Folha da Rua Larga Ed.22

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Sacha Leite

Reconhecimento ao ensino público de qualidade O Colégio Pedro II, unidade Centro, comemorou o resultado no Ideb, que colocou a instituição federal como a melhor do Estado e a segunda melhor do Brasil.

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Ações artísticas nas ruas da cidade enfatizam o charme do Centro

folha da rua larga

Pincel na mão e um ideal na cabeça: o pintor B. de Paula pinta nas vias públicas ao som de chorinho ou bossa nova. Inspirado pelo Rio Antigo, ele abriu um espaço Página 15 cultural na região.

folha da rua larga RIO DE JANEIRO | AGOSTO – SETEMBRO DE 2010

opinião

A arte de apresentar livros para as crianças

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 22 ANO III

Comunidade da Providência promove festa de debutantes coletiva em parceria com a 7ª UPP Felipe O’neill

João Guerreiro, coordenador de ações culturais do Centro Cultural Ação da Cidadania, descreve a experiência de levar livros e cinema para crianças da comunidade da Providência e convida os leitores interessados a doar livros infantis para o projeto. página 6

cidade

Recursos do FGTS aplicados na Zona Portuária Foi assinado um acordo entre a prefeitura do Rio e a Caixa Econômica Federal para que os recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) sejam utilizados para obras de revitalização, como a demolição do Elevado da Perimetral. página 13

gastronomia

Internacional, com acento espanhol página 14

16 jovens comemoraram seus 15 anos no último dia 14 de agosto. A grande festa, celebrada no Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa, reuniu policiais e a comunidade em um grande evento. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, compareceu ao local. página 5 Lielzo Azambuja

cultura

Sambas inéditos encontram espaço na Pedra do Sal Iniciado na Tijuca, o Movimento dos Compositores Samba na Fonte foi transferido em 2007, encontrando terreno adequado na Pedra do Sal. Todas as quartas-feiras, a partir das 19h, acontece o encontro dos sambistas, sempre com algo novo para mostrar. Estudantes de Cinema se inspiraram no local e produziram um páginas 8 e 9 curta-metragem sobre o berço do samba.


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nossa rua

Se essa Rua fosse minha

cartas dos leitores 10 anos de Sururu

Fabiola Buzim

“Eu reformaria os prédios e os pintaria nas cores verde e amarelo para deixar pronto para a Copa de 2014. Melhoraria a iluminação para deixar a região bem viva e abriria mais bares sofisticados. A Rua Larga viraria um ponto turístico.” Natalia Fernandes da Silva Gerente

Neste mês, o grupo de samba e choro Sururu na Roda completa uma década de existência. Envie um e-mail para leitor@folhadarualarga.com.br descrevendo seu gosto pelo samba. As melhores respostas ganharão convites para o show de aniversário do grupo no Centro Cultural Carioca. Promoção válida para respostas recebidas até dia 27 de setembro. Fabiano Salek Choque de Ordem

Fabiola Buzim

“Eu melhoria o sistema de drenagem e limparia os bueiros, pois quando chove é um desastre. As ruas ficam todas alagadas e em algumas ruas é impossível de passar, principalmente da Rua Carmelita para a Avenida Marechal Floriano.” Ezequiel Ribeiro Porteiro

Fabiola Buzim

“O trânsito da região é muito confuso. Por exemplo, o sinal que fecha para uma pista e abre para outra. Você atravessa a rua por prestação. Eu colocaria mais guardas de trânsito para orientar melhor os pedestres e os motoristas.” Elizangela Almeida Vendedora

folha da rua larga Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana

Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário

Lins

Margutti, Mozart Vitor Serra

Diagramação - Suzy Terra

Direção Executiva - Fernando Portella

Revisão Tipográfica - Raquel Terra

Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite

Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos

Colaboradores - Ana Carolina Monteiro, Ana

Impressão - Mávi Artes Gráficas Ltda.

Carolina Portella, Fabiola Buzim, Felipe O’Neill, João

www.maviartesgraficas.com.br

Guerreiro, Karina Martin, Lielzo Azambuja, Marina

Contato comercial - Teresa Speridião

Ayres Costa, Nilton Ramalho, Rosalva Almeida e

Tiragem desta edição: 5.000 exemplares

Teresa Speridião

Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

É repugnante o estado de abandono em que se encontra a área da Central do Brasil, incluindo o Terminal Américo Fontenelle, passando pela Gamboa e adjacências. Sem citar as ruas internas do Centro, como a Uruguaiana, Buenos Aires, etc. O que se encontra de lixo, camelô, mendicância, drogas e prostituição, às vistas de autoridades, como Guarda Municipal, PM e Polícia Civil, é inacreditável. Na Central, por exemplo, funciona o 5ª BPM. Como pode? Choque de ordem já! Rodrigo Teixeira Martins Santo Cristo Trabalho no Santo Cristo e observei que, desde janeiro, um poste de iluminação pública fica aceso dia e noite, na esquina das ruas Professor Pereira Reis e Cidade de Lima, ao lado de uma concessionária de veículos. É um absurdo pagarmos taxa

na conta de luz para o poder público desperdiçá-la dessa forma. Paulo Lisboa Neto Ordenamento urbano As avenidas Chile e Almirante Barroso precisam urgentemente de uma ação de ordenamento. Nesse corredor existem vários “pontos finais” de ônibus, pontos de ônibus piratas (em frente à cabine de polícia do BNDES), locais de carga e descarga irregulares (na direção do Largo da Carioca), estacionamento em fila dupla com flanelinha manobrando os carros, kombis-depósitos, que ficam paradas o dia inteiro, dentre tantas outras irregularidades. Em qualquer dia da semana é possível constatar a total ausência do poder público. Marcos Alberto Motta Xadrez Professores montaram um grande tabuleiro de xadrez no Largo da Carioca. Com a inibição dos adultos, os aprendizes mirins, que faziam parte de uma família de moradores de rua, foram destaque, para a admiração de todos. Esta aí é uma prova de que o nosso país desperdiça seres humanos, que se tivessem oportunidade poderiam ser grandes vencedores não só no xadrez, mas na vida. José C. de Carvalho

A Folha da Rua Larga acolhe opiniões de todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para: Rua São Bento, 9, sala 101, CEP 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br



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nossa rua folha da rua larga

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boca no trombone

Cliques Rua Larga Fabiola Buzim

Compra-se tempo para brincar A Copa do Mundo acabou, encalharam as bandeiras brasileiras, camisas e vuvuzelas. Os brasileiros ficaram com cara de “Bunga”. Mano Menezes, técnico do Corinthians, faz agora a Jabulani girar até 2014. Entram em campo novamente os problemas, começam novas esperanças. Vêm aí as eleições! Serra e Dilma empatados, com certeza haverá prorrogação e disputa de pênaltis. No Estado, Cabral está forte, como foi em 1500. A Rede Social cresce – um dia decidirá uma eleição. Vamos trabalhar! Vivemos na velocidade dos bites, não há tempo para refletir, falamos por e-mail sem olhar nos olhos. Temos tantas senhas para tantas coisas, menos para o que entra na nossa cabeça. Surpreendemo-nos, às vezes, cantando um jingle que ouvimos na TV, que não foi autorizado por nós para entrar. Respondemos a tantas vozes interiores, que não sabemos direito quem está falando dentro de nós: mãe, pai, professor, amigo, ídolo, chefe, todos juntos. Quem diz “sim” ou “não”, “posso” ou “não posso”, “devo” ou “não devo”? Qual de todas essas vozes, frases feitas, disquetes de valores é a nossa única voz? O que pensamos de fato? Somos uma carruagem, os cavalos, a emoção – para onde nos levam? O cocheiro é a mente – o que nos ordena? A carroça é o corpo que malha na esteira estática. Deveríamos ser o passageiro da nossa carruagem e ordenar ao cocheiro que toque os cavalos para onde queremos ir e não para onde nos levam as pressões diárias. O vazio que se sente na alma é da ausência de nós mesmos na condução de nossas vidas. O mundo muda tão rápido, corremos tanto, que

outro dia encontrei de frente com as minhas costas. Estou comprando tempo, horas que não tenho para não fazer absolutamente nada e assim, no momento mais distraído, poder me ver, me ouvir, me tocar, brincar e receber respostas a tantas perguntas que as insônias não respondem. Vemos, mas não enxergamos. Acordamos e escovamos os dentes começando sempre pelo mesmo canto da boca; tomamos banho, começando a lavar primeiro uma parte do corpo e terminando por aquela outra – a mesma rotina. No chuveiro, pensamos, não tomamos banho. No café, sentamos naquela mesma cadeira sem ver o quadro torto há meses na parede detrás. Saímos de casa sem ver detalhes novos do caminho – tudo é como se fosse um cenário estático de uma peça de teatro. E ainda queremos encontrar soluções novas para os antigos problemas. Só percebemos com intensidade o que nos choca na primeira página do jornal: um acidente, um crime, um ato de corrupção... No andar de cima no meu apartamento há uma festa de aniversário. Já cantaram Parabéns para você – cantamos sempre essa música, sem questionar. Há um falatório animado, uma alegria geral. Fico pensando nas pessoas que moram nos prédios, umas em cima das outras, que não se conhecem durante uma vida inteira. São mundos que se cruzam nos nossos mundos – linhas paralelas e juntas, perto e infinitamente distantes. Estamos longe de formar um time e eleger um técnico como o Bernardinho para nos orientar.

gabriel provocador gabriel@folhadarualarga.com.br

Cem alunos das oficinas de caratê organizada pela UPP da Providência viajaram para o 1º Torneio Zona Sul-Sudeste da Confederação Esportiva e Educacional Brasileira de Karatê, que aconteceu em Cubatão, SP, e voltaram com 50 medalhas. A ação foi possível através da parceria entre instâncias do governo e o apoio de entidades como o Instituto Light, a LBV e o Polo Empresarial Nova Rua Larga. Fabiola Buzim

Um olhar fugaz sobre a comunidade da Providência, com a torre da Central do Brasil no topo, ao fundo.


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nossa rua

7ª UPP organiza baile de debutantes comunitário 16 jovens da comunidade da Providência comemoram a chegada dos 15 anos em festa de gala A manicure Silvana Ferreira de Souza, de 32 anos, se surpeendeu quando a filha chegou em casa dizendo que teria uma festa de debutante. A princípio, pensou que a filha estivesse mentindo: “Quem iria dar uma festa de graça para gente pobre?”. A filha de fato não estava mentindo. Ela havia sido escolhida para o baile de debutante organizado pela 7ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência e pelo Centro de Referência Social (CRAS). Foram selecionadas 16 adolescentes para viver uma noite de sonhos e gala, e para estas moças, a noite de 14 de agosto de 2010 se tornou inesquecível. O comandante geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte, estava presente e afirmou que pretende levar a ideia do baile das debutantes para as outras onze UPPs do Rio. “A polícia vai atuar nessas comunidades como um cimento das segregações. Eventos como os de hoje demonstraram isso e serão reproduzidos”. A próxima data ainda não foi definida, mas, para o baile de 2011, já existe uma grande fila de espera. A iniciativa partiu do capitão Glauco Schorcht e o objetivo principal foi o de aproximar a comunidade dos trabalhos realizados pela UPP e fortalecer essa relação, com descontração. Ele buscou inspiração em suas próprias experiências quando era cadete e sempre era convocado para

participar fardado de festas de debutantes. O primeiro passo foi buscar o apoio do Centro de Referência Social (CRAS) e o patrocínio de empresas privadas. Ele convidou os comandantes e secretário de Segurança para compor o grupo dos chamados “príncipes de debutantes”. Maritza Macieira, coordenadora do CRAS, ficou responsável pela divulgação da festa na comunidade e por selecionar as adolescentes. Alguns critérios foram criados para a seleção, dentre eles ter um cadastro junto a um programa social do governo, estar matriculada em uma escola pública, ter um bom desempenho escolar e ter feito 15 anos recentemente. Ela explicou que a proposta era tão interessante que muitas pessoas não mostraram resistência para apoiar o projeto. Policiais fardados bailaram com as jovens aniversariantes “Eu fiquei boba, não acredito até agora que tudo isso seja para mim”, comentou Silvana, enquanto observava a filha, Dayana Souza da Silva, dançando no salão ao lado de um policial. Já a adolescente, exultante, comemorava o belo arranjo no cabelo e o vestido de gala. “É um momento que vou levar por toda a minha vida”, revelou emocionada. A dona de casa Lúcia Helena Santana da Conceição era só alegria e or-

Felipe O’Neill

O secretário de Segurança José Mariano Beltrame e 15 policiais dançam com as jovens da Providência

gulho. Ela se emocionou muito também ao presenciar a filha, Lucimar da Conceição Cardoso, que também completava 15 anos, dançando alegremente com o comandante da 7º UPP, Glauco Schorcht. Foi uma grande honra para ambos. A adolescente nasceu com um tipo específico de deficiência física e mental e por isso anda em cadeira de rodas e se comunica apenas através de alguns sons e gestos. O fato de ser cadeirante e mesmo assim dançar se tornou um dos mais significativos e comoventes momentos da noite. Na entrada do Centro Cultural José Bonifácio, um longo tapete vermelho guiava os convidados até o salão principal, onde estava a banda 190 da Polícia Militar. Muitos refletores, mesas, garçons, fotográfos e jornalistas, como numa típica noite de celebridades. O ponto alto da noite

foi quando as 16 adolescentes dançaram Danúbio azul, em uma espécie de rito de passagem, ao longo de 10 minutos, ao lado de 15 oficiais da polícia militar fardados, dentre eles o secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Vestidos com ternos brancos, o grupo de policiais era composto por onze comandantes de outras UPPs e mais três subcomandantes. O papel que desempenharam na noite foi muito especial para a maioria deles. O tenente Joacyr foi um dos “príncipes” e declarou que foi uma noite histórica e de quebra de paradigma. Segundo ele, o momento de descontração serviu para afastar a imagem repressora da polícia. “Quem iria imaginar uma festa de debutante envolvendo policiais e adolescentes de uma comunidade?”, questionou.

José Mariano Beltrame: “UPP não é o único caminho” Enquanto para as meninas era uma estreia, para o secretário de Segurança José Mariano Beltrame, foi apenas mais um baile que entrou em sua lista. “Já fui ‘príncipe’ pelo menos cinco vezes em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, cidade onde nasci. Acho que dou para o gasto”, brincou. Para ele, o evento tem um valor simbólico, considerando que muitas das famílias que estavam ali até pouco tempo atrás não tinham a oportunidade de sonhar. Ele atribuiu toda a realização ao esforço da própria comunidade e ressaltou que deveria ser um exemplo para a sociedade como um todo. Sobre a ação das UPPs ele afirmou que não pode ser considerada a solução de todos os problemas, mas apenas mais um dos caminhos para

ser seguido. “Temos muito o que fazer e outros projetos precisam ser concretizados. Necessitamos que a sociedade e a iniciativa privada participem mais”. Durante um mês as adolescentes tiveram aulas de dança com o coreógrafo Júlio Nascimento. As jovens sentiram um pouco de vergonha no início dos ensaios com os policiais, mas nos últimos encontros já estavam mais descontraídas. Para Martiza, foi um grande passo: “Este evento mexeu muito com a autoestima delas, mas não vai acabar por aqui. Foi incrível ver como as pessoas se animaram com esta possibilidade. Conseguimos o patrocínio e os moradores se encarregaram de ajudar, da decoração à escolha do buffet”. A noite terminou em grande estilo para todas as famílias. Após a valsa, o grupo pôde se divertir mais na boite improvisada. Debutar é um rito de passagem quando as adolescentes completam o décimo quinto aniversário e podem participar ativamente da sociedade. No entanto, para as 16 jovens e suas famílias, significou muito mais: “Foi um momento relevante em que elas tiveram a oportunidade de sonhar, mesmo que este sonho seja apenas o dançar de uma valsa”, definiu o familiar de uma das debutantes da Providência.

fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com


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opinião Como introduzir a leitura na vida das crianças Nilton Ramalho

No sábado, 31 de julho, fizemos mais uma sessão do Cineclube e o Sarau Providencial. Pela primeira vez este ano, em vez de subirmos de mototáxi, descemos na Central do Brasil, passamos por dentro da gare (a Gabriella, que é voluntária do Sarau, nunca tinha ido à Central – é mineira, recém-chegada ao RJ...), fomos para a Rua Senador Pompeu e, cheios de pompa, pegamos a Kombi para o Largo do Morro da Providência. Nivea e Gabriella protestaram – gostam de subir de moto, cabelos ao vento e bumbuns empinados – mas, com o choque de ordem, é melhor subir de Kombi. O trajeto mudou: a Providência agora tem até “mão” de subida e de descida... O choque de ordem me fez passar do transporte irregular individual para o coletivo... Mas vamos ao que interessa: chegamos à Providência por volta das 17h30. Apenas uma criança no Largo da Escadaria e o Maurício Hora sozinho tentando montar os equipamentos. As moças colocam o plástico

no chão do Largo e espalham os livros. Em cinco minutos, começam a sair “levas” de crianças das vielas e, em 10 minutos, já são 21 crianças agarradas com os livros e com as “tias”. Todo mundo quer ler, escolher a poesia a ser lida, e o Sarau Providencial fica improvável. Improvável porque “vinícius”, “cecílias” e “quintanas” passam a ser disputados como doces de Cosme e Damião. Improvável porque a disputa é para ler! E o mais improvável ainda é que a grande maioria dessas crianças não sabem ler. Apesar de todas estarem na escola, são analfabetas. Então porque disputar as “silvias orthoff”, as “ruths rochas”? Estamos todos procurando entender o porquê e até agora a melhor resposta é a razão do próprio sarau: o despojamento, a “naturalização” da leitura e do livro, a liberdade de interpretação e a atenção que as “tias” dão para essas crianças. Ah, e nessa sociedade de espetáculo, poder ler no “microfone”! Toda a programação

foi superada pela “pororoca” das crianças afoitas para decorar a sua poesia (a maioria não sabe ler, como já disse): — Por favor, não pise no Drummond, olha, cuidado com o Bandeira, não bate com o Ziraldo na cabeça do amiguinho... A cena que não vi e o Maurício Hora não conseguiu registrar com sua câmera: dois bebês com menos de um ano engatinhando entre os livros (mãe, só não deixe eles babarem na Ana Maria Machado, tá?), um deles senta, pega um livro e abre! Imitando o irmão mais velho, inicia-se o hábito da leitura precoce? Parece-nos que sim. Mas como mantê-lo? Mais um enigma. Das 21 crianças, 15 leram poesia. Algumas, várias poesias. Ah, já teve adolescente se chegando devagarzinho... A menina “M”, que no sarau anterior estava com suas madeixas até a cintura e cheinha de piolhos, chega com seus cabelos curtos. Ela era a mais bagunceira no primeiro sarau. Desta vez, era a mais concentrada. Sabem o mo-

tivo? Então me digam... Ufa! As “tias” já estão exaustas. Hora da surpresa: levamos livros infantis de casa e sorteamos entre os que falaram poesia. Eram apenas seis para 15 crianças. Foi o que deu para fazer. PS: quem puder doar livros de poesia infantil para sortearmos no próximo Sarau Providencial, doe. Criamos o fato, mas não temos como levar todos os livros do Pedro e do Miguel. Pronto! Hora do filme. O Circo, do Chaplin, é um sucesso absoluto. Não só entre as crianças, mas também entre os adultos que vão chegando ao verem o Largo com as luzes apagadas e as crianças deitadas no que antes era o plástico de proteção dos livros e lugar de ficar sentado lendo sua poesia. Acabado o filme, aplausos. E todos perguntando: “Quem é o cara engraçado, ele tá vivo? Tem outro filme dele?” Poesia e cinema: dessa vez só faltou a pipoca. João Guerreiro jguerreiro@acaodacidadania.com.br

Uma outra concepção de segurança pública Concordo com quem falou que o baile de debutantes que uniu policiais e jovens moradoras da Providência em um baile de gala, na 7ª UPP, seja uma quebra de paradigma. Isso porque a polícia, muitas vezes associada à repressão e ao desconforto, passa a participar da vida dos cidadãos de uma forma diferenciada, com outra carga de significado. É possível que comece a surgir daí uma outra concepção de segurança pública na cidade, dentro da qual seja possível pensarmos em um real respeito ao indivíduo e aos direitos humanos, mas um conceito como esse leva tempo para mudar no interior de cada um. A princípio, uma festa de 15 anos pode parecer futilidade. No entanto, é o momento em que, tradicionalmente, as famílias apresentam suas filhas ao público, para que elas possam identificar seus pares e participar ativamente da sociedade. Pode ser um pouco démodé, mas o simbolismo da data na vida das aniversariantes é inegável. Trata-se de um rito de passagem “marcado” de uma maneira bonita, descontraída e viva. Por isso é inusitado que nesse momento os policiais sejam os príncipes. Ações como essa devem ser estimuladas e ter o apoio de todos. É preciso revirar a imagem da polícia, prejudicada pelos anos de golpe militar e os conflitos posteriores. Que seja uma instituição mais protetora do que repressora, que auxilie na prevenção da violência através de ações sociais como o baile que se apresentou na Providência e que se movimente com a comunidade, a cada passo, sem sair do andamento. Então construiremos uma relação urbanamente es-

sencial e benéfica para todas as partes. Além da festa de aniversário, a 7ª UPP tem realizado uma série de ações sociais, sob comando do capitão Glauco Schorcht, em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social, especialmente através da figura de Maritza Macieira Couto. Um modelo de UPP Social será implementado na Providência pela Secretaria de Ação Social. Com apoio de acadêmicos e do Tribunal de Justiça, os policiais serão formados mediadores, “juízes leigos”, e terão treinamento em abordagem não violenta. Por falar nisso, agradeço ao coordenador de ações culturais da Ação da Cidadania, João Guerreiro, por compartilhar com os leitores o seu artigo, aqui ao lado, sobre a experiência do Cineclube e Sarau Providencial. O parágrafo final do texto foi cortado, por motivo de espaço, em que ele dizia que fuzis não combinavam com livros infantis. Explicito aqui a concordância com essa premissa e o apoio às ações culturais e sociais, públicas, privadas ou do terceiro setor, que ajudem os cidadãos a ter acesso a cultura e viverem em um ambiente digno. Tudo isso é um ganho de qualidade difícil de dimensionar não somente para os frequentadores do Centro do Rio, mas para toda a cidade. Trata-se de um piloto, que, funcionando, irá influir em indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano, na Economia e no Turismo. A imagem do Rio de Janeiro será alterada e poderemos ser verdadeiros ao dizer que moramos na Cidade Maravilhosa.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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empresa

Polo Empresarial Nova Rua Larga promove três dias de eventos Associação de comerciantes participará do projeto Tô no Polo Divulgação

Com vistas ao incentivo dos polos comerciais do Rio, haverá entre os dias 17 e 26 de setembro o projeto Tô no Polo. A ação, realizada pela prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico Solidário, em parceria com o Sebrae-RJ, o Sindirio, a Associaçao Comercial do Rio de Janeiro e a Fecomércio, pretende estimular as associações e gerar uma maior interatividade entre elas. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico Solidário, Marcelo Henrique da Costa, o evento irá reunir 17 dos 22 polos comerciais da cidade: “Nossos objetivos são divulgar os polos e consolidá-los junto aos cariocas, movimentar a cidade e o seu comércio, e atrair a atenção de moradores e turistas”, de acordo com o secretário, durante esses dez dias, cada polo irá organizar o

Programação Polo Nova Rua Larga no Tô no Polo

Integrantes do Polo Empresarial Nova Rua Larga com o então secretário Rodrigo Bethlem

seu próprio evento. Ainda de acordo com Marcelo Henrique, outra meta da série de eventos está em explorar a vocação de cada uma das localidades dos polos. Para os dias 20, 22 e 26 de setembro, o Polo Empresarial Nova Rua Larga prepara uma programação especial para a região, como parte do

projeto Tô no Polo. Haverá lavagem simbólica de monumentos e a menção honrosa a pontos importantes da região, por exemplo, a Pedra do Sal. A ideia é apresentar a área como um local capaz de abrigar eventos culturais e turísticos. O Polo Empresarial Nova Rua Larga irá propor a criação de promo-

ções e descontos em lojas e restaurantes da região, além da prática de promoções casadas, para fortalecer o espírito colaborativo entre os associados. Confira, no quadro ao lado, a programação completa.

Dia 20/09/2010 • 15h30: lavagem da calçada e da fachada do Colégio Pedro II; • 16h30: visita guiada às instalações e palestra narrando a história e casos marcantes do colégio, a ser realizada no Salão Nobre; • 17h: lavagem das fachadas da Igreja de Santa Rita; • 18h: entrega de documento, manifestando o desejo de reurbanização do conhecido Beco das Sardinhas, com apresentação de conjunto de chorinho. Dia 22/09/2010 • 16h: lavagem e limpeza da Pedra do Sal; • 17h30: colocação de placa – Moção de Reconhecimento – assinada pelo prefeito ou subprefeito, concedendo a homenagem aos sambistas precursores do samba carioca; • 18h: apresentação do tradicional samba que ocorre todas as quartas-feiras no local – Movimento de Compositores Samba na Fonte. Dia 24/09/2010 • 14h: limpeza do Espaço Rio Branco (Praça em frente ao Palácio do Itamaraty); • 15h30: lavagem da fachada e calçadas em frente ao Palácio do Itamaraty e, simultaneamente, visita guiada às suas dependências; • Entrega ao Embaixador de documento, endereçado ao Ministro de Relações Exteriores, reconhecendo a importância do Itamaraty e a necessidade de sua manutenção como símbolo cultural da cidade do Rio de Janeiro; • 17h15: solenidade de encerramento do Tô no Polo, com a apresentação da Banda do Exército no Espaço Rio Branco.

da redação

Eletronuclear e EPE assinam acordo de cooperação técnica Em 11 de agosto de 2010, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Eletrobrás Termonuclear S.A. (Eletronuclear) assinaram um acordo de cooperação que guiará o Brasil na expansão do seu parque nuclear, levando a energia limpa a mais regiões do país.

O acordo entre as empresas permitirá a realização de estudos que envolvem a seleção dos sítios destinados à instalação das quatro usinas nucleares previstas no Plano Nacional de Energia 2030 (PNE-2030), promovendo o aumento da capacidade de geração de energia elétrica

do país. Serão analisados nove estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que podem ser ampliados para atingir outras Unidades da Federação. Estudos já realizados pela EPE, responsável pelo planejamento da geração de energia nacional em longo

prazo, indicaram a geração nucleoelétrica como parte da estratégia nacional que irá expandir a oferta de energia elétrica. O acordo de cooperação técnica baseou-se na experiência da Eletrobrás Eletronuclear em relação a construção e operação da única central

nuclear do país. Os resultados desse acordo englobam as duas empresas, atendendo ao desenvolvimento do planejamento energético feito pela EPE e ao planejamento das atividades da Eletrobrás Eletronuclear. A parceria contribuirá para manter o

intercâmbio de dados e as informações pertinentes entre as empresas, fomentando o contínuo desenvolvimento de suas responsabilidades institucionais.

marina ayres costa mayres@eletronuclear.gov.br


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cultura

Fonte salgada, mas muito fértil Compositores da Pedra do Sal contam como chegaram ao berço do samba Divulgação

Local onde os escravos descarregavam sal até o final do século XIX, a Pedra do Sal é considerada o berço do samba carioca. Lá se reuniram bambas como João da Baiana, Pixinguinha e Donga, o primeiro a registrar um samba na cidade, a composição Pelo telefone. Em sintonia com essas raízes musicais, a região abriga atualmente, nas noites de quarta-feira, o movimento Samba na Fonte, em que integrantes do Movimento dos Compositores compartilham seus sambas inéditos. “A proposta é dar espaço para o compositor mostrar o seu trabalho, divulgá-lo e não deixar os sambas na gaveta”, revela Orlando Professor, um dos membros da associação. O público varia entre moradores, curiosos e estrangeiros. Os bares vizinhos à Pedra do Sal colocam mesas e cadeiras na rua, formando um ambiente descontraído e agradável. Dali a pouco começam a aparecer os compositores, que entram conversando, brincando, e por vezes cantarolando canções prestes a ser criadas. Historiador e diretor-fundador do bloco carnavalesco Cordão do Prata Preta, Orlando Professor frequenta a roda há dois anos. Ele conta que o Samba na Fonte surgiu em agosto de 2007, no Sindicato dos Fumagistas, na Tijuca, e foi transferido para a Pedra do Sal em dezembro do mesmo ano. Segundo ele, o motivo da transferência esteve, além do desejo de se unir à tradição musical da Pedra do Sal, facilitar o acesso de todos, já que os mais de 30 participantes moram em pontos variados da cidade. Alberto Machado se sente “capturado” pelo Samba na Fonte: “Sou funcionário da mãe d’água (Cedae, ao lado da Pedra do Sal) e era representante sindical. Estava aqui fazendo um ato público, reivindicando meus direitos em cima de um carro de som, quando comecei a ver o pes-

Integrantes do Movimento dos Compositores – Samba na Fonte, sobre a Pedra do Sal

soal chegar com violão, percussão, e tal. Eu ia para Campo Grande, mas falei pro motorista: pode ir embora... Vim fazer política e caí no samba”, lembra Alberto Machado, conhecido na roda como BM. Segundo Orlando Professor, que fez um estudo do grupo, apresentado na UFPA, os temas predominantes no Samba na Fonte são “cotidiano” e “amor”. O líder do movimento, Haroldo César, por exemplo, fugiu da estatística compondo o samba Alfabeto, sobre a reforma ortográfica: “Ditongo, tritongo, hiato... Que auê, que fuzuê! / alfabeto muito fácil, mas difícil de entender / a revolução da gramática até hoje dá chabú / movimento iniciado pelo a-e-i-o-u”. Djalminha, conhecido na

roda como “filólogo”, pelas belas letras que faz, disse que seu samba Barraco no classificado estourara nas paradas de sucesso em 1964: “Meu samba foi parar na Academia Brasileira de Letras. O Austregésilo de Athayde ficou louco. Perguntou: ‘Como faz isso?’”, se orgulha Djalminha, que nasceu no Morro da Providência e já foi gravado por Marina, Zeca Pagodinho, Almir Guineto e Joel Teixeira. “Na ABL, tem chá dos acadêmicos. Aqui tem caldinho de feijão, porque o povo aqui é mais desnutrido”, completa Bulhões, médico do Hospital dos Servidores e frequentador da roda. Apesar do clima improvisado do samba ser uma marca registrada, o Movimento

dos Compositores se apresenta com regras bastante disciplinadas. Além de não costumarem tocar sambas que ainda não foram registrados, a execução de sambas é por ordem de chegada: “Se Caetano e Gil chegarem aqui, não vão tocar, porque o nome não vai estar na lista”, brinca Bulhões. Quando questionados sobre o ritmo de produção de sambas inéditos, os compositores são unânimes na resposta: “Sempre tem coisa nova”. De acordo com Professor, o samba quando cantado pela primeira vez na roda pode causar estranhamento: “Conforme você vai cantando, o samba vai ficando mais arrumadinho e, com a frequencia, vai criando forma até ficar bom”.

Um movimento masculino Segundo os organizadores, não há restrição de gênero, no entanto não há mulheres integrando o Samba na Fonte: “Não tem mulher por enquanto, mas o movimento não está fechado”, esclarece o compositor Beto Machado, “ou as mulheres não estão compondo ou não estão vindo aqui mostrar o trabalho”, provoca. Os autores apontam casos inusitados e grandes talentos: “Temos um compositor fabuloso: o Luiz Fernando, do Império Serrano. Quando chegou uma notícia de que um amigo nosso tinha falecido, ele fez um samba aqui, na hora”, comemoram. “Aqui já teve de tudo, já apareceu até

um japonês cantando samba na língua dele e tocando cavaquinho”, relata Bulhões. Já o compositor Jotap, que mescla outros estilos com o samba, vê o espaço como uma sala de aula: “Isso aqui é uma grande escola. Venho para me alimentar musicalmente e formar novas parcerias”, revela. Na quarta-feira em que a reportagem da Folha da Rua Larga compareceu ao Samba na Fonte, o tempo estava chuvoso. Por isso, foi possível ver a comunidade em mutirão armando um grande toldo azul: “Em tempo instável, colocamos a lona”, explicou Orlando Professor. Faça chuva ou faça sol, o Movimento dos Compositores – Samba na Fonte dá o seu recado.


cultura

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A Pedra do Sal pela ótica de jovens documentaristas Estudantes de Cinema escolheram o local como tema de curta-metragem O documentário Pedra do Sal, de 12 minutos, dirigido por Juliana Chagas e Renata Schiavini, foi elaborado durante uma pós-graduação em Cinema Documentário, da Fundação Getúlio Vargas. De acordo com as estudantes, a escolha do tema se deu pela riqueza de significado associada à Pedra do Sal. As jovens apresentaram casos contados pelos próprios moradores, com muito sal e muito samba. Como foi definido o tema do filme? Quais os critérios utilizados? Pensamos em fazer um documentário sobre um assunto de que a gente gostasse e tivesse intimidade. No caso, o samba. Conhecíamos a roda de samba da Pedra do Sal. A princípio, seria um filme sobre essa roda, mas acabamos descobrindo que a Pedra era muito mais do que samba. E que sua história deveria ser contata pelos moradores antigos, a partir de suas impressões e memórias. Longe de ser um documentário histórico, com a pretensão de explicar todos os acontecimentos do local, o

Divulgação

que seria impossível para qualquer filme, ainda mais para um curta-metragem, optamos por mostrar a relação das pessoas com aquele lugar. E, como consequência, a nossa relação também, tanto com a Pedra como com os moradores. A partir de que época se tem registros de informações sobre o local? Não sabemos exatamente. O que apuramos na época da pesquisa é que a Pedra do Sal foi construída pelos escravos, que descarregavam o sal recebido no porto do Rio ali. Para facilitar o transporte do sal para uma casa no alto da Pedra, os escravos fizeram aquelas escadas que existem até hoje. O Eduardo, personagem do filme, conta que o carregamento de sal era guardado ao lado da casa dele. Desde a sua “fundação” até hoje, qual tem sido a marca fundamental da Pedra do Sal? A Pedra já “viu” muitas coisas diferentes. Escravos descarregando o sal,

estivadores construindo casas. A tia Ciata morava ali perto e a Pedra já abrigou os adeptos do candomblé. Donga compôs o primeiro samba gravado, Pelo telefone, também ali. Muitas crianças passam todos os dias para ir à escola, os moradores sobem e descem na idas e vindas do trabalho. Toda segunda e quarta, o samba é feito na sua volta. São muitos os sentidos, as memórias e as marcas dessa Pedra. O que mais as impressionou ao longo das filmagens?

A diretora Juliana Chagas em um dos acessos ao Morro da Conceição Divulgação

Em cena do filme, crianças dizem que a Pedra do Sal é um lugar de lazer

Descobrir que o mesmo lugar tem significados completamente diferentes para as pessoas. Decidimos incluir as crianças na última hora, quando uma delas disse que ali era seu “local de lazer”. Era uma outra visão do mesmo lugar. Então colocamos as meninas para contar o que a Pedra do Sal significava para elas. E acabou dando mais graça e leveza ao filme.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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social

Arte sara as mazelas sociais Sociedade de Apoio e Recuperação das Artes leva dança e artes cênicas para 12 mil pessoas Divulgação

Há três anos, a bailarina profissional Neuca Menezes, de 61 anos, tinha em mãos um projeto na área cultural e buscava meios para desenvolvê-lo. Já o empresário Aníbal Baltazar, proprietário da empresa Principado Louças, se incomodava com as desigualdades sociais e procurava um meio de ajudar pessoas carentes. Em setembro de 2007, o encontro entre essas duas vontades resultou na criação do Grupo SARA – Sociedade de Apoio e Recuperação das Artes, e do projeto que leva o nome do seu patrocinador exclusivo, Aníbal Baltazar. No mês de setembro, o grupo comemora o seu quarto ano de existência, tendo atingido mais de 12 mil alunos e empregado mais de 15 funcionários. Diretora e presidente do grupo, Neuca Menezes explicou que o objetivo principal do projeto é valorizar e democratizar a cultura. “Oferecemos oportunidades, proporcionamos um ambiente para a identificação de talentos, estimulamos a formação de plateias, mas tudo isso unindo arte e educação”. A SARA oferece regularmente e de forma gratuita às instituições públicas oficinas de dança oriental, circo, teatro, jazz, frevo e dança de salão, atingindo o público de diversas idades, de crianças a idosos. As oficinas culturais já foram realizadas no Morro da Providência, nas colônias

A diretora e presidente da SARA, Neuca Menezes, dança com uma de suas turmas de alunos ao fundo

de férias das escolas municipais, no Casarão dos Guimarães em Santa Teresa, na Biblioteca Pública Estadual do Méier, na EMEF Anísio Teixeira, na Fundação Simonton e em algumas UPPs. Nestes casos, a atuação do grupo não se restringiu ao limites da capital fluminense, mas alcançou também outras cidades, estendendo suas ações a mais cinco municípios do Estado: Barra do Piraí, Paraíba do Sul, Niterói, Resende e Vassouras.

Para Aníbal Baltazar o projeto foi além de suas expectativas e sonhos. Descendente de imigrantes espanhóis, o comerciante afirmou ter tido uma infância hostil e com poucos recursos. Ele diz que teria sido vitima de discriminação, por sua condição social, e que esta realidade o teria motivado a agir de forma diferente: “Eu sempre me incomodei muito com as desigualdades sociais. Ao patrocinar este projeto eu

faço algo de que gosto e me sinto realizado, pois faço a minha parte”, justificou. A bailarina Ariany Macedo da Silva, de 17 anos, começou a participar da oficina de dança, se destacou e foi convidada a ser tornar instrutora assistente. Ela estudara balé numa escola particular e, com o tempo, a família não pôde mais pagar a mensalidade. Foi quando viu a divulgação das oficinas da SARA e resolveu participar: “Acho

muito importante a iniciativa. Vejo as meninas da minha idade e muitas já estão grávidas. Eu tive uma oportunidade de construir outra realidade”. Além das atividades regulares o grupo realiza apresentações artísticas pelo Estado. Uma recente parceria com o Trem do Corcovado possibilitou levar seus alunos para conhecerem, gratuitamente, os pontos turísticos do Rio. Para Neuca Menezes,

a divulgação periódica dos resultados alcançados mostra seriedade e transparência do projeto. Todo esse trabalho e divulgação renderam ao projeto indicações ao Prêmio de Cultura da Secretaria de Estado de Cultura, em 2009, e a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura de 2010.

fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com


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comércio Rua Rua Larga Larga

Siga aquele aroma A tradicional loja conta porque nove entre dez clientes assobiam a sua canção Sacha Leite

Segundos de observação na loja Café Capital são suficientes para perceber a tradição e o café fresco no ar. O tilintar das moedas, os risos e conversas, o barulhinho das xícaras, a movimentação intensa. Esse é o ambiente que cativa os frequentadores do lugar, que chegam a consumir de 1,6 mil a 2 mil cafezinhos por dia. Os pedidos variam entre café puro, café com pão de queijo, café com uma fatia de bolo, café pingado. No entanto, em todos há um denominador comum, fazendo parecer que o antigo slogan é mesmo real: bom mesmo é Café Capital. Segundo Luciano Inácio, empresário e atual proprietário do Café Capital, a loja, situada há mais de 100 anos no mesmo endereço (Avenida Marechal Floriano, nº 27), sempre foi um ponto muito frequentado, e é até hoje. O estabelecimento funciona das 6h às 20h e mantém um ritmo parecido durante o dia. “Nós vendemos o dia inteiro e o movimento é intenso”, relata. Em 2003, o empresário adquiriu a loja e a fábrica Café Capital, e com a nova administração, muitas mudanças foram realizadas para manter a clientela ativa. O local passou por uma reforma, já que a estrutura antiga estava bem danificada. Na reforma, foram colocados ar-condicionado, balcões e mesas mais modernas, além de uma nova iluminação. De acordo com o empresário, foi um período difícil e ele precisou readequar a empresa à realidade atual do mercado. E um dos principais passos foi o de alterar o quadro administrativo, investir em marketing, modificar as embalagens e comercializar outros produtos. “Lançamos tipos especiais de café, como o expresso, com sabor de macadâmia e o tradicional cappuccino.

Fachada da loja Café Capital, na Avenida Marechal Floriano

Montamos uma tabacaria e oferecemos oito tipos de bolos, rocamboles, pudim, trufas e lançamos o pão de queijo com fabricação própria”, explicou. Na fábrica, as mudanças também foram grandes. A partir da nova administração, a produção de café aumentou. A oferta é do grão torrado e moído e a distribuição ocorre em todo o Estado do Rio de Janeiro. Após sete anos de administração, o empresário avalia que todas as mudanças foram necessárias para fortalecer a marca. O próximo passo será o de expandir a loja. A cozinha vai ser transferida para a sobreloja e será construído um salão especial, mais confortável e reservado. Neste novo espaço, haverá ar-condicionado e uma exposição com fotos antigas. Também serão lançados novos produtos, mas Luciano Inácio ainda não quer falar sobre o assunto: “Estamos estudando o melhor período para lançá-lo e trabalhando na campanha”, justificou. O site será igualmente reestruturado e a proposta é atingir também o público jovem, associando o con-

sumo de café à vitalidade, energia e saúde. Para Luciano Inácio, a ideia de que café faz mal para a saúde foi superada e novas pesquisas mostram os benefícios do consumo regular da bebida. Segundo o empresário, o site disponibilizará essas informações: “É necessário desmistificar”, afirma. No site da loja, o jingle disponível em samba e valsa A empresa Café Capital foi fundada em 1943. Sua loja funcionava na Avenida Passos e passou para a Avenida Marechal Floriano em 1976. Antes disso, no número 27, funcionava a empresa “Café Camões”, de 1876. Esta foi a primeira marca de café registrada no Brasil. Segundo Luciano, houve uma fusão entre as empresas Café Amazonas, Café Legítimo e a Camões. Eles compraram a Café Capital e transferiram a loja para o endereço atual. A empresa chegou a ter 17 lojas distribuídas no Rio e em Niterói e uma fábrica que funcionou no Centro do Rio, de 1943 a 1954, e depois mudou para Inhaúma. Entre sua clientela

assídua, havia sempre muitas personalidades da época, como escritores, juízes, advogados e jornalistas. Além das lojas, o famoso cafezinho foi vendido também em uma Kombi, na Feira da Providência. O empresário contou que, na década de 70, as pessoas faziam fila para comprar o café moído na hora. E foi nesse período também que o famoso jingle foi criado: “Bom mesmo é Café Capital / É bom! / Há mais de meio século famoso / Capital é o café mais gostoso / Bom mesmo é Café Capital / Tomo um, tomo dois, tomo três / Depois de um café Capital / Bom mesmo é Café Capital outra vez / É bom!”. No site da empresa, é possível ouvir o jingle em valsa e samba. Segundo Luciano, de dez clientes que entram na loja, pelo menos nove sabem cantar ou assobiar a música. Na época, o jingle fortaleceu ainda mais a marca, mas até hoje é lembrado com certo saudosismo de “um tempo que foi bom e não volta mais”.

fabíola buzim fabiolabuzim@gmail.com

dicas da região

As liquidações de inverno já começaram e na Leleka Calçados há vários produtos em promoção. Lá você vai encontrar bolsas feitas de pano, couro, em várias cores e estampas, por R$ 24,99 e R$ 19,99. Os sapatos femininos com tonalidades do verão, laranja, verde água e rosa pink, por R$ 26,99, e as botas de couro e camurça de R$ 79,99 por R$ 49,99. A Leleka Calçados fica na Av. Marechal Floriano, 28, Centro. Tel.: 2233-5058.

Cansou do visual e quer fazer uma transformação? Vá ao Salão de Beleza Isadora Coiffeur. Corte de cabelo, hidratação e escova, a partir de R$ 35. Além disso, você encontra manicure e pedicure por R$ 9 cada. A depilação sai a R$ 7 a axila, R$ 15 a ½ perna, R$ 24 a perna inteira e a virilha por apenas R$ 12. Vale a pena conferir! O salão fica na Av. Presidente Vargas, 590, sala 210, 2º andar, Centro. Tel.: 2263-2919.

Perfumes e cosméticos em geral você encontra na loja Fina Pele. A loja oferece 10% de desconto para os homens em todos os produtos da linha Salvatore Ferragamo, fragrâncias nacionais e importadas a partir de R$ 29,90. Além da perfumaria, você encontra também roupas femininas. As peças da coleção de inverno saem com 30% de desconto. As blusas custam a partir de R$ 27. Confira! Av. Marechal Floriano, 48, loja B, Centro. Tel.: 2233-7851.

Quer boas ideias para decorar a sua casa a pequenos preços? Na Decorlab você encontra diversos artigos para decoração: almofadas, tapetes, cortinas entre outros. A manta para sofá feita em tear manual sai por R$ R$ 124 (peça única). Almofadas indianas bordadas a partir de R$ 38. Há também móveis, cadeiras, baús, cômodas. O armário em madeira de demolição sai a R$ 1.100. Se quiser conferir imagens da loja é só acessar o site: www.decorlab. com.br. A loja fica na Rua Mayrink Veiga, 6, Centro. Tel.: 2516-8221.

Quer fazer uma happy hour na empresa, mas não tem tempo de organizar? Ligue para o La Fábrica! O empresário Milton San Román, sócio do restaurante Velho Sonho e presidente do Polo Empresarial Nova Rua Larga, abriu uma franquia da loja. Especializada em sanduíches de pão de miga argentina, a filial já realiza entregas nas redondezas. Os preços variam de R$ 11,50 a R$ 22,50. Os recheios são diversos, em pão branco ou integral. As tortas custam a partir de R$ 27,90, para 12 pessoas, em sabores como brigadeiro, nozes e alemã. Avenida Marechal Floriano, 163. Tel.: 2275-4302.

Quer algo diferente para presentear? Na Flor do Acre Iluminação você encontra luminárias que são réplicas dos antigos postes do Largo da Carioca. Há modelos com uma lâmpada, por R$ 67, e com duas lâmpadas, por R$ 76. Você encontra também abajur pequeno a partir de R$ 39,90. Além disso, há diversos artigos para iluminação, lâmpadas especiais e materiais em geral. Rua do Acre, 65, Centro. Tel.: 22531981.

da redação


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cidade

Pedro II Centro, a melhor escola pública do Rio Ideb aponta CPII Centro como o melhor colégio do Estado e 2º melhor do Brasil Criado pelo governo federal para funcionar como um termômetro do ensino público do país, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgou, em julho, os resultados de sua edição 2009. O Colégio Pedro II do Centro comemora o resultado alcançado: de acordo com o diretor da unidade, professor Flávio Norte, a instituição já alcançou a meta para 2015. O colégio ficou em primeiro lugar no Estado do Rio de Janeiro e em segundo lugar em todo o Brasil. As provas foram aplicadas em alunos do ensino fundamental regular, do 6º ao 9º ano (5ª a 8ª série). São aplicados testes de Matemática e Língua Portuguesa, sem aviso prévio, isto é, não há uma preparação específica ou dirigida. Uma vez que os alunos não se preparam para os exames, o Ideb é considerado um bom medidor da qualidade do ensino público. Para a pro-

Divulgação

Alunos que alcançaram a nota 7,6 no ano passado

fessora de Português Marina Lima Mansur, os bons resultados alcançados são uma consequência natural de alguns fatores: “Nunca tivemos aprovação automática. Aqui, se o aluno não sabe, é reprovado; somos bem re-

munerados e temos estímulo a pós-graduação”. A professora lembra que já havia trabalhado em outra instituição pública: “Sou formada em Português/Inglês. Fiz concurso para trabalhar no Estado. Não é que me co-

locaram para dar aula de Artes?”, ironiza Marina. Ela reforça os fatores que, em sua opinião, levaram o colégio a ter um resultado satisfatório não só no Ideb como também no Enem: o índice de professores pós-graduados chega a

70% e há 10% de doutores: “Até os professores do Pedrinho são estimulados a continuar estudando.” De acordo com o professor de Matemática Flávio Lima, que ministra aulas para as turmas de 8º e 9º

realizadas, o que apontou os principais problemas da região e seu entorno, assim como as possíveis soluções para cada um deles. Dando continuidade a esse processo, o projeto tem como objetivo principal a criação de um calendário cultural a fim de fomentar a aproxima-

ção do público às questões relevantes do importante corredor cultural: sua história, sua cultura, sua antiga importância política, econômica e educacional, e até mesmo sua excepcional arquitetura e conhecida boemia. O projeto ainda se justifica pela mobilização atual dos

ano que prestaram o exame, lembra que esta é a quarta versão da prova, que pretende avaliar o ensino público: “Para nós o Ideb não é funcional como o Enem. A partir dele, o aluno não passa a ter direito, por exemplo, a estudar em uma universidade”. Entretanto, o professor analisa que o que deixou alunos e professores contentes foi saber que cresceram com relação à avaliação anterior. Flávio Lima lembra que, apesar de considerar os professores altamente qualificados, o mérito não se restringe à instituição: “O grupo de alunos que prestou a prova é muito bom. Esta unidade não tem as séries iniciais. Os alunos entram aqui por concurso e não por sorteio”.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Animando a Rua Larga Região terá oito meses de eventos culturais gratuitos O projeto Animando a Rua Larga, realizado pelo Instituto Cultural Cidade Viva, em parceria com a Folha da Rua Larga, a Light e a Secretaria de Estado de Cultura, dá continuidade ao processo de revitalização da Rua Larga, conforme interesse de empresários, comercian-

tes e moradores locais. Em seus objetivos, se destaca a implantação de programas e eventos que ajudarão na preservação e divulgação do patrimônio histórico e cultural desta região do Centro do Rio de Janeiro. O projeto fará pesquisa histórica e iconográfica sobre

a região, implantará um Circuito Histórico, com visitas guiadas, e criará um calendário cultural com a realização de eventos no Beco das Sardinhas, exposição itinerante, projeção temática e intervenções urbanas. Esse processo foi iniciado em 2008 e desde então muitas ações já foram

empresários e comerciantes da rua, que perceberam em tempo a importância histórica e cultural da região e já manifestaram o interesse em investir na revitalização.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


cidade agosto – setembro de 2010

morro da conceição Bola, raquetes e uma parede de vidro Muita gente desconhece que há uma bela academia de squash no Centro do Rio. O melhor é que fica pertinho do Morro da Conceição, bem ali na Rua Senador Pompeu, ocupando os números 78 e 80. O esporte, conhecido pelo alto índice de queima de calorias, pode ser praticado por dois jogadores ou duplas. Munidos de raquetes e uma pequena bola oca, o objetivo dos jogadores deve ser bater na bola de maneira que o adversário não consiga rebater de forma válida. Eles podem usar para marcar o ponto as quatro paredes da quadra

(frente, fundo, normalmente de vidro, e as duas paredes laterais). Originário da Inglaterra do século XIX, o esporte chegou ao Brasil em 1920, trazido por ingleses que vieram procurar ouro em Minas Gerais, e, há 15 anos, foi incluído nos jogos Pan-Americanos. A modalidade tem crescido muito no Brasil e a cada dia é maior o número de adeptos. Por ser jogado em quadra fechada, permite sua prática durante todos os meses do ano. Muitas empresas do setor civil estão procurando construir quadras de squash nos prédios residenciais e comerciais, em construção, as incluindo nas áreas de lazer. Em 2002, o Brasil ganhou sua primeira quadra toda de vidro (com visão nas quatro paredes da quadra) e, com isso, possibilitou um aumento de público e de transmissões para a TV. Speed Squash é o nome da casa que funciona há 30 anos num belíssimo casario azul e branco com quatro andares. Quatro quadras

de jogos, uma cantina, dois vestiários, sendo um feminino e outro masculino, e espaço para campeonatos. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, de 7h a 22h, e aos sábados, de 9h a 15h. O aluno escolhe seu próprio horário e pode optar pelo aluguel de uma quadra avulsa. O valor da mensalidade depende do número de horas/aula contratados. “O perfil dos atletas”, diz o professor Josemir, que gentilmente recebeu a nossa coluna, “na grande maioria, é de empresários, engenheiros, analistas de sistemas e executivos. Eles praticam

o squash com o objetivo de desestressarem. Por se tratar de um esporte aeróbico, o squash auxilia no desenvolvimento cardiorrespiratório e cardiocirculatório, além de desenvolver as habilidades psicomotoras. A Speed Squash costuma promover campeonatos de duas a três vezes por ano”, divulga. Josemir explicou que as academias fazem contato entre si e combinam onde ocorrerá o campeonato seguinte. Portanto, as disputas ocorrem em diversos bairros da cidade, como Niterói, Jacarepaguá ou Centro do Rio. Como o leitor pode constatar, o Centro é mesmo uma caixa de surpresas até para quem mora ou trabalha nele. O coração da cidade pulsa forte há bastante tempo, e enxergar essa vitalidade no bairro só depende dos nossos olhares.

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com

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O Centro redescoberto Acordo entre prefeitura e Caixa trará recursos do FGTS para obras no Centro do Rio Denise Ricardo

No dia 16 de julho, a prefeitura do Rio de Janeiro, o Ministério do Trabalho e a Caixa Econômica Federal oficializaram o convênio para a liberação de R$ 3,5 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para serem investidos na segunda parte do projeto de revitalização da Zona Portuária da cidade. O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, garantiu que o dinheiro investido no projeto da cidade do Rio está disponível também para outros municípios, e afirmou que, a cada R$ 1 bilhão investidos do FGTS, são gerados 300 mil empregos. A respeito do processo de revitalização do Centro do Rio, Carlos Lupi disse: “Estou aqui para pagar uma dívida que este país tem. O porto do Rio de Janeiro vai ser o mais lindo do mundo, porque essa é a cidade mais linda do mundo”. O ministro comemorava também a marca de 1,5 milhão de novos empregos formais no Brasil: “Pela primeira vez na história deste país, podemos comemorar o aumento da mão de obra com carteira assinada. Com um plano como esse, sobre o qual a prefeitura tem a liderança, teremos certamente novos empregos para os cidadãos brasileiros”. De acordo com o ministro do trabalho, presidente do conselho curador do FGTS, os recursos a serem utilizados não são públicos: “É um dinheiro privado, do trabalhador brasileiro. É importante que ele esteja aplicado em coisas que tenham retorno garantido”. E esclareceu que o FGTS está presente não somente em operações urbanas como essa, mas também em usinas, portos, logística e outros projetos de infraestrutura. De acordo com o vice-presidente da Caixa, Wellington Moreira Franco, o FGTS financia a habitação por obrigação legal. No

Jorge Arraes, do CDURP, discursa ao microfone e, ao fundo, Moreira Franco, Lupi e Paes aguardam

entanto, o financiamento da Cultura é uma escolha: “Trata-se de um círculo virtuoso, que visa a área totalmente requalificada para os Jogos Olímpicos”. A primeira etapa de revitalização do porto teve início em junho de 2009 e conta com a recuperação da Praça Mauá, além da implantação do Museu do Amanhã, que será no Píer Mauá, e a construção do Museu de Arte do Rio de Janeiro. As obras estão orçadas em R$ 350 milhões. O projeto Porto Maravilha está dividido em duas etapas. A primeira fase, que já está em andamento desde junho de 2009 e conta com R$ 350 milhões de recursos da prefeitura, inclui intervenções urbanísticas em todo o bairro da Saúde e no Morro da Conceição. Perimetral será demolida em 2012 O objetivo está em requalificar as áreas do ponto de vista urbanístico, atrair empresas para a região e realizar empreendimentos culturais e turísticos, como o Museu de Arte do Rio e o Museu do Amanhã, também incluídos na primeira fase de obras. Além disso, estão previstos a recupera-

ção da Praça Mauá e de 13 das de 2016, para concluir vias da região, o restauro o projeto”. da Igreja de São FrancisDurante a segunda fase co da Prainha, a cons- do projeto, a principal trução de uma garagem obra será a demolição subterrânea parcial do sob a Praça Elevado da Mauá, para Perimetral, 700 veícuimportante los, e a criavia da cição de 530 dade, que unidades contorna o residenciais Centro liatravés do gando Zona programa Sul a Zona Novas AlNorte. Para ternativas. desafogar o Dentro destrânsito está sa verba, prevista a também construção está sendo de vias alconcluído ternativas e um novo túneis. acesso viDe acordo ário para o com Paes, a Porto, didemolição retamente da perimeCarlos Lupi tral deverá pelo Caju, desafoganocorrer endo o tráfego tre 2012 e de caminhões na Avenida 2013. “A perimetral só Brasil. será demolida depois que O prefeito do Rio de Ja- o mergulhão que será neiro, Eduardo Paes, afir- construído para substituir mou que o prazo para a esta avenida estiver conutilização dos recursos é cluído. Isso deve ocorrer de seis anos: “O dinheiro entre 2012 e 2013”. entra imediatamente em caixa para a prefeitura investir totalmente no projeto do Porto Maravilha. O da redação redacao@folhadarualarga.com. prazo final é as Olimpía-

“É importante que o FGTS, dinheiro privado, do trabalhador brasileiro, tenha aplicação e retorno garantido”

br


14 folha da rua larga

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gastronomia

Almoço à luz do Fim de Tarde

receitas carol

Há 37 anos na região, restaurante espanhol explica a arte de encantar paladares Se existe algum restaurante na região capaz de reunir discrição, silêncio, requinte e uma excelente comida, certamente o Fim de Tarde é um deles. Em plena Rua Miguel Couto, o lugar passa despercebido pelas centenas de pessoas que transitam por ali diariamente. Mesmo assim, o Fim de Tarde, há 37 anos instalado no mesmo local, fica lotado todos os dias, de segunda a sexta-feira. A boa fama da cozinha tem como foco a gastronomia da Península Ibérica, e, mais especificamente, a gastronomia espanhola: “Nós atendemos uma clientela que, além de exigente, é muito variada. Por isso, estamos sempre atentos às novidades, renovando nosso cardápio. Além dos pratos típicos espanhóis, servimos pratos de culinária brasileira e também cortes nobres de carne, que tem agradado muito os clientes. Muitos dos nossos clientes procuram os nossos famosos bifes de chorizo”, afirma o gerente Marcos Alonso. Para atender a clientela exigente, oito garçons e um maître se revezam no atendimento. A maioria dos funcionários já tem muito tempo de casa e conhece bem os clientes. É o caso do maître Wilson da Silva, que conta 20 anos de casa. “A clientela aqui é muito fiel. Tem gente que vem há vinte anos. Em alguns casos, são os filhos deles que começam depois a frequentar a casa. A diferença é que, antigamente, as pessoas tinham mais tempo, vinham com mais calma, pediam entrada, bebiam, conversavam. Hoje em dia, é tudo mais corrido. O atendimento tem que ser rápido, eficiente”, explica Wilson. Se você não for dessas pessoas com os minutos contados, não deixe de pedir como entrada a famosa empadinha de camarão (R$ 4)

Ana Carolina Monteiro

Ambiente acolhedor do Fim de Tarde Ana Carolina Monteiro

Polvo à feira: o carro-chefe da casa Ana Carolina Monteiro

Tortilla de camarão

ou a casquinha de siri (R$ 9). Para os apreciadores de uma boa carne, uma sugestão é o tão procurado Chorizo ao chemi-churry, carne de chorizo com molho levemente apimentado, acompanhado de batatas portuguesas (R$ 38,90). Para os que preferem uma culinária brasileira, a dica é o bobó de camarão, que vem muito bem servido (R$ 35), ou o tradicional picadinho (R$ 27).

Às quartas feiras, é servido também o famoso cozido, outro prato muito procurado (R$ 35). Já os amantes de frutos do mar encontram aqui o paraíso. Os produtos são todos muito frescos, o que justifica a sazonialidade de alguns pratos, como o Calamares en su tinta, (R$ 38), lulas refogadas em sua tinta, com arroz e salsa, uma excelente pedida. Outras boas suges-

tões são a Paella de frutos do mar (R$ 98, para duas pessoas) e o Polvo à feira, um polvo típico da região da Galícia, na Espanha, que vem cozido ao sal grosso e páprica (R$ 48). Quem ainda tiver estômago, vale a pena finalizar a refeição com a goiabada trazida diretamente de uma fazenda de Minas Gerais, que vem acompanhada de sorvete de queijo (R$ 12), ou o famoso Mineiro com botas, uma mistura gratinada que traz goiabada, queijo minas e banana (R$ 19). “Quando o Fim de Tarde abriu, tinha happy hour até as 21h, daí o nome do restaurante. Depois, por causa do aumento da violência e do esvaziamento de pessoas nesta área do Centro depois do expediente, resolvemos abrir apenas para almoço. Mas, se der tudo certo, até o final do ano estaremos de novo com a happy hour, seguindo a tendência de outros restaurantes da região”, diz o Sr. Alonso. Rua Miguel Couto, 105, loja B – Centro Tel.: (21) 2516-2409 Fax: (21) 2233-7226 Aceita todos os cartões.

karina martin karina.martin@light.com.br

Esta época do ano pra mim tem um ar masculino, não sei se é por causa do Dia dos Pais ou por estar mais frio, quando tudo fica mais sério. Tenho a sensação de que o inverno é a estação dos homens. Por isso, resolvi fazer uma homenagem a eles, principalmente aos papais, já que agosto é o mês deles. Homens que sempre serão heróis, com uma legião de fãs de todas as idades! Escolhi então um guisado de carne que cozinha por algumas horas na cerveja, até ficar desmanchando, que é divino! Pode ser usado como recheio para uma torta ou servir puro com ar-

roz branco e uma taça de vinho tinto. Os papais podem curtir esta receita feita pelas mamães ou pelos filhos. Aliás, descobri que, no Dia das Mães, os restaurantes ficam repletos, talvez seja o dia do ano mais difícil de conseguir reservas e, para quem esquece esse detalhe, é comum não conseguir lugar ou desistir diante das filas de espera. Já no Dia dos Pais, as pessoas costumam ficar em casa e cozinhar! Então, aproveitem, mãos à obra, que vocês têm o mês inteiro para comemorar e experimentar! Bom apetite!

Carne com cerveja preta ACP

Ingredientes

400 ml de cerveja preta

3 cebolas picadas

1 colher de sopa de farinha branca

2 ramos de alecrim 3 dentes de alho 1 colher de sopa de manteiga 2 cenouras picadas 2 talos de aipo picados 100 g de cogumelo paris

Modo de preparo Cozinhar a carne com todos os ingredientes até ficar bem macia. Se fizer na panela de pressão, colocar um pouco d’água. Servir bem quente com arroz branco e ervilhas na manteiga.

600 g de carne (acém, peito, paleta, músculo) em cubos Sal e pimenta

ana carolina portella carolnoisette@hotmail.comr


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agosto – setembro de 2010

cultura

Montmartre é aqui Pintor de rua promove intervenções artísticas na região e abre espaço cultural Sacha Leite

As intervenções artísticas de Benedito de Paula passaram, recentemente, a atrair os olhos de quem passa pela Rua Teófilo Otoni, trazendo ares de Montmartre, bairro parisiense conhecido por seus pintores de rua, para a região. B. de Paula montou um ateliê no sobrado nº 128 com a seguinte proposta: ser um espaço de utilidade pública voltado para as artes. Há sete anos, o artista plástico desenvolve o projeto Choro Pintado. Na calçada, B. de Paula expõe uma tela sobre um cavalete, liga um aparelho de som ano 1960 totalmente reformado, tocando Ernesto Nazareth ou Pixinguinha, e começa a pincelar imagens representativas da cidade. Arcos da Lapa, malandros, mulatas ou o casario do Centro são alguns dos temas abordados. As pinceladas são ritmadas pelo som que se renova automaticamente. “O Choro Pintado é um projeto de resgate das raízes musicais e urbanas da cidade. O choro começou nos bares do Rio Antigo, onde negros e mestiços autodidatas improvisavam, até que criaram o samba”, explica. Além do Choro Pintado, o pintor apresenta também o Arte na Janela, sempre às sextas-feiras, das 12h às 13h. Na última edição, o músico Marcelo Cardoso tocou flauta e saxofone, e Benedito de Paula impro-

B. de Paula ao lado de uma das telas do projeto Choro Pintado Sacha Leite

O pintor improvisa ao som de Pixinguinha em um aparelho reformado de 1960

LIGUE. ACESSE. ANUNCIE.

visou na pintura. Tudo isso emoldurado pela janela do Espaço B. de Paula, que se torna uma vitrine interativa. Fica difícil para o público passante ignorar as canções interpretadas pelos músicos e as pinceladas de B. de Paula. Quanto à reação das pessoas, ele garante respeitar a liberdade de expressão: “A rua é o contato mais direto com o público. Sinto a necessidade de estar perto das pessoas. As diversas reações me fascinam”. O pintor costuma se apresentar em bares, restaurantes, festas e congressos. O próximo evento do qual irá participar será o Athina Onassis Horses Show, entre os dias 26 e 29 de agosto, na Sociedade Hípica do Rio de Janeiro. Quando não está ao lado de seu aparelho de som, B. de Paula é acompanhado pelo Trio Carioca, banda liderada por Luciano Badá, formada por violão, pandeiro e um violão sete cordas. O performer explica para que criou o Espaço B. de Paula: “Quero divulgar os meus trabalho e o trabalho de amigos. Quem quiser pode vir aqui e dar cursos, palestras, oficinas, sem pagar nada”. O sobrado oferece acesso gratuito à internet, além de um pequeno acervo de livros e discos de vinil das décadas de 1960 e 1970, que pode ser consultado livremente no local. Nos anos 70, B. de Paula começou a fazer inter-

venções urbanas na Rua da Carioca. Na época, o artista contava apenas 15 anos. Autodidata, foi aprimorando suas técnicas até ser convidado a trabalhar na TV Globo, com Hans Donner. Em seguida, fez parte do departamento de criação da TV Manchete e do SBT. B. de Paula conta que foi abordado uma única vez por um guarda, em Búzios, que o convidou a se retirar da praça, alegando que ele não teria autorização para expor ali: “Foi uma comoção, todos falaram: ‘deixa o moço pintar!’ E eu disse que ele não poderia me retirar a força e deveria se informar direitinho como fazer”. Segundo Benedito, após alguns minutos se comunicando no rádio, o guarda disse que ele não precisaria se retirar e poderia pintar à vontade. O pintor diz que pretende realizar um trabalho social com a população de rua, numerosa nos arredores da antiga Rua Larga: “As pessoas não percebem que o cara de rua também é sensível e quer participar da sociedade. Penso em desenvolver um trabalho com eles. Aliás, já estou fazendo. Contratei um rapaz para fazer serviços gerais, que também está ensaiando para tocar comigo: já toca pandeiro e canta”, comemora.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br

(21) 2233 36900 www.folhadarualarga.com.br

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lazer

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agosto – setembro de 2010

A Deusa no Terças Musicais

dicas da cidade Foliões de plantão As inscrições para os desfiles dos blocos de rua do Carnaval de 2011, no Rio de Janeiro, vão até o dia 24 de setembro. Os interessados devem entregar seus pedidos na Diretoria de Operações da Riotur (Praça Pio X, 119/12º andar, Centro), das 10h às 17h. Sacabral Art Gallery Abriu um novo lugar no Centro: o Sacabral Bar Art and Galery. A dona, artista plástica e moradora de Santa Teresa, preparou uma decoração toda feita em material reutilizável. Todas as terças-feiras, Fábio Nin e Letícia Malvares tocam instru-

mental brasileiro, choro e outras bossas, a partir das 18h. A rebelião dos sinais O livro A rebelião dos sinais, de André Luis Mansur, será lançado no dia 14 de setembro, às 19h, na sede da editora Multifoco na Avenida Mem de Sá, 126, Centro. O prefácio é assinado pelo jornalista e escritor Arthur Dapieve, que diz em seu texto: “Mansur tem senso de humor. Mesmo na desgraça mais profunda há espaço para um riso dolorido”.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Cantora Rosana traz alguns de seus sucessos de novelas para o CCL A cantora Rosana abre o Terças Musicais com as perguntas: “Bom dia ou boa tarde? Quem almoçou levanta a mão!”. Ninguém ergue os braços. Ela completa: “Nossa, então deve estar todo mundo de mau humor”. E o público cai na gargalhada. Essa é Rosana, que se consagrou com a música Como uma deusa - O amor e o poder, de 1987, e já cantou em trilhas de mais de 16 novelas. O Centro Cultural Light estava lotado e mais de trinta pessoas ficaram do lado de fora. Os recursos arrecadados com a venda de ingressos beneficiou a Sociedade Viva Cazuza. Na segunda parte do espetáculo, Rosana acatou o pedido das fãs e ficou de pé como uma crooner, cantando músicas mais agitadas como Loving you, tema da novela

Lucian Inácio

A cantora Rosana em apresentação no Terças Musicais

Caras e Bocas e outras canções em estilo rock’n roll. Antes de cantar Mal de mim, que gravou no songbook do Djavan, a cantora dedicou a canção a Almir Chediak, produtor musical organizador dos excelentes

perfis musicais, assassinado há sete anos. Ela contou: “Participei de três songbooks: Caymmi, Tom Jobim e Djavan”. Em seguida, Rosana puxou Direto no olhar, tema da novela Salvador da Pá-

tria, de 1989. Foi quando ela apresentou a banda, toda masculina: “Meninas, queria apresentar para vocês Marcos, Thiago e Pedro. Com uma banda dessas está valendo ficar aqui até essa hora sem almoçar, não é?”, brincou. Rosana puxou então o tema da novela Ti-ti-ti, atualmente no ar pela Rede Globo, Greatest love of all, e brincou com o público: “Está filmando? Para depois botar tudo no Youtube e minha vozinha ficar que nem de resfriado? Essas camerazinhas são assim... Mas tudo bem, eu deixo”. E, por fim, disse: “Agora a gente vai ensaiar um corinho. Como uma deusa...”.

da redação redacao@ folahadarualarga.com.br


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