontuado de pipas.
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entrevista
Um convite à cidadania para os moradores do Porto Maria da Silveira Lobo lança guia de instituições sociais na Região Portuária do Rio Sacha Leite
O Guia do cidadão do Porto do Rio de Janeiro, de Maria da Silveira Lobo, foi lançado no dia 27 de janeiro, durante café da manhã comunitário, no 5º BPM da Praça da Harmonia. A publicação cataloga endereços de dez tipos de instituições que zelam pelos direitos básicos do cidadão, apontando de forma esquemática a localização das 122 entidades identificadas nos bairros do Centro, Saúde, Gamboa e Santo Cristo. A listagem inclui trabalhos desenvolvidos no Morro da Conceição, além das comunidades do Pinto e da Providência. O livreto, produto da pesquisa de pós-doutorado de Maria Lobo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com patrocínio do BNDES e da Fundação Universitária José Bonifácio, terá circulação gratuita. “Os moradores são o foco. É para eles que esse guia foi feito. Não quero fazer um livro para ficar guardado”, avisa a autora. Socióloga e doutora em Arquitetura e Urbanismo pela USP, Maria Lobo esclarece que não se trata de uma lista completa de endereços: “O Guia é resultado de uma pesquisa acadêmica, cuja finalidade não era esse levantamento, mas sim avaliar o grau de participação comunitária e de sustentabilidade social no projeto urbano do Porto do Rio”.
extensa rede de proteção social que vem se renovando ao longo dos séculos. Rede esta que, no século XXI, enfrenta novos desafios com a transformação da área. O que mais a surpreendeu ao longo da pesquisa?
A pesquisadora lançou a publicação no bairro da Gamboa
Qual foi a metodologia utilizada para a elaboração do Guia? Cerca de 61 moradores das comunidades e bairros da Zona Portuária participaram nas reuniões concentradas em 15 dias. Fizemos os 12 primeiros grupos focais na Ação da Cidadania, em agosto de 2007, com a ajuda de três pesquisadores da FAU-UFRJ. Comecei estudando as instituições socioculturais através das Comunidades Catalisadoras (Comcat). Além de fazer amostragem por idade e gênero, ouvimos representantes de diversas associações culturais. Quem você gostaria de atingir com esse trabalho?
Partimos do princípio que o patrimônio histórico da região em processo de requalificação deve ser valorizado não apenas pelos turistas, mas, sobretudo, por seus moradores, cidadãos que herdaram a identidade original da cidade-porto do Rio de Janeiro. O guia é uma maneira de retribuir a atenção recebida de todos os moradores e trabalhadores na região.
Quais aspectos históricos na Região Portuária você destacaria? A região foi a primeira a abrigar os imigrantes e foi também onde se instalou a primeira favela no Brasil, no Morro da Providência. Palco da Revolta da Vacina e das lutas sindicais intensas durante o século XX, a Região Portuária se distingue pela solidariedade, abrigando uma
“O Guia é uma maneira de retribuir a atenção recebida de todos os moradores e trabalhadores na região”
“O formato usado é mobilizador. Joga temas em discussão para pessoas que têm interesses em comum”
Quando eu comecei a pesquisa não tinha ideia de que existia uma rede antiga e consolidada há tanto tempo. Não fazia ideia de que existia um circuito extenso de proteção dos direitos da cidadania. Em sua opinião, a Zona Portuária vai na contramão da tendência à despolitização enfrentada pelos movimento sociais? Desde os anos 1970, houve um esvaziamento e uma desmobilização. Comecei a pesquisa em 2004. Desde o princípio, os próprios agentes comunitários que indicavam quem faria parte do grupo focal. Nesses sete anos de convivência, percebo que os institutos culturais passaram a formar uma rede. A região sofreu um processo de esvaziamento e a dificuldade faz com que as pessoas se unam. O formato usado é mobilizador. Joga temas em discussão para
pessoas que têm interesses em comum. A ideia é que as pessoas saiam dali e continuem o movimento. Qual foi o critério utilizado para a inclusão das entidades no levantamento?
As associações comerciais foram excluídas. Não são páginas amarelas. Este é o viés dos direitos humanos e da cidadania. É este o conceito de cidade que quero trabalhar. A aplicação da metodologia que utilizei é muito valiosa, gera profundidade. Tem informações essenciais que surgem e que não viriam à tona se fizéssemos um levantamento pró-forma. Como vê o processo de revitalização deflagrado no Centro do Rio e Zona Portuária? A revitalização da área portuária é um fenômeno que acontece em todo o mundo. O importante é estar atento para trazer bens sociais sem expulsar os moradores. Esse é o desafio. sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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opinião Certidão de nascimento do samba Nilton Ramalho
“Como pertencendo a um outro Brasil, são mantidos fora do mercado de trabalho e da vida política nacional negros, caboclos e brancos pobres, (…) ausentes de sua história oficial.” Roberto Moura - Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. Agora que os festejos de carnaval estão se aproximando, a cidade já respira outros ares. Parece que nesta época a eletricidade está solta no ar. Chegam turistas, as escolas de samba preparam suas alegorias e fantasias, os foliões já fazem planos sobre os blocos. No entanto, lembremos que toda essa festa está firmemente conectada com a História da nossa cidade. É inegável que a contribuição da cultura afro-brasileira, mesclada aos elementos europeus, confere à nossa folia algo de peculiar, diferente, excitante. E dentro de tudo isso, o samba se destacou como o ingrediente exótico – para a época – que
faltava para que a festa tomasse sua forma atual. Há lugares que possuem História: lá aconteceram fatos, pessoas importantes se encontraram. Um desses lugares é a Pedra do Sal, aqui pertinho, aos pés do Morro da Conceição. Pois foi nesse local e em seu entorno que se deram os principais fatos que propiciaram o surgimento do samba. O processo do samba é um retrato da metamorfose da sociedade brasileira em direção à sua própria identidade. Local tradicional da presença negra na cidade do Rio de Janeiro, desde o tempo em que ali se descarregava o sal e desembarcavam os escravos, a região faz parte de uma grande área que, durante algumas décadas, abrigou o que se convencionou chamar de Pequena África. Nas primeiras décadas do século XIX, iniciou-se um grande movimento migratório interno que transferiu para o Vale do Paraíba e Minas Gerais grande parte dos escravos que estavam estabelecidos no
Nordeste – especialmente na Bahia. Além disso, grandes contingentes de negros livres, baianos em sua maioria, se dirigiram à capital e se estabeleceram na Zona Portuária. Essa verdadeira colônia baiana exercia uma reconhecida liderança na chamada Pequena África, e era nas casas de alguns de seus expoentes que se organizavam os eventos religiosos do calendário do candomblé, seguidas de festas que serviam de elemento catalisador entre as diversas comunidades afro-brasileiras ali reunidas. Havia o samba de roda do recôncavo, as batucadas, as rodas de pernada. Ali surgiram o maxixe e posteriormente o samba-maxixe, embrião do samba moderno, que pouco a pouco “ganhou” a cidade e se popularizou. Segundo hipótese defendida por pesquisadores como Nei Lopes, o samba moderno teria surgido após a expulsão dos habitantes da Pequena África pelo “Bota-Abaixo” do prefeito Pereira Passos. Ao estabelecer-se
nos morros e subúrbios da cidade, esses habitantes se encontraram com os migrantes vindos do Vale do Paraíba e do sul de Minas, que chegavam em grande quantidade ao Rio no início do século XX, trazendo consigo diversos gêneros afro-brasileiros de origem rural, como o jongo, o calango, a chula, o maculelê. Desse encontro, nasceria o partido-alto, que teve influência decisiva para que o maxixe fosse progressivamente sendo deixado de lado. Foi no Estácio, bairro vizinho à antiga Pequena África, mas também não muito longe da Mangueira, que alguns bambas, liderados pelo grande Ismael Silva, criaram uma batida diferente, que deu origem ao samba conhecido por todos nós, que anima não só os carnavais, mas também está presente em todas as ocasiões festivas de Norte a Sul do Brasil.
fabio nin fabionin@gmail.com
Comerciantes e cidadãos Na maioria das vezes, as entre os estabelecimentos coisas não acontecem no comerciais, feira de moda tempo em que gostaríamos. e feijoada com samba, e o Vivemos na sociedade do Polo de Santa Teresa, que “tempo real”, do multicast, promove inúmeras ativido broadcast, e das máqui- dades de cordel, exposição nas cada vez mais velozes. e gincana gastronômica, No entanto, em se tratando todas focadas na cultura de pessoas, essa cadência é brasileira. bem mais complexa e meTodas essas iniciativas nos linear. Na edição de nº são válidas para o Cen23 da Folha da Rua Lar- tro da cidade, que hoje é, ga entrevistamos o sub- principalmente, uma área prefeito do Centro, Thiago comercial. O renascimento Barcellos, e o informamos da associação de comersobre as obras no Beco das ciantes da área portuária Sardinhas, que só começa- vai ao encontro da necessiram a se materializar agora, dade de mobilizar pessoas cinco meses depois. Os lei- com objetivos comuns, tores do jornal, moradores para alterar as intervenções e frequentadores da região urbanas no sentido exato protestaram, com razão, que seus frequentadores pela morosidade das ações. desejam. Ainda falando de pessoA respeito disso, gostaria as, cabe questionar: o que de acrescentar que, como move uma associação de citado na página 3, foi dicomerciantes a renascer? A vulgado que haverá um colunista da Folha da Rua telefone de atendimento à Larga, Teresa Speridião, população local, tanto da testemunhou uma reunião Companhia de Desenvolem que os proprietários de vimento Urbano do Porto lojas na Rua Camerino, Sa- (Cdurp) quanto da concescadura Cabral e alamedas sionária encarregada das vizinhas estão se mobili- obras e serviços na área zando no sentido de mon- portuária nos próximos 15 tar uma nova associação anos (Odebrecht, OAS e comercial para reivindicar Carioca Engenharia). Cabe direitos e lutar por interes- à população entrar em conses em comum. tato para saber a partir de O Polo Nova Rua Larga quando esses serviços de existe desde 2008 e vem atendimento estarão dispotrabalhando no intuito de níveis, e reclamar, elogiar, buscar melhorias para a enfim, se posicionar. Avenida Marechal FloriaO Guia do Cidadão do no e arredores. A reforma Porto do Rio de Janeiro, no Beco das Sardinhas é de Maria da Silveira Lobo, uma consequência da luta compõe um movimendesses comerciantes e da to contrário e ao mesmo abordagem deles junto à tempo complementar ao prefeitura e aos parceiros aumento dos polos comerda iniciativa privada. ciais. O Guia traz informaHá também o Polo ções essenciais com foco Novo Rio Antigo, que pro- nos moradores do Centro duz atividades gratuitas do Rio e incentiva a mobipara a população, como lização nesta parcela da poaulas de dança gratuitas no pulação, que muitas vezes Centro Cultural Carioca, o se sente preterida ou alheia Polo Praça XV, que realiza às decisões importantes da exposições e visitas guia- região onde habitam. das gratuitas na Rua do Mercado, o Polo Comersacha leite cial Rio Cidade Nova, que traz promoções cruzadas sacha@folhadarualarga.com.br
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empresa
Há cinco anos na luta contra a fome Empresa com sede na Rua da Candelária realiza evento para três mil pessoas em Angra Divulgação
Para comemorar uma data especial que é o Natal, a Eletronuclear e o Governo Federal realizaram, nos dias 18 e 19 de dezembro, a quinta edição do projeto Natal sem Fome, respectivamente, no Frade e Parque Mambucaba, Angra dos Reis. A festa foi organizada pela Área de Responsabilidade Socioambiental da Eletronuclear. Cerca de três mil pessoas participaram da comemoração. As crianças aproveitaram o dia diferente na comunidade e ficaram encantadas com as diversas atividades que aconteceram durante todo o evento. O Natal sem Fome é
Uma das crianças participantes dos dois dias de atividades
uma maneira da população do Frade e do Parque Mambucaba ter lazer, já que nos bairros, segundo os moradores, não há op-
ções para diversão. Reginalda Souza, que é voluntária há quatro anos, falou da importância de ter cada vez mais voluntários
para a realização do evento. Neste ano, 40 voluntários ajudaram nos dois dias de festividade. “Essa união do povo trabalhando é que faz com que esta festa aconteça e traga alegria para a população” conta Souza. Para Francisco Carlos dos Santos, coordenador do programa Fome Zero, o importante é estar presente no cotidiano das crianças e não apenas contribuir financeiramente. “Elas (as crianças) precisam de carinho e amor e não é só no Natal e no Dias das Crianças, mas no dia a dia”, garante ele. Foi distribuído ainda um kit de higiene bucal pela
Fundação Eletronuclear de Assistência Médica (Feam) e também uma mochila com camisa e boné. A história Baseado no projeto do sociólogo Herbert de Souza (Betinho) que criou a campanha Natal sem Fome em 1993, a qual arrecadava alimentos para pessoas em situação de miséria, a Eletronuclear, em 2005, desenvolveu o projeto Natal sem Fome dentro do programa Fome Zero do Governo Federal. Como o Brasil de 2005 não tinha o mesmo quadro econômico-social dos anos em que a campanha do sociólogo foi criada, o evento Natal sem Fome da Eletronuclear
não tem como objetivo arrecadar alimentos, uma vez que as políticas públicas de combate à fome e à miséria já estão implantadas no país, como o programa Bolsa Família. O objetivo do evento é proporcionar um dia de lazer para as famílias de baixa renda dos bairros da região. O projeto Fome Zero também realiza outros eventos como o Dia da Cidadania Infantil, que comemora o Dia das Crianças, e ajuda ações sociais no município.
marina ayres costa e sandra amâncio mayres@eletronuclear.gov.br
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cultura
A beleza dos homens do cais Exposição do fotógrafo Maurício Hora revela cotidiano dos estivadores no Porto do Rio Maurício Hora
Atualmente, fala-se desses sujeitos. A cidade bastante no projeto Por- está acostumada a ver a to Maravilha e nas trans- Zona Portuária como um formações econômicas e espaço morto que abriga sociais que ele vai tra- traficantes, jogadores, zer. Mas, para o fotógra- biscateiros, prostitutas, fo Maurício Hora, pouco além dos próprios portuse discute a situação das ários. Há uma importânpessoas que serão atingi- cia histórica na figura das por essas mudanças, do trabalhador do Porto a exemplo dos traba- e o crescimento da cidalhadores do Porto. Com de se deve ao seu trabaesse questionamento, lho. Eles não são meros ele e o produtor Laércio coadjuvantes”, defende. Costa Reis montaram a O fotógrafo começou exposição Trabalhado- a pesquisa em 2004 e res do Porto, a partir da foi captando as imagens primeira quinzena de fe- aos poucos. No início, vereiro. fotografou apenas o amVinte imagens, colo- biente e seus detalhes: ridas e em preto e bran- máquinas, empilhadeico ficarão expostas, por ras, navios, armazéns. tempo indeterminado, Depois então capturou nas paredes internas e na imagens dos trabalhadofachada res. Para do Armaele, selezém 18, cionar o no Cais material do Porto, não foi local onde uma taos estivarefa simdores se ples: “Eu reúnem não quepara se ria fazer preparar uma leipara o tratura subalho. perficial. De acorMeu pai Marurício Hora, foi do com esfotógrafo t i v a d o r , Maurício, a iniciaeu cresci tiva é imnesse amportante, pois pretende biente. Tento mostrar as expor ao público um pe- relações de trabalho e as daço desse universo di- características marcanferente: “Muitas pessoas tes desse ofício. Muitos não sabem o que faz um não sabem, mas há diestivador. A maioria tem versas classes, cada uma uma visão estereotipada com sua função. Nas
Montagem da exposição no Armazém nº 18, do Cais do Porto Maurício Hora
“Tento mostrar as relações de trabalho e as características marcantes desse ofício”
Um dos estivadores flagrados pela lente de Maurício Hora
imagens, os trabalhadores são flagrados carregando, arrumando, empilhando cargas, enfim, estivando”, explica. Para o produtor Laércio Costa, a montagem da exposição foi o grande acontecimento. Ele contou que, enquanto colavam as imagens, muitos estivadores paravam para observar, com olhares curiosos, aquele movimento: “Alguns comentavam, outros davam risinhos sem graça, outros relembravam histórias sobre as fotos. Mas é uma identificação direta, pois eles se reconhecem naquele ambiente. É um modo de ver o seu pró-
prio cotidiano, com outro olhar”, explica. A exposição é apenas uma primeira etapa de um grande projeto que é resultado de uma bolsa de pesquisa em Artes Visuais patrocinada pela Funarte. Há mais três etapas, que são a ampliação do acervo fotográfico, que incluirá imagens do Arquivo Histórico do Sindicato dos Estivadores, a circulação da exposição e a produção de um catálogo e de um vídeo documentário falando sobre todo o processo.
fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com
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Talento incentivado pela 1ª dama da velha guarda portelense Menino de 12 anos compõe samba-enredo em homenagem a Dodô da Portela Divulgação
Anderson Medina, de apenas 12 anos de idade, homenageou recentemente a ex-porta-bandeira Maria das Dores Rodrigues. Conhecida como Dodô da Portela, a carnavalesca falou à Folha da Rua Larga que o talento do menino deve ser incentivado, já que surpreendeu a todos que assistiram à sua apresentação na comunidade da Providência, onde mora. Intérprete da Pimpolhos da Grande Rio, o prodígio é definido pela presidente da escola, Camila Soares, como “uma grande promessa do samba”. Anderson compôs para Dodô o samba Zé Futuro, que fala da necessidade de preservação do meio ambiente, além de proclamar o fim da corrupção e da violência. A assistente social do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) da Providência, Helaine Nobre de Melo, contou que todos ficaram muito emocionados com a apresentação de Anderson. Através de um concurso de samba-enredo organizado pela escola que Anderson
conta Marcelo. A rotina de Anderson é bem movimentada: colégio, aulas de caratê, jiu-jítsu, natação e futebol de salão. Mas os ensaios na Grande Rio são sagrados. A mãe, Ana Cristina Ferreira Medina, de 39 anos, aprova o interesse do filho e diz
Zé Futuro Anderson Medina
Dodô foi porta-bandeira da Portela por mais de 70 anos. Ela dá nome ao Cras da Providência Carolina Monteiro
descobriu a sua verdadeira vocação. Irmão mais velho do prodígio, Marcelo Nascimento Júnior conta que ele e um amigo queriam participar do concurso e iriam compor a letra. Contudo, de acordo com o regulamento, não poderiam cantar: “O Anderson estava escutando a minha conversa e se prontificou: ‘eu canto’. Nós pensamos que poderia ser uma boa ideia, e deu certo. Quando ele puxou o samba todos ficaram maravilha-
“Quando ele estava com seis anos pedia para me acompanhar nos ensaios. Ficava lá observando, achando tudo uma diversão”
entrevista Quem é Medina?
Anderson
Puxa, você imagina, uma criança fazendo um samba para mim? Eu fui homenageada e botaram esse menino para cantar o samba que ele fez para mim. É muito bonito. Esse menino tem que ser aproveitado. Tem que colocar
que desde pequeno ele já demonstrava aptidão para ser sambista. “Esse menino pegava as minhas panelas e latinhas de ferro para ficar batucando pela casa. Uma banana virava microfone. Tudo pra ele é samba, pensa nisso o dia todo”, revela.
Intérprete e compositor Anderson Medina: grande promessa do samba
dos em vê-lo cantando”. Foi quando Anderson foi convidado a se tornar um dos intérpretes oficiais da escola mirim. A relação de Anderson com a música começou por influência do próprio irmão, Marcelo, de 21 anos, sambista e mestre de bateria da Tijuquinha, do Borel, e da
Pimpolhos, da Grande Rio: “Quando ele estava com seis anos pedia para me acompanhar no ensaio. Ficava lá observando, achando tudo uma diversão”, conta. Anderson tem seis irmãos. Todos criados nas ladeiras do Morro da Providência pela mãe. “A minha mãe só pede que a gente estude”,
O que acha do carnaval de hoje?
Não igual ao meu tempo. A gente quer o tempo antigo. No meu tempo, a prefeitura fazia concurso para marchinha e samba de carnaval. Era bem melhor. Tanto que hoje eles só ficam repetindo as marchinhas de antigamente. Quem é Dodô da Portela?
Mensageiro da paz sou eu Vou fazer com as crianças Um mundo feliz Vim aqui para reciclar Esse lixo que existe Hoje eu quero reciclar Vamos preservar Os rios, a fauna e a flora Não poluirás, chegou a hora O homem rompeu as barreiras da corrupção Isso tudo vai mudar Quero cultivar mais respeito e educação Gira o mundo muda a cabeça Nosso planeta precisa mudar Esse futuro tem fome de tudo Cultura, lazer, precisa estudar Pra que tanta guerra, tantas armas e destruição Providência vou te alertar A mãe terra não aguenta mais poluição A vida não é uma novela E nós não somos feitos de ilusão Por isso eu faço a corrente Espero que se trace um bom destino Hoje a Providência está contente
Dodô da Portela com os compositores para ele ir aprendendo como fazer. Ele tem talento. Precisa só de um empurrãozinho de quem sabe mais. Eu morando aqui (na Providência) e sou da Portela, entrei em 1934. Fui porta-bandeira sem saber nada. Criança, não saía no samba. Mamãe dizia que não podia ir.
Presta atenção no que eu falo: criança não se metia em samba. As mães levavam os filhos para sentar na Central (Leopoldina) e a gente ficava sentado ali para ver o bloco passar. Ali que era o nosso carnaval. Mas hoje mudou tudo.
Moro no Morro da Providência há 87 anos. Fui criada aqui. E vim direto de Barra Mansa quando tinha só quatro anos. Estou com 91. Não bebo, não fumo... Meu negócio é a Portela. Eu sou a mulher mais quente da passarela. Sou uma velha quente, apimentada, mas não como pimenta. Minha bebida tem que ser guaraná, senão não bebo. Gosto
muito de bolo, mas quando desconfio, eu não como. Aprendi com minha mãe. Ela já dizia: “Quando chegar à casa dos outros, não peça nada. Se eles oferecerem diga que já comeu!”. A gente tinha educação pra entrar e sair de casa. fabiola buzim e sacha leite fabiolabuzim@gmail.com
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social
Pequena fábrica de grandes sonhos Marco Nanini e Fernando Libonati elegem a Zona Portuária como palco de mudança social Divulgação
O Instituto Galpão Gamboa está localizado na Rua da Gamboa, número 279, bem pertinho da Cidade do Samba e da Vila Olímpica. Pela fachada não dá para imaginar que por trás daquele portão de ferro existe um mundo. Um mundo de possibilidades criado graças à parceria entre o produtor Fernando Libonati e o ator Marco Nanini. Os dois são sócios da produtora Pequena Central e esta parceria dura há 20 anos. Há muitos anos, Libonati e Nanini procuravam um lugar que atendesse a alguns requisitos básicos, como boa localização, infraestrutura e que fosse próximo a uma comunidade. A princípio, esse espaço foi pensado para as produções da Pequena Central. Mas existia um desejo de interagir de alguma forma e oferecer atividades que atingissem as comunidades próximas ao Galpão. Nas palavras de Fernando Libonati, o Galpão Gamboa é um espaço dedicado à fabricação e realização de sonhos. O espaço é apenas um dos projetos da produtora. E para falar dele, o produtor se enche de orgulho. “Nosso foco aqui é mostrar um produto bom. Nosso principal objetivo é a qualidade. As pessoas têm que ser bem recebidas e se sentirem à vontade”, explica. No térreo está localizada a sala de ensaios onde funcionam as oficinas, apresentações teatrais e exibições de filmes. No segundo andar, há um ateliê de costura, um salão de convivência e uma varanda com churrasqueira para os momentos de confraternização. É no tercei-
O ateliê de costura é um dos ambientes onde são oferecidas as oficinas do Galpão Gamboa Divulgação
Libonati e Nanini: pais do projeto
ro piso que está localizada a sala onde funcionam as oficinas de muay thay, capoeira, jiu-jítsu e ioga. Todas as oficinas são oferecidas gratuitamente e atendem aos moradores dos bairros Saúde, Gamboa e Santo Cristo. O espetáculo Pterodátilos, protagonizado por
Marco Nanini, estreou no Galpão Gamboa em agosto do ano passado, e a metade da renda obtida com a venda de ingressos foi destinada à comunidade. O sucesso da experiência motivou a administração a manter uma programação teatral permanente, oferecendo espetáculos
de qualidade a ingressos populares, e assim formar um público cativo. O valor dos bilhetes varia entre R$ 10 e R$ 5 (para moradores que levarem comprovante de residência). Além disso, o espaço abriga um cineclube onde, todos os sábados, são exibidos filmes para crianças, cedidos pelo Festival do Rio e Globo Filmes. De acordo com Libonati, existem muitos planos para ampliar as atividades e tornar o Galpão Gamboa um projeto social mais representativo. Um deles é montar uma sala com
aparelhos de ginástica e desenvolver um programa de prevenção para a saúde, focado principalmente no público da terceira idade. Nesse programa, eles teriam acompanhamento médico e nutricional. “Alguns hospitais já foram procurados para estabelecer parcerias. Vamos contratar um pedagogo e um assistente social para organizar melhor nossas ações”, garante ele.
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comércio
Império das Velas aposta na revitalização Falta de matéria-prima faz empresários viabilizarem negócio através de reciclagem Há oito anos sob a direção dos sócios Marcelo Simão de Almeida e Carlos Lucena Martins, o Império das Velas é um dos mais tradicionais pontos comerciais de artigos religiosos do Centro. A loja, localizada na Avenida Marechal Floriano, enfrenta duas grandes dificuldades: falta de parafina no mercado e a queda nas vendas de velas. “É um mercado que está fadado a acabar”, alerta Marcelo Simão. Ele explicou que, atualmente no Brasil, existem apenas duas refinarias que processam e distribuem a parafina e elas costumam fechar para manutenção por quatro meses. Daí a dificuldade em encontrar a matéria-prima:
“Para piorar a situação, a Petrobras é a única empresa que processa a parafina e para eles não é mais interessante manter esta atividade”, comenta. Uma das soluções encontradas foi importar o material, mas ,de acordo com o empresário, a prática encarece muito o produto. Outra saída foi a reciclagem de velas. Eles estabelecem parcerias com algumas igrejas, recolhem as sobras do material e reciclam na própria fábrica. Para movimentar as vendas, os sócios estão investindo na construção de um site e na oferta de uma maior variedade de produtos: imagens, santinhos, incensos, cristais, pedras e produtos esotéricos
LIGUE. ACESSE. ANUNCIE.
em geral. Mas o carro-chefe da loja são mesmo as velas. Os empresários também são proprietários da fábrica Veluz Ind. e Com. de Velas, que fica em Guadalupe, e produzem velas de diversos tamanhos e cores. As mais vendidas são Nossa Senhora da Paz, Vela Rio, Vela de Deus e a Veluz. Há uma expectativa de que o movimento melhore com o projeto de revitalização. Para Carlos, a sujeira das ruas, a falta de iluminação e de estacionamento são fatores que influenciam também nas vendas. O sócio reclama que só pode descarregar as mercadorias a partir das 10h e não é permitido estacionar o carro na frente da loja: “A Marechal
(21) 2233 3690 www.folhadarualarga.com.br
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Fabíola Buzim
Marcelo Simão de Almeida, dono da Império das Velas
Floriano tem um movimento intenso. Para estacionar aqui é uma luta. Nem sempre temos vagas”, lamenta. Os sócios pouco sabem da história da Loja das Velas (como era conhecida antigamente) e de seus proprietários. Todas as informações provêm de boatos, pois muitos registros já se perderam: “Sabemos que é uma loja centenária. Quando assumimos o ponto, a loja estava falida. Quando os clientes souberam, voltaram a frequentar. A fama é antiga e é uma tradição que se passa pelas gerações”.
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cidade
Educopédia, ensino integral e estímulo a planos de carreira Rivadávia Corrêa é um dos selecionados para aplicação de modelo de ensino inovador Fabiola Buzim
O Colégio Rivadávia Corrêa teve a sua pedra fundamental lançada por Dom Pedro II, em outubro de 1874, e, portanto, é conhecida até hoje como “a escola do Imperador”. Polo de excelência no ensino público do Rio de Janeiro, a instituição foi uma das dez escolhidas para abrigar o projeto Ginásio Experimental Carioca. O novo modelo propõe a ampliação da carga horária de aula para oito horas e terá como principal ferramenta a Educopédia, página virtual criada para oferecer apoio às atividades escolares e criar interatividade entre pais, alunos e professores. A partir deste semestre, o conteúdo ministrado nas aulas pode ser acompanhado através do site w w w. e d u c o p e d i a . c o m . br. Na página virtual, são encontradas aulas digitais de cada disciplina e um material de suporte com planos de aulas, exercícios complementares, vídeos educativos, animações, imagens, textos e jogos. Com uma linguagem clara e de fácil navegação, o site se mostra como uma alternativa de reforço escolar e uma forma divertida de integrar várias tecnologias às aulas. O material, que por enquanto atende alunos do 7º ao 9º ano, é desenvolvido pelos próprios professores da rede municipal. O colégio também inaugura nesta volta às aulas um cineclube e incluirá em sua programação oficinas ligadas à área de comunicação, elaboração de textos e vídeos. “Queremos que o resultado dessas aulas seja a produção de um jornal e uma rádio escolar. Temos muitas ideias e uma delas é trazer profissionais para falar sobre suas experiências profissionais e de
vida. Queremos que nosso aluno saiba argumentar e afirmar a sua escolha, saber decidir qual informação de fato lhe interessa. Queremos que eles saibam se comunicar utilizando todas as ferramentas que estão disponíveis”, explica a diretora Bárbara Portilho. Ela comemora as mudanças ocorridas e vê o Ginásio Experimental com muito otimismo. Há 25 anos no serviço público, Bárbara diz que, neste momento, há de fato uma oportunidade de melhorar a educação: “Agora será possível mostrar que há outros caminhos para nosso educando seguir. Realmente vejo a chance de fazer algo diferente e significativo, pois estaremos orientando o aluno em seu projeto de vida”, prevê. Profissionais especializados acompanharão os projetos de vida dos alunos O Colégio Rivadávia Corrêa passou recentemente por uma reforma. Algumas salas e laboratórios foram equipados com notebooks, projetores, telão, caixas de som e internet sem fio. Uma sala multifuncional foi criada para atender aos alunos com necessidades especiais e funcionará como um espaço de apoio. Serão incentivadas atividades nas salas de leitura e de educação artística. Os alunos do 7º ao 9º ano passarão a estudar das 8h às 16h20 e farão três refeições diárias na instituição: café da manhã, almoço e lanche. A diretora explica que, no início, alguns pais e alunos estranharam a proposta. Foi o caso do vendedor ambulante José Reginaldo dos Santos. A
Reunião de professores para determinar as diretrizes e bases para 2011 Fabiola Buzim
A diretora Bárbara Portilho, contente com a realização do projeto
filha Franciane Santos, de 16 anos, o ajudava no trabalho, mas agora vai estudar em tempo integral. Para José Reginaldo o estudo é um bom caminho: “Aquilo que não tive, eu quero dar para os meus filhos. Só pude estudar até os nove anos”, conta. Desde o ano passado, são realizadas reuniões para sanar todas as dúvidas dos pais e adolescentes. Cada aluno terá professores tutores que vão apoiar o projeto de vida dos jovens. Eles vão acompanhar o cumprimento de tarefas corriqueiras, como deveres de casa, além de orientar o estudante na preparação para a profissão que deseja seguir. Os jovens irão atuar também em projetos socioculturais e em círculos de leitura. A diretora lembra que os pais poderão supervisionar o que os seus filhos estão aprendendo na escola,
pois também terão acesso à Educopédia. A gerente do projeto, Teca Pontual, explica que apenas dez escolas da rede municipal foram selecionadas para participar do projeto, que atenderá ao todo cinco mil alunos do 7º ao 9º ano do ensino fundamental. No entanto, um estudo orçamentário já está sendo feito e há uma expectativa de expandir o modelo para as outras instituições. A previsão é que, em dez anos, todas as escolas municipais funcionem em um turno único de oito horas: “Estamos caminhando, através de estudos de demanda, de infraestrutura física e de recursos humanos para garantir o cumprimento desse planejamento”, garante ela.
fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com
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morro da conceição Renasce a Associação de Comerciantes do Cais do Porto
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Milhares de produtos vendidos em apenas 24 horas Fabiola Buzim
Os comerciantes da região do Porto, onde as ruas estão tomadas pelas obras do Porto Maravilha, tiveram a iniciativa de, no dia 8 de fevereiro último, agendar reunião com o subprefeito do Centro, Sr. Thiago Barcellos. O local da reunião foi gentilmente cedido pela proprietária da casa Trapiche Gamboa e contou com um número significativo de comerciantes que ficaram bastante frustrados com a ausência do subprefeito, que além de não comparecer, sequer mandou um representante. Apesar de tudo, a reunião continuou e ficou decidido que, no dia 10, seria criada uma associação dos comerciantes com presidente, representantes e um estatuto e com tudo o mais que fosse necessário para legalizar e or-
“Não sei se os comerciantes podem esperar muita coisa do subprefeito”, disse um dos lojistas, leitor da Folha da Rua Larga, “a julgar pela promessa que fez neste mesmo jornal. Em outubro de 2010, quando esteve pessoalmente no Beco das Sardinhas e prometeu resolver imediatamente o problema de iluminação, calçamento, sinalização, limpeza e toldos. Deixou ‘toldos’ a ver navios até hoje”, brincou. O comerciante tem a sua razão, mas a Folha da Rua Larga traz algumas novidades sobre o assunto na página 3 desta edição. No dia 10 ocorreu, conforme previsto, uma nova reunião em que foi eleito um presidente, um vice-presidente e três conselheiros fiscais.
ganizar essa associação com plena legitimidade perante a lei. O objetivo é claro: fazer valer os direitos de seus integrantes e suas reivindicações. Portanto, uma das primeiras observações comentadas na reunião foi a lentidão das obras, e a necessidade de aceleração para que o comércio não seja tão prejudicado. Essa morosidade tem penalizado não só o comércio como também tem sido um transtorno para os moradores.
A Associação Porto Maravilha, Sacadura Cabral, Camerino e Adjacências registrará estatuto e, a partir da legalização, presidência e conselho, convocará os comerciantes para os próximos eventos. Foi estabelecido que não haverá vinculação política partidária nesta associação.
teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com
Modalidade de marketing criada há apenas um ano, os sites de compras coletivas vêm despertando curiosidade nos comerciantes do Centro do Rio. De acordo com levantamento do portal Bolsa de Ofertas, divulgado em 2 de fevereiro, o Brasil conta hoje com mais de 1.025 sites do gênero, registrando um crescimento de 105% com relação a dezembro do ano passado. Pioneiros nesse ramo, o Groupon e o Peixe Urbano comemoram o sucesso entre comerciantes e consumidores, liderando o ranking dos mais acessados. Letícia Leite, diretora de Comunicação do Peixe Urbano, alega que o motivo do sucesso está no modo de funcionamento desses portais. Segundo ela, essa é a maneira mais eficaz de se fazer marketing, já que o comerciante divulga e vende com retorno garantido e sem custos: “É uma possibilidade de trazer clientes que não teriam acesso ao produto sem um investimento direto em propaganda. Já para o usuário é muito simples, pois requer apenas uma inscrição no site e possibilita a compra de produtos com descontos que podem chegar até 80%”, explica. Noemi Carvalho, proprietária do Salão Jean Luis David, localizado na Avenida Rio Branco, nº 1, ficou sabendo dos sites de compras coletivas através de uma cliente. Ela procurou o representante para se informar melhor e depois fechou o negócio. “Ficamos nos comunicando através de e-mails por um tempo, até que recebi a visita deles para me orientar sobre a ação. Depois de três meses a oferta foi para o ar”, conta ela.
Noemi Carvalho, dona do Salão Jean Luis David: parceria de sucesso com site de compras coletivas
A espera de Noemi se ar: “Vários aspectos são deve à preparação para a levados em consideração demanda que seria cria- neste processo, como os da, através da compra de dias da semana, a sequmais produtos, além da ência de ofertas publicontratação e treinamen- cadas, entre outros. Mas to de novos buscamos profissiooferecer nais. A emuma boa presária diz variedade”. que não se O direarrepende tor de Deda parceria senvolviestabelecida mento do com o site: Mega Mate, “O serviço Rogério saiu abaixo Gama, já do preço de sabia da custo, mas existência valeu a pena dos sites, pela divulmas tentou gação. Muiencontrar tas pessoas um fornão sabiam mato que da existênatendesse Noemi Carvalho à sua reacia do salão e nós lidade. Ele já estamos explicou neste ponto há 14 anos. que precisou convencer Muitos clientes fizeram todos os franqueados outros tipos de serviços da necessidade da ação. também, como manicu- Muitos não conheciam re, corte e massagem”, o serviço: “Não foi uma comemora. decisão fácil, mas fiDe acordo com Daniel camos surpresos com a Funis, diretor de Marke- repercussão. Fizemos 10 ting do Groupon, os con- mil vendas em apenas 24 tratos são fechados com horas”, conta. antecedência, mas existe Para manter a qualidaum departamento que é de no atendimento, Roresponsável por plane- gério fez uma parceria jar o cronograma das com seus fornecedores ofertas que vão para o e treinou os atendentes
“Muitas pessoas não sabiam da existência do salão e nós já estamos neste ponto há 14 anos”
e operadores de caixa: “Nós aumentamos a qualidade da prestação do serviço. Já que é uma divulgação de nossos serviços a referência tem que ser a melhor para termos um retorno desses clientes”, comenta. Daniel Funis enfoca que é necessário que o comerciante entenda que ele está participando de uma ação de marketing e difusão de sua marca: “É o cartão de entrada dele. Se fizer um atendimento ruim, toda a campanha pode ir por água abaixo”. Segundo Letícia Leite, os hotéis e pousadas no interior e em outros estados são os preferidos dos cariocas. “No começo nos focamos em gastronomia e estética. Depois ampliamos para passeios turísticos. Vimos que os cariocas adoravam passeios e é um segmento interessante. Nós fizemos um teste com pousadas, e foi um sucesso de vendas. Aos poucos estamos adaptando e ampliando as ofertas”, comenta ela.
fabiola buzim e sacha leite fabiolabuzim@gmail.com
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gastronomia
Comida portuguesa regada a muita tradição
receitas carol
Especializado em frutos do mar, o Sentaí é referência culinária no Centro Carolina Monteiro
Tradicional representante da culinária lusitana, o restaurante Sentaí, o Rei da Lagosta, é mais uma ótima opção para quem quer almoçar bem na região da Rua Larga. Apesar de instalado em uma rua de movimento bastante peculiar, a Barão de São Félix, o restaurante consegue propiciar aos seus clientes um ambiente muito agradável. A casa possui dois salões: no térreo, o ambiente é mais despojado, e no segundo andar, mais reservado. Logo na entrada, uma mesa bem posta exibe os produtos lusitanos utilizados pela casa, como chouriços, postas de bacalhau, azeites e vinhos portugueses. A especialidade do restaurante, como o nome já diz, é a lagosta. Ela chega à mesa nas mais diferentes formas, desde o pastel (R$ 2,30 a unidade), até os pratos principais que servem bem duas pessoas, como a lagosta grelhada com arroz de brócolis (R$ 95) ou a moqueca de lagosta (R$ 80). Os pratos feitos de outros frutos do mar menos nobres também são especialidade da casa, como os famosos bolinhos de bacalhau (R$24 a porção de 10 unidades), o bacalhau recheado, frito no vinho e azeite com batatas portuguesas e cebola (R$ 124) ou o famoso risoto de camarão da casa, feito com petit-pois, tomate e cebola, que está em promoção, saindo a R$ 35. Outra especialidade do restaurante Sentaí é o arroz à Marisqueira, que vem com lula, polvo, peixe e camarão (R$ 60). A novidade da casa fica por conta dos pratos de massa recém-incluídos no cardápio (R$ 25), servidos sempre às terças, quartas e quintas-feiras, e que vêm
Já estamos em 2011! Tivemos os fogos mais lindos que Copacabana já viu, tivemos também muita chuva, dias tristes, dias muito quentes, e assim começa o ano. Lembrando-nos mais uma vez que cada dia é único e que temos que aproveitar cada minuto intensamente. Por isso, hoje
vamos celebrar, vamos brindar a chegada de mais um ano! Temos 330 dias inteiros pela frente para cozinhar bastante e nos divertir! Escolhi uma bebida de verão que voltou à moda e tem feito o maior sucesso nos bares cariocas: a sangria. Tim-tim e saúde!
Sangria de verão ACP
Filé de peixe com arroz de brócolis Carolina Monteiro
Ingredientes 1 xícara de vodca 2 laranjas cortadas em meia-lua 4 pêssegos sem a pele em fatias 2 maçãs em fatias finas 1 garrafa de vinho bran-
co tipo Chardonnay ou espumante 3 colheres de sopa de açúcar Folhas de hortelã Gelo à vontade
Modo de preparo: Moqueca de lagosta
bem servidos para uma pessoa. Entre as opções, lasanha de camarão e canelones de lagosta ou siri. Os que frequentam o Centro da cidade nos finais de semana podem ainda experimentar o rodízio de camarão (R$ 45) servido aos sábados. Para fechar o almoço com chave de ouro, não deixe de
experimentar os clássicos doces portugueses: toucinho do céu (R$6,50), pastel de Belém (R$ 4,50) e barriguinha de freira (R$ 4), imperdíveis. Para os que gostam de beber durante a refeição, o Sentaí oferece uma lista extensa de vinhos, nacionais e importados, além de uma
variedade de cervejas e outras bebidas alcoólicas. Rua Barão de São Félix, 75. Centro Fone: (21) 2233-8358
karina martin karina.martin@light.com.br
Corte as frutas e deixe-as de molho na vodca por alguns minutos. Eu deixei por 1 hora para pegar bastante gosto, não estava com pressa. Uma dica é não colocá-las na jarra que vai usar, pois vai precisar de mais vodca para cobri-las. Dissolva o açúcar no vinho e junte às frutas, vire
numa jarra com gelo e coloque as folhas de hortelã. Sangria é boa quando bem gelada, então abuse do gelo e divirta-se!
ana carolina portella carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol. blogspot.com
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lazer
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3º Concurso de Samba de Quadra
dicas da cidade
Monarco, Sylvio e Espanhol e Noca da Portela são premiados em show na Lapa
Orquestras Populares Cariocas Começou dia 11 a temporada de verão do projeto Orquestras Populares Cariocas. Criado com o objetivo de promover o encontro de grupos que to-
Sacha Leite
cam as músicas das ruas, o projeto ficará em cartaz nas sextas e sábados de fevereiro e nos cinco dias de Carnaval, no Espaço Vintage, na Lapa. Divulgação
O Frevo Diabo, vencedor do Prêmio da Música Brasileira
Miau no Imaculada Até 1º de março, o Imaculada Bar e Galeria abriga uma exposição sobre gatos. 13 artistas desvelam o espírito felino em pinturas, desenhos e fotos. O Ima-
culada fica na Ladeira João Homem, nº 7.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Arcos da Lapa novos e iluminados abrigaram a final do 3º Concurso de Samba de Quadra, no dia 17 de fevereiro. A festa, com entrada gratuita, foi apresentada pelo produtor cultural Haroldo Costa e contou com apresentações dos premiados da noite, além de Diogo Nogueira e do grupo Fundo de Quintal. Os grandes vencedores do Troféu Jamelão foram Monarco e Marquinho do Pandeiro, com a canção A grande conquista. Espanhol e Sylvio Paulo, vencedores da edição anterior do Concurso de Samba de Quadra, desta vez alcançaram a segunda posição, com a música Não se cala o samba assim. O terceiro lugar ficou para Suburbano, de Noca da Portela, Noka Neto e Toninho Nascimento.
Cerca de duas mil pessoas assistiram Diogo Nogueira na final
A competição, promovida pela Light, com direção geral de Paulo Roberto Direito, recebeu mais de 1,3 mil composições desde setembro de 2010, quando foram abertas as inscrições. Dentre elas, dez canções foram sele-
cionadas e farão parte de um CD a ser lançado pela gravadora Fina Flor. O cantor e compositor Diogo Nogueira entrou em cena após o anúncio dos três contemplados pelo prêmio. Em meio aos acalorados gritos
ANÚNCIO FIM DE TARDE SENDO FEITO
das fãs, o filho de João Nogueira interpretou sucessos como Espelho, Fé em Deus e Lua de Poeta, além de Me Leva, sucesso lançado em novembro de 2010, e registrado no CD e DVD Sou Eu – Ao Vivo. O jurado Moacyr Luz explica o que significa samba de quadra: “Diferente do samba enredo, ele é cantado, normalmente, nas rodas de samba. São sambas que vem marcando todas as épocas, desde Cartola, Carlos Cachaça, os sambas do Candeia, os partidos”. Ricardo Cravo Albin complementa: “O samba de quadra é apenas um suspiro de afeto do compositor”.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br