Folha da Rua Larga Ed.50

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Ilustração

ICCV comemora 50ª edição da Folha da Rua Larga

Em busca de um Porto moderno e sustentável

Os dirigentes do Instituto Cultural Cidade Viva e a equipe da Folha da Rua Larga reuniram, na sede do ICCV, no dia 5 de março, alguns dos principais colaboradores e parceiros do jornal, para celebrar a chegada à edição nº 50. Na ocasião, foram debatidas novas pautas e os rumos futuros da publicação.

Com a colaboração da empresa de consultoria CTE (Centro de Tecnologia de Edificações), a Cdurp e a Porto Novo estão traçando as diretrizes de sustentabilidade da Região Portuária, com ênfase nos setores de construção, de preservação do meio ambiente e de mobilidade. página 5

cultura e cidadania - página 6

folha da rua larga RIO DE JANEIRO | MARÇO – ABRIL DE 2015

patrimônio A Secretaria de Estado de Cultura renovou a aprovação do projeto Parque em Movimento, do ICCV, na Lei do ICMS/RJ. Com o patrocínio da Light, serão dinamizadas as ações educativas e culturais do Parque Ambiental e Arqueológico de São João Marcos.

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 50 ANO VIII

Secretária de Estado de Cultura tem planos para o interior do Rio e aumentará os recursos para o setor

Caru Ribeiro

página 6

história A historiadora Maria Eduarda Marques conta, nesta edição, como a Igreja de Santa Rita de Cássia se tornou um núcleo dos festejos do Divino Espírito Santo. página C3

gastronomia

Restaurante Nina: a cada dia um prato muito especial página 18 Yuri Maia

A nova secretária de Estado de Cultura, Eva Doris Rosental, revela as principais propostas da sua gestão, desafiando um ano de crise.

cultura e cidadania I páginas C4 e C5 Manuel Luiz Pereira

cidade

O urbanista Mozart Vitor Serra, ex-diretor do Instituto Light, analisa alguns futuros possíveis da Região Portuária Com conhecimento de causa, Mozart procura avaliar o impacto das obras da operação urbana Porto Maravilha na própria região, na cidade e nos bairros vizinhos. O especialista analisa também o crescimento da região do ponto de vista da geração de empregos. página C6

Após oficina de fotografia conduzida por Marcelo Frazão, moradores da região produziram imagens territoriais que estão reunidas em mostra coletiva no Bar Imaculada. página 20


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março – abril de 2015

porto hoje

Novo túnel celebra 450 anos do Rio

Restauro do casario da Gamboa e da Saúde

Divulgação

Com a presença da presidente Dilma Roussef e do governador Pezão, o prefeito Eduardo Paes inaugurou, no dia 1° de março, na Região Portuária, o Túnel Rio 450 Anos. Com 1.480 metros de extensão, ligando a Rua Primeiro de Março à Via Binário, o túnel é o primeiro da cidade construído abaixo do nível do mar. Batizado pelo prefeito Eduardo Paes em homenagem ao aniversário de 450 anos da cidade, o túnel vai operar em sentido único do Centro para o Viaduto do Gasômetro e terá capaci-

Na inauguração, a presidente Dilma Rousseff destacou a importância de obras que revitalizam áreas antes esquecidas em grandes centros urbanos

dade de tráfego de 55 mil veículos por dia. Em paralelo à sua extensão, há um túnel auxiliar de segurança

de 821 metros com sete entradas e distância máxima de 160 metros entre cada uma.

Cerca de 500 pessoas trabalharam 24 horas por dia nas obras do túnel, que será monitorado por dois centros de controle: de equipamentos, instalado sob a Praça Mauá, em um prédio subterrâneo de três andares; e o Centro de Controle de Operações (CCO) da Porto Novo, que já monitora todo o tráfego e ocorrências na região desde 2011.

Em uma de suas primeiras visitas à Região Portuária, em 2009, a arquiteta Cristina Barroso se fascinou com o casario antigo dos bairros da Saúde e Gamboa. Ela abriu uma empresa especializada em restauro e, ao longo dos últimos anos, já recuperou fisicamente 18 imóveis privados em ruas como Pedro Ernesto, Sacadura Cabral, Camerino e Senador Pompeu. “Em 2007, encontrei uma amiga da época de faculdade que me chamou para trabalhar em um sobradinho em Botafogo. Foi o primeiro que restaurei. Depois, acompanhando a implementação do Porto Maravilha, comecei a atuar na Região Portuária. Após o primeiro, conheci outro proprietário que mais tarde me contratou. E assim foi. Até agora são 18. A operação urbana veio na hora certa. O mercado foi aquecendo e os imóveis ressurgindo”, conta a arquiteta.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Mapa facilita investimento na Região Portuária

Problemas no Morro da Conceição Claudio Aun

Os moradores do Morro da Conceição estão incomodados com o descaso da prefeitura que fez obras aqui só para inauguração e depois nunca mais deu manutenção. Na Rua Pedro Antônio, ao lado do Observatório do Valongo, existiam dois contêineres subterrâneos de coleta seletiva de lixo. Ambos foram desativados e a foto mostra dois carrinhos azuis insuficientes para abrigar os resíduos. O lixo desce pela encosta e pelo mato que também não é cuidado.

Lixo é problema no Morro da Conceição

Descendo pelo Valongo nas escadas de acesso ao jardim, outro cartão de degradação surge aos nossos olhos: carrinhos sempre abarrotados, em frente ao quartel na Praça Major Valô, e recipientes de coleta nos postes que vivem entupidos. Não dá para entender que no Rio não exista coleta de lixo seletiva. É inútil separar lixo e colocar em sacos distintos que, quando são recolhidos, são misturados de novo. Se houver entulho e o morador der R$ 20

ao gari, ele leva tudo no mesmo carro. Também não há manutenção da pintura das grades das escadas, estão todas com ferrugem. Tínhamos árvores frutíferas no morro: uma amendoeira que nos dava sombra para subir a ladeira, mas arrancaram tudo para fazer uma escada que vai de nada para lugar nenhum, só para gastar granito.

claudio aun | artista plástico claudioaun2010@gmail.com

folha da rua larga Conselho editorial -Alberto Silva, Fernando

Speridião, Syl Dietrich e Yuri Maia

Portella, Francis Miszputen, Maria Eugênia

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Duque Estrada, Mozart Vitor Serra, Roberta

Diagramação - Suzy Terra

Abreu, Sacha Leite, Teresa Serra e Teresa

Revisão ortográfica - Raquel Terra

Speridião

Produção gráfica - Suzy Terra

Direção executiva - Fernando Portella

Produtora Executiva - Roberta Abreu

Editor e jornalista responsável - Mário Margutti

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

Colaboradores - Aloysio Clemente Breves,

Contato comercial - Márcia Souza

Ana Carolina Portella, Fernando Portella, Maria

Tiragem desta edição: 10.000 exemplares

Eduarda Marques, Roberta Abreu, Teresa

Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

farol

O Sebrae/RJ criou um mapa que detalha onde estão os melhores locais para abrir um negócio na Zona Portuária, mostrando se há concorrentes ao tipo de negócio pretendido e que também mostra o passo a passo para se estabelecer. O sistema demorou um ano e meio para ser concluído e inclui dados sobre crescimento da população, das empresas, dos atrativos e das mudanças nos bairros da região. “Mais do que olhar os comércios que já existem, nós analisamos os que estão para surgir. A primeira coisa que o empresário quer sempre saber é se há negócios iguais ao dele na área. Nós dizemos exatamente onde o concorrente está localizado e o que exatamente ele vende”, explica Flavia Guerra, uma das criadoras do sistema. Para escolher o local de uma nova loja de produtos naturais e dietéticos, por exemplo, o futuro empresário pode pesquisar se o local em vista já possui clínicas de saúde, qual a renda da região, quantas pessoas circulam ali e quantas vão circular em cinco anos. Os empreendedores que se interessarem em estudar a região devem procurar o Sebrae no número 0800 570 0800. O atendimento é grátis. Depois que o empresário faz a visita, ele pode contratar uma consultoria para realizar um estudo completo do local e o comércio que será montado. O Sebrae/RJ se compromete a subsidiar 80% do valor da consultoria.

da redação I redacao@folhadarualarga.com.br Curta a Folha da Rua Larga no Facebook!

Onde encontrar o jornal A Folha da Rua Larga é de distribuição gratuita e pode ser encontrada com mais facilidade nos seguintes endereços: Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

• Banco Central – Avenida Presidente Vargas, 730 - subsolo • Bandolim de Ouro – Avenida Marechal Floriano, 120 • Bar Imaculada – Ladeira João Homem, 7 – Morro da Conceição • Biblioteca Estação Leitura – Estação Central do Metrô Rio • CEDIM – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – Rua Camerino, 51 • Centro Cultural Ação da Cidadania – Avenida Barão de Tefé, 75 • Colégio Pedro II – Avenida Marechal Floriano, 80 • Mini Mix (mercado / padaria) – Avenida Marechal Floriano, 87 • Principado Louças - Avenida Marechal Floriano, 153 • Restaurante Beterraba – Rua Dom Gerado, 64-E • Restaurante Málaga – Rua Miguel Couto, 121 • Restaurante Velho Sonho – Avenida Marechal Floriano, 163 • Subprefeitura do Centro – Rua da Constituição, 34


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comércio Panorama socioeconômico da Região Portuária do Rio de Janeiro Estudo do Sebrae/RJ levantou o perfil dos empreendedores locais No ano de 2012, o Sebrae/RJ fez um diagnóstico socioeconômico da Região Portuária que levou à constatação de que há muito o que fazer no Porto do Rio, uma vez que 72% dos negócios locais têm microempresários à sua frente. As empresas de pequeno porte são 5% do total. As médias e grandes empresas se reúnem num percentual de apenas 2%. E cerca de 21% dos entrevistados não respondeu a essa consulta específica.

O estudo revelou também que o grau de informalidade é alto: 47% dos estabelecimentos possuem CNPJ e 42% não possuem. Os dirigentes dos demais 11% não

responderam à questão. Os setores de serviços e de comércio predominam, conforme indica o gráfico sobre a distribuição das empresas por setor. Sebrae/RJ – 2012

Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) realçaram a importância cultural da região: existem 47 estabelecimentos dedicados principalmente às atividades artísticas, criativas e de espetáculos. No total, há 5.720 esta-

belecimentos de negócios, que se somam a 532 empreendedores individuais. 95.157 trabalhadores atuam no Porto, representando 4% do total da cidade do Rio de Janeiro. A renda média mensal desses trabalhadores é de R$ 1.933,12, ligeiramen-

te maior que a média do município, que é de R$ 1.981,70. A escolaridade dos empreendedores do Porto não é muito elevada. Os que têm formação no ensino médio predominam, conforme mostra o gráfico abaixo. Sebrae/RJ – 2012

Estudos como esse são importantes porque permitem balizar as diretrizes de atuação do próprio Sebrae/ RJ e são úteis também para as organizações locais, como o Polo Região Portuária, que reúne os comerciantes do

Porto. Recentemente, o Sebrae/RJ colocou à disposição de quem deseja investir na Região Portuária um mapa que facilita avaliar questões como concorrência, nichos de mercado e oportunidades de novos negócios.

Outra conclusão relevante do estudo foi que a grande maioria dos empreendedores do Porto são proprietários ou gerentes dos estabelecimentos, conforme mostra o gráfico sobre distribuição de cargos profissionais na região. Sebrae/RJ – 2012

O estudo incorporou dados do último Censo Demográfico feito na região, que revelou estes números: a população da Região do Porto é de 25.646 habitantes, distribuídos em 9.029

domicílios, o que dá uma média de 2,8 moradores por unidade domiciliar. O valor médio da renda familiar é de 3,31 salários mínimos (aproximadamente R$ 1.688,10 por mês), enquan-

to a despesa familiar média é de R$ 1.449,17 por mês.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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história baú da rua larga

Porto do Rio de Janeiro: do trapiche à Operação Porto Maravilha Uma história de escravos, imigrantes e da família real portuguesa Augusto Malta

A chegada em 1808 de D. João VI com sua família, empregados e funcionários da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro causou grande reviravolta no porto da cidade. Pelo menos 15 mil pessoas desembarcaram nos modestos trapiches e cais existentes. No mesmo ano, D. João concedeu aos ingleses o direito de baldeação para outros portos, a colocação de carga nos armazéns em terra e o direito de uso dos antigos trapiches. Terrenos foram demarcados na Gamboa e Saco de Alferes, permitindo a construção de novos prédios, arrendamentos para terceiros e a estiva de mercadorias. O movimento de mercadorias foi grande: aço, cobre, ferro em barras ou em manufaturas, carvão de pedra, breu, enxofre e outros sulfatos, alcatrão, piche, óleo, bebidas alcoólicas, pipas de azeite, caixas com velas e sabão, farinha, couros, surrões de lã, sal, peixe e carne salgada, figos, presuntos, manteiga, cebola e alho em réstias, taboado, móveis e seges. O Porto do Rio, no final do século XIX, com suas unidades espalhadas pela região do Paço Imperial

A Praça Mauá no ano de 1910

às praias das Palmeiras e São Cristóvão, concentrava nessa orla as Docas da Alfândega e do Mercado, construídas de 1853 a 1877; as Docas D. Pedro II, edificadas entre 1871 e 1876; o dique da Saúde, destinado ao conserto de navios; a Estação Marítima da Gamboa, construída pela Central do Brasil entre 1879 e 1880. Existiam ainda cais privados, silos e pelo menos 60 trapiches da Prainha a São Cristóvão. O tráfego de passageiros era intenso em junho de 1860: a Real Cia. de Paquetes a Vapor com o Magdalena saía para

Southampton com escala na Bahia, Pernambuco, São Vicente e Lisboa; o Mersey saía para o Rio da Prata; a L’Union des Chargeurs, linha regular de paquetes entre o Rio e Havre, contava com o Cliper Victoria saindo para o Havre no dia 15, recebendo carga para Antuérpia. Nas ruas de São Pedro, Hospício, Saúde, Alfândega e São Bento, passageiros, comissários e exportadores podiam comprar passagem e despachar mercadorias para o brigue Maria Isabel, de propriedade dos Breves, que sairia com destino a Mangaratiba; no patacho

Valente com miudezas rumo ao Pernambuco, ou embarcar para Santos no Vapor Pirahy, do barão de mesmo nome. Com o término da escravidão e a crescente procura por mão de obra, o Porto passou a receber grande número de imigrantes. Na Ilha das Flores foi construída uma hospedaria para 3.500 imigrantes, que ali, após o desembarque, eram remanejados para as fazendas. De 1887 até 1966 funcionou, recebendo grande número de portugueses, polacos, italianos, espanhóis e alemães. De 1883 a 1890, passaram pela Ilha das Flores cerca de 140 mil

imigrantes. A imigração movimentava o Porto e as colônias cresciam com a chegada de novos braços. Somente para Petrópolis (RJ), em 1837, desembarcaram do navio Justine 235 famílias de alemães, e, no ano de 1845, um total de 2.111 pessoas chegaram em 13 navios, como o Virginie, Marie, Leopold, Curieux, Jeune Leon, etc. As colônias do sul do Brasil – Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul – receberam milhares de imigrantes, principalmente alemães e italianos. O primeiro embarque de estrangeiros imigrantes foi efetuado pelo navio Argus, em 1823, do porto de Amsterdã para o Rio de Janeiro. O Brasil movimentou, no ano passado, por via marítima, um total de 969 milhões de toneladas de cargas, das quais 349 milhões em portos organizados e 620 milhões em terminais de uso privado. Segundo a Píer Mauá, empresa que administra as atividades da antiga Estação Marítima de Passageiros, o Terminal de Cruzeiros será também um vigoroso polo de gastronomia, lazer e negócios para a cidade. Somente nas temporadas, nos últimos dez

anos, passaram pelo terminal pelo menos três milhões de turistas, que desembarcaram e fizeram turismo na Cidade Maravilhosa. O Porto do Rio de Janeiro registrou a chegada da família imperial, de escravos e imigrantes em seus precários trapiches. Transportou passageiros e levou mercadorias para o mundo. D. João VI, um homem pacato que devorava frangos, segundo seus melhores críticos, teve o empenho de dar-lhe uma estrutura para um novo Brasil. A estiva pesada, os chapas, os marinheiros de todas as nacionalidades, o samba, as prostitutas de seu entorno e a antiga Estação Marítima acolheram com espírito carioca todos que aqui adentraram a Baía de Guanabara. Atualmente, a Cia. Docas do Rio de Janeiro administra a importação e exportação de produtos, o Píer Mauá recebe os grandes cruzeiros de turistas, e o Porto Maravilha faz renascer a cidade em sua volta, trazendo glamour, história, cultura e novos rumos para a Região Portuária.

aloysio clemente breves pesquisador de história soubreves@yahoo.com.br


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porto sustentável

CTE desenvolve diretrizes sustentáveis da nova Região Portuária Empresa de consultoria usa parâmetros internacionais de sustentabilidade Divulgação

O projeto de revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro é considerado um dos mais ousados do mundo, do ponto de vista da reurbanização. Abrange uma área de cinco milhões de metros quadrados, que tem como limites as avenidas Presidente Vargas, Rodrigues Alves, Rio Branco e Francisco Bicalho. Com apoio dos governos estadual e federal, esta ação da prefeitura do Rio de Janeiro prevê a criação de novas condições de trabalho, moradia, transporte, cultura e lazer para a população que vive na Zona Portuária, além de fomentar o desenvolvimento econômico local. No campo das preocupações com a sustentabilidade, a Cdurp e a Concessionária Porto Novo contam desde o ano de 2012 com a colaboração do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), uma empresa de consultoria e gerenciamento especializada em qualidade, tecnologia, gestão, sustentabilidade e inovação para o setor da construção. O CTE exerce suas atividades no Brasil desde 1990, desenvolvendo metodologias e tecnologias para a melhoria da gestão das empresas, dos empreendimentos e das obras, estimulando e promovendo a produtividade, a competitividade, a cultura diferenciada e o crescimento sustentável da cadeia produtiva da construção. No Porto, o CTE está elaborando as diretrizes de sustentabilidade para aplicação na área de requalificação urbana da região. Todo

Passeio Público no Projeto Porto Maravilha

Divulgação

O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ampliará a conectividade urbana na região

este trabalho culminará no Compromisso com a Sustentabilidade do Porto Maravilha, documento técnico que irá apontar as melhores diretrizes de sustentabilidade ambiental, econômica e social a serem adotadas tanto em nível urbano como pelos empreendimentos e edifi-

cações que farão parte da região. Em seu trabalho, o CTE utiliza referenciais internacionais de sustentabilidade, como o LEED – ND For Neighborhood Developments; AQUA – Bairros e Loteamentos; Living Building Challenge; Procel Edifica; Climate+;

CNU Congresso do Novo Urbanismo; WWF One Planet Living. “Foram selecionadas diretrizes dentro dos principais temas relacionados à sustentabilidade ambiental, social e econômica em nível urbano e das edificações. As diretrizes foram propostas com base

em experiências consideradas de sucesso, tanto no Brasil como em outras cidades do mundo”, afirma Rafael Lazzarini, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento do CTE. Os temas que estão sendo estudados para verificação da viabilidade de aplicação são inúme-

ros. Entre eles, podem ser mencionados: a valorização e a requalificação da paisagem natural, com implantação de paisagismo adaptado ao bioma local, e a adoção de equipamentos de esporte e lazer nas áreas públicas. Também se verifica qual é a densidade habitacional adequada e, quando necessário, se incentiva a urbanização de uso misto (residencial, comercial e institucional). Outras preocupações são: o aumento da conectividade urbana, por meio da criação de novas ruas e passagens por entre os lotes, a integração entre os diversos modais de transporte e criação de infraestrutura para bicicletas nos modais. Em sintonia com o futuro, está prevista uma infraestrutura para recarga de veículos elétricos e a criação de ciclofaixas nos finais de semana. Do ponto de vista da saúde humana, haverá monitoramento dos níveis de ruído na região para adoção de medidas de controle e monitoramento da qualidade do ar. Os temas em estudo são inúmeros e a questão da reciclagem é um capítulo essencial dos estudos do CTE, que prevê a utilização de material reciclado na implementação de infraestrutura de pavimentação, a gestão de resíduos sólidos urbanos e a criação de uma central de triagem de resíduos recicláveis e de Pontos de Entrega Voluntária.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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ICCV

SEC aprova projeto Parque em Movimento na Lei do ICMS O incentivo possibilita a dinamização dos projetos educativos do ICCV Divulgação

A Superintendência da Lei de Incentivo da Secretaria de Estado de Cultura aprovou o enquadramento do Projeto Parque em Movimento 2015, realizado pelo Instituto Cultural Cidade Viva (ICCV), na Lei do ICMS/RJ. O projeto dá continuidade a um conjunto de projetos culturais iniciado em 2012, que contou desde o início com o patrocínio da Light S/A. O objetivo do projeto é responder às demandas e necessidades da operacionalização do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, situado no município de Rio Claro, no sítio arqueológico tombado pelo Inepac, onde outrora existiu a cidade histórica de São João Marcos, destruída na década de 40 para a ampliação da capacidade do complexo hidrelétrico de Ribeirão das Lajes. As demandas estão relacionadas aos recursos humanos e financeiros necessários ao funcionamento do parque e à missão de promover atividades de educação patrimonial e

Concerto no Parque São João Marcos

cultural capazes de promover a salvaguarda da memória e história da antiga cidade inundada pelas águas. Em pouco mais de três anos de existência (foi inaugurado em junho de 2011), o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos já realizou mais de 50 eventos, todos gratuitos e direcionados à população local e aos visitantes das

cidades vizinhas. O objetivo principal das ações de educação patrimonial é a valorização do patrimônio material e imaterial associado à história marcossense, despertando a consciência dos frequentadores do Parque para a importância desse patrimônio para a identidade e desenvolvimento de toda a região. O projeto aprovado para

este ano, assim como o dos outros anos, propõe um calendário cultural diversificado, com a previsão de realização de eventos educativos, além de antever a continuidade do seu programa de educação patrimonial voltado para jovens da rede pública dos municípios de Rio Claro, Itaguaí, Barra do Piraí, Piraí, Volta Redonda, Itaguaí, Barra

Mansa e Pinheiral. A meta do projeto em 2015 é contemplar 2000 alunos dos ensinos Fundamental e Médio. Neste ano, o Parque oferecerá aos seus visitantes um circuito de visitação ainda mais qualificado, resultado dos investimentos feitos durante o primeiro semestre de 2014, com recursos da Light e de financiamento conquistado junto ao BNDES. As estruturações da Reserva Técnica para acolher os artefatos achados no sítio arqueológico e espaços mais estruturados para a realização de exposições e projeção de filmes estão entre as benfeitorias. Os visitantes também poderão visitar o circuito arqueológico que passou por uma série de transformações, na qual destacamos a anastilose (remontagem de ruínas) realizada na casa do Capitão Mor e a limpeza, consolidação e estabilização das ruínas remanescentes da Igreja Matriz. A construção do espaço Obra Escola permitirá a inclusão

de alunos da quarta a sexta séries nas ações de educação patrimonial, um público novo que, no ano passado, não era contemplado nas atividades previstas pelo Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos. O Projeto Parque em Movimento 2015 tem um cronograma de execução previsto para o período de janeiro a dezembro deste ano, com todas as atividades abertas de forma gratuita ao público e com visitas guiadas de quarta a domingo (quarta a sexta, das 10h às 16h; sábado e domingo, das 9h às 17h). Visitas podem ser agendadas pelo email visitas@saojoaomarcos.com. br. Também é possível interagir com o Parque através da fanpage www.facebook.com/ ParqueSaoJoaoMarcos e do site do projeto www.saojoaomarcos.com.br.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Folha da Rua Larga celebra seu sétimo ano de existência Yuri Maia

Uma dupla comemoração – a chegada à edição de número 50 e a efeméride do sétimo aniversário do jornal – motivou a equipe da Folha da Rua Larga a promover um coquetel de confraternização com os seus principais parceiros e colaboradores. Na ocasião, realizou-se uma reunião de trabalho, em que foram debatidos os rumos futuros da publicação. Foram sugeridas novas pautas e o acréscimo de mais quatro páginas ao jornal. Na foto coletiva, ficaram registradas as seguintes presenças, da esquerda para a direita: Claudio Aun, artista plástico morador

idealizadores do jornal; Mário Margutti, jornalista e editor da Folha da Rua Larga, Márcia Souza, corretora de publicidade; Teresa Speridião, artista plástica responsável pela coluna Morro da Conceição; Aloysio Breves, pesquisador de temas históricos e responsável pela coluna Baú da Rua Larga; e o produtor cultural Alexei Waichenberg, do Instituto Wilson Reis Netto. A equipe do jornal, com alguns dos principais parceiros e colaboradores

do Morro da Conceição; Natale Onofre, produtora executiva do ICCV, Suzy Terra, diagramadora do

jornal; Roberta Abreu, produtora da Editora Cidade Viva; Michele Vidal, produtora do ICCV, Sonia

Mattos, empreendedora da Biz Cultural; Fernando Portela, diretor-executivo do ICCV; Mozart

Vitor Serra (sentado), ex-diretor do Instituto Light para o Desenvolvimento Urbano e Social e um dos

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


Divulgação

cultura e cidadania

A advogada Cláudia Alves de Melo foi uma empreendedora pioneira da Rua Sacadura Cabral. Antes da operação Porto Maravilha, em sociedade com o marido, ela abriu o Trapiche Gamboa, que há dez anos faz sucesso como casa de samba para todas as idades. cultura e cidadania - página C8

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

março – abril de 2015

Edição Especial

Inepac lança livro sobre Educação para o Patrimônio Cultural A publicação é voltada para os professores da rede pública de ensino Reprodução

Como parte do seu Programa Integrado de Educação para o Patrimônio Cultural, o Inepac lançou um livro de 104 páginas que objetiva conscientizar os alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, da rede pública de Educação, para a importância de preservar o patrimônio cultural, material e imaterial, do estado do Rio de Janeiro. Para o governador Luiz Fernando de Souza Pezão, que assina o prefácio, o livro ajudará os professores na tarefa de ensinar a importância da valorização do patrimônio, por meio de “um vasto material escrito por profissionais renomados da área de preservação patrimonial, além de sugestões de atividades para serem desenvolvidas com os alunos e uma bibliografia que reúne o que há de mais contemporâneo sobre o tema”. Para a ex-secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes, que assina um texto de introdução à obra, através do conteúdo do livro, os professores serão apresentados à “importância histórica e arquitetônica do patrimônio edificado, a beleza deslumbrante do patrimônio natural, a riqueza da arte sacra fluminense e a delicadeza e diversidade do patrimônio imaterial”.

Para organizar o conteúdo do livro, o Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural) convidou Sérgio Linhares Miguel de Souza, diretor de Pesquisa e Documentação do Instituto e mestrando em Gestão Cultural e Projetos no CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) da Fundação Getúlio Vargas, além de pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior e Tecnologia Educacional pela UERJ. No trabalho de organização da obra, Sérgio teve a colaboração de Evandro Luiz de Carvalho, mestre em Bens Culturais e Projetos Sociais pelo mesmo CPDOC da FGV. O Programa de Educação para o Patrimônio Cultural teve início na Baixada Fluminense, não só por causa da população local, que é superior a 3,5 milhões de habitantes, mas também pela riqueza de seu patrimônio, material e imaterial, além da importância histórica da região na formação do estado do Rio de Janeiro. Para o diretor-geral do Inepac, Paulo Eduardo Vidal Leite Ribeiro, o livro foi editado na perspectiva de que “é preciso conhecer para cuidar”. E acrescentou no texto de apresentação da obra: “O objetivo é desenvolver

ferentes autores, que abordam temas como o histórico do estado, o conhecimento do patrimônio cultural fluminense, o mecanismo de tombamento e a pesquisa histórica. Outros temas abordados são: uma política para o patrimônio móvel e integrado (objetos do cotidiano, obras de arte, objetos cerimoniais, instrumentos e artefatos), os caminhos da restauração de bens tombados, uma definição de paisagem cultural e a importância do colecionismo como instrumento de preservação patrimonial. O livro também enfoca as artes visuais, o folclore no âmbito da Educação, formas de educar para o patrimônio. Um capítulo dos mais interessantes é assinado por Elizabeth Versiani Formaggini, sobre as Cidades Invisíveis, que foram destruídas ao longo da história, mas tiveram suas ruínas preservadas, como São João Marcos, Vila de Estrela, Vila de Iguassu e Vila de Santo Antônio de Sá. Um glossário de termos técnicos, elaborado por Marilda Campos, encerra essa importante obra. Editado pelo Inepac, o livro aborda os patrimônios material e imaterial do estado do Rio de Janeiro

uma consciência de identidade e cidadania, por meio da valorização do patrimônio cultural, bus-

cando o fortalecimento do sentimento de pertencimento e a construção de um processo coletivo

de preservação desses bens culturais”. O livro contém 18 capítulos, escritos por di-

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


C2 Edição Especial

março – abril de 2015

cultura e cidadania boca no trombone

Cliques Rua Larga

Divulgação Cdurp

Senhorinha do mar Uma senhora na Rua Acre, Centro do Rio de Janeiro, tenta subir, com dificuldades, o alto degrau de um ônibus. O motorista apressado acelera em ponto morto num gesto de total desrespeito. Segundo pesquisa liderada por Alexandre Kalache, uma das maiores autoridades no tema da Terceira Idade, “os motoristas de ônibus são os maiores inimigos dos idosos na nossa cidade”. Aposentar-se aos 60 anos foi e ainda é o sonho de muitos. Mas o fim da jornada se alongou. A medicina evolui cada vez mais. O que fazer dos 60 aos 80, além disso? Tricô, jogar damas com amigos na praça, ver televisão o dia inteiro, cuidar dos netos, ficar mais de uma hora com a vendedora de uma loja, sem comprar nada, falando da família? Hoje temos 32 anos a mais de vida, comparando com 65 anos atrás. Viveremos assim cerca de 30 anos a mais do que os nossos avós. Um senhor carregando com dificuldades suas compras chega na portaria do prédio onde mora. O porteiro prontamente se levanta e vai até a porta ajudá-lo. Quem diria, segundo a mesma pesquisa acima mencionada, que os porteiros são considerados os melhores amigos dos idosos. Hoje no Brasil são 23 milhões de idosos. Em 2050, dizem os especialistas, serão 64 milhões. A fila nos bancos para idosos vai dobrar quarteirões. E haja vagas especiais nos estacionamentos. Com o Viagra e derivados, nem o sexo vai acabar. É preciso enxergar este momento. Dá para começar após os 60 uma nova carreira, realizar aquele sonho adiado na juventude por falta de recursos. Em 2013, o Brasil tinha 21% de idosos. Em 2050, serão 42%. “A cada hora hoje, ganhamos 15 minutos de vida”, segundo Ronald D. Lee, economista e professor da Universidade da Califórnia, um dos demógrafos mais respeitados do mundo. Pedro foi aposentado pela idade aos 60 anos, em pleno vigor profissional. Descansou um mês e foi fazer um curso de mestrado em Marketing, sua área de atuação. Anos depois, montou um negócio neste ramo e, aos 70 anos, comprou a empresa onde trabalhou a vida inteira. Por que o aposentaram? Não teria sido melhor para o seu antigo chefe tê-lo tornado seu sócio? Vivemos uma verdadeira revolução da chamada Melhor Idade, o avanço da ciência permite uma maior prevenção das doenças, aumentando assim as possibilidades de cura. Antes a vida era uma corrida de 100 metros, hoje é uma maratona de quilômetros. Temos assim um fantástico desafio pela frente: como envelhecer bem, mais felizes e produtivos? A Folha da Rua Larga, nesta 50ª edição, faz sete anos. Não tem sido fácil, mas estamos somando forças com a comunidade local de moradores, comerciantes e empresas. Estamos envelhecendo em experiência e nos tornando cada vez mais jovens de espírito. Este é o segredo da longevidade. O bairro de Copacabana tem a maior concentração de idosos da cidade do Rio de Janeiro. Deixa assim de ser a “Princesinha do mar” para se tornar a nossa “Senhorinha do mar”. Que tal promovermos o concurso “A idosa de Ipanema”? “Olha que coisa mais linda...”. fernando portella escritor e poeta cottaportella@globo.com

Em janeiro deste ano, as obras do Museu do Amanhã já estavam 76% completas. O museu terá cerca de 30 mil metros quadrados de área externa, com jardins, um espelho d’água, ciclovia e área de lazer. A inauguração está prevista para o primeiro semestre de 2015. Divulgação Cdurp

Concebido pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o prédio terá 15 mil m2 de área construída. Serão dois andares conectados por rampas. No térreo, haverá uma loja, um auditório, salas de exposições temporárias, salas de pesquisas e ações educativas e um restaurante, além de áreas administrativas. Divulgação Cdurp

No pavimento superior do Museu do Amanhã, ficarão as salas das exposições de longa duração, um belvedere para contemplação da bela vista para o mar e um café para deleite gastronômico do público visitante, elemento indispensável em qualquer museu que se preze.


cultura e cidadania C3 Edição Especial

março – abril de 2015

A Igreja de Santa Rita de Cássia e a tradição popular da cidade do Rio de Janeiro Templo católico ficou conhecido como núcleo dos festejos do Divino Espírito Santo Reprodução

Neste ano festivo que a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro completa 450 anos de fundação, vale evocar não apenas os grandes acontecimentos de sua trajetória histórica – de porto avançado das minas à capital do vice-reinado, corte e capital federal –, mas também as histórias e as tradições religiosas e populares que remontam à época colonial. A Igreja de Santa Rita de Cássia, erguida no primeiro quartel do século XVIII, pelo devoto e selador-mor da Alfândega, Manuel Nascentes Pinto, foi por quase dois séculos um dos núcleos dos festejos do Divino Espírito Santo, uma tradição religiosa muito popular no Brasil colonial, advinda do reino. O culto ao Divino Espírito Santo foi instituído em Portugal pela rainha Santa Isabel de Aragão ao tempo do reinado de dom Diniz (1279-1325). Consta que a rainha prometeu ao Divino Espírito Santo arrecadar donativos para os pobres, caso o rei se reconciliasse com o seu filho dom Afonso, herdeiro do trono. A celebração ocorre no dia de Pentecostes, 50 dias após a Páscoa. O ritual comporta missa, sermão encomendado, Te deum e o desfile com a bandeira da irmandade, luminárias, fogos de artifício e música. Antes da coroação simbólica do imperador, que pode ser um adulto ou uma criança, os devotos saem pelas ruas, portando bandeiras vermelhas com pombas

Divulgação

Igreja e chafariz no Largo de Santa Rita: gravura feita em 1846 pelo escritor inglês Thomas Ewbank (1792-1870) A Igreja de Santa Rita de Cássia nos dias de hoje

bordadas em branco, com o intuito de recolher esmolas e doações para o banquete público oferecido aos necessitados. Embora as origens do rito remontem a uma tradição religiosa difundida pela monarquia portuguesa, as festas do Divino Espírito Santo não constavam do calendário das manifestações oficiais do Império nas suas possessões americanas. Adaptadas ao contexto social da cidade colonial, as folias promoviam a inversão simbólica da ordem social, reunindo extrações sociais distintas, inclusive a população negra, o que sempre era motivo de preocupação por parte dos responsáveis em manter a ordem pública. No Rio de Janeiro, os folguedos eram realizados em frente à Igreja de Santana, da Lapa dos Mercadores e da Igreja de

Santa Rita, onde foi erguido um altar do Divino Espírito Santo, em virtude de uma escritura de doação feita à irmandade em 1759. O templo já não tinha então a feição singela da capela construída pelo selador-mor por Manuel Nascentes Pinto. Na metade do século XVII, já estava a Igreja de Santa Rita ampliada e ricamente ornamentada com talha dourada de autoria do mestre Valentim. Como matriz de uma das mais ricas freguesias da cidade, a Igreja de Santa Rita atraía figuras ilustres, a exemplo do poeta lírico Antônio Pereira de Souza e Caldas, que extasiava o público pregando homilias e sermões. A pompa barroca, entretanto, não impediu que o templo fosse frequentado pelos populares. Havia outros bons motivos para isso. No seu in-

Divulgação

Interior da Igreja de Santa Rita de Cássia

terior, foi aberto um poço cuja água gozava de virtudes milagrosas na cura de doenças dos olhos. Ao findar o século, ficou conhecida como “a igreja dos malfeitores”, porque os condenados à polé, de

passagem obrigatória à sua porta, recebiam ali as últimas consolações. A Igreja de Santa Rita remanesce como patrimônio arquitetônico do Rio de Janeiro colonial e como lugar de memória privile-

giado da trajetória histórica e social da cidade.

maria eduarda marques doutora em história medumarques@gmail.com


C4 Edição Especial

março – abril de 2015

entrevista

Eva Doris Rosental: “O mote para 2015 é estabelecer parcerias” Secretária de Estado de Cultura comenta os principais planos e ações da sua pasta Caru Ribeiro

Em novembro de 2014, Eva Doris Rosental substituiu interinamente Adriana Rates no cargo de secretária Estadual de Cultura. Com a eleição de Pezão para o governo do Rio, ela foi confirmada na pasta, assumindo o desafio de administrar as políticas públicas para a área cultural em ano de crise econômica. Na cerimônia de posse, ela afirmou que essa dificuldade não mudaria “sua visão conceitual sobre a melhor maneira de trabalhar”. E acrescentou: “Acredito muito no sucesso de um trabalho feito de forma orgânica, em conjunto, com todo mundo sabendo das informações, dos programas, das metas. Só assim é que um pode ajudar o outro, tanto na Secretaria, com suas autarquias, quanto em conjunto com outras Secretarias, com o empresariado e com as demais esferas de governo”. Eva Doris já foi gerente de patrocínios culturais e sociais da Brasil Telecom, presidente do Instituto Rioarte, superintendente de Artes da Secretaria de Estado de Cultura e presidente da Fundação Anita Mantuano. Nesta entrevista para a Folha da Rua Larga, ela aborda as políticas para o desenvolvimento cultural no interior do estado, as mudanças nos mecanismos governamentais de incentivo ao setor, os projetos específicos para a Região Portuária e novos projetos, que incluem capacitação de gestores e especial atenção às comunidades de baixa renda, por meio do Programa Favela Criativa. Eva Doris: “Estamos realizando encontros com gestores municipais para ouvir o interior”

1) Quais as principais diretrizes das políticas públicas de cultura na sua gestão? Eva Doris Rosental: Incentivar a criação artística em todas as suas formas de expressão, bem como a integração cultural, a pesquisa de novas linguagens, a formação e o aprimoramento de pessoal em sua área de atuação; incentivar medidas, planos, programas e projetos que visem à preservação, à difusão e ao desenvolvimento de ações educativas e culturais em todo o estado; adotar medidas que possi-

bilitem o levantamento e a preservação do patrimônio cultural imaterial, histórico, artístico e arquitetônico; e estabelecer critérios e diretrizes para a gestão dos recursos destinados aos fundos diretamente vinculados à Secretaria. 2) Quais serão as políticas específicas para o desenvolvimento cultural no interior do Estado? Eva Doris Rosental: Estamos realizando uma série de encontros com gestores públicos de todas as regiões do estado, secretários muni-

cipais de cultura, justamente para ouvir o interior, discutir políticas conjuntamente e estabelecer uma agenda institucional de projetos comuns, como o apoio na construção de sistemas municipais de cultura. Vou a esses encontros acompanhada de pessoas da minha equipe, gente de diversas áreas da secretaria. Os encontros começaram pelas regiões que já possuem fóruns de gestores organizados, como o Noroeste Fluminense e a Região Serrana. Depois, tivemos Duque de Caxias, reunindo secretários de cul-

tura da Baixada Fluminense, que também possui fórum de gestores organizado e, fechando março, nos reunimos com representantes da Região Metropolitana Leste, em Niterói. Em abril, será a vez da Costa Verde, da Baixada Litorânea, do Médio Paraíba, do Centro Sul Fluminense e da Região Norte, além dos secretários da Região Noroeste. Já a nova Lei Estadual de Cultura, construída em parceria com a sociedade civil desde 2010, está para ser enviada para a Alerj e instituirá um novo Conselho Estadual e

um Fundo de Cultura, instrumentos que garantirão mais participação e interlocução e uma nova fonte de recursos para viabilizar o financiamento de programas e editais. A secretaria também irá assistir às prefeituras na construção dos instrumentos dos Sistemas Municipais de Cultura. No plano institucional, vamos retomar os trabalhos do Grupo de Coordenação Estadual, espaço de interlocução entre a SEC e a sociedade civil de todas as regiões do estado, até que esteja instituído o Conselho Estadual de Cultura, com a

promulgação da nova Lei Estadual de Cultura. 3) Haverá alguma mudança nos editais da SEC ou no funcionamento da Lei do ICMS? Eva Doris Rosental: Estamos abrindo esta semana (fim de março) o Edital da Superintendência de Audiovisual, numa parceria com o Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual (Sicav), para a seleção de produtores fluminenses que irão participar do Rio Market 2015, durante o Festival do Rio, do Ventana Sur 2015 e do Marché du Film 2016, o braço de negócios do Festival Internacional de Cannes. No segundo semestre, teremos nosso Edital de Cultura Afro, feito junto com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Sepir). Também no segundo semestre, teremos editais desenvolvidos em parceria com empresas que usam a Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, para as áreas de música, dança e mostras e festivais, todos focados na Baixada Fluminense e no interior do estado. Teremos, através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cultural dos Municípios (Padec), edital para equipar teatros da Baixada Fluminense e do interior com mesas de som e luz, com recursos do MinC. Também estamos conversando com a Secretaria Municipal de Cultura para avaliar a possibilidade de criarmos editais conjuntos. Quanto à Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, foi desen-


C5 Edição Especial

março – abril de 2015

Caru Ribeiro

volvido o Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, como parte das diretrizes e estratégias do Plano Estadual de Cultura, do qual a Lei de Incentivo passará a ser parte integrante. O programa contará com recursos do Tesouro Estadual, do Fundo Estadual de Cultura – que a Lei de Cultura criará –, de incentivo e desoneração fiscal, de convênios e operações de crédito. Isso representará um grande avanço no financiamento de Cultura no nosso estado. 4) Existe algum projeto específico que envolva a Região Portuária do Rio de Janeiro? Eva Doris Rosental: Vamos inaugurar na Região Portuária, até o final do ano, a Fábrica de Espetáculos, nova Central Técnica de Produções da Fundação Theatro Municipal. Também abriremos uma nova entrada para a Casa França-Brasil, voltada para o Porto. 5) Quais os projetos novos que gostaria de destacar? Eva Doris Rosental: O mote para 2015 é estabelecer parcerias. E é isso que estamos fazendo. Teremos a edição 2015 do Curso de Formação de Gestores Públicos e Agentes Culturais, para todos os municípios, realizado em parceria com a Fundação CECIERJ/ Consórcio Cederj e a Faetec, com recursos do Ministério da Cultura. Criaremos um novo polo do programa Rio Criativo, que hoje está sediado no

prédio do Liceu de Artes e Ofícios, também em parceria com a Faetec. E junto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico vamos cuidar da reestruturação da “Film Commission” do estado. Por meio de uma parceria entre a Faetec, o Iphan, o Inepac (órgão da Secretaria) e a Prefeitura de Vassouras, foi criada a Escola de Restauro de Vassouras. O objetivo é a capacitação do corpo docente da Faetec para ministrar cursos de Restauro e Conservação de Bens Patrimoniais. Esses cursos serão oferecidos nos níveis de Formação Inicial (Qualificação); Técnico de Nível Médio (Subsequente) e Especialização (Pós-Técnico). Os cursos abrangem construção civil, restauro e conservação de edificações. Cabe ao Iphan e ao Inepac subsidiar essa formação com conteúdos pertinentes aos temas, certificando os mesmos. O início das aulas está previsto para o primeiro semestre de 2015. No audiovisual, o Rio de Janeiro é o primeiro estado a pôr em prática o projeto Cinema na Cidade, por meio de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Cultura, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a Caixa Econômica Federal. Esse projeto é um dos eixos do Programa Cinema Perto de Você. Seu objetivo é implantar salas de exibição em municípios de pequeno e médio porte (com população entre 20 mil e 100 mil habitantes) que não contam com cinemas em funcionamento. O foco principal são justamente as cidades do interior. Foram sele-

Final da Feira Favela Criativa, com empreendedores das comunidades cariocas Divulgação

Ilustração dos cinemas a serem construídos no interior do estado (Cinema na Cidade) Caru Ribeiro

A secretária Eva Doris reunida com os gestores municipais de cultura da Região Serrana

cionados para o projeto os municípios de Saquarema, Cordeiro, São Fidélis, São Pedro D’Aldeia, Rio Bonito, Bom Jardim, Miracema e Seropédica. Os cinemas serão compostos, em geral, por duas salas com projeção

digital. A exceção é Bom Jardim, cujo projeto viabilizará o retorno das atividades de exibição do Cine Bom Jardim, antigo cinema do município. A previsão é construir os cinemas entre 2015 e 2016. O projeto tem

recursos de R$ 18.750.000, sendo R$ 15.000.000 da Ancine e R$ 3.750.000 da Secretaria. Em julho e agosto, teremos na Cidade de Deus, no Complexo do Alemão/Penha, na Grande Tijuca, em Manguinhos, na

Providência, na Rocinha e na Vila Kennedy o Circuito Favela Criativa, que dará visibilidade aos projetos e manifestações culturais de diversos territórios. O Circuito faz parte do Programa Favela Criativa, em curso desde abril do ano passado, e terá uma programação com atividades abertas e gratuitas em áreas criativas como artes, moda, música, artesanato, literatura, artes cênicas, artes visuais, arte urbana, audiovisual, gastronomia, jogos, cultura popular e dança. Conforme a região, haverá ênfase em uma ou mais dessas atividades, por conta da própria vocação local. E, no final do ano, lançaremos o Prêmio Funk RJ, que será voltado exclusivamente para o funk e realizado no palco mais nobre da cidade, o Theatro Municipal. É uma iniciativa inédita no país e tem como foco visibilizar o movimento funk e elevá-lo ao patamar de gêneros musicais de valor inconteste, como a MPB. O prêmio deve envolver toda a rede produtiva do gênero e mobilizar milhões de fãs em todo o estado, contemplando categorias como Melhor Música, Melhor Mc, Melhor Vídeoclipe, Dançarino de Passinho, DJ e Baile. É algo que ainda estamos desenhando, mas vai ficar muito bacana – e abrangerá concorrentes de todo o estado.

mário margutti jornalista mfmargutti@gmail.com


C6 Edição Especial

março – abril de 2015

cultura e cidadania

O Porto e o futuro do Centro e da Região Metropolitana do Rio Reflexões de um urbanista sobre os impactos da Operação Porto Maravilha Divulgação

Cidades crescem e se transformam. A partir da década de 40-50 do século XX, o envelhecimento e a inadequação de construções das áreas centrais, somados à influência de novas tecnologias, em particular do automóvel, começaram a se fazer sentir na estrutura urbana do Rio. O mesmo ocorreu com os portos, centenas deles, junto com suas áreas contíguas, que ficaram desabilitadas, sem função. O que fazer diante deste quadro? Essa foi a pergunta que assombrou urbanistas e economistas. Os últimos 50 anos viram importantes transformações no campo da intervenção urbana. Anos de aprendizado. Centenas de projetos urbanos e de recuperação de áreas portuárias foram propostos e executados na presença de diferentes graus de intervenção estatal, com uso dos mais diversos instrumentos. Desta experimentação resultaram iniciativas de muito sucesso, tanto na recuperação de centros como de portos. Com a execução do Porto Maravilha, o que se pode prever para os bairros que compõem a região? E para a cidade do Rio e sua Região Metropolitana? Começo por considerar que, nas últimas décadas, as taxas de crescimento da população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro vêm declinando, tendo chegado a 0.77% entre 2000 e 2010. Os montantes de população se abrigam nos bair-

Um dos empreendimentos da região será o Porto Atlântico Business Square, planejado para ser um Benchmark de espaço de negócios

ros da Barra/Jacarepaguá/ Zona Oeste, no município do Rio, nos municípios periféricos da Região Metropolitana e nas favelas. Abrigam-se de maneira informal, com padrões de baixa densidade habitacional. A Região Metropolitana, nos próximos anos, apresentará uma estrutura de polos de crescimento. Assim: 1) A periferização do Rio se acentuará por força da presença do Arco Metropolitano e de sua expansão até Maricá; 2) O crescimento em direção à Zona Oeste se reforçará com as obras de BRT e Linha 4 do metrô, sistemas que têm como ponto focal a Barra da Tijuca (sem falar dos investimentos olímpicos). O crescimento periférico é de caráter não planejado e não comercial. E o que se faz em direção

à Barra da Tijuca é comercial e planejado. Como crer que uma parte do bolo populacional se dirigirá à Região Portuária? Qual sua vantagem comparativa em relação a Jacarepaguá/ Barra ou à periferia? Tanto o crescimento em direção à Barra da Tijuca, quanto aquele em direção à região do porto, dependem do aumento da taxa de formalização habitacional nesses locais. Essa vantagem comparativa – que certamente incluirá subsídios – deve determinar a velocidade com que o Porto crescerá. Outro componente é relativo ao crescimento do emprego no setor de serviços. O que se espera é a aglomeração dos serviços que tenham caráter metropolitano (petróleo, por exemplo). Mas e a saúde, outrora um setor

de grande competitividade do Rio? Alguém já olhou para esse tema? As relações entre o Porto e o Centro da cidade são profundamente imbricadas. Boa parte do Centro tem sua verticalização limitada pela existência de proteção patrimonial nos três níveis de governo. Muito justo, pois o Centro abriga importante conjunto de bens com significado histórico e arquitetônico. Mas apresenta também grande número de imóveis vazios ou em desuso. Sem falar da estrutura viária inadequada a uma densificação maior. Talvez isto indique que seja estratégia importante promover a recuperação do Centro do Rio em menores densidades, tal como num distrito histórico. Paris e Londres não fizeram outra coisa ao

criar legislação impeditiva de maior verticalização de seus centros, adotando núcleos de verticalização mais afastados, em La Defense (e em nódulos na periferia do Centro) e no Cannary Wharf, projetos que têm alguma similaridade com o Porto Maravilha. A questão precisa ser melhor estudada para evitar que Porto e o Centro compitam entre si. Qual a expectativa de acomodação na região do projeto de empregos terciários e de habitantes de diferentes classes de renda, segundo diferentes cenários de crescimento do PIB nacional? Essa é uma questão-chave. E existem também questões sobre transportes e desenho urbano na região. O projeto de Cannary Wharf e o de La Defense se estruturam

em torno do transporte de massa, apoiando-se na extensão de linhas de metrô, deixando ao transporte individual papel secundário. Já o projeto do Porto Maravilha se estrutura em torno a dois eixos binários: uma longa avenida periférica (Rodrigues Alves) e um sistema de VLT dedicado à circulação interna na área. Qual a capacidade de carregamento dessas vias? Que limitações serão criadas para a circulação e bem-estar dos moradores e usuários na presença de vias de tráfego pesadas? A ideia é seguir um modelo de urbanismo em que o uso da rua seja reduzido ao mínimo e as atividades de lazer e comércio sejam transferidas para espaços internos. O território coberto pelo Porto Maravilha foi subdividido em seções nomeadas de A a L; algumas delas correspondem às partes planas do Porto, passíveis de verticalização; outras correspondem a áreas de proteção patrimonial. Para estas últimas, não há indicação de análises, planos ou projetos. O Instituto Light e a Cia City de São Paulo promoveram cuidadoso estudo destas áreas de proteção histórica propondo soluções importantes para seu aproveitamento, baseadas no Estatuto das Cidades. Lançadas essas ideias, seria bom discuti-las. mozart vitor serra urbanista mvserra@ureaa.com


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março – abril de 2015

cultura e cidadania

Empreendedorismo, coragem, qualidade: receita do sucesso do Trapiche Gamboa Pioneira casa de shows combina petiscos com roda de samba Divulgação

O ano era 2003 e a rua escolhida a Sacadura Cabral. A vizinhança tomada por sobrados antigos e um ou outro estabelecimento comercial. À noite, era parco o movimento e toda a Zona Portuária parecia abandonada. Nas mãos, havia pouca verba. No coração e nas ideias, a paixão pelo samba e o desejo de empreender. A advogada Cláudia de Melo Alves sempre gostou muito do samba e frequentava algumas rodas pela cidade. Um dia, sua insatisfação profissional bateu mais forte e junto a ela a vontade de abrir um bar onde pudesse reunir música ao vivo de uma boa “roda de samba de mesa”, com bom atendimento e a frequência dos amigos. Com o apoio de sua mãe desde o início da empreitada, começou a procurar imóveis para compra. Percebendo a Região Portuária como um local de possível revitalização social, cultural e econômica – com valores inferiores aos da Lapa e da Zona Sul, já que o ponto ainda era desvalorizado –, ela tomou coragem e agiu. Aliás, local mais adequado historicamente para homenagear e vivenciar o samba de raiz e de roda não há em nossa cidade, já que ali, entre a Pedra do Sal, a Ladeira do Valongo e o Largo da Prainha, é “o berço do samba”, segundo os especialistas, tendo sido

Show do grupo Samba de Fato: casa cheia Divulgação

A decoração do Trapiche Gamboa preservou a parede construída com a técnica lusitana do óleo de baleia

frequentado por importantes nomes dessa cultura no início do século passado. “Eu tive um ímpeto de coragem para empreender ali, mas acreditando no projeto vindouro de revitalização da área e na certeza de que quem, como eu, gosta de samba, vai aonde ele está e, se for uma boa roda, passa a frequentar. Como eu desejava criar um espaço bonito, confortável e com boa música para as pessoas se encontrarem, achei que aquele sobrado, mesmo numa região desconhecida e desvalorizada, porém ainda perto e acessível, era adequado. Acreditei que as pessoas comprariam esta ideia, e elas compraram”, admite Cláudia. Em novembro de 2004, após cerca de um ano de muita limpeza, obras de demolição interna e restauração – mantendo a arquitetura e preservando a característica histórica – em um grande sobrado de 1857, com o pé direito de 13 metros de altura, três andares, o piso original conservado, a parede de pedra revestida com óleo de baleia e a fachada tombada, ela inaugurou a casa de samba e choro que foi pioneira como casa de música ao vivo em toda a extensão da rua e até hoje se mantém como a mais consagrada do centro da cidade: Trapiche Gamboa. Quando abriu, o samba acontecia apenas às sextas-

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-feiras, com a roda do Eduardo Gallotti. Meses depois passou a abrir também aos sábados, e dali, após quase um ano e meio, já abria de terça a sábado, como se mantém até hoje. O público sempre foi e continua sendo bem diversificado em faixa etária, origem e poder monetário, mas o apreço pelo samba a todos iguala. Atualmente, Cláudia considera que o Trapiche Gamboa é um sucesso devido ao aspecto rústico e aconchegante, clima animado, bom atendimento e cardápio e música sempre de qualidade, que deixam todos à vontade. “O Trapiche tornou-se um refúgio para o samba de roda e se consagrou como uma das maiores, mais bonitas e aprazíveis casas da cidade”, orgulha-se ela. Importantes sambistas por lá já passaram e exímios músicos da nova safra do samba do Rio realizam as rodas noturnas. Sem contar nas gravações de TV que vira e mexe também acontecem por lá. Com as demoradas obras da operação Porto Maravilha realizadas nos últimos anos na Sacadura Cabral, o trânsito e o acesso foram prejudicados e a empresária acredita que até 70% do seu público e faturamento caíram. Porém, de 2014 para cá, com a diminuição das obras e a melhora no acesso, percebeu progresso e a presença de novos frequentadores. Ela está

esperançosa. Avalia que a má fase foi temporária e enxerga uma importante e forte evolução na região quando o projeto de revitalização estiver pronto – promessa para 2016. Entretanto, anseia que a prefeitura disponibilize mais opções de transporte, organize melhor o trânsito e disponibilize estacionamento no entorno da via principal. Cláudia também vê como necessários mais investimentos de iniciativas privadas, e não observa positivamente a grande especulação imobiliária, com preços de “obra pronta” já sendo cobrados. “Os interessados precisam de valores mais acessíveis e condizentes para investir, construir seus sonhos e oferecer seus serviços. Acho que só assim teremos uma revitalização ainda mais rápida”, reflete e torce a empresária, que administra também o Cais da Imperatriz (nº 145 da mesma rua). O Trapiche Gamboa fica na Rua Sacadura Cabral, 155. Tels.: 2516-0868 / 2233-9276. Site: www.trapichegamboa. com. Abertura da casa: segunda a quinta, às 18h30, sexta, às 19h30, e sábado, às 20h30. Aceita cartões de crédito e débito.

sylvia dietrich jornalista syl.dietrich@gmail.com


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atualidades

Aplicativo grátis mostra programação de teatro de todo o Brasil Criado por Guilherme Viotti, da empresa carioca Matanay, o aplicativo Teatro Brasil possibilita ao usuário conhecer a programação das casas teatrais das principais capitais brasileiras, fazendo a consulta por gênero: comédia, drama, espetáculo infantil, etc. O aplicativo abrange 80% do mercado de gadjets móveis do Brasil, pois pode ser usado por iPhones, celulares com plataforma Android e também HTML5. Para Guilherme, o principal objetivo do aplicativo é “incentivar a presença de público nos espetáculos teatrais brasileiros”. Segundo ele, “as pessoas hoje estão desestimuladas a sair de casa para ir ao teatro, por conta do preço dos ingressos, da inércia das programações caseiras e a falta de percepção do valor agrega-

do que a experiência de ir assistir a um espetáculo teatral proporciona”. E acrescenta: “ao invés de trocar o teatro por um bar ou uma casa noturna, as pessoas poderão ser estimuladas pelo aplicativo, porque ele oferece uma plataforma de

interação entre as pessoas que gostam de teatro”. O projeto de Viotti também objetiva democratizar e unificar a difusão de peças teatrais, de forma fácil e prática. Assim, os fãs poderão ficar mais engajados com a proposta de assistir

A Rua Larga mudou. A Folha da Rua Larga também. Com mais informações para você que deseja saber tudo de novo que acontece na região.

apresentações ao vivo, aumentando o vínculo emocional entre a arte teatral e seu público. Como é interativo, o app possibilita que as pessoas vejam quem está por perto, quem está indo assistir a uma peça, fazer upload de fotos e agendar uma ida ao teatro na sua agenda, via celular. A base de ferramentas promocionais do projeto é ampla. Os aplicativos já vêm com leitores de QRCode, permitindo a captura do código até em telas de computador ou em cartazes que poderão oferecer, por exemplo, descontos na venda de ingressos. Todas

as imagens de fundo podem ser clicadas e direcionadas para um site externo, o que possibilita inserir banners de patrocinadores que desejam uma interação maior e mais direta com o público. Será possível criar uma área premium para acesso a conteúdos e promoções exclusivas. Mensagens poderão ser disparadas para toda a base de fãs, dentro de perímetros geográficos a escolher, sem qualquer custo adicional. Outra vantagem promocional é o geofencing: o usuário poderá receber avisos sobre descontos quando passar diante de

um local determinado – o McDonald’s, por exemplo, um restaurante ou uma casa de espetáculos. Essas vantagens promocionais aumentam as possibilidades de receita do aplicativo, que também poderá gerar monetização na venda de cada ingresso teatral adquirido pelos usuários. Para instalar o Teatro Brasil, acesse o site do aplicativo na internet e siga as instruções: www.appteatrobrasil.com.br.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

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destaques

Duas cantoras vão animar a noite do Trapiche Gamboa Divulgação

Divulgação

No dia 24 de abril, às 22h30min, a cantora Mariana Bernardes comandará uma roda de samba no Trapiche Gamboa, com participação especial da cantora Nina Wirtti. No show, Mariana vai tocar cavaquinho e promete encantar o público com composições dos mestres Candeia, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Wilson das Neves, Wilson Moreira, Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro, e também alguns chorinhos que enriquecerão o repertório. Ela contará com a ilustre participação da cantora gaúcha Nina Wirtti, um dos novos e promissores talentos do atual cenário do samba e choro. A proposta é apresentar uma roda em que os repertórios se somam. As duas serão acompanhadas pelos músicos Rafael Mall-

Mariana Bernardes

Nina Wirtti

mith (violão de 7 cordas), Carol D’Ávila (flauta), Georgia Camara (pandeiro) e Luiz Augusto (surdo).

Coral do INT: aberto ao público Todas as quartas-feiras, das 12h às 13h30, acontecem os ensaios do Coral Assint-INT, na sede do Instituto Nacional de Tecnologia (Avenida Venezuela, 82, 4° andar, Auditório). O coral está celebrando uma década de existência e para fazer parte não é necessário ser funcionário ou funcionária do Instituto. O grupo está aberto a

todos que desejam cantar e o ingresso é totalmente gratuito. As atividades do coral estão sob a chancela do Núcleo de Desenvolvimento Social, coordenado por Juciara Branca Oliveira de Souza. Os interessados devem falar com Daniele, através do telefone 2123-1020, ramal 7529, ou mandar um email para: daniele. figueira@int.gov.br. Divulgação

O Coral do INT, quando apresentou o programa Qualquer maneira de amar vale a pena

Filha de músicos, o talento de Mariana Bernardes vem do berço. Aos 18 anos, aprendeu a tocar cavaquinho,

passou a cantar em rodas de samba e nunca mais saiu da cena artística. Participou de inúmeras formações e proje-

tos musicais, entre eles com Cristina Buarque, Ignez Perdigão, conjunto Dobrando a Esquina; Mário Lago (que

ela acompanhou em turnê de sucesso pelo Brasil com o espetáculo Mário Lago: causos e canções), Anjos da Lua, Itiberê Orquestra Família, conjunto Garrafieira (foi crooner), Orquestra Republicana (integra desde o princípio, em 2005) e o Cordão do Boitatá (animando o famoso baile de carnaval na Praça XV, que reúnes milhares de foliões, desde 2007). Além desses, dividiu o palco com artistas renomados, como Elton Medeiros, Wilson das Neves, Délcio Carvalho, Ney Matogrosso, Roberta Sá, Zé Renato, Casuarina, Batuque na Cozinha, Galocantô e recentemente com Gilberto Gil. O Trapiche Gamboa fica na Rua Sacadura Cabral, 155, Gamboa. Tel.: 25160868. Couvert artístico a R$25. 18 anos. A casa abre às 19h30min.

Craque inesquecível é tema de livro Divulgação

Marcelo Schwob, funcionário do Instituto Nacional de Tecnologia, também é escritor. Em novembro do ano passado, ele lançou seu oitavo livro no Clube de Regatas do Flamengo, na Gávea. A obra enfoca a trajetória do craque de futebol rubro-negro Batuta. Foi a primeira obra sobre futebol da sua carreira literária. O próprio autor explica sua motivação: “Escrevi o livro porque o primeiro jogo do Flamengo que vi no Maracanã contou com a presença brilhante do Silva, e nesse dia (19 de dezembro de 1965) o Flamengo foi campeão carioca de 1965. Uma tarde inesquecível. Ele tinha um estilo clássico de jogar futebol, com muita técnica. Milhares de outros torcedores rubro-negros, naquele ano em que ele conduziu

Capa do livro

o Flamengo à vitória no campeonato, sentiram o que senti. Ele começava a ocupar um espaço no coração da torcida rubro-negra. Ele era o ídolo que havia tempos não tínhamos”. Sem patrocínio e sem apoio de uma editora, Marcelo bancou sozinho os custos da edição. A vantagem desse processo, segundo ele, foi ter escrito

Marcelo Schwob e Batuta

o livro do modo como desejava: “Acho que saiu o melhor que eu poderia ter feito”. A edição ficou com 612 páginas, sendo 80 delas de fotografias (mais de 200 fotos). “Eu não esperava que chegasse a tanto, mas

descobri que o Silva da minha memória (Flamengo 65/66 e Flamengo 68/69) era apenas uma parte da história desse grande craque. De certa forma, atirei no que vi e acertei no que não vi. Descobri que ele teve passagens brilhantes em muitos outros clubes, inclusive na Seleção Brasileira. Portanto, sua trajetória exigia um relato bem feito e detalhado”, conta Marcelo.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


17 folha da rua larga

março – abril de 2015

morro da conceição

Um morro que testemunha a história do Rio de Janeiro Relatos de um viajante europeu que ficou fascinado pela cidade Reprodução

Este ano comemoramos 450 anos do Rio de Janeiro. O Morro da Conceição é testemunha dessa história já que teve a sorte de não ter sido demolido, como aconteceu com o Morro de Santo Antônio e o do Castelo. Falar da atualidade me parece óbvio, já que estamos vivenciando juntos notícias boas e ruins, os transtornos das obras, do trânsito, das desocupações voluntárias e involuntárias, da violência desenfreada, dos mandos e desmandos dos nossos governantes. Então me pergunto, em que período da história os moradores e trabalhadores puderam viver a plenitude que merecemos? Selecionei aqui alguns trechos do livro O Rio de Janeiro e seus arredores em 1824. Nele, o autor Ernst Ebel, viajante europeu, contemporâneo de Debret no Rio de Janeiro, retrata fielmente o cotidiano da cidade na época, com seus preconceitos e suas mazelas, e tudo isso com um olhar fotográfico impressionante. Portanto, caros leitores, comparem as épocas de hoje e de ontem e tirem vocês mesmos suas conclusões: (...) contente eu de poder descansar um pouco antes de enfrentar o atropelo da rua do qual mal pode fazer ideia um europeu (página 12). (...) Seguimos agora ao longo da praia ou do cais. A praça a que vamos dar fica repleta até os muros postos à venda, toda sorte de lenha, bananas, tremoços, mandioca, feijão etc. Aí prevalece um cheiro insuportável, tal a imundície que nela se acumula, pois no Rio de Janeiro não há esgotos nem latrinas; tudo que aqui sai das casas é

Reprodução

No prefácio de sua obra, Ebel diz que o valor de seu “livrinho” reside no fato de conter a verdade, “o tanto quanto nos seja possível, criaturas sujeitas a equívocos, vislumbrar essa deusa” Reprodução

Uma das ilustrações do livro de Ernst Ebel

aqui em parte descarregado no mar, para que as marés levem o que elas alcançam (página 59). Continuamos ao longo do cais que é o mercado de pássaros aí expostos à venda, cujas lindas plumagens te encantariam. Além da variedade de papagaios, verias o belo cardeal com seu cocar de penas escarlates e, mais que todos, admirarias a linda viúva do tamanho de um rouxinol, cuja cauda, negra e reluzente, mede três vezes o comprimento. Ainda por cima, seu canto é mavioso, coisa rara entre os pássaros do trópico (página 64). (...) Ao entrarmos, porém, na Rua do Ouvidor, acreditamo-nos transpor-

tados para Paris, porque nela se estabeleceram os franceses e, na verdade, com aquela elegância que lhes é peculiar (página 70). (...) As ruas são todas pavimentadas, mas no geral deixam a desejar. Corre pelo meio da valeta que acumula as sujeiras e só chuvas torrenciais e benfazejas podem levá-las. À noite, são relativamente bem iluminadas por inúmeros lampiões e, como medida de segurança, circulam pelas principais patrulhas de três a quatro soldados o tempo todo (página 75). (...) O tratamento aqui dispensado aos escravos é, de modo geral bom, seus senhores sendo severa-

Rua do Valongo, ilustração, Augustus Earle, publicada em 1824: para “esconder” o tráfico negreiro da população, o marquês do Lavradio ordenou que os escravos fossem levados para o Valongo, então um subúrbio da cidade

mente proibidos de puni-los com mais de quarenta chibatadas e, nos casos de crimes graves, devem ser entregues às autoridades, que os castigam severamente. Tal rigor sendo necessário para mantê-los sob jugo, já que ultrapassam de longe, em número, a população branca (página 44). Ao anoitecer, quando deixei a procissão e voltava para casa, caiu um aguaceiro tão forte que logo inundou as ruas, chegando-me a água aos joelhos. Felizmente, apareceram dois negros com uma cadeirinha, que me safaram da situação (página 39). Cansei-me de tanto andar e o estômago está me lembrando que já são duas e meia, hora local de jantar (página 69). (...) A carência quase total da educação da grande maioria cega-a no que respeita ao progresso (página 146). (...) A segurança pública é mantida com rigor por soldados que patrulham as ruas toda a noite e,

posto que se pretenda que muitas dessas patrulhas, composta de brasileiros, cometam elas mesmas excessos (página 150). Acabo de assistir a uma cena horripilante: a execução de um criminoso. Vinham circulando a tempos falsas notas, conseguindo as autoridades prender os responsáveis. (...) A execução teve lugar no Morro da Conceição, onde foi levantada uma forca. (...) Um padre à frente fazia sua exortação e dois negros desempenhavam as funções de carrascos. (...) Quanto aos brasileiros, os homens são de estatura mediana e franzinos, cabelos e olhos prêtos. O sexo feminino, igualmente miúdo, sendo raras as caras interessantes, mais ainda as realmente belas, só os olhos é que, no geral, escuros, têm-nos verdadeiramente bonitos e suas donas sabem utilizá-los com feitiço (...) Vestem-se comumente à europeia e gostam muito de deixar os braços nus

(...) Se um rapaz aprende a ler, escrever e contar, dão por terminada a sua educação (...) A educação das jovens ainda é mais desleixada, se possível, já que, até casarem, pouco saem de casa, salvo para ir à missa. Contatos com o outro sexo são-lhes proibidos (páginas 187-189). (...) Concertos, bailes públicos e locais de reunião populares são coisas que não se conhecem e, como entretimentos, não há mais que as igrejas e as procissões (página 193) Última carta antes de Ebel partir para Europa: (...) Adeus, tu, oh mais belas das terras! Cresças e apareças em pujança e cultura, para que em ti descubram aquele paraíso que tão fundo embala nossos mais belos sonhos (página 195).

teresa speridião artista plástica teresa.speridiao@gmail.com


18 folha da rua larga

março – abril de 2015

gastronomia

Restaurante Nina: para quem gosta de grill e saladas

receitas carol

Comida a quilo saborosa, que não pesa no bolso e tampouco no corpo Yuri Maia

Nem luxuoso, nem “pé sujo”, o Restaurante Nina é a opção perfeita de almoço no Centro para pessoas que transitam ou trabalham na região e geralmente dispõem de pouco tempo. O local é amplo, limpo, confortável e a refeição, saborosa. Os balcões de pratos quentes, saladas e frutas estão dispostos ao fundo do salão e impecavelmente arrumados. Todo dia tem peixe grelhado, salmão, linguado, tortas, empadões, carnes vermelhas, frango, além do balcão de saladas, legumes e frutas. A maioria da clientela é feminina. É natural: as mulheres estão sempre preocupadas com a boa forma e o Nina oferece várias opções de baixa caloria – é só saber escolher. A cada dia da semana é servido um prato especial e diferente. Na segunda, o restaurante oferece um delicioso estrogonofe de carne branca ou vermelha; terça é a vez de um fumegante cozido farto de legumes; a quarta é marcada pelo bacalhau que corre solto com receitas variadas; quinta, a estrela gastronômica da casa é o camarão perfumado e fresquinho, que atrai os clientes que passam distraídos. Já no último dia útil da semana, para não fugir da tradição, a estrela é a feijoada. Afinal, sexta-feira, pode-se cometer um pecadinho. E viva as carnes secas mergulhadas no cremoso feijão preto. O preço é razoável: R$ 41 reais o quilo, o que dá, em média, R$ 18 a R$ 20 por um prato de salmão ou de linguado com palmito, acompanhado por salada verde, legumes e um pedaço de fruta, por exemplo.

A Páscoa já passou, mas a possibilidade de recomeço nasce a cada dia. Vamos comemorar a vida, comer bem e chamar as crianças para a cozinha, ou soltar nos-

so lado infantil e criar coisas fofas e coloridas. Adoro usar as casquinhas de ovos para sobremesa, ficam lindas e sempre enfeitam a mesa. Muita alegria a todos e bom apetite!

Mousse de coco com chocolate branco ACP

O buffet prima pelo sabor dos temperos e pela variedade oferecida aos clientes Yuri Maia

Ingredientes:

As sobremesas agradam aos paladares mais exigentes Yuri Maia

O restaurante oferece um ambiente agradável e acolhedor

O Restaurante Nina fica no final de uma ruazinha curta, entre a Avenida Rio Branco e o Beco das Sardinhas. Os sócios, Luiz Marcelo e Romeu, ambos advogados, conseguem conciliar o empreendimento com outras atividades profissio-

nais. Deixar o Nina prontinho para funcionar não foi tarefa fácil. Eles investiram um capital bastante expressivo na reforma, porque o imóvel estava em péssimas condições. O restaurante foi crescendo aos poucos e hoje já conta com 40 em-

presas cadastradas para ganhar descontos. O Nina recebe em média 280 pessoas por dia. O que os empresários que estão investindo na região do Porto esperam é que os governantes invistam também na segurança, que está cada dia mais precária nessa região da nossa cidade. As obras na Zona Portuária têm atraído muitas empresas para o Centro. O agito das ruas aumenta a demanda por restaurantes e, assim, movimenta a roda viva da nossa metrópole. Um empreendimento como o de Luiz Marcelo e Romeu é sempre louvável. O Centro do Rio merece e as pessoas agradecem a oportunidade de comer bem e barato. O Restaurante Nina fica na Rua Mairynk Veiga, 30 – Centro. Telefone: 22152440. Aberto de segunda a sexta-feira, das 11 às 15h.

teresa speridião artista plástica teresa.speridiao@gmail.com

• 1 xícara de creme de leite fresco batido em ponto de chantilly • 1 vidro pequeno de leite de coco • 100g de coco ralado fresco • 200g de chocolate branco picado • 2 claras batidas em neve Modo de preparo Aqueça o leite de coco. Assim que ele começar a ferver, apague o fogo e coloque o chocolate branco para derreter, mexendo sempre. Quando o chocolate derreter, junte o coco rala-

do. Vá alternando clara em neve e o creme de chantilly batido. Coloque dentro das cascas dos ovos com a ajuda de uma colher pequena. Leve à geladeira por no mínimo 3 horas.

Como colorir os ovos Quebre a ponta dos ovos com a lateral de uma faca e retire a parte quebradinha. Guarde-os em saquinhos e os congele de dois em dois. Com água corrente e uma gotinha de detergente, vá limpando os ovos por dentro. Eles têm uma película grudada à casca. Você pode puxá-la praticamente inteira. Lave os ovos mais uma vez em água corrente e depois os escorra. Eles devem estar bem secos para pegar cor. Em um copo, coloque água, uma colher de sopa de

vinagre e corante de comida para atingir a intensidade da cor que você quer. Coloque os ovos dentro do copo e deixe que fiquem por pelo menos 2 minutos. Retire-os do copo e os seque com papel toalha. Seu sovos estarão coloridos e prontos para serem recheados. ana carolina portella chef de cuisine carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol.blogspot.com


ONTEM

HOJE

NA 50ª EDIÇÃO DA FOLHA DA RUA LARGA, NOSSA EQUIPE CELEBRA OS 450 ANOS DA CIDADE MARAVILHOSA, REAFIRMANDO O EMPENHO EM CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ECONÔMICO E CULTURAL DA REGIÃO PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO.

AMANHÃ


20 folha da rua larga

março – abril de 2015

lazer

Com uma câmera na mão... e o pé na estrada! Fotógrafa amazonense faz sua primeira exposição no CCL Divulgação

Até o dia 22 de abril, o Centro Cultural Light apresenta, com entrada franca, uma exposição de fotografias da amazonense Alessandra Oest. Intitulada Com uma câmera na mão... e o pé na estrada!, a mostra reúne imagens capturadas durante viagens da artista, que vão desde cenários urbanos até cenas do cotidiano dos tuaregues do deserto do Saara, passando pelos banzeiros (águas fluviais turbulentas) de seu estado natal. Um depoimento da artista esclarece sua opção de arte da fotografia: “Sou Alessandra Oest,

Divulgação

A fotógrafa Alessandra Oest expõe fotos de viagens no Centro Cultural Light

46 anos, amazonense de nascimento e carioca de coração. Formada em Administração de Empresas, mãe, mulher e apaixonada pela arte

da fotografia. A câmera fotográfica é a minha companheira nas ruas, viagens, nessas andanças todas. A fotografia entrou em minha vida

quando, ainda menina, encantei-me com imagens retratadas pelo meu pai. O tempo passou... Casada, tive duas filhas lindas e resolvi retomar a

antiga paixão, depois que meu marido, alguns anos atrás, me fez uma bela e agradável surpresa: presenteou-me com uma câmera fotográfica profissional para continuar com a minha deliciosa diversão. Fiz alguns cursos, leitura de fotógrafos renomados, exposições, viagens, dia a dia procurando aprender e, assim, aprimorar cada vez mais o olhar. Clicando e registrando um momento que poderá ser único: procurando passar em cada imagem sinais de amor, sensibilidade, carinho, humanidade e poesia na forma mais ‘intensa, pro-

funda e honesta’. Este é apenas o começo, minha primeira exposição: mostrar fotos na parede é mais um passo no longo caminho de aprendizado e de novas descobertas, assim espero. Vou chegar lá!” O CCL fica na Avenida Marechal Floriano, 168 – Centro. Visitação das 10 às 17h, de segunda a sexta-feira.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

dicas da cidade Imagens que narram o cotidiano do Porto No dia 28 de março, o Bar Imaculada, que fica na Ladeira João Homem nº 7, no Morro da Conceição, foi inaugurada a exposição coletiva de fotografias Porto em foco. A mostra foi idealizada pelo artista plástico Marcelo Frazão, morador na mesma ladeira, que conquistou o patrocínio da Cdurp para viabilizar o projeto. Segundo Frazão, “a intenção do projeto é revelar ao carioca que, ao passear pela Região Portuária, ele poderia ver muito mais do que as operações urbanas decorrentes do Porto Maravilha”. Em suma, seu objetivo era o de resgatar o olhar poético sobre a cidade por meio da arte da fotografia.

Por ser um programa que inclui intervenções em uma área de cerca de cinco milhões de metros quadrados, muito há para ser registrado no Porto Maravilha. Para além do registro das transformações viárias e urbanas, Frazão acredita que é fundamental mostrar o dia a dia dos moradores, dos visitantes de todos os cantos e dos trabalhadores na região, apresentando em cores vivas e em preto e branco os anseios e expectativas registrados em seus rostos e a sua convivência com espaços singulares, carregados de memória e em contemporânea transformação, que só um olhar treinado pode mestiçar. Para atingir esse objetivo, o projeto Porto em foco promoveu ofici-

nas de fotografia gratuitas para moradores dos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, coordenadas pelo próprio Frazão. “Dou aula desde 1999 em universidades do Rio de Janeiro, em cursos de graduação e de pós. O curso livre de fotografia que ministrei para o Porto em foco tem como base essa disciplina. Foi uma experiência super gratificante, tanto pelo retorno que os participantes deram, quanto pelo nível do material apresentado na exposição. Ficaram evidentes a dedicação e o caminho que eles percorreram. Um dos alunos, inclusive, foi selecionado para a mostra 450 maneiras de amar o Rio. Falo de Rafael Luz, que teve inclusive sua foto sele-

Sandra Feliciano

Cor e dinâmica visual marcam fotografia de Sandra Feliciano Marcelo Frazão

Na foto do professor, a cor sépia acentua o bucolismo de vestígios do passado

cionada para estampar a capa do catálogo. Que satisfação maior um professor pode ter?”, testemunha Frazão. Além de Marcelo, participam da mostra coletiva Andrea Lessa, Felipe Gil, Manoel Luís, Maria do Rosário Nascimento, Rafael Luz, Sandra Feliciano, Tatiane Alves de Souza, Virgínia Silva e Wilian Esteves. O catálogo foi lançado no dia 28 de março, no Bar Imaculada. A exposição Porto em foco fica em cartaz até o dia 4 de maio.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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