Sacha Leite
Escolas da região ameaçam fechar as portas Pais, alunos e funcionários das escolas Pe. Dr. Francisco da Motta e Sonja Kill, ambas no Morro da Conceição, lideram movimento em busca de recursos para manutenção dessas instituições. página 3
Um jovem gravurista entre o Morro da Conceição e a Prainha
folha da rua larga
Teresa Speridião traz o perfil do gravurista Thiago Martinho. Residente no Morro da Conceição, seu ateliê fica na Ladeira João Homem, 68. Página 13
folha da rua larga RIO DE JANEIRO | SETEMBRO – OUTUBRO DE 2012
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Valongo promoverá oficina de observação do céu
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 35 ANO V
Um centro cultural para o Morro da Conceição Yara Lopes
O astrofísico Carlos Roberto Rabaça dará aulas de observação do céu, no Observatório do Valongo, como parte da programação das Oficinas Abertas do Projeto Mauá. Ele fala sobre sua experiência de promover a educação através da cultura. página 4
cidade
Festival Sabores do Porto apresenta biroscas da Gamboa Comerciantes da Gamboa preparam programação especial para a primeira edição do Festival Sabores do Porto, a ser realizado nos dias 24 e 25 de novembro. A ideia é promover os pequenos produtores locais e criar um roteiro para visitação. página 12
gastronomia
Kombinado lança “Ouriço” e outras inovações para a happy hour página 14
página 5 Lielzo Azambuja
cultura
O MAR, Museu de Arte do Rio, já tem data para inauguração Está prevista para o dia 15 de novembro a abertura do Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá. O espaço abrigará exposições e produzirá catálogos, debates e plataformas multimídias. Já a Escola do Olhar, que se ocupará da educação associada à arte, ficará no prédio anexo ao antigo Palacete D. João VI e tem inauguração prevista para 2013. páginas 7 a 9
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O que você acha da realização de uma festa literária na Zona Portuária do Rio de Janeiro?
espaço dos leitores Lixo em seu lugar Sou morador da região e tenho ficado impressionado com a falta de educação das pessoas, principalmente, no que se refere ao lixo. Acabaram de instalar um sistema para lidar de outra forma com o lixo, mas as pessoas permanecem jogando a céu aberto. Ô Rio...
Nelio Pavão
Yuri Maia
Enviada pelo leitor
“Há 38 anos no Rio, nunca vi tantas melhorias sendo destinadas à nossa região. Uma festa literária também será muito bem-vinda. Trará mais cultura e atividades diferenciadas para o povo, não só da região, mas de todo o Rio. ” José Leone Barbosa, vendedor ambulante
Onde está a Folha? Gostaria de saber onde posso encontrar o jornal. Vocês têm pontos fixos de distribuição? Yuri Maia
Carolina Domingues
“Acho muito válido a realização, porque permite a participação de diferentes tipos de pessoas e classes sociais. Espero que seja barato para se frequentar, pois o que dificulta, muitas vezes, a participação das pessoas na cultura são os altos preços.” Cláudia Tuorto, jornaleira
Yuri Maia
“Uma ideia maravilhosa e que nunca teve nesta região, na qual nasci e convivi. Tomara que comece por aqui e dissemine por toda a cidade. Precisamos de mais histórias. De mais paixões e literatura. Precisamos é de mais cultura!” Eduardo Glioche Novelli, vendedor de livros
Diagramação - Suzy Terra
Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário
Revisão Tipográfica - Raquel Terra
Margutti, Mozart Vitor Serra
Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos
Direção Executiva - Fernando Portella Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite Colaboradores - Ana Carolina Portella, Fernando Portella, Yuri Maia, Lielzo Azambuja, Mário Margutti,
Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda. www.maviartesgraficas.com.br Contato comercial - Teresa Speridião
Raphael Vidal, Teresa Speridião e Thiago Martinho
Tiragem desta edição: 6.000 exemplares
Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins
Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br
da redação
Prédios abandonados Há pouco tempo li que a atriz Sônia Braga está a frente de um projeto relacionado à denúncia de prédios abandonados no Centro. A maioria desses edifícios possui somente a fachada e apresenta risco de desabamento. Eu trabalho no Centro e temo esse tipo de abandono. Já que os órgãos de regulação e fiscalização não tomam uma providência, proponho que nós, cidadãos, adiramos a campanha da atriz que, além de personagens provocativas no cinema e na TV, também já liderou outras campanhas corajosas pela cidade.
Adilson dos Santos Acesse www.folhadarualarga.com.br e leia matérias exclusivas: • Domingos Naveiros, diretor do INT, dá dicas de como aproveitar bem a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que acontece entre os dias 15 e 21 de outubro. • Maurício Baia grava videoclipe na Providência, primeira favela do Brasil, situada na Zona Portuária do Rio.
folha da rua larga Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,
Olá Carolina, Agradecemos o contato. Pretendemos aumentar a tiragem do jornal e expandir os pontos de distribuição em breve. Informaremos a novidade na página da internet www.folhadarualarga.com.br. Acompanhe!
Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br
A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br.
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Escolas de referência na região ameaçam fechar as portas Sonja Kill e Padre Francisco da Motta precisam de R$ 250 mil mensais para manutenção
Márcia Regina Alves
Há cinco meses, pais de alunos da Escola Padre Dr. Francisco da Motta e do Colégio Sonja Kill, na Saúde, ficaram cientes de que a educação gratuita e de qualidade de seus filhos tem destino incerto. Isso porque a Venerável Ordem Terceira, entidade que atua na administração dessas escolas filantrópicas no Adro desde a sua fundação, enfrenta uma grave crise financeira. Por causa disso, em junho, pais e professores começaram uma mobilização pelas redes sociais em prol de alternativas possíveis para que a centenária instituição de ensino não encerre as suas atividades. Pe. Francisco Motta e Sonja Kill não somente oferecem aulas do currículo tradicional aos mais de 1,3 mil alunos, como também fornecem ensino de três idiomas estrangeiros: inglês, espanhol e
alemão. As escolas são mantidas pelos recursos recebidos do Hospital São Francisco, na Tijuca, que passa por uma séria crise econômica. Além disso, desde que a contribuição de amigos alemães da família Kill – que financiou a expansão da escola, em 2003 – acabou, no início deste ano, a situação financeira se agravou. De acordo com representantes da VOT, seria necessária uma cifra de R$ 230 a R$ 250 mil por mês para a manutenção de ambas as instituições. Segundo Taiza Della Libera, diretora geral das escolas, a opção de se cobrar mensalidade dos alunos está fora de cogitação: “Pensamos em cotizar, buscar parceiros. A associação de Amigos da Escola está sendo criada e agregará pais, professores, ex-alunos e quem mais quiser ajudar.” A intenção do grupo
Manifestação de pais e alunos para chamar atenção das autoridades e empresários locais
que está sendo formado é manter a estrutura de mais de 100 anos da instituição católica, métodos e valores consolidados ao longo de sua existência e buscar patrocinadores. Já os próprios alunos e seus respectivos pais estão
alarmados com a hipótese de a escola fechar as portas. “Registramos no conselho tutelar. Fizemos um abaixo-assinado pedindo que os órgãos protetores dos direitos das crianças tomassem uma providência. Conseguimos muitas assinaturas com uma rápida mobi-
lização. No 7 de setembro, as crianças desfilaram com fitas pretas simbolizando o luto pela possibilidade de perderem a escola”, conta Márcia Regina Alves, mãe e avó de nove alunos e ex-alunos das escolas. Ela acredita que o manifesto serviu para sensi-
bilizar os empresários locais. Para a professora Catarina Capella, a ajuda das empresas da região é fundamental: “Enquanto os empresários locais não souberem o que se passa, não poderão ajudar”. Outra hipótese cogitada foi a municipalização da escola, no entanto, a estrutura existente tal como é seria perdida. No dia 26 de setembro, o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, celebrou uma missa de ação de graças pelos 115 anos de fundação da Escola Padre Francisco da Motta, no próprio prédio da instituição. Ele declarou que todos deveriam rezar pelo futuro das duas escolas.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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Uma busca pela interseção entre a ciência e as artes Astrônomo defende que a educação de qualidade deve ser perseguida através da cultura Sacha Leite
Apesar de nada terem a ver entre si, o professor Carlos Roberto Rabaça coordena, há cinco anos, os cursos de extensão do Observatório de Astronomia do Valongo e o Projeto Mauá, este que reúne artistas plásticos do Morro da Conceição. Ele explica como associa iniciativas tão distintas: “Como o governo não investe em educação, uma solução é trabalhar a educação através da cultura. Essa é a relação que vejo entre as duas atividades”. Este ano, o Projeto Mauá – coletivo de artistas plásticos residentes no Morro da Conceição – promove um ciclo de oficinas de artes com inscrições gratuitas. Rabaça conta que, pela primeira vez, será incluída a oficina de As-
Rabaça contempla a vista panorâmica do Observatório do Valongo
tronomia no ciclo e ele será o facilitador: “A Astronomia exerce um fascínio muito grande sobre as pessoas. Tem um quê de existencialismo, de filosofia e interessa pessoas de todas as idades”. O professor fala de seu principal intuito como educador : “Hoje minha preocu-
pação não é formar astrônomos, mas, sobretudo, tenho o compromisso de formar cidadãos com a capacidade de olhar a ciência e fazer com os mais diversos olhares. Levar a materialização dos conceitos científicos às artes, música, literatura...”. Segundo Rabaça, a exposi-
ção Olhares para o céu, que esteve em cartaz no Centro Cultural dos Correios, foi um exemplo disso. E para quem questiona o fato de um cientista se interessar em interagir com um coletivo de artistas plásticos, ele declara: “O Projeto Mauá precisa ir além da arte e em prol da cultura. O fato de valorizar a cultura não é uma depreciação da arte, ao contrário. A arte agrega valor à cultura. Com isso, é possível atrair diversos olhares e afinidades com os múltiplos tipos de arte”. Morro da Conceição sedia mais uma edição do Projeto Mauá Na sua décima segunda edição, o Projeto Mauá ofe-
rece ao público do Morro da Conceição e moradores da Região Portuária as Oficinas Abertas, durante os meses de outubro e novembro. A proposta é a reunião dos artistas do Projeto Mauá, moradores e instituições num grande encontro cultural com a promoção de diversas oficinas gratuitas, incluindo o material. No dia 08 de dezembro, os ateliês estarão abertos para apresentar o resultado dos trabalhos realizados pelos alunos. Ao todo, serão oferecidos nove cursos: Dez dicas para fotografar melhor, Técnicas de pintura em camisetas, Pintura com tinta acrílica sobre tela, Gravura em madeira, Restauro de estuques ornamental em fachadas,
Douramento de madeira e gesso, Velas de decoração e Cerâmica artística. De forma integrada ao Projeto Mauá, o Observatório do Rio de Janeiro irá oferecer a Oficina de Identificação do Céu. As inscrições podem ser feitas na Ladeira João Homem, 52, Morro da Conceição, das 9h às 18h. As vagas são limitadas. As aulas serão ministradas por tradicionais artistas do morro como o pintor Paulo Dallier. A realização é da Fábrica Cultural Holding, atual parceira do projeto, e conta com patrocínio da Concessionária Porto Novo.
da redação redação@folhadarualarga.com.br
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entrevista
Morro da Conceição ganha Casa de Cultura do Porto Idealizadores do FIM criam centro cultural para atrair a participação de moradores e valorizar a região Yara Lopes
Depois de convencer boa parte da vizinhança do Morro da Conceição de que o Fim de Semana do Livro no Porto (FIM) é um projeto válido, Raphael Vidal concluiu que apenas dois dias a cada ano talvez fosse pouco para mudar algumas questões importantes. Uma delas é que, segundo ele, o Caminho do Valongo, reformado recentemente pelo projeto Porto Maravilha, já estaria sendo novamente utilizado como ponto para uso de drogas. Em busca de uma solução para tal problema, Vidal se reuniu com seus parceiros do FIM, Júlio Silveira, Vinícius Jatobá e Zé Gustavo, que juntos conceberam a Casa de Cultura do Porto. Localizada na Ladeira Pedro Antônio, número 32, a casa se propõe a promover atrações semanais com foco no envolvimento permanente com o espaço. Segundo Vidal, o Caminho do Mirante do Valongo será ocupado para a realização de inúmeras atividades culturais, como oficinas, encontros com escritores, contações de histórias e outras. Dessa forma, eles pretendem promover uma mudança de dinâmica no espaço, a ponto de inspirar preservação, cuidado e lazer em vez de depredação, descaso e vandalismo nesse importante mirante da cidade.
Como se dá a interseção entre o FIM e a Casa de Cultura do Porto? Queremos que todas estas ações sejam base para o Fim de Semana do Livro no Porto, em outubro de 2013. O fim – como finalidade – é a transformação pela cultura. Há algum plano para a sustentabilidade da Casa? Além de apoios já confirmados de empresas, como a Concessionária Porto Novo, nós montamos um coletivo de pessoas ligadas à área cultural, que é o que mantém o Instituto FIM. Júlio Silveira, Raphael Vidal, Vinícius Jatobá e Zé Gustavo são os criadores da Casa de Cultura do Porto
Qual é o mote principal da Casa de Cultura do Porto? Promover atividades semanais que tenham como objetivo o beneficiamento local, com formação qualificada na cultura. A reurbanização da Região Portuária deve ter seu retorno também no patrimônio imaterial – como trabalhar o conhecimento da história local com as manifestações artísticas – que tem potencial para fortalecer os moradores diante do processo de gentrificação do local. Ocupar os espaços públicos com atividades culturais é contribuir para o processo de pertencimento que retornará para o poder
público em manutenção e preservação dos mesmos pelos próprios moradores. Ocuparemos o Caminho do Mirante do Valongo com oficinas, exposições, aulas-passeio, encontros com escritores, contações de histórias, teatro, música, cineclube, etc. De que maneira o espaço será utilizado? Haverá uma biblioteca no local? A Casa de Cultura do Porto é um grande salão que abrigará uma sala de leitura com biblioteca, além de oficinas, cineclube, etc. Mas não ficaremos somente no espaço da casa. Vamos ocupar o Mirante do Caminho do Valongo nos finais
de semana, com atividades infantis, contribuindo para o processo de pertencimento do local pelos moradores. Qual é a importância desse centro cultural ser ocupado e dirigido por moradores? Ao promovermos atividades que dialoguem com a identidade e a memória da Região Portuária, beneficiando os moradores locais com o acesso a bens culturais, estimulamos a economia criativa. Compartilhando a ideia de bem imaterial como patrimônio, pretendemos minimizar o processo de gentrificação da região, pensando como desenvolver, por meio da exploração
cultural, novos negócios que levam o impacto financeiro para os moradores. Até o momento existe alguma espécie de atenção especial dada às crianças da região? Atenção especial pelo poder público ainda é nula. Agora a Associação de Moradores e Amigos do Morro da Conceição está se movimentando aos poucos, tentando correr atrás do tempo, batalhando pela manutenção da escola filantrópica da VOT e realizando a festa do dia das crianças, por exemplo. Nós iremos contribuir com isso. Eu tenho duas crianças e quero que elas cresçam ali.
Se alguém se interessar em participar com ideias ou ajuda financeira, como deve proceder? Entrar em contato pelo e-mail: vidal@fimdolivro. com.br. A Casa de Cultura do Porto promoverá atividades socioeducativas. Estão previstas parcerias com as escolas locais? A nossa filosofia de ações tem como referência o diálogo. Nesse sentido, buscaremos parcerias com as escolas, ateliês, o Observatório do Valongo, a 5ª DL, o Instituto Light, etc.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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boca no trombone
Cliques Rua Larga Sacha Leite
ARTE & CULTURA Arte não é cultura. Cultura é valor, gera comportamentos. A arte é um processo que percorre as veias da alma, do sentir, passa perturbadora pela mente (onde mora a cultura), e se realiza obra na realidade. A cultura é regra, lei, forma de pensar de um e de milhões de pessoas. Ela nasce, institui-se, morre, pode renascer, durar muito ou pouco, como ser enterrada viva. A arte é provocadora, balança os alicerces culturais, ou valoriza-os, depende da época, do momento, da causa. A cultura é hábito que se repete, pode ser burra, inteligente, escrita, estudada, decifrada, publicada, difundida. A arte sacode o normal e a moral, revela outros mundos escondidos no óbvio, desperta desejos, desrespeita o metódico, transpassa, mistura coisas nunca misturadas, desafia lógicas, desconsidera os acadêmicos. A cultura é ontem e hoje e pode não ser mais nada amanhã. A arte, se quiser, pode trazer o passado, instalar-se no presente e apontar o futuro. A cultura pode ser um pudor, enquanto a arte, se desejar, levanta sua saia. A arte corre pela praia e deixa culturas em suas pegadas. A arte provoca a identidade cultural, diversifica-a. A cultura é segura, a arte é inquieta. Cultura é tradição, impregna, viaja de geração a geração, transporta hereditariedades, costumes, invade as mentes, dogmatiza, diz o que pode e o que não pode. A arte, se quiser, pode substituir o velho pelo novo, vice-versa, compor uma nova música, recompor, misturar os ritmos, desafinar afinadamente, ridicularizar um hino, ou cantá-lo diferente. O culto do amor é diferente da arte de amar, que faz transar o corpo com a essência e goza longe do altar – nunca se repete. A cultura é moda, a arte não tem compromisso com as estatísticas, ela arrisca e planeja depois que experimenta. A cultura vê, a arte enxerga. A cultura veste, maquia, enfeita, plastifica, enquanto a arte despe, borra e desconstrói a mesmice. A cultura pode proteger ou destruir a natureza, queimar, poluir rios, matar tudo o que for contra sua verdade. A arte nasce, cresce, morre, lança sementes, sobrevive ou não, não pode ser destruída, se autodestrói. A arte filma através de um novo olhar, a cultura capta a imagem e cria um hábito de se comportar. A cultura é o que se acredita, a arte é o que transforma os credos ou os valoriza. A cultura é analisada no divã, a arte liberta o mundo dos analistas. A cultura se ensina desde pequeno, a arte questiona o que se aprende. A cultura pode meter medo, ou tranquilizar diante do certo e do errado. A arte é o medo intangível, onde o certo pode ser errado e o errado o certo. Os órgãos de cultura são caixas que querem guardar as artes em compartimentos, que sacodem as grades para não se tornarem apenas valores de minorias sem cultura. A dança com arte é a referência ao belo, a cultura repetitiva dos movimentos é ginástica. Tudo o que escrevo vem do que eu penso e a minha arte duvida. Uma coisa apenas, a arte e a cultura não provocam, não modificam, não destroem a lenda. fernando portella cottaportella@globo.com
O anoitecer na Praça Mauá - uma das regiões mais emblemáticas da cidade - sempre pode surpreender Daniel Marenco
O artista plástico Ernesto Neto transformou a antiga Estação Leopoldina em uma enorme escultura interativa
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cultura
MAR: o impacto cultural do novo museu de arte do Rio Artistas da vizinhança estão otimistas, mas querem uma interação produtiva com a nova instituição Divulgação
Está prevista para o dia 15 de novembro a inauguração de uma das principais âncoras culturais do projeto Porto Maravilha: MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro). Trata-se do primeiro museu municipal de grande porte da Cidade Maravilhosa. A administração ficará a cargo do Grupo Odeon, uma OS que já cuida da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, e receberá da prefeitura do Rio R$ 1 milhão por mês para manter a nova entidade funcionando. Do ponto de vista arquitetônico, o MAR conjugará dois prédios, um antigo e um moderno. O museu propriamente dito ficará instalado no antigo Palacete Dom João VI, imóvel tombado, construído no século passado e totalmente restaurado para abrigar oito salas de exposição, divididas em quatro andares. As instalações administrativas funcionarão no prédio anexo, originalmente um terminal rodoviário, que acolherá as atividades da Escola do Olhar, um centro educativo focado na formação de professores da rede pública de ensino, que depois levarão seus alunos para visitar o museu, criando plateia para as artes plásticas. Conforme projeto desenvolvido pela empresa carioca de arquitetura Ber-
A artista plástica Stela Barbieri será a curadora educacional do MAR e da Escola do Olhar
nardes + Jacobsen, os dois prédios são interligados por uma passarela suspensa ao lado dos últimos andares. Os visitantes entrarão pelo prédio anexo, subirão por elevador até o terraço, onde haverá um restaurante e uma cobertura ondulada e, após chegar ao museu pela passarela, visitarão as exposições de cima para baixo. Perfil de atuação A comunidade artística do Rio aguarda a abertura do novo museu com otimismo, prevendo um impacto cultural positivo na Região Portuária e em toda a cidade. O otimismo se justifica: seguindo recomendações da Unesco, as atividades do MAR abrangerão pesqui-
sa, coleta, documentação, preservação e devolução à comunidade carioca de bens culturais, na forma de exposições, catálogos, plataformas multimídias e programas educacionais. A missão cultural do museu, seu calendário e sua programação, a composição do seu acervo e da sua biblioteca, a estruturação dos eventos educativos e a edição de publicações, entre outras atividades, serão definidas por um comitê liderado pelo crítico de arte Paulo Herkenhoff, principal curador do museu. A expografia está a cargo de Leila Skaff e a identidade visual é assinada por Jair de Souza. Em princípio, o MAR não teria acervo, mas o curador Herkenhoff virou
o jogo e está mobilizando aquisições e doações de obras para a instituição. O primeiro passo foi dado pela prefeitura, que adquiriu uma paisagem do Rio assinada por Tarsila do Amaral e um banco barroco do pintor mineiro Alberto Guignard. Entre as doações realizadas (mais de 300, segundo informou Herkenhoff à imprensa), estão obras de Volpi, Joaquim Tenreiro e do escultor contemporâneo Tunga, além de fotos e documentos históricos. Para executar seu programa, o MAR contará tam-
bém com empréstimos de obras pertencentes a algumas das melhores coleções de arte do Brasil, públicas ou privadas. A Escola do Olhar Com abertura prevista para o início de 2013, a Escola do Olhar será coordenada pela pedagoga Stela Barbieri, que já atuou como curadora educacional da 30ª Bienal de São Paulo. A escola funcionará em sinergia com o museu e será um ambiente para produção e provocação de expe-
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cultura Divulgação
BJA - Museu de Arte do Rio de Janeiro - Perspectiva Frontal
riências, coletivas e pessoais, com foco principal na formação de educadores da rede pública de ensino. Além disso, terá também um programa acadêmico, desenvolvido em colaboração com universidades brasileiras, para discutir arte, cultura da imagem, educa-
ção e práticas de curadoria. Em entrevista para a Folha da Rua Larga, Stela afirmou que a ação da Escola do Olhar terá ênfase “na formação de professores do ensino fundamental, no sentido de ampliar seus conhecimentos de arte, de modo que possam trabalhar
com arte contemporânea, e que possam refletir e estudar sobre temas atuais, tudo enriquecido por ateliês práticos”. Para ela, a escola que nasce junto com o MAR terá a missão de promover “um contato vivo com a arte, gerando, inclusive, encontros de professores e
estudantes da rede pública com criadores contemporâneos”. Quanto às parcerias com as universidades, o objetivo da pedagoga será “promover seminários com as instituições de ensino superior, nas áreas de Filosofia, Design, Arquitetura e Artes Visuais, de forma
colaborativa, para que as questões do museu possam ser tratadas no ambiente acadêmico e vice-versa”. As primeiras exposições do MAR O MAR será inaugurado, em princípio, com as seDivulgação
BJA - Museu de Arte do Rio de Janeiro - Perspectiva Fundos
guintes exposições (registramos aqui o percurso de ida do andar mais elevado ao térreo, o mesmo caminho que o público terá de fazer): O quarto piso exibirá uma mostra de paisagens e documentos inéditos do Rio de Janeiro. No terceiro pavimento, ficará A arte brasileira e internacional, com peças da coleção de Jean Boghici, com obras de Kandinsky e Tarsila do Amaral, e outros. Já no segundo nível, Herkenhoff montará a exposição Vontade construtivista, com 150 das cerca de 200 peças da coleção do casal Hecilda e Sérgio Fadel. Serão apresentados trabalhos de Lygia Pape, Lygia Clark, Sérgio Camargo e Cildo Meireles, entre outros artistas. Por fim, no térreo, a mostra Abrigo, poética e o direito de morar reunirá obras contemporâneas que dialogam com a crônica Mineirinho, de Clarice Lispector (em seu texto, a escritora opõe o sentimento de um habitante nativo ao de um forasteiro). Entre os selecionados, trabalhos de Flávio de Carvalho, Miguel
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Rio Branco, Paula Trope e do Grupo Usina. A expectativa dos dirigentes do museu é de receber de 500 a mil visitantes por dia. Relações do novo museu com a vizinhança O MAR se instalará na Praça Mauá, na vizinhança do Morro da Conceição, onde um grupo de artistas já desenvolve diversas atividades há nove anos. O chamado Projeto Mauá abre as portas de seus ateliês à visitação pública tradicionalmente em dezembro, próximo ao Dia da Conceição. Liderado pelo artista e morador Marcelo Frazão, o projeto já existe há nove anos e seus participantes ficaram na expectativa de uma interação positiva com o novo Museu. A primeira oportunidade aconteceu em agosto pas-
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sado. Um dos curadores do MAR, o crítico Rafael Cardoso, procurou o apoio de Carlos Roberto Rabaça, professor de astronomia e coordenador de extensão do Laboratório do Valongo, da UFRJ, localizado no Morro da Conceição. Rabaça aproximou o crítico dos artistas e surgiu a ideia de fazer uma edição do Projeto Mauá como uma quinta exposição do MAR, extramuros, além das quatro mostras acima referenciadas. Infelizmente, o museu não pôde ser inaugurado na mesma época e a proposta se perdeu. Entretanto, a prefeitura apoiou o turismo local e a Fundação Roberto Marinho fez um vídeo intitulado O Morro e o Mar, um documentário do qual participaram os artistas que moram nas antigas ladeiras da região. Marcelo Frazão conside-
rou que o vídeo, de 12 minutos de duração, ficou realmente bonito, e acrescentou: “Ele aborda os artistas do Morro, a vida dos seus moradores e um pouco do museu, mas não ficou claro como vai ser a interação do MAR com seus vizinhos”. Sua expectativa é que “o museu dialogue realmente conosco, que haja uma troca de ideias, que a ideia da quinta exposição extramuros possa ser realizada no futuro, pois creio que o MAR será muito bom para a cidade, desde que faça ações reais e não apenas atividades para gerar estatísticas positivas”. Já Carlos Roberto Rabaça faz uma crítica a essa primeira ação conjunta: “A Fundação Roberto Marinho deveria ser parceira das ações culturais que já existem de fato no Morro, como é o caso do Projeto Mauá, em
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vez de criar um evento com outro nome, se apropriando do que já existe”. Rabaça acredita que o apoio direto ao Projeto Mauá é a melhor forma que a Fundação teria para agregar valor ao trabalho já realizado pelos artistas. Porém ele realçou que o evento levou grande número de visitantes aos roteiros turísticos do Morro, sendo que “só o Observatório do Valongo recebeu 900 pessoas num único final de semana”. Algumas opiniões O pintor Paulo Dallier, que acabou de completar 80 anos, ficou feliz com o saldo turístico gerado pelo evento O Morro e o MAR: “O documentário ficou maravilhoso e recebemos mais de dois mil visitantes. Só através dos guias turísticos que atuam na região foram 1.650 pessoas”. De acordo
com Dallier, as oficinas de arte realizadas também receberam um bom fluxo de pessoas: “Veio gente de Copacabana, Santo Cristo, Saúde, e isso é muito bom. Quando esteve aqui, o prefeito Eduardo Paes percebeu a força do grupo de artistas que vive no Morro e resolveu nos dar uma força. Creio que foi ele o maior estimulador do evento. Afinal, o Morro é o que resta da arquitetura do início do Rio, o potencial turístico da região é muito grande”. Já a artista plástica Teresa Speridião, também moradora do Morro da Conceição, espera um apoio maior do museu: “Poderia haver um estande dentro do MAR, com exposição de obras dos artistas radicados no Morro. Esse estande seria permanente e haveria rodízio das obras. Assim o museu indicaria para o público seus vi-
zinhos artistas. Já chegaram mais dois novos artistas ao Morro, agora temos um total de 13 artistas moradores”. Para a completa implantação do MAR, serão necessários R$ 76,6 milhões, que representam os gastos com as obras e a manutenção da entidade nos seus dois primeiros anos de existência. As verbas são oriundas da prefeitura do Rio, Fundação Roberto Marinho e da empresa Vale do Rio Doce, por meio da Lei Rouanet. A FRM, que também é responsável pelo projeto do Museu do Amanhã, busca parcerias adicionais de empresas para consolidar a programação do novo museu.
mário margutti mfmargutti@gmail.com
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cidadania
Colégio Pedro II oferece capacitação profissional gratuita Instituição pioneira no Centro do Rio disponibiliza cursos técnicos no período noturno Sacha Leite
Poucos sabem, mas, desde 2006, o Colégio Pedro II ministra cursos técnicos profissionalizantes nas áreas de Administração, Informática e Manutenção Automotiva. Além do CPII Centro, participam também as unidades de Realengo, Engenho Novo e Tijuca. A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica de Jovens e Adultos (Proeja), que tem por objetivo oferecer oportunidade de estudos àqueles que não tiveram acesso ao ensino médio na idade regular. O Proeja possibilita, em uma única matrícula, reunir os conhecimentos do ensino médio às competências da educação profissional. A idade mínima para ingressar nesses cursos é de 18 anos e não há limite máximo de idade. Além da maioridade, também é pré-requisito que o interessado tenha concluído o ensino fundamental. Os cursos têm duração de três anos e permitem ao formando prosseguir os estudos em nível superior, assim como exercer atividades profissionais técnicas. A coordenadora do ensino médio do Colégio Pedro II, Eliana Myra, explica que o acesso ao Proeja é facilitado: “Basta fazer um teste de Português e outro de Matemática. A taxa de inscrição para essas avaliações é de apenas dez reais”. Ela informa ainda que o processo seletivo para vagas no perí-
termos que chegar, às vezes, depois da aula iniciada.
para a conclusão do curso nos três anos previstos?
Como avalia os professores? Destacaria algum especialmente?
Todos esses incentivos são de suma importância. O vale-transporte faz com que não precisemos tirar a passagem do nosso bolso, facilitando a locomoção até a aula e evitando faltas. A refeição para alunos que saem direto do trabalho e que, muitas vezes, não possuem recursos para fazer uma refeição fora é essencial. E o auxílio bolsa é um acréscimo importante no nosso orçamento mensal.
Na minha opinião, todos são ótimos. Destaco, em especial, o professor Arthur, de História. As aulas dele são, além de muito produtivas, verdadeiras viagens. Ele tem o incrível poder de nos transportar ao tempo do fato abordado em aula. É sensacional! Adriana alia o trabalho como auxiliar administrativa no Instituto Cultural Cidade Viva e a dedicação aos estudos
odo noturno – das 18h30 às 22h30 – é anual. Segundo a coordenadora, uma vez inscrito, o aluno passa a receber vale-transporte, alimentação durante o período que permanece na escola e bolsa de auxílio estudantil concedida pelo governo federal, no valor de R$ 100. As turmas possuem no máximo 35 alunos, pois o objetivo é manter a qualidade. “Quando a procura é muito grande, abrimos mais turmas”, conta a coordenadora, informando que o edital de 2013 está para ser publicado a qualquer momento no site da instituição: www. cpII.g12.br. Adriana Rocha, de 35 anos, é aluna do curso técnico de Administração do Colégio Pedro II – Centro Como você ficou sabendo da existência do curso?
Através de um e-mail do Colégio Santa Mônica. Você acha que a capacitação é válida mesmo para quem já concluiu o ensino médio? Sim, muitos que já possuem o ensino médio, como é o meu caso, buscam o curso técnico até mesmo como uma forma de inserção no mercado de trabalho, visando o peso que o nome da instituição de ensino Pedro II poderá ter em seu diploma de conclusão. Caso o aluno trabalhe em horário comercial, é possível conciliar com a atividade profissional? Totalmente. Na minha turma praticamente todos nós trabalhamos e conseguimos conciliar bem com os estudos. Também temos
fácil acesso aos professores que nos auxiliam no caso de dúvidas em função de
Qual é a importância de incentivos como vale-transporte, refeição e bolsa de auxílio estudantil
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br
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cidade
Biroscas na Gamboa Festival Sabores do Porto divulgará especialidades de pequenos bares da região Nos dias 24 e 25 de novembro, a Zona Portuária recebe o Festival Sabores do Porto, que acontece dentro e fora das comunidades dos morros da Providência, do Pinto e adjacências, estendendo-se de forma democrática a todos os bares e restaurantes dessa região que ofereçam novas opções culinárias e se enquadrem dentro do regulamento proposto pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Seasdh, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro via Vila Olímpica da Gamboa, Instituto Pe-
reira Passos, Porto Novo, Sebrae-RJ, Sind-Rio e Firjan. De acordo com os organizadores, a intenção é estimular a criação de receitas inéditas desenvolvidas pelos comerciantes formais e informais, produtores de quentinhas, incluindo as pequenas biroscas. A ideia principal desse evento é contribuir para a melhoria da qualidade de atendimento nesse campo de prestação de serviços e dar os passos iniciais para a organização do turismo, fomentando a organização e
fortalecimento da rede de comércio local. Durante essa atividade, ocorrerão apresentações e intervenções artísticas e culturais existentes na região e nas proximidades dos empreendimentos que participam do festival. Everton Santana, dono do Bar do Veto, elogia a iniciativa e informa que disponibilizará variados quitutes e, como prato principal, angu com rabada. Até a segunda quinzena de outubro, já havia mais de 20 estabelecimentos inscritos.
Conheça alguns dos participantes já confirmados Bar do Veto Tipo de negócio: birosca (vende também artigos gerais) End.: Rua Bento Teixeira, entrada 13, casa 25. Tel.: 2263-0307 O que costuma servir: petiscos Especialidades: angú com rabada Sabor das Louras e Gelado do Moreno Tipo de negócio: pensão End.: Rua da Bica, 41 (próximo à Rua Barão da Gamboa)Tel.: 2283-2660 Especialidades: carne de sol com aipim, frango a passarinho Prato: jabá com jerimum na massa com molho branco Lúcia Luiza Tipo de negócio: birosca End.: Rua Bento Teixeira, 55 – Gamboa. Tel.: 7304-0910 Especialidades: petiscos Promoção especial: bolinho de bacalhau
Segundo a organização, a cultura local deve ser divulgada e potencializada, aproveitando o momento de revitalização para oportunamente acompanhar esse crescimento, focando na geração de renda, na abertura de novos negócios, favorecendo a multiplicidade de empreendedores capacitados para melhor atuar no setor comercial da Região Portuária do Rio.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
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morro da conceição Um gravurista no Largo da Prainha Apresento nesta coluna o mais jovem artista do Morro da Conceição: Antônio Thiago Madureira Brochado Martinho. Ele vem de uma família muito respeitada e querida, tanto no Morro como no entorno. Habita uma bela casa no número 68 da Ladeira João Homem. Thiago nasceu no Morro da Conceição, estudou no Colégio Santa Úrsula, no Zaccaria, esteve dois anos em Portugal e terminou o ensino médio no Colégio Pedro II. No mesmo ano, ingressou na Escola de Belas Artes da UFRJ, onde optou pelo curso de Gravura. Antes hesitou entre Design e Arquitetura, mas a gravura falou mais forte. As belíssimas ilustrações que faz são reflexo do seu talento e de grandes professores que teve
Além de gravurista, Thiago faz restauro e já trabalhou na Casa Daros, em Botafogo, Quitandinha, em Petrópolis, Santíssimo Sacramento, na Avenida Passos, Centro do Rio, Igreja Nossa Senhora da Conceição e São José, em Irajá, entre outras. Thiago está terminando uma pós-graduação em História da Arte Sacra, no Mosteiro de São Bento, e sua monografia será sobre a Igreja de São Francisco da Prainha e arredores, como a Pedra do Sal e o Morro da Conceição. Paralelamente às atividades artísticas, Thiago, seu irmão e mais um sócio retomaram o armazém do avô, já aposentado, mais conhecido como Bar do Seu Adão, no Largo da Prainha. Com as reforDivulgação
Duas gravuras do jovem artista
na universidade, entre eles, Kazuo Iha e Marcos Varela, por quem tem grande afeto e admiração. Thiago cita os artistas que mais gosta, além dos professores: Rubens Grilo, Salvador Dalí, Van Gogh e Paul Wunderlich. A gravura é uma técnica intimista que exige tempo e dedicação. A beleza de suas imagens se revela lentamente, como um pequeno universo que, aos poucos, nos invade e seduz.
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mas no Centro, o bar havia sido prejudicado, mas hoje, com o término das obras, o ritmo está voltando ao normal. Agora todos esperam que o Escravos da Mauá, provisoriamente na Praça da Harmonia, volte a tocar onde sempre esteve. E o Bar do Seu Adão seja novamente um coadjuvante do samba.
teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com
Notícias da Providência João Guerreiro compartilha as novidades culturais em ebulição na Casa Amarela O Sarau Providencial volta a funcionar no dia 20 de outubro, às 17h, mas os preparativos para as demais fases do projeto começaram nas três semanas anteriores. Fabiana, mediadora de leitura, desde 1º de outubro, está cinco dias por semana no Espaço de Leituras Ana Maria Machado. O Cineclube Morro da Favela reestreia no Largo da Escadaria também em 20 de outubro. Além disso, estão abertas as inscrições, desde o principio do mês, para a Oficina de Corte e Costura, que será ministrada pela dentista e costureira Luciene Macedo, aos sábados, quinzenalmente. As “alegorias e adereços” do dia 20 já estão garantidas! Maurício Hora está se organizando para ampliar as possibilidades de leitura do território através da Oficina de Fotografia. O registro da Memória Oral dos Moradores da Providência – semente do projeto “Morro da Favela: o nosso museu é habitado” – começou em 30 de setembro. Quem inicia o registro de sua vida na Providência? Quem define os primeiros moradores e quem filma? As crianças! Depois divulgaremos a lista das pessoas indicadas pelas crianças com alguns outros moradores e todas as pessoas apontadas pelas crianças foram consideradas referências – os nossos Griôs. Taigo, Cassinho, João e Ana estão empolgados. Taigo, que, aos 14 anos, já fez o curso “prático” de fotografia com Maurício Hora e tem um olhar diferenciado, já pega a filmadora e, em cinco minutos, já sabe como funciona, carrega, dá zoom e bate foto. Junto à equipe, agrega-se Priscila, estudante de Ciências Sociais, que, desde o dia 30 de setembro, iniciou um estágio junto ao projeto Memória Oral. Descobertas: Priscila já fez curso de fotografia e
Maurício Hora
Crianças descobrem os encantos da leitura no Sarau Providencial
adora filmar. Pronto. Taigo com os “toques” da Priscila é o nosso “Glauber Rocha ou Eduardo Coutinho”. Ele pergunta: “Quem?” Cassinho, que dividiria a filmagem com o Taigo, some e manda recado: “Não vou participar das gravações”. Por quê? As razões profundas das crianças... Ainda teremos mais gravação: quem sabe ele não volta? Agora, a parte mais difícil: convidarmos os moradores a falarem sobre a sua vida e sua história diante de uma câmera para os “voluntários” que trabalham com o Maurício na Casa Amarela, sem o Maurício estar presente! Época de eleição, de obras, de bota-abaixo e de muito “gringo” na Provi, por que falar? Ah, quem vai fazer o convite? Nós, mas, principalmente, as crianças!
Vera, Dona Chiquinha, Dona Mãezinha, Luiz Nego, Seu Ananias, Seu “Daí”: a parte alta da Providência está bem representada. Quatro aceitam gravar na hora (com resistências de alguns, óbvio) e dois marcam para o próximo final de semana. A fome bate forte e não tem nada para comer: os bares abrem mais tarde e nos que estão abertos, só biscoito. Vera é a dona da vendinha em frente ao Largo. Sua fotografia já correu o mundo sob as lentes de Maurício Hora. Pegamos o mesmo enquadramento para ouvirmos agora a sua história. Vera começa a falar e se inicia um futebol no Largo. Tudo bem, eles vão jogar mais embaixo já que o espaço do futebol no Largo é uma construção simbólica das crianças: de-
pois da obra anterior, não há mais espaço para uma quadra de futebol lá em cima também. Falta muita coisa ainda na Provi. Mas tenho a suspeita de que algumas coisas que faltam só chegarão se outras “coisas” se forem. Espero estar profundamente errado... No dia 20 de outubro, vários personagens se verão no telão do Largo da Escadaria. É só o início do registro da Memória Oral da Providência, mas espero que as pessoas possam perceber qual o verdadeiro “patrimônio” existente na primeira favela do Brasil. Pelo material bruto que foi obtido nessa primeira tomada, a expectativa é alta. Acho que ficará bem legal!
joão guerreiro jguerreiro2@gmail.com
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gastronomia
Do crepe ao bistrô
receitas carol
Kombinado inova no ambiente interno e cria porções atraentes para a happy hour Yuri Maia
Uma diminuta entrada na Rua Conselheiro Saraiva abre as portas para revelar um ambiente moderno e jovem, ao mesmo tempo aconchegante e convidativo, daqueles que dá vontade de conhecer melhor. Assim é o restaurante Kombinado, uma espécie de oásis pulsante de vida, cor e sabor, em meio ao tradicional Rio Antigo. Comandados por um jovem casal, o Kombinado se revela em todos os detalhes, desde o conceito de servir “kombinados” durante o almoço executivo, passando pela decoração clean dos salões do primeiro e segundo andares, até a logomarca, uma simpática Kombi, escolhida para fazer uma brincadeira com o nome do restaurante. “O Kombinado surgiu exatamente da ideia de combinar porções e proporcionar uma refeição saborosa e saudável. O ponto de partida foram os crepes com salada e depois foram surgindo as outras combinações”, conta Fabiana Nannetti, proprietária da casa. Com um ano recém-completado, o Kombinado evoluiu de uma creperia para um restaurante com tudo a que se tem direito: decoração intimista, cardápio elaborado e farto de opções e até isolamento acústico para oferecer maior conforto aos comensais. Tudo isso muito bem organizado por um sistema de iPods e comunicação dos funcionários através de microfones. No menu, a última novidade são os Kombinados do Chef, grelhados servidos com molho mais um acompanhamento especial ou dois acompanhamentos da casa, à escolha do cliente. Destaque
Tenho cada vez mais me preocupado com o que entra na minha despensa – com o filho crescendo e se tornando independente, o meu controle sobre sua alimentação está aos poucos acabando. Pensando nisso, tenho usado mais e mais minha criatividade para tornar seus interesses os mais saudáveis possíveis. Uma tarefa nada fácil, tenho que confessar, mas que vale a pena. Sempre fomos viciados em pão, de todos os tipos, mas aquele branquinho, ou melhor, dourado, de casca dura, crocante
e salgadinho tem um lugar especial na nossa mesa. Então passei a fazê-lo em casa. Peguei uma receita antiga e fui adaptando. Para mim, pão que é pão tem quatro ingredientes e nada mais: farinha, água, fermento e sal. Se tiver um pacote de pão em casa leia os ingredientes, a lista é interminável. Encorajo os leitores a se arriscarem nesta arte da padaria, pois um pão fresquinho é sempre irresistível. Boa sorte e Bon apettit!
Pão Branco Destaque para a decoração clean dos salões do primeiro e segundo andares
ACP
Yuri Maia
Ingredientes:
Ouriço, a novidade do menu Kombinado Bar
para o salmão, que pode ir à mesa com risoto de limão siciliano, ou ainda a picanha, guarnecida com molho chimichurri e batata rostiê com mix de queijos. Da especialidade da casa, o crepe Borges, composto de filé mignon, mix de queijos, cebola roxa, ervas e molho requeijão, acompanhado de molho barbecue picante, está entre os mais pedidos. Já o Bela Adormecida é uma boa opção para a
sobremesa, recheado com doce de maçã e calda de laranja, servido com sorvete. Quem não pode sair do escritório no horário do almoço, mas não abre mão de uma refeição gostosa, pode confiar no delivery, que funciona de segunda a sexta, das 11h30 às 20h. Outra novidade é o Kombinado Bar, que será lançado no dia 24 de outubro, com destaque para o Ouriço. Todas as quartas, quintas e sextas, o
restaurante oferecerá cardápio diferenciado à noite, com porções e chope Brahma para embalar o pós-trabalho. Seja para o almoço, lanche ou curtir com amigos e colegas de trabalho um chopinho, o Kombinado tem diversas sugestões para agradar dos paladares mais simples aos mais sofisticados. danielle silveira daniellethamires@hotmail.com
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¼ xícaras de farinha branca (500g) colher de sopa de fermento (10g) ½ colher de chá de sal (3g) ½ xícara de água morna (350ml) Modo de preparo:
Misture o fermento e o sal na farinha. Junte a água e, com a ajuda de uma espátula, misture até formar uma massa mole. Coloque na bancada e amasse por 15 minutos. Coloque numa bacia polvilhada com farinha e deixe crescer por alguns minutos até que dobre de tamanho. Faça os cortes adequados e borrife água nos
pãezinhos. Leve ao forno pré-aquecido a 200°C e asse até ficar dourado e crocante.
ana carolina portella carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol. blogspot.com
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lazer
Visitas guiadas à região atraem novos públicos ao Centro Yuri Maia
A segunda fase das Visitas Guiadas do Animando a Rua Larga foram concluídas no dia 1º de outubro. Realizadas pelo Instituto Cultural Cidade Viva (ICCV), com patrocínio da Light e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, as caminhadas percorreram toda a Avenida Marechal Floriano, antiga Rua Larga, apresentando seus diversos monumentos. Há mais de duas mil pessoas na lista de espera para uma possível nova edição do projeto de sucesso. da redação redação@folhadarualarga.com.br
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lazer
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dicas da cidade
Lenta transição em preto e branco
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Mostra de fotografias revela Londres nos últimos quarenta anos Mário Donato
Quase real... O fotógrafo Paulo Mittelman abre, no dia 2 de outubro, às 17h, no Espaço Cultural do Banco Central do Brasil, a exposição Quase Real.... A mostra exibe 67 fotografias com o tema “Apropriações Plásticas do Real”, expostas para o público de 3 a 26 de outubro de 2012, com curadoria de Georges Racz, membro da Association Internacionale des Critiques D’Art e diretor cultural da Associação Brasileira de Arte Fotográfica (Abaf). Espaço Cultural Banco Central: Av. Presidente Vargas, 730, subsolo. D’Orsay in Rio A exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade traz pela primeira vez ao país uma seleção de 85 obras-primas do acervo do Museu d’Orsay de Paris, um dos mais visitados do mundo. De 23 de outubro de 2012 a 13 de janeiro de 2013. O Centro Cultural Banco do Brasil fica na Rua Primeiro de Março, 66, Centro. O samba que dá literatura Dia 20 de outubro, às 16h30, haverá bate-papo sobre a relação entre música e livros. O bamba Nei Lopes, Paulo Lins e Luis Antônio Simas participarão do debate que faz parte da programação do Fim de Semana do Livro no Porto (FIM). As atividades são gratuitas e realizadas na da redação Ladeira Pedro Antonio, 32. redacao@folhadarualarga.com.br
Até o dia 19 de outubro, o Centro Cultural Light abriga a exposição “London Black and White”, que reúne uma coletânea de 30 imagens captadas pelo fotógrafo Mário Donato na capital inglesa, desde a década de 1970 até hoje. “É impressionante como houve pouca modificação ao longo desses quarenta anos. Talvez possamos perceber as mudanças observando as roupas das pessoas”, analisa o artista. Filho de cirurgião, Mário Donato começou a trabalhar com fotografia médica aos 16 anos de idade e, algum tempo depois, formou-se em Medicina. Tornou-se professor universitário e estudioso de linhas de pesquisa relacionadas a Biofísica e Biomecânica. Viveu por mais de 40 anos em Londres e registrou a passagem do tempo na cidade, ora através da Leica que ganhara de presente de seu pai, ora por meio das
Por sugestão do curador, as imagens não têm título para ativar a imaginação do visitante
modernas câmeras digitais. Nas palavras dele, Londres é uma cidade que associa incrivelmente o conservadorismo à transgressão. O pesquisador faz questão de diferenciar o street photographer do fotojornalista, identificando-se com a primeira categoria: “O
jornalista busca o furo. Eu posso até estar no local do crime, mas vou buscar uma imagem que emocione e não uma que incomode”. Na mostra, ele destaca uma fotografia sua em que uma criança nua, de sapatos, contempla uma orquestra que se apresenta em praça pública:
“Se eu não tivesse visto e registrado, aquele momento jamais seria percebido e compartilhado por outra pessoas, em outra épocas”, conclui.
sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br