Divulgação
Morro da Conceição em palavras cruzadas Iphan produz revista de passatempos cujo tema é o Morro da Conceição. Está previsto um pacote de ações para a preservação cultural do lugar.
Sociedade civil e Câmara Municipal para pensar o futuro da cidade
folha da rua larga
Aspásia Camargo propõe a criação de um fórum permanente para rever e atualizar as metas para o município, com foco no planejamento do Rio 2020.
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folha da rua larga Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
RIO DE JANEIRO | MARÇO DE 2010
opinião
Como enxergar além da tela de um computador No mês da mulher, a especialista em recursos humanos Eline Kullock fala, em artigo exclusivo, sobre os grandes desafios da mulher de hoje. Cuidar da casa, dos filhos, da própria saúde e exercer cargos de liderança ainda estão no pacote.
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 19 ANO III
Divas do pop internacional gravam videoclipe no Morro da Conceição Marco Antônio Teixeira / Agência O Globo
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lazer
Palavras de Carlos Drummond sobre a Rua Larga A colunista da Folha da Rua Larga, Teresa Speridião, garimpou poesia de Drummond ambientada na Av. Marechal Floriano. O texto inspirou a artista, que muda de seção só nesta edição, e desvela sobre o que permanece na Rua Larga. página 15
gastronomia
Sabor abençoado por Santa Rita página 14
As cantoras Alicia Keys e Beyoncé escolheram o Morro da Conceição como um dos lugares para a gravação do videoclipe da música Put it in a Love song. A filmagem gerou grande mobilização de fãs e moradores, congestionando a Rua do Jogo da Bola e Pedra do Sal. página 3 Lielzo Azambuja
entrevista
Superintendência de Direitos da Mulher promove ciclo de debates durante todo o mês O Espaço Cultural Cedim tem programação voltada para o debate sobre as lutas femininas em comemoração ao centenário da mulher. O teatrólogo Amir Haddad abre os trabalhos falando sobre “Pertencimento, patrimônio e identidade cultural”. A coordenadora Maria Helena Garcia vê as conquistas femininas e fala sobre sua ideia de diferença entre gêneros. página 5
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nossa rua
Se essa Rua fosse minha
cartas dos leitores Parada do Gambá
Sacha Leite
“Aumentaria o policiamento, principalmente nos fins de semana. Lembro da falta de segurança quando trabalhava na TMKT. Melhoraria as calçadas: hoje minha esposa caiu em frente à Light, com a nossa filhinha no colo, de três meses” Leonardo Lima da Silva Técnico em química
Sacha Leite
“Varreria, lavaria as ruas. Faria a revitalização de calçadas e das fachadas. Como são casas antigas, mereciam ser tratadas de forma adequada. Colocaria um polígono de segurança no Largo de Santa Rita ou em outro ponto estratégico” Bruno Moraes Analista de RH
Recebo o jornal Folha da Rua Larga e gosto de lê-lo, pois não trata só de assuntos da Rua Larga como também do cidadão e da cidade. Um dos pontos mais fortes para mim é a parte histórica da cidade, pois ela nos trás informações boas, não só culturais como muitas vezes a razão de ser dos eventos ocorridos. Esses flashes de história cativam-me, pois acho que a cidade tem muita história para contar. Uma que aprendi na fila do banco quando era novo foi a origem do nome do bairro da Piedade, que originalmente era Parada do Gambá. Os moradores da época, desgostosos do nome, fizeram um abaixo-assinado, solicitando ao governante da cidade que trocasse o nome do bairro por “Piedade” e ele assim o fez. Espero que continuem editando o jornal dessa forma prazerosa de ler. Jorge C. Pacheco Terminal rodoviário vira dormitório
Sacha Leite
“Coloriria. Pintaria os casarões antigos com cores vibrantes. Tem muitas coisas aqui perdidas. Reforçaria a segurança no entorno, acionaria maior patrulhamento. Falaria também com os comerciantes, porque todos juntos somos fortes” Danielle Stumbo Barbier Operadora de telemarketing
Pousa, Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário Margutti, Mozart Vitor Serra Direção Executiva - Fernando Portella Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite Colaboradores - Ana Carolina Monteiro, Antônio Agenor Barbosa, Ana Carolina Portella, Carolina Calvente Ribeiro, Juliana Chagas, Karina Howlett, Lielzo Azambuja, Miguel Sá, Rodrigo Brisolla, Teresa Speridião
Eduardo Santos Castelo em total abandono
folha da rua larga Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos
Passo sempre pelo terminal rodoviário em frente à Central do Brasil, na Avenida Presidente Vargas. Não há policiamento ou limpeza no local. Contamos apenas com a sorte.
Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins Designer assistente - Jade Mariane e Mariana Valente Diagramação - Suzy Terra Revisão Tipográfica - Raquel Terra Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos Impressão - Mávi Artes Gráficas Ltda. www.maviartesgraficas.com.br Contato comercial - Juliana Costa Tiragem desta edição: 5.000 exemplares Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br
Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br
O Castelo – área nobre do Centro onde estão localizadas entidades como a Firjan, o TR, o Consulado Americano, a Academia Brasileira de Letras, o Ibmec, a Cia. Vale do Rio Doce, em especial o quarteirão compreendido pelas avenidas Presidente Antônio Carlos, Presidente Wilson e Rio Branco e Rua Santa Luzia – sofre com o total abandono. Além das frequentes inter-
rupções no fornecimento de água – obrigando alguns edifícios a solicitar até quatro ou cinco caminhões-pipa por dia – o bairro vem sofrendo com a sujeira e o mau cheiro provocados por camelôs e pela população de rua. À noite, é quase impossível dormir com o barulho das brigas entre estes moradores. Já foram solicitadas providências à Cedae e às autoridades municipais e estaduais, mas pouco ou nada tem sido feito. R. B. T. Centro Municipal José Bonifácio Na Rua Pedro Ernesto, 80, no bairro da Gamboa, pertinho da Cidade do Samba e do Centro do Rio, está o Centro Cultural Municipal José Bonifácio, um prédio erguido em homenagem ao patriarca da Independência, José Bonifácio. Lá funciona o Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira, mas a verdade é que o prédio precisa de uma grande reforma: telhas, pintura, etc. O prédio está sendo destruído pelo abandono. Gabriel Catarino A Folha da Rua Larga acolhe opiniões de todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para: Rua São Bento, 9, sala 101, CEP 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga. com.br
nossa rua março de 2010
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Rio de Janeiro: cidade planejada Fórum reúne cariocas para repensar e monitorar as metas do município para 2020 Ana Carolina Monteiro
No dia 1º de março, aconteceu no Rio o Fórum Pacto Carioca. O evento, que ocorreu das 9h30 às 18h no Centro de Convenções Sulamérica, pretende firmar uma parceria entre o órgão legislativo e o executivo do município do Rio de Janeiro, com o objetivo de promover uma revisão periódica do Plano Diretor do município. Foram eleitas cinco dimensões – social, econômica, urbana, ambiental e de governança – que deram origem a 15 oficinas. Esse monitoramento teve comissão formada, em sua maioria, por vereadores e professores universitários. Aspásia Camargo foi quem idealizou o evento e presidiu as oficinas. Com vistas a criação de um debate qualificado, a Câmara Municipal convidou a FGV Projetos, unidade de extensão de ensino e pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, como instituição articuladora na
No aniversário da cidade, cariocas avaliam transporte, habitação e a viabilidade de corredores ecológicos
elaboração de estudos que dizem respeito à sustentabilidade da cidade do Rio de Janeiro, subsidiando a revisão que tramita na Câmara dos Vereadores. Trata-se de um processo participativo e multidimensional em forma de fórum, cujo principal objetivo está em definir o Rio
que queremos para 2020 e buscar meios para alcançálo. Participaram do evento personalidades como Rosiska Darcy de Oliveira, presidente do movimento Rio Como Vamos, Sérgio Besserman, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentá-
vel e Governança Metropolitana, e Marcelo Neri, coordenador do Centro de Pesquisas Sociais da FGV. Além dos especialistas, o Fórum Pacto Carioca conta também com a participação dos movimentos populares e da sociedade civil. O arquiteto e urbanista Ricardo Pontual abriu os
trabalhos da mesa Habitação e Transporte: “A população pobre está gastando mais com transporte do que com a amortização de uma casa própria”. Segundo Pontual, a preocupação com a urbanização das favelas deve continuar, mas essa não deve ser a única ação de urbanização do
poder público. Aspásia Camargo acrescentou as informações de que apenas 23% dos recursos voltados para habitação são do governo, e que, a cada ano, aproximadamente 90 mil pessoas ficam sem moradia. Hélio Barros, membro do Conselho de Moradores de Loteamento do RJ trouxe o seguinte dado: “Não existe uma legislação para regularizar as construções. Hoje 55% das edificações são irregulares”. O representante do movimento popular afirmou que o Conselho dos Moradores criou, em 2003, a figura do urbanizador social. Segundo Hélio Barros, a cidade estaria desordenada por falta de uma legislação simplificada que facilitasse a ocupação ordenada do solo, diferentemente de Curitiba e Santa Catarina.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Alicia Keys e Beyoncé gravam clipe no morro da Conceição Euforia e tietagem na filmagem de Put it in a love song Helicópteros parados no ar, centenas de curiosos eufóricos, muitos figurantes e 80 membros da escola de samba Grande Rio. Esse foi o cenário encontrado por quem passava pela Rua do Jogo da Bola, Pedra do Sal e demais acessos ao Morro da Conceição, terça-feira, dia 9 de fevereiro. O clipe da música Put it in a love song, da cantora norte-americana Alicia Keys, com a paticipação de Beyoncé, contou com a direção de Melina Matsoukas, que concebeu também o clipe Rude boy, da cantora Rihanna. O videoclipe estava previsto para ser lançado no Dia
Internacional da Mulher, 8 cantora Beyoncé teria dede março, mas teve a es- clarado na ocasião: “A Alicia Keys é treia adiaincrível e da para 17 eu a conde março. sidero uma O canal de grande TV norteamiga. Vaamericano mos queBET probrar tudo meteu fazer com esse a estreia vídeo”. A exclusiva e ainda mosprincípio, trar os basBeyoncé tidores das teria sugegravações rido fazer que aconlocações teceram no no Egito. Morro da Alicia Keys, cantora No entanConceição. to, como a Seguncantora esdo informações divulgadas taria em turnê pelo Brasil pela gravadora J Records, a na época do carnaval, logo
“As imagens falam mais que mil palavras. Assista ao clipe e veja a energia que aconteceu ali”
surgiu a ideia de filmar no Rio, e ambas concordaram. O clipe buscou captar as paisagens da nossa cidade, incluindo, segundo informações da produção, “as favelas Dona Marta – onde Michael Jackson gravou They don’t really care about us – e Morro da Conceição”. Talvez para desfazer um possível mal-entendido de que o Morro da Conceição não teria essa classificação – já que não apresenta crescimento desordenado, falta de saneamento básico e outros fatores que definem uma favela – o jornal O Globo publicou uma matéria intitulada “Uma outra Santa Teresa”, que
mostrou a rica produção cultural do lugar, gerando a abertura de ateliês de artistas plásticos que moram na região, motivados pela divulgação em larga escala. “Infelizmente nem todos os jornalistas e cidadãos em geral são bem informados. Achei a matéria publicada na capa do caderno Rio Show legal para desfazer essa imagem de favela, já que não é pertinente”, disse o professor de artes Marcelo Frazão. Depois das filmagens, Alicia Keys falou para a MTV: “Foi incrível gravar Put it in a love song no Rio. Acho que a energia da cidade encaixa perfeitamente com a energia dessa
música. É tudo sensual, excitante e muito colorido. As pessoas participaram tão intensamente... Acho que foi incrível, principalmente pela maneira como as pessoas do lugar encararam a experiência. Eu e Beyoncé temos uma excelente química e fazer um trabalho desse tipo em uma cidade tão especial é inesquecível. As imagens falam mais do que mil palavras. Assista ao clipe e veja a energia que aconteceu ali”, sintetizou Alicia.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
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nossa rua folha da rua larga
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boca no trombone
Cliques Rua Larga Sacha Leite
Dia da Mulher Quero você sempre assim, livre, transparentenua, suada de tanto ser, sinceramente sua. Rezo no seu altar Santa Rita; bato continência para o seu arsenal de marinha. Faço tocar os tambores do Palácio Duque de Caxias e lhe saúdo com salvas de tiros do Valongo. Ao longo da Rua Larga caminha... Marechal Floriano se rebaixa a cabo diante da sua passagem estonteante, que balança as janelas do reinado de Pedro II. Vá, mulher! Barco solto, gaivota sem redes, para longe das cordas que lhe prendem e das âncoras que as escolas ensinam. Não se prenda a nada, seja livre na noite de todos os bares, onde bandejas mariposas sobrevoam as cabeças gambiarras dos papos iluminados. Ali, no Beco das Sardinhas, onde se brinda tudo, com tira-gosto de olhares que se cruzam no nada. Pegue suas asas e voe na direção de seus sonhos, siga seu rumo, acerte seu prumo – tombei você pelo Iphan do meu patrimônio histórico. Feia ainda é nossa rua descuidada. Mas a beleza (perdoe poeta) não é fundamental. Só beleza é um doce irresistível, visual, com cobertura de regimes, guardado na sala aeróbica de um tupperware. A beleza, poeta, vem de dentro e forja o corpo, ilumina os casarios, penumbra o olhar, molha a boca, emite um apetite cheiroso que se respira junto, uma vontade de esfregar o corpo e gozar dentro do ser, curtindo o prazer do outro. Não tenho ciúmes! Não possuo nenhuma parte do seu corpo em cartório, não importa o ofício. Não tenho a procuração de sua alma para jogar com seu afeto. O que me encanta em você e provoca o meu desejo é vê-la sempre crescendo, é saber que não me ama mais do que a si.
Somos dois rios se querendo, um torcendo pelo curso do outro. Não somos uma corrente de restos turvos, garrafas PET, perdidos na enchente carioca de março Tom Jobim. Viva suas vontades – esgote-as! A doença é um barco no porto esperando as obras portuárias, com medo de partir para o mar. Amo você, Baía de Guanabara, mulher Cantareira, diferente de mim, que não me quer, nem mal me quer, para si. Quero que me sopre, eu lhe sopro... Ventania que levanta nossos lençóis, retira nossas máscaras e nos põe indefesos um diante do outro, trêmulos de desejo até que um abraço forte nos misture numa energia única, num sentimento puro de rei, rainha e funcionário público. Estamos juntos: cada um com seu leme em direção a Niterói e Paquetá. Venha até aqui, venha! Deixe-me descolar as linhas tensas de sua testa... Cada rua, viela, ladeira, avenida, beco... Assim, lentamente, não vai doer... A primeira é o dó, a segunda, o ré, depois, o mi... Com elas vou amarrar as cordas do meu violão e compor cantigas que te acalmarão para sempre. E tudo deve correr assim, entre nós, naturalmente... Até que aconteça ou não, isso não importará mais, que nossa liberdade se encontre no mesmo vôo, e estar sempre junto seja tão bom quanto estar com todos, e o desejo de um pelo outro seja unicamente este, e nenhum olhar nos encante mais que o namoro dos nossos olhos, e nenhum corpo nos atraia mais que o nosso, e todos os homens e mulheres da Rua Larga da vida se encontrem no nosso abraço.
gabriel provocador gabriel@folhadarualarga.com.br
Avenida Rio Branco arborizada: um grupo de operários usou o tronco de uma árvore como cabideiro. Sacha Leite
Outra intervenção na Rio Branco: flores de tampinhas de refrigerante enfeitam a árvore vizinha.
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entrevista
A ‘cara’ do Centro Cultural da Mulher Maria Helena Garcia fala sobre sua militância na arte e na educação em prol da igualdade social Sacha Leite
Maria Helena Garcia, 68 anos, dois filhos, sempre trabalhou na rede pública de ensino. Criou núcleos de arte infantil, atuou na capacitação de professores e é uma das criadoras do projeto de animadores culturais do governo do estado. Hoje Maria Helena coordena o centro cultural do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim) – Heloneida Studart. Trata-se do primeiro espaço cultural do Brasil com a marca de gênero. Situado na Rua Camerino, próximo à Avenida Marechal Floriano e ao Colégio Pedro II, o núcleo tem como objetivo principal a preservação e a difusão do patrimônio histórico, cultural e científico da mulher. Neste ano de centenário do Dia Internacional da Mulher, as comemorações serão marcadas por uma programação especial durante todo o mês. A abertura, no dia 10 de março, teve debate ministrado pelo teatrólogo Amir Haddad, sobre o tema “Pertencimento, patrimônio e identidade cultural. A bateria feminina Fina Batucada marcou presença e deu o aval. Maria Helena Garcia, que organizou e coordena todo o ciclo de eventos, falou à Folha da Rua Larga sobre a sua visão das lutas femininas. FRL - O ator e diretor Amir Haddad foi convidado para abrir os trabalhos nos eventos em comemoração ao mês da mulher, promovidos pelo Cedim. O que isso representa? Trabalho com o Amir há muito tempo, desde o início do Tá na Rua. Eu e ele fazíamos parte do grupo de professores do estado. Sou uma das criadoras do projeto de animadores culturais. Houve uma vez, uma escola de Nova Iguaçu que tinha uma sirene igualzinha
Lula, a Nilcea Freire, ministra de Políticas Públicas para a Mulher, e outras autoridades competentes vieram ao Centro Cultural Barão de Mauá com o objetivo de fundar a pedra fundamental do Memorial da Mulher. FRL - Você se considera feminista? Por quê?
Maria Helena Garcia, coordenadora do Espaço Cultural Cedim Heloneida Studart
a do sistema penitenciário. Era uma comunidade muito pobre. Muitas crianças tinham alguém preso na família. Todo mundo já havia reclamado da campainha e pedido para trocar porque incomodava e remetia à prisão, mas ninguém tomava uma atitude. Teve um dia em que tocou a sirene e os alunos reagiram com as técnicas aprendidas nas oficinas de teatro: taparam os ouvidos, subiram pelas cortinas, se esconderam debaixo da mesa, gritaram: “sujou, sujou!”. Depois disso resolveram trocar a sirene. Para você ver como às vezes um discurso muito bonito não move uma palha e o poder da arte emociona e mobiliza. FRL - O Espaço Cultural Cedim Heloneida Studart enfrenta problemas financeiros? De onde vêm os recursos? Não temos um tostão. Tivemos especificamente para esse mês uma cota de recursos do governo federal pelas comemorações ofi-
ciais do mês da mulher, mas para o restante do ano não temos nada. Os banners de divulgação dos eventos eu pago do meu próprio bolso. Lutamos para criar uma Secretaria da Mulher e, dessa forma, criarmos um mecanismo de repasse de recursos para termos condições mínimas de manter nossas atividades e projetos culturais. Minha filha diz: “Mãe, você não tem um carro!” Mas eu não ligo. Para mim, “poder” é poder fazer as coisas. E, pelo sim e pelo não, estou conseguindo. FRL - Quando a questão da violência feminina começou a ser tratada de forma diferenciada? Há três anos, com a criação da Lei Maria da Penha. Foi um ganho enorme, porque, antigamente, as mulheres chegavam em uma delegacia para dar queixa de maus-tratos e muitas vezes eram recebidas com descaso pelos policiais, que faziam piadas e minimizavam qualquer possível situação de violência.
A partir da (Lei) Maria da Penha passou-se a valorizar mais a mulher. Precisamos de pessoas preparadas para lidar com os dramas femininos relacionados à violência doméstica.
social. Dentro do social, a questão do gênero aparece pelo papel que ela foi levada a desenvolver. A mulher era responsável unicamente pela geração e pela criação dos filhos.
FRL - Qual a principal mudança trazida pela Lei Maria da Penha?
FRL - A seu ver, qual fator propicia a violência de gênero?
Antigamente o cara batia e você fazia um Boletim de Ocorrência. Não era crime aleijar uma mulher. Hoje existe toda uma legislação e um pacote de medidas que é aplicado nos casos de violência voltada para a mulher.
A premissa de que a mulher é inferior ao homem. Essa ideia infelizmente está muito introjetada historicamente. Acredito que através da arte podemos transpor esses valores. Tem uma MC que compõe funks muito bacanas. Já fizemos alguns trabalhos com ela. Ela canta: “Diga não à pornografia e ao incentivo ao crime. Diga sim à música”.
FRL - Em sua opinião, a violência contra a mulher está associada a questões de classe social? Definitivamente não. A Maria da Penha, por exemplo, é professora universitária e o marido também. Tem a ver com o histórico cultural familiar e da sociedade onde aquele indivíduo vive. A questão do feminino vem a reboque do
FRL - Como a Superintendência da Mulher comemorará o Dia Internacional da Mulher? O Rio de Janeiro foi escolhido este ano para ser o lugar oficial de comemorações pelo dia da mulher, em nível federal. O presidente
Não sou feminista de carteirinha. Tenho algumas dúvidas e acho que temos que mudar a estratégia. Para mim, trata-se de uma questão sociocultural e não de algo biológico ou determinado geneticamente. Os elementos que caracterizam a mulher são o afetivo, o sensível. A mulher é quem cria, leva na barriga, alimenta. Essa inteligência emocional e holística é marca feminina. Somos diferentes dos homens, porém não somos desiguais. Não podemos ganhar um salário menor ocupando um cargo igual. Isso é um problema social. FRL - A luta pelo respeito às mulheres continua? Continua. Sou sobrevivente da geração de 68. Não fui presa, não levei “porrada”, mas foi perto disso. Os anos dourados e anos de chumbo... Vivi tudo isso. O que eu procuro trabalhar com as mulheres via Superintendência de Direitos da Mulher é a importância da autoestima. Eu não posso convencer uma mulher vítima de violência doméstica a quebrar esse padrão. Se ela não tiver amor-próprio ela não terá força de superação. Aqui buscamos fornecer ferramentas terapêuticas para os diversos tipos de violência e exclusão.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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opinião
Os desafios da supermulher Os 445 anos da cidade mulher
As mulheres do século XXI terão um desafio a mais. Como se já fossem poucos os desafios dessa supermulher. No meu tempo (eu sou uma Baby Boomer sinistra, mas ainda assim Baby Boomer), as mulheres tiveram que conseguir agregar o trabalho à administração da casa e das tarefas domésticas. Foi a primeira geração que saiu em massa para trabalhar, ainda com poucos recursos de comidas congeladas, poucas creches confiáveis, precisando demonstrar que podiam ser melhores que os homens no trabalho. Naquela época ainda era necessário ser melhor, para ser igual! Há 16 anos, não muito tempo atrás, quando me juntei a uma organização de Executive Search internacional, havia questionamentos nos EUA se uma mulher poderia dirigir um escritório, o que demonstra como o mundo mudou rapidamente! Eu vi essa mentalidade se transformar e a
aceitação de mulheres em cargos eminentemente masculinos melhorar, mesmo que ainda não seja completa. Sabemos que hoje a mulher coordena a complexa equação trabalho+filhos+casa com relativa tranquilidade. No livro Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? constatei a teoria de que a mulher consegue ter uma atenção mais difusa, pois na era das cavernas, era ela quem ficava em casa cuidando dos filhos, dos animais, plantações, enquanto o homem saía para caçar. Isso desenvolveu o lado direito do seu cérebro, que é hoje, reconhecidamente, mais trabalhado nas questões da intuição, da percepção do ambiente, de detalhes, de sentimentos, da empatia. E essas questões são hoje fundamentais quando lidamos com pessoas muito distintas, quando temos que liderar equipes enormes, de todas as gerações, diferentes culturas, modelos mentais e línguas.
A tarefa de comunicação adequada a todos é uma das maiores dificuldades das grandes corporações. E não é fácil para nenhum dos sexos, mesmo que a mulher entenda melhor as mensagens cifradas, comportamentos, olhares, palavras não ditas. E isso acontece tanto pela história quanto pela cultura ocidental, que lhe demandou trabalhar essas características para garantir um lar com atmosfera amena e um relacionamento que estimule um convívio social integrado à comunidade. É chegada a hora de mais um desafio: como poderão as mulheres manter essa percepção do ambiente, quando várias de suas relações são feitas virtualmente? Na medida em que o mundo se torna plano, ela chefia ou coordena equipes de outros países ou estados dentro do Brasil. Quanto mais a tecnologia evolui mais se fazem e-meetings, reuniões pelos skypes da vida ou tecnologias semelhantes.
Como poderá ela compreender sentimentos e incômodos não expressos? Este será, a meu ver, um grande desafio que a mulher colocará a si própria, não somente no mundo dos negócios, mas em suas vidas pessoais também. Já não basta ser supermulher. Temos que aprimorar nossa capacidade de percepção do mundo ao nosso redor por meio da tecnologia. Somos, em geral, melhores nisso do que a maioria dos homens. Como aprimorar isso de forma a manter uma relação saudável? Como ler a energia de um determinado ambiente, se não estamos mais presentes? Quem souber essa resposta, encontrará o caminho para integrar um mundo mais vasto, mais perto, e ao mesmo tempo, distante.
eline kullock ekullock@grupofoco.com.br
“Cidade notável, inimitável / maior e mais bela que outra qualquer. Cidade sensível, irresistível, cidade do amor, cidade mulher”. Já dizia o mestre Noel Rosa, cujo centenário de nascimento é comemorado este ano, que o Rio de Janeiro é dotado de características presentes nas mais belas mulheres. Quando se promove um fórum para se pensar, não o Rio de Janeiro olímpico, mas o Rio de 2020, começamos a acreditar, paixões à parte, na melhora das condições do município. Quem está à frente do processo de criação de uma “cidade planejada” é uma representante do sexo feminino, a vereadora Aspásia Camargo. Ela lidera a ação, que pretende monitorar e atualizar as metas do Plano Diretor para a cidade do Rio de Janeiro. Antigos problemas que atrapalham o desenvolvimento da cidade em educação, transporte, saúde, e habitação serão debatidos permanentemente por representantes da sociedade civil, líderes comunitários, intelectuais e estudiosos dos problemas urbanos. Pactos como esse são essenciais para se manter viva a cidadania e o espírito crítico dos cariocas como forma de se participar continuamente da construção da história da cidade. O mundo de hoje permite, sobretudo a quem tem acesso à internet, a não apenas obter informações sobre eventos como esse, mas a participar deles, criando um ambiente propício para sair da passividade e tomar algumas atitudes, ainda que em pequena escala. A peça Sorria, você está sendo roubado, de Rogério Blat, em cartaz no teatro Glauce Rocha, já propõe uma solução diferente para os problemas cariocas. Através da arte, os 60 atores forma-
dos por oficinas da ONG Palco Social refletem sobre a realidade do país com humor e são convidados a transformá-la. O diretor Ernesto Piccolo acredita na arte como forma de sublimação de mazelas sofridas pelos cariocas. Nós da Folha da Rua Larga compartilhamos dessa convicção. Projetos socioculturais salvam muitos brasileiros de situações degradantes como drogadição, práticas criminosas e certos tipos de doenças mentais. Projetos de valorização do patrimônio histórico e cultural também são essenciais para se saudar aquela que completa 445 anos este mês: o Iphan, além de reformar o Cristo Redentor, fez do Morro da Conceição uma cruzadinha. A ideia é educar a população carioca para a importância do patrimônio cultural. A revista de passatempos, de distribuição gratuita e local, foi lançada na mesma época em que as cantoras Beyoncé e Alicia Keys optaram pelo lugar como locação de videoclipe. As musas escolheram gravar, como divulgado pela grande imprensa, em “favelas cariocas”. Isso incluía o Morro da Conceição. Contudo, o espaço não possui características de favela, como crescimento desordenado e falta de saneamento básico. O malentendido foi esclarecido com a abertura das portas dos artistas plásticos do Morro. Foi uma boa oportunidade para se mostrar ao Brasil e ao mundo como a cidade maravilhosa, erguida sobre um voluptuoso mar de morros, ainda conserva, com carinho e arte, uma das quatro colinas sobre onde foi fundada.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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empresa
Campanha de Trânsito da Feam voltou a acontecer no carnaval Samuel Assunção
A Fundação Eletronuclear de Assistência Médica voltou a realizar, durante o carnaval, mais uma etapa de sua Campanha Anual de Prevenção de Acidentes de Trânsito. O lançamento da campanha aconteceu na quintafeira, 11 de fevereiro, no posto da Polícia Rodoviária Federal de Mambucaba, em Paraty, às 10 horas da manhã. Durante o evento, o trânsito no local foi controlado pelos policiais rodoviários para que os primeiros kits da campanha fossem entregues aos motoristas que estavam transitando por aquela localidade. O evento contou com a presença da direção da Fundação Eletronuclear de Assistência Médica (Feam), além de representantes da Polícia Rodoviária Federal e da própria Eletronuclear. Essa campanha faz parte do Programa Socioambiental da Eletronuclear, visando o atendimento das condicionantes am-
bientais para o Licenciamento da Usina Nuclear de Angra 3. O objetivo da campanha, como em todos os anos, é conscientizar os motoristas para os perigos da Rodovia Governador Mário Covas (RioSantos/BR-101). Isso porque as estatísticas de acidentes de trânsito feitas pela Polícia Rodoviária Federal demonstram números preocupantes relacionados à esta rodovia. A campanha da Feam
sempre é realizada no reveillón, no carnaval e na Semana Santa, quando o trânsito na estrada fica ainda mais intenso. A importância do cinto de segurança O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) tem cada vez mais alertado os motoristas para a necessidade da utilização do cinto de segurança pelos passageiros que vão nos bancos traseiros dos
Números preocupantes No trecho da rodovia, compreendido entre a saída da Avenida Brasil (em Santa Cruz) até a divisa entre Paraty (Rio) e Ubatuba (São Paulo) foram: No ano de 2007 1041 acidentes / 620 feridos / 77 mortos No ano de 2008 1102 acidentes / 634 feridos / 63 mortos No ano de 2009 1222 acidentes / 742 feridos / 61 mortos
O diretor-superintendente da Feam e representantes da Eletronuclear participam da campanha
automóveis. A não utilização do equipamento de segurança tem contribuído para o aumento no registro do número de óbitos nas rodovias de todo o país e figura entre as principais causas dos acidentes com vítimas fatais, junto com a imprudência ao volante e a ingestão de álcool antes de dirigir. E é justamente isso o que a campanha de trânsito da Feam está desta-
cando em 2010. Durante o feriado de Ano Novo, foram distribuídos 12 mil kits, contendo sacola para console de automóveis, adesivo e folder com essas informações. Durante o carnaval, mais 10 mil kits chegaram às mãos dos motoristas, e na Semana Santa, outros 10 mil serão distribuídos. A Campanha de Trânsito da Feam tem o patrocínio da Eletronucle-
ar, os apoios da Polícia Rodoviária Federal e do Shopping Piratas e a colaboração dos postos de gasolina da Verolme, do Frade e do Perequê, do Centro de Informações Turísticas do município de Paraty e da parada dos ônibus intermunicipais de Lídice.
carolina calvente ribeiro carola@eletronuclear.gov.br
Polo Nova Rua Larga discute ordem pública Divulgação
Na tarde do dia 3 de março, integrantes do Polo Empresarial Nova Rua Larga se reuniram no gabinete do secretário especial de Ordem Pública do Rio de Janeiro, Rodrigo Bethlem. O objetivo do encontro foi apresentar propostas que visam a melhora da infraestrutura na região do Centro do Rio. Assuntos como limpeza urbana, segurança pública, controle de comércio ambulante, melhora da iluminação pública, entre outros, foram discutidos na reunião. Em entrevista à Super O secretário Rodrigo Bethlem (ao centro, de blusa azul) recebe representantes do Polo Nova Rua Larga Rádio Brasil, o secretário Rodrigo Bethlem falou sobre o resultado do encontro: próximos meses, tenham cana ali do Centro, próximo da Guarda Municipal seja pequenos delitos.” A reunião vai render bons “Nós vamos tomar algumas um efeito muito grande. à Central do Brasil. Isso vai mais ostensiva, o que reduz medidas que, imagino, nos Entre elas a Inspetoria Ba- fazer com que a presença não só a desordem como os frutos para comerciantes,
trabalhadores e a população que transita pela região do Centro, inserida no Polo Empresarial Nova Rua Larga. Está previsto um espaço de interlocução entre a secretaria e o Polo: “Somando forças, você tem condições de resolver os problemas muito facilmente. Eu acho que nós vamos dar uma resposta muito positiva a essa região do Centro em muito pouco tempo”, concluiu o secretário. O Polo Empresarial Nova Rua Larga foi inaugurado em 15 de agosto de 2008.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
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cultura
Biblioteca da Marinha guarda raridades Primeiro atlas impresso do mundo faz parte do acervo Juliana Chagas
Juliana Chagas
Atrás das movimentadas avenidas Rio Branco e Presidente Vargas, pertinho do Largo de Santa Rita, encontra-se o prédio de sete andares que abriga a Biblioteca da Marinha, com cerca de 63 mil volumes. Hoje na Rua Mayrink Veiga, 28, a biblioteca já teve outros três endereços. Quando foi criada, em 1846, ela foi estabelecida no Arsenal da Marinha da Corte. Em 1953, foi transferida para o prédio onde funcionava o Museu Naval e, em 1984, mudouse para o antigo prédio da Odontoclínica Central da Marinha, na Ilha das Cobras, onde ficou até 1999. Aberta ao público de segunda a sexta, das 8h15 às 15h45, a biblioteca é visitada, principalmente, por historiadores e militares em busca de informações sobre história naval, do Brasil e cartografia. O acervo inclui cartas náuticas atuais elaboradas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação, cartas e mapas históricos impressos e manuscritos que datam do século XVIII, atlas históricos do século XVI, livros de cartografia nacionais e estrangeiros, revistas e fotografias de mapas. Parte desse material é derivada da Biblioteca da Real Academia dos Guardas-Marinha, de Lisboa, e chegou ao país em 1808, junto com a Família Real. A Folha da Rua Larga foi conferir de perto alguns dos tesouros guardados ali. No segundo andar fica parte do acervo, o salão de leitura e os computadores para consulta. No quarto andar funciona o processamento técnico, local de catalogação dos livros para que os títulos fiquem disponíveis na internet e intranet. Mas foi o terceiro andar que chamou atenção. É lá a Divisão de Material Especial, que inclui a Seção de Mapoteca e Obras Raras.
Livro sobre uniformes militares Juliana Chagas
O primeiro atlas impresso no mundo
O salão de leitura Juliana Chagas
A tenente Eliane pesquisando mapas
Primeiro atlas impresso do mundo Fomos recebidos pela tenente Eliane Ferreira, bibliotecária encarregada da Seção de Mapoteca e Obras Raras, que, em primeiro lugar, nos mostrou o primeiro atlas impresso do mundo. “Existem apenas quatro exemplares e um deles é este aqui”, orgulha-se. A mapoteca tem
também a Coleção de cartas hidrográficas da Região Amazônica – aquarelas manuscritas entre 1780 e 1881 –, além de mapas da costa brasileira feitos pelos franceses Mouchez, capitão de fragata, e Roussin. “A maioria dos pesquisadores se debruçam sobre os trabalhos de Mouchez e Roussin, que, no século XIX, se dedicaram a mapear o Brasil”, diz a tenente, mostrando Le pilote
du Brésil, mapa de 1826 feito por Roussin. Outro destaque é a Carta Náutica Alemã de 1923 da Baía de Guanabara, doada pelo cônsul honorário do Brasil em Hamburgo, que tem lugar de destaque na entrada da Divisão de Material Especial da Biblioteca da Marinha. A mapoteca conta, ainda, com muitas doações de oficiais da reserva, que são devidamente avaliadas antes de serem incorporadas ao acervo. Na ampla sala de obras raras, há o importante livro L´art de naviguer, de 1554, que é um dos livros fundamentais para o estudo da navegação e obra de referência na história da cartografia. Mas não é só a data da obra que a torna rara. Segundo Eliane, o conceito de obra rara abrange também o assunto pertinente a cada biblioteca. “Um livro que foi publicado por um almirante nosso pode não ser importante para outra biblioteca, mas pra gente é, porque ele vai conter a história da Marinha brasileira. Então não é apenas o ano de publicação que determina se a obra é rara ou não. Vemos o que é pertinente para a nossa
biblioteca e pra quem vem aqui para pesquisa. Pode ser raro um livro com pouquíssimos exemplares, um único exemplar, um manuscrito que nunca será publicado, ou um livro que contém uma informação muito importante para a Marinha”, explica a bibliotecária. Também faz parte do acervo de obras raras da Biblioteca da Marinha, por exemplo, o livro Uniformes Militares Brasileiros, de 1984, organizado por Pedro Calmon, então presidente do Instituto Historiográfico Brasileiro. “Há pouco tempo, recebi um pesquisador que queria conhecer a história do fardamento militar e sugeri que ele consultasse esse livro. Ele encontrou nessa obra rara toda a história do fardamento, incluindo a ilustração dos diferentes uniformes”, conta a oficial, que espera ver tanto os mapas quanto os livros digitalizados em breve. “É um projeto futuro que ainda vamos tirar do papel”, garante.
consultas ao acervo pela internet, no site da Rede de Bibliotecas Integradas da Marinha (Rede BIM). Segundo informações da instituição, em 2009, os usuários consultaram pela internet, em média, o nome de 1728 livros do acervo geral e 345 obras de referência (dicionários e enciclopédias). E, só no ano passado, foram mais de 840 empréstimos de obras. Outro serviço, este só para os militares, é a disponibilização de parte do acervo da Biblioteca da Marinha nas bibliotecas volante e rotativa. “A volante é um ônibus que vai às organizações militares com uma literatura variada. Os funcionários podem pegar qualquer título emprestado. E a biblioteca rotativa são caixas que vão para os navios com uma média de 120 livros”, explica Eliane. Há, também, segundo a tenente, possibilidade de se fazer uma visita guiada pela Biblioteca da Marinha. “É só pedir uma autorização previamente”, informa.
Outros serviços Os usuários podem fazer
juliana chagas chagas.ju@gmail.com
cultura
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Cultura em forma de passatempo Iphan cria revista de jogos baseada na história e arquitetura do Morro da Conceição Sacha Leite
Na quarta-feira, dia 3 de março, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional lançou uma revista de passatempos sobre o Morro da Conceição. A edição conta a história do local, um dos pontos de surgimento da cidade do Rio. Através de parceria com a Ediouro/Coquetel a Superintendência do Iphan criou um caderno de caça-palavras, criptogramas, jogo dos 7 erros e palavras cruzadas
para distribuição gratuita. Morro da Conceição: uma lembrança viva de nossa história é a terceira iniciativa nesse sentido. Anteriormente foram publicadas uma revista sobre arqueologia e outra sobre os 200 anos de chegada da família real no Brasil. A intenção da instituição federal está em promover a educação patrimonial por meio de produtos lúdicos. O superintendente Car-
los Fernando de Souza Leão Andrade esclarece que a revista faz parte de um projeto maior para o Morro da Conceição, que engloba não somente educação patrimonial, mas também prospecções arqueológicas, inventário do casario (conhecer as casas e mapeá-las), a restauração da Fortaleza da Conceição e da Igreja de Nossa Senhora da Prainha. Também estão nos planos da entidade o inReprodução
Para Carlos Fernando Andrade a pior solução é transformar o patrimônio em estacionamento
ventário e o tombamento imaterial da festa de Nossa Senhora da Conceição. De acordo com Carlos Fernando, o Morro entrou no PAC das cidades históricas por indicação do Iphan e, portanto, sofrerá reforma no cabeamento elétrico – fios subterrâneos. Benedito César dos Santos Nunes, o Bené, é o produtor e idealizador deste projeto: “Saí fotografando dia de domingo... Subi em prédios de 30, 25 andares, fui aos terraços dos prédios da Rua Camerino...”, se esmera Bené. O Iphan já havia feito puzzles, jogos de memória e camisetas, mas a ideia das revistas de passatempo surgiu de uma conversa entre Bené e a esposa, que é professora. Já a temática Morro da Conceição foi uma encomenda do superintendente Carlos Fernando: “Eu não tinha nenhum material sobre o tema. Saí por aí pesquisando
sem parar”, conta Bené, que fez a pesquisa junto a técnicos do Iphan e pesquisadores da Coquetel. A revista terá distribuição gratuita e local na Escola da Venerável Ordem III de São Francisco da Penitência e na Escola Municipal Darcy Vargas, ambas no bairro da Saúde. Segundo Carlos Fernando, se trata de uma ação localizada por ser um projeto piloto. O superintendente enfatiza que o objetivo primordial está na educação patrimonial. O Morro da Conceição é um dos quatro morros onde se fundou a cidade do Rio de Janeiro, local ainda hoje preservado e detentor da memória cultural da cidade. No entanto, os projetos para o Morro não se limitam à revista: “Você tem uma sucessão de puxadinhos que, se não tomar cuidado, vai favelizar”, diz Carlos Fernando. Com relação ao projeto de revitalização defendi-
do pela prefeitura, Carlos Fernando declara: “Há uma população transitória no Porto, mas existem moradores que precisam ser ouvidos. Eles precisam estruturar uma associação de moradores”, sugere. Uma tendência vista por Carlos Fernando com pesar é a utilização de sobrados para se fazer estacionamento: “É a pior coisa do mundo, porque você mantém a ambiência e passa a ter nenhuma atividade”, critica o superintendente. “Carro parado não é atividade. Você tem um garagista. Não gera emprego, nem vida, nem cultural”, finaliza. Para receber as repostas da cruzadinha envie um e-mail para leitor@folhadarualarga.com.br com o título “jogo Iphan”..
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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social
Sorria, faça teatro e mude o mundo Há 17 anos a ONG Palco Social aposta na arte como força de transformação social Divulgação
Inspirados por mestres do teatro social como Augusto Boal, Amir Hadad e Guti Fraga, Ernesto Picollo e Rogério Blat guiam há quase duas décadas a ONG Palco Social. Acostumado a administrar de 45 a 60 pessoas no palco e 220 inscritos nas oficinas, Ernesto, chamado de Neco pelos alunos, se sente motivado pela dinâmica criada no projeto: “Nesses 17 anos nunca paramos. Apesar da falta de espaço e patrocínio, vamos em frente e não tenho vontade de parar”, diz o ator e diretor que, além de ministrar os cursos do Palco Social, faz outros trabalhos no cinema, teatro e televisão. O encontro com Rogério Blat foi essencial para a criação de peças lúdicas e inteligentes, capazes de levar à reflexão. FRL - Como surgiu a ideia de criar o Palco Social? Neco: Há 16 anos, eu dava aula de teatro na Cândido Mendes e estava cansado de dar aula só, queria chamar um autor para escrever uma peça juntos. Aí minha ex-mulher, a Dadá Maia, me indicou o Rogério Blat, de quem já conhecia os trabalhos e que achava muito talentoso. O chamei para dar aula comigo na Cândido Mendes e ele veio com a ideia de fazer um funk. Na época era o começo do início da era do funk. A gente começou a levar o tema para a aula e chamamos algumas pessoas para discutir a Furacão 2000. Durante os ensaios, o boy da faculdade, o segurança e o flanelinha se interessaram pelo movimento e começaram a pedir bolsa para fazer teatro. Quando comecei a perceber que eles tinham interesse, resolvemos dar uma oportunidade. A Cândido Mendes tinha um espaço muito pequeno e, quando vimos,
Ernesto Piccolo (Neco) e Rogério Blat ministram oficinas gratuitas para 220 alunos Sacha Leite
tínhamos 45 alunos: 20 pagantes e 25 bolsistas. Aí começamos a procurar outro espaço. É um trabalho apaixonante, que a gente não consegue largar. Quase não ganhamos dinheiro, é difícil irmos atrás de patrocínio, mas não deixamos a peteca cair e continuamos fazendo os espetáculos. FRL - Vocês já ganharam diversos prêmios. O que eles significam e qual foi o mais importante para vocês? Rogério: O nosso projeto é muito ralado, então qualquer prêmio é uma carícia. Todos foram importantes. Principalmente quando tem dinheiro, pois ganhar apenas troféu é chato. Também já perdemos muitos outros, e, avaliando os jurados, foi melhor assim. FRL - Vocês têm algum patrocínio ou apoio financeiro? Neco: Estamos doidos procurando. Viramos uma ONG para não depender do dinheiro público, estamos correndo atrás, mas está difícil. Os alunos não pa-
Os 60 atores que interpretam a peça Sorria, você está sendo roubado
gam nada. Eu e o Rogério amamos fazer isso, então nosso salário é a alegria, a projeção, a realização dessas pessoas todas e isso não tem preço. FRL - Qual é o perfil dos alunos? Neco: O grande barato desse projeto é que não tem idade, religião, raça. Reunimos um monte de gente de diferentes lugares do Brasil e que queiram contar uma história. É um barato ver essa comunhão de pessoas com um objetivo comum que é fazer uma história e contar essa história no teatro. Isso é muito gostoso, fascinante. FRL - Você acredita que a arte pode mudar uma sociedade?
Neco: Totalmente. É onde a gente vai discutir tudo, ou de forma lúdica, ou de uma forma forte, mas é o lugar onde vamos discutir tudo o que acontece na nossa sociedade. Através do teatro, do cinema, e a televisão poderia ser tão bem usada para isso. Acho que o teatro devia ser ensinado para crianças do mundo todo, inclusive nas escolas públicas. O teatro é uma maneira de você saber se portar com os olhares para você, então o teatro é transformador. FRL - Como você avalia a trajetória do Palco Social durante esses 17 anos? Rogério: Este é um projeto teimoso. Passamos por diversas fases, algumas bem difíceis, mas o saldo sem-
pre é positivo. Trabalhamos com pessoas de todas as idades e classes e as conquistas se estendem além dos resultados artísticos, pois estamos influenciando pessoas a pensar e agir de maneira mais íntegra.
FRL - Os seus espetáculos do Palco Social são sempre ligados a temas relacionados com a cidadania. Você se preocupa com o tema ou escreve porque a ONG tem a ver com o assunto?
FRL - Qual é a história da peça Sorria, você está sendo roubado?
Rogério: Não há separação daquilo que faço na ONG e o que vivo. Eu uso o teatro para exorcizar tudo o que me incomoda e mantenho minha percepção aguçada para captar os problemas coletivos que merecem ser discutidos e sanados através do riso. Os temas das peças são dramáticos por natureza, então, ao transformá-los em graça, brincadeira e deboche, alcançamos um nível de reflexão saudável e marcante. Rimos de nós, da sociedade imperfeita. As peças são espelhos côncavos, onde experimentamos de forma extravagante a distorção dos valores em curso.
Neco: Sorria, você está sendo roubado aborda todo o medo que as pessoas têm de serem roubadas, seja por meio de impostos, na rua, ou por pessoas que enrolam as outras... Tudo o que nos é roubado no dia a dia é discutido de uma maneira engraçada, bem-humorada e musical. São 60 atores. Fica até meados de abril no Teatro Glauce Rocha. Rogério: Queremos discutir esse estado de insegurança pública e desconfiança generalizada que se instalou entre nós já há algum tempo. Expor a sensação de estar sendo ludibriado em inúmeras situações, esse estado de alerta constante em que vivemos quando não sabemos direito de onde virá a próxima ameaça. Isso em todos os níveis: posso receber um vírus pela internet, pagar um imposto indevido ou ser sequestrado. FRL - Quantas oficinas o Palco Social ministra? Neco: Todos os profissionais que entram para fazer o cenário, o figurino, o adereço ou a coreografia, estão abertos para os alunos interessados participarem do processo de criação deles. Então os alunos vão aprendendo na prática essas outras funções do teatro. Hoje reunimos cerca de 220 alunos, entre crianças e adultos.
FRL - Há algum espetáculo que tenha sido mais especial nesses 17 anos da ONG? Rogério: Com certeza o Diferente igual a gente, através do qual conseguimos uma comunicação mágica com o público e que teve a participação do meu querido irmão Ricardo Blat. FRL - O que te dá mais prazer em fazer parte do Palco Social? Neco: É conviver com essa galera e que as oficinas se propagem. Rogério: É de estar com a galera fazendo teatro, livre.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
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comércio Rua Rua Larga Larga
Sapatos também são obras de arte Uma das lojas mais antigas do bairro pertence ao sapateiro mais requisitado Sacha Leite
O Centro da cidade não sobrevive apenas de grandes empresas e estabelecimentos que comercializam produtos importados e industrializados. Dentre todos esses locais, encontra-se uma pequena loja de sapatos, localizada na Avenida Marechal Floriano. A Sousa Sapataria é um das mais antigas casas comerciais da região. Com fabricação própria e sob medida, o proprietário Manoel Pinho Santos, de 70 anos, tem orgulho da profissão que lhe foi herdada. Ele vem de uma família de sapateiros. Nascido e criado em Portugal, Manoel chegou ao Brasil em 1957, aos 16 anos: “O meu bisavô, pai e irmãos eram sapateiros. Eu segui a tradição”, explicou Manoel. O pai de Manoel possuía uma fábrica de calçados em Portugal. Foi lá que Manoel aprendeu a arte de criar um sapato. Porém, com a vinda da família para o Brasil, a fábrica foi fechada, já que não havia mais ninguém para continuar o negócio. Hoje Manoel teme que o mesmo possa acontecer com a sua loja. Apesar de ter dois filhos, nenhum deles quis seguir a profissão de sapateiro: um é médico e o outro, economista. “Os jovens não querem aprender esse tipo de profissão, eles se interessam por outras coisas. Está difícil achar pessoas interessadas no trabalho. Esta é uma carreira que está acabando, daqui a uns anos não encontraremos mais sapateiros por aí, e isso é uma pena”, explica Manoel. O proprietário contou porque herdou o apelido de “Seu Sousa”: “A razão social da loja é Sousa Pinho Sapataria. Pinho vem do meu sobrenome e Sousa, do meu antigo sócio. Mas, na hora de abrir a loja, achamos que Sousa Sapataria
Há quatro décadas o artesão Manoel Pinho faz sapatos sob medida
soava melhor. Pinho é uma palavra muito fechada, Sousa é mais sonoro”. Para abrir a loja, Manoel precisava de uma ajuda financeira e foi através do Francisco Sousa que ele conseguiu. Francisco, que era carpinteiro, entrou com o capital e Manoel entrou com a mão de obra. No entanto Francisco, hoje já falecido, deixou a sociedade após 12 anos de parceria. Assim, Manoel deu continuidade ao negócio e acabou herdando o apelido de Seu Sousa. A loja, que já existe há 44 anos, teve filiais em lugares como Madureira, Copacabana e Nova Iguaçu. Mas o sucesso pertence à sapataria do Centro, já que todas as outras já foram fechadas. Cinco sapateiros ajudam Seu Sousa na produção, que hoje varia de 100 a 150 sapatos por semana, e quatro vendedores negociam seus produtos. Todos os sapatos são fabricados no próprio local. No sobrado da loja, localizam-se dois andares de fábrica. Os produtos são feitos somente em couro, nada de sintético. “Antigamente, levava-se cerca de
um dia para se fazer um sapato. Hoje, com a invenção da máquina de costura, demora-se de três a quatro horas”, explica Seu Sousa. O Brasil inteiro já deve ter visto pela televisão algum sapato feito por Seu Sousa já que em todas as novelas de época da Rede Globo ele é quem faz os sapatos utilizados pelos atores em cena. Os filmes também já entraram na lista da sapataria. “Já fiz sapatos para quase todos os cantores da Jovem Guarda, menos o Roberto”, comenta Seu Sousa. O dançarino e coreógrafo Jaime Arôxa e outras personalidades fazem questão de comprar os seus sapatos feitos sob medida. Pessoas que procuram a sapataria para comprar um produto exclusivo, possuem alguma diferença ou problema nos pés procuram o artesão Manoel. Para customizar um sapato, Seu Sousa cobra 50% a mais do valor do produto. Assim, o cliente recebe um sapato da cor e modelo escolhidos e que encaixa perfeitamente em seus pés, sem contar a durabilidade. “Esses sa-
patos vendidos por aí não prestam, não têm qualidade. Quem quer um sapato de qualidade, compra comigo”, garante Seu Sousa. O sapateiro lembra que anos atrás o Centro do Rio era cheio de sapatarias como a dele, mas, com o tempo e a queda no número de profissionais, as lojas foram fechando. Atualmente, ele é um dos poucos sobreviventes na região. “É triste você ver uma profissão chegando ao fim e ser um dos poucos que a exerce hoje em dia”, lamenta. “Não é qualquer um que consegue fazer um sapato. A pessoa pode fazer um curso e aprender, mas se não tiver o dom, o produto final não vai ficar bom e com qualidade. Como em todas as profissões existem os bons e os ruins, o sapateiro é a mesma coisa. Existem sapateiros bons e sapateiros ruins”, filosofa Seu Sousa.
rodrigo brisolla redacao@folhadarualarga.com.br
dicas da região
Gosta de novidades do mundo eletrônico? Dê uma passada no Shopping Promoinfo. São quatro andares com várias lojas e muita variedade em produtos. Dá para pesquisar e pechinchar bastante! Por exemplo: no estande 21, o MP4 de 4 GB da Philips sai por apenas R$ 170, ou em 3 vezes de R$ 60. No estande 82, o Playstation 2 com mais um memory card e um controle está custando R$ 379. Já no estande 29, o pen drive de 2 GB da Kingstone está saindo por R$ 25. A câmera digital Samsung ES-14 de 12.2 megapixels, que vem com cartão de memória de 2GB e carregador, custa R$ 300 no stand 91. Av. Rio Branco, 156. Está com fome e muita pressa, mas quer comer algo saudável e gostoso? Passe no Mega Matte! Para se refrescar neste calor do Rio de Janeiro, nada melhor do que uma boa salada de frutas, que custa a partir de R$ 3,50. O açaí com mais quatro pães de queijo sai a partir de R$ 5,30. Se você quiser algo mais quente, o café expresso custa a partir de R$ 2. Av. Rio Branco, 50. Para os amantes de uma boa leitura: que tal passar em uma das maiores e mais charmosas livrarias da cidade? A Livraria da Travessa possui vários títulos. O Símbolo Perdido, de Dan Brown, está saindo por R$ 39,90. Já A Cabana, de William P. Young, está custando R$ 24,90. O Ladrão de Raios, de Rick Riordan, custa R$ 29,90. Travessa do Ouvidor, 17 / Av. Rio Branco, 44 / Rua Primeiro de Março, 66 / Rua 7 de Setembro, 54. A Páscoa está chegando! Não há nada melhor do que presentear quem você gosta com um delicioso ovo de chocolate. A Casa
do Biscoito possui a maior variedade e os menores preços. O ovo AACD nº 12 custa R$ 8,99. O ovo Lacta ao leite nº 15 sai por apenas R$ 15,99. Já o ovo Lacta Trakinas meio a meio nº 12 você compra por R$ 10,99. Rua Buenos Aires, 282 / Rua Senhor dos Passos, 227 / Rua Buenos Aires, 200. Para os cinéfilos de plantão, o Cine Odeon BR possui uma programação diversificada. Toda primeira sexta-feira de cada mês é realizada a Maratona Odeon, a partir das 23 horas. São apresentados filmes e curtas, a cada mês os projetos selecionados variam bastante, tem para todos os gostos. Nos intervalos dos filmes, o DJ Jorge Luiz distrai o público, e, ao final da maratona, é servido um café com bolo do Ateliê Culinário. Para quem é cinéfilo, nada melhor do que virar a madrugada assistindo a boas produções. O ingresso custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Praça Floriano, 7 – Cinelândia. Desde 1983, a Sub&Sub vende produtos para esportes radicais em um prédio comercial do Centro. A loja cresceu, aumentou a clientela e hoje é muito procurada por quem pratica esse tipo de esporte. A bota Armação da Snake é perfeita para caminhada e está custando R$ 248. A mochila ACT Lite 40+10, da Deuter, possui sistema de ventilação e ajuste da altura das alças, barrigueira acolchoada e bolso para fixação de sistema de hidratação, por apenas R$ 619. A barraca Bike 2 da Northland é ótima para quem vai acampar, e está saindo por R$ 299. Rua da Alfândega, 98. da redação
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cidade
Bate-bola com o Metrô Algumas respostas da instituição para as principais dúvidas que instigam os usuários frequentes Intervalos longos entre as composições, superlotação, ar-condicionado que não dá vazão e lentidão são os principais problemas citados pelos usuários diários do Metrô Rio. Após o início da operação da linha 1A, que integra os trilhos das linhas 1 e 2 desde 21 de dezembro de 2009, passageiros de um dos principais meios de transporte do município passaram a ter dúvidas com relação às novas regras de funcionamento. A Folha da Rua Larga procurou respostas para algumas preocupações de quem utiliza o metrô todos os dias. Após quase três meses de operação, o Ministério Público Estadual (MPE) pediu o fechamento da integração enquanto não estiverem concluídas as obras das estações Cidade Nova e Uruguai e os 114 novos vagões prometidos pelo Metrô Rio forem liberados. Os novos vagões devem entrar em circulação apenas no fim de 2011 e a estação Uruguai somente em 2014. Para o Ministério Público, essas medidas evitariam problemas de superlotação e possíveis questões de segurança na ligação entre as estações São Cristóvão e Central, até que a rede de transporte estivesse efetivamente pronta para operar. O usuário Do ponto de vista de quem pega o metrô todo dia, os problemas mais perceptíveis são a superlotação dos vagões, insuficiência no arcondicionado e intervalos de tempo muito extensos entre as composições. Para o auxiliar administrativo EduarSacha Leite
Sacha Leite
do dos Santos Cordeiro, o maior problema é o excesso de passageiros nos trens. “O pior transtorno da linha 2 é a lotação. O vagão vai muito cheio, a porta fica aberta mais tempo do que deveria. Daí, nessa hora, o ar frio sai e o calor entra no vagão”, explica Eduardo. A securitária Tainá Dias, parte todo dia de Campo Grande usando a integração entre os trens da Supervia e o Metrô. Ela faz uma comparação entre os dois serviços: “É mais fácil você entrar em um trem lotado do que em um vagão do metrô de manhã. Passam uns três, quatro carros (de metrô) até você conseguir entrar. Antes da integração (das linhas 1 e 2) já existia a superlotação, só que agora extrapolou, não dá mais”, aponta a usuária. O produtor de eventos Ivã Aguiar usa o metrô em pequenos trajetos entre o Centro, Botafogo e Flamengo, por exemplo: “Muita gente e muito calor. Mas, infelizmente, a gente ainda tem que O vagão vai muito cheio, a porta fica aberta mais tempo do que deveria. Daí, nessa hora, o ar frio sai e o calor entra no vagão. Eduardo Cordeiro, auxiliar administrativo
usar. Acho que a primeira coisa a ser feita é colocar mais composições. De cara já ia melhorar, porque a quantidade de gente que tem naqueles horários de pico, com esses intervalos que eles dão, fica impraticável. Além do mais, precisamos ter certeza de que estamos sendo transportados com segurança. Paradas repentinas e lentidão assustam os usuários”, aponta ele O Metrô Rio A Folha da Rua Larga procurou a assessoria de imprensa da concessionária do serviço, Metrô Rio, colocando as demandas da população e pedindo esclarecimentos quanto às questões de segurança. Com relação à operação do novo trecho entre a estação São Cristóvão e Central, o Metrô afirma que é totalmente segura. “A sinalização é automática, a mesma em funcionamento em toda a Linha 2 desde 1982 sem qualquer acidente”. Segundo a assessoria de imprensa do Metrô Sacha Leite
Rio, a sinalização atualmente coberta com sacos pretos é parte dos sistemas de Parada Automática de Trens (ATP) que estão sendo implantados na Linha 2, por iniciativa da concessionária. São itens adicionais de segurança à atual sinalização, já existentes na Linha 1, e que estão sendo instalados ao longo de toda a Linha 2. Para o Metrô Rio, a questão da inclinação da rampa de descida para a estação Central não é um problema: “A inclinação da rampa de descida não interfere na segurança da nova linha e é a mesma existente em outros sistemas de metrô no mundo. A rampa tem 3,8% de inclinação, mas os trens já trafegam na Linha 2 em trechos com inclinação de até 4% nas estações de Vicente de Carvalho e Colégio, por exemplo, com total segurança”. Intervalos Com relação aos intervalos entre os trens, o Metrô Rio declara: “Os intervalos médios entre os trens nos horários de pico já estão atualmente em 5 minutos e 30 segundos nas pontas (trechos Saens Peña– Central, Pavuna–Central e Botafogo–General Osório) e 3 minutos entre as estações Central e Botafogo, onde as composições das duas linhas circulam. Com este intervalo, a viagem de Pavuna a Botafogo, que antes era feita em 64 minutos, agora pode ser feita em 51 minutos, com economia de 13 minutos e sem necessidade de transferência”. Quanto à possibilidade de É mais fácil entrar em um trem lotado do que em um vagão do metrô de manhã. Passam uns três, quatro carros até você conseguir entrar. Tainá Dias, securitária
diminuir ainda mais os intervalos entre os trens, a solução ainda deve demorar. “O intervalo de 5 minutos e 30 segundos praticado é o mínimo possível com a frota atualmente disponível de 182 carros. Somente com a chegada dos 19 novos trens, o intervalo poderá cair para 4 minutos nas pontas e 2 minutos entre Central e Botafogo”, esclarece o Metrô. Como informado no início da reportagem, os novos carros citados devem chegar somente em 2011. Lotação A respeito da lotação dos vagões, o Metrô Rio comparou o número de pessoas por metro quadrado nos horários de pico no Rio com o grau de conforto na hora do rush no metrô de outros países. No Rio, a lotação chegaria, em casos excepcionais, a 7,2 pessoas por metro quadrado. Em Hong Kong, por exemplo, a média de lotação seria de 6,5 pessoas por metro quadrado. Para atenuar o problema, a concessionária toma algumas medidas: “Para garantir a segurança e evitar tumulto ou acidentes nas plataformas e trens, a empresa faz controle de acesso às estações e interrompe a venda de bilhetes quando há demanda excessiva”. Depois da grande confusão nos primeiros dias de operação da integração entre as linhas 1 e 2, a concessionária também fez rearranjos no número de carros: “Todos os trens da Linha 2 agora contam com seis carros, em vez de quatro ou cinco, uma oferta adicional de 300 lugares por trem, já que os pasSacha Leite
sageiros deixaram de fazer a baldeação em Estácio. Já a Linha 1 passou a operar com composições de cinco carros, uma vez que deixou de receber todos os 250 mil passageiros da Linha 2 a partir de Estácio”. Ar-condicionado A empresa informa também o que está sendo feito para resolver o problema do ar-condicionado: “Hoje cada carro do metrô carioca (cada trem possui entre cinco e seis carros) é equipado com dois aparelhos de ar-condicionado, com capacidade total de 252 mil BTUs. São, ao todo, 364 aparelhos. Mas as atuais composições do metrô, compradas pelo governo do estado quando da inauguração do transporte, foram projetadas para circular no subterrâneo e não com a incidência direta de sol na Linha 2”. O Metrô Rio afirma estar tomando medidas para melhorar o desempenho dos equipamentos atuais, como a instalação de ventiladores embaixo de trens da Linha 2 para diminuir o calor absorvido do chão e favorecer a performance do ar-condicionado, que é localizado na parte inferior dos trens. Segundo a assessoria da instituição, a concessionária também instalou sensores em cada carro, para que o condutor dos trens possa detectar quando o arcondicionado apresenta problemas e isolar o carro ou o trem para reparos imediatos.
miguel sá miguelsrs@gmail.com
Precisamos ter certeza de que estamos sendo transportados com segurança. Paradas repentinas e lentidão assustam os usuários. Ivan Aguiar, produtor de eventos
cidade março de 2010
Em pleno centro histórico do Rio de Janeiro, muitas ruas ainda permanecem com dimensões e estruturas físicas como eram na época colonial. Naqueles tempos, as ruas eram estreitas por diversas razões, dentre outras, pelo fato de a urbanização portuguesa na América ter sido feita à medida que as necessidades e demandas de expansão da cidade eram exigidas por seus administradores e governantes. É preciso lembrar que havia também uma precariedade de serviços de infraestrutura urbana e as ruas não eram pavimentadas, nem sequer tinham meiofio ou um sistema eficiente de escoamento de águas pluviais (se a cidade ainda sofre com as chuvas nos dias de hoje, imagine naquela época).
ceição, Rua da Candelária e Rua do Rosário não deveriam ser utilizadas por automóveis, porque, simplesmente, não foram dimensionadas e planejadas para isso. Essa é uma relação impossível e predatória para a cidade. Se pensarmos em uma cidade como Ouro Preto, por exemplo, a questão é mais abrangente ainda. Soluções existem e são possíveis, mas os governos e a sociedade preferem fechar os olhos para essa questão e a cidade velha recebe cada vez mais automóveis nas suas estreitas ruas, dia a dia, ano a ano, numa equação muito difícil de entender e de se explicar racionalmente. Na foto ora apresentada, há o registro desta relação impossível entre o automóvel e as ruas do Rio de Janeiro colonial. O registro foi feito na Ladeira do João Homem, no Morro da Conceição, uma dessas ruas em que, no meu modesto ponto AA
Portanto, em muitas ruas da cidade, estas dimensões e escalas das ruas remanescentes da época colonial não suportam a maior praga dos nossos tempos, a saber: o automóvel. Vias como a Rua da Quitanda, Rua da Con-
folha da rua larga
O Real de cara nova
morro da conceição Vaga certa
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de vista e opinião, deveria ser proibido definitivamente o tráfego de automóveis.
antonio agenor barbosa antonioagenor@terra.com.br
Novas cédulas terão visual e tamanhos diferentes Divulgação
Novas notas do Real são inspiradas no Euro
As cédulas de Real serão modificadas este ano, informou o Banco Central (BC), que possui uma sede localizada na Av. Presidente Vargas. A mudança já está sendo preparada e ocorrerá em todas as notas com a finalidade de gerar mais segurança, dificultando as falsificações. Outro motivo está em facilitar a identificação do dinheiro pelo tato, já que as notas terão tamanhos diferentes. As alterações estão sendo inspiradas no Dólar americano e no Euro, moedas consideradas modernas. Esta será a primeira vez que o Real passa por modificações desde a sua criação em 1994. Uma pesquisa realizada pelo BC apontou que pelo menos um terço da população já teve contato com dinheiro falso, índice considerado elevado. Esse é o principal motivo apontado pelo BC para a reforma nas cédulas de Real. O fortalecimento do Real é a
grande função dessa mudança. De acordo com o BC, estima-se gastar R$ 300 milhões com este processo de substituição de notas, pois o custo de produção varia entre 25% a 28% a mais do que o modelo atual. As notas de R$ 50 e R$ 100 serão lançadas ainda no primeiro semestre deste ano, já as restantes serão modificadas até 2012, tempo previsto para que todas as notas antigas já estejam fora de circulação. A meta é iniciar a troca dos modelos de R$ 10 e de R$ 20 a partir do primeiro semestre de 2011. Cada cédula poderá ser diferenciada pelo tamanho, pois cada uma terá a sua medida específica. Quanto menor o valor, menor será o tamanho. Este processo facilitará a identificação do valor da nota pelos deficientes visuais. Haverá também algumas mudanças nas cores, mas sem alterar suas caracterís-
ticas principais. O BC está estudando um mecanismo para a área da coloração: um tipo de impressão que quando a nota é manuseada, ela altera os tons de cores. Poderão ser incluídas também impressões que só serão visíveis quando estão sob a incidência de certos raios e luzes. Nenhuma cédula será criada ou passará por alteração de valor. Continuarão existindo os mesmos valores que circulam hoje. As figuras impressas em cada nota também não serão substituídas. Os estudos para estas alterações já estão sendo realizados há seis anos pelo BC em parceria com a Casa da Moeda. Eles só não foram realizados antes porque até então o Brasil não possuía tecnologia suficiente para a produção de cédulas tão modernas. Agora que a Casa da Moeda realizou um investimento de R$ 400 milhões em uma nova linha de
Curiosidades sobre as notas de Real • Uma cédula dura de 18 a 36 meses, dependendo do valor • As cédulas de R$ 2 duram menos, porque circulam mais • As notas de R$ 100 duram bastante, pois são pouco usadas • Produzir mil cédulas custa R$ 155,10, em média • Segundo o BC, havia, em dezembro de 2009, 2,175 bilhões de cédulas em circulação no Brasil • Produzir uma moeda de cinco centavos custa mais que o dobro, doze centavos • Uma moeda de aço pode durar até vinte anos em circulação • As novas moedas do Real, confeccionadas em vários metais duram entre dez e 15 anos
produção, esse empecilho não existe mais. Os novos equipamentos são capazes de fazer uma impressão de melhor qualidade e mais precisa, facilitando a identificação pelas mãos. Já a linha de produção antiga não era capaz de realizar esse tipo de impressão. Conforme as notas iam sendo utilizadas, elas se desgastavam, o que fazia com que suas marcas ficassem menos espessas, não sendo possível a identificação pelo tato. A troca do meio circulante será gradual. Quando as novas notas forem lançadas no mercado, as antigas continuarão valendo até que seja feita a total substituição. O desgaste é o responsável por tirar as notas atuais de circulação, porém, esse processo não se dá de um dia para o outro. Estima-se que a cédula de R$ 100 levará pelo menos dois anos para ser substituída completamente. A atual série de cédulas foi uma das mais duradouras da história do dinheiro brasileiro. Circulou praticamente sem nenhuma modificação por quase 16 anos e só não durou mais do que a primeira série do cruzeiro, moeda criada por decreto do então presidente Getúlio Vargas.
rodigo brisolla rodrigobrisolla@gmail.com
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gastronomia
Sabores divinos à direita de Santa Rita O restaurante João de Barro espalha requinte pela região há 38 anos Divulgação
Localizado na Rua Visconde de Inhaúma, ao lado da Igreja de Santa Rita, o restaurante João de Barro pode passar despercebido de tão discreto, mas nem por isso deixa de ficar cheio. O nome é uma homenagem ao compositor Braguinha, também conhecido por João de Barro, e que, na década de 70, o elegeu como recanto favorito para saborear os pratos de frutos do mar, especialidade da casa. O garçom Adolfo Muniz, 36 anos de casa, é testemunha da história do lugar: “Já atendi muito o Braguinha. Ele frequentava a UBC (União Brasileira de Compositores), que fica aqui ao lado, e vinha sempre almoçar aqui, acompanhado de outros compositores famosos da época. O dono do restaurante, Sr. Rubens, era amigo dele e quis homenageá-lo com o nome do restaurante”, afirma Adolfo. A casa, comandada pelos descendentes de espanhóis Juan e Alexandre Vilarino, dispõe de diversos garçons que circulam constantemente pelas mesas e são responsáveis pelo bom atendimento do lugar. Alexandre, sócio da casa há 21 anos, explica que um dos segredos do lugar é a variedade de pratos oferecidos: “As receitas à base de peixes são nossa especialidade. Mas queremos atender a todos, por isso oferecemos, além de pratos de cozinha internacional, também pratos tradicionais brasileiros”, garante. De entrada, a sugestão é a casquinha de siri gratinada com queijo parmesão (R$ 8). O couvert, servido com pães caseiros quentes, torradas, patê, croquetes de carne e surpresa de legumes, é outra boa pedi-
receitas carol O verão está chegando ao fim! Há muito tempo não tínhamos uma estação tão quente! Com um clima mais ameno, podemos aproveitar melhor nossa cidade e curtir os programas ao ar livre que são a cara do Rio. E nesse mês comemoramos o aniver-
sário da Cidade Maravilhosa. Pensando nisso, escolhi uma receita pra lá de carioca: escondidinho de carne-seca! Uma iguaria da melhor qualidade, presente no cardápio de todos os barzinhos. Divirtam-se na cozinha e bon apetit!
Escondidinho de carne-seca ACP
Lula ao molho branco acompanhado de arroz de brócolis Divulgação
Marreco assado com arroz miúdo e palmito Divulgação
João de Barro: ambiente que une aconchego e sofisticação
da. Como prato principal, a dica é pedir as receitas tradicionais à base de pescados, que chegam diariamente e estão sempre frescos, como é o caso do namorado capixaba, cozido em molho especial e
acompanhado de camarão, pirão e arroz branco (R$ 48,90. Há também diversas opções de pratos de culinária francesa e italiana, como o mignottes de vitelo ao funghi, grelhados e flambados
no Cognac, com molho de vitelo e acompanhados de risoto de funghi (R$ 39,90), e o talharim aos quatro queijos (R$ 19). Para os que querem manter a linha, a casa oferece diversos tipos de saladas, como a caprese (R$ 19,50) e a do chef, de fusilli, rúcula, tomate, muzarela de búfala e azeite extravirgem (R$ 17,90). Há também uma variedade de sopas para os dias mais frios, como o creme de palmito pupunha (R$ 17,90) e o creme de aspargos (R$ 17,90). Quintafeira é dia de bobó de camarão (R$ 53), e sexta, de feijoada (R$ 29,90). Entre as sobremesas, destaca-se o tradicional mineirinho, sorvete de queijo com goiabada em calda ao forno (R$ 9,90), um clássico de tirar o fôlego. Rua Visconde de Inhaúma, 116. Centro. Fone: (21) 2233-2733. 2ª a 6ª, das 11h às 16h. Cartões de crédito: Diners Club, MasterCard e Visa.
karina howlett karina.martin@light.com.br
Ingredientes: 1 colher de sopa de azeite 1 cebola picada 2 dentes de alho 2 tomates sem pele e sem sementes picados 3 colheres de sopa de salsinha picada 500 g de carne-seca desfiada 1 kg de aipim cozido morno 2 colheres de sopa de manteiga 80 ml de leite 200 ml de creme de leite fresco 200 g de queijo Catupiry 3 colheres de sopa de queijo parmesão ralado
seguida, acrescente o tomate e deixe cozinhar em fogo baixo por alguns minutos. Junte a carne-seca, a salsa e prove o tempero, se necessário acrescente um pouco de sal. Bata no liquidificador o aipim e o leite, junte a manteiga e o creme e leve ao fogo. Mexa por alguns minutos até obter um purê cremoso. Coloque uma fina camada de purê no fundo de um recipiente que possa ir ao forno. Cubra com a carne-seca espalhando por toda a superfície. Polvilhe o Catupiry e cubra com o restante do purê. Polvilhe queijo ralado e leve ao forno a 180º C para gratinar. Sirva imediatamente.
Modo de preparo: Refogue a cebola no azeite e junte o alho. Em
ana carolina portella carolnoisette@hotmail.comr
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lazer
Cento e quinze vezes Rio de Janeiro
baú da rua larga
Exposição mostra diferentes pontos de vista sobre a cidade Divulgação
Marcelo Frazão, artista plástico, professor de artes e morador do Morro da Conceição, organiza, pela sexta vez, a mostra A Cara do Rio, no Centro Cultural dos Correios. São 115 obras, cada qual assinada por um artista plástico. A proposta é mostrar como um mesmo objeto – no caso, a Cidade Maravilhosa – pode ser visto de diferentes formas. Através de pinturas, fotografias, esculturas, gravuras, objetos, ou instalações, o público encontrará o Rio de ângulos diferentes e, não raro, originais. Teresa Speridião, colunista da Folha da Rua Larga, além de artista plástica e moradora do Morro da Conceição, fala sobre sua obra, reproduzida acima: “O trabalho é sem título porque dá margem a várias interpretações. Isso vai depender do intelecto do visitante, que pode ver, por exemplo, uma relação com as teorias de Marx: não há nenhuma chance do proletariado mudar de classe a não ser pela sorte no jogo. Também pode ser visto como: olha a sorte de morar nesta cidade! Ou, se for um pessimista, pode pensar que a vida aqui é uma loteria e podemos receber uma bala perdida por aí... Caso a pessoa não pense nada disso, ela anota os números e tenta pelo menos jogar no bicho”, brinca a artista. A produção do evento,
Sem título, de Teresa Speridião
que consiste na reunião dos mais de cem trabalhos e na publicação de um belo catálogo em forma de postais do Rio, fica a cargo do Atelier Villa Olívia, de Marcelo Frazão. Desde 2001 Frazão desenvolve projetos coletivos com artistas de várias tendências. O primeiro trabalho feito pelo Atelier Olívia foi transformar o jogo do bicho em um álbum bilíngue com 25 gravuras, com reproduções em tamanho original, bem como exposições itinerantes do material, por diversos pontos do país. Nas seis edições de A Cara do Rio, foram geradas mais de 490 obras de 228 artistas. Essas imagens ajudam a contar parte de pequenas histórias, acessíveis em www. acaradorio.art.br. “Este é um mapeamento que não
chega a ser completo, muito menos esgotado, pela constante transformação material e imaterial de um organismo vivo e complexo como uma cidade”, declara Frazão . O trabalho envolve mais de cem pessoas a cada edição, que mostram em painéis o que significa o Rio de Janeiro. O artista carioca Evandro Mesquita participou da exposição em 2006. Ele criou a tela A redescoberta, propondo a situação hipotética: e se os índios chegassem no Rio como ele está hoje e redescobrissem a cidade? “Adorei ter participado da exposição A Cara do Rio com meu quadro A redescoberta. Foi ótimo estar ao lado de gente nova e de artistas experientes tendo como tema nossa cidade... Machucada e ferida, mas ainda maravilhosa”, de-
LIGUE. ACESSE. ANUNCIE.
clarou o ator-cantor. Já Lúcia Avancini associa a exposição à política: A Cara do Rio possibilita que cada artista com sua obra faça sua declaração crítica ou de amor ao lugar que nasceu ou escolheu para viver. Uma arte política com total liberdade para polemizar, incomodar, construir, propor, pensar, refletir, conscientizar, mudar, etc. Um verdadeiro termômetro democrático de expressão”, finalizou Lúcia. A 6ª edição do A Cara do Rio fica em cartaz no Centro Cultural dos Correios até o dia 11 de abril. O Centro Cultural dos Correios está na Rua Visconde de Itaboraí, 20, e funciona das 12h às 19h. A entrada é franca.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Aos poetas diretos da Rua Larga Como disse João do Rio: “As ruas têm alma, há ruas honestas, ruas ambíguas, sinistras, nobres, delicadas, trágicas, depravadas”. Com qual desses adjetivos podemos batizar a Rua Larga? A história de uma cidade pode ser contada pela idade de suas ruas e pelo estilo da sua arquitetura. Assim, uma rua pode ser como um livro de histórias em quadrinhos. Também podemos comparar a história de uma rua a de um filme. Cada passante é um personagem de si mesmo, e, através da memória, o filme pode ser revisto sempre. Já não estão mais aqui os personagens de quando a Rua Larga era Estreita, mas, felizmente, temos alguns registros dessa época nos livros. Não é difícil imaginar as senhoras com seus vestidos fartos, cópia fiel das francesas, sem se importarem com a diferença do clima. Para os homens, terno de linho 120, chapéu panamá e suas famosas bengalas. No transporte, imperavam os bondes e as carruagens puxadas por cavalos (que, na sua maioria, só se libertou com a chegada da era industrial). O casario da Rua Larga foi testemunho por séculos de acontecimentos que nem imaginamos e que não está registrado. Pelos relatos históricos, a vida não era tão bela assim como julgam alguns saudosistas. Hoje a história é outra; é melhor e não é. A Rua Larga parece que já ficou es-
treita para tantos carros. Pela manhã, uma nuvem de trabalhadores vem da Central atropelando o ar; à tarde, voltam igualmente apressados sem se dar conta, talvez, de que somos os novos escravos dos tempos modernos. Assim é a máquina do tempo, as ruas solidárias com os passantes e os velhos prédios testemunhando em silêncio a história que passa por eles. Essa é a minha declaração de amor à longeva Rua Larga. Acrescento, abaixo, a homenagem do poeta. Brinde no Juízo Final, de Carlos Drummond “Poetas de camiseiro, chegou vossa hora, poetas de elixir de inhame e de tonofosfã, chegou vossa hora, poetas do bonde e do rádio, poetas jamais acadêmicos, último ouro do Brasil. Em vão assassinaram a poesia nos livros, em vão houve putschs, tropas de assalto, depurações. Os sobreviventes aqui estão, poetas honrados poetas diretos da Rua Larga. (As outras ruas são muito estreitas, só nesta cabem a poeira, o amor, e a Light)”
teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com
(21) 2233 36900 www.folhadarualarga.com.br
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Muitos carnavais à frente da cultura
dicas da cidade Amante do girassol A peça O amante do girassol, monólogo criado e protagonizado por Daniel Lobo, com citações de Barão de Itararé, Caetano Veloso, Clarice Lispector, Cora Coralina, Elisa Lucinda e outros, promove debate no dia 26 de março, às 19h. O tema do bate-papo é a própria peça, em cartaz no Centro Cultural Justiça Federal até 18/4, estrelada por Daniel Lobo, pelo pianista João Carlos Assis Brasil e dirigida por Xarlô. As inscrições são gratuitas e limitadas a 30 pessoas. Os ingressos serão retirados no CCJF na semana do evento, de terça a sexta-feira, das 12h às 17h. Avenida Rio Branco, 241. Obama à paisana O CCJF promove também a mostra fotográfica Obama, o cara que poucos conhecem.
Trata-se de uma realização do Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro. A exposição demonstra a informalidade do presidente americano Barack Obama, em diferentes momentos do seu dia a dia, incluin-
do o passeio com o cachorro de estimação, a preparação de um churrasco com o famoso chef Bobby Flay, um descontraído encontro com o presidente Lula e a degustação de um pêssego no supermercado Kroger’s, após conversa com eleitores em Bristol, EUA. Avenida Rio Branco, 241. Zuenir Ventura No dia 13 de abril, às 18h30, o Centro Cultural Ação da Cidadania receberá o escritor Zuenir Ventura. O autor falará um pouco de sua biografia e, ao final, serão sorteados livros escritos por ele. Será a abertura oficial do Ciclo Leitura em Ação 2010, que se insere no projeto Espaço de Leitura, criado pela Ação da Cidadania. O objetivo dos encontros está em incentivar a leitura nas camadas mais pobres da população com
a doação de bibliotecas móveis a comunidades. A entrada é franca. Rua Barão de Tefé, 75.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Haroldo Costa fala de experiência no comando da programação do CCL Miguel Sá
Haroldo Costa, comentarista da Rede Globo de Televisão no Carnaval do Rio 2010, é o experiente produtor cultural que está à frente do Centro Cultural Light. Ele também coordena, ao lado do pesquisador Ricardo Cravo Albin, o Tempero Musical – apresentações gratuitas que mesclam música e saborosas passagens da história musical brasileira. A carreira artística de Haroldo Costa começou a tomar corpo quando participou do Teatro Experimental do Negro, como ator da peça O filho pródigo, de Lúcio Cardoso. Logo depois, ainda no início dos anos 50, com pouco mais de 20 anos de idade, foi um dos fundadores da Companhia de Dança Brasiliana, da qual também foi diretor artístico e bailarino. A companhia rendeu muitas viagens pelo mundo numa época em que o Brasil era conhecido, principalmente, por meio dos filmes de Carmen Miranda, em Hollywood. Após cinco anos viajando pelo mundo, Haroldo ficou mais no Brasil e começou a trabalhar em cinema. No filme Pista de grama, do qual assina roteiro e direção, há uma cena antológica em que João Gilberto toca violão para Elizeth Cardoso cantar Eu não existo sem você, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Haroldo Costa Também trabalhou como ator em diversos outros filmes e na TV, onde, em 1959, fez o Vesperal Trol. Nos anos 1960, ele foi convidado por Vinícius de Moraes para protagonizar uma montagem de Orfeu da Conceição. O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, é outra peça importante que figura na rica bagagem do ator. No decorrer da carreira atuou também em novelas como Kananga do Japão e Pantanal – ambas da extinta TV Manchete – e em programas como Chiquinha Gonzaga e A diarista, na TV Globo.
Haroldo Costa: ator, escritor e produtor cultural
O samba Haroldo Costa tem uma forte ligação com os ritmos brasileiros, o carnaval e o universo das escolas de samba. Principalmente, o Salgueiro, escola sobre a qual escreveu os livros Salgueiro: academia do samba e Salgueiro – 50 anos de glória. Haroldo faz questão de diferenciar o carnaval e a escola de samba, entre a disputa do carnaval e a vida social e cultural que a escola de samba traz para a comunidade. Haroldo Costa também é o diretor artístico do projeto Tempero Musical, no Centro Cultural da Light, no qual o jornalista e pesquisador Ricardo Cravo Albin promove um bate-papo com convidados musicais ligados ao mundo do samba. Sobre o desfile, ele não tem maiores saudosismos. “Hoje,o desfile é o maior espetáculo da Terra. As escolas de samba são uma grande força econômica e cultural. O desenvolvimento dos enredos é uma realidade. Os moradores de uma comunidade querem que sua escola seja a mais bonita. Seria errado eles ficarem engessados em padrões dos des-
files dos anos 1950 ou 60, que foram também maravilhosos em sua época”, ressalta o produtor cultural. O ressurgimento do carnaval de rua é um fenômeno que não passa despercebido para o produtor cultural. “O renascimento dos blocos deu uma oxigenada no carnaval de rua. Eles trazem milhares de foliões e com repertório próprio. O carnaval é cíclico. Acho que o próximo passo é a volta dos grandes bailes”, especula Haroldo. Enquanto isso, ele faz a sua parte apresentando o concurso de samba de quadra promovido pela Light. O samba de quadra nada mais é que o antigo samba de terreiro. A segunda edição, realizada no dia 28 de janeiro deste ano, teve shows de Jorge Aragão, Banda de Ipanema e Ivo Meirelles. Foram mais de mil músicas inscritas. O primeiro lugar levou o Troféu Jamelão – que além de cantor dos sambas enredos da Mangueira era um notório cantor de sambas de terreiro – e R$ 5 mil. As semifinais aconteceram no Centro Cultural da Light e as finais no Circo Voador.
“Hoje o desfile é o maior espetáculo da Terra. As escolas de samba são uma grande força econômica e cultural”
Pesquisador e escritor Ser escritor é um acaso na vida de Haroldo. No início da década de 1980, o sucesso do livro Negras raízes, de Alex Haley, trouxe o assunto à tona no Brasil. Foi então que, convidado pela editora Record, escreveu Fala crioulo, com depoimentos de negros dos mais variados extratos sociais. A obra foi reeditada em 2008, quando foram acrescidos novos depoimentos. Depois deste livro, vieram vários outros, como 100 anos de Carnaval no Rio de Janeiro, lançado em 2001, ou os que escreveu sobre personalidades importantes da música brasileira, como Catullo da Paixão, compositor famoso do início do século passado e hoje lembrado pela música Luar do Sertão, e Ernesto Nazareth – “Ele fez a transição do maxixe para o samba”, explica Haroldo. No total, Haroldo Costa escreveu oito livros que passam por assuntos como samba, música e cultura negra. Carnaval, teatro, TV, movimento negro, dança: onde tem arte e cultura é que Haroldo Costa gosta de estar. A trajetória do ator, escritor e produtor mostra que é possível executar muito bem inúmeras atividades ao mesmo tempo, desde que se tenha amor pelo que se faz.
miguel sá miguelsrs@gmail.com