Penha Santos
Prefeitura lança Plano de Habitação de Interesse Social no Porto
Uma empreendedora da tradição afro-brasileira
Através da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região Portuária (Cdurp), a Prefeitura mapeou dez terrenos com possibilidade de construção de moradias para famílias com renda entre um e dois salários mínimos. Outros imóveis foram desapropriados com a mesma finalidade.
Mais conhecida como Baiana do Acarajé, Dona Sônia Menezes mora na Gamboa e vende seus quitutes em diversos pontos da Região Portuária e também do Centro do Rio. Capacitada pela Incubadora Afro-brasileira, ela desenvolveu seu espírito empreendedor e hoje faz sucesso com sua gastronomia vinculada a uma tradição ancestral.
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cultura e cidadania - página C1
folha da rua larga RIO DE JANEIRO | JULHO – AGOSTO DE 2015
turismo Em parceria com a Cdurp e a Secretaria Especial de Turismo do Município, o Sebrae/RJ está desenvolvendo um trabalho com o objetivo de promover o chamado turismo de experiência na Região Portuária. É a nova voga turística: o visitante vivencia o mesmo cotidiano que os moradores do Porto.
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 52 ANO VIII
Projeto Distrito Criativo, que reúne empresas em sistemas de trabalho coletivo, se consolida na Região Portuária Divulgação
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história
Sinhô: a biografia de um músico vaidoso, conquistador e boêmio, reconhecido no Rio como o “Rei do Samba” página 4
Formado por 25 empresas, que ocupam três sobrados contíguos na Rua Senador Pompeu, o Coletivo Goma é um dos integrantes do Distrito Criativo cultura e cidadania I páginas C4 e C5
gastronomia
Restaurante Mironga: grelhados rápidos e saudáveis página 18 Divulgação
Divulgação Light
atualidades
Prefeitura do Rio de Janeiro ganha Prêmio InovaCidade, em Curitiba, pelos méritos da Operação Urbana Porto Maravilha O objetivo do prêmio é reconhecer iniciativas dos diversos segmentos da sociedade que estão em sintonia com os Objetivos do Milênio e os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, todos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). página 15
Ecoponto do Humaitá
O projeto Light Recicla, que promove descontos na conta de luz em comunidades de baixa renda em troca da coleta de materiais recicláveis através de ecopontos, conquistou dois prêmios este ano: o Engie Brasil de Inovação 2015, na categoria Relações Comerciais e com Clientes, e o 6º Prêmio ACRJ de Sustentabilidade, na categoria Grande Empresa. página 20
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porto hoje
A estátua do Barão volta para casa
farol
Pavel Loj
A estátua de Irineu Evangelista de Sousa, o primeiro grande empreendedor brasileiro, mais conhecido como Barão de Mauá, está de volta à praça que leva o seu nome. O monumento foi retirado em outubro de 2011, para dar espaço às obras de construção do Túnel Rio450 e de remoção do Elevado da Perimetral. No período em que ficou afastada de seu posto originário, foi restaurada e ficou em exposição na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), na Rua da Candelária. E foi numa sexta-feira, no dia 27 de fevereiro de 2015, que a estátua voltou à praça, entre os prédios do Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã.
Após três anos e meio afastada, a estátua de Mauá está de volta à praça
Posicionada de frente para a Baía de Guanabara, no início da Avenida Rio Branco, a estátua é obra do renomado escultor brasileiro Rodolfo Bernardelli, e chegou à Praça Mauá em 1910. Agora uma
nova coluna de 4,5 metros e quatro toneladas sustenta a estátua de bronze, que mede 2,60 metros e pesa 800 kg. Com o novo passeio público que está sendo construído à sua volta, e já sem o Elevado
da Perimetral, o monumento se destaca mais na paisagem, fica mais próximo do mar, com o Barão olhando para o Museu do Amanhã. O responsável pela retirada e pela devolução da estátua à Praça Mauá é o engenheiro Emílio Giannelli, restaurador de monumentos. “Foi um conhecimento que herdei de família. Hoje, pela terceira vez, trabalho com esta obra. É um material muito antigo e o processo de desmonte e realocação precisa de cuidado extremo”, diz ele.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
O primeiro VLT já está no Rio J. P. Engelbrecht
Embarcado em La Rochelle, região costeira da França, o primeiro VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) já chegou ao Rio de Janeiro, para dar início ao período de testes em solo carioca. Trata-se de um meio de transporte de avançada tecnologia. A cabine onde ficará o piloto, por exemplo, tem um computador de bordo no painel central, rodeado por nada menos que 26 botões laranjas e verdes, com funções diversas. Um deles aciona, por exemplo, o sistema de ar condicionado; outro ativa o limpador de pára-brisas. Um
O primeiro VLT já está sobre trilhos na Rua Luís Mendes de Moraes
dispositivo semelhante aos joysticks de videogames é a peça que dá partida à composição, que tem sete módulos integrados, duas áreas para cadeirantes, dois assentos para idosos e capacidade total para 450 passageiros. O
VLT irá circular com intervalos de 3 a 15 minutos. A distância média entre as 40 estações de paradas previstas será de 300 metros cada uma. A composição irá deslizar sobre os trilhos sem necessidade de conexão com cabos
de energia elétrica, como acontecia com os bondes antigos. O veículo utilizará um sistema chamado APS (Alimentação pelo Solo), em que a eletricidade será fornecida pelos próprios trilhos – e somente no exato local em que a composição estiver passando. A expectativa é que o VLT permita aos cariocas recuperar a mobilidade urbana que a cidade já teve no passado, especialmente na região do Centro.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Maia
Portella, Francis Miszputen, Maria Eugênia
Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins
Duque Estrada, Mozart Vitor Serra, Roberta
Diagramação - Suzy Terra
Abreu, Sacha Leite, Teresa Serra e Teresa
Revisão ortográfica - Raquel Terra
Speridião
Produção gráfica - Suzy Terra
Direção executiva - Fernando Portella
Produtora Executiva - Roberta Abreu
Editor e jornalista responsável - Mário Margutti
Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.
Colaboradores - Aloysio Clemente Breves, Ana
Contato comercial - Márcia Souza
Carolina Portella, Fernando Portella, Roberta
Tiragem desta edição: 10.000 exemplares
Abreu, Teresa Speridião, Syl Dietrich e Yuri
Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br
Pequenos empresários que desejam abrir negócios na Região Portuária agora contam com as vantagens da Lei Complementar Nº 147 de 2014, que foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff em agosto do ano passado. A lei começou a valer desde 1º de janeiro de 2015 e universaliza o Supersimples, que é um sistema de tributação diferenciado para as micro e pequenas empresas. Na prática, o novo dispositivo legal unifica oito impostos diferentes num único boleto e reduz a carga tributária, em média, em 40%. Agora o critério de adesão é o porte e o faturamento da empresa, e não a atividade exercida, o que permite a médicos, corretores e outros profissionais do setor de serviços pagar menos impostos, com menos burocracias. A expectativa do tempo de abertura da empresa também diminuiu para apenas 5 dias, em contraste com os 107 dias necessários no passado. O tempo para fechamento também é mais rápido, o que diminuirá o número dos CNPJs inativos. A nova lei estende suas vantagens para 140 novas categorias e deverá beneficiar 450 mil empreendimentos. Morador do Porto sem IPTU até 2019 Alívio para o bolso dos moradores da Região Portuária: a Prefeitura publicou decreto que isenta proprietários de 4.896 imóveis residenciais do pagamento de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e da Taxa de Coleta Domiciliar de Lixo (TCL) até 2019. Em janeiro, a Secretaria Municipal de Fazenda enviou cartas aos contribuintes orientando sobre o benefício. Os que não receberam devem entrar em contato com o órgão em um dos postos de atendimento ou pelo telefone 1746 da Prefeitura. Outra Resolução (Nº 2.835) mostra como novos residenciais devem solicitar a isenção. Os benefícios valem para novas unidades, imóveis existentes com mudança de uso para residencial e edificações mistas.
da redação I redacao@folhadarualarga.com.br Curta a Folha da Rua Larga no Facebook!
Onde encontrar o jornal A Folha da Rua Larga é de distribuição gratuita e pode ser encontrada com mais facilidade nos seguintes endereços:
folha da rua larga Conselho editorial -Alberto Silva, Fernando
A Lei do Supersimples
Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br
• Bandolim de Ouro – Avenida Marechal Floriano, 120 • Bar Imaculada – Ladeira João Homem, 7 – Morro da Conceição • Biblioteca Estação Leitura – Estação Central do Metrô Rio • Casa Porto - Largo de São Francisco da Prainha, 4 • CEDIM – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – Rua Camerino, 51 • Centro Cultural Ação da Cidadania – Avenida Barão de Tefé, 75 • Colégio Pedro II – Avenida Marechal Floriano, 80 • Editora Cidade Viva – Rua São Bento, 9 1º andar • Mini Mix (mercado / padaria) – Avenida Marechal Floriano, 87 • Principado Louças - Avenida Marechal Floriano, 153 • Restaurante Beterraba – Rua Dom Gerado, 64-E • Restaurante Málaga – Rua Miguel Couto, 121 • Restaurante Velho Sonho – Avenida Marechal Floriano, 163 • Subprefeitura do Centro – Rua da Constituição, 34
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turismo
O Porto do Rio como novo lugar de experimentação turística Novos atrativos culturais e econômicos atraem mais pessoas para a região Divulgação
As transformações que acontecem na Região Portuária do Rio de Janeiro criaram novos cenários para o turismo, o lazer e o desfrute de bens culturais. No Porto de hoje, novos atrativos culturais e históricos começam a fazer parte das rotas turísticas da cidade. Já é evidente o aumento do número de visitantes na região que desejam novidades e que também buscam encontros com as tradições históricas locais. A força da Região Portuária como conjunto de atrativos turísticos levou algumas instituições dedicadas à requalificação urbana e socioeconômica do Porto a realizar um seminário para debater essa e outras questões locais. O encontro foi denominado Tour da Experiência no Porto: um 3x4 da Brasilidade e reuniu mais de 150 pessoas no MAR (Museu de Arte do Rio), no dia 24 de junho. No seminário, foi apresentado o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Sebrae/RJ (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro), em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) e a Secretaria Especial de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur), com o objetivo de promover o chamado turismo de experiência na área. Esse tipo de turismo é uma nova tendência da sociedade contemporânea: as agências de viagem estão investindo cada vez mais nesse nicho, que busca se opor à mera oferta de pacotes genéricos. A ideia é dar ao viajante a sensação de se misturar à cultura e
O seminário mostrou aos empreendedores do Porto o grande potencial da adesão ao chamado turismo de experiência
à população do local, de modo que possa vivenciar uma experiência única. Participaram do encontro empresários locais, representantes dos principais atrativos culturais e turísticos da região, operadoras e agências de viagens, guias turísticos e concierges. Na ocasião, o gerente de Desenvolvimento Econômico e Social da Cdurp, Daniel Van Lima, declarou: “A ideia é o visitante realmente viver a região. Não apenas passar e tirar uma foto no MAR ou no Museu do Amanhã. O trabalho é para que a população passe o dia e vivencie a Região Portuária”. A força da brasilidade O aumento da demanda de produtos e serviços da região traz como conse-
quência natural a necessidade de preparar todos os empreendedores locais para essa fase auspiciosa que vive e viverá a região. O Sebrae/RJ, em particular, está aplicando uma metodologia reconhecida mundialmente para capacitar (inicialmente) 38 empresas para a oferta de produtos e serviços com potencial para se transformar em experiências memoráveis. Após a certificação dos primeiros interessados, o projeto poderá ser estendido a outros donos de estabelecimentos locais. O roteiro propõe um 3x4 da brasilidade, por meio de uma viagem pelos bairros portuários. Além de estimular as vivências locais, esta ação valoriza as heranças positivas do passado e incentiva a construção de um futuro
melhor para toda a região. As ações são gratuitas para as empresas das áreas de gastronomia, hotelaria, artesanato, comércio e atrativos turísticos (museus, centros culturais, feiras e festas). Para o superintendente do Sebrae/RJ, César Vasquez, “o projeto vai fortalecer a inserção da região no mapa da cidade, dos pontos de importância histórica que estão sendo resgatados”. E acrescenta: “Adultos e jovens de hoje não tiveram a oportunidade de aproveitar o que a Região Portuária tinha de bom. Esse projeto vai oferecer a possibilidade de aproveitar o que há de melhor no Porto”. Vantagens para os pequenos comerciantes A proposta de criar o
turismo de experiência no Porto ultrapassa o mero fortalecimento dos circuitos tradicionais. A ideia é estimular a vivência e valorizar as peculiaridades de cada destino. Nesse horizonte, os pequenos negócios são os primeiros a se beneficiar. Foi nesse contexto que a Prefeitura do Rio criou o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, objetivando ampliar o conhecimento sobre a história da Diáspora Africana. Um dos seis pontos que integram o circuito é o Cais do Valongo, maior porto de chegada de africanos escravizados do mundo. O cais é candidato a Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O Museu de Arte do Rio (MAR), inaugurado em 2013, atrai mais de 200 mil visitantes por ano à Praça Mauá. A área se prepara para receber o Museu do Amanhã e o AquaRio, que será o maior aquário da América Latina. A agente de turismo que é moradora da região, Danúbia Oliveira, de 29 anos, participou do seminário e está empolgada com o projeto: “A discussão abre novas perspectivas para o Porto. Tudo está mudando, e para melhor. Melhorando o turismo e a segurança, surgem novas oportunidades de empregos e negócios para moradores e comerciantes”.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
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história baú da rua larga
Sinhô: a irreverência e o carisma do Rei do Samba A biografia de um músico vaidoso, conquistador e boêmio Reprodução
Com o título de “Sinhô, o Rei do Samba, já não canta mais”, o jornal Correio da Manhã de agosto de 1930 anunciou a morte do genial sambista José Barbosa da Silva, mais conhecido como Sinhô. Morreu numa tarde linda, sobre o mar, embalado pelas ondas na barca da Cantareira vindo de Niterói, no dia 4 de agosto. Antes de atracar no Cais Pharoux, da Praça XV, a hemoptise decorrente da tuberculose o levou. O compositor, pianista e flautista nasceu na casa de nº 90 da Rua Riachuelo, no Centro do Rio de Janeiro. Filho do pintor de paredes de botequins e clubes dançantes, Ernesto Barbosa da Silva e de Graciliana Silva, Sinhô se apaixonou, aos 17 anos, pela portuguesa Henriqueta Ferreira que, apesar de casada, não criou empecilho para que vivessem juntos. Durval, Odalis e Ida foram os filhos deste relacionamento, que durou pouco. Henriqueta faleceu em 1914 e Sinhô ficou viúvo com apenas 26 anos. O sambista que compunha marchas para as casas de espetáculos da época, como Kananga do Japão, Flor dos Mares e Zuavos, deixou uma mística em torno de seu nome. O título de “Rei do Samba”, que a princípio deveria ser de Donga, João da Baiana, Pixinguinha ou Heitor dos Prazeres, lhe caiu como uma luva, apesar dos inúmeros críticos dessa homenagem. A fama de vaidoso, sentimental, conquistador e boêmio, além de vestir-se com apuro, não o impedia de afirmar sua condição de caboclo. Mulherengo, teve muitos outros amores: Cecília, uma pianista da Casa Bethoven, que foi sua grande incentivadora; Carmen, uma mercadora do amor; e Nair, apelidada de Francesa, com quem viveu 10 anos. Dizem alguns que, após sua morte, Francesa vendeu seu inestimável violão de madrepérola presenteado pela Viúva Guerreiro, e ateou fogo ao seu arquivo de músicas inéditas e fotografias. Na sua curta existência, Sinhô foi estafe-
Sinhô não perdia a roda de samba da Tia Ciata Reprodução
O sambista em caricatura de Calixto: capa da partitura musical da música Casino-Maxixe
ta dos Correios e Telégrafos, mas as idas às rodas de samba eram em maior número que a entrega de cartas. O dinheiro curto, gasto em noitadas, não lhe permitiu deixar fortuna. No dia de seu enterro, André Vasseur e amigos arrecadaram três contos de réis para que baixasse no Cemitério São Francisco Xavier. O poeta Manuel Bandeira escreveu uma crônica sobre o velório e o cortejo até sua morada definitiva, onde amigos, admiradores, malandros, macumbeiros, soldados, prostitutas, seresteiros e chorões do Catumbi e da Cidade Nova, baianas vendedoras de doces, artistas de teatro e músicos, puderam prantear a perda do amigo. Foi inimitável na irreverência, em canções satíricas e políticas, compondo até mesmo músicas regionais como o Sonho gaúcho, na qual ele fala das cavalgadas, da garoa e de saudades do Rio Grande do Sul. O Diário da Noite de 7 de agosto de 1930 tratou da vida sentimental de Sinhô. Escreveu o articulista que, mesmo com o aspecto de boêmio impertinente, havia em Sinhô um sentimentalismo exagerado, talvez um sentimento religioso profundo, uma fé bem sincera, que estava explícita no seu grande sucesso, Jura: “Jura, jura, jura, pelo Senhor, jura, pela imagem da Santa Cruz, do Redentor, para ter valor a sua jura”. Também era vingativo e não perdoava quem lhe fizesse uma desfeita. Através das letras de seus sambas atacava o adversário, como no duelo com Pixinguinha: “Um sou eu / o outro eu sei quem é / ele sofreu / por usar colarinho em pé”. De outra feita, investiu contra Freire Júnior, por ter feito uma alusão jocosa ao fato de ter nascido no Catumbi. Compôs então Cabeça de promessa, que foi grande sucesso no Carnaval. A fama de brigão se espalhou: “Samba é como passarinho / é de quem pegar”, dizia Sinhô, quando contestado nas suas composições.
Sua ironia e sátira iam longe. Em Burro de carga, carga de burro, dizia: “Deus fez o homem e disse num sussurro / Tu serás burro de carga e a mulher carga do burro”. E para completar o quadro, temos a admiração do poeta Bandeira que traduziu em sua crônica a carioquice de Sinhô: “Que língua desgraçada! Que vaidade! Mas a gente não podia deixar de gostar dele desde logo, pelo menos os que são sensíveis ao sabor da qualidade carioca. O que há de mais povo e de mais carioca tinha em Sinhô a sua personificação mais típica, mais genuína e mais profunda”. Nunca abandonou as rodas de malandros e o samba, mas soube cultivar grandes amigos, como José do Patrocínio, Luiz Peixoto, Villa Lobos, Manuel Bandeira, Mário Reis, Augusto Vasseur e Álvaro Moreira. Certa vez, foi solicitado para tocar uma peça erudita ao piano. Segundo Almirante, sambista e radialista, contemporâneo de Sinhô, o “Rei do Samba” era incapaz de ler uma nota musical. Respondeu para a insistente senhora que não poderia atender seu pedido, pois realmente não se dava com o autor. Dizem alguns que, na marchinha Fala baixo, quando se refere à Rolinha, estava alfinetando o presidente Arthur Bernardes, que governou com o chicote na mão, impondo estado de sítio à nação. Por conta disso, Sinhô, sumiu por uns tempos do Rio de Janeiro. Em 1952, a vida e obra de Sinhô foram tema de uma cinebiografia, com direção de Luiz de Barros e produção de Carmen Santos, estrelado por Bené Nunes, Zé Trindade e Elizete Cardoso. Uma homenagem póstuma ao famoso “Rei do Samba”.
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porto sustentável
Edifício Port Corporate Tower é modelo de sustentabilidade Empreendimento corporativo de 22 andares recebeu Certificação LEED Divulgação
O primeiro grande edifício corporativo da Zona Portuária do Rio de Janeiro, o Port Corporate Tower, já está pronto e é um exemplo de arquitetura sustentável. Trata-se de um empreendimento comercial da Tishman Speyer, que materializou princípios de sustentabilidade desde o início das obras, com um grande empenho: o de conseguir a certificação ambiental LEED Gold Core Shell (Envoltória e Estrutura Principal), que é concedida pelo Greenbuilding Council Brasil, uma organização não governamental criada para fomentar construções sustentáveis em nosso país. LEED quer dizer Leadership in Energy and Environmental Design (Liderança em Energia e Design Ambiental) e consiste num sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países, com o intuito de incentivar projetos, obras e operações das edificações que tenham foco na sustentabilidade. Localizado num terreno de 13 mil m2 na Avenida Rio de Janeiro, o prédio tem 18 pavimentos de escritórios com bela vista panorâmica para a Baía de Guanabara. Além do conjunto de salas comerciais, o prédio conta com um PUC (Pavimento de Uso Comum), além de piscina, academia de ginástica e dois restaurantes. Não é fácil conseguir essa certificação, pois o edifício precisou atender a todos os aspectos considerados pela entidade certificadora: Espaço sustentável – previsão de 42 vagas para bicicletas e quatro chuveiros em vestiários à disposição dos usuários ciclistas. Também há previsão de vagas destinadas a veículos de baixa emissão
Parede verde e luz natural fazem parte da lista de atributos sustentáveis do edifício
de carbono e consumo eficiente. O projeto de arquitetura sustentável prevê ainda um jardim suspenso descoberto, o que contribui para o conforto térmico da edificação. Energia e Atmosfera – o foco aqui é a redução do consumo de energia. Para tanto, o Port Corporate investiu na implantação de um sistema de automação para medição individual do consumo de eletricidade, além de um sistema de iluminação inteligente e medições setorizadas do consumo de energia por uso final. Uso racional da água – reutilização de água de chuva e de condensação de ar condicionado para sistema de irrigação dos jardins. Também há previsão para tratamento de águas cinzas e de condensação para reuso de água de chuva. A instalação
de produtos economizadores nas áreas comuns pretende reduzir o consumo de água. Qualidade Ambiental Interna – para promover a qualidade ambiental no interior do edifício, o projeto de arquitetura sustentável priorizou fachadas de vidro, o que também garante aos usuários acesso visual à paisagem externa. Um sistema de renovação e de condicionamento de ar nos ambientes ocupados visa a garantir o máximo conforto térmico possível e um alto padrão de qualidade do ar. Materiais e recursos – utilização de materiais de construção sustentáveis durante a obra e previsão de áreas em cada pavimento para coleta seletiva de lixo e depósito central para armazenagem, sepa-
ração e encaminhamento à reciclagem. Com a conquista da certificação, o edifício recebe os seguintes benefícios econômicos: diminuição dos custos operacionais; diminuição dos riscos regulatórios; valorização do imóvel para revenda ou arrendamento; aumento na velocidade de ocupação; aumento da retenção e modernização e menor obsolescência da edificação. A certificação LEED envolve também alguns benefícios sociais, a saber: melhora na segurança e priorização da saúde dos trabalhadores e ocupantes; inclusão social e aumento do senso de comunidade; capacitação profissional; conscientização de trabalhadores e usuários; aumento da produtividade de funcionários; melhora na recuperação de pacientes (no caso de hospitais); melhora no desempenho de alunos (em escolas); aumento no ímpeto de compra de consumidores (em comércios); incentivo a fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais; aumento da satisfação e do bem-estar dos usuários, além do estímulo a políticas públicas de fomento a construções sustentáveis. Por fim, há também a conquista de benefícios ambientais: uso racional e redução da extração dos recursos naturais; redução do consumo de água e energia; implantação consciente e ordenada; mitigação dos efeitos das mudanças climáticas; uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental e, por fim, redução, tratamento e reuso dos resíduos da construção e operação.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
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responsabilidade social
Prefeitura lança Plano de Habitação de Interesse Social no Porto Estão previstas novas unidades habitacionais para moradores de baixa renda Divulgação Cdurp
Desde junho passado, a Prefeitura vem realizando audiências públicas voltadas para o lançamento do Plano de Habitação de Interesse Social do Porto Maravilha (PHIS-Porto). O primeiro encontro reuniu 140 pessoas, incluindo representantes da sociedade civil, órgãos do governo e moradores da Região Portuária do Rio. Conforme Alberto Silva, presidente da Cdurp, o plano é uma “ferramenta fundamental para consolidar os objetivos da Operação Urbana Porto Maravilha, pois contribui para a permanência dos atuais moradores na área, para a melhoria de sua qualidade de vida, bem como para o adensamento da região e do Centro da cidade como um todo”. Ainda segundo ele, “o plano possibilitará aproximar locais de moradia e trabalho, com impactos positivos sobre mobilidade urbana e a segurança pública, propiciando um espaço urbano mais vivo e integrado”. A Região Portuária vem passando por um processo intensivo de requalificação urbana, com a instalação de novas redes de infraestruturas e melhoria na qualidade de serviços públicos como coleta de lixo, conservação e manutenção de iluminação pública. Os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo já estão vivenciando uma fase de valorização econômica. É nessa perspectiva que o plano foi elaborado: “A prioridade no atendimento da população atual é, portanto, de suma importância. Após tantas décadas de abandono, este grupo deve ser o
Mapa dos terrenos da Região Portuária nos quais poderão ser construídas as Habitações de Interesse Social (vermelhos: imóveis da União; roxos: imóveis do INSS)
principal beneficiado pelas transformações positivas em curso”, assinala o presidente da Cdurp. O PHIS-Porto envolve a desapropriação de imóveis e a elaboração de um projeto de produção de 500 unidades habitacionais para famílias com faixas de renda de um a dois salários mínimos, por intermédio do programa Minha Casa Minha Vida. Também representará apoio a projetos habitacionais de autogestão, que permitirão atender aproximadamente 220 famílias. Aspectos legais A legislação do Porto Maravilha garante todo um conjunto de estímulos urbanísticos para a pro-
dução de moradias. Além disso, oferece também incentivos fiscais para os atuais moradores da região, contribuindo para a regularização fundiária dos imóveis. Afinal, tão importante quanto a provisão de habitação é a melhoria dos rendimentos da população. Outro aspecto relevante da Operação Urbana Porto Maravilha é a oferta de milhares de oportunidades de empregos qualificados e de negócios de todas as dimensões. Estão em curso ações para qualificação profissional, inserção no mercado de trabalho e de apoio aos micro e pequenos empresários, com o suporte do Sebrae/RJ, inclusive. A valorização do patrimônio, sobretudo imaterial,
com o resgate de manifestações culturais e sociais dos antigos moradores, é instrumento fundamental para consolidar o sentimento de pertencimento à região, fator indispensável para promover efetivamente a permanência dos atuais moradores. Participação popular O plano foi elaborado em conjunto por diversos órgãos da Prefeitura do Rio, com a previsão de ampla participação da sociedade civil em sua consolidação. No período de consulta pública, já aconteceram quatro seminários temáticos para debater com representantes da sociedade civil e moradores propostas para as linhas de ação.
Na visão de Alberto Silva, “será muito importante contar com a possibilidade de rever mecanismos do Minha Casa Minha Vida para atender especificidades da região, assim como contar com imóveis do Estado, União e órgãos como INSS para a viabilização de moradias”. Nessa perspectiva, o município já se adiantou ao flexibilizar regras urbanísticas e conferir benefícios fiscais na área, além de desapropriar imóveis para esse fim com recursos da Operação Urbana. O Plano prevê a fixação de compromissos e metas para cada uma de suas linhas de ação. O uso e o aprimoramento dos mecanismos legais existentes, a utilização de terras públicas e as estratégias alter-
nativas de financiamento vão permitir o aumento e a aceleração da produção de moradias, bem como maior agilidade nas ações para melhorias habitacionais e regularização fundiária. Por fim, será implantado um programa de Locação Social, para atender às demandas de grupos como trabalhadores de baixa renda e estudantes que não buscam morar definitivamente no Centro. No seu conjunto, o PHIS-Porto quebra antigos paradigmas urbanísticos e cria novas formas de inclusão socioprodutiva e de redução de desigualdades. da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Divulgação
cultura e cidadania maio – junho de 2015
Fotógrafo há 12 anos, Alexandre Lourenço decidiu se tornar também documentarista. Sua primeira experiência nesse campo foi o registro audiovisual da Escola de Samba Vizinha Faladeira, orgulho cultural da Zona Portuária. Seu vídeo mostra porque a Escola se sagrou campeã do Grupo D no carnaval deste ano. cultura e cidadania - página C8
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
Edição Especial
Sônia Baiana: uma empreendedora da gastronomia afro-brasileira Ela atua pelo resgate da ancestralidade, mas com visão profissional de futuro Lourenço Eduardo
“Eu não escolhi esta região. Foi esta região com sua energia ancestral que me escolheu. Sou a Baiana do Acarajé do Circuito da Herança Africana com muito orgulho, agradecimento e dedicação. Saí da Bahia com o sonho e a determinação de trabalhar com a gastronomia baiana e ancestral aqui no Rio de Janeiro e hoje sou muito feliz e realizada, porque não desisti desse sonho. Um sonho deve ser cultivado e jamais abandonado”. Essa é a Dona Sônia “Baiana” Menezes, a baiana empreendedora da gastronomia afro-brasileira, que atua há oito anos em eventos na Região Portuária, entre outros pela cidade. Há 25 anos, D. Sônia escolheu o Rio para morar, cultivar e disseminar a milenar tradição afro-brasileira. Morou em Mesquita, na Baixada, onde integrou e foi uma das lideranças de um grupo de artesãs locais geradoras de renda. Lá também foi reconhecida e valorizada com o ofício de baiana do acarajé, por isso, sempre frisa que tudo o que conquistou se deve também a essa passagem. Há dez anos, veio trabalhar no Centro da cidade e morar na Lapa. Ao conhecer a Pedra do Sal e a roda de samba das segundas-feiras, decidiu fazer desse seu novo espaço de trabalho. Foi então que percebeu “ter sido escolhida pela energia e história do lugar”. Em
Dona Sônia Baiana: acarajé feito com fé, amor e empreendedorismo
2012, Dona Sônia mudou-se para a região, porque, além da religiosidade e ancestralidade local, com visão empreendedora, percebeu a promessa de avanços e melhores tempos. “Sair da Lapa e vir morar e trabalhar na Gamboa foi a melhor coisa que eu fiz, porque é uma região que prometia e tinha tudo a ver com a minha religião e ofício”, afirma. E, categoricamente, acrescenta: “É preciso ter noção e estar preparada para o oceano de oportunidades que temos aqui e para o progresso que pode vir. Não cabe mais improviso e amadorismo. Na minha visão como empreendedora que sou, graças à Incubadora Afro-brasileira, quem não se capacitar ficará para trás. Para se manter aqui, observo, é preciso ter profissionalismo”.
D. Sônia por quatro anos foi atendida pela Incubadora Afro-brasileira, instituição que investe em qualificação e inclusão social. Para ela, a Incubadora transformou a sua vida ao ensinar-lhe o que é empreendedorismo, meta, capacidade de gestão e como descobrir e trabalhar com seu público-alvo, por exemplo. Depois, em 2013, iniciou promissora parceria com o também empreendedor, escritor e agitador cultural Raphael Vidal, sendo acolhida pela Casa Porto, no Largo da Prainha. Participou da inauguração da casa, de eventos pontuais, do Caruru de Yansã (que já é tradição e acontece em dezembro), do projeto Tabuleiro da Baiana (iniciado em julho e que promete continuar agora em agosto com edição especial para
o lançamento da sua logomarca) e das edições do projeto literário FIM – Fim de semana do livro, que também contou com seus quitutes. A Baiana do Acarajé do Circuito da Herança Africana pode ser encontrada atualmente às segundas, quintas e sextas-feiras, das 18h à 0h, no Largo de São Francisco da Prainha; na roda de samba da Feira da Glória; em eventos do MAR; na roda do Samba do Castelo, e no Coletivo de Gastronomia da Praça Tiradentes, no primeiro sábado do mês, a partir de agosto. Também é vista em eventos socioculturais para os quais é convidada a palestrar e debater sobre sua atuação como empreendedora, como atuante no resgate e divulgação da cultura ancestral, como
feminista e ativista na luta pela mulher e pela etnia negra, bem como sobre sua relação com a Região Portuária, fazendo do seu ofício algo mais amplo do que vender acarajé. Afinal, destaca, o acarajé e o ofício das baianas de acarajé são considerados Patrimônios Imateriais Brasileiros pelo Iphan desde junho de 2005. Justamente devido à sua atuação, ela foi convidada a compor o atual Conselho Gestor da Salvaguarda do Ofício das Baianas de Acarajé, que, ano que vem, defenderá a renovação do título. Além desse Conselho, D. Sônia integra o Coletivo de Mulheres de Raça, composto por empreendedoras que atuam na Zona Portuária, com foco na cultura negra e pelo qual já foi homenageada; do grupo Mulheres Brasileiras, criado para discutir o feminismo, questões de gênero, etnia e conquistas de direitos, por exemplo, e o coletivo Tabuleiros da Pequena África, formado por ela e outras quituteiras tradicionais da região, para participarem de projetos e eventos socioculturais, como o FIM. “Ser baiana de acarajé é um ofício de ancestralidade e pertencimento. Não se aprende em academia. Aprende-se com a vivência, com a tradição da família e da sua terra. É um ofício que eu escolhi, que está além do tabuleiro e
que realizo e represento com orgulho e dignidade. O que faço é um resgate cultural”, emociona-se. Para ela, o segredo do seu sucesso é ter amor, qualidade, meta, competência, foco no resultado que virá, resiliência para superar as dificuldades e, principalmente, respeito pelo cliente: “Cada um deles é um patrimônio. Se me escolheu, deve ser bem tratado. Manter meus clientes é minha preocupação. Não me deito em elogios, eles servem como estímulo para dar o meu melhor todo dia”, revela. “O acarajé, por exemplo, é um alimento sagrado, para fortalecer corpo, alma e espírito. É feito com energia de axé, amor e azeite de dendê puro, verdadeiro, diretamente da Bahia. Faço tudo conforme a tradição, tudo é original. Prezo muito por esse cuidado, até porque os Orixás me presentearam com meus filhos e o meu trabalho. Sou realizada, feliz, muito grata aos Orixás, ao povo de Mesquita, à Incubadora Afro-brasileira, à acolhida deste grande bairro, ao Raphael Vidal e à Casa Porto. Eles me ajudaram em tudo o que conquistei e ainda vou conquistar junto com a Região Portuária”, enaltece.
syl dietrich jornalista syl.dietrich@gmail.com
C2 Edição Especial
julho – agosto de 2015
cultura e cidadania boca no trombone VER & ENXERGAR No cair da noite, ele olhou para o alto e disse: “Não há estrelas no céu”! Seu amigo poeta, ao seu lado, levantou os olhos e afirmou: “Elas estão lá sim, atrás das nuvens”. Há uma grande diferença entre VER e ENXERGAR. Quem comanda seus atos cotidianos? As vozes educadoras da infância? Valores, regras e leis pouco questionadas? Quem fala dentro de você e lhe diz: “pode”, “não pode”? Seus desejos, suas opções pessoais ou um conjunto de preconceitos, culturas, crenças, seguidas por medo de se perder? De que vale a vida, esta charrete, se você não for o passageiro e também o cocheiro? As pessoas caminham na rua vendo apenas o normal. Se, no trajeto, ocorre um acidente, todos param. Mas enquanto passam pelo cotidiano, não conseguem perceber o semblante dos que cruzam, as árvores, as fachadas dos prédios. Olham tanto para baixo, que são capazes de ver o céu apenas na poça d’água. Todos sabem que um país cresce quando investe seriamente na cultura e na educação, quando garante a qualidade na saúde e preserva a natureza. Todos sabem que a violência é uma consequência da ausência de conhecimento e de oportunidades. Todos sabem e não tomam uma atitude concreta, séria e definitiva. Ver é pouco! Enxergar, planejar e fazer é sair da angústia da espera para dias melhores e passar a construir a felicidade pessoal e coletiva. Todo e qualquer ato irradia. Enxergar é perguntar a si mesmo quais são os caminhos, saber se ouvir e escutar o conselho de quem nos quer bem e daqueles que têm algo a dizer, com base na experiência de vida. Ver é apenas assistir sem questionar. Quando ando de metrô fico olhando os semblantes das pessoas. Fixo, às vezes, nas testas franzidas e olhares caídos e rezo comigo para aliviar aquela dor que não conheço, mas sinto através das nuvens e por isso enxergo. Algumas pessoas, depois da minha oração, deixam seus pesadelos e até sorriem, sem saber que eu estava pedindo por elas. A lucidez sobre si mesmo, os outros e o mundo em que vivemos é a principal capacidade humana: não podemos perdê-la! Olhar no espelho simplesmente é ver-se. Enxergar substitui espelhos por janelas. O EGO deve estar exatamente no nível da autoestima. Menos é submeter-se e iniciar um processo de cegueira total. Quem somos nós, afinal? O que vemos ou o que construímos? É simples o exercício de acordar para si e para o mundo. Comece pelo primeiro ato do dia: tome banho sem pensar em outra coisa. Tome seu café da manhã sentindo o sabor e o aroma dos alimentos. Combine suas roupas com a sua vontade e a cor do dia. Dê bom dia a todos por quem você passa. Repare nas folhas que caem e nascem em cada estação. A arte nos emociona de uma maneira muito especial. Ela desperta nosso espírito nos fazendo enxergar o “eu”, o “nós” e os arredores. Cada indivíduo é assim: pessoal e coletivo, único e universal. Somos as dores e alegrias do mundo (em escala), mas somos também a dor que só nós sentimos, assim como a felicidade que bate em nosso sorriso. Tudo contagia. Todos os dias faço esta reflexão. Sou o pomar das sementes que plantei. fernando portella escritor e poeta cottaportella@globo.com
Cliques Rua Larga Divulgação
Divulgação
O muro de um dos mais novos edifícios da região, Port Corporate Tower, foi pintado com diferentes tons de azul pelo artista Gais Ama. Essa é uma das primeiras intervenções do projeto Gentileza Urbana, liderado pelo produtor e jornalista André Bretas, em parceria com a construtora Tishman Speyer e a Cdurp.
É o grafite a favor da revitalização urbana: dentro do mesmo projeto, cujo nome homenageia o lendário profeta Gentileza (José Datrino, 1917-1996), outro painel de 3,5m x 100m foi pintado por Ama, em novembro de 2014, no ponto de ônibus da calçada oposta ao Port Corporate Tower. Divulgação
O artista Gais Ama, embaixo da assinatura do painel que pintou na Região Portuária.
cultura e cidadania C3 Edição Especial
julho – agosto de 2015
ONG Spectaculu ministra cursos gratuitos para jovens do Porto O objetivo é capacitar pessoal para as indústrias criativas do Rio de Janeiro Divulgação (Cdurp)
Em parceria com a Cdurp e a Concessionária Porto Novo, no âmbito do programa Porto Maravilha Cidadão, a Spectaculu – Escola de Arte e Tecnologia inscreveu novas turmas de jovens da Região Portuária para seus cursos gratuitos. Entre as atividades oferecidas estão os cursos de Adereços; Contrarregragem e Camarim; Beleza (Cabelo e Maquiagem); Costura e Figurino; Iluminação Cênica; Montagem de Cenários e Tratamento de Imagem. A carga horária será de 18 horas semanais. Os requisitos para participação foram: ter entre 17 (completos) e 21 anos; ser morador do Santo Cristo, Gamboa, Saúde, Morro do Pinto, Morro da Conceição ou Morro da Providência; estudar ou ter concluído os estudos na rede pública; e disponibilidade para aulas de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h30, para o curso de Tratamento de Imagem, ou das 14h às 17h30, para os demais cursos. Os cursos da Spectaculu têm duração de dez meses, com exceção do Tratamento de Imagem, que é
O Porto Maravilha Cidadão apoia a ONG Spectaculu na formação dos jovens
concluído em seis meses. Todos os alunos da escola recebem bolsa-auxílio mensal; material didático e duas refeições diárias. Ao final dos cursos, os jovens tornam-se aptos a trabalhar nos bastidores das indústrias criativas,
seja em produtoras, espetáculos teatrais, shows, eventos, exposições, ou em cinema e televisão. Sobre a Spectaculu A Spectaculu – Escola de Arte e Tecnologia
é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1999, no Cais do Porto do Rio de Janeiro, pelo cenógrafo Gringo Cardia e pela atriz Marisa Orth. A instituição é uma escola de ponta de formação crítica, capacitação
e inserção profissional no mundo dos espetáculos, de jovens de 17 a 21 anos, oriundos de regiões de vulnerabilidade social do Grande Rio. Todos os cursos oferecidos são gratuitos. Cerca de 150 alunos passam pela
escola todos os anos. A Spectaculu também recebe apoio de empresas privadas e profissionais do mundo dos espetáculos que auxiliam a instituição por meio de contribuições financeiras e da inserção dos alunos no mercado de trabalho. Em 15 anos, a escola conseguiu encaminhar seus jovens técnicos para 4 mil vagas de trabalho em empresas como Rede Globo, Aventura Entretenimento e Xuxa Produções. Jovens interessados em participar das próximas turmas devem procurar a Spectaculu na Via Binário do Porto, 847, ao lado do Hotel Rodoviário. Dúvidas podem ser tiradas pelos telefones: 3149-9065, 2547-0463 ou 98438-5020. Contatos por email, através dos seguintes endereços eletrônicos: inscricoes@spectaculu.org. br ou spectaculu@spectaculu.org.br. Vale a pena também visitar o site: www.spectaculu.org.br.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
“Pedro e Seu Problema, livro infanto-juvenil escrito pelo gestor cultural Fernando Portella, mostra a rotina de um menino em uma aldeia fictícia chamada Ventania, onde as pessoas tinham nomes de peixes e os peixes tinham nomes de pessoas. A obra conta, com riqueza de imagens e poesia, a história deste garoto diante de seus problemas e sua força para superá-lo. A simplicidade literária da obra convida o leitor para uma viagem fantástica ao fundo do mar de cada um.” Autor: Fernando Portella Ilustrações: Marcelo Damm Páginas: 104 Preço: R$ 39,90
Adquira o seu exemplar pelo site ou telefone: www.editoracidadeviva.com.br I (21) 2233-3690
C4 Edição Especial
julho – agosto de 2015
cultura e cidadania
Região Portuária transforma em realidade o projeto Distrito Criativo Iniciativa integra esforços de coletivos empresariais, da Cdurp e do Sebrae/RJ Rodrigo Azevedo
Tudo começou em 2010, quando Daniel Maia, sócio da empresa Piloti, especializada em internet e celular, precisou de um espaço físico maior para instalar sua empresa. “Achei uma boa oportunidade vir para a Região Portuária. No fim, o local que encontramos, na Avenida Venezuela, era maior do que o necessário”, relembra ele. Assim nasceu o Coletivo do Porto, que reúne cinco empresas na nova sede. Fernanda Guaraná, da FGuaraná, de comunicação estratégica, explica que o Coletivo do Porto não se formou apenas para dividir custos, mas sim para atender ao mercado. “Entendemos que o mais importante é oferecer a solução completa em comunicação aos clientes”, esclarece ela. Fabiana Prado, da Filtra Mídias, braço do grupo focado em interatividade e monitoramento, complementa: “Não somos sócios, somos uma solução única. Oferecemos serviços completos para quem precisa de comunicação mais abrangente”. Nessa perspectiva, o Coltivo do Porto é um pool de cinco empresas do setor criativo, que compartilham espaço, ideias e experiências para criar soluções integradas em comunicação, marketing, desenvolvimento digital e projetos relacionados a inovação e design. A formação multidisciplinar das equipes associadas está entre os diferenciais que levam à realização de trabalhos de excelência em diversos setores. E a interação das pessoas em um único ambiente resulta em maior
O coletivo pioneiro: Gláucia Neves da eConecta; Daniel Kraichete da AmpliAtivo; Fabiana Prado da Filtra; Daniel Maia da Piloti; Fernanda Guaraná da Fguaraná Bruno Bartholini
No Coletivo Goma, as reuniões são geralmente cocriativas, pois acredita-se que pensar junto é melhor que pensar sozinho.
simbiose e maior sincronismo entre as diferentes equipes, garantindo resultados efetivamente coletivos. Glauce Neves, da empresa de marketing eConecta, co-
menta sua experiência como cliente e depois como contratada. Ela atuava na área de marketing na contratação de fornecedores: “Como é uma área muito vasta, fica
te, ao lado. Aqui no coletivo temos a possibilidade real de oferecer o pacote completo”, explica. Quanto ao futuro, o grupo demonstra otimismo. Todos concordam que a Zona Portuária foi o melhor lugar para instalar a sede do Coletivo: “Desde o início, acreditamos no futuro da região, no potencial escondido por baixo da poeira”, ironiza Daniel Maia. Fabiana acrescenta: “Essa aura de revitalização é muito boa para nós, desde a época em que estávamos todos começando. Agora sabemos que vamos crescer junto. A requalificação urbana funciona como motor de animação para a gente”. E, dessa forma, surgiu o projeto de criar um Distrito Criativo: A proposta é estimular a associação de outras indústrias criativas da área, para formar um grande polo que conecta artistas e cultura local. O Distrito se tornou mais abrangente que o Coletivo, criando pontes com outras empresas que já têm sede na área e fortaleceu iniciativas como feiras e eventos. Passando da ideia à ação, Daniel buscou o apoio da Cdurp e da 32 Bits, vizinhos de porta, bem como os artistas plásticos que ocuparam a antiga fábrica da Bhering com a instalação de seus ateliês. Outros coletivos
difícil para o contratante negociar com diferentes empresas. Então deixei de ser cliente e passei a oferecer serviços em parceria com quem está junto, literalmen-
Os artistas que ocuparam o antigo prédio da Bhering não quiseram integrar oficialmente o projeto, mas consolidaram o seu próprio coletivo artístico na região.
Com o tempo, novos grupos surgiram no Porto com interesse no trabalho colaborativo e logo o Sebrae/RJ tornou-se também importante parceiro da proposta, já que as empresas que participam do Distrito Criativo são micro ou pequenos empreendimentos, justamente o público-alvo dessa instituição de fomento. A Região Portuária tem vocação criativa desde seus primórdios. A nova dinâmica econômica da região, fortalecida pela conclusão das obras do Porto Maravilha e do novo conceito de Centro da cidade, impulsiona a ocupação da área por empresas ligadas à economia criativa. Para dar suporte e consultoria profissional a novos empreendedores da Região Portuária, a Casa Porto lançou o Porto Criativo, mais um espaço para a reunião de novas ideias na área. Na visão de Daniel Van Lima, gerente de Desenvolvimento Econômico e Social Cdurp, “esses grupos abrem o diálogo entre a cultura histórica desta região com o que chega de novo”. E complementa: “É possível inovar respeitando a tradição”. A Casa Porto, projeto liderado pelo agente cultural Raphael Vidal, promove festivais gastronômicos, musicais, literários e de debate, em seu sobrado no Largo da Prainha. Na Saúde, ele abriu as portas, em junho, de uma incubadora de novos negócios, oferecendo consultoria e espaço de trabalho com internet, mesas individuais e para reuniões, tudo gratuito. A Casa Porto
C5 Edição Especial
julho – agosto de 2015
Yara Lopes
mil com os associados para a reforma dos sobrados e todo mundo foi convidado a pôr a mão na massa, no reboco, na pintura e no acabamento. A luta pela Saúde
Os dirigentes da Casa Porto, da esquerda para a direita: Eduardo Rua, Bel Fernandes, Zé Gustavo e Raphael Vidal Divulgação
Integrantes do Coletivo Formigueiro participando de formação no projeto Versus
recebe apoio desde novembro de 2013, início das suas atividades, da Prefeitura do Rio e da Concessionária Porto Novo, por meio do programa Porto Maravilha Cultural. Para Daniel Lima, “a ideia de coworking (trabalho coletivo) assemelha-se à de outros coletivos já presentes na Região Portuária, como os integrantes dos grupos Goma e O Formigueiro, Coletivo do Porto”. “Todos se concentram em espaços
que integram as atividades de diversas empresas, para concretizar e potencializar projetos que ganham força ao agregar mais de uma área de atuação”, explica Lima. O Coletivo Goma nasceu em 4 outubro de 2013, oficializado como uma associação, com registro e estatuto. “O nome remete a cimento, cola, rejunte”, diz Vinicius de Paula Machado, professor de yoga que ajudou a criar o coletivo, que se apresenta como “uma
associação interdisciplinar de empreendedorismo em rede, com foco em inovação social, economia criativa e design sustentável”. Hoje composta por 25 negócios, reunindo 80 pessoas colaborando entre si no mesmo endereço, em três sobrados da Rua Senador Pompeu. O trabalho é participativo desde a reforma da sede carioca, recentemente ampliada para três casarões, que perfazem juntos 750 m2. A associação conseguiu levantar R$ 250
Por sua vez, o coletivo Formigueiro é composto por estudantes das mais diversas áreas e profissionais de saúde e tem por objetivo discutir e promover uma saúde pública de qualidade para todos. A origem da associação é o projeto Versus, que, sem hierarquias ou formalidades reuniu cerca de 20 estudantes para conhecer e discutir a realidade do SUS. Sempre com uma pegada crítica, os residentes e os estudantes durante sete dias conviveram e criaram laços, não só de afeto, mas de luta por um objetivo comum: a saúde pública brasileira de qualidade. O laço não se desfez com o término do Versus. Os estudantes colocaram a mão na massa e criaram o Formigueiro, um coletivo de estudantes das mais diversas áreas que somam forças para fortalecer o movimento estudantil e engrossar as linhas de defesa. Foi assim que surgiu, na prática, o Distrito Criativo na Região Portuária, com pleno apoio da Prefeitura, através da Cdurp. É como conta Daniel Van Lima, da Cdurp: “A Região Portuária, por sua vocação histórica, sempre foi uma área criativa e cultural. Durante as obras de requalificação urbana do Porto Maravilha, um novo movimento criativo apareceu com
bastante força e expressão – e várias empresas ligadas à economia criativa migraram para os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Esses coletivos trouxeram uma nova dinâmica econômica e social para a região. A ocupação do espaço público e uma nova maneira de se relacionar com a cidade são um reflexo claro dessa inserção”. Nesse processo, a Prefeitura, através da Cdurp, sempre teve como diretriz de desenvolvimento econômico e social o apoio às empresas locais, em especial os negócios tradicionais, a micro e pequena empresas. Com essa nova dinâmica, garante Daniel, “o projeto Distrito Criativo conta com o apoio institucional, a captação de parceiros e o fomento ao empreendedorismo”. O objetivo é “integrar essas empresas, facilitando o desenvolvimento dos negócios, criando uma rede de produtos e serviços”. Um dos participantes do Distrito é André Bretas, que desenvolve projetos de revitalização urbana através da Arte, como o Painel no Morro do Pinto, o Painel da Via Binário, o Painel de Gais Ama, na área próxima ao edifício Port Corporate Tower (veja detalhes na página C2 desta edição), além de pinturas na Rua Pedro Ernesto, um curso de grafite no Morro do Pinto e intervenções urbanas no Morro da Providência. Junto com outros agentes culturais, André organiza, desde 2011, o projeto ArtRua. Na opinião dele, os principais benefícios do Distrito Criativo são a pos-
sibilidade da troca de experiências e o networking entre os participantes. E considera que os Coletivos Goma e O Formigueiro “são ótimos exemplos do que está funcionando em termos de trabalho colaborativo”. No dia 11 de agosto, o projeto Distrito Criativo foi oficialmente lançado no Auditório do MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro), reunindo representantes dos coletivos do setor criativo, da Cdurp e outras instituições de fomento. Na opinião de Daniel, “o Distrito é extremamente importante nessa nova dinâmica da região, porque a integração entre empresas, agentes culturais e o território/espaço público permite que exista um elo entre a história dessa região e o que está acontecendo de novo”. O distrito, em resumo, “gera empregos, formação e capacitação profissional, a ocupação do espaço público e uma nova oferta de serviços e produtos”. Nessa perspectiva, torna-se “uma inovação na maneira de se relacionar e de trabalhar de maneira colaborativa”. Para maiores informações, pode-se acessar o site do projeto: http://www.distritocriativo.com.br. A página de abertura tem uma brincadeira com o mouse que sugere a união de forças (pessoas, empresas, recursos etc.).
mário margutti jornalista mfmargutti@gmail.com
Bar SaCabral
Restaurante 28
Vacamarella
A REGIÃO PORTUÁRIA É O NOVO CARTÃO POSTAL DO RIO. OS PEQUENOS NEGÓCIOS TÊM LUGAR GARANTIDO NESTE CENÁRIO. L’Atelier Du Cuisinier
A cidade do Rio de Janeiro vive um momento especial de oportunidades geradas pelos grandes investimentos e pelo dinamismo econômico do estado. Um dos principais símbolos deste cenário é a região portuária. Além das mudanças na infraestrutura, existe um ambiente de oportunidade para os pequenos negócios. O Sebrae no Porto é um projeto estratégico do Sebrae/RJ, que oferece atendimento personalizado e soluções inovadoras tanto para os empresários locais quanto para aqueles que desejam ali se estabelecer. Conte com o Sebrae. Somos especialistas em pequenos negócios.
SAIBA O QUE O SEBRAE PODE FAZER POR VOCÊ Em parceria com a CDURP, os empreendedores ganham suporte para desenvolver seus negócios e ideias na região portuária: cursos, cartilhas, eventos de negócio, consultorias sob medida, pesquisas de mercado, planejamento e muito mais. • TURISMO Apoio para desenvolver a vocação da região com a participação das empresas locais. • GASTRONOMIA Apoio ao crescimento dos bares e restaurantes que são a cara do Porto.
• COMÉRCIO VAREJISTA Apoio para o fortalecimento do comércio local com inovação, layout, marketing e qualidade no atendimento. • NEGÓCIOS TRADICIONAIS Apoio para a preservação dos negócios tradicionais: aproveitar as novas oportunidades do local sem perder a identidade. • EMPREENDIMENTOS POPULARES O empurrão que faltava para quem fatura até R$ 60 mil/ano. • ARTESANATO Oportunidades de negócio para o artesanato do Porto.
Para saber mais, entre em contato. www.sebraenoporto.com.br / 0800 570 0800
C8 Edição Especial
julho – agosto de 2015
cultura e cidadania
Jovem cineasta faz seu primeiro longa sobre a Vizinha Faladeira O filme resgata a história de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio Alexandre Lourenço
Fotógrafo há 12 anos, o jovem Alexandre Lourenço descobriu seu DNA de documentarista quando visitou, em Santo Cristo, levado por uma amiga, a quadra de ensaios da Escola de Samba Vizinha Faladeira, agremiação histórica da Zona Portuária do Rio de Janeiro. “Naquela primeira visita, comecei a conversar com as pessoas, os integrantes da Escola, e aí tive o insight de fazer um documentário sobre a associação”, conta. E foi assim, durante três semanas, que Alexandre começou a filmar todas as atividades da Quadra da Vizinha Faladeira, trabalhando às segundas, quartas e sextas-feiras. E também conseguiu uma autorização especial para filmar o desfile na Sapucaí: seu passaporte para o Sambódromo foi uma camiseta da diretoria da Escola, o que lhe permitiu filmar neste Carnaval de 2015 o desfile vitorioso da agremiação, com o enredo intitulado Aqui onde nada tinha, quem a esse porto vinha, dava de cara com a Vizinha! Agora no novo porto, a Vizinha Faladeira conquistou a Série D do Carnaval carioca, deixando em segundo lugar a Coroado de Jacarepaguá. Durante as filmagens, Alexandre Lourenço gravou o depoimento de personalidades importantes, como Paulo
Bateria da Vizinha Faladeira no desfile vitorioso do Grupo D deste ano Divulgação
O documentarista Alexandre Lourenço, em frente ao estandarte da Vizinha Faladeira
Barros da Portela: “Ele foi muito solícito e me concedeu uma entrevista na Cidade do Samba. Ele era um personagem indispensável, pois começou sua carreira de carnavalesco justamente na Vizinha Faladeira”, relata o cineasta. Diante da câmera, o carnavalesco declarou que “a
Vizinha teve muita influência na forma dele trabalhar para o Carnaval”. Perguntado sobre o que mais o motivou na feitura desse documentário, Alexandre não hesita em afirmar: “O que mais me impulsionou foi perceber que a Vizinha Faladeira foi a Escola de Samba
mais rica e mais inovadora do Rio de Janeiro, em seus anos iniciais. Além disso, a agremiação fez o primeiro desfile de protesto do Carnaval carioca, em 1939, porque foi desclassificada em 1938, por conta do enredo Branca de Neve e os sete anões, considerado pelos jurados da época um tema estrangeiro. Mas aquele desfile representou o maior carnaval da década de 30. Teve pela primeira vez num desfile carnavalesco uma ala infantil, fantasiada de anões, e apresentou, também pioneiramente, destaques luxuosos em cima dos carros. A consagração foi total. Mas, quando todos esperavam o bicampeonato, veio a decepção: a escola foi desclassificada por infringir o item do regulamento que proibia temas estrangeiros. Por isso, no ano seguinte, os componentes da Escola, quando ficaram em frente aos jurados, abriram uma faixa com uns dizeres mais ou menos assim: ‘Devido às marmeladas, adeus Carnaval!’ E assim a Escola ficou muitos anos sem desfilar”. Outro personagem importante do documentário, segundo Alexandre, é o atual presidente da Vizinha Faladeira, David dos Santos: “Sou muito grato a ele, pois achou o máximo a ideia de resgatar a Escola e sua história, com o objetivo de mos-
Caderno Cultura e Cidadania Realização
Patrocínio
trar que a agremiação existe de verdade, que veio para ficar e brilhar no Carnaval. O presidente David dos Santos está me apoiando 100%, consegue tudo que eu preciso para as filmagens”. Alexandre também agradece muito a Thiago Viana, coordenador cultural da Escola, que “tem ajudado muito nas pesquisas e na produção executiva das filmagens”. Para captar recursos que permitam a finalização do documentário, o cineasta está recorrendo ao sistema de crowdfunding (financiamento coletivo): “Inseri o projeto nos sites Catarse, Sibite e Consultoria. Estou precisando de mais ou menos R$ 14 mil. Vamos ver se consigo”, conta. Pela concepção de Alexandre, o documentário terá narração em off, a cargo de representantes da Velha Guarda da Vizinha Faladeira, como Paulo Kareka, presidente, e Miguel, que também representa os foliões mais antigos. Para obter material histórico para o filme, Alexandre recorreu a um colega, Sátiro, que é aluno da Incubadora Cultural, da Rua Uruguaiana, 22, que fez pesquisas na Biblioteca Nacional e também no Arquivo Nacional. “Encontrei um jornal da década de 30 que descreve como foram as festas e feijoadas fa-
mosas da Vizinha Faladeira”, conta. E completa: “Achei também jornais fotocopiados no Arquivo do Rio de Janeiro, e alguns deles falam de uma figura importante, David da Rua do América, um malandro renomado que também foi fundador da Escola”. Na visão de Alexandre, o mais gratificante desse trabalho foi “o retorno do pessoal da Escola, de toda a diretoria, todos estão sempre perguntando como está o andamento dos trabalhos, quando será a estreia... Estão todos muito animados e curiosos para ver o resultado. Confesso que não esperava tanta curiosidade, tanta expectativa! Mas sei que esse trabalho irá incentivar outras Escolas de Samba a fazer o resgate de suas próprias histórias. Se não me engano, somente a Portela, a Mangueira e a Viradouro já fizeram filmes sobre suas agremiações”. Alexandre, que assina o roteiro, a fotografia e a direção do filme, espera realizar a avant première do seu documentário em setembro, na própria quadra da Vizinha Faladeira. Que Momo assim o deseje e por isso o proteja!
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
15 folha da rua larga
julho – agosto de 2015
atualidades
Festival internacional de dança agita Centro Cultural dos Correios Divulgação
Erika Vileroy
Em agosto, o festival internacional de dança contemporânea Correios em Movimento/Dança em Trânsito – Edição 2015 vai acontecer simultaneamente em Florianópolis, Capivari de Baixo e Alto Bela Vista, cidades catarinenses, Entre Rios do Sul (RS) e no Rio de Janeiro, com a participação de artistas nacionais e internacionais vindos de Burkina Faso (África), da Espanha, França, Itália, do Reino Unido, da Suíça e de Taiwan. Cerca de 80 bailarinos apresentarão a mais recente produção artística em dança. No Rio de Janeiro, as apresentações ocorrerão de 23 a 30 de agosto, no Centro da Cida-
de, na Zona Sul e na Zona Norte, com entrada franca. Entre as atrações internacionais destacam-se a londrina Cie James Cousins, com a coreografia There we have been, duo inspirado no romance best-seller de Murakami, no qual a bailarina não toca o chão em nenhum momento e a francesa Cie La Vouivre com Oups. Entre os nacionais destacam-se a Cia de Dança Quasar, a Cia Urbana de Dança e a Cia Regina Miranda & Atores Bailarinos (esta última, durante o festival, estará comemorando seus 35 anos de existência). Fazem parte da programação o lançamento do
O bailarino francês Alain Alberganti, que fará performance com Hélia Borges
Hélia Borges, professora da Faculdade Angel Vianna, da Pós-Graduação em Terapia através do Movimento e Processo de Subjetivação
livro Corpo do Mundo de Lina do Carmo, performance de Hélia Borges (fala) com o francês Alain Alberganti (dança), além do espaço Convivência em
12h às 19h, no primeiro andar do Centro Cultural dos Correios (Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro). A programação com-
Movimento, com exibição de vídeos de coreografias, exposição de fotos e consulta de livros, que ficará aberto ao público em todo o período do festival, das
pleta, inclusive imagens e informações a respeito das coreografias que serão apresentadas, está disponível no site www.dancaemtransito.com.br.
Prefeitura e Cdurp recebem Prêmio InovaCidade Divulgação (Comunicarte)
Em Curitiba, no dia 20 de maio, o presidente da Cdurp, Alberto Silva, recebeu em nome da Prefeitura do Rio de Janeiro o Prêmio InovaCidade, iniciativa do Instituto Smart City America, com coordenação da Comunicarte – Comunicação e Responsabilidade Corporativa. O prêmio está em sua 3ª edição e tem por objetivo reconhecer iniciativas, projetos e negócios que contribuam com a melhoria da qualidade de vida das cidades, nas áreas de sustentabilidade, inovação tecnológica, governança, energia e mobilidade urbana. Nesta edição, a presença dos três setores da sociedade (governos, empresas e organizações sociais) buscou demonstrar a importância do envolvimento de todos os segmentos no equacionamento e solução das questões enfrentadas pela sociedade contemporânea. Afinal, a qualidade de vida nas cidades deve ser encarada com
um compromisso de todos e um dever de cada um, considerando que o tamanho do todo é a soma dos esforços individuais, coletivos e institucionais. A indicação da Prefeitura do Rio de Janeiro foi motivada pelo processo de revitalização da cidade, em especial a Operação Urbana Porto Maravilha, projeto de requalificação urbana que promove o reencontro da Região Portuária com a cidade, lançando um novo padrão de qualidade de vida no Rio de Janeiro. O projeto visa a recuperar a infraestrutura urbana da região central da cidade, o transporte, o meio ambiente, os patrimônios histórico e cultural, além de melhorar as condições habitacionais da região. Os investimentos na expansão do Metrô, na criação de linhas do Bus Rapid Transit (BRT), em corredores de ônibus, veículos leves sobre trilhos (VLT), entre outros projetos
Alberto Silva, presidente da Cdurp, recebendo o Prêmio InovaCidade das mãos de Vítor Tioqueta, diretor-superintendente do Sebrae/PR.
que visam melhorar a mobilidade urbana na cidade foram fatores que reforçaram a indicação ao prêmio. Pelos critérios das entidades que concederam o prêmio, a Prefeitura do Rio de Janeiro obteve boa pon-
tuação em quatro dos Oito Objetivos do Milênio estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU): redução da pobreza; universalização do ensino básico; redução da mortalidade infantil e melhoria da saúde materna.
A pontuação foi boa também nos quesitos garantia da sustentabilidade ambiental e estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento. A prefeitura também recebeu pontuação alta no campo dos Objetivos para o De-
senvolvimento Sustentável, igualmente propostos pela ONU, nos seguintes quesitos: construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação; assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades; tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; e fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
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roteiro
Maiores facilidades para roteiros culturais Circulando Cultura é o nome de um dos mais novos projetos da Região Portuária, que integra atrações culturais com transporte grátis por ônibus e entrada franca nos espaços culturais. O projeto é semelhante ao Culture Bus de Chicago (EUA) e foi idealizado pelo Rio Ônibus, o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro. Está afiliado à Fetranspor, junto com mais nove sindicatos de empresas de ônibus, e tem como objetivo o estudo, o apoio, a defesa e a coordenação,
Bruno Bartholini
Passageiros embarcando no ônibus do projeto Circulando Cultura
proteção e representação das empresas de ônibus da cidade do Rio de Janeiro. O projeto já teve cinco
edições e funciona aos domingos, das 10 às 17h. A edição de junho, a maior de todas, passou por qua-
tro novos pontos: Casa França Brasil, Museu Naval, Palácio Tiradentes e Antigo Palácio de Justiça. Continuam no roteiro: Museu de Arte do Rio (MAR), Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional (MHN), Espaço Meu Porto Maravilha, Instituto Pretos Novos (IPN) e Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Nas quatro edições anteriores, o circuito contabilizou mais de 25 mil viagens a pontos culturais da cidade.
Os visitantes podem embarcar e desembarcar em qualquer ponto do roteiro e permanecer por quanto tempo desejarem em cada uma das atrações culturais, com entrada gratuita para as principais exposições. Não é preciso inscrição prévia. O evento é aberto à população. Atuam como guias do circuito os estudantes do curso de Turismo da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), apoiando as pessoas que procuram os ônibus e também dentro das instituições culturais.
A quinta edição teve até atração musical, por meio do projeto Mobilidade Sonora – SOM+EU: a Orquestra Juvenil da Providência se apresentou no salão de entrada do Museu Nacional de Belas Artes, às 14h30, e o Corpo dos Fuzileiros Navais fez evoluções no pátio do Museu Naval ao longo do dia.
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Cristiano Cochemore no Festival do Porto Divulgação
Um grande evento por mês: assim é o Festival do Porto, que brinda a Região Portuária com shows gratuitos de nomes nacionais e internacionais do jazz, do blues e da música instrumental brasileira. O objetivo do projeto é ocupar com música de qualidade os espaços públicos e as praças do Porto, passando pelo Largo de São Francisco da Prainha, Morro da Conceição, Cais do Valongo e Praça da Harmonia. O evento tem patrocínio
da Light e da Concessionária Porto Novo, com incentivos fiscais da Lei do ICMS do Rio de Janeiro. Também são parceiros do projeto O Instituto Cultural Cidade Viva (ICCV), a Cdurp, o SindRio e o Sebrae/RJ, entre outros. Além da música, o projeto movimenta também os restaurantes da região, que se tornou um dos principais polos gastronômicos do Rio. O boêmio Bar Imaculada, que fica na Ladeira João Homem, 7, no Morro da
Cristiano Crochemore: começou como vocalista de rock e depois aderiu ao blues
Conceição, se encarrega de preparar menus exclusivos para cada dia de festival. Também acontecem oficinas de gastronomia, hotelaria e turismo. Recomendamos a atração do próximo dia 29 de agosto: Cristiano Cochemore & Blues Groovers. Os componentes da banda são: Cristiano Crochemore (vocal), Ugo Perrota (baixo), Otávio Rocha (guitarra) e Beto Werther (bateria). Esses músicos uniram-se em 2013 para lançar o dis-
co Freeman Blues, que foi gravado no Rio de Janeiro e contou com participações de Brent Johnson e César Lago. Em 2015, lançaram o DVD Ao vivo no Mississipi Blues Festival 2013, resultado de um show gravado na cidade gaúcha de Caxias do Sul.
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Sururu na Roda: nova atração do Trapiche Gamboa Divulgação
No dia 28 de agosto, às 22h30 o grupo Sururu na Roda será a grande atração musical do Trapiche Gamboa. O conjunto é formado por Nilze Carvalho no cavaquinho e voz, Fabiano Salek e Silvio Carvalho, na percussão e também na voz. Com mais de dez anos de trabalho calcado no samba e no choro,
O premiado trio Sururu na Roda
o grupo já tem cinco discos gravados, um DVD de divulgação e foi vencedor do Prêmio da Música Brasileira 2014, criado em 1988, e hoje conta com o patrocínio da Vale. Em 2014, o Sururu na Roda foi considerado o Melhor Grupo de Samba. Em seus shows, o grupo interpreta canções autorais e clássicos do samba em
regravações das mais bonitas e marcantes, como Pimenta no vatapá (João Nogueira e Claudio Jorge), Candongueiro (Nei Lopes e Wilson Moreira) e Vida minha vida (Moacyr Luz e Sereno), além de composições autorais como Errei, Momento de agradecer e Ainda posso ser feliz. É sempre uma
grande e animada roda de samba no Trapiche Gamboa, repleta de fãs que seguem o trio e novos admiradores que passam a conhecê-los.
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morro da conceição
Bom de bola, bem na escola: um projeto feito de sonho e boa vontade Divulgação
Dois projetos sociais muito importantes estão em evidência no Morro da Conceição. O primeiro começou (ou melhor, recomeçou) quando Marcos Calheiros Lopes, o Frigideira, retomou as atividades carnavalescas no Morro. Na verdade, a Banda da Conceição teve início em 1973, por iniciativa de alguns moradores. Naquela ocasião, a banda abriu inclusive os desfiles na Avenida Presidente Antonio Carlos. Por alguns anos viveu seus dias de glória, mas, tempos depois, houve uma pausa. Em 2007, Frigideira conseguiu retomar o evento, mobilizando os moradores para a importância de se ter uma banda carnavalesca no Morro. Assim, ressurgiu o grupo, que ganhou a simpatia dos moradores. Agora todos os anos a banda sai agitando as ruas do Morro e seu entorno, cumprindo seu papel de integração social, que abrange pessoas de todas as idades. O segundo projeto, apesar de já ser um antigo sonho, só pôde se concretizar em abril deste ano. Marcos (o Frigideira),
escola é o nome do projeto sem fins lucrativos elaborado pela Banda da Conceição e Amanco. Essa maravilhosa ideia ganhou a simpatia de todos que entendem a importância do esporte para as crianças tanto no desenvolvimento físico como disciplinar, aliado à responsabilidade com a escola, o lazer e a socialização delas. No mundo conturbado em que vivemos, pessoas que se preocupam com o próximo, sem pedir nada em troca, são dignas da nossa admiração e respeito. Transcrevo aqui o pensamento de Leonardo Da Vinci, usado no Bom de bola, bem na escola: “Tudo que está no plano da realidade já foi sonho um dia”. Quem quiser colaborar ou conhecer melhor o projeto, entre em contato através do email: bandadaconceicao@gmail.com. Telefones: 98277-8431 ou 98579-2087.
consentimento do Quartel do Exército, puderam ocupar o campinho de fu-
tebol, que fica ao lado da Fortaleza, mais conhecido como Cocão. Atualmente, o projeto conta com a participação de 50 crianças e adolescentes inscritos e acontece todos os domingos, às 8 horas da manhã, divididos em duas faixas etárias, de 8 a 10 anos e de 11 a 16 anos, respectivamente. As manhãs de domingo já não são mais as mesmas. Pais e alunos chegam cedo, agitam o campinho e a garotada vibra! Os pais agradecem a comodidade de ter um esporte para seus filhos na proximidade de casa. Com a colaboração de todos, inclusive da Amanco (Associação de Moradores do Morro da Conceição), eles estão conseguindo comprar material básico para as atividades que incluem, entre outros itens, uniformes, bolas, bombas para encher, kits de primeiros socorros, lanches, água e até medalhas para incentivo esportivo. Em maio, comemorou-se o Dia das Mães com flores e bolo, confirmando o empenho de todos em prol do projeto. Bom de bola, bem na
Uma funcionária pública, de 43 anos, moradora do bairro Jacaré, foi sintética em seus comentários: “É um jornal excelente, com matérias interessantes e diversificadas. Parabéns a toda a equipe”. Uma recepcionista, residente à Rua Conselheiro
Saraiva, escreveu: “Gostei. Matérias interessantes, ilustrativo. A capa desse número é simplesmente um escândalo, ótima, muito boa. Espero que seja sempre assim, que não haja mudanças no contexto. Matérias sobre o nosso Rio Antigo são boas por demais, pelo
menos para mim, que já passei dos 50 anos, ótimas recordações. Parabéns para toda a equipe”.
Frigideira, o benfeitor do Morro da Conceição, é o segundo da esquerda para a direita
Ana Cristina (a Tininha), Eudácio, Francisco Alves (Chiquinho) e Roberto
organizaram um projeto de esporte para crianças e adolescentes. Com o
teresa speridião artista plástica teresa.speridiao@gmail.com
Opiniões dos Leitores Alguns moradores da Região Portuária deram sua opinião sobre a qualidade da Folha da Rua Larga e, em troca, ganharam gratuitamente um exemplar do Guia Cultural da Costa Verde, lançado pela Editora Cidade Viva.
Um economista e historiador, de 89 anos de idade, residente na Ladeira Madre Deus, assim se manifestou: “Sou leitor desse jornal desde que foi lançado. Os artigos nele publicados têm me trazido muitas informações interessantes. Cada número novo
eu leio com mais atenção, tão bons têm sido. Prometo, mas até hoje não pude cumprir, contribuir com um artigo sobre a Rua Larga de São Joaquim. Reitero o compromisso. Resido há 45 anos na Região”. Estamos, portanto, aguardando essa contribuição.
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gastronomia
Restaurante Mironga: a vez da cozinha urbana brasileira
receitas carol
Uma culinária rápida e saudável, com grelhados que fazem a festa Yuri Maia
Bem próximo da porta, na calçada, um carrinho de mão ornado com alfazemas desafia a poeira e o ruído causado pelas obras da Avenida Rio Branco. O prédio que abriga o restaurante Mironga, em estilo neoclássico, é um dos poucos que escaparam da demolição das reformas do século passado. No interior, a decoração é discreta e contemporânea ao mesmo tempo, com predomínio da cor preta, enormes luminárias dessa mesma cor e parede lateral com tijolinhos à mostra, originais da construção de 1904. Os postes estruturais ingleses foram trazidos pelos navios e reaproveitados pelos artesãos nas edificações da época. Precioso também é um painel de azulejos da série Panaceia fantástica, com desenhos de plantas alucinógenas originárias do mundo inteiro, feitos pela renomada artista plástica Adriana Varejão, irmã de Luiz Cláudio, um dos sócios do restaurante. Mironga é uma palavra de origem africana e quer dizer feitiço ou mistério. Então vamos descobrir que mistérios tem o Mironga que enfeitiça seus clientes com suas delícias? O segredo está numa bela parceria entre o chef Júlio Costa, que já havia trabalhado lá no passado e, há um ano, voltou como sócio, liderando a cozinha, e Viviane, que está no restaurante há 20 anos, e agora é a outra sócia e o braço direito de Luiz Cláudio. O restaurante funciona há 23 anos e, há menos de 12 meses, o Delight deu lugar ao Mironga, que surgiu com novas propostas de comida urbana brasileira, saudável e rápida. O ponto forte são os grelhados, que oferecem a praticidade exigida por aqueles que circulam apressadamente pelo Centro da cidade. Os deliciosos grelhados de
Bife de chorizo: saborosamente irresistível Yuri Maia
O ambiente acolhedor é valorizado pelo painel da renomada artista plástica Adriana Varejão, irmã de um dos sócios Yuri Maia
O cardápio muda diariamente, com sugestões que agradam a todos os paladares
picanha argentina, baby beef, frango, entrecôte e peixes podem ser acompanhados de saladas em pratos grandes ou pequenos servidos, uma única vez, à vontade. Também há outros acompanhamentos como arroz, feijão, batatas, farofa do dia, além dos molhos de alcaparras, mostarda, madeira e outros. Os hambúrgueres artesanais são muito pedidos. O de carne e o de picanha suína são extremamente macios e
o de frango é preparado com base em aves criadas sem hormônio e sem antibióticos. Outro diferencial do Mironga é a comida vegan: há sempre opções de um prato sem origem animal. Nas sextas-feiras, é a vez do hambúrguer vegan, que leva pão integral feito na casa, sem leite e sem ovos, e requeijão de tofu. Luiz Cláudio afirma que na cozinha do Mironga não entram temperos e caldos ar-
tificiais, gorduras hidrogenadas, maionese, creme de leite, óleo de canola, margarina e outros. Esses produtos são substituídos por manteiga natural, leite desnatado, caldos naturais, ovos, iogurtes, ricota e por aí vai. Difícil é decidir pelas sobremesas: cheesecake natural com frutas vermelhas, pudim à moda antiga com leite e ovos, brigadeiros de colher, petit gatêau e frutas da estação. Para beber, a casa oferece uma boa carta de vinhos de vários países e também cervejas, cachaças e caipirinhas, em tamanhos variados. Assim é o nosso Centro da cidade: uma bela caixa de surpresas. É só olhar no entorno e descobrir bons lugares. O restaurateur Luiz Cláudio não reclama das obras. Pelo contrário, é otimista e acha que, uma vez finalizadas as obras, os moradores da Zona Sul, que andam sumidos devido aos transtornos, voltarão a frequentar em maior número o circuito cultural e o comércio do Centro. Prova disso é que o Mironga já está abrindo aos domingos e, em breve, abrirá aos sábados. Como dizia Marques Rebelo: “O Rio é uma cidade com muitas cidades dentro”. A Região Portuária será em breve uma cidade completa em si mesma. O Mironga fica na Avenida Rio Branco, 19, Centro. Aberto de segunda a sexta-feira, das 8 às 10h, das 11h30 às 15h30, aos sábados, e das 12h às 17h, aos domingos. Telefone: (21) 2518-7727. E-mail: ola@ mironga.com.br.
O abacate é um velho conhecido dos brasileiros. Está presente muitas vezes em vitaminas, doces, batido com leite e açúcar. Eu prefiro comer abacate com sal e limão, como nossos vizinhos mexicanos nos ensinaram muito bem. Minha versão para o famoso guacamole pode ser servida com uma salada em cubos grandes ou numa festa, acompanhado de tortilhas ou torradas de pão árabe. Neste caso, deve-se cortar os legumes em cubos pequenos. Para quem preferir, pode-se amassar bem os ingredientes desta salada para transformá-la num molho delicioso.
Salada de tomate com abacate ACP
Ingredientes: • 200g de tomate cereja • 500g de abacate maduro, sem casca e cortado em cubos • ¼ xícara de coentro picado • 1 colher de sopa de suco de limão • 2 colheres de sopa de azeite • ½ colher de chá de cominho • ½ colher de chá de alho amassado • 1 colher de chá de sal Modo de preparo Em uma bacia pequena, misture o suco de limão, sal, cominho e azeite. Arrume numa travessa o abacate e o tomate cereja partido na metade. Regue com o molho e decore com o coentro picado.
teresa speridião artista plástica teresa.speridiao@gmail.com
ana carolina portella chef de cuisine carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol.blogspot.com
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cidade
Santiago Calatrava inspeciona as obras do Museu do Amanhã O arquiteto espanhol se declarou surpreso com a qualidade do trabalho Fotograma do vídeo do cinegrafista João Fraga
Autor do projeto do edifício que será uma das principais instituições museológicas do país, o arquiteto Santiago Calatrava visitou o canteiro de obras do Museu do Amanhã e, em entrevista para os repórteres Bruno Bartholini e Renata Cordeiro, do site Porto Maravilha, se declarou impressionado com o resultado e com a beleza da região sem a poluição visual que era causada pela presença do Elevado da Perimetral. Na sua fala, Calatrava só teve comentários positivos: “Para mim foi muito satisfatório. O Museu está muito avançado e eu tive uma impressão excelente do trabalho. Estou surpreso com a qualidade do trabalho, da mão de obra. Com mais de 30 anos de experiência, eu sei como é comum haver impasses, dificuldades nas obras e é uma gratidão enorme ver o trabalho tão bem executado. Sobre a demolição da Perimetral, o arquiteto afirmou: “É um caso único o que está sendo feito aqui. Durante toda a minha carreira, nunca vi algo semelhante. Criou-se uma região cultural com
O arquiteto espanhol Santiago Calatrava no canteiro de obras do Museu do Amanhã Reprodução
Visão artística do Museu do Amanhã depois de pronto
dois grandes museus muito próximos, e a cidade conseguiu entender que a Perimetral era obsoleta. Com a demolição, acredito que se abre o caminho para uma nova era de descobrimento da cidade. Com a saída do viaduto, redescobrimos uma das partes mais bonitas da cidade, edifícios lindos como o Mosteiro de São Bento e a própria Praça Mauá. Acho que se criou um ambiente de qualidade para reinserção urbana em um contexto tão belo como o que temos aqui”. Quanto ao conteúdo do
Museu do Amanhã, realçou o papel educativo da futura instituição: “Nós estamos acostumados a associar museus a conteúdos históricos, e aqui será diferente. Não haverá coleções com peças do passado, mas sim conhecimento que remete ao futuro. É atrativo, além de original. Sobretudo em uma cidade como o Rio, em que a população de menos de 20 anos é enorme. Então, este conteúdo quase tridimensional, palpável, é muito importante para mostrar às futuras gerações como tratar o meio ambiente, como viver de maneira sustentável. Eu penso que é uma grande contribuição ao que significa a museologia no mundo”. O depoimento do arquiteto espanhol foi registrado em vídeo pelo cinegrafista João Fraga e pode ser visto no seguinte link: http://portomaravilha. com.br/materias/visita-calatrava/visita-calatrava.aspx.
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destaques
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dicas da cidade Picasso e a Modernidade Espanhola
Com grande sucesso, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) está apresentando até 7 de setembro a exposição Picasso e a modernidade espanhola, que reúne 90 obras de arte, com curadoria de Eugenio Carmona. Além de trabalhos de Picasso (10 telas), a mostra reúne criações de mais 36 artistas espanhóis considerados mestres da modernidade, como Mulher sentada apoiada Juan Gris, Joan Miró, Salvador sobre os cotovelos, de Dalí e Antonio Tápies, entre Picasso (1939) outros. A exposição mostra ao público como Picasso influenciou outros pintores espanhóis e como todos ajudaram a construir o conceito de modernidade. Os grandes atrativos são uma instalação e uma projeção em vídeo, que explicam o processo de criação do quadro mais famoso de Picasso, Guernica (1937), que oferece uma visão trágica do bombardeio nazista à cidade espanhola de Guernica, durante a II Guerra Mundial. É proibido fotografar qualquer uma das obras. A mostra foi organizada com o apoio do Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, que forneceu as obras de seu acervo. A Fundação Mapfre também é importante parceira. Entrada franca. O CCBB fica na Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.
folha da rua larga
Projeto social da Light conquista dois prêmios em 2015 Divulgação Light
O projeto Light Recicla foi criado com o objetivo de ampliar a oferta de desconto nas contas de energia elétrica para todas as áreas populares e comunidades do Rio de Janeiro. Lançado em 2011, o projeto troca material reciclável por desconto na conta de energia elétrica. Possui 13 ecopontos e já recolheu 5,5 mil toneladas de material reciclável e 27 mil litros de óleo de 13 mil clientes cadastrados, que receberam diretamente o desconto na conta de luz ou que fizeram a doação do abatimento para uma das instituições cadastradas no projeto. Por conta desses objetivos sociais relevantes, o projeto já conquistou nada menos que dois prêmios neste ano.
O projeto troca materiais recicláveis por descontos na conta de luz
O primeiro prêmio é o Engie Brasil de Inovação 2015, na categoria Relações Comerciais e com Clientes. A concessão é organizada pela Engie, uma empresa do setor de energia presente há mais de 150 anos. O prêmio é promovido em diversos países e visa a
fomentar a criatividade empreendedora e inovadora no setor de energia. A segunda conquista é o 6º Prêmio ACRJ de Sustentabilidade, na categoria Grande Empresa. O prêmio acontece desde 2009 como iniciativa da Associação Comercial do Rio de Janeiro, com
o objetivo de destacar as empresas que realizaram ações na área da sustentabilidade no estado, avaliando critérios como ações na área ambiental e de responsabilidade social. O Light Recicla mantém ecopontos no Santa Marta, Botafogo, Humaitá, Chapéu Mangueira, Babilônia, Chácara do Céu, Rocinha, Cruzada São Sebastião, Cabritos/ Tabajaras e Vidigal, na cidade do Rio de Janeiro; e na Chatuba e BNH, em Mesquita.
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