Mário Margutti
Nissan apoia projeto social no Caju
Cineasta cubano cria Incubadora Cultural inclusiva
Durante assinatura do Pacto Social do Rio em prol das Olimpíadas, em cerimônia realizada no Pão de Açúcar, com a presença do prefeito Eduardo Paes, o presidente da empresa Nissan Brasil anunciou o patrocínio de um projeto socioesportivo no bairro do Caju.
Com patrocínio da Petrobras, o cineasta cubano Antonio Molina Burnes criou uma Incubadora Cultural que oferece amplo apoio a empreendedores culturais no desenvolvimento de seus projetos. Cursos de capacitação, consultorias, assessorias, workshops e seminários estão entre as ferramentas utilizadas. cultura e cidadania - página C1
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folha da rua larga Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
RIO DE JANEIRO | Nº 53 ANO VIII | 2015
comércio latino
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Duas grandes feiras de arte trazem milhares de visitantes à Região Portuária e já se tornam tradicionais na cidade Mário Margutti
A Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur) causou frisson na cidade ao homenagear José Mujica, ex-presidente do Uruguai. página 3
história Esta edição revive os tempos de glória do Moinho Fluminense, pioneiro na fabricação de farinha de trigo e também na produção dos primeiros pães de qualidade na Cidade Maravilhosa, em texto assinado pelo pesquisador Aloysio Breves. página 4
gastronomia
Andrea’s Café: sabor e rapidez página 18 Divulgação
Estrogonofe de frango
A feira ArtRio 2015 reuniu, no Píer Mauá, novidades lúdicas da arte contemporânea. E a feira ArtRua exibiu painéis de grafittis gigantes no Centro Cultural Ação da Cidadania. cultura e cidadania I páginas C4 e C5
turismo
Secretaria de Estado de Turismo lança novo guia para divulgar atrativos próximos à capital A Setur entregou ao público o guia Rio+3, que divulga roteiros e destinos turísticos que ficam a até três horas de viagem da capital do estado. Além de informações sobre a história, a cultura e os pontos turísticos dos municípios enfocados, o guia também apresenta os calendários de eventos das cidades. página 15
Divulgação Light
A Light patrocinou o livro #Rio365, que reúne 365 fotos do Rio de Janeiro postadas por internautas no Instagram. As fotos foram produzidas no decorrer do ano inteiro e um júri escolheu as melhores para publicar no livro. A foto acima, a imagem #337, de autoria de @ mmourão, foi eleita a melhor do projeto. página 20
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setembro – outubro de 2015
porto hoje
Prefeitura reinaugura a Praça Mauá
farol
Clarice Tenório Barreto
No dia 6 de setembro, a Prefeitura reinaugurou a Praça Mauá, seis vezes maior que a praça antiga e dotada com novo paisagismo, iluminação especial e acolhedores espaços de convivência. A reinauguração foi uma festa, com rodas de samba e chorinho, apresentação de teatro ao ar livre, ofertas gastronômicas e atividades gratuitas para crianças. A estátua do Barão de Mauá, primeiro grande empreendedor brasileiro e abolicionista, ocupa o centro do logradouro e agora olha para o futuro, simbolizado pelo Museu do Amanhã. “Com tanta coisa grandiosa que já
Cariocas e turistas prestigiaram e aprovaram a nova Praça Mauá
inaugurei, e mesmo com as ideias mirabolantes que já tive, nunca imaginei inaugurar essa Praça Mauá tão linda e cheia como hoje”, declarou o prefeito Eduardo Paes durante o evento. Livre da sombra do Ele-
vado da Perimetral, a nova praça tem hoje 25 mil m2, que contrastam com os 4 mil m2 da antiga configuração. Tornou-se a mais nova opção de lazer e convivência da cidade, com cinco canteiros de flores, 80 bancos, 58
árvores (31 preservadas e 27 novas) e diferentes tipos de arbustos. A obra utilizou 11 mil m2 de diferentes tipos de granito; implantou 50 postes e luminárias de LED e adotou sistema de drenagem especial com canaletas embutidas. Para fazer as obras, a Concessionária Porto Novo escalou 250 trabalhadores, dedicados a remodelar o logradouro sem prejuízo do conceito original.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Escultura é emblema das transformações urbanas Beth Santos
Na reinauguração da Praça Mauá, a Prefeitura do Rio instalou no local uma nova escultura de 25 metros com a inscrição #cidadeolimpica, tendo como paisagem a Baía de Guanabara e o Museu do Amanhã. As letras que formam a hashtag foram pintadas por artistas plásticos em pontos do Rio de Janeiro com projetos municipais estratégicos nas áreas de Educação, Saúde, Mobilidade, Cultura, Esporte e Lazer. A Praça Mauá se torna, assim, ícone das transformações que deixam um legado para a cidade. A nova escultura evoca as letras da meca
Multicolorida, a nova escultura é uma das atrações da nova Praça Mauá
do cinema (Hollywood) e certamente será alvo de muitas fotografias feitas por cariocas e turistas que visitarem o local. A Praça Mauá é o primeiro espaço público a
ser inaugurado no âmbito da nova Orla Conde, área de 3,5 km que se estende por toda a frente marítima, do Armazém 8 do Cais do Porto à Praça da Misericórdia, e conecta pelo me-
nos 27 centros culturais da região central da cidade, valorizando especialmente a circulação de pedestres e ciclistas. O prefeito Eduardo Paes batizou o caminho de 215 mil metros quadrados em homenagem ao ex-prefeito, arquiteto e urbanista Luiz Paulo Conde, porque ele sempre defendeu a demolição do Elevado da Perimetral, uma ação fundamental para a revitalização da Região Portuária.
Roberta Abreu, Teresa Speridião, Syl Dietrich e
Portella, Francis Miszputen, Maria Eugênia
Yuri Maia
Duque Estrada, Mozart Vitor Serra, Roberta
Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins
Abreu, Sacha Leite, Teresa Serra e Teresa
Diagramação - Suzy Terra
Speridião
Revisão ortográfica - Raquel Terra
Direção executiva - Fernando Portella
Produção gráfica - Suzy Terra
Editor e jornalista responsável - Mário
Produtora Executiva - Roberta Abreu
Margutti
Contato comercial - Márcia Souza
Colaboradores - Aloysio Clemente Breves,
Tiragem desta edição: 10.000 exemplares
Ana Carolina Portella, Fernando Portella,
Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br
A segunda etapa da campanha educativa de coleta de lixo e remoção de entulho da Concessionária Porto Novo já beneficia os moradores da Gamboa. Responsável pelos serviços de limpeza e gestão de resíduos na Região Portuária, a Concessionária estendeu a campanha para cerca de 817 domicílios do bairro portuário. Em agosto, educadores ambientais percorreram todas as residências da Gamboa para explicar pessoalmente aos moradores como funciona a coleta e o recolhimento do entulho de obra domiciliar. As ruas do bairro ganharam também placas e cartazes informativos. Foram entregues ainda imãs de geladeira para que os moradores escrevam o horário da coleta na sua rua. O hotsite www.portonovo. com/coleta disponibiliza os horários específicos do serviço. Talma volta a oferecer futsal para crianças e jovens Com patrocínio da Concessionária Porto Novo, a Sociedade Dramática Particular Filhos de Talma reinaugurou sua Escolinha de Futsal. O projeto foi beneficiado pelo programa Porto Maravilha Cidadão da Cdurp e terá como sede a quadra da Praça Coronel Assunção s/nº, na Saúde, oferecendo gratuitamente a crianças e adolescentes, de 9 a 15 anos, da Região Portuária, a prática do futebol de salão. As aulas serão realizadas às quintas-feiras, das 19h às 21h, e aos sábados, das 9h às 11h. As inscrições podem ser feitas na sede da instituição, por e-mail (sdpfilhosdetalma@ yahoo.com) ou telefone (99669-6916). A Escolinha de Futsal do Talma teve início na década de 70 e atingiu seu auge nos anos 80, quando crianças jogavam futebol de salão numa antiga quadra do 5º Batalhão da PM, hoje usada como estacionamento para os policiais. O objetivo da escolinha sempre foi o de reduzir a exposição de crianças e adolescentes a situações de vulnerabilidade social.
da redação I redacao@folhadarualarga.com.br Curta a Folha da Rua Larga no Facebook! Onde encontrar o jornal
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
folha da rua larga Conselho editorial -Alberto Silva, Fernando
Campanha educativa de coleta de lixo
Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br
A Folha da Rua Larga é de distribuição gratuita e pode ser encontrada com mais facilidade nos seguintes endereços: • Bandolim de Ouro – Avenida Marechal Floriano, 120 • Bar Imaculada – Ladeira João Homem, 7 – Morro da Conceição • Biblioteca Estação Leitura – Estação Central do Metrô Rio • Casa Porto - Largo de São Francisco da Prainha, 4 • Cedim – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – Rua Camerino, 51 • Centro Cultural Ação da Cidadania – Avenida Barão de Tefé, 75 • Colégio Pedro II – Avenida Marechal Floriano, 80 • Editora Cidade Viva – Rua São Bento, 9 1º andar • Mini Mix (mercado / padaria) – Avenida Marechal Floriano, 87 • Principado Louças - Avenida Marechal Floriano, 153 • Restaurante Beterraba – Rua Dom Gerado, 64-E • Restaurante Málaga – Rua Miguel Couto, 121 • Restaurante Velho Sonho – Avenida Marechal Floriano, 163 • Subprefeitura do Centro – Rua da Constituição, 34 • Trapiche Gamboa – Rua Sacadura Cabral , 155
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setembro – outubro de 2015
comércio latino
Federasur cria prêmio para personalidades sul-americanas O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, foi o primeiro a ser homenageado Divulgação
A Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur) foi criada em 15 de junho de 2009, em cerimônia realizada na Associação Comercial do Rio de Janeiro, na qual foi assinado um Protocolo de Intenções com o objetivo de materializar a entidade. Seu objetivo é dar suporte às Câmaras de Comércio e/ ou Indústria da América do Sul a ela filiadas. Sua missão principal é promover e incrementar as relações do Brasil com os vizinhos sulamericanos, nos âmbitos comercial, econômico, político, financeiro, cultural e turístico. É uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, nos termos da legislação brasileira, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Conforme Darc Costa, presidente da Federação, o Prêmio Personalidade Sur tem por objetivo celebrar figuras ilustres da América Latina que tenham alcançado notoriedade mundial. Esse é exatamente o caso do ex-presidente e atual senador do Uruguai José Mujica. A ideia de premiá-lo partiu de Maria Hernandez, que acumula as funções de diretora de Cultura e diretora de Relações Institucionais da Federasur: “O nome dele surgiu por causa do seu destaque mundial, por ser uma pessoa que inspira a criação de um mundo novo. Mujica é um exemplo para o mundo, ao mostrar que o ser político pode superar a questão da corrupção. Ele vive o que ele prega – e isso educa as pessoas de uma forma muito clara”. E acrescenta ela: “O prêmio tem o propósito de iluminar os nossos valores sul-americanos, algo que não temos o hábito de valorizar”. O prêmio foi entregue em cerimônia realizada na
À direita de Mujica, na ABI, a diretora cultural da Federasur, Maria Hernandez, que acompanhou o político uruguaio durante toda a sua estadia no Rio de Janeiro Divulgação
Mujica com o Prêmio Personalidade Sur nas mãos
Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que era como a casa de Mujica, “já que a história da ABI se confunde com a a própria história” do senador, como salientou Jesus Chediak, diretor de Cultura e Lazer da entidade, no discurso de saudação ao político uruguaio”. Completou Chediak: “A entidade esteve na luta contra a ditadura militar, aqui começou a Petrobrás e a campanha da Diretas Já. Aqui já estiveram personalidades como Che Guevara, o presidente Kennedy e Fidel Castro. Nesse contexto, em que a maioria no Brasil usa a política para enriquecimento próprio, ninguém vem tão a propósito como Mujica, que viveu com 10% de seu salário de presidente da República”. A Federasur hospedou Mujica no Hotel Novo Mundo, no Flamengo, e
Maria Hernandez conta que ficou surpresa ao ir buscá-lo de manhã cedo: “Ele já estava pronto quando eu cheguei, estava na porta, conversando com as pessoas, tirando fotos com os passantes que o reconheceram”. Ao saudar Mujica, Darc Costa salientou que o design do prêmio, inspirado na logomarca da Federasur, evocava quatro tipos de integração dos países sul-americanos: “A integração política (a parte maior do troféu), a cultural (a segunda maior), a social (a terceira maior) e a econômica (a menor de todas); não por acaso, a integração econômica é a menor de todas.” Ao falar sobre Darc Costa, Maria Hernandez realçou que “ele é um grande estrategista, tem poder de articulação internacional, é o maior estrategista de infraestrutura na América do Sul”. Segundo ela, Darc está cuidando, por exemplo, “do projeto de construção de um gasoduto que irá da Venezuela à Argentina, além de obras de infraestrutura que irão garantir o desenvolvimento da região”. Completa Maria Hernandez: “Na atual geopolítica, os países sul-americanos precisam formar um bloco sólido, se quiserem sobreviver no século XXI, na perspectiva do BRICS”. Afinal, completa, “o BRICS é um novo paradigma, o fenômeno mais expressivo no atual cenário internacional, que reúne cinco países emergentes que correspondem a 26% da área terrestre do planeta, quase metade da sua força de trabalho, 27% do PIB mundial, 65% do seu crescimento, 40% de todas as reservas e 42% da humanidade. Uma maioria
de características étnico-culturais ricas e diversas, um contingente que pode parecer exótico à luz de um mundo predominantemente anglo-saxão, que até há pouco controlava completamente a agenda política internacional”. A Federasur está agora desenvolvendo o projeto de realização de um seminário na cidade paranaense de Foz do Iguaçu, local de tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), para debater o pensamento do uruguaio Marcos Methol Ferré, filho e herdeiro de Alberto Methol Ferré, amigo de Mujica e do Papa Francisco, militante que defendeu as causas populares e a integração dos países sul-americanos. Esta reportagem se encerra com algumas das frases que Mujica pronunciou na ABI, após receber o Prêmio Personalidade Sur: • “Devemos aprender com os pássaros, que, quando sai o sol, cantam”. • “É preciso parar de se auto-lastimar. É possível construir em nosso continente uma cultura de paz, com civilização própria”. • “Não faço apologia da miséria, apenas acho que ser rico é ter tempo livre para dedicar à nossa mulher querida, aos filhos, aos amigos. Isso porque somos mamíferos, gregários, não podemos viver na solidão”. • “A política como caminho da riqueza é uma doença. Porque assim cada um se refugia no seu mundo e nada compartilha. Quem quer dinheiro não deve ser político”.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
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história baú da rua larga
Moinho Fluminense: farinha no saco, pão francês, samba no pé e Boa Sorte A história da fábrica responsável pelo melhor pão de cada dia dos cariocas Reprodução
A história do Moinho Fluminense está intimamente ligada aos hábitos europeus de fabricar pão. Martin Afonso de Sousa, em 1534, trouxe as primeiras sementes de trigo em suas naus para o Brasil, e as lavouras se espalharam pelo Sul, fazendo da nossa terra uma das primeiras da América a exportar o grão. Mais de trezentos anos se passaram e, em 1900, a praga da ferrugem se alastrou dizimando as plantações. A produção nacional de trigo incipiente obrigou à importação de trigo para suprir as necessidades brasileiras. A inauguração do Moinho Fluminense foi aprovada pela princesa Isabel em 1887 e é considerada um marco da fabricação do pão no país. Debret, o pintor francês da missão artística trazida por Dom João VI, estranhava a falta do pão de trigo em 1834. Segundo ele, o Rio possuía apenas três padeiros. O prédio do Moinho Fluminense, com arquitetura inglesa do século XIX, com tijolinhos e arcos, serviu de cenário para fatos históricos da cidade. A eclosão da Revolta da Armada, em setembro de 1893, e a Revolta da Vacina, em 1904, são acontecimentos que marcaram a área portuária do Rio. Rui
Divulgação
Fabricação pioneira de pão no Moinho Fluminense
Barbosa, ministro da Fazenda e um dos fundadores do Jornal do Brasil, precisou buscar refúgio dentro do Moinho com ajuda do proprietário, seu amigo Carlos Gianelli. Isso porque, ao defender os ocupantes do navio Júpiter, como o senador Almirante Eduardo Wandenkolk e outros oficiais reformados, presos por ocasião da captura do navio, o jurista ganhou o ódio do governo. Com o receio de ser preso, ele se refugiou na casa de um amigo e dali se transferiu para a Legação do Chile, onde pediu asilo. Com a decretação de estado de sítio por Floriano, ele passou a noite escondido no Moinho Fluminense e, dali, embarcou clandestinamente no navio Madalena para
Ferragens, louças, tintas, utensílios domésticos e muito mais.
Buenos Aires, usando disfarce de explorador inglês. E escreveu, em 7 de setembro de 1893, para a esposa Maria Augusta: “Estou experimentando pela primeira vez as ‘delícias’ de ser preso, e preso inocente”. Em 13 de setembro, os revoltosos aquartelados nos navios abriram fogo contra a cidade do Rio de Janeiro. Da mesma forma, na Revolta da Vacina, a população montou barricadas na frente do Moinho contra a vacinação obrigatória, instituída pelo prefeito Pereira Passos e executada pelo sanitarista e médico Oswaldo Cruz. Passados quatro anos, ergueu-se um quartel de polícia na bucólica Praça da Harmonia, ou Coronel Assumpção, como se a segurança militar
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Os silos do antigo Moinho serão transformados em quartos de um moderno hotel
pudesse esconder a história de Pata Preta, líder dos revoltosos. No local perto das ruínas do mercado da Harmonia, conhecido como Porto Arthur, em referência à fortaleza russa que bravamente resistiu aos ataques japoneses na Guerra Russo-Japonesa, Pata Preta e seus aliados contavam apenas com a coragem e barricadas feitas com os trilhos de bondes arrancados das ruas. Enquanto navios da Marinha com canhões engatilhados estavam prontos para destruir a área, a imprensa, quando o conflito acabou, registrou um artefato feito de um poste de ferro preso a uma carroça, que simularia um canhão, produzido pelos revoltosos. Pata Preta foi preso e espancado barbaramente, pondo fim à batalha. A importância do Moinho Fluminense se reflete até no Carnaval carioca. Em 1939, desfilavam os chamados blocos oficiais, de funcio-
nários públicos e grandes empresas: os Destemidos da Casa da Moeda, Mudando as Caras (dos funcionários da Prefeitura do Distrito Federal) e o Bloco da Boa Sorte, em alusão à famosa farinha, composto por funcionários do Moinho Fluminense. Em 1939, o trigo brasileiro foi o motivo principal do desfile, apresentado em artísticos painéis. Na comissão de frente, uma crítica à adição de mandioca na farinha de trigo: dois foliões vestidos de Dom Trigo e Senhorita Mandioca e, fechando o cortejo, uma comissão vestida de padeiros cantava a marchinha Trigo Brasileiro, com letra de Ximenes, que dizia: “Salve Rei Momo / Rei do Carnaval / Com Boa Sorte compartilhamos / Em tua festa universal...”, Carlos Gianelli e seu irmão Leopoldo, filhos de um italiano que morou em Montevidéu em 1849, investiram
na indústria da moagem de trigo no Brasil. Abriram seu primeiro negócio na Rua Larga de São Joaquim e, logo depois, já com o investimento de acionistas, conseguiram inaugurar o Moinho Fluminense, com máquinas importadas da Inglaterra, capazes de moer 80 toneladas diárias de trigo vindos dos Estados Unidos, Argentina e Uruguai. O Moinho virou escola para padeiros do Rio e os produtos se diversificaram. O melhor pão tipo francês foi produzido e testado com as farinhas ali produzidas. Hoje, o velho Moinho Fluminense renasce como um símbolo da região do Porto Maravilha, transformando o espaço num dos maiores complexos hoteleiro, residencial e empresarial da cidade. Unindo a arquitetura antiga dos prédios e silos tombados pelo patrimônio histórico despercebida pelos transeuntes, ainda funciona desde 1887 nos subterrâneos, a longa esteira que transporta por um túnel toneladas de grãos de trigo para os cargueiros atracados no Porto. Tudo isso será passado quando o VLT tiver uma estação na porta do novo empreendimento, que contará com cinemas, centros médicos, praça de alimentação e prédios residenciais. Seus passadiços históricos que embelezam o local poderão servir aos novos usuários dos prédios vizinhos e o silo será transformado em hotel.
aloysio clemente breves pesquisador de história soubreves@yahoo.com.br
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porto sustentável
Multiterminais desenvolve diversos projetos de sustentabilidade O objetivo é diminuir impactos negativos das suas operações sobre o meio ambiente Reprodução de vídeo da Multiterminais
A Multiterminais é uma empresa de logística integrada que implantou, em 1986, o primeiro Terminal Retroportuário Alfandegado no Brasil, numa área vizinha ao Porto Público do Rio de Janeiro. O porto era operado, na época, pela Companhia Docas do Rio de Janeiro. Hoje, a empresa se situa entre as maiores operadoras de terminais portuários e portos secos do Brasil e entre as mais importantes empresas de prestação de serviço ao comércio exterior. No Porto do Rio, é responsável pela operação de dois terminais marítimos: o Terminal de Contêineres MultiRio e o Terminal de Veículos MultiCar. Sintonizada com o século XXI, a Multiterminais se preocupa com o desenvolvimento sustentável e, por isso, implementou relevantes projetos de minimização de impactos negativos sobre o meio ambiente.
Administração do produto químico que acelera o processo de compostagem Reprodução de vídeo da Multiterminais
Compostagem acelerada Desde 2014, a MultiRio vem sendo pioneira na redução dos impactos ambientais causados pela geração de resíduos oriundos de sobras de alimentos. Em abril deste ano implementou dentro da própria empresa a compostagem in loco, após realizar quatro meses de experiência com um protótipo da nova tecnologia. Num vídeo que pode ser visto no link https:// www.youtube.com/watch
Aplicação de bactérias que promovem a degradação do óleo e limpam a água
?v=ZZpnbFNyJH4&featu re=youtu.be, o coordenador de Meio Ambiente da empresa, Edmar Brandão, apresenta o processo da compostagem acelerada, que consiste nas seguintes etapas: 1) disposição dos resíduos de alimentos na leira de compostagem; 2) aplicação do produto químico que acelera a compostagem; 3) fechamento da leira, mantendo os re-
síduos de alimentos dentro da massa de compostagem; 4) monitoramento da temperatura da leira, que deve ficar em torno de 60ºC; 5) com auxílio de um trator, a leira é revirada duas vezes por semana, para promover uma oxigenação; 6) A leira é peneirada, para extração do adubo; 7) última etapa, que consiste em resfriar o adubo até 30ºC, tornando-o apto
para utilização nos jardins da empresa. O adubo resultante também é doado para projetos sociais. Outros benefícios do processo são: redução de 120 toneladas de resíduos que seriam lançados em aterros sanitários; redução de 15 toneladas de CO 2 no transporte de resíduos para os aterros, contribuindo para diminuir o efeito estufa; redução de 50% dos custos anteriormente necessários para tratar os resíduos orgânicos. Reuso da água Em fevereiro de 2014, a MultiRio implementou um sistema de reuso de água, por meio de tratamento biológico, membrana filtrante e ozonização, para tratamento de efluente de lavagem de equipamentos e reuso. As vantagens desse sistema em comparação aos tradicionais é que, além de permitir a reutilização constante da água, não gera lodo, eliminando assim os impactos ambientais causados pelo
transporte e destinação de resíduos perigosos para processamento. Em julho de 2014, a MultiRio implementou um sistema de tratamento biológico de fossa séptica com filtro anaeróbico, no Armazém 21 do Porto. O efluente é todo coletado na saída da fossa séptica e passa pelo sistema de membrana filtrante, com carvão ativado, removendo a carga orgânica, sais, odores e coliformes fecais, possibilitando a reutilização constante do efluente, para descarga em sanitários, irrigação de jardins e obras. Esses sistemas reduziram custos, consumo de água e geração de resíduos, beneficiando não só a empresa, mas também o meio ambiente. A redução média no consumo de água é de 1.500 m³/ano.
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setembro – outubro de 2015
responsabilidade social
Nissan inaugura Pacto do Rio com projeto social esportivo Empresa vai preparar jovens do Caju para a vida profissional Embora os ganhos de mobilidade urbana sejam apontados como o grande legado dos Jogos Olímpicos de 2016 para a cidade do Rio de Janeiro, os projetos sociais começam a despontar, igualmente, como heranças positivas das transformações por que passa a cidade em função do maior evento esportivo do planeta. Tanto isso é verdade que, durante a assinatura do Pacto do Rio, no começo de setembro, em uma cerimônia realizada no Pão de Açúcar, o presidente da Nissan do Brasil, François Dossa, anunciou a criação do projeto social Caju: um novo olhar. Trata-se do primeiro projeto social a integrar o Pacto do Rio e será o principal Legado Olímpico da empresa. O evento contou com a presença do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e do vice-presidente mundial sênior da Nissan, Hari Nada, entre representantes dos governos estadual e municipal, de instituições sociais, convidados e jornalistas. A Nissan, que também é a patrocinadora oficial dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, trabalha na perspectiva de deixar benefícios para a cidade, em função do maior evento poliesportivo do mundo, contribuindo ativamente para a transformação de ideias em ações reais. A empresa tem sua sede exatamente em um dos lugares que passa pela maior revitalização, a Região Portuária. Elaborado pela Nissan, o projeto Caju: um novo olhar contará com a parceria da Fundação Gol de Letra, organização não-governa-
Divulgação Nissan
Presidente da Nissan, François Dossa, anunciando o projeto Caju: um novo olhar Divulgação Gol de Letra
Os ex-jogadores Leonardo e Raí com as crianças beneficiadas pela Fundação Gol de Letra
mental sediada no bairro do Caju, que foi criada no dia 10/12/1998 pelos ex-jogadores da seleção brasileira de futebol Raí e Leonardo. A data, escolhida propositalmente, marca também o Dia dos Direitos Humanos. A entidade tem esse nome para marcar uma associação do esporte (gol) com a educação (letra), e seu propósito é contribuir com a educação de crianças e jovens de comunidades so-
cialmente vulneráveis, para que elas tenham mais oportunidades e melhores perspectivas de vida. Ao longo dos anos, a Fundação aumentou o número e a abrangência de seus programas, ganhou prêmios e reconhecimentos e hoje trabalha com atendimento direto e com a gestão do conhecimento, sistematizando e disseminando suas práticas educativas. O projeto da Nissan
prevê qualificação profissional para os jovens da comunidade desse bairro, a partir de ações de mobilização comunitária, assim como melhorias na infraestrutura urbana da área. O Caju é um dos bairros mais carentes da cidade e fica também próximo da região do Porto do Rio. A Nissan, por meio do seu braço de responsabilidade social, o Instituto Nissan,
manterá e fará a gestão do projeto. Maiores detalhes do projeto serão revelados nos próximos meses pela empresa. O Pacto do Rio é um conjunto de compromissos articulados, que busca alinhar os objetivos de órgãos públicos, com os de parceiros privados, da sociedade civil, do setor de pesquisa e organismos internacionais, permitindo o planejamento
e a execução integrada das ações, tendo sempre como princípios a justiça social, a eficiência de recursos (econômicos e ambientais) e a boa governança (ética, transparência e mecanismos de participação). Um dos seus diferenciais é a valorização das inovações no campo da gestão participativa, por meio da formação de redes intersetoriais e de parcerias público-privadas interativas. Além disso, o Pacto do Rio é um centro de produção e compartilhamento de conteúdos, que alimenta uma rede de acordos e de trocas, tendo em vista uma cidade integrada, menos desigual e mais justa. No âmbito do Pacto do Rio, o Instituto Pereira Passos é o responsável pela interlocução com a população, empreendedores e outras ONGs e coletivos locais, bem como com os diversos órgãos e autarquias públicas do estado e da prefeitura.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Divulgação
cultura e cidadania setembro – outubro de 2015
Presidente do Conselho Diretor da Arqpedra (Associação das Comunidades Remanescentes do Quilombo da Pedra do Sal), Damião Braga é um líder combativo, que luta pela manutenção e pelo desenvolvimento social dos moradores no entorno do berço do samba, pois quem não consegue pagar o aluguel tem sido despejado, apesar de a comunidade ser reconhecida como quilombola pela Fundação Palmares e certificada pelo estado e município. cultura e cidadania - página C8
Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio
Edição Especial
Incubadora Cultural da ONG PAC realiza 3º módulo de capacitação Projeto patrocinado pela Petrobras apoia dezenas de artistas e produtores culturais Mário Margutti
Criado pela organização não-governamental PAC – Pró-Apoio Comunitário, que é capitaneada pelo cineasta cubano Antonio Molina Burnes, o projeto Incubadora Cultural chega ao terceiro estágio de capacitação de agentes culturais, com o objetivo de dar-lhes suporte completo no desenvolvimento de seus projetos. A incubadora reúne pessoas atuantes nas áreas de música popular, teatro, literatura, gastronomia, moda, meio ambiente, contação de histórias para crianças, edição de livros, audiovisual e blocos de Carnaval, entre outros. Para Molina, que é o coordenador executivo da Incubadora, o principal resultado do projeto é, “sem dúvida, a inclusão social: pessoas que nunca pensaram em empreendedorismo cultural, que nunca pensaram em materializar um projeto, estão conseguindo fazer isso, graças ao apoio que damos aos incubados”. No momento, estão sendo realizados os seguintes cursos: Gestão Financeira de Organizações Culturais; Fundamentos de Administração Cultural; Fundamentos de Marketing Cultural; Financiamento e Captação de Recursos; Retorno Financeiro em Mídias Digitais; Gestão de Projetos Culturais; Mídia e Divulgação e Informática II. Após os cursos, que são totalmente gratuitos e duram oito aulas de três horas em média cada uma, os in-
Molina: “O principal resultado da Incubadora é a inclusão social” Mário Margutti
Equipe da Incubadora Cultural: à esquerda, Yaneysi Peralta, coordenadora pedagógica
cubados têm direito à consultorias presenciais com os professores, visando a promover aperfeiçoamentos em seus projetos. Neste módulo foi realizado um seminário em forma de mesa-redonda, para tratar do
tema Administração Cultural e Economia de Mercado. Os palestrantes convidados para compor a mesa foram: Fernando Francisca, que é formado em Comunicação Social e bacharel em Publicidade e Propaganda pela Escola
Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro, com experiência de dez anos em gestão de projetos sociais, exercidos em prestação de serviço para a Petrobras; e José Hilton Santos Almeida, mais conhecido como Hilton
Cobra ou Cobrinha, ator e diretor de teatro brasileiro. Para este terceiro módulo, está previsto um workshop mais singular, que teve tanta procura que esgotou o número máximo de vagas. Nele, foi abordado o tema Técnicas de Negociação com Empresários Patrocinadores em Potencial com Base na Teoria do Eneagrama. O seminário esteve a cargo do especialista Mário Margutti, que ensina o Eneagrama (teoria das nove personalidades básicas do ser humano) como ferramenta psicológica de negociação com executivos de empresas patrocinadoras. Como a procura por este workshop foi muito grande, é bem provável que a Incubadora Cultural abra uma nova turma. Para Yaneysi Peralta, coordenadora pedagógica da Incubadora, o grande benefício que a entidade oferece aos incubados é “o crescimento pessoal e profissional”. Ela é testemunha de que “quem entrou com uma ideia, transformou-a em projeto e está aprendendo a desenvolver sua proposta – e quem já tinha um projeto mais estruturado, com certeza conseguiu aperfeiçoá-lo”. De fato, alguns dos incubados já desenvolveram bastante seus projetos. O fotógrafo Alexandre Lourenço, por exemplo, está finalizando um documentário sobre a Escola de Samba Vizinha Faladeira, da Região Portuária. A con-
tadora de histórias infantis e autora de livros para crianças Janine Nascimento também já conseguiu inserir seu trabalho na Casa da Leitura, na programação das Bibliotecas-Parque e no Festival Noturno dos Museus, em Belo Horizonte. Outro destaque é a produtora e diretora teatral Agni Shakti, que conseguiu viabilizar o espetáculo Como se livrar de um corpo no Teatro Cândido Mendes, tendo conquistado inúmeros apoios para seu projeto. Recentemente, a Incubadora Cultural recebeu a visita do consultor Evaristo Fernandes Lima, credenciado pela Anprotec – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, instituição sediada em Brasília que tem por missão congregar e apoiar empreendimentos de incentivo à inovação em todo o Brasil. Evaristo se declarou impressionado com o trabalho da Incubadora Cultural e a indicou para participar de uma pesquisa conduzida pela Fundação Getúlio Vargas, que tem por objetivo conhecer os principais fatores que definem as escolhas de projetos incubados e os que levam ao seu sucesso ou fracasso.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
C2 Edição Especial
setembro – outubro de 2015
cultura e cidadania boca no trombone
Cliques Rua Larga
O segredo da corrupção A vida acontece em cima e embaixo da mesa – lá onde habitam os segredos. O escondido é excitante, o lugar onde os casais encontram com seus amantes. É lá que se formam os conchavos – ali na clausura de um bar, nas catacumbas de um escritório. Quando um segredo é revelado não tem jeito, surge o constrangimento e o desespero, descobre-se que a imunidade e a impunidade são temporais. O Brasil está com a cara vermelha. O jovem que desejava ser político idealizava; de fora do contexto público, ele o criticava, mas quando entrou na “máquina trituradora de ideologias”, aprendeu rápido que, para se manter ali e até mesmo fazer o bem, era preciso negociar, captar recursos, indicar cargos e fazer acordos. Tudo isso bem ali, debaixo das mesas e dos lençóis do país. Existem exceções. Eles dizem: “Tudo o que recebi para a minha campanha foi por caminhos legais”. Eles repetem essa mentira tantas vezes quantas são acusados – são instruções dos advogados e marqueteiros. Torcem para que o processo seja lento – rezam para a santa burocracia – até que tudo seja esquecido ou prescrito. Mas, se pensarmos um pouco, até as doações legais são ilegais, pois estabelecem uma relação de troca. Afinal, “uma mão lava a outra”. Ou será que alguém acredita que quem banca uma campanha não deseja um retorno maior, durante o mandato do beneficiado? Os recursos por fora também são necessários, pois, por exemplo: como pagar aqueles que fazem “boca de urna” (que é ilegal)? Ninguém emite recibos ou notas fiscais. Este é o jogo! Quem não jogar está fora. Para permanecer no poder, e até mesmo para aprovar projetos sociais, é preciso habilidade e grana, muita grana. Esse é o nosso modelo institucionalizado, criado no escurinho do cinema, no cochicho, no pacto entre as partes, até que um dia, pode acontecer ou não, seja delatado. Parece absurdo, mas seria muito mais honesto se o roubo fosse legalizado. A corrupção é o segredo entre pessoas. Faz parte da nossa cultura, da “Lei de Gerson”, de querer levar vantagem em tudo. É no gatonet; no roubo de energia. É usada para se livrar de uma blitz; para sumir com páginas de processos; para adiar julgamentos até a data de prescrição – e por aí vai! É assim que as máquinas funcionam. A burocracia existe para facilitar o jeitinho brasileiro. A inocência atual dos condenados e apontados foi acreditar na impunidade: “Você sabe com quem está falando”? Apenas poucos idealistas escapam desse bicho que devora as cabeças públicas e as transformam em marionetes despersonalizadas, sem ideais. Temos os políticos que merecemos, porque votamos neles. Os desvios vão continuar, mas a corrupção, que até diminuiu pelo medo da delação, não vai parar, encontrará outras formas de desvio, mais secretas. Precisamos acreditar que novos líderes éticos, não populistas, apareçam. Um dia vamos ter que agradecer ao casal Lula e Dilma por terem revelado em suas gestões como funciona a velha máquina pública. Retiraram a máscara do sistema na própria carne. E o partido e seus fernando portella aliados? escritor e poeta PT saudações. cottaportella@globo.com
Mário Margutti
Como observou o cronista João do Rio, no começo do século: “A rua é um fator de vida da cidade, a rua tem alma”! E a Rua Teófilo Otoni tem a alma do Rio da Belle Époque.
Mário Margutti
Os fundos da Igreja de Santa Rita, os sobrados, a passagem estreita. É como escreveu João do Rio: “Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua”. Sábio cronista. Mário Margutti
A poesia do comércio tradicional, que expõe manequins com roupas na varanda. Ao divagar sobre a alma encantada das ruas, João do Rio afirmou: “A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento”. Por isso “é a mais igualitária, a mais socialista, a mais niveladora das obras humanas”. Mário Margutti
No fim do percurso, um restaurante ainda novo na Região Portuária propõe um mergulho nos sabores da cozinha italiana do Mediterrâneo. O que evoca o flâneur, a pessoa que passeia somente por prazer. “Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico”, dizia João do Rio. Flanemos, pois...
cultura e cidadania C3 Edição Especial
setembro – outubro de 2015
Casa Porto abre novos espaços para a criatividade Eventos diversificados beneficiam os moradores da região Divulgação
O nome do programa é Porto Criativo e inclui o apoio ao desenvolvimento de projetos, ideias e negócios ligados a cultura e economia criativa da Região Portuária do Rio de Janeiro. Com foco no coletivo, o programa pretende criar uma rede de agentes que entrelacem projetos, ideias, negócios, empreendedores, trabalhadores culturais e criativos a eventos, ações, iniciativas, patrocinadores e políticas públicas de fomento, sem perder de vista a preocupação com a sustentabilidade. Para atingir esses objetivos, o programa realiza atendimento gratuito ao público, por meio de consultoria direcionada. Segundo informações que constam no próprio site da Casa Porto, que fica no Largo de São Francisco da Prainha, nº 4, os dispositivos criados para a concretização das ações são: • Espaço gratuito de trabalho compartilhado (coworking), equipado com internet de fibra ótica de alta velocidade, ar condicionado, mesa para oito empreendedores, quadro branco e lounge para des-
O programa da Casa Porto abrange exposições, cursos, encontros literários, uma incubadora de negócios criativos e oferece aos visitantes um acolhedor café
canso (o local já funciona como uma incubadora de novos negócios, oferecendo consultorias e espaços de trabalho; no local, por exemplo, Leandro Silva, que é morador do Morro da Conceição, desenvolve dentro da Casa Porto o projeto Rio Web Fest, o primeiro festival de séries produzidas especialmente para
exibição na internet); • Auditório para reuniões e/ou apresentações, com capacidade para 40 pessoas, dotado com projetor, iluminação cênica e equipamento de som; • Biblioteca Livre, com aproximadamente cinco mil títulos físicos disponíveis para empréstimo; • Biblioteca Digital Árvore de Livros gratuita,
com mais de mil títulos online; • Consultor disponível ao público por no mínimo dez horas semanais; • Duas séries semanais de entrevistas presenciais com profissionais e empreendedores: um dos encontros se intitula Silêncio na Biblioteca (mercado editorial) e o outro, batizado como Arte do
Encontro (cultura e economia criativa); • Vivência nos projetos da casa e atividades interdisciplinares. O programa Porto Criativo é totalmente gratuito e foi idealizado para atingir, preferencialmente, moradores da Região Portuária. A Casa Porto se instalou no Largo de São Francisco da Prainha, inicialmente, como sede do projeto FIM – Fim de Semana do Livro no Porto. E agora, com o programa Porto Criativo, desenvolve cursos, exibição de filmes, exposições de artes plásticas e eventos musicais, indo ao encontro da vocação criativa da região do Porto do Rio. Na atualidade, a Casa Porto já se tornou referência na Região Portuária e recebe apoio desde o início das suas atividades da Prefeitura do Rio e da Concessionária Porto Novo, por meio do programa Porto Maravilha Cultural. Nessa perspectiva, a Casa Porto se apresenta ao público, conforme texto postado em seu site, como “um espaço de afirmação, informação e transformação do
carioca, em especial do cidadão da Região Portuária”. Trata-se de “um espaço para mostrar e criar ideias, onde se pesquisa, se difunde e se compartilha a riqueza cultural da região e onde se apresentam, se investigam e se experimentam novas ferramentas para a expressão”. Um dos eixos do programa Porto Criativo é a abertura das portas para a materialização de projetos de artistas que precisam de um espaço estruturado e não encontram alternativas no mercado, sempre às sextas-feiras. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 16 às 22h, e aos sábados, das 10 às 17h. Os visitantes também têm a saborosa oportunidade de provar os quitutes elaborados pelas cozinheiras da Região Portuária, que se revezam no Café do Vizinho.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
“Pedro e Seu Problema, livro infanto-juvenil escrito pelo gestor cultural Fernando Portella, mostra a rotina de um menino em uma aldeia fictícia chamada Ventania, onde as pessoas tinham nomes de peixes e os peixes tinham nomes de pessoas. A obra conta, com riqueza de imagens e poesia, a história deste garoto diante de seus problemas e sua força para superá-lo. A simplicidade literária da obra convida o leitor para uma viagem fantástica ao fundo do mar de cada um.” Autor: Fernando Portella Ilustrações: Marcelo Damm Páginas: 104 Preço: R$ 39,90
Adquira o seu exemplar pelo site ou telefone: www.editoracidadeviva.com.br I (21) 2233-3690
C4 Edição Especial
setembro – outubro de 2015
cultura e cidadania
Duas grandes feiras de arte agitaram a Região Portuária em setembro Com propostas diferentes, ArtRio e ArtRua já se tornaram tradicionais no Porto Mário Margutti
Setembro está marcado como o mês das artes visuais na Região Portuária, por conta de duas grandes feiras internacionais que acontecem aqui. Uma delas é a ArtRio – Feira Internacional de Arte do Rio de Janeiro, que chegou à sua quinta edição como um dos mais importantes eventos do mercado mundial das artes. A ArtRio aconteceu no Píer Mauá, de 10 a 13 de setembro, reunindo as mais importantes galerias do país e do mundo, além de trazer para a cidade colecionadores, curadores, críticos e artistas. Nesta edição, além de galerias brasileiras, participaram outros 11 países: Argentina, Espanha, EUA, França, Itália, Japão, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, Suíça e Uruguai. A outra feira é a ArtRua, igualmente tradicional, porém com foco na arte urbana, a arte feita para os muros e empenas da cidade, que consagrou formas de expressão como o grafite, o estêncil e os grandes painéis murais. A ArtRua aconteceu no mesmo período da ArtRio e se configurou como uma feira de arte urbana oficial da Semana de Arte do Rio de Janeiro. Também chegou ao seu quinto ano de realização, ocupando mais uma vez o amplo espaço de 14 mil m2 do Centro Cultural Ação da Cidadania, na Avenida Barão de Tefé, 75. Tal como acontece na ArtRio, os artistas expositores eram nacionais e estrangeiros.
O poeta e crítico Ferreira Gullar expôs na ArtRio peças recortadas em aço e metal, com o sugestivo nome de A revelação do avesso, que acompanham um livro artesanal Mário Margutti
O público suportou filas imensas para ver novidades da arte contemporânea na ArtRio
Os três programas da ArtRio Neste ano, a feira do Píer Mauá foi dividida em três programas: Panora-
ma (estandes de galerias nacionais e estrangeiras com atuação estabelecida no mercado de arte moderna e contemporânea), Vista (programa dedicado
às galerias mais jovens, com projeto de curadoria experimental criado especialmente para o evento) e Prisma (programa curatorial inédito, assinado por
Carolyn H. Drake e Bernardo José de Souza, com obras de artistas brasileiros e estrangeiros). A ArtRio já faz parte do calendário oficial de eventos da cidade e é promovida pelos sócios Brenda Valansi, Elisângela Valadares, Luiz Calainho e Alexandre Accioly. Para seus idealizadores, a ArtRio “pode ser considerada uma grande plataforma de arte, contemplando, além da feira internacional, ações diferenciadas e diversificadas com foco em difundir o conceito de arte no país, solidificar o mercado, estimular e possibilitar o crescimento de um novo público, oferecendo acesso à cultura”. “Entre nossos objetivos para este ano está o de conquistar o status de
melhor feira para a realização de negócios, unindo no mesmo ambiente os mais relevantes players do mercado – galeristas, colecionadores, curadores e artistas. Nosso foco está em fomentar o mercado de arte, dando grande visibilidade para os artistas do nosso país e também trazendo para cá os grandes destaques do cenário mundial”, esclarece Brenda Valansi, uma das sócias. Pelo quarto ano consecutivo, o Bradesco assinou a ArtRio como patrocinador máster, através da Lei Rouanet. A feira também conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, através da Lei do ISS-RJ. Um dos destaques da feira foi a primeira edição do Prêmio Reynaldo Roels Jr., da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, que selecionou a instalação Salário, de Bia Martins, estudante da EAV desde 2011. Ela recebeu R$ 20 mil reais para a produção da instalação, que ficou exposta na área externa do Armazém 4, durante toda a feira. Composta por uma montanha de sal, a obra teve ao lado “um feirante responsável em promovê-la junto aos visitantes da feira, colecionadores, galeristas e compradores em potencial”, explicou Bia Martins. “A matéria que compõe a instalação é um elemento natural que venho estudando há pouco mais de um ano, a rocha branca milenar, o
C5 Edição Especial
setembro – outubro de 2015
Mário Margutti
Mário Margutti
Na feira ArtRua, os painéis gigantes foram expostos no térreo do Centro Cultural Ação da Cidadania. Já no segundo andar, ficaram os estandes de dezenas de galerias de arte Mário Margutti
O criativo artista carioca Roberto Magalhães foi um dos sucessos de venda da ArtRio
sal”, conta. O prêmio, que será anual e é destinado a estudantes matriculados na escola, tem como patronos os colecionadores Helio Portocarrero e Nelson Eizirik e foi instituído pela EAV como homenagem ao crítico de arte que dirigiu a instituição entre 2002 e 2006. A comissão de seleção desta primeira edição foi formada pelos artistas Rosângela Rennó e Nelson Félix, e pelo curador Pablo León de La Barra. Eles analisaram 68 propostas inscritas. A festa de cores da ArtRua Criado em 2011, o ArtRua reuniu arte, música e gastronomia da melhor qualidade, com entrada franca, no amplo espaço do Centro Cultural Ação da Cidadania. No primeiro andar, sete painéis de grande formato (6x14m) causaram a primeira impressão de impacto no público. A curadoria dos
painéis ficou a cargo de Cristiano Kana, que é um dos sócios da galeria paulista A7MA. A galeria é fruto da união do Coletivo 132 (formado por Marina Zumi, Jerry Batista, Marcus Enivo e TchéRuggi) com a Fullhouse (dos irmãos Cristiano Kana e Alexandre Enokawa), parceiros de dez anos da Choque Cultural, outra galeria paulista. O fechamento da galeria do Coletivo 132 ensejou a união de esforços que resultou na A7MA, espaço que se dedica às artes contemporâneas. Como curador dos painéis, Kana selecionou nomes pioneiros do cenário artístico paulistano, como Onesto, TitiFreak, Alto Contraste e Tinho Nomura, além de expoentes da arte urbana como Mag Magrela, Enivo e Zeh Palito. “Depois de cinco anos e de ter apresentado mais de 100 artistas, sentimos a necessidade de fazer uma edição São
Vestido com uma roupa onírica, o artista mineiro Jorge Fonseca recepcionava e divertia pessoalmente os visitantes de sua feérica obra Fiotim
Paulo, onde a arte urbana tem muita força, além de ser a cidade que projetou o Brasil como uma referência internacional”, esclarece André Bretas, agitador cultural da Região Portuária e idealizador da ArtRua. O evento teve uma área comercial, com a participação de marchands de diversas galerias, como a Nuvem (de Pernambuco, considerada a principal do Nordeste), Quarto Amado (de Belo Horizonte), as paulistanas Ponder 70, Verve e A7MA, além das cariocas Huma Art Projects, Casa 7, Galeria do Porto, Formigueiro, Galeria Nove Cinco e Galeria 1500 Babilônia. A ArtRua ofereceu também ao público estandes com instalações e exposições individuais de artistas, como Felipe Guga
(designer e ilustrador), William Baglione (renomado expoente da streetart), Mateu Velasco (grafiteiro de traço sofisticado), Rodrigo Villas Boas (que ficou famoso espalhando a imagem de um pássaro meio papagaio, meio canarinho pelas ruas do Rio de Janeiro) e Bruno Life (grafiteiro da Zona Norte que hoje se aperfeiçoa estudando Belas Artes na UFRJ). A exposição principal do segundo andar será da Fullhouse, de Cristiano Kana, onde estarão expostas mais de 30 serigrafias de nomes como Walter Nomura Tinho, Speto, Herbert Baglione, Nunca, Vitché, TitiFreak, Flávio Samelo e Zezão, entre outros. No campo da música, houve apresentações de Pierre Gambiani (da Córsega) e do DJ João
Fernando, no dia de abertura do evento, e shows de Panamerica, Bambina Philosophy, Crach Crash, Waterand Man, Nitú e Quinteto Nuclear nos demais dias. As delícias gastronômicas foram ofertadas ao público com a curadoria do chef Pedro Benoliel. Participaram da área de alimentação os seguintes estabelecimentos: Brasa BBQ (chef Pedro Benoliel), Refeitório (chef Aylton Mineiro), La Choriceria (chef Gonzalo Vidal), Che Boludo (chef Santiago Bebiano), Bar do Toninho (chef AntonioLaffargue), Botero em Pé (chef Bruno Magalhães), Ribz (chef Bruno Vaz), Jeffrey e Vegtal. Como ocorreu nas edições anteriores, além da exposição oficial, o projeto ArtRua implicou em
uma série de ações e intervenções artísticas externas, espalhadas pelo Porto. Para a pintura de empenas foram convidados os brasileiros Gais Ama e Mateu Velasco (que veio de Los Angeles especialmente para essa festa das artes). Os murais tiveram as assinaturas de Luna Buschinelli (paulista apadrinhada pelos gêmeos) e os cariocas Pedro Jardim e Heitor Corrêa. OArtRua também acolheu a obra itinerante Fiotim – a oitava maravilha do mundo contemporâneo, criada pelo mineiro Jorge Fonseca, em que um trailer faz às vezes de galeria. No seu interior, o público encontrou reproduções, em forma de suvenires, de várias obras de artistas que estão presentes no acervo do Centro de Arte Contemporânea Inhotim, que fica na cidade mineira de Brumadinho e foi criado pelo empresário Bernardo de Mello Paz. O Inhotim começou a ser criado em 1980 e hoje é considerado o maior museu ao ar livre de todo o mundo. O Fiotim é uma obra felliniana e seu autor declarou à reportagem da Folha da Rua Larga: “Não faço arte para divertir somente os outros. Também gosto de me divertir criando e este trabalho é muito estimulante, porque posso viajar com ele, como já fiz por diversas cidades do interior de Minas Gerais”. No entorno do Centro Cultural Ação da Cidadania, artistas fizeram pinturas de empenas e murais que depois ficarão como legado artístico para a cidade, criando um circuito de turismo de arte urbana na Região Portuária.
mário margutti jornalista mfmargutti@gmail.com
Mais de 400 pessoas aprovaram Plano de Habitação de Interesse Social do Porto em conferência em 15 de agosto no Armazém da Utopia
O QUE VOCÊ SABE SOBRE
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO PORTO? A Prefeitura do Rio aprovou Plano de Habitação de Interesse Social com ampla participação popular.
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Melhorias habitacionais para atuais moradores de baixa renda Produção de 10 mil unidades residenciais em até 10 anos Criação de programa de locação social Construção de equipamentos comunitários capacitação e geração de emprego e renda
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A cidade do Rio de Janeiro vive um momento especial de oportunidades geradas pelos grandes investimentos e pelo dinamismo econômico do estado. Um dos principais símbolos deste cenário é a região portuária. Além das mudanças na infraestrutura, existe um ambiente de oportunidade para os pequenos negócios. O Sebrae no Porto é um projeto estratégico do Sebrae/RJ, que oferece atendimento personalizado e soluções inovadoras tanto para os empresários locais quanto para aqueles que desejam ali se estabelecer. Conte com o Sebrae. Somos especialistas em pequenos negócios.
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• NEGÓCIOS DE VALOR Apoio para a preservação dos negócios tradicionais: aproveitar as novas oportunidades do local sem perder a identidade. • EMPREENDIMENTOS POPULARES O empurrão que faltava para quem fatura até R$ 60 mil/ano. • ARTESANATO Oportunidades de negócio para o artesanato do Porto.
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cultura e cidadania
Quilombos da Pedra do Sal demandam políticas públicas Apesar de reconhecidos por leis das três esferas, moradores se sentem abandonados Divulgação
Historicamente definidos como comunidades de escravos fugitivos, os quilombos representam áreas de resistência e liberdade para afrodescendentes em todo o continente americano, que vivem de plantio de subsistência (quando em áreas rurais) e têm manifestações culturais e religiosas com forte vínculo com o passado. Até hoje, as comunidades quilombolas brasileiras passam por um processo árduo e lento de reconhecimento legal de sua existência e resistência como terra e povo remanescente quilombola, demandando apoio dos governos nacionais e de organizações internacionais. No âmbito governamental, a Fundação Cultural Palmares (FCP) é o órgão responsável por formalizar a existência das comunidades quilombolas, assessorá-las juridicamente e desenvolver projetos, programas e políticas públicas de acesso à cidadania. Segundo o órgão, mais de 2.600 comunidades espalhadas pelo Brasil já foram certificadas e no estado do Rio de Janeiro 32 “Comunidades Remanescentes de Quilombos” (CRQ’s) são oficialmente certificadas. Na Região Portuária, o Quilombo Pedra do Sal sobrevive desde a época da chegada dos negros escravizados, sendo consagrado como berço do samba e
Damião Braga, do Conselho Diretor da Arqpedra: “O novo não pode expulsar o velho”
marco da africanidade brasileira, pois ali os escravos subiam a escada escavada na pedra transportando sacos de sal. Ali foi criada a Associação das Comunidades Remanescentes do Quilombo da Pedra do Sal (Arqpedra) – que tem como presidente do Conselho Diretor o “portuário e filho de portuário” Damião Braga, que também é coordenador da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas e militante do Movimento Negro Unificado (MNU). O quilombo urbano hoje abriga mais de 20 famílias de descendentes de negros africanos. Foi tombado provisoriamente em 1984 e, apesar do reconhecimento como AEIC Quilombo Pedra do Sal, em julho de 2014, através da Lei Municipal n° 5.781 (que reconhece, delimita e demarca o Território Qui-
lombola Pedra do Sal como Área de Especial Interesse Cultural pelo município do Rio de Janeiro), a despeito da regulamentação em dezembro de 2014, com a Lei Complementar n°149 (que altera o Plano Diretor Urbanístico e Ambiental do município do Rio de Janeiro) e do reconhecimento, em 2005, como patrimônio afro-brasileiro pelo Governo Federal, recebendo o título de Patrimônio Cultural Carioca, seus representantes ainda se mantêm lutando e resistindo às sucessivas tentativas de remoção por parte direta de segmento da Igreja Católica e indireta do próprio estado e de interesses privados, que atuam com a especulação imobiliária e as tentativas de “higienizar” algumas áreas estratégicas da cidade. Damião Braga, na época
do Rio + 20 (2012), afirmou ao prefeito Eduardo Paes ser a favor da Operação Urbana Porto Maravilha, porém sem o novo expulsar o velho, já que não existe maior referência dentro da Região Portuária do que a população afrodescendente. Ele declarava também que a cidade do Rio é a segunda a ter uma legislação municipal específica para as comunidades remanescentes dos quilombos e para a população indígena; que o Quilombo da Pedra do Sal era o único contingente afrodescendente reconhecido pelo estado e pelo município, porém ainda assim não tinha nenhum investimento público, diálogo com Cdurp e com a Secretaria Municipal de Cultura (SMC). Para ele, existe ainda o “racismo institucional” de representantes do governo e o que era preciso era uma previsão orçamentária, sendo assim estabelecida uma política pública para o logradouro. Para entender melhor, segundo a FCP, a Ordem Terceira da Penitência, sociedade religiosa e beneficente ligada à Igreja Católica, afirma ser proprietária de mais de cem imóveis localizados em torno da Igreja de São Francisco da Prainha (cujos títulos de posse teria recebido como herança há mais de 300 anos). Os quilombolas dizem que a disputa pelos imóveis co-
Caderno Cultura e Cidadania Realização
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meçou a ser acirrada em 1999, quando o ex-prefeito César Maia anunciou o projeto de revitalização da Zona Portuária, com ações de restauro e modernização da área. A partir da valorização dos terrenos, a cobiça do setor imobiliário e da Ordem Terceira, que declara ter interesse nos imóveis devido a um projeto social, teria aumentado, e muitos dos ocupantes pobres que não podiam mais arcar com o aluguel foram despejados desde então. Nesta área ainda conhecida como Pequena África, os quilombolas defendem a moradia por direito histórico, sobretudo para preservar as tradições afro-brasileiras na região. “Fomos excluídos do processo da Operação Urbana Porto Maravilha. Apesar de todas as leis que conseguimos, ainda não temos a titulação que deve ser conferida pelo município. E as obrigações municipais que nasceram com a certificação de Área de Especial Interesse Cultural não estão sendo aplicadas. Caberia ao município promover o desenvolvimento social, ambiental e cultural do nosso quilombo. A luta pela titulação é feita em conjunto com outra comunidade, o Quilombo do Sacopã, que está em processo mais avançado que o nosso. Para a certificação, tivemos o apoio de 15 vereadores, tendo Eliomar Coelho, que hoje
é deputado estadual, como autor do texto da lei. Já tivemos um grupo de trabalho no gabinete do prefeito, formado pelo procurador do município, o secretário municipal de Patrimônio, o secretário de Urbanismo, o secretário de Fazenda e um representante do Incra, mas o grupo foi dissolvido e estamos no impasse”, afirma Damião Braga. Enquanto a solução do problema não chega, de acordo com Damião, “grupos externos ao quilombo usam a história e a memória local em benefício próprio, até para nos enfraquecer politicamente”. Embora a Fundação Palmares e o Incra tratem desse tema específico e o fato de as AEICs garantirem o reconhecimento e a demarcação de territórios dessas comunidades, não há um prazo para que o processo de reconhecimento dos quilombos termine. No passado, os quilombos representaram a resistência ao regime escravista. Hoje, em todo o país, a luta continua contra o legado dessa injustiça e os líderes quilombolas permanecem atuantes em sua causa, como força de valorização da importância sociocultural do povo negro.
syl dietrich jornalista syl.dietrich@gmail.com
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atualidades
O Distrito Criativo é oficialmente lançado no Museu de Arte do Rio Yuri Maia
Cidades como Lisboa, Berlim, Barcelona, Miami, Johanesburgo e Porto Alegre já experimentaram modelos de trabalho cooperativo como eixos do desenvolvimento socioeconômico. Agora é a vez do Rio, com o lançamento oficial do projeto Distrito Criativo no dia 11 de agosto, no auditório do Museu de Arte do Rio (MAR). O distrito foi criado por inciativa das próprias empresas da área, com apoio da Cdurp, da Light, do Sebrae/RJ, da Firjan e da empresa de tecnologia Cisco. Até agora, o grupo reúne 320 funcionários de 50 empresas de perfis diversos como Design, Comunicação, Tecnologia da Informação,
Paulo Bicalho, gerente da Light, no lançamento do Distrito Criativo: “Agora vemos potenciais parceiros e iniciativas excelentes no campo da indústria criativa”
Arte e Moda. Até o fim do ano, estão programados os eventos Fórum Criativo do Porto, Rodada de Negócios
Criativos, ARTRua, Semana Design Rio, Mercado Rua e Visualismo. A marca registrada do Dis-
trito Criativo é o trabalho colaborativo: empresas atuam de forma cooperativada, conjugando competências,
criatividade e informações, com o objetivo de ampliar as oportunidades de negócios, construir uma agenda integrada de requalificação urbana e cultural, além de promover eventos no campo da Economia Criativa. A prefeitura do Rio apoia o projeto desde a concepção do grupo, por meio da Cdurp. E busca políticas de apoio às atividades criativas para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e cultural do Porto do Rio. “As pesquisas mostram que a indústria criativa vem ampliando participação no Produto Interno Bruto (PIB) do estado do Rio, gerando salários superiores aos de outras
áreas”, justifica o presidente da Cdurp, Alberto Gomes Silva. Para o secretário-executivo de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho Teixeira, o setor público pode impulsionar a economia criativa por meio de incentivos fiscais. “Esta é uma vocação do carioca. Por isso acredito que é importante o setor público abraçar esta ideia, discutir tributos neste sentido”, sugere o secretário, indicando que a prefeitura irá anunciar um pacote de incentivos muito em breve.
da redação redacao@folhadarualarga.com.br
Setur lança um novo guia prático de turismo no estado Reprodução
A Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro lançou, em agosto passado, o guia Rio+3, que divulga roteiros e destinos turísticos que ficam a até três horas de viagem da capital do estado. Além de informações sobre a história, a cultura e os pontos turísticos dos municípios enfocados, o guia também apresenta calendários de eventos com as principais datas comemorativas das cidades. O guia relaciona seis tipos de destinos turísticos: Ilhas deslumbrantes e conjuntos arquitetônicos seculares / Ecoturismo, tradições europeias e alta gastronomia / Uma viagem no tempo com aroma de café e clima de montanha / Turismo na Serra e o legado histórico do Brasil Imperial / Fortalezas seculares, caminhos culturais e reservas ambientais / Praias e sol, lagoas e restingas, moda e gastronomia em lindas cidades. A expectativa é a de que Angra dos Reis, Paraty e Armação de Búzios, três das 20
Capa do novo guia turístico do estado do Rio de Janeiro
cidades mais visitadas por estrangeiros durante a Copa do Mundo do Brasil, de acordo com o Ministério do Turismo (MTur), devem repetir o feito nas Olimpíadas de 2016. No ano passado, mais de 1,5 milhão de turistas estrangeiros visitaram o Rio de Janeiro, segundo o estudo Anuário Estatístico do Ministério do Turismo. O guia, nesse sentido, permite que o visitante monte o seu próprio roteiro turístico sem se afastar muito da cida-
de-sede, segundo o secretário de Turismo do Rio de Janeiro, Nilo Sérgio Felix. “O Rio+3 é um facilitador para o turista que visita o estado”, afirmou. No prefácio do guia, o secretário afirma que o estado do Rio tem inúmeros atrativos naturais, históricos e culturais, “onde estão vivas as tradições, o folclore e a religiosidade, passando ainda por uma gastronomia riquíssima e inigualável, e um acervo arquitetônico de influências e linhas diversas”. No guia, o turista pode verificar a programação cultural e de eventos das cidades abordadas e encontrar de forma bastante fácil as indicações de como chegar aos diferentes destinos turísticos a partir da capital. A versão eletrônica do Rio+3 está no link: http://www.youblisher. com/p/1197790-Rio-3/.
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roteiro
Em busca do riso perdido Divulgação
A terceira edição do projeto Dança Gamboa, que reúne espetáculos de dança no Galpão Gamboa, apresentará, nos dias 11 e 12 de outubro, o infantil Em busca do riso perdido. A montagem é do grupo de teatro Claurinas, palhaças bailarinas, que une a arte do clown à arte do balé. O espetáculo conta a história de três primas/ palhaças, que moram juntas e recebem uma carta de uma tia, anunciando sua visita. Quando a tia chega, as sobrinhas têm uma grande surpresa: ela está completamente diferente. Séria e silenciosa, não vê mais graça em nada. Convencidas de que
algo está errado, decidem sair pela cidade à procura do riso perdido em algum lugar no caminho. O galpão fica na Rua da Gamboa, 270. Horários: domingo e segunda-feira, às 16h. Ingressos: R$ 10 (inteira) / R$ 5 (meia) / R$ 2 (moradores da região, com comprovante). Duração: 50 minutos. Classificação etária: livre.
Escultor Claudio Aun participa do Festival de Esculturas do Rio Morador do Morro da Conceição, o escultor surrealista Claudio Aun expôs sua obra Entrelaçamento quântico, no Centro Cultural da Justiça Federal, na condição de participante do Festival de Esculturas do Rio. A escultura, em metal fundido, evoca a geometria
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As palhaças bailarinas fazem uma deliciosa mistura de comédia com a arte da dança
dos fractais pela irregularidade fragmentada das bordas da peça. Por outro lado, a escultura nos remete ao sentido de evolução espiritual, por sua forma ascensional, que pode ser associada aos sete chakras, aos sete corpos sutis do ser humano. Lembrando aqui que a esfera no topo da obra é um
Mário Margutti
Entrelaçamento quântico, de Claudio Aun
dos símbolos do espírito. O festival teve a curadoria do produtor cultural Paulo Branquinho e reuniu 25 artistas, entre eles Osvaldo Gaia, que também é morador do Morro da Conceição. A programação do festival incluiu filmes sobre a arte da escultura e a obra itinerante Fiotim (referência ao Inhotim, o maior museu ao ar livre do mundo), do artista mineiro Jorge Fonseca, que se apresentou também no
ArtRua, no Centro Cultural da Ação da Cidadania. Este festival foi idealizado como uma prévia de outro, que será apresentado no ano que vem, no período das Olimpíadas, na Praça Paris e também no Parque Madureira.
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Grupo Semente: roda de samba no Trapiche Gamboa Divulgação
O Grupo Semente, que foi escolhido o melhor grupo de samba pelo Prêmio da Música Brasileira 2015, vai se apresentar no dia 31 de outubro, no Trapiche Gamboa, a partir das 22h30. O grupo é formado pelos músicos Mestre Trambique (percussão) e Marcos Esguleba (percussão) e os talentos da geração mais recente, João Callado (cavaquinho), Bernardo Dantas (violão de 7 cordas) e Bruno Barreto (voz e
Grupo Semente é atração do Trapiche no dia 31 de outubro
percussão). No repertório da roda de samba no Trapiche, o Semente apresentará seu primeiro CD solo, intitulado Grupo Semente, lançado pela Biscoito Fino no final de 2014, para celebrar os 15 anos de carreira dos sambistas. Uma mistura de ritmos que vai do samba de raiz ao samba moderno, passando por estilos como o partido alto e o baião – com clássicos, como Alô João (Baden Powell e Vinicius de Moraes), Disritmia (Marti-
nho da Vila) e É Garoa (Bezerra da Silva), além de composições próprias inéditas, como Nós e o luar (João Callado). O Trapiche Gamboa fica na Rua Sacadura Cabral, 155, Gamboa. Tel.: 2516-0868. Couvert artístico a R$ 25. Faixa etária: 18 anos. A casa abre às 20h30.
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morro da conceição
Aprendendo com os artistas do Morro da Conceição Com o apoio da Concessionária Porto Novo e da Cdurp, os artistas do Projeto Mauá vêm, há alguns anos, oferecendo oficinas de arte aos moradores, tanto do Morro da Conceição quanto do seu entorno. As oficinas são inteiramente gratuitas, incluindo o material utilizado pelos alunos. A procura cada vez maior por vagas nas oficinas é a prova do reconhecimento de um bom trabalho em equipe. Com o objetivo de desenvolver a criatividade, a inserção profissional, social ou a possibilidade de um ganho extra no orçamento doméstico, as oficinas têm estimulado bastante os moradores da Região Portuária. Com o passar do tempo, o projeto ganhou visibilidade com o convite da diretora da Escola do Adro, Taíza Della Libera, que cedeu duas salas para que as oficinas fossem ministradas lá, ampliando assim a integração entre mães, moradores e alunos. É claro que ninguém se profissionaliza com uma oficina, mas é como diz a frase: “O acaso só favorece as mentes já preparadas”. As oficinas abrem caminho e o start funciona porque desperta no aluno o potencial que já existe nele. Temos exemplos de alunos que, depois das oficinas, correram atrás de seus objetivos e hoje já expõem em galeria, bordam
Divulgação
Relação das oficinas que serão ministradas em 2015:
Os artistas responsáveis pelas oficinas são todos moradores do Morro da Conceição
enxovais, pintam em tecido para vender ou para presentear alguém. Além disso, há os que já procuram participar de feirinhas de artesanato. Este ano as oficinas ocorrerão no início de outubro e novembro. Em dezembro será oferecido um coquetel de encerramento. Cada aluno tem direito a levar um convidado, totalizando uma média de 250 pessoas. A festa de confraternização é mais um estímulo para os alunos, que transbordam de emoção ao verem seus trabalhos expostos. E os artistas-professores se sentem muito gratificados por poderem compartilhar e doar uma parte do seu saber.
Lembramos aos leitores que, por ocasião dos festejos comemorativos de Nossa Senhora da Conceição, os artistas que integram o Projeto Mauá serão como um verdadeiro porto aberto para as artes e receberão os visitantes em seus ateliês, nos dias 5 e 6 de dezembro, das 10 às 18 horas. Os telefones para contato são os mesmos relacionados ao lado.
teresa speridião artista plástica teresa.speridiao@gmail.com
Claudio Aun– Encáustica e textura em tela, de 3 a 31 de outubro na Ladeira João Homem, 59. Telefone: 99686-0453. Teresa Speridião – Pintura em tecido, de 2 a 21 de outubro na Escola do Adro. Telefone: 99800-7114. Ateliê Bordado Carioca – Bordado livre, de 16 a 24 de outubro, na Rua Jogo da Bola, 140.Telefone: 2283-2059. Ateliê Ventos do Norte – Restauração de pintura em obra de arte, de 19 a 23 de outubro, na Rua Jogo da Bola, 117 – sobrado. Telefone: 2223-4281. Júlia Vidal – Amarrando a moda étnica, de 22 a 31 de outubro, na Rua Jogo da Bola, 49 – sobrado. Telefones: 98126-0404 e 3903-8776. Leandro Barbosa – Aquarela, de 4 a 16 de novembro, na Escola do Adro. Telefone: 995028592. Juan Russo – Fotografia, de 7 a 15 de novembro, na Rua Leandro Martins, 22, apto. 1207. Telefone: 98858-4666. Oficina Garagem – Joias autorais, de 9 a 13 de novembro, na Ladeira João Homem, 34. Telefones: 2223-0817 e 98691-6355. Osvaldo Gaia Cerâmica Artística, de 16 a 20 de novembro, na Ladeira João Homem, 34. Telefone: 2253-0981.
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gastronomia
Andrea’s Café: apenas 30 lugares do mais puro prazer
receitas carol
Em estilo bistrô, a casa oferece pratos saborosos de preparo rápido Yuri Maia
Definitivamente, a Região Portuária não é e nunca mais será a mesma. Há alguns anos podíamos contar nos dedos os lugares bons para almoçar pelas proximidades da Praça Mauá. Atualmente o difícil é escolher o local, pois as boas opções são muitas. Hoje falo de um desses restaurantes que, felizmente não aderiu à “comida a quilo”: Andrea´s Café, onde o cliente tem o prazer de escolher, a cada dia, um prato diferente e sair de lá sabendo o que realmente comeu. Na verdade, o Andrea´s Café mais parece um bistrô por se tratar de um pequeno e aconchegante restaurante-café, que serve pratos variados e de preparo rápido. São somente 30 lugares para sentar de puro prazer, com decoração beirando o romântico, cortininhas de voal, balcão iluminado, paredes com texturas que lembram cobertura de bolo e um belo painel com intervenção em algumas das colagens de fotos gastronômicas. Sobre as colagens, interessantes objetos foram colocados estrategicamente, compondo um jogo visual que aguça o apetite dos clientes. Andrea é uma empresária de sucesso em tudo que faz: começou com uma papelaria, mas um incêndio destruiu tudo. Com muita coragem e determinação, reabriu o estabelecimento como uma lanchonete e, aos poucos, transformou o estabelecimento em um restaurante. A ideia deu tão certo que às vezes fica até difícil atender à demanda. Sete horas em ponto, ela abre as portas para um delicioso café da manhã, com expresso, leite, sucos, bolos, salgados integrais, quiches, empadas, pães na chapa, frutas e tapiocas com recheios variados. Por falta de espaço para
Entre as delícias do Oriente que já seduziram definitivamente o paladar dos brasileiros está o yakisoba, prato popular da culinária japonesa, que significa literalmente “macarrão frito em molho”. De origem chinesa, o prato é feito de macarrão refogado com legumes e carnes. Há muitas variações na sua preparação. O mais tradicional é preparado na chapa, grelhando primeiramente os legumes, em seguida a carne condimentada e, por último, o macarrão. Abaixo, a minha versão pessoal deste prato delicioso e nutritivo.
Salada de tomate com abacate
ACP
Bife de chorizo: saborosamente irresistível
O ambiente do Andrea’s Café é moderno e estimulante Yuri Maia
Salmão grelhado com arroz e salada: uma das saborosas opções Yuri Maia
O bolo de chocolate com café é uma sobremesa imperdível
armazenar seus produtos, Andrea compra diariamente tudo o que irá usar. Por esse motivo, os alimentos estão sempre fresquinhos – e isso faz toda a diferença. Em breve, será acrescentada comida japonesa ao seu cardápio. Atualmente os pratos são fixos, mas há também op-
ções executivas, como filé mignon ao molho madeira, acompanhado de purê de batata ou fritas, arroz, feijão e salada. A picanha na manteiga é imperdível, e vem acompanhada de arroz, feijão e uma delicada farofinha. Além de uma grande variedade de crepes, há tam-
bém os combinados: grelhados com salada e cinco acompanhamentos a escolher. As saladas são diversificadas e podem ser servidas com frango, carne ou peixes grelhados. O peixe é o congro rosa, com montagem ao gosto do cliente. Os hambúrgueres são um capítulo à parte que valem por uma refeição. O mais pedido é o de picanha, saboroso e suculento. As sobremesas são tentadoras: pudim, tortas, brownie com sorvete e até torta zero para os mais light ou para aqueles que não podem ingerir açúcar. Quer sair de lá de bem com a vida? Peça um café especial com grãos selecionados, sabor encorpado. Tudo isso a preços normais, sem exageros. O Andrea´s café está esperando por você na Rua Sacadura Cabral, 81, bem próximo ao Largo de São Francisco da Prainha. Funcionamento de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h. Telefone: 2253-7967.
teresa speridião artista plástica teresa.speridiao@gmail.com
Ingredientes: • 1 pacote de macarrão tipo lâmen (500g) • 6 colheres de sopa de óleo de soja • 1 xícara de chá de contrafilé bovino cortado em tiras • 1 xícara de chá de lombo de porco cortado em tiras • 1 xícara de chá de peito de frango cortado em tiras • 1 dente de alho picado • 1 xícara de chá de brócolis cortado • 1 cebola cortada em cubos grandes • 1 xícara de chá de broto de bambu em conserva • 1 xícara de chá de champignons cortados ao meio • 1 cenoura cortada em tiras • 1 xícara de chá de acelga cortada em pequenos cubos • 1 xícara de chá de molho shoyu • 1/2 colher de sopa de açúcar • 1/2 xícara de chá de água • 1 colher de sopa de amido de milho • 1/2 colher de sopa de óleo de gergelim tostado Modo de preparo Cozinhe o macarrão até ficar “al dente” e escorra. Aqueça uma frigideira grande, até soltar fumaça. Coloque metade do óleo de gergelim e frite o macarrão. Retire-o do fogo e reserve. Na mesma frigideira, aqueça o óleo restante e frite as três carnes. Retire-as do fogo e também reserve. Ainda na mesma frigideira, doure o alho e refogue a cenoura, a acelga, o brócolis, a cebola, o broto de bambu e os champignons. Volte as carnes à frigideira e acrescente o shoyu, o açúcar, a água e cozinhe rapidamente por 30 segundos. Adicione o amido de milho dissolvido em um pouquinho de água e mexa até engrossar o caldo um pouco. Junte o óleo de gergelim, espalhe sobre o macarrão ana carolina portella reservado e sirva.
chef de cuisine carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol.blogspot.com
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cidade
A importância histórica da Vila Operária da Gamboa Conjunto habitacional é exemplo de arquitetura brasileira moderna Reprodução
O lançamento, pela Prefeitura do Rio de Janeiro, de um Plano de Habitação de Interesse Social para a Região Portuária, destinado a atender famílias na faixa de renda entre um e dois salários mínimos, é uma proposta que traz à luz a importância patrimonial da Vila Operária da Gamboa, construída no início dos anos 20 na Rua Barão da Gamboa, nos números pares que vão de 150 a 160, no bairro Santo Cristo. A partir de 1920, os artistas e intelectuais estavam mais que prontos para romper com os cânones criativos do passado. E a oportunidade de celebrar os 100 anos da independência política do país surgia aos olhos de todos como a melhor maneira de provar, que uma outra independência, a cultural, já podia também ser conquistada. No campo da arquitetura, esboçou-se um movimento moderno por excelência, na linha racionalista, lógica e essencialmente mecanicista, preconizada pelo arquiteto francês Le Corbusier, que considerava qualquer residência como uma “máquina de morar”. Seus conceitos e seus escritos ganharam prestígio no Brasil e fundamentaram a corrente moderna da arquitetura brasileira. As casas começaram a
Reprodução
Vila Operária da Gamboa: projeto de Lúcio Costa e Gregori Warchavchik construída em 1933 Reprodução
A vila após 50 anos, já bastante deteriorada
se geometrizar, divididas em espaços funcionais e equipamentos úteis. Na esteira desse processo, o arquiteto brasi-
leiro Lúcio Costa, trabalhando junto com o arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik, formado na Itália, projetaram a
segunda vila operária do país, que foi construída em 1933 em Santo Cristo. Uma proposta de habitação multifamiliar e de
interesse social, que foi tombada pela Secretaria Extraordinária de Promoção, Defesa, Desenvolvimento e Revitalização do Patrimônio e da Memória Histórico Cultural da Cidade do Rio de Janeiro (Sedrepach), através do Decreto 6057/86 de 23 de agosto de 1986. O projeto de Costa e Warchavchik é bastante racionalista, pois cada casa foi projetada como um quadrado dividido em quatro cômodos iguais e intercomunicantes.Warchavchik já expressava suas preocupações com a qualidade de vida das camadas populares, através da imprensa, como neste texto datado de 1928: “O que se está fazendo agora, em arquitetura, é experiência conscienciosa e metódica. O ideal dos arquitetos modernos, bem como dos urbanistas e dos sociólogos, que não esquecem que estão vivendo no século XX, é conseguir a diretriz prática para orientar a fabricação de casas em grande escala, a fim de proporcionar, com um mínimo de preço, um máximo de conforto, principalmente às classes menos abastadas. Tal diretriz não foi encontrada ainda; mas as experiências provam e convencem que ela não está longe de ser uma realidade generosa em consequências úteis”. Nos anos 80, o Projeto
Sagas propôs uma nova legislação que preserva o uso residencial e o patrimônio arquitetônico e cultural dos bairros Saúde, Gamboa e Santo Cristo na Zona Portuária, classificando a Vila como uma edificação com interesse à preservação e fazendo o tombamento municipal provisório. O tombamento definitivo do imóvel efetuou-se em 1986. A despeito do tombamento, a Vila se deteriorou, tendo passado apenas por reformas feitas pelos seus moradores. De acordo com as novas legislações cariocas para edificações, ainda faltam algumas adaptações para garantir habitabilidade e segurança aos residentes. O que se espera é que a preservação deste bem patrimonial seja feita com ampla participação comunitária, evitando os malefícios da especulação, da espetacularização e da gentrificação. Em poucas palavras, a Vila Operária da Gamboa precisa de um projeto de conservação e reapropriação da residência moderna pelos seus usuários de modo sustentável.
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dicas da cidade Tarsila e mulheres modernas no MAR O Museu de Arte do Rio está apresentando a exposição Tarsila e Mulheres Modernas no Rio, que reúne 200 peças, entre pinturas, fotografias, desenhos, gravuras, esculturas, instalações, documentos, material audiovisual e objetos pessoais. O objetivo da mostra é explicitar as maneiras pelas quais atuações femininas foram fundamentais na construção das sociedades carioca e brasileira, entre os séculos XIX e XX, em áreas diferentes como artes visuais, literatura, música, teatro, dança, medicina, arquitetura, esporte, religião e política. A curadoria tem quatro assinaturas: Hecilda Fadel, Marcelo Campos, Nataraj Trinta e Paulo Herkenhoff. Pela primeira vez no país, Tarsila é contextualizada para além do campo das artes, abordando também temas como lutas pelos diretos das mulheres e a liberdade dos corpos e dos desejos. A vida e a obra da artista estão representadas por 25 pinturas e dez desenhos, que servem como marco inicial da exposição, juntamente com criações de outros expoentes femininos, tais como Djanira, Maria Martins, Maria Helena Vieira da Silva, Anita Malfatti, Lygia Clark, Zélia Salgado e Lygia Pape. Em cartaz até 22 de novembro.
Projeto Rio 365: um documentário fotográfico baseado na colaboração pelas redes sociais Reprodução
A segunda edição do livro @Rio365 - um documentário fotográfico foi lançada no dia 2 de setembro, no Centro Cultural Light. O livro, patrocinado pela Light por meio da Lei do ICMS-RJ, é a continuação de um projeto que objetiva incentivar cariocas e turistas a olhar e a conhecer em maior profundidade as paisagens e cenários do Rio de Janeiro, compartilhando suas experiências fotográficas no Instagram. Criado pela AG365, agência fundada por André Galhardo e Flavio Bidoia, o projeto se baseou no aprendizado gerado pela primeira edição do @Rio365. O objetivo dos dois profissionais foi colocar o conteúdo colaborativo no centro da experiência das marcas, mantendo-as ativas 365 dias por ano. A equipe trabalhou em rede, formada por curadores, diretores
Uma das 365 fotos selecionadas para publicação no livro
de arte, editores, produtores, planejadores e profissionais que ajudam a criar ações de comunicação. Ao longo de 365 dias, qualquer pessoa pôde participar, gratuitamente, com seu perfil na rede social, da experiência colaborativa no Instagram. Através do @Rio365, foram propostas missões fotográficas semanais com temas diversos. Ao todo, foram 52 maratonas,
com desafios propostos pela equipe de curadores. Entre as imagens selecionadas para o livro, algumas destacam a transformação pela qual a cidade vem passando por causa das obras de preparação para as Olimpíadas de 2016. Há também registros de fatos importantes que marcaram esse período, como a Copa do Mundo. A equipe de curadores,
além de promover as missões fotográficas em suas redes pessoais, selecionou diariamente as melhores fotos clicadas pelo público. Para estimular a participação dos usuários, as melhores fotos de cada missão (do mês, do bimestre e do ano) receberam menções e prêmios especiais. Ao final, foi produzido o livro @Rio365, onde estão registradas 365 fotos selecionadas, de 170 autores diversos. Para Paulo Bicalho, gerente de patrocínio da Light, o projeto é uma “ação inovadora e muito criativa de estímulo à cultura, com total apoio da nossa empresa, que, há 100 anos investe e apoia o crescimento e a modernização do estado do Rio de Janeiro”.
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