Folha da Rua Larga Ed.20

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Sacha Leite

Operação Choque de Ordem no Centro Tropas da Guarda Municipal iniciam a inspetoria na Rua Acre, Avenida Marechal Floriano e arredores, sob orientação da Secretaria Municipal de Segurança.

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Cariocas unidos em defesa do cofre do estado

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Manifestação popular no Centro do Rio buscou reverter a resolução da Câmara dos Deputados que prevê a diminuição da arrecadação do estado com os royalties do Página 3 petróleo.

folha da rua larga Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

RIO DE JANEIRO | ABRIL DE 2010

opinião

O sentido regulador de nossas mentiras brancas A psicóloga e arte-terapeuta Mariana Florenzano analisa como seria a noção de mundo se não fossem as mentiras sociais para moldá-lo. Em artigo pautado pelo dia da mentira, a articulista questiona se seríamos capazes de viver sem esse mal.

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 20 ANO III

Chico Anysio reafirma o amor à região já estampado em sua arte Ana Carolina Monteiro

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lazer

Uma referência em educação para todo o país O escritor André Luís Mansur traz a história do Colégio Pedro II, construído em homenagem ao então imperador menino. Segundo a pesquisa, no local, funcionara o Seminário de São Joaquim, onde se misturavam órfãos e jovens de classe abastada. página 15

gastronomia

Alimentação saudável na Rua Larga

O humorista fala sobre o que o motivou a escrever o argumento do filme O camelô da Rua Larga, de 1958. Ele também relembra de quando lia anúncios do Dragão e da importância que o programa de rádio A turma da maré mansa representou para os comediantes da época. página 5 Lielzo Azambuja

cultura página 14

Rio Antigo em fotografias, postais, manuscritos e confetes imperiais Alberto Cohen abre seus arquivos raros para a Folha da Rua Larga. Relíquias expressivas da memória da cidade já passaram pelas mãos do antigo leiloeiro, como os confetes do baile do Império e um manuscrito inédito do poeta Carlos Drummond de Andrade. Ele também nos apresenta alguns de seus belos retratos do Rio de Janeiro em branco e preto. página 8 e 9


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nossa rua

Se essa Rua fosse minha

cartas dos leitores Descaso na Rua da Quitanda

Sacha Leite

“Como sou estudante de Pedagogia, elaboraria um projeto social, mas não dependeria do auxílio do governo. Procuraria uma ONG para encaminhar a população de rua a uma instituição de ensino, pois, quando chove, o problema se agrava.” Paulo César Ribeiro Atendente de telemarketing

Sacha Leite

“Melhoraria as condições do Largo de Santa Rita. Não bebo chope, mas gosto de comer sardinhas na companhia dos meus amigos. Comeria os petiscos com mais prazer se a estrutura das calçadas, a limpeza e a iluminação fossem melhores.” Renato Santos Consultor em assistência médica

“Trataria as calçadas, o asfalto, e encontraria uma solução para a sinalização que está caótica. O cruzamento da Visconde de Inhaúma com a Rio Branco é um exemplo disso. Investiria também na estrutura de segurança, que está precária.” Viviane Moreira Nobre Fisioterapeuta

folha da rua larga

Buzim, Karina Howlet, Lielzo Azambuja, Mariana

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins Designer assistente - Jade Mariane e Mariana Valente Diagramação - Suzy Terra Revisão Tipográfica - Raquel Terra Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos Impressão - Mávi Artes Gráficas Ltda. www.maviartesgraficas.com.br Contato comercial - Juliana Costa Tiragem desta edição: 5.000 exemplares

Florenzano, Nilton Ramalho, Teresa Speridião

Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

Pousa, Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário Margutti, Mozart Vitor Serra Direção Executiva - Fernando Portella Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite Colaboradores - Ana Carolina Monteiro, Ana Carolina Portella, André Luís Mansur, Carolina Calvente Ribeiro, Erica Miszputen, Fabiola

Patrícia Regina Ribeiro Chuva na Saúde No bairro da Saúde, em frente ao Moinho da Bunge, próximo ao Hospital dos Servidores, as águas atingiram um nível caótico, paralisando todo o bairro e impedindo os moradores de irem trabalhar na terçafeira, 6/4. Leandro Luiz dos Santos

Sacha Leite

Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos

A Rua da Quitanda está toda esburacada, com vazamento de esgoto, em um estado lamentável. O cheiro é insuportável e é impossível chegar até a calçada. A Cedae foi duas vezes ao local e não resolveu o problema. Continuamos enfrentando esse obstáculo para atravessar a rua, faça chuva ou faça sol. O descaso continua e a rua está cada dia pior: difícil de caminhar e totalmente poluída. Um absurdo o descaso das autoridades, que abandonaram o Centro da cidade.

Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

Chuva na Rua Larga Terça-feira (6/4), houve uma grande catástrofe climática na cidade, certamente a maior de todos os anos. E como não poderia deixar de ser, a Avenida Marechal Floriano encheu. A lateral do Palácio Itamaraty se transformou num grande lago. Pelo que ouço falar, o problema nas galerias pluviais da rua é antigo. Fica aqui a sugestão para

que esse aspecto seja revisto nesse contexto de revitalização. R. S. S. Vazamento de esgoto na Rua do Senado Desde novembro de 2009, o esgoto jorra na Rua do Senado com a Rua Dídimo, no Centro. Nesta rua, circulam centenas de moradores que são obrigados a passar por “pontes” improvisadas para não pisar no esgoto in natura. A Cedae já foi comunicada, esteve no local e nada fez. Completo descaso que merece multa e até suspensão do direito de funcionar. Reinaldo Hingel Onde encontrar a Folha da Rua Larga Olá, primeiramente, parabenizo-os pelo trabalho. O conheci por acaso e adorei. Gostaria de saber onde posso encontrá-lo. Trabalho aqui na Rua da Candelária. Renan Cabral Pontos fixos de distribuição Em resposta à carta do leitor Renan Cabral, a Folha da Rua Larga informa que é conveniada com os jornaleiros da Rua Visconde de Inhaúma e Avenida Marechal Floriano. Nesses pontos, os leitores podem retirar a publicação gratuitamente, todo dia 15 do mês.

A Folha da Rua Larga acolhe opiniões de todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para: Rua São Bento, 9, sala 101, CEP 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br


nossa rua abril de 2010

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Estado se une contra medida de deputado Manifestantes vão às ruas reivindicar os dólares que o Rio perdeu com emenda Ibsen Sacha Leite

A manifestação contra a redução de arrecadação dos royalties de petróleo pelo estado do Rio de Janeiro, organizada pelo governo do estado, no dia 17 de março, reuniu 100 mil pessoas na Avenida Presidente Vargas. Trabalhadores foram dispensados mais cedo do serviço para participarem desta que se pretendia ser a maior ação da sociedade civil depois do impeachment de Fernando Collor, em 1992. A intenção dos organizadores era demonstrar a indignação do carioca perante a proposta do deputado federal Ibsen Pinheiro de dividir igualmente os royalties de petróleo entre os estados brasileiros. “Quero que meus filhos e netos tenham uma vida melhor e essa medida diminuiu a possibilidade de isso se concretizar”, disse a advogada Miriam Fontenelle, funcionária do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), alegando que a medida representa menos R$ 7 milhões para o Fundo Estadual do Controle Ambiental. “Não dá para mudar as regras do jogo depois de iniciada a partida. Você estará rompendo a Constituição, que diz que os estados produtores têm direito a contabilizar os royalties do petróleo”, disse Francisco

Sacha Leite

18 anos após o impeachment de Collor, uma nova manifestação cara-pintada

Manifestação da sociedade civil em frente à Candelária Sacha Leite

de Almeida, chefe de gabinete do Inea. “Acho que falta divulgação de que essa medida vai afetar a população do Rio de Janeiro como um todo”, acrescentou. “Decidimos que essa não seria uma festa de discursos, mas uma festa com a cara do Rio, com muita música e generosidade”, declarou o prefeito Eduardo Paes, único político autorizado pela organização a discursar. Na oportunidade, o governador Sérgio Cabral

Miriam Fontenelle: “Quero que meus filhos e netos tenham uma vida melhor”

declarou aos veículos de comunicação que não vê problema em negociar a distribuição dos royalties do pré-sal não licitado, mas que não aceitaria mudanças no pós-sal e no pré-sal já licitado. O governador lembrou ainda que o Rio é o 20º estado em recebimento de recursos, embora seja o 2º em contribuição. Durante a manifestação, o ministro do Trabalho, Carlo Lupi, pediu que o impasse sobre os royalties do petróleo fosse resolvido sem que houvesse prejuízo para o estado do Rio de Janeiro. A diretora e atriz Carla Camurati, uma das representantes da classe artística presentes na manifestação, disse que, em

sua opinião, a emenda do deputado é arbitrária e não deveria ter sido aprovada sem discussão. “Se é para mudar as regras, é preciso se discutir de forma mais ampla. O Brasil não tem só petróleo, também tem minérios e outras riquezas”, afirmou. De acordo com a artista e atual presidente da Fundação Theatro Municipal, o gesto de Ibsen Pinheiro possui motivações políticas, em um ano eleitoral, e irá prejudicar o Rio de Janeiro, que, no seu ponto de vista, já apresenta sinais de avanço nas áreas de saúde e educação.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Fórum Urbano Mundial versus Fórum Urbano Social FUS critica FUM5 e promove evento paralelo para pensar habitação mundial includente De acordo com dados divulgados pela ONUHabitat no contexto do 5º Fórum Urbano Mundial (FUM5), ocorrido de 23 a 26 de março, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, mais da metade da população mundial vive em cidades. Depois de décadas de declínio, este seria um momento de concentração de forças de todo o mundo para a recuperação dos núcleos urbanos de-

gradados. O objetivo do FUM, criado em 2001, está em reunir, regularmente, uma ampla gama de parceiros governamentais, da sociedade civil e do setor privado, em torno dos grandes desafios colocados pela crescente urbanização. Nos debates, são pautadas as economias nacionais e a organização das sociedades. A última edição do FUM foi realizada na

cidade de Nanjing, China, sobre o tema “Urbanização harmoniosa – o desafio de um desenvolvimento territorial equilibrado”. FSU procura soluções mais comunitárias e menos globais Em paralelo ao evento mundial, que recebeu aproximadamente mais de 20 mil participantes nacionais e internacio-

nais ao longo dos quatro dias de evento, o Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU) organizou o Fórum Urbano Social, para desenvolver os mesmo temas levantados pela programação oficial do evento mundial. O FUS foi realizado simultaneamente ao FUM, com acesso gratuito. As edições anteriores do FUM tiveram a participação de organizações

como Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Aliança de Cidades, entre outras. A proposta do FUS, segundo seus organizadores, seria a de promover discussões sociais mais comunitárias e menos globais sobre habitação.

Os mentores do FUS se preocupam com a possibilidade de as cidades de todo o mundo, em particular nos países periféricos, serem pensadas sob a ótica de modelos excludentes que aprofundariam as situações de desigualdades.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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boca no trombone

Cliques Rua Larga Sacha Leite

Larga, largada e alagada CHOVE tristeza, deslizam pensamentos, lixo na rua, restos entopem bueiros, pessoas constroem casas em áreas de risco, sem alternativas de moradia, acabam sendo riscadas. Planejamento não houve – haverá? A bela vista desvalorizada pelos ricos de outrora, hoje é cobiçada – favelas. Temos esta mania de agir só na dor. Governo federal libera milhões para as enchentes no estado do RIO DE... JANEIRO 40 graus de fevereiro quente, 6 de abril se vinga, transborda muita água imprevista pela previsão meteorológica. No meio dos escombros, surgem heróis comuns que ajudam a tirar pessoas da lama, vivas ou mortas. Bombeiros apagando as águas, poucos heróis de farda. São vidas que se foram, ficaram sem nada – pessoas enroladas em sacos pretos – famílias inteiras não existem mais. São Gonçalo amargou grande dor. O Morro dos Prazeres perdeu o prazer. Rio das Pedras – rolam. Em Niterói, o Morro do Bumba perdeu seu Boi, o rumo – saudades da pobreza do Nordeste! Casas construídas em cima do lixo, permitidas e omitidas pelo poder público, que urbanizou o conjunto condenado à morte. Politicagem, irresponsabilidade, não há culpado. Será que CHEGOU MESMO A...

te sumiu do museu de casa. Quem sobreviveu, depois dessa Semana Santa, terá que ressuscitar sem chocolate e construir uma nova história: “Perdi tudo, não sobrou nada” – disse Severino Silva. SÃO MAIS... DE 200 MORTOS, aqui, acolá, estatísticas, dados de ontem comparados aos de hoje, helicópteros, flashes, um milhão de cliques para mostrar detalhes das cenasespetáculo do jornalismo tecnológico. O casal Nardoni foi condenado – isso já foi notícia, é passado. Na dor, os mais simples, a Cruz Vermelha, entidades se mobilizam e REVELAM... SOLIDARIEDADE, enviando mantimentos, roupas, remédios... “Por favor, nada perecível, já bastam os homens, mulheres e crianças fora da validade!”. Na quadra de samba da Mangueira, ninguém desfilava, não havia ensaio. O prefeito suspendeu as aulas e a escola sem samba abrigou desabrigados. Ali, as crianças corriam, brincavam, sem saber – são vidas começando tudo de novo. A portabandeira abaixou o mastro, o mestre-sala se calou, as baianas pararam de rodar e as alas dispersaram em suas alegorias guarda-chuvas. Na bateria, só a cuíca chorava. AQUI NA QUERIDA...

HORA, sem aviso, dessa gente partir para o outro lado? É o Destino? Poderia ser evitado? Chico Xavier enche os cinemas – quem explica o inexplicável? O Cristo Redentor, todo embrulhado, de olhos fechados para obras, não pode ver o desastre. Ficamos jogados à sorte. LÁ SE FORAM...

RUA LARGA alagada, largada pelo poder público, homens subiram as escadas dos prostíbulos com a desculpa da enchente e não voltaram para casa. O sinal embora verde parou o Centro da cidade. Engarrafados no trânsito, as pessoas dormiam nos carros. A Lei Seca ficou molhada e teve que tomar um gole. Um trabalhador que voltava ao lar, colocou seu crachá e retornou ao trabalho. A gente esquece.

AS COISAS PAGAS em muitas prestações: fogões, geladeiras, TVs, fotos – a memória de tanta gen-

gabriel provocador gabriel@folhadarualarga.com.br

Caos no trânsito da Avenida Marechal Floriano, em 5 de abril, véspera do dia em que o Rio de Janeiro ficou paralisado pelo efeito dos temporais. O prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral se dirigiram aos meios de comunicação para pedir às pessoas que não saíssem de suas residências. Sacha Leite

Nos dias de semana, durante o horário comercial, a Pedra do Sal tem se transformado em um estacionamento irregular. O lugar, onde era descarregado o sal pelos estivadores e se reuniam mestres como Donga, Pixinguinha e João da Baiana, é considerado o berço do samba.


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entrevista

Humor e memória a serviço do povão Chico Anysio já expressou afinidade com a região em filme, programas de rádio e no teatro Na época, ele ainda assinava “Francisco Anysio”. O articulista do filme O camelô da Rua Larga, de 1958, guarda até hoje um grande carinho pela região. Um exemplo disso é que já confirmou a apresentação, pelo terceiro ano consecutivo, no teatro do Centro Cultural Light, do seu espetáculo Rindo à toa com Chico Anysio e seus amigos – uma standup comedy em que ele conta piadas, casos engraçados e recebe convidados. Chico se orgulha em divulgar que as apresentações são gratui-

tas e ficam completamente lotadas: “O show é um desbunde. Três da tarde já tem fila para pegar os ingressos, adoro trabalhar para o povão”, revela o humorista. Já o filme fala sobre Vicente, um camelô com o dom da palavra e da malandragem, vivido por Zé Trindade. O personagem está com o aluguel da pensão onde mora oito meses atrasado, encontra uma mala de dinheiro falso e arruma uma grande confusão. No final, tudo acaba bem. O longametragem tem participações

Ana Carolina Monteiro

de Maysa, Nelson Golçalves e Julie Joy, além da direção musical de Radamés Gnatalli. Chico Anysio recebeu a reportagem da Folha da Rua Larga em sua residência para rememorar os seus tempos de escritor de chanchadas. O humorista lembrou ainda do caso de Augusto Sampaio, o camelô da Rua Larga que se transformou no dono da loja Impecável, patrocinadora do programa de rádio A turma da maré mansa, do qual participou algumas vezes.

O humorista participou do programa de rádio A Turma da Maré Mansa

entrevista

Ana Carolina Monteiro

Você é autor do argumento do filme O camelô da Rua Larga. Qual foi a inspiração para o fio condutor do longa-metragem?

cos, basicamente Costinha, Oscarito e Zé Trindade. Como se chamava o camelô que o inspirou a escrever o filme?

Eu tinha um amigo que vendia coisas como ambulante. Ele se transformou no dono da Impecável Maré Mansa. Ele escrevia. Criou o programa A turma da Maré mansa e o patrocinou durante anos. O material mofou, então ele, num gesto de tristeza, queimou tudo. Trata-se de um filme feito sob encomenda? Éramos poucos que escrevíamos para cinema. O Zé Trindade me pediu: “você faz um filme pra mim?” E eu fiz. De Rua Larga o filme só tem o título. Por que não foram feitas locações na Avenida Marechal Floriano? O povo não respeitava, não tinha ainda essa cultura. Não era comum fazer locações naquela época. A câmera era pesadíssima, não tinha steadicam (sistema em que a câmera é acoplada ao corpo do operador através de trilho, braço isoelástico e colete, permitindo estabilizar imagens captadas em movimen-

Chico Anysio propõe a volta do nome Rua Larga

to). Era um tipo de cinema muito diferente de hoje.

rios outros. As músicas eram todas de carnaval.

Por qual motivo escolheu a Rua Larga como chamariz para o filme?

Você acompanhava o trabalho do humorista Zé Trindade?

Coloquei Rua Larga porque era uma rua famosa, uma rua importante para a história do Rio de Janeiro.

O Zé Trindade não era um bom ator. Ele tinha uma voz engraçada e um tipo maravilhoso. Mas ele só funcionava quando falava. Já fazíamos bordões. A Zezé Macedo fazia quase todos os meus filmes, era o tipo caricato. Ela fez O homem do Sputnik. Ela, Violeta Ferraz e Nancy Vanderlei eram as grandes mulheres da chanchada na época. Os homens eram pou-

Quantos filmes em estilo chanchada foram roteirizados ou dirigidos por você? Escrevi 12 filmes, 12 chanchadas. Escrevia o que me pediam. Escrevi Alegria de viver, Sinfonia carioca e vá-

Augusto Sampaio. Ele patrocinou o programa de rádio. Ele era muito bom. Escrevia direito, o humor dele era bom. A turma da maré mansa eu fiz porque gostava muito dele, eu não precisava, graça a Deus. Agora, muita gente viveu da Maré Mansa, durante anos. Foi a tábua de salvação de muito comediante brasileiro. Eu pensei nele, mas não que eu tivesse feito o filme baseado nele. De que maneira podemos ter acesso ao registro desses programas? Ele queimou todas as fitas que estavam mofadas, por tristeza, porque achava que não tinha jeito. Se tivesse guardado, hoje teria como recuperar. Foi uma tristeza para o humor brasileiro. Além do caso do Augusto Sampaio houve algum outro caso inspirador para o filme? O Silvio Santos. A Rua Larga era uma rua de muito movimento, então era um bom lugar para camelô. O fil-

me não podia se chamar “O camelô da Praia do Flamengo”. Tinha que ser um lugar por onde circulava muita gente. Nunca vi um camelô como o Silvio Santos. Ele era incrível, como é até hoje. Na época, fazíamos locução e ele já era insuperável. Ouvi trechos do programa A turma da maré mansa no Youtube. Gostaria de revisitá-lo?

Voltando a Rua Larga... Você já frequentou a região em alguma época de sua vida?

Não vou ao Youtube. Acho que está errado pegar o trabalho do cara e botar ali sem autorização.

Tem alguma sugestão para o processo de revitalização e resgate histórico e cultural da região?

Você ainda atua como incentivador de novos talentos?

Tem que botar o nome de Rua Larga de novo. Tirar Marechal Floriano. Voltar para Rua Larga. Tem muito mais a ver. Que nem a Praça do Largo do Machado. Mudaram para Praça Duque de Caxias. Depois voltaram com Largo do Machado. Não ia pegar! Outra troca necessária: a Cidade da Música tinha que se chamar Tom Jobim e o aeroporto internacional, Roberto Marinho. Patrão igual a ele não existe.

Sempre que posso estou no Teatro e levo novos humoristas, convidados, mas estou na geladeira da Globo. Faço um quadro no Zorra e olhe lá. Em 2001, eles tiraram a Escolinha do ar. Eles me pagam, renovaram o meu contrato, mas... Ninguém sabe o que houve. E não volta. Nem eu faria mais. Ficou no ar por 49 anos e cinco meses. Faltavam sete meses para completar 50 anos... Formou Costinha, Castrinho, Tom Cavalcante, Cláudia Rodrigues, Heloísa Perissé, meu Deus, olha... Vamos mudar de assunto.

Não frequentei muito, mas adoro a Rua Larga. Li anúncios do “Dragão, a fera da Rua Larga” quando fui locutor. Conheci o casal que era o dono do estabelecimento. A loja Dragão da Rua Larga patrocinou alguns programas de rádio.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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opinião

Quem nunca mentiu atire a primeira pedra Nilton Ramalho

Uma pesquisa feita por um grupo de cientistas do núcleo de Ciências Sociais da FAAB, em 2009, detectou que todos nós contamos mais de 100 mentiras por dia. Tendo isso em vista, somos obrigados a nos perguntar: o que seria a verdade em nossa vida, se a falta dela é algo constante, que se repete tantas vezes por dia? Será que vivemos num mundo de faz de contas como a maioria das crianças? Bom, isso não parece muito razoável. Ao longo da vida, embarcamos em relacionamentos amorosos, construímos família, trabalhamos, incorporamos grandes responsabilidades. Afinal, somos adultos e lidamos com a impiedosa verdade da vida. Será que alguém poderia vir me dizer que minha conta de luz é uma farsa, ou que a fatura do meu cartão de crédito é uma bela lorota, ou ainda que o possível rombo em minha conta corrente não passa

de uma historinha cretina e mentirosa? Imagine um dia daqueles em que você acaba de saber que perdeu o namorado, o emprego está por um fio, a luz foi cortada, o filho caiu doente, e você entra no elevador e encontra seu vizinho de porta que sorri um bom-dia e lhe pergunta “como vai?”. Não vou nada bem, estou num péssimo dia, perdi o namorado, talvez perca também o emprego, meu filho me enlouquece adoecendo e meu vizinho faz o tipo simpático que acena e sorri, mas não sabe o meu nome. Como esse discurso poderia resultar em constrangimento, prefiro responder que sim, estou ótima e ensolarada como aquela manhã de terça-feira. Esse é só um pequeno exemplo de situação em que mentir parece inevitável. Se parássemos para pensar em outras cenas corriqueiras em que Pinóquio não se acanha em dar

as caras, encontraríamos centenas de casos parecidos. Mas importante mesmo é perceber que, por necessidades diversas, todos nós nos vemos obrigados a mentir em algum momento, e em qualquer meio social. A contradição reside no culto à moral e aos bons costumes. Julgamos a inverdade algo terrível, condenável e menor. A sinceridade sempre foi muito louvável e é o que se aprende desde cedo em qualquer lar minimamente ajustado. Por outro lado, é muito desconfortável aceitar que sejamos identificados pura e simplesmente como grandes mentirosos no exercício diário de sua falcatrua. Deveria haver algum tipo de classificação ou hierarquia para essas mentiras. Por exemplo, para a mentira de tipo 1, pena de reclusão por tempo indeterminado; para a mentira de tipo 2, condenação com a perda do emprego; para a mentira de tipo 3, privação

do namorado e dos fondues aos domingos; para a mentira de tipo 4, condenação em se tornar um grande empresário; para a mentira de tipo 5, parabéns! Você será eleito o presidente da nação. Parece sensato supor que cada um de nós tem sua maneira de equilibrar a balança interna escolhendo ritmo e andamento de suas atitudes. O saldo pode ser negativo para alguns, mas, independentemente do que se faz ou diz, é bom lembrar que verdades ou mentiras podem ser legítimos recursos de sobrevivência, que cedo ou tarde virão bater à porta para cobrar as consequências. Aliás, a pesquisa desta coluna é ficcional, mentirosa e fraudulenta. Uma fábula inventada apenas para promover esta reflexão.

mariana florenzano mariflorenzano@hotmail.com

A revitalização começa a se desenhar A região começa a experimentar os esperados investimentos com vistas na renovação urbana. O projeto de fechar a Avenida Rio Branco para pedestres já se iniciou: agora existe uma empresa licitada trabalhando. Como ficará a organização do trânsito e como a ação se refletirá nos costumes do carioca é o que nos cabe questionar. Além disso, o processo de instalação de uma UPP no centenário Morro da Providência também já está deflagrado. Investir na segurança e reformular o espaço urbano de maneira que ele volte a ter o brilho de outrora é o que propõem poder público e iniciativa privada nesse momento. São muitas as polêmicas em torno do tema, mas é possível observar alguns casos interessantes: a experiência de Hoboken, trazida nesta edição pela entrevista com a produtora executiva do Instituto Cultural Cidade Viva, Francis Miszputen. A cidade norte-americana é um exemplo em que o espaço urbano foi melhorado, no entanto o aumento dos custos não foi desproporcional à realidade dos habitantes da região. Em abril, vivemos uma época de experiências climáticas complicadas. A Avenida Marechal Floriano alagou, sobretudo no trecho próximo aos Palácios Itamaraty e Duque de Caxias. A seção Se essa rua fosse minha já recebeu uma série de sugestões de mudança no sistema de galerias pluviais, que seguidamente transbordam com as chuvas, independentemente da intensidade do fenômeno climático. Apesar das chuvas, a região ficou animada com a apresentação do The Fevers, grupo de rock nacional formado na década de 1960 que se mantém até os dias de hoje. O show no teatro do Centro Cultural Light a

preço popular superlotou, provocando catarse em fãs, aposentados e funcionários em horário de almoço. O jornalista André Luiz Mansur cedeu à seção Baú da Rua Larga o texto em que resgata a história da criação do Colégio Pedro II, que inicialmente abrigava o Seminário de São Joaquim. O pesquisador levantou a história do local, que acolhia tanto órfãos, os quais pagavam o seminário com serviços, como o acompanhamento de enterros, participação no coro da Igreja, além de pedir esmolas nas ruas. A ação de ordenamento urbano na região também foi acompanhada pela reportagem da Folha da Rua Larga. Os homens da Guarda Municipal disseram que, no primeiro dia de “choque de ordem”, nenhuma mercadoria foi apreendida. Segundo a equipe, comandada pela Secretaria Municipal de Segurança, o objetivo inicial é conscientizar a população e estimular liberação das vias. Nessa linha, eles provocaram a saída de comerciantes desautorizados que vendiam churrasquinho em frente ao Largo de Santa Rita. Prejudicados com a ação, Marcos e Lourdes, do ML Bar, decidiram procurar o Polo Empresarial Nova Rua Larga com o objetivo de se unir aos vizinhos comerciantes, em busca de uma solução comum, visando a melhoria das condições para todos. Esse é o espírito do associativismo que fortalece e constrói, que, fazemos votos, se materialize para o bem dos trabalhadores e frequentadores da região. sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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empresa

Governador de Sergipe afirma: todo brasileiro deveria conhecer uma indústria nuclear O governador de Sergipe, Marcelo Déda, visita a Central Nuclear Almirante Álvaro Barreto Divulgação

Uma comitiva sergipana, liderada pelo governador Marcelo Déda e composta por quatro secretários de estado, seis deputados, dois reitores, três prefeitos, o presidente da Assembleia Legislativa, o ouvidor geral, o chefe do Gabinete Militar e diversos empresários, visitou a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, no dia 5 de março. A Secretaria do Desenvolvimento Econômico, da Ciência e Tecnologia e do Turismo de Sergipe, já havia manifestado apoio em documento enviado à presidência da Eletronuclear. A instituição argumentava que “Sergipe apresenta todos os requisitos básicos necessários à instalação de empreendimentos desse porte”. O governador também comunicou ao pre-

sidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o interesse do estado em sediar a primeira central nuclear do Nordeste. Além do governador Marcelo Déda, estavam na comitiva: • Os secretários Jorge Santana de Oliveira (Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia); José de Oliveira Júnior (chefe da Casa Civil); Genival Nunes Silva (Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos); e Carlos Roberto da Silva (Comunicação) • O deputado Ulices de Andrade Filho, presidente da Assembleia Legislativa estadual; os deputados estaduais Rogério Carvalho Santos; Maria da Conceição Vieira; Luiz Garibaldo Rabelo de Mendonça; e

O presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, guia Marcelo Déda, em Angra dos Reis

Arnaldo Bispo de Lima; e os deputados federais Albano Franco (PSDB); Eduardo Alves do Amorim; e José Iran Barbosa Filho (PT). • Os prefeitos Orlando Porto de Andrade (Canindé do São João); Ivan Santos Leite (Estância); e Ricardo José Silva Cruz (Santana do São Francisco). • Os reitores Jouberto Uchoa de Mendonça Jr (UNIT); e Josué Modesto dos Passos Subrinho (UFS). • O ouvidor geral do estado, Luiz Eduardo Costa; o chefe do Gabinete Militar, Carlos Augusto de Lima Bispo; e o presidente da Energisa, Eduardo Mantonvani. • Os empresários Luiz Eduardo Magalhães; e Antônio Fernando Pereira Carvalho.

entrevista Por que o governador resolveu trazer a cúpula do governo de Sergipe para visitar a Central Nuclear? Sergipe tem interesse em sediar a central nuclear nordestina. Viemos conhecer uma usina nuclear em funcionamento, para saber de todas as implicações de um empreendimento como esse. Para ver as normas de segurança, regras de proteção ambiental, importância da empresa com as comunidades do entorno da região, enfim, para ter uma noção objetiva do significado de um projeto desse porte no estado de Sergipe, ou em qualquer outro estado nordestino. Saio daqui convencido de que deveremos disputar, junto com os demais colegas dos outros estados, a localização dessa usina. Claro que não será uma briga ou uma guer-

ra entre os estados. Além de produzir energia para o desenvolvimento do país, essa central vai produzir uma alavancagem nas condições sociais da região. E o estado de Sergipe é um estado pobre, mas um estado que reúne condições técnicas, ali no eixo do Rio São Francisco, se afirmando como produtor de energia, com uma boa infraestrutura no ponto de vista da distribuição dos cabos das redes de transmissão. Acho que, além disso, temos uma comunidade preparada pra incorporar em sua vida econômica, e na vida cotidiana, um empreendimento desse porte. O que foi visto? O que assistimos aqui em Angra é que a presença da usina nuclear significou um imenso nível de investimento de infraestrutura. São rodovias, investimentos em

segurança, em defesa civil, em estradas, hospitais, meio ambiente, preservação ambiental, saneamento, investimentos em uma série de outras áreas que são necessárias no suporte. Terminamos a visita aprendendo muito e esse aprendizado derrubou vários mitos que, ao longo do tempo, criamos sobre a energia nuclear. Aqui, testemunhamos, em primeiro lugar, com muito orgulho, uma tecnologia que tem grande parte dela como fruto da pesquisa nacional. E, em segundo lugar, a questão da água. A água do São Francisco não será apropriada. Ela entrará na usina e voltará sem nenhum tipo de poluição. Simplesmente será utilizada e devolvida sem agregar poluentes. Fiquei muito satisfeito com o que vi. Primeiro, como brasileiro, se todos pudessem fazer uma visita como essa, a autoestima do

Brasil subiria ainda mais. O que testemunhamos foi uma planta industrial de produção de energia com a mais alta tecnologia. Como o secretário de Meio Ambiente, Genival Nunes Silva, vê a questão ambiental? Entendemos que é uma energia limpa, no entanto, é necessário se fazer uma avaliação sobre o ponto de vista do licenciamento: onde a central nuclear vai se estabelecer, o que vai estar no seu entorno, que tipo de ambiente vai ser escolhido. Aquela história de que a usina, a priori, é um dano, não existe. Não se pode ter essa visão, não se pode radicalizar com conceitos de 20, 30 anos atrás. O conceito deve ser racional, de uma analise técnica na área ambiental.

Qual seria o ponto de vista do secretário-chefe da Casa Civil, José de Oliveira Júnior, sobre a interação com a comunidade? Além dos inúmeros fatores de ordem econômica, ambiental, geológica que tem que ser analisados, uma coisa importante para a população local é a capacidade desse empreendimento de interagir com a indústria que já esta instalada em Sergipe. Isso é muito positivo, é animador, a instalação das usinas nucleares permite que os fornecedores de insumos, enfim, aquela economia que já está instalada naquela região, possa se tornar eventualmente fornecedora tanto para o dia a dia da operação das usinas como, sobretudo, da mão de obra capacitada. Como foi destacado pelo presidente da Eletronuclear, antes mesmo de uma usina funcionar

deve se pensar em escolas técnicas que qualifiquem a mão de obra. Como o governador de Sergipe vê o necessário debate com a sociedade? Nós trouxemos aqui a comunidade acadêmica, jornalistas de todos os veículos da capital, prefeitos da região, onde, teoricamente, a usina poderá vir a ser instalada, temos autoridades de meio ambiente, parlamentares integrantes da Assembleia Legislativa, fundamentais nessa discussão. Portanto, essa visita já é um capítulo desse debate que trabalhamos com a sociedade. Mas, até lá, é fundamental que o governo do estado aja para manifestar e expressar o seu interesse.

carolina calvente ribeiro carola@eletronuclear.gov.br


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cultura

Colecionador de fragmentos do Rio Antigo Alberto Cohen abre sua coleção de imagens raras que retratam o estilo carioca ao longo do tempo Sacha Leite

Autor de livros como Rio de Janeiro ontem e hoje, O cotidiano do Rio de Janeiro no início do século XX e A elite carioca e os fatos mundanos no Rio de Janeiro 1920 - 1945, Alberto Cohen revela a Folha da Rua Larga a sua grande coleção de imagens do Rio Antigo. Ele dispõe de, aproximadamente, 300 fotografias e 3500 postais do Rio de Janeiro até 1940. Cohen não só resgatou o leilão de livros, papéis e afins, como também introduziu o leilão virtual no Brasil. Carioca, nascido na Lapa e engenheiro de formação, Alberto Cohen encarou como missão reimpulsionar os leilões de impressos – livros, postais, fotografias, gravuras, aquarelas e guaches, que costumavam ser praticados até 1940. “Isso fez tanto sucesso que, hoje em dia, tem três leilões inspirados no AA Cohen Colecionáveis”, aponta o escritor e pesquisador. Confetes imperiais e inédito de Drummond

Alberto Cohen mostra imagens antigas da Rua Larga, Saúde, Gamboa e Santo Cristo Divulgação

Certa vez, faturou R$ 50 mil ao leiloar um manuscrito inédito de Carlos Drummond de Andrade: “A imprensa caiu toda em cima de mim por conta desse livro de poesias, que não tinha sido publicado em lugar nenhum. Valeu uma matéria de capa do caderno de cultura do Globo”. Alberto Cohen se sente animado com os objetos que conseguiu garimpar. Além da obra inédita de Drummond, Cohen chegou a leiloar confetes do último baile do Império. “Naquela época, eram bolinhas de algodão coloridas e perfumadas”, explica Cohen. O projeto de um arquiteto francês para mudança de trânsito

no governo Getúlio Vargas também passou pelo evento do escritor: “Era um leilão muito badalado, muito lúdico”, se orgulha Alberto. Ele conta que tinha o hábito de comprar pelo portal eletrônico E-Bay. Um dia resolveu fazer o próprio leilão de colecionáveis pela internet e o manteve entre 2000 e 2003. Depois disso, o site francês E-Bazar teria compado o AA Cohen Colecionáveis. Quando questionado se o poder público costumava frequentar seus leilões, para alimentar museus e centros de memória, ele esclareceu que a presença não era oficial. “A pre-

feitura participava da seguinte forma: um funcionário ia lá, identificava os produtos de interesse e a prefeitura reservava por telefone”, conta. Cohen recorda que o dono da livraria que abrigou seu leilão por muitos anos foi Joaquim Monteiro de Carvalho, o “baby”, um amante dos livros: “Eu me considerava um bibliófilo, mas desenvolvi uma alergia a papel, comecei a abrir os livros com máscara e equipamentos especializados”, lamenta. O colecionador passou, desde então, a vender grande parte de sua biblioteca: “Mantive somente os livros sobre o Rio de Janeiro. Os títulos de arte, literatura, gravura, fui me desfazendo aos poucos”. A respeito da Avenida Marechal Floriano, Cohen percebe um declínio do ponto de vista comercial: “Até 1970, existia o Dragão, a fera da Rua Larga. Concentrou o Itamaraty, que foi projetado para festas e só tem salões, não tem aposentos. Tem a Light, que tem a sua importância simbólica”. O escritor e engenheiro lembrou também do Colégio Pedro II, que, segundo ele, foi referência para o ensino em todo o Brasil: “Quase todos os livros de ensino da época eram feitos pelos professores do CPII da Rua Larga, que era uma forte referência da Educação nacional”. Cohen lembra também de outro monumento da rua: a Igreja de Santa Rita, que era conhecida como milagrosa. Rua Larga: mar de gente de um lado para o outro

Praça dos Estivadores

De acordo com a análise de Cohen, a Rua Larga teve a sua importância


cultura

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comercial reduzida com a abertura da Avenida Presidente Vargas, assim como a Rua do Ouvidor teria perdido o seu status quo com a inauguração da Avenida Rio Branco. Ele lamenta que hoje não se possa ver muitas árvores, além de não ter ocorrido uma manutenção correta das luminárias tipo Rio Antigo na região: “Fora do país, eles mantêm as coisas de época, originais. Temos que fazer o mesmo”, reivindica. Outro aspecto levantado por Cohen é relativo à fiação da Avenida Marechal Floriano: “Tem que colocar subterrânea. Deixar de ser aérea já vai deixar de poluir e melhorar o aspecto”, sugere. Ele lembra que, pela antiga Rua Larga, circulavam diversas linhas de bonde que vinham até o Arsenal de Marinha e atravessavam a Avenida Passos. Questionado sobre um possível retorno ao nome Rua Larga, ele opina: “O que é importante é que a população segure essa bandeira. Não pode ser uma imposição e eu acho improvável que os mais novos tenham esse desejo, por não terem ideia do que a Rua Larga significou para a vida das pessoas”. Alberto Cohen se lembra da Rua Larga como acesso natural para a Central do Brasil. Portanto, comportava, no passado, e abriga até hoje um trânsito enorme de pedestres: “Era um mundo de gente, um mar de gente de um lado para o outro. Todos caminhavam na Rua Larga para a Central do Brasil”. Além disso, Cohen lembra que, quando se desejava comprar algo diferente, era necessário vir ao Centro e, necessariamente, passar pela Rua Larga.

9 Divulgação

Morro do Livramento Divulgação

Vista aérea do Rio de Janeiro Divulgação

Rua Acre com Rua Larga

Coleção de postais

Um trecho da Rua Camerino

Rua do Sacramento, hoje Avenida Passos

A partir da observação do próprio acervo, Alberto Cohen decidiu organizar um livro comparando cartões postais. “Na publicação, há fotografias da antiga Mesbla e outras coisas que não existem mais”, define ele. O escritor afirma que a pesquisa que mais lhe deu prazer foi Ouvidor, a rua do Rio. “Como já tinha muito material nas mãos, fui fundo no tema. O Rio de Janeiro foi capital da República, tudo passava por aqui. O imperador D. Pedro I tinha uma amante na Rua do Ouvidor e foi um importante ponto para o movimento abolicionista”, sintetiza Cohen. Ele descobriu em sua pesquisa que a primeira rua a ser calçada no Rio de Janeiro foi a Rua do Ouvidor, com pé de moleque. Muitos anos depois trocaram o piso para paralelepípedo. Quando questionado sobre uma imagem representativa da mudan-

ça de costumes cariocas ao longo do tempo, Alberto Cohen descreve uma fotografia incluída no livro O cotidiano do Rio de Janeiro no início do século XX, que mostra a cena de um rapaz sendo conduzido por uma viatura puxada a cavalo, por ter bolinado uma mulher. Assim como outros grandes pesquisadores do tema, Cohen considera Augusto Malta, Juan Gutierrez e Marc Ferrez os grandes fotógrafos do Rio Antigo. O amante da cultura esclarece que as fotografias e postais não o interessam mais quando passam a ser coloridos, devido ao fato de serem muito recentes, e diz que guarda raridades e ícones expressivos, como o postal que indica a abertura da Rua Acre e o retrato da Igreja de São Joaquim sendo demolida.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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social

Revitalização é fenômeno social das cidades contemporâneas Francis Miszputen traz o caso de Hoboken, cidade-dormitório de Nova York Erica Miszputen

A menina dos olhos da revitalização nos Estados Unidos é Hoboken, pequena cidade de 2,5 km², a 15 minutos de metrô do centro de Manhattan, Nova York. A produtora executiva Francis Miszputen, do Instituto Cultural Cidade Viva (ICCV), visitou a cidade e traçou alguns paralelos com a região da Rua Larga no quesito evolução urbana. De acordo com ela, Hoboken, situada em New Jersey, sofreu um processo de revitalização, iniciado em 1970, e conseguiu manter suas construções históricas, seus sobrados e acrescentar novos prédios, de forma compatível com a arquitetura original. A produtora cultural acompanhou por um mês esse exemplo de revitalização, que não costuma ser citado no Brasil. Francis observou semelhanças entre Hoboken e a região da Rua Larga no que se refere ao tipo de comércio: “Você tem casas de material de construção, restaurantes de todos os tipos,

Casarios revitalizados na cidade de Hoboken, em New Jersey

enfim, é um comércio muito variado”. Além disso, ela notou outra forte identidade entre a cidade-dormitório e os arredores da Avenida Marechal Floriano: a coexistência do antigo com o novo. “Vi supermercados tradicionais convivendo com delicatessens ultra-

modernas e sofisticadas”, conta. “Visite Hoboken. Todos falam do Soho como exemplo, mas Hoboken a gente sente que é algo feito pela comunidade. O que faz a diferença nesse caso é o trabalho comunitário”, garante ela. Segundo

a produtora e professora universitária, o ponto alto do caso de Hoboken está na ocupação do território pela moradia. A experiência mostra que esse tipo de investimento costuma gerar um alto nível de envolvimento e cuidado com o entorno.

Hoboken, cidade natal de Frank Sinatra • Em meados de 1800, Hoboken foi palco do primeiro jogo organizado de baseball. • Enquanto a cidade se aproximava da virada do século, tornava-se um polo industrial de navegação e transporte, com ênfase na construção naval. • Empresas como Lipton Tea surgiram no local. • Em 1980, um grupo de artistas, seguido por jovens profissionais, começou a descobrir Hoboken. Tratava-se de uma alternativa barata a Manhattan. Lá, os artesãos podiam encontrar opções de aluguel menores que R$ 200 por mês. • Os investidores começaram a se interessar. • Depois de anos de mudanças difíceis e lutas provocadas pelo aumento dos custos e reajustes de taxas, a cidade se tornou a menina dos olhos da revitalização urbana mundial. • No último 6 de abril, a cidade completou 155 anos de fundação • O filho favorito de Hoboken, Frank Sinatra, nasceu em 12 de dezembro de 1915, na Monroe Street, nº 415. Filho de imigrantes italianos, ele começou a vida como garçom, mas, com 20 anos, já estava realizando o sonho de ser artista após conhecer seu mentor, Bing Crosby. • O píer, o Sinatra Park e o Terminal Ferroviário de Hoboken foram redesenhados e adaptados. • O local sempre foi frequentado por estivadores, banqueiros, advogados, programadores de computador e trabalhadores, em geral, que iam jogar frisbee com suas famílias.

Erica Miszputen

Francis Miszputen em frente ao Rio Hudson e ao fundo, Nova York

Respeito aos direitos humanos no que concerne aos antigos moradores A pesquisadora Myriam Axel-Lute disponibilizou na internet o texto Tales of three cities, em que analisa os processos de revitalização em mais duas cidades além de Hoboken: Newark e New Brunswick. Ela conversou com ativistas e moradores das três regiões dos EUA, que sofreram processos de enobrecimento urbano. Segundo ela, o mais complicado é a situação dos moradores de baixa renda, que dificilmente conseguem permanecer no lugar revitalizado. De acordo com Myriam, essa tendência de evacuação dos moradores antigos poderia ser contornada com investimentos no sistema escolar e em toda a estrutura de serviços básicos e gratuitos para a população. Conforme a tese da pesquisadora Axel-Lute, após a revitalização, a opinião da maioria dos

moradores é a de que o processo tornou a cidade mais bonita e atraente, no entanto, os serviços básicos, como saúde e educação, não melhoraram. Nesse aspecto da participação governamental, Francis Miszputen acredita que, no caso da revitalização da região da Rua Larga, Zona Portuária e Centro do Rio, deveria se ter como prioridade o investimento em segurança e o financiamento de unidades habitacionais populares. Segundo a estimativa de Francis, a revitalização da Rua Larga e adjacências seria proporcionalmente menos custosa do que a de Hoboken. Baseando-se na criação de unidades familiares, geraria-se um fluxo de pessoas para a região e, consequentemente, aumentaria-se a área residencial nesse perímetro urbano.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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comércio Rua Rua Larga Larga

Escolha o seu chapéu

dicas da região

O antigo hábito de usar o acessório é cultivado por três lojas da região Sacha Leite

“Um dia entre a memória e o esquecimento, colhi aquele chapéu envelhecido, soltei o pó antigo entregue ao vento lembrando aquele sorriso prometido. As abas tinham vincos mal traçados, marcados pelas penas ressequidas. As curvas eram restos enfeitados de um corte de paixões então vividas.” No poema Memórias de um chapéu, a escritora portuguesa Aldina Duarte fala sobre um velho chapéu encontrado na rua e passa a imaginar toda a história que envolve aquele objeto: a moça que o usou, seus sentimentos e segredos escondidos. De certa forma, as pessoas que usam chapéus exercem certo fascínio e chamam atenção de quem passa. Atualmente, eles voltaram à moda e estão, literalmente, fazendo a cabeça de algumas pessoas. Onde encontrar? Como são os modelos? Qual é o ideal para o seu tipo? Na região da Rua Larga, no Centro do Rio, por exemplo, é possível encontrar três tradicionais chapelarias: a Esmeralda, Porto e Alberto. Todas com mais de 100 anos de funcionamento, bons preços e serviços, diversos modelos e com muitas histórias sobre seus donos e clientes. Herança, tradição e amor A atual proprietária da Chapelaria Esmeralda, Christiane Simões Faria, de 31 anos, herdou a loja do seu pai, Nuno Simões Faria. Ela é cirurgiã-dentista e, apesar de exercer outra profissão, não abre mão do negócio que existe há 107 anos. Para ela, é uma grande paixão e responsabilidade, pois a chapelaria é considerada “um sonho da família”. “Para atuar nesse ramo é preciso muito gosto e dedicação”, explica. No início, eles ofereciam outros produtos, como artigos para cama, mesa, banho e sapatos. Atualmente, a proprietária optou por trabalhar

dro. Para o Sr. Almir, o importante é estar atualizado. “Temos muita variedade e se o cliente pedir, nós criamos também”, acrescenta. Clientela assídua

O vendedor Glécio Nepomuceno e três chapéus dos mais pedidos

somente com chapéus, oferecendo uma maior variedade e qualidade. Outro exemplo é a Chapelaria Porto, com 130 anos de existência. O tio avô do sr. Almir Romão Damásio, de 70 anos, atual proprietário, foi quem abriu a loja no Brasil em 1880. Logo depois, seu pai, Moisés Romão Damásio, assumiu o negócio. Ele era português e morava na cidade de São João de Medeiros, conhecida como “cidade dos chapéus”, e, de certa forma, ele foi influenciado pela tradição da cidade natal. O proprietário cumpre a tradição e em breve estará passando a gerência da loja para filha e neta. Para Carlos Eduardo Fade, de 63 anos, sócio da Chapelaria Alberto, a experiência não foi diferente. “Eu tinha 12 anos de idade quando meu pai me mandou trabalhar. Não tive outra opção e estou aqui desde então”, brinca. Ele já é aposentado, mas continua trabalhando e cumprindo a ordem do pai. Por dentro dos preços: • Panamá (feminino ou masculino) – a partir de R$ 80 • Boné Sandoná (italiano e português) – R$ 20 • Ramezoni 3X – R$ 230 • PL04 (Cury) – R$ 115 • Indiana Jones – R$ 120

Além dele, trabalha o irmão Luis Eduardo Fedel. Mais do que moda De acordo com Christiane Simões Faria, proprietária da Chapelaria Esmeralda, o chapéu compõe o visual, e dá charme, no entanto não é só mais uma questão de moda, mas também de necessidade. “É muito comum as pessoas procurarem chapéus para proteger o rosto e a cabeça, principalmente, depois de uma cirurgia ou na praia”, conta. Já Carlos Eduardo defende que o acessório não é escolhido apenas por pessoas idosas, como muitos pensam. Ele explicou que a clientela é diversa. “Vem gente de todas as idades, e é um público diversificado. A moda agora é o modelo Panamá. Até as mulheres aderiram”, afirma. E são muitos os modelos de chapéus: abas curtas, longas, modelo de palha, risca de giz, feltro, lã, xadrez, tipo moderninho, caubói, malanOnde encontrar: • Chapelaria Alberto – Rua Miguel Couto, 29. Fone: 2242-3555 • Chapelaria Porto – Rua Senador Pompeu, 114. Fone: 2253-9605 • Chapelaria Esmeralda – Av. Marechal Floriano, 32. Fone: 2253-8100

As vendas são grandes no Natal, Carnaval e durante o inverno. Mas, nos períodos em que o acessório não está em alta, as vendas são garantidas para clientes antigos, como é o caso de muitos artistas, políticos, cantores, além de artistas de cinema e TV. De acordo com o sr. Almir Romão Damásio, proprietário da Chapelaria Porto, o fato de um artista adotar um determinado modelo era suficiente para alavancar as vendas. Ele citou o caso do sambista Zé Kéti. Na década de 1930, o músico se encantou por um modelo criado pelo pai de Almir, o sr. Moisés Romão, e passou a usar o modelo. Em pouco tempo, muitos sambistas e malandros da época aderiram à moda. O modelo do chapéu ganhou o nome do músico e até hoje é conhecido como “chapéu Zé Kéti”. O ator Antônio Pitanga é um fiel cliente da Chapelaria Alberto. De acordo com Carlos Eduardo, ele é um cliente antigo da chapelaria e compra na casa há mais de 20 anos. “O seu modelo preferido é o Panamá”, diz. Para Christiane Simões, a cultura de usar chapéu ultrapassa a questão econômica e social. “Recebemos pessoas de vários níveis, desde aquele que conta o dinheiro para comprar até aquele que estaciona o carrão na porta da loja e vai escolhendo seus modelos preferidos”. Ela acredita que, independente de classe social ou moda, o importante é a pessoa se sentir bem com o acessório. fabíola buzim fabiolabuzim@gmail.com

Está difícil encontrar roupas nos tamanhos especiais GG e GGG? A DSBH Confecções oferece um tratamento personalizado e é especializada em roupas de tamanhos grandes. Lá você também encontra grandes promoções, como camisas sociais a R$ 39,90, calças jeans a R$ 54,90 e a camisa da seleção brasileira de futebol (malha e algodão) no valor de R$ 29,90. Vá e confira! Rua da Alfândega, 178, Centro. Quer comer bem e ainda economizar? O Big Ling Lanchonete e Restaurante serve uma variedade de pratos, lanches, pizzas, salgados e pastéis. E tudo é muito gostoso, fresquinho e com um preço bacana. Por exemplo, o yakisoba de carne ou frango (porção grande) sai por apenas R$ 10. As pizzas saem por R$ 7, a pequena, R$ 12, a média, e a grande por R$ 15. Os pastéis são vendidos por R$ 2,30 (comum) ou R$ 2,50 (chinês). O Big Ling fica na Rua Uruguaiana, 166, próximo à estação de metrô Uruguaiana. A calça precisa de um ajuste e você não sabe fazer uma bainha? Quer copiar o modelo de um vestido? Na Estação Costura você encontra uma variedade de serviços, como consertos de roupa, tingimento, lavanderia e costuras em geral. Os preços são variados: bainhas a partir de R$ 18, o cerzido oscila de R$ 16 a R$ 20 e os ajustes a partir de R$ 22. Se levar acima de cinco peças recebe um bom desconto. A

Estação Costura fica na estação de metrô Uruguaiana e funciona de segunda a sexta, das 8h às 18h. Na internet: w w w. e s t a c a o c o s t u r a . com.br Vai abrir o seu próprio negócio e montar um salão de beleza? Na loja Show Room Cabeleireiros você encontra diversos produtos utilizados pelos profissionais de beleza: escovas, shampoos, materiais para fazer unhas. Os preços variam e tem muitas promoções. O kit Sfera (shampoo, condicionado e creme de massagem) sai por R$ 25,65. O condicionador da marca Oxyless sai a R$ 6. Levando três frascos você paga apenas R$ 10. O esmalte Risqué custa R$ 1,50, o algodão (25 g) sai por apenas R$ 1,10, a acetona (½ litro) por R$ 6,30, lixa de unha a R$ 0,12, a unidade. Vá lá e confira: Rua Alexandre Mackenzie, 21, loja 01, Centro. Sabe onde encontrar um self-service por apenas R$ 16,50, o quilo? No Restaurante Delícia Milenar você paga esse preço até às 14h. Depois disso, o valor baixa para R$ 14,50. Se for almoçar mais tarde paga mais barato! O bufê é variado: pratos quentes e frios, carnes, frangos, peixes, saladas e folhas, além de gostosas sobremesas. O restaurante fica na Rua Buenos Aires, 104-A, Centro, próximo ao metrô Uruguaiana.

da redação


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cidade

Hora da Providência O ponto de vista de um morador sobre a criação de uma UPP no Morro da Providência Um grupo formado por 150 homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e 100 soldados da Polícia Militar, cujo norte está em preparar o Morro da Providência para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora, iniciou os trabalhos no dia 22 de março. Com relação à ocupação, Maurício Hora, nascido e criado na comunidade, é categórico: “Vejo essa ação como uma oportunidade de segurança para quem vive no asfalto”. O fotógrafo teve seu trabalho muito difundido em 2009, ano da França no Brasil, quando expôs, em alguns pontos-chave da cidade, suas fotografias, trabalhando em parceria com o fotógrafo francês J. R. Segundo Maurício Hora, a maioria dos moradores acha a entravada da UPP interessante pelo fim dos tiroteios, mas não pela presença da polícia. O artista estima que talvez em 10 anos essa imagem possa vir a mudar, dependendo da ação da polícia hoje. “Li uma nota no Globo dizendo que três mil famílias seriam removidas do Morro da Providência. O detalhe é que três mil casas significam o morro inteiro”, preocupa-se o morador. Maurício Hora já realizou exposições de sua obra fora do país e experimenta, atualmente, o reconhecimento de seu trabalho artístico: “Já saí do morro, mas entendi que eu precisava ficar. Se posso transformar de alguma forma essa realidade, preciso estar por perto, ver o que está acontecendo e me pronunciar. Quando questionado sobre o nível de violência no dia a dia do morro, Maurício afirma que a polícia ainda não é uma categoria confiável para a maioria dos habitantes da Providência: “Já tínhamos um grupo da

polícia instalado, o Grupamento de Policiamento em Áreas Específicas (Gpae), grupo da polícia que, em dois anos, já matou entre 43 e 46 pessoas. O problema é que os policiais desse grupo alegam que a morte foi em combate e por isso não há processo criminal. São os chamados autos de resistência”, denuncia Maurício. O artista visual conta que, na Páscoa, o Bope ofereceu peixe e bombom aos moradores: “O tráfico sempre fez isso. Agora, o tráfico nunca coagiu ninguém. O exército ocupou o Morro da Providência por duas vezes, com mais de mil homens. Eles forjaram um tiroteio, saíram atirando aleatoriamente em caixas d’água e inocentes”, indigna-se Maurício. No entanto, de acordo com o fotógrafo, morro ocupado não é lucrativo para os policiais, já que, segundo ele, a maioria ganha um ordenado extra com a corrupção. A instalação de UPPs impede esse processo, já que insere novos grupos de policiais, desacostumados com essa realidade. “Muitos policiais estão se afastando. E isso é bom. Afinal, de que adianta pagar um segurança e ter carro blindado? Uma hora você vai ter que abrir o carro, parar no sinal... É melhor cortar o mal pela raiz”, diz Maurício. Apesar de atuar no social, Maurício Hora não participa da associação de moradores: “Atuo no social, mas nunca quis me envolver com a política social oficial do Morro da Providência, como a associação de moradores. Prefiro manter a minha independência e atuar através do instrumento que acredito: a arte”. Maurício observou dificuldades da parte dos moradores em identificar a liderança na comunidade: “Tive uma reunião com o coronel do Bope. Ele se diz respon-

Sacha Leite

O fotógrafo Maurício Hora em frente à exposição da sua obra, no Centro Cultural Ação da Cidadania

sável pela operação, mas, na realidade, lá estão o Batalhão de Choque, o Bope e a Polícia Civil. Então a comunidade fica na dúvida: quem manda agora?”. No entanto, é o quesito segurança pessoal que mais assusta Maurício e os demais moradores do local: “As drogas e armas não são fabricadas no morro. Os traficantes estão saindo dos morros pacificados e indo para o subúrbio. O pessoal do Bope está arrombando as casas e deixando as portas abertas. Já o tráfico não revistava nem arrombava a casa de ninguém”, compara. Ele acredita que se a polícia mantiver o processo e, ocorrendo tudo bem, em dez anos a imagem da categoria será percebida de outra forma: “A cultura da favela é muito antiga. Transformar esse processo de uma hora para a outra é muito difí-

cil. Nunca houve policia- tamos em estado de sítio, mento decente no morro. mas às vezes é o que paAcho improrece. Alguns vável que a moradores polícia conjá receberam siga fazer o ameaças de controle que madrugada”. o tráfico faO fotógrazia: atuar sofo adquiriu bre as brigas uma casa no na favela, Morro da sobretudo as Providência familiares”, com o colega preconiza. J. R., batizaMaurício da de Casa afirma que Amarela. O a Polícia Cilugar sediavil deveria rá a Favelarestar legitite, entidade mando o cicriada por dadão, e diz Maurício: que gostaria “Trata-se de de saber do uma casa de delegado cultura denMaurício Hora quais são os tro do mordireitos dos ro, que está moradores recebendo ao longo desse processo o primeiro cineclube da de aplicação da UPP: “A Providência, além de um comunidade precisa sa- núcleo de pesquisa que preber a quem recorrer. Fui tendemos levar para diverinformado de que não es- sas outras comunidades”.

“De que adianta pagar um segurança e ter carro blindado? Uma hora você vai ter que abrir o carro, parar no sinal”

Secretaria de Segurança prevê 15 UPPs até o final de 2010 O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, anunciou que mais nove Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) serão instaladas na cidade até o final de 2010. De acordo com o secretário, as comunidades que serão ocupadas estão localizadas no Centro e na Zona Norte do Rio: “A ocupação dessas áreas já está planejada e a previsão é de inaugurar nove UPPs até dezembro”, garantiu Beltrame. Para o secretário de Segurança, a prometida ocupação de morros da Tijuca irá acontecer em breve: “A cidade se prepara para a revitalização do Porto. Não podemos ter aquela área sem a polícia pacificadora. A ocupação dessa região estava planejada. Já pensávamos na revitalização do Centro do Rio e, principalmente, da Central do Brasil. Por ali passam diariamente cerca de 600 mil pessoas”, informou. “A Tijuca vai ser ocupada conforme prometido. Não houve nenhum desvio de planejamento”, completou o secretário. Com as novas ocupações, o Rio irá obter, no total, 15 UPPs. Atualmente, contam com a polícia pacificadora as favelas Dona Marta, Jardim Batam, Cidade de Deus, Chapéu MangueiraBabilônia, Cantagalo-Pavão Pavãozinho e Ladeira dos Tabarajaras. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, as 15 UPPs utilizarão um efetivo de 3.850 policiais e irão beneficiar a vida de aproximadamente 210 mil moradores de 59 comunidades.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


cidade abril de 2010

morro da conceição Uma Glória no Morro da Conceição A tradição religiosa do Morro da Conceição vem de longa data. A primeira igreja foi construída em 1590 e deu o nome ao Morro. De lá para cá, muitas mulheres importantes fizeram história nesse bairro. Dona Glória Barbosa Scherer é uma delas. Simpática, sorridente e com um olhar aristocrático, dona Glória é casada com o senhor Ernani Pinto Scherer, militar da fortaleza do Morro da Conceição. Com um português impecável, ela conta que é formada em Letras e conserva o hábito da leitura. Dedica sua vida à família e também à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que fica a apenas 30 metros de sua residência. Dona Glória, filha de portugueses, veio para o

para celebrar as missas de domingo, que são rezadas sempre às 9 horas da manhã. Muitas vezes ela tem que buscar o padre convidado em bairros mais distantes. Dona Glória herdou dos portugueses “a arte de economizar”, e conseguiu até arrecadar dinheiro suficiente para uma pintura nas paredes e mais algumas coisas de que a igreja necessita. Infelizmente, não conseguiu o suficiente para a troca do madeiramento do telhado, que está infestado de cupins. Como é uma obra dispendiosa, ela pede ajuda para o Iphan, aproveitando a previsão de intervenção do órgão no Morro. Que venha logo o socorro para a nossa igreja, porque os cupins não esperam e continuam seus “trabalhos” noite e dia sem parar, sem parar, sem parar. Entre reclamações e interessante bate-papo, ela contou que, antigamente,

Dona Glória protetora da igreja

Morro da Conceição com apenas três anos de idade. Sua família era bastante religiosa e sua mãe dedicou uma vida à igreja. Quando ela faleceu, aos 87 anos, a igreja foi, por algum tempo, administrada pelo senhor Moacir, mas a tradição falou mais alto e dona Glória, então, seguindo os passos da mãe, assumiu a missão. Entre muitas tarefas de dona Glória, uma delas é conseguir um padre

havia muitos casamentos na igreja até que, um dia, uma noiva que lá casou foi muito infeliz no casamento e nunca mais houve noiva que quisesse casar lá de novo. Essa é uma breve história de uma mulher de fibra que vive entre tantas outras lutadoras anônimas no Morro da Conceição.

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com

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Ordenamento urbano restringe churrasquinho Guarda Municipal dá início à operação de controle urbano na região da Rua Larga Sacha Leite

Quatro dos seis homens da Guarda Municipal que fizeram parte da primeira operação de ordem na região da Rua Larga

Seis homens da Guarda Municipal iniciaram a operação de ordenamento urbano na região da Rua Larga, no dia 14 de abril. Segundo eles, a ouvidoria da prefeitura teria recebido reclamações quanto ao churrasquinho irregular e à urina que os comerciantes precisariam limpar pela manhã. Além disso, a equipe, que segue orientações da Secretaria de Segurança, pontuou que o restaurante ML Bar, em frente ao Beco das Sardinhas, não possuiria alvará que permitisse a utilização de mesas e cadeiras ao ar livre. Segundo a polícia, nenhum material foi apreendido nessa primeira investida. De acordo com o grupo, o objetivo é a conscientização: “Não apreendemos nada. Demos a oportunidade dos irregulares agirem diferente da próxima vez”, alegou o comandante da inspetoria do Centro da cidade, Itahassi Júnior. “Mas da próxima vez não tem conversa”, fnaliza. Enquanto a reportagem da Folha da Rua Larga entrevistava o comandante,

uma senhora que se disse vendedora da loja da igreja se aproximou e disse: “Acaba com o nosso churrasquinho não, moço!”. Itahassi respondeu que a ação da polícia teria vindo em consequência da denúncia dos próprios frequentadores da região, alegando que o público usuário do churrasquinho costumava urinar na parede da igreja e das lojas. Ainda segundo a denúncia, no dia seguinte, os comerciantes e colaboradores da igreja se viam obrigados a limpar toda a sujeira depositada durante a noite. A funcionária da igreja, que preferiu não se identificar, argumentou: “Eles fazem as necessidades de qualquer forma, com ou sem churrasquinho, tem gente que faz até sexo aí. Eu sou funcionária da igreja, sou vendedora da lojinha e digo: não tire o nosso churrasquinho”, e se retirou. O chefe da operação exclamou: “Vai entender...”, se referindo ao conflito de demandas. Itahassi Júnior informou que houve um atraso no planejamento das ações da polícia devido às chuvas,

mas que se tratava do primeiro dia de ação na região, por tempo indeterminado. O comandante avalia que o objetivo do primeiro dia de trabalho na área foi cumprido: “Tivemos êxito em desobstruir a via. O passeio público precisa estar livre para que se cumpra o direito do cidadão de ir e vir”. Ele lembra qual é, em sua opinião, o verdadeiro papel da Guarda Municipal: “A função da guarda é cuidar da cidade e dos cidadãos que nela vivem ou visitam. Não é nossa missão tomar nada de ninguém”. Ele diz que, somente pela presença da Guarda Municipal, a população já costuma se sentir protegida: “É a sensação de segurança. Só por estarmos aqui, as pessoas já andam nas ruas mais tranquilas, com certeza”. Os demais guardas disseram à reportagem que gostariam de saber a opinião da população em geral sobre o trabalho da Guarda Municipal. Eles demonstraram que estão acompanhando o projeto de revitalização do Centro do Rio: “Vão fechar a Avenida Rio Branco em

junho para testar o projeto de fechamento da via para carros”. Os donos do ML Bar, Marcos e Lourdes, disseram que vão procurar o Polo Empresarial Nova Rua Larga para chegar a uma solução comum, que pode beneficiar não somente o casal, mas um maior número de comerciantes: “O seu Augusto já tinha falado conosco que podemos juntos pensar em como melhorar. Vamos marcar uma reunião, pois juntos temos mais força”, concluiu Lourdes. Na primeira semana de “choque de ordem” da gestão da atual prefeitura na cidade do Rio de Janeiro, em janeiro de 2009, foram apreendidos 230 mil quilos de mercadoria ilegal e lixo, 257 moradores acolhidos, cerca de 1,3 mil veículos multados e 280 rebocados. Desta vez, segundo a equipe da Guarda Municipal, nada foi apreendido da Avenida Marechal Floriano e arredores.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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gastronomia

Como manter a forma nas proximidades do Beco das Sardinhas Mundo Verde oferece opções saudáveis para a hora do almoço Ana Carolina Monteiro

Conhecida pela venda de produtos naturais, a loja Mundo Verde tem franquias espalhadas por todo o país. Em 2001, foi a vez do Largo de Santa Rita ganhar uma franquia da marca. A loja cresceu muito desde então, e vem se tornando o local predileto de almoço para aqueles que buscam se manter em forma ou simplesmente seguir uma alimentação saudável. Há menos de um ano, a casa diversificou seus produtos e passou a oferecer variadas opções para almoço. Além dos tradicionais salgados naturais expostos na lanchonete, o cliente pode escolher entre dezenas de opções de pratos congelados, todos feitos à base de produtos naturais. Um detalhe é que todos os pratos informam o valor calórico exato que o cliente está consumindo, uma ajuda e tanto para quem procura controlar o consumo diário de calorias. Outro ponto a favor é o preço, bem acessível. A refeição não sai por mais de R$ 12. Há opções para todos os gostos, de massas a pratos à base de peixe, frango, carne e vegetarianos. O tempo de descongelamento é de aproximadamente 10 minutos. No horário de pico, o cliente pode ter que aguardar um pouco pela refeição, mas nada que ultrapasse 15 minutos de espera. Apesar de congelada, a comida é bem fresca e saborosa. Os pratos vêm, porém, com pouco tempero, mas os clientes podem se servir de azeite, pimenta, e outros molhos, que ficam à disposição nas mesas. Entre os pratos congelados, os mais pedidos são a panqueca de frango com arroz integral e creme de milho e o filé de frango à parmegiana, com arroz integral e creme de espinafre. Boas opções de massa são a lasanha de

Balanceado e light: panqueca de frango, arroz integral e cenouras Ana Carolina Monteiro

A loja oferece grande variedade de salgados integrais

frango e o nhoque de aipim à bolognesa. Entre os vegetarianos, há opções como a feijoada vegetariana, com arroz integral e couve à mineira, ou a panqueca de espinafre com ricota e panachê de legumes. Há também uma variedade de sopas e salgados integrais. Entre eles, podemos destacar o croissant de frango ou peru com requeijão. As sobremesas, da linha diet e light, são um sucesso, com destaque para a torta alemã diet, a preferida da clientela. A gerente Marli Ribeiro, dona da franquia desde 2007, explica que o aumento na venda tanto dos pratos congelados como dos produtos oferecidos na loja se deve, principalmente, ao crescimento do número de pessoas preocupadas com a silhueta: “Temos muitos clientes que procuram nossos produtos preocupados em manter

uma alimentação saudável, mas também há clientes que vêm aqui influenciados por modismos, à procura de milagres para emagrecer. Um exemplo é a ração humana, o produto que mais vendemos atualmente, mas que muitas pessoas compram sem saber do que se trata. A nossa preocupação, nesses casos, é informá-los sobre os produtos para que saibam o que estão consumindo”, afirma a gerente. Além de manter um nutricionista à disposição dos clientes em cada loja da franquia, o Mundo Verde também estimula seus vendedores a transmitir informações nutricionais. Cida, funcionária desde a abertura da loja, em 2001, conhece a fundo todos os produtos, como também os frequentadores do local: “Tem cliente que vem aqui todos os dias, principalmente

no início da semana, quando a loja fica mais cheia. Além de atendê-los, acabo conhecendo a vida deles, ouvindo seus problemas pessoais”, conta. A loja recebe, em média, 500 pessoas por dia, à procura de lanches, refeições ou dos cerca de 30 mil itens oferecidos na loja. O mix de produtos inclui desde alimentos diet, light, integrais, orgânicos, sem glúten ou lactose a complementos alimentares, livros, CDs, incensos, cosméticos, presentes alternativos e outros produtos voltados para a saúde e o bem-estar. Diversas iniciativas revelam a preocupação da rede com a questão da sustentabilidade socioambiental, a começar pelos uniformes dos funcionários, que são feitos com fibras de garrafas PET. A filosofia “verde” ganhou tantos adeptos que a rede,hoje soma 150 lojas em 20 estados do país, além de uma franquia internacional em Portugal. “Fazemos um trabalho intenso de marketing aqui na região para mantermos nossos clientes fiéis e atrairmos novos seguidores. Temos um funcionário, o Luis Fernando, responsável pelos contatos telefônicos com usuários e com as empresas conveniadas”, afirma Marli. O Mundo Verde oferece ainda um serviço gratuito, o Alô Nutricionista, disponível pelo telefone 0800 022 25 28, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, ou através do portal www.mundoverde.com. Largo Santa Rita, 12 – Centro Fone: (21) 2263-2812 2ª a 6ª, das 9 às 19h. Todos os cartões de crédito são aceitos.

karina howlett karina.martin@light.com.br

receitas carol Neste mês, não tem como não se pensar em chocolate! E quando o coelho é generoso, são tantos, que sempre sobram para os meses seguintes. Mas para quem quer variar um pouquinho, uma boa opção é usá-los como ingrediente das receitas. Vamos aproveitar aqueles chocolates que ficaram esquecidos na prateleira da cozinha e transformá-los em trufas: um bombom cremoso, com sabor delicado e viciante. Consideradas o ouro negro da chocolateria, as trufas, produzidas artesanalmente, receberam este nome em analogia a um cogumelo nobre e de sabor refinado. Parece que a primeira trufa de chocolate surgiu do erro de um chef

patissier da corte austríaca, no fim do século XIX. Preparando uma das sobremesas para o banquete em honra a um príncipe russo, uma falha fez com que ele inventasse a iguaria. Diante do enorme sucesso das trufas entre os convidados ilustres, ele tentou por vários dias seguintes repetir o erro até conseguir refazer aquelas joias de chocolate. Desde então, nada as supera dentre os bombons mais sofisticados do mundo. Podemos usar a criatividade e colocar diferentes sabores nessa iguaria, acrescentando bebidas alcoólicas como whisky, licor, ou ainda essências de nozes, avelã e baunilha.

Trufas de chocolate ACP

Ingredientes 260 g de chocolate meio amargo 200 ml de creme de leite fresco 50 g de cacau em pó Modo de preparo Aqueça o creme de leite e misture o chocolate em pedaços. Acrescente uma

colher de sopa de bebida alcoólica ou ½ colher de chá de uma essência. Deixe esfriar por alguns minutos e coloque num saco de confeiteiro, faça bolinhas e deixe na geladeira por uma hora. Passe no cacau e conserve em local fresco por até cinco dias ou na geladeira, por 15 dias.

ana carolina portella carolnoisette@hotmail.comr


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lazer

Maneiras de dizer a verdade na tela Festival É Tudo Verdade movimenta o Rio com histórias reais e polêmicas Divulgação

Documentário é uma linguagem audiovisual que procura desvendar o real, se distanciando da narrativa ficcional. A procura por pontos de vistas sobre temas específicos, para provocar questionamentos nos espectadores, é um método muito utilizado. As técnicas de entrevista e outras metodologias foram discutidas no debate “Documentário hoje”, promovido no dia 16 de abril, dentro da programação da 15ª edição do festival de cinema É Tudo Verdade, que aconteceu de 9 a 18 de abril no Rio de Janeiro. Na mesa, estavam presentes os cineastas internacionais convidados, Dirk Simon (EUA) e Marcin Jan Krawczyk (Polônia). O debate foi moderado pelo jornalista e crítico Carlos Alberto Mattos. De acordo com Dirk Simon, diretor do filme Quando o dragão engoliu o sol, a forma de se pensar os documentários vem mudando, inclusive influenciado pela linguagem da televisão. Ele vê isso de modo negativo e afirmou que é reflexo de uma sociedade cada vez mais acelerada. “Passamos por muitas mudanças sociais e hoje somos todos menos pacientes”. Para ele, a sétima arte e o teatro ainda são instrumentos de desaceleração, um escape do sistema, pois exige de seu espectador um tempo maior de concentração, sem a ditadura dos controles remotos.

Simonal – Ninguém sabe o duro que eu dei, de Claudio Manoel, foi exibido na 14ª edição do festival

Já o cineasta Marcin Jan Krawczyk, diretor de Seis semanas, admitiu que, muitas vezes, os cineastas precisam escolher entre fazer um filme para o mercado ou arriscar um produto não comercial. Ao escolher a segunda opção, os produtores esbarram na questão: como produzir e circular esse produto? Marcin alegou que os espaços para exibição do gênero se limitam aos canais educativos e aos festivais. No Brasil, por exemplo, apenas a TV Brasil e a Cultura exibem o gênero e não existe uma produção significativa nas TVs abertas. Para Marcin, quando os diretores optam por fazer um produto não comercial vão de encontro ao desejo do público que está acostumado aos roteiros de ficção e filmes blockbusters. Segundo o diretor, não há um apelo e, consequentemente, não há muito espaço para esse tipo de arte.

Documentário versus reality show Outras questões foram levantadas pelos ouvintes, como a comparação entre o documentário e os realities shows, tão populares atualmente. Para os debatedores, os realities se inspiram nos documentários, mas, na essência, são formas superficiais de se retratar uma realidade. Querem ser diretos, mas caem na vulgaridade e no fetiche. O avanço tecnológico alavancou a produção audiovisual e influenciou muito na maneira de se pensar e produzir, ampliando as formas de se conceber um filme. Para Dirk Simon, existem infinitas possibilidades de se fazer um documentário: “Acho que, essencialmente, fazer um documentário é quando você conta uma história honestamente, sem muitos artifícios. É contar uma história de uma forma honesta”. De acordo com o realizador, os realities

LIGUE. ACESSE. ANUNCIE.

não se enquadram nesse conceito. Ele exemplificou relatando sobre o processo de produção de Quando o dragão engoliu o sol. Dirk ficou sete anos captando imagens e realizando entrevistas no Tibete, mas foi entender de fato o que queria expor no último ano. O filme fala sobre os conflitos sociais, políticos e espirituais daquele país. O festival É Tudo Verdade, criado por Amir Labaki, aconteceu de 8 a 18 de abril, em São Paulo, e de 9 a 18 de abril, no Rio de Janeiro, e teve como objetivo promover o documentário e proporcionar uma maior reflexão sobre o gênero. Durante o festival, foram exibidos 72 documentários, dos quais 32 participaram das mostras competitivas, selecionados entre mais de mil títulos inscritos. fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com

baú da rua larga Quando o Imperial Colégio de Pedro II substituiu o Seminário de São Joaquim Com belas instalações, o Seminário de São Joaquim, situado na Rua Larga, trazia uma novidade: a presença de alunos de famílias abastadas, que podiam pagar pela permanência deles. O maior número de vagas, entretanto, era reservado aos órfãos, que, de certa forma, não estudavam completamente de graça, pois prestavam serviços ao seminário, como o acompanhamento de enterros em troca de dádivas, par-

ticipação no coro da igreja e outros, como o pedido de esmolas nas ruas. As aulas básicas eram o latim e o cantochão e o traje dos alunos, tanto órfãos como abastados, constituía-se de uma túnica branca, cinta preta e uma cruz vermelha no lado esquerdo da manga. Em 2 de dezembro de 1837, aniversário do imperador D. Pedro II, o regente Pedro de Araújo Lima, que seria Marquês de Olinda, transformou o Seminário em Imperial Colégio de Pe-

dro II. Era um Rio de Janeiro bem diferente, com grande número de chácaras e pequenas e poucas residências urbanas. Ali perto, no Morro do Livramento, ficava, por exemplo, a chácara onde nasceria o menino Joaquim Maria Machado de Assis dois anos depois. Um detalhe interessante é que o próprio imperador ia pessoalmente participar dos exames anuais dos alunos. O colégio continua lá e por ele passaram figuras ilustres da vida brasileira, como o sanitarista Oswaldo Cruz, expresidentes como Nilo Peçanha e Rodrigues Alves e escritores como Lima Barreto e Manuel Bandeira. Algumas filiais também funcionam na cidade, como no Humaitá, em São Cristóvão e Realengo. Já as igrejas de São Pedro e São Joaquim... Bem, estas foram arrasadas pelo rolo compressor da modernidade, que deu origem, entre outros caminhos, à Avenida Presidente Vargas, bem mais larga do que a antiga Rua Larga, nome pelo qual muita gente ainda chama a Avenida Marechal Floriano.

andré luis mansur andreluismansur@yahoo.com.br

(21) 2233 36900 www.folhadarualarga.com.br

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CCL em ebulição com os Fevers

dicas da cidade Outro Rio de Janeiro Aulas expositivas e visitas guiadas por lugares emblemáticos da cultura carioca. Essa é a proposta do Trilhas Urbanas, curso ministrado por Antônio Agenor Barbosa e Juliana Rodrigues no Centro Cultural Justiça Federal a partir de 6 de maio. A ideia é promover o encontro do carioca com a sua própria cidade por meio de aulas in loco a lugares representativos da cultura urbana carioca que não constam nos roteiros turísticos tradicionais. O Passeio Público, a comunidade Tavares Bastos e o Quilombo Sacopã estão entre os lugares eleitos para visitação. O CCJF fica na Avenida Rio Branco, 241, Cinelândia João do Rio revisitado A alma encantadora das ruas, obra de João do Rio, ganha versão bilíngue e

ilustrada. O inglês Mark Carlyon traduziu o livro com a preocupação de se manter o ritmo e transpor as figuras de linguagem para os nativos da língua inglesa e o artista plástico Waltercio Caldas ilustrou a obra buscando levar novas experiências sensoriais ao leitor. O lançamento estreia a

coleção River of January, idealizada pelo Instituto Light e publicada pela Editora Cidade Viva, que reúne as dez obras mais representativas do espírito carioca. O lançamento será no dia 6 de maio, véspera da posse de João do Rio como imortal, na própria Academia Brasileira de Letras, às 17h30. Batucadas Brasileiras abre turmas Estão abertas até 20 de maio as inscrições para novas turmas do projeto Batucadas Brasileiras, que, há cinco anos, vem capacitando jovens de baixa renda do Rio na arte da percussão. Para a nova etapa de aulas, que terá início no dia 24 de maio, estão disponíveis 120 vagas, destinadas a jovens de 14 a 25 anos, matriculados na rede pública de ensino. Os alunos que se destacarem nas oficinas farão parte de um grupo-show, que

interpretará composições exclusivas de Moacyr Luz e Luiz Galvão. As inscrições podem ser feitas de segunda a sexta-feira, entre 9h e 18h, na Rua Camerino, 60, Saúde.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Reestreia do projeto Terças Musicais é marcada pela energia do quinteto Sacha Leite

O projeto Terças Musicais reestreou no dia 23 de março com o show do quinteto The Fevers. O grupo, formado há quatro décadas e meia, tem no currículo tanto composições como Uni duni tê, gravada em 1984, no álbum Trem da Alegria, quanto discos com personalidades consagradas da MPB, como Roberto e Erasmo Carlos, Wilson Simonal e Jorge Ben Jor. Eleitos “o melhor conjunto para bailes” em 1968, eles reabriram o projeto de apresentações a preços populares no Centro Cultural Light. O resultado: um auditório lotado e vinte pessoas do lado de fora, como a aposentada Antônia Maria de Mendonça: “Vi um show deles há dois meses. Eles são muito animados”, declarou a senhora, ainda torcendo pela liberação de mais assentos pela produção. Guitarra, baixo, bateria, teclados e um vocalista super rock n’ roll. Vestindo jeans, bata e um lenço na cabeça, Luis Cláudio teve “nas mãos” todo o público que lotou o teatro do Centro Cultural Light. A plateia numerosa se soltava mesmo nas cadeiras. Alguns levantavam para dançar à vontade, com direito a palmas e pulos. Por volta da metade do show, os Fevers prestaram uma homenagem a John Lennon. Luis Cláudio lembrou que, 30 anos antes, o ex-Beatle buscou transmitir uma mensagem de paz através da canção Imagine. Nesse momento, o auditório virou um grande coral: “Imagine all the people / Sharing all the world”.

Guitarra, contrabaixo, bateria, teclados e um vocalista bem rock n’ roll: os Fevers superlotaram o CCL

Do dançante às baladas românticas Quando a música era animada, o público levantava e esquentava o salão. Já quando se tratava de uma canção romântica, balançavam as mãos no ar junto com o ritmo e acompanhando a melodia. “Psicodélico, feliz, alto astral. Impossível sair de mau humor de um show como esse”, definiu o aposentado Jefferson dos Santos, morador da Vila da Penha. Luis Cláudio, percebendo a energia dos espectadores, brincou: “A gente vai dar uma paradinha porque estamos percebendo que vocês estão cansados. Estão?”. E todos: “Nããão!”. E ele: “Então, a partir de agora, o show é de vocês! O que vocês querem? O que vocês querem?”. E todos em coro: “Mar de rosas!”. A plateia cantou afinada: “Você bem sabe / que

eu não lhe prometi um mar de rosas / Nem sempre o sol brilha / Também há dias em que a chuva cai...”. Nesse momento, havia quinze pessoas em pés, dançando, gesticulando, cantando juntas, completamente contagiadas com a energia dos Fevers. Revival até para os mais novos Para quem foi criança na década de 1980, The Fevers também significa nostalgia. “Qualquer festa no play que se prezasse tinha que ter Trem da Alegria interpretando com os Fevers ‘Uni duni duni tê, salame mínguê, sorvete colorê, sonho encantado onde está você?’ ”, disse a produtora de eventos Alexia Ramos, que aproveitou o horário de almoço para prestigiar o grupo que conheceu através dos pais. Para aqueles que nasceram

Dez marcos na história dos Fevers 1. 1964 – Criação da banda The Fenders, com seis integrantes 2. 1965 – Troca de nome para The Fevers. Protagonizaram o filme Na onda do iê iê iê 3. 1966 – Gravação do primeiro LP Vamos dançar com o let kiss 4. 1968 – O grupo foi eleito “o melhor conjunto para bailes”. Gravação do LP Os reis do baile 5. 1979 – Michael Sullivan passou a integrar o grupo 6. 1982 – A canção Elas por elas, interpretada pelos Fevers, abre novela na TV Globo 7. 1984 – Participação na faixa Uni duni tê, em álbum do grupo infantil Trem da Alegria 8. 1986 – Michael Sullivan sai dos Fevers 9. 1990 – O grupo passou por diversas formações 10. 2005 – Gravação de DVD em homenagem aos 40 anos da Jovem Guarda

antes, a lembrança ainda é mais completa: o grupo foi um grande representante do movimento Jovem Guarda, tal como os Golden Boys. “Vamos voltar a 1965 e relembrar a Jovem Guarda. Menina linda com aquela gaitinha típica. Seguida de Era um garoto e de Whisky a go-go solada pelo tecladista Miguel Ângelo. Lembrando discoteca Somente quando a apresentação chegava ao final, os dinossauros do rock puxaram a aguardada Uni duni tê, de 1985, gravado pelo Trem da Alegria, e, anos mais tarde, pela apresentadora de TV Xuxa Meneghel. E por último, Luis Cláudio puxou uma canção de Roberto e Erasmo Carlos, entoada por todos no salão, como um mantra do otimismo: “Toda pedra do caminho / Você pode retirar / Numa flor que tem espinhos / Você pode se arranhar / Se o bem e o mal existem / Você pode escolher / É preciso saber viver”. CDs e DVDs estavam sendo vendidos a módicos R$ 10 e R$ 20, respectivamente.

da redação redacao@ folahadarualarga.com.br


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