Folha da Rua Larga Ed.55

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Divulgação

A importância de preservar o patrimônio tangível e intangível

Laços entre o Morro da Conceição e o Museu do Amanhã

A preservação do patrimônio histórico e cultural, tanto material como imaterial, é o tema do artigo que abre o Caderno de Cultura e Cidadania nesta edição. Veja como é importante preservar os bens históricos e as tradições, porque elas estão no cerne vivo da construção da nossa vida em sociedade.

O escultor surrealista Claudio Aun é quem assina, nesta edição, a coluna Morro da Conceição, que tradicionalmente era escrita por Teresa Speridião, também artista plástica, vizinha de Claudio. O artista visitou o Museu do Amanhã e descobriu interessantes relações, no campo da física quântica, entre a proposta educativa do Museu e a sua proposta pessoal de criação artística.

página C1

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folha da rua larga Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

RIO DE JANEIRO | Nº 55 ANO IX | 2016

comércio

Polo da Região Portuária tem nova diretoria

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ICCV promove Ciclo de Encontros sobre a revitalização da Região Portuária, com a chancela do projeto cultural Animando a Rua Larga Yuri Maia

A associação dos comerciantes do Porto elegeu nova diretoria: Izair Costa, do Instituto Nacional de Tecnologia, é a nova presidente. O vice, Ronnie Arosa, em entrevista para a Folha da Rua Larga, fala das novas diretrizes de trabalho da associação e das perspectivas para 2016. página 3

história

Dom Obá II Nosso pesquisador de História, Aloysio Breves, conta nesta edição as peripécias de Dom Obá II, líder negro que lutou na Guerra do Paraguai.

Durante três dias, profissionais de organizações públicas e privadas trocaram experiências sobre o processo intensivo de requalificação do Porto do Rio. cultura e cidadania I páginas C4 e C5

página 4

atualidades

gastronomia

Três boas opções do Porto do Rio Divulgação

Linguiça mineira acebolada: atração do Angu do Gomes página 18

Região Portuária vai ter o maior aquário da América do Sul, com 8 mil animais de 350 espécies diferentes em exposição Com projeto capitaneado pelo biólogo marinho Marcelo Szpilman, o Porto do Rio vai ganhar uma atração de nível internacional: um aquário, que será construído numa área de 22 mil metros quadrados e que abrigará 4,2 milhões de litros de água. Nesta edição, a repórter Syl Dietrich dá os detalhes desse novo atrativo de educação ambiental. página 15

Energia para grandes eventos

Divulgação Brasil 2016

A Light tem sido responsável pelo fornecimento de energia elétrica para os grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo. Agora também está trabalhando para atender às demandas dos Jogos Olímpicos deste ano de 2016. As obras vão desde a construção de novas subestações até a instalação de novas linhas de transmissão em 138 kV e de distribuição em 13,8 kV, com recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Para organizar o trabalho, a companhia criou o GT Light-Olimpíadas, que vai acompanhar planos página 20 de obra, manutenção e operação.


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janeiro – fevereiro de 2016

porto hoje População aprova o Museu do Amanhã

farol

Divulgação/ Byron Prujansky

Somente no fim de semana da sua abertura para o público (17 e 18 de dezembro de 2015), o Museu do Amanhã, na Praça Mauá, recebeu 25.473 visitantes, das 10h de sábado às 18h de domingo. Cariocas de todas as partes do Rio e turistas vieram conhecer o novo museu de ciências, que explora possibilidades de futuro sob a ótica da sustentabilidade e da convivência. O principal objetivo do museu é levar as pessoas a refletir sobre as consequências futuras das ações humanas no campo da preservação da vida em nosso planeta. Já na sexta-feira, os moradores do entorno e quem construiu efetivamente o museu (operários, cientistas,

Visitantes diante de uma obra da designer de joias e poeta Mana Bernardes, que inscreveu um poema na churinga, amuleto australiano que é a única peça física de todo o acervo

artistas e demais equipes envolvidas) o conheceram em primeira mão – 4.441 pessoas participaram de uma visita especial pelas exposições e pelo parque criado no píer, que apresenta novos ângulos da cidade. O MAR (Museu

de Arte do Rio), com quem o Museu do Amanhã forma um arco cultural na Praça Mauá, também participou do viradão cultural e funcionou durante todo o fim de semana. Foram 8.544 visitantes, nas quatro exposições em

cartaz. Na avaliação do diretor geral do Museu do Amanhã, Ricardo Piquet, “o saldo do viradão é de alegria. Foi bom ver que a população abraçou o museu com entusiasmo, de forma pacífica e com muita paciência, já que a fila era longa e o calor, forte”. E completou: “Recebemos crianças, idosos, trabalhadores e suas famílias e até os boêmios da madrugada, o que comprova que museu é um bom programa para todos”.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Fábrica Bhering: arte para todos os gostos Divulgação / Cdurp

Um bom programa cultural da Região Portuária é visitar o prédio da antiga Fábrica Bhering de chocolate, que, depois de passar anos abandonado, passou a ser ocupado por artistas plásticos e outros empreendedores culturais. Sempre no primeiro sábado de cada mês, o lugar oferece o Projeto Circuito Interno, com 15 ateliês de arte abertos à visitação pública. A entrada é gratuita. No primeiro andar, funciona o Belchior Brechó, com roupas que vão do vintage à moda contemporânea, a preços que variam de R$40 a R$100. Já no segundo andar

Fachada do prédio da antiga Fábrica Bhering, transformado em espaço de arte, cultura e design

funciona a sede da Conexão Rio, agência produtora de eventos. O terceiro andar é onde se concentra a maior parte dos ateliês de artes plásticas, de diferentes estilos e lingua-

gens, juntamente com ateliês de design de sapatos e móveis de criação exclusiva. Outro atrativo é a Livraria da Fábrica, que oferece livros novos e usados, sendo alguns exemplares raros.

folha da rua larga Conselho editorial -Alberto Silva, Fernando

Ana Carolina Portella, Claudio Aun, Egeu Laus,

Portella, Francis Miszputen, Maria Eugênia

Fernando Portella, Roberta Abreu, Syl Dietrich, e

Duque Estrada, Mozart Vitor Serra, Roberta

Yuri Maia

Abreu, Sacha Leite, Teresa Serra e Teresa

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Speridião

Diagramação - Suzy Terra

Direção executiva - Fernando Portella

Revisão ortográfica - Raquel Terra

Editor e jornalista responsável - Mário

Produção gráfica - Suzy Terra

Margutti

Produtora Executiva - Roberta Abreu

Colaboradores - Aloysio Clemente Breves,

Tiragem desta edição: 10.000 exemplares

Há também um terraço, no sexto andar, onde se pode apreciar o antigo relógio da fábrica de chocolates e também visitar o Ateliê de Cerâmica local. O prédio também costuma integrar eventos da Semana Design Rio, com exposições, oficinas, projeções, atrações musicais, moda, mobiliário e gastronomia. A Fábrica Bhering fica na Rua Orestes, 28, no Santo Cristo. O estacionamento custa R$10.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

2016

ANO DO SOL

Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

• Inaugurado em 1960 e demolido em 2014, o Viaduto da Perimetral tornou-se o tema da primeira exposição temporária do Museu do Amanhã. Trata-se de uma instalação multimídia, assinada pelo artista plástico Vik Muniz, pelo diretor da Conspiração Filmes, Andrucha Waddington, e pelos sócios do estúdio de criação SuperUber, Liana Brazil e RussRive. • No dia 13 de fevereiro, a OBA (Organização Bons Amigos) fará festa de carnaval no Largo de São Francisco da Prainha. • Durante as férias escolares, crianças e jovens de 5 a 15 anos, moradores da Região Portuária, poderão participar de atividades recreativas e esportivas na Vila Olímpica da Gamboa e Machado de Assis, no Morro do Pinto. As inscrições devem ser feitas nas secretarias das Vilas Olímpicas (Rua da União, s/n, Gamboa / Rua do Pinto, 88, Santo Cristo). • De segunda a sexta-feira, a partir das 17h30, os DJs Luizinho, Leandro e Mary Dee comandam o som na Champanheria Jazz In, a partir das 20 horas, com rock e pop para dançar. Nos sábados, a atração é a divertida festa Beleléu. Capacidade para 300 lugares. Rua Sacadura Cabral, 63. Telefone: 99881-1111. • A Casa Porto lançou novo petisco para degustação: pão de batata com azeite e alecrim, enriquecido pela maionese de alho e salsa criada por Alexandre Fidélis e da Karla Belfort, moradores da Região Portuária. No Largo de São Francisco da Prainha, 4. • Um novo conceito de barbearia foi lançado na Região Portuária. É a The Boss Barber Shop, que lembra as congêneres norte-americanas e procura oferecer conforto e estilo diferenciados para seus clientes. Avenida Rio Branco, 25, loja B. Telefone: 2253-6684. • Dois sobrados do Largo do São Francisco da Prainha, por não terem qualquer tipo de conservação, desabaram. Uma pena. É preciso encontrar uma boa solução para restaurar todo o conjunto arquitetônico dessa praça histórica.

da redação I redacao@folhadarualarga.com.br Curta a Folha da Rua Larga no Facebook! Onde encontrar o jornal A Folha da Rua Larga é de distribuição gratuita e pode ser encontrada com mais facilidade nos seguintes endereços: •Ao Bandolim de Ouro – Avenida Marechal Floriano, 120 • Bar Imaculada – Ladeira João Homem, 7 – Morro da Conceição • Biblioteca Estação Leitura – dentro da Estação Central do Metrô • Biblioteca Parque Estadual – Avenida Presidente Vargas, 1261 • Casa Paladino – Rua Uruguaiana, 224 • Casa Porto – Largo de São Francisco da Prainha, 4 • Cedim (Centro Estadual dos Direitos da Mulher) – Rua Camerino, 51 • Centro Cultural Ação da Cidadania – Avenida Barão de Tefé, 75 • Centro Cultural Light – Avenida Marechal Floriano, 168 • Colégio Pedro II – Avenida Marechal Floriano, 80 • Coletivo Goma – Rua Senador Pompeu, 82 • Editora Cidade Viva (Sede) – Rua São Bento, 9 - 1° andar • Elizart Livros – Avenida Marechal Floriano, 63 • Incubadora Afro-Brasileira – Rua Senador Pompeu, 75 • MAR (Museu de Arte do Rio) – Praça Mauá, 5 • Mini Mix Padaria – Avenida Marechal Floriano, 87 • Multicoisas – Rua São Bento, 26 • Principado Louças – Avenida Marechal Floriano, 153 • Restaurante Beterraba – Rua Dom Gerardo, 64 • Restaurante Málaga – Rua Miguel Couto, 121 • Restaurante Velho Sonho – Avenida Marechal Floriano, 163 • Sapataria Souza – Avenida Marechal Floriano, 121 • Sebrae-RJ – em dois locais: Rua da Candelária 9 - 5º andar / Rua Santa Luzia, 685 • Subprefeitura do Centro – Rua da Constituição, 34 • Trapiche Gamboa – Rua Sacadura Cabral, 155


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janeiro – fevereiro de 2016

comércio

Polo Região Portuária elege nova diretoria Novos dirigentes têm boas expectativas por conta das Olimpíadas Mário Margutti

junto ao poder público e às empresas-âncoras da região: temos participação ativa frente à Prefeitura e à Cdurp. Mantivemos reuniões para promover melhorias concretas para nossos associados, nas áreas de ordenamento público, trânsito e segurança. Também contamos com o apoio de grandes empresas, como a Light S/A, a SuperVia Trens Urbanos e o Metrô Rio; • Capacidade de executar projetos em comum para o benefício de todos. Por exemplo: o Festival À Moda do Porto não seria possível sem a união de todos os associados; • Redução de tarifas e custos de serviços comuns. Por exemplo: negociamos com empresas operadoras de cartão a redução de taxas para nossos associados e iniciamos um processo de negociações com empresas de coleta de lixo, visando igualmente à diminuição de custos.

Ronnie Arosa, proprietário do Hotel Pompeu, é o atual vice-presidente do Polo Região Portuária. Formado em Engenharia Informática pela Universidade de Coruña, na Espanha, ele se mudou para o Brasil há cinco anos atrás e mudou de ramo profissional, passando a atuar no campo da hotelaria. Hoje ele administra três hotéis no Centro do Rio. Nesta entrevista para a Folha da Rua Larga, ele comenta as propostas da nova diretoria, fala das expectativas para 2016 e realça as vantagens recebidas pelos comerciantes da região quando se associam ao Polo Região Portuária. FRL - Quais as principais diretrizes de trabalho da nova Diretoria do Polo? RonnieArosa – O objetivo principal do Polo é contribuir para o desenvolvimento sustentável do território, através da articulação dos atores internos e externos, com o objetivo de valorizar o espaço urbano, a cidadania e o empreendedorismo, por meio de ações voltadas para a qualificação dos produtos e serviços prestados na região. Queremos incentivar melhorias na região da Operação Urbana Porto Maravilha, pois sabemos que é necessário continuar sendo protagonistas da revitalização deste território. Outros objetivos são: • Fortalecer e valorizar o comércio de rua; • Investir na qualidade de produtos e serviços oferecidos; • Promover o associativismo e a cultura empreendedora;

Ronnie Arosa, no restaurante do Hotel Pompeu: “2016 será um ano decisivo para o Porto”,

• Facilitar e otimizar o relacionamento com o poder público; • Apoiar a requalificação urbana com foco na qualidade de vida, na segurança e também na infraestrutura; • Investir em comunicação e marketing como instrumento de promoção do diálogo entre agentes de desenvolvimento e da região e seus ativos, de modo a constituir um destino de consumo criativo e qualificado. FRL – Quais as perspectivas positivas do Polo para este ano? RonnieArosa – Apesar

da crise que o país enfrenta, acredito que 2016 será um bom ano para o nosso Polo. Estamos localizados em uma região totalmente privilegiada, pois estamos sendo beneficiados por grandes investimentos públicos que possibilitam a chegada de novas empresas para se estabelecer na região, gerando como resultado um maior número de passantes circulando por nossas ruas. Isso gera uma infinidade de oportunidades para todos os comerciantes da região. Mas 2016 também será um ano decisivo para o Porto, pois todos os olhos do mundo

estarão voltados para o Rio, devido à realização das Olimpíadas. O cartão postal desse megaevento que iremos receber será a região do Porto Maravilha. Temos uma oportunidade única para fazer acontecer e que esse evento realmente deixe um legado concreto para nossa região. Isso é uma enorme responsabilidade, que os integrantes do Polo Região Portuária estão totalmente dispostos a assumir. FRL – Quais vantagens os comerciantes da Região Portuária ganham quando se tornam

associados do Polo? RonnieArosa – As vantagens de participar do Polo da Região Portuária são: • O fortalecimento das interações entre associados. Existem muitas sinergias entre todos os associados e podemos encontrar várias possibilidades para aumentar os relacionamentos produtivos. Procuramos muitas vezes fornecedores, clientes ou parceiros em outras regiões e bairros, e desconhecemos que ao nosso lado existem também opções de qualidade e com muitas vantagens; • Representação forte

A nova diretoria do Polo Região Portuária está assim formada: Presidente Izair Ramunch Costa, do Instituto Nacional de Tecnologia (INT); 1º vice-presidente Ronnie Arosa, da Rede Rio Hotéis; 2º vice-presidente André, do Bar e Restaurante Bodega do Sal; Tesoureiro Raimundo Macedo, do Bar Servidor.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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história baú da rua larga

Dom Obá II: guerreiro, príncipe dos esfarrapados e do povo negro A história de um líder negro prestigiado pelo Imperador Dom Pedro II Autor desconhecido

Um negro livre se apresentou em Salvador, Bahia, com 30 voluntários, para defender a honra da pátria quando estourou o conflito com o Paraguai (1865-1870). Seu nome: Cândido da Fonseca Galvão. Ele recebeu uma farda e partiu junto com as tropas para defender o Brasil, como alferes da 3ª Companhia de Zuavos Baianos. Assim começa a história de Dom Obá II, príncipe da África, que nasceu na Vila dos Lençóis, no sertão baiano, por volta de 1845. Era neto do rei Alafin Abiodun, que unificou o império de Oyó. O rei Abiodun possuía mais de uma centena de esposas e chegou à impressionante descendência de 600 filhos. Alafin, um de seus filhos, foi vendido como escravo e aportou em Salvador recebendo o nome de Benvindo, pai de nosso voluntário da Guerra do Paraguai, Cândido, ou Dom Obá II. Apesar do preconceito vigente, Obá foi um líder carismático e influente no meio de sua gente, pregando a igualdade racial e o patriotismo. Ciente e devoto das tradições da mãe África, Dom Obá acreditava que Ogum protegia os acampamentos brasileiros durante a guerra: “Ogum Mejê general de Umbanda, em seu cavalo, Seu Ogum foi guerrear, com sua espada e sua lança, venceu demandas, nos campos do Humaitá”, dizia o ponto nas rodas de samba da Bahia. Como muitos que voltaram da Guerra do Paraguai

Biblioteca Nacional

Desenho dos uniformes usados pelos militares brasileiros na Guerra do Paraguai

Dom Obá II no seu uniforme de alferes

e ficaram acampados no Campo da Aclamação, atual Campo de Santana, o Príncipe dos Esfarrapados entrou na luta por direitos. Em 7 de março de 1871, esteve com estadistas como Rio Branco e Gotegipe na defesa do fim dos castigos e chibatadas nos negros no pós-guerra no Rio de Janeiro. Com autoridade moral entre os seus, criticava abertamente os escravocratas mais renitentes: “Pois o fim deles é acabarem doidos varridos para pagarem as consciências que devem a Deus e

às majestades, tanto quanto aos pretos e pardos”. No Rio de Janeiro, a partir de 1870, quando fixou residência no Centro da cidade, Dom Obá se tornou uma figura folclórica, talvez até caricata, na visão de alguns. Mas ele nunca abandonou sua luta, seja nos artigos para os jornais da Corte, onde defendia a monarquia e a abolição, ou na participação nos debates políticos da época. Dom Pedro II recepcionava Dom Obá II com pompa e solenidade, nas audiências

públicas do sábado na Quinta da Boa Vista. O príncipe negro, alto e forte, chegava para as recepções elegantemente vestido com sua farda de gala, luvas brancas e chapéu de alferes, ou vestido de fraque e cartola, com bengala e guarda-chuva – e sobre o nariz um pince-nez de ouro com lentes azuis. Um verdadeiro nobre, que falava crioulo mesclado com palavras do latim e iorubá. Em algumas vezes, Pedro II o recebia em audiências particulares e, nos arquivos fotográficos da Princesa Izabel, foi encontrado um retrato de Dom Obá, demonstrando o apreço da família real pelo líder dos africanos no Brasil. A Escola de Samba Estação Primeira de Manguei-

ra prestou sua homenagem no ano de 2000, com o samba-enredo intitulado Dom Obá II – Rei Dos Esfarrapados, Príncipe do Povo. Um trecho do samba dizia: “Sou guerreiro de Oyó, filho de Orixás, vim da corte do sertão, pra defender a nossa pátria mãe gentil, sou ‘Dom Obá’, o príncipe do povo, rei da ralé...”. Ficou a homenagem do samba carioca, pois até mesmo seu posto de Alferes honorário foi cassado pelos republicanos, em 1889, com a queda do Império, como um castigo pela sua admiração por Pedro II. Meses depois, em 8 de julho de 1890, morreu em sua casa na Rua Barão de São

Félix, no Rio de Janeiro, sendo noticiada sua morte na primeira página dos jornais. Os artigos ressaltavam sua grande popularidade e sua realeza, que nunca foi contestada por seu povo ou pela família imperial. Eduardo Silva, incansável pesquisador e escritor, escreveu sua biografia, intitulada Dom Obá II, Príncipe das Ruas, na qual traça uma excepcional aula de história sobre a Pequena África do Rio de Janeiro, enriquecida com narrativas sobre a fantástica figura de Dom Obá.

aloysio clemente breves pesquisador de história soubreves@yahoo.com.br


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janeiro – fevereiro de 2016

porto sustentável

Sustentabilidade, Educação e Arte no MAR Thales Leite Reprodução de vídeo da Multiterminais

Em dezembro do ano que findou, no momento em que acontecia a COP-21, o Museu de Arte do Rio realizou um Seminário englobando conferências, palestras, oficinas, intervenções artísticas e um Mapa Afetivo da cidade, reunindo pessoas em torno do tema que será fundamental na pauta dos processos de transformação que a Região Portuária, a cidade, o Brasil e o mundo sofrerão nos próximos anos: uma consciência e uma prática efetiva de sustentabilidade em todos os campos da atividade humana – onde Educação e Arte exercerão papéis fundamentais. Depois do grande fracasso da COP-15 em Copenhague, em 2009, depois de mais de 20 anos de negociações, as lideranças mundiais conseguiram, finalmente, na COP-21 em Paris, um consenso que foi resumido pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon: “Pela primeira vez, todos os países do mundo se comprometem a mudar a curva das emissões, a reforçar a resiliência e a se unir para adotar medidas climáticas em comum”. Trocando em miúdos, o objetivo fundamental é a redução imediata das emissões de gases estufa, com vistas a interromper o aumento crescente da temperatura média no planeta. Mas, para isso, não bastam decisões dos governos mundiais. Os compromissos adotados exigem uma mudança no padrão global do desenvolvimento das nações em todos os setores, governos e sociedade civil. Caso contrário, os compromissos não passarão de letra fria no papel. Como afirmou Ronan Dantec, ecologista de Nantes, senador e vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do senado francês, com ativa participação na COP-21: “O mais importante foi e será a

Oficina de Recicláveis: os materiais foram trazidos pelos próprios participantes Thales Leite

O Mapa Afetivo da Cidade: montado com a contribuição singular de cada pessoa

mobilização dos atores não governamentais”. Com esta consciência, o Museu de Arte do Rio, através da Escola do Olhar, com a parceria da DOW Chemical, presente no Brasil desde 1956 e do governo do Estado do RJ, organizou o seminário Sustentabilidade, Educação e Arte, trazendo para o debate coletivo temas como economia circular, reciclagem, arte e natureza. A extensa programação do encontro, abaixo sintetizada, dá uma ideia do que foi o evento:

1. Oficina de Design Sustentável com o Estúdio Mana Bernardes, ministrado por Tatiana Dutra, artesã chefe, e Rey Silva, designer de produto; 2. Residência Artística com o Observatório Móvel, Coletivo de Artistas e Pesquisadores da Udesc de Santa Catarina, coordenado por Nara Beatriz Milioli Tutida e os pesquisadores Bruna Maresch e Juliano Ventura; 3. Contação de Histórias, A Árvore de Tamoromu, com educadores do MAR;

4. Mapa Afetivo da Cidade, construído nos pilotis do museu, com livre participação dos visitantes, sob a coordenação de Drica Voivodic, Cláudio Silva e Vladimir Ospina, todos do Coletivo Viajantes do Território da Região Portuária; 5. Feira de Trocas dos Vizinhos do MAR, também nos pilotis, com forte presença dos moradores da região; 6. Sarau de Poesia, organizado pela produtora Sandra Lima, em conjunto com moradores do Porto;

7. Apresentação do Projeto Arte e Natureza, da artista contemporânea japonesa, radicada em Londres, Mariko Mori (FAOU Foundation); As várias conferências com debates que aconteceram foram extremamente proveitosas para quem compareceu: 8. Sustentabilidade e economia circular, com Júlio Natalense (Dow), Tânia Braga (Rio 2016) e José Miguel Casanova (Universidade Nacional Autônoma do México), com mediação de Leno Veras (Universidade de Brasília/PNUD); 9. Circularidade: transformação por meio de processos artísticos e educacionais, com Aline Mendes (Providência Sustentável), Mana Bernardes (artista, designer e poetisa), Yara Castanheira (Instituto Inhotim) e representantes do Observatório-Móvel (UDESC), mediados por Karen Aquini (MAR); 10. Processos colaborativos, economia circular e os desafios para a cidade, com Robson Borges (Cooperativa Ambiental CopperLiberdade/Cariocas em Ação), Luísa Santiago (Ellen MacArthur Foundation no Brasil) e Tomás de Lara (Sistema B Brasil – movimento internacional de empresas sustentáveis), mediados por Janaína Melo (MAR); 11. Oficina Obsolescência Programada, na qual os visitantes construíram objetos e esculturas com reciclados sob a coordenação dos educadores do MAR. O grande destaque do evento foi o entusiasmo com que os visitantes do Museu participaram ativamente de todas as atividades, das oficinas às conferências, aos debates e conversas, bem como da construção do Mapa Afetivo da Cidade. Isso mostrou que os setores ligados de todas as formas com a Cultu-

ra e a Arte na Cidade, sejam como operadores ou simples fruidores (para além do movimento ecologista), estão bastante sensíveis às necessidades das mudanças de paradigma que o século XXI vai exigir de todos nós. A Escola do Olhar, com as presenças de Janaína Melo e Karen Aquini, também soube criar um amplo espaço de diálogo entre o ambiente empresarial e os ativistas da sustentabilidade e os artistas, percebendo que somente uma batalha conjunta será capaz de dar conta dos desafios que nos aguardam. O início de operação neste início de ano, com amplo sucesso, do Museu do Amanhã, ao lado do MAR, na Praça Mauá, também irá ajudar a trazer mais densidade ao debate sobre Arte, Educação e Sustentabilidade. Cabem agora aos produtores e operadores culturais, educadores e militantes da sustentabilidade, em conjunto com a sociedade civil, em diálogo com o empresariado responsável, se encarregarem de construir as pontes que permitirão uma mudança conceitual na ideia de desenvolvimento para o planeta. Está cada vez mais claro que a bandeira que direcionou os movimentos ambientalistas a partir dos anos 70 do século 20 continua válida: “Pensar globalmente, agir localmente”. O território é nosso campo de luta e as cidades sustentáveis serão nossas construções coletivas. No processo, a Arte e a Educação são nossas ferramentas.

egeu laus coordenador dos coletivos viajantes do território e comunidades lixo zero egeulaus@gmail.com


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cultura e cidadania janeiro – fevereiro de 2016

Divulgação

O casal Petrúcio e Merced Guimarães são dirigentes do Instituto dos Pretos Novos (IPN), organização não governamental que preserva a memória dos escravos africanos que foram enterrados na Região Portuária. O IPN está comemorando 20 anos de existência. Além de manter um sítio arqueológico e um museu memorial, o Instituto mantém uma galeria de arte, uma biblioteca e um auditório, promovendo incessantemente a valorização da herança histórica africana. cultura e cidadania - página C8

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

Edição Especial

O patrimônio como raiz da construção da vida em sociedade Os órgãos de governo não podem ser os únicos responsáveis pela preservação Augusto Malta

A simples passagem do tempo nos mostra que alguns elementos da vida social permanecem e que outros mudam ao longo da história. O patrimônio cultural, seja ele material ou imaterial, está entre esses elementos que tendem a permanecer. Por isso, o pai do nosso folclore, Luís da Câmara Cascudo, nos ensinou que “a memória é a imaginação do povo, mantida e comunicável pela tradição, movimentando as culturas convergidas para o uso”. Em seu livro Tradição, ciência do povo, Cascudo ressalta que “a sabedoria popular é preservada através da memória e transmite, através do tempo, hábitos, costumes e crenças que são de uso comum”. E a força dos costumes é muito maior do que podemos imaginar. Cascudo acreditava na tradição e no costume como fonte de informação, como processo de sociabilização do ser humano. Sua neta, Daliana Cascudo, em depoimento dado a Carla Haas, da Editora Global, explicou que “é o costume, o usual, o comum, que dá credibilidade, através do uso, ao que se determina de forma oficial através da legislação”. O costume tem força de criar as normas sociais: “Antes da lei existiu o costume e ele determina a verdadeira aplicabilidade de uma legislação. É como

Marechal Floriano, em 1906, Largo de Santa Rita

se ele atestasse que o costume expressa uma lei e a legitima pelo seu uso”, afirmou Daliana. E o que dizer do patrimônio material, das casas e edificações antigas, das obras de arte de épocas passadas, das praças e jardins que conotam formas de convívio social de outros tempos? São todos bens culturais, que permitem estudos sobre a formação da cidade, os processos de ocupação urbana, os diferentes modos de vida, as tipologias arquitetônicas da cidade. Os estudos dos conjuntos urbanos, por sua vez, trazem à luz as configurações espaciais e as manifestações sociais de grande interesse cultural. A articulação espacial entre os bens culturais conforma um conjunto, cuja ambiên-

cia proporciona um espaço mais rico em valores e com maior identificação com os grupos sociais que o produz, habita ou o frui. Nesse horizonte, os bens culturais materiais e imateriais, ou seja, as referências arquitetônicas e urbanísticas, juntamente com os costumes, os saberes, as festividades e as diferentes práticas culturais se tornam referências simbólicas e afetivas dos cidadãos em relação ao espaço em que vivem e habitam. Esse conjunto constitui a imagem, a identidade de sua cidade. Assim, a preservação do patrimônio cultural de uma cidade significa manter as marcas de sua história ao longo do tempo e, desta forma, transmitir um tesouro para as futuras gerações, ao mesmo tempo em que asse-

gura a construção dinâmica da identidade e da diversidade cultural de cada comunidade específica. A importância de preservar No Brasil, grande parte do nosso patrimônio cultural se perde. Imóveis e monumentos são abandonados, se deterioram ou sofrem atos de vandalismo. A destruição do patrimônio histórico significa muitos prejuízos: não apenas perda de qualidade de vida, mas também de cidadania e de senso de pertencimento aos locais e aos grupos comunitários. O patrimônio é um dos eixos vitais da continuidade histórica de um povo, marca de sua identidade cultural. Além disso, cria a personalidade única de cada cidade, além de favorecer a orientação e a

apreensão do espaço urbano. Por isso é importante a tomada de consciência sobre este fato: a preservação do patrimônio histórico não é apenas uma questão do poder governamental, mas da sociedade como um todo. É evidente que sem as ações de órgãos como Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural) e Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, a situação seria muito pior. Mas não se pode transferir a responsabilidade da preservação unicamente aos órgãos de governo, cabe a toda a sociedade. O tombamento, por exemplo, não é providência suficiente para salvaguardar um imóvel histórico. É apenas um início, um instrumento, uma forma de salientar a importância de alguns prédios, monumentos ou praças que merecem atenção especial. A Prefeitura de Milão, por exemplo, confiou a guarda simbólica de monumentos tombados para crianças, por meio das escolas. Um processo que é ao mesmo tempo educativo e fornecedor de informações valiosas. As crianças informam aos órgãos de preservação quando um monumento sofreu vandalismo ou está em perigo de alguma forma. Felizmente, a sociedade contemporânea está mais consciente quanto ao valor do patrimônio histórico e também mais exigente em

relação à sua preservação. Esta, aliás, tornou-se uma condição para a liberação de financiamentos concedidos por bancos internacionais. Da parte do governo, foram criadas novas políticas públicas preservacionistas, como o Estatuto das Cidades, o Programa Monumenta, o PAC do Patrimônio, e as leis de incentivo à cultura, que permitem obter patrocínio de empresas estatais ou privadas para o restauro de imóveis históricos. No Porto do Rio de Janeiro, por meio da Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região Portuária), o poder público municipal soube agir com consciência sociocultural: restaurou os bens tombados e valorizou a herança da cultura afro-brasileira, que é marcante nesse território. No atual momento histórico, o mais importante é disseminar a compreensão de que a valorização dos bens culturais e da cultura em geral pode e deve se tornar um instrumento de desenvolvimento socioeconômico e sociocultural: um processo transformador, gerador de resultados positivos concretos. A participação e a atuação de toda a sociedade civil são imprescindíveis nesse processo.

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C2 Edição Especial

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cultura e cidadania boca no trombone

Cliques Rua Larga Foto de Maurício Hora

Pintura de Vanessa Rosa

DIVAGA-AÇÃO Faces vazias de FACES, books que ninguém lê. Tempo perdido – diversão, pode ser. Procuro remédios nos jornais para sairmos desta crise, abro a caixa, só consigo ler: “burlas”. Estamos comprimidos pela ausência de esperança. Mas sabemos que tudo muda na velocidade natural das coisas. Moramos durante anos num prédio e só nos falamos nas reuniões de condomínio, não há envolvimento – não queremos intimidade com vizinhos, temos que nos preservar. Prédios com grades, segurança. Pessoas caminham na Rua Marechal Floriano, mochilas nas costas, destinos traçados em linha reta. Ninguém se olha por mais de meio segundo. Testas franzidas, fones de ouvidos, pessoas rindo sozinhas. Quem mora no interior tem nome e sobrenome. Apesar disso tudo, o sol continua nascendo e morrendo todos os dias, as árvores crescem espreguiçando seus galhos, os pássaros continuam cantando a única música que sabem, a noite silencia a cidade, todos dormem, ou não. A vida sempre será bela! A consciência da importância da preservação da natureza cresce em todo mundo. Não desejo me refugiar em outros países – como é triste esta saga! Crianças morrendo no “quase lá cheguei”. Não somos apenas brasileiros, somos cidadãos do mundo. Tudo interfere, fere, mas também alegra. O Brasil é o único país do mundo que tem o nome de uma árvore e um povo adormecido à sombra. A democracia engatinha no Brasil, usa fraldas, não respeita a diversidade. A mudança está no porvir, por enquanto ainda é semente escondida na terra, regada pelo choro de repúdio de tantos brasileiros. Somos o país que mais paga impostos e eles ainda querem mais. Peço a Deus só uma coisa: não me deixe perder a sensibilidade e a lucidez, não tenho cordas me prendendo, marionetes ideológicas ou extremistas que me conduzem. Sou o cocheiro, os cavalos, a carroça e o passageiro da minha vida. Não abram mão do cocheiro, nem se deixem levar demais pelos cavalos da emoção. Todos sabem que a saída para o Brasil é a educação e a cultura. É claro que neste rol se inclui a saúde. Com dor, não vamos conseguir aprender nada. Morrem pessoas em macas nos corredores dos hospitais públicos. Estamos matando mais por ano do que nas grandes guerras. A vida de Santa Terezinha me ensinou a valorizar cada ato, cada acontecimento por menor que seja. A gota da chuva na janela, uma rosa que acaba de brotar, um pequeno gesto. Já nascemos vitoriosos, disputamos uma vaga com milhões de espermatozóides e vencemos. Todos os dias de manhã, faço uma oração de entrega por um mundo melhor. Os problemas e a crise são exercícios para a mente. O medo é uma invenção humana. fernando portella escritor e poeta cottaportella@globo.com

Criatividade em parceria: a artista plástica Vanessa Rosa se inspirou em fotografias de Maurício Hora, com imagens capturadas no Morro da Providência, para criar suas pinturas de energizante estilo expressionista. Foto de Maurício Hora

Pintura de Vanessa Rosa

Explicação de Vanessa: “A ideia dessa série é trabalhar justamente o convívio entre um fotógrafo e uma pintora, principalmente o quanto eu passei a ver a Região Portuária através do meu contato com o Maurício. Passei a entendê-la através das histórias dele, alguém nascido e criado na região”. Assim, as diferenças entre as linguagens fotográfica e pictórica emergem aos olhos do observador. Foto de Maurício Hora

Pintura de Vanessa Rosa

Superposição de diferentes camadas de leitura: “A proposta agora é pintar um retrato baseado numa foto do Maurício e outro numa foto comigo, Depois, vou levar os quadros prontos para o Morro da Providência e tirar duas fotos deles no local – para pintar de novo as quatro imagens, totalizando dez pinturas na série (quatro cenas da Providência, dois retratos, quatro pinturas das pinturas em contexto)”, finaliza Vanessa.


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cultura e cidadania

ICCV aperfeiçoa cartilha de educação histórica e ambiental Reprodução

Em parceria com o Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac), o Instituto Cultural Cidade Viva (ICCV) acaba de lançar a segunda edição, revista e aumentada, da cartilha educativa São João Marcos – uma cidade do passado / um parque para o futuro. A publicação contou com o patrocínio da Light, por meio da lei estadual de incentivo fiscal à cultura (Lei do ICMS/RJ) e é destinada aos estudantes de escolas públicas que visitam o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, que preserva a história e as ruínas da cidade de São João Marcos, que foi extinta após o alagamento provocado pela subida das águas da represa de Ribeirão das

A cartilha tem 36 páginas e educa divertindo

Lages. O parque, mantido por um projeto do ICCV, possui uma área total de 930 mil m², incluindo mata e espelho d’água. O circuito de visitação conta com 33 mil m², área por onde o visitante pode caminhar e desfrutar da exuberante natureza. Há um mirante para observação de pássaros e uma agradável caminhada à margem da represa de Ribeirão das Lages. Também é possível visitar o circuito arqueológico, onde as ruínas consolidadas de São João Marcos permitem um vislumbre da vida na antiga cidade. A cartilha conta a história dos índios Tibiriçás, que habitavam a região antes da edificação da cidade, que foi tomba-

da pelo Inepac em 1990, juntamente com a Ponte Bela e a capela da Fazenda da Grama. A publicação, colorida e com belas ilustrações de Celso Mathias, mostra como a cidade cresceu às margens do histórico Caminho do Ouro, por onde o precioso metal era transportado de Paraty até Minas Gerais. Em seguida, a cartilha narra histórias do Ciclo do Café e dos escravos que trabalharam na região. Os próximos capítulos descrevem o começo e o fim da cidade de São João Marcos, que merece ser contada por suas características arquitetônicas e porque foi apagada para dar lugar ao “progresso”. A cartilha tem ainda cruzadinhas, jogos sim-

bólicos e de descoberta de palavras dentro de um emaranhado de letras. Por meio dessa publicação educativa, que também conta com apoio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os estudantes são convidados a participar de um concurso anual, de redação e de desenhos, para expressar o que aprenderam e o que mais gostaram em suas visitas ao parque.

na Bahia, não) e o Batuke da Ciata. Do ponto de vista cultural, o mais relevante é que os nomes de alguns grupos remetem à história da Região Portuária (a exemplo do último citado acima, que faz referência à baiana Tia Ciata, considerada a madrinha do samba e dos ranchos de carnaval do Rio de Janeiro). O Cordão do Prata Preta, fundado em 2004, homenageia Horácio José da Silva, vulgo Prata Preta, símbolo da luta da população carioca durante a Revolta da Vacina. Outro grupo tradicional é o Escravos da Mauá, que foi criado por funcionários do Instituto Nacional de Tec-

nologia em 1993, com o objetivo de pesquisar e retomar as raízes culturais da área. No Morro do Pinto, o Pinto Sarado arrasta multidões de moradores pelas ladeiras do Santo Cristo. Para deixar moradores e visitantes do Porto ainda mais felizes, desde 2012, a Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região Portuária), por meio do programa Porto Maravilha Cultural, apoia o carnaval de rua no território em que atua.

da redação redacao@folhadarualarga.com,br

Carnaval no Porto: uma soma feliz de grupos tradicionais Divulgação

O carnaval carioca, a festa mais esperada da cidade, começou no dia 9 de fevereiro. Mas, na Região Portuária, os foliões começaram a se divertir antes, na gostosa fuzarca dos blocos de rua. Afinal, a festa oficial dos desfiles listados pela RioTur começa pelo Porto do Rio. No dia 16 de janeiro, sábado, a Liga de Blocos e Bandas da Zona Portuária se concentrou a partir das 17h na Praça da Harmonia, na Gamboa. Depois, mais de 20 blocos percorreram as ruas dos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, entre os dias 16 de janeiro e 13 de fevereiro. Entre esses blocos, podemos mencionar alguns

Afoxé Filhos de Gandhi: um dos grupos tradicionais mais antigos da Região Portuária

grupos: Eles que digam Santo Cristo, Independente do Morro do Pinto, Unidos

da Rego Barros, A Febre do Samba – Gamboa, Fala Meu Louro, Tamborim

Sensação, Coração das Meninas, o Afoxé Filhos de Gandhi (que não existe só

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cultura e cidadania

ICCV promove ciclo de encontros para debater temas que definem o futuro da Região Portuária Representantes de ONGs, empresas privadas e órgãos públicos realizaram fecunda troca de experiências Yuri Maia

Nos dias 14, 15 e 16 de dezembro de 2015, o Instituto Cultural Cidade Viva (ICCV) realizou na sua sede (Rua São Bento, 9, 1º andar) o Ciclo de Encontros Animando a Rua Larga, que teve por objetivo reunir representantes das organizações que atuam no Porto do Rio, para debater os resultados e os rumos futuros do processo de revitalização da Região Portuária. O evento foi idealizado por Fernando Portella, diretor-executivo do ICCV, e organizado por Natale Onofre e Yuri Maia, que são produtores culturais do Instituto, como um desdobramento das ações do projeto Animando a Rua Larga, que consiste em passeios guiados gratuitos por locais relevantes da Região Portuária, histórica ou culturalmente. O ponto de partida dos passeios é o Centro Cultural Light e as visitas têm como guia a historiadora Priscila Melo. No primeiro dia do ciclo de encontros, foi realizada apenas uma mesa-redonda, no período da tarde, voltada para o tema Resistência e Preservação. Com mediação de Manoel Vieira, diretor-presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac) e de Luciana Barbosa de Souza, também do Inepac, os integrantes da mesa discutiram como o processo de requalificação urbana da Região Portuária contribuiu para a tomada de consciência da importância de se preservar a história e o patrimônio material e imaterial do Porto do Rio. Os componentes da mesa

Á esquerda, Dom Mauro Fragoso, diretor de Patrimônio do Mosteiro São Bento, ao centro, a historiadora Priscila Melo, que participou do Painel Resistência e Provocação, e, à direita, o mediador Fernando Portella, diretor-executivo do ICCV Yuri Maia

O biólogo marinho Marcelo Szpilman explicou aos presentes o projeto do AquaRio

foram: Merced Guimarães, coordenadora do IPN – Instituto dos Pretos Novos; Fernando Portella, diretor-executivo do ICCV; Dom Mauro Fragoso, diretor de Patrimônio do Mosteiro de São Bento; e a historiadora Priscila Melo, da Agência Rio Histórias, que conduz os participantes do projeto Animando a Rua Larga nas visitas a logradouros importantes do Porto do Rio.

O debate deixou evidente que a Operação Urbana Rio Maravilha valorizou e consolidou a memória histórica da Região Portuária. Um novo Porto No segundo dia, aconteceram duas mesas-redondas, uma pela manhã e outra pela tarde. A primeira, mediada pelo jornalista Mário Margutti,

editor da Folha da Rua Larga, abordou o tema Dando Vida a um Novo Porto, com o propósito de debater como as mudanças nos campos da mobilidade, urbanismo, habitação, infraestrutura e resgate sociocultural impactam a vida de quem mora ou trabalha na Região. A mesa-redonda foi composta pelos seguintes profissionais: Gabriel Cavalcanti, geren-

te do Centro de Operações da Concessionária Porto Novo; Ronnie Arosa Carril, vice-presidente do Polo Região Portuária; Rodrigo José Licht de Almeida, gerente de Engenharia da empresa Light Esco; e Flávia Guerra, coordenadora de Economia Urbana do Sebrae-RJ. Os debatedores mostraram como o Porto do Rio se tornou um território atraente para novos empreendedores, com ajuda de entidades de fomento e de empresas que estão na linha de frente do processo de revitalização. Na parte da tarde, a segunda mesa-redonda foi mediada por Mariana Várzea, superintendente de Museus da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, e dedicada ao tema O Porto do Amanhã, que despertou a discussão sobre como a introdução de novos equipamentos culturais e de lazer irá influir na dinâmica do Rio de Janeiro. Os componentes da mesa foram: Marcelo Szpilman, diretor-presidente do AquaRio, que está em construção no Porto; Estela Alves, especialista em Marketing do Museu Light de Energia; e Ciro Pereira, diretor da Central Técnica de Produções do Theatro Municipal, que atua na Fábrica de Espetáculos instalada no Porto do Rio. A visão de futuro desses debatedores foi bastante otimista, reafirmando a tese de que o Porto será, em futuro breve, um grande centro de produção de cultura e de lazer com conteúdo, atraindo muitos turistas e novos investidores.

Economia Criativa e Empreendedorismo No terceiro dia, o tema foi A Economia Criativa como Legado da Revitalização. A mesa-redonda foi mediada por Fernando Portella, diretor-executivo do ICCV e composta pelos seguintes profissionais: Marcos Ferreira, CEO da MobContent, empresa criadora de aplicativos; Raphael Vidal, produtor cultural do projeto FIM – Fim de Semana no Morro da Conceição e sócio da Casa Porto; Egeu Laus, produtor cultural que concebeu o projeto Viajantes do Território, desenvolvido em parceria com o Museu de Arte do Rio (MAR): e Daniel Kraichete, representante do projeto Distrito Criativo do Porto. Os debatedores concluíram que a Economia Criativa não é um legado da Região, mas sim um dos eixos de desenvolvimento do Porto do Rio, fato que foi percebido pela Companhia de Desenvolvimento da Região Portuária (Cdurp). A última mesa-redonda enfocou o tema A Escolha de Investir no Porto. Mediada por Francis Miszputen, diretora de Projetos do ICCV, a mesa foi integrada pelos seguintes profissionais: Flávio Moreno, sócio-proprietário da casa noturna Jazz Inn; e Paulo Bicalho, gerente do Centro Cultural Light. Ambos falaram sobre casos de sucesso dos investidores na Região. Depoimentos sobre os resultados

A Folha da Rua Larga colheu os depoimentos de alguns dos principais participantes do Ciclo de


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Yuri Maia

Encontros, que mostraram que o evento gerou diversos resultados positivos. Esses depoimentos estão registrados a seguir. Merced Guimarães, diretora-presidente do IPN, enfatizou a troca de experiências – “Gostaria que houvessem vários Ciclos de Encontros Animando a Rua Larga, pois é uma forma de conhecer pessoas e seus trabalhos. Parabéns pela iniciativa”. Dom Mauro Fragoso, diretor de Patrimônio do Mosteiro São Bento, destacou a dinamização econômica da região – “O Ciclo de Encontros Animando a Rua Larga é uma excelente iniciativa que estimula visitas ao passado, proporciona ampla visibilidade do espaço considerado o coração da capital fluminense e aponta novos rumos em diferentes áreas de atuação como comércio, economia, religiosidade, turismo e educação. Que esse projeto seja duradouro e continue produzindo bons resultados como as edições já realizadas”. Priscila Monteiro, historiadora, ressaltou o fator novidade – “O Ciclo de Encontros Animando a Rua Larga foi marcante para os participantes e palestrantes. As apresentações e debates ocorridos demonstraram que esse trabalho ainda trará muitas novidades e uma nova forma de vivenciar a Zona Portuária do Rio de Janeiro e os arredores da Marechal Floriano. Desafios ainda existem, mas há gente muito competente para enfrentá-los”. Mariana Várzea, supe-

rintendente de Museus da SEC-RJ, valorizou a dimensão participativa dos encontros – “Ao reunir profissionais, cujas experiências que contribuíram para a valorização da área do Porto, o Encontro promoveu um diálogo sobre a democratização na gestão da cidade e importância de compartilhamento transversal sobre o conhecimento e gestão cultural”. Marcelle Braga, assessora de imprensa do ICCV, percebeu o evento como fonte de informações relevantes – “Foram três dias intensos em que tivemos a oportunidade de saber, em primeira mão, de fontes ligadas a órgãos públicos e privados, sobre muitas das novidades que estão por vir na região. Acho que todos os que participaram dos debates saíram de lá mais esclarecidos e envolvidos com as questões ligadas à zona portuária. Encontros como esses humanizam as relações, possibilitam uma produtiva troca de ideias e por isso deveriam acontecer com mais frequência”. Paulo Bicalho, gerente do Centro Cultural Light, realçou a necessidade de aprofundar algumas discussões e deu sugestões para o poder público – “O Ciclo de Encontros Animando a Rua Larga foi mais uma oportunidade para diversos agentes de diversas vertentes e posições conhecerem assuntos relevantes para a Região Portuária. Durante os debates e exposições surgiram muitas questões que devem ser aprofundadas numa próxima oportunidade. Destaco o papel

Daniel Kraichete, Egeu Laus e Raphael Vidal representaram a Economia Criativa do Porto

Yuri Maia

Fernando Portella, diretor-executivo do ICCV, falou sobre a importância do trabalho em rede Divulgação

dos governos na atração e incentivo ao investimento privado na região. Muitas vezes o empreendedor encontra dificuldades e burocracias que só prejudicam o processo de revitalização de espaços, abertura de negócios e, em última análise, a abertura de postos de trabalho e oportunidades para quem reside na região”. Flávia Guerra, coordenadora de Economia Criativa do Sebrae-RJ, sublinhou o caráter de reunião de em-

preendedores com objetivos comuns – “Os encontros foram muito interessantes. Temas relevantes debatidos por representantes das instituições e prefeitura. E o melhor: com participação dos empreendedores da região. O formato permitiu um diálogo com o público. Parabéns a toda a equipe envolvida!”. Natale Onofre, produtora cultural do projeto Animando a Rua Larga e organizadora do Ciclo de

Encontros, deu relevo ao trabalho cooperativo – “O Ciclo de Encontros teve como principal objetivo formar uma rede permanente de parcerias. A partir da troca de experiências realizada está sendo elaborado um estudo com ações para o desenvolvimento sustentável da Região Portuária”. Fernando Portella, diretor-executivo do ICCV, mostrou a necessidade do engajamento e do compromisso de todos – “Principalmente neste momento de crise nacional, precisamos estar mais juntos. Dar tempo para os encontros, para que cada agente que atua na Zona Portuária conte o que está fazendo, coloque suas dificuldades e escute os demais. Esta troca presencial é rica diante da realidade virtual. Precisamos estar unidos em

rede. Essa não é uma novidade, mas é necessário recuperarmos a memória da importância do diálogo entre os que trabalham, cada qual com a sua identidade, na mesma região. A palavra des-envolvimento parece implicar em ‘não se envolver’, mas sabemos que não se pode crescer sem se envolver. ‘Desenvolvimento com envolvimento em rede’ é a síntese dos desdobramentos deste nosso Fórum”. Para obter mais informações sobre os bons resultados desta edição do Ciclo de Encontros Animando a Rua Larga, o ICCV encomendou ao economista Vicente Guimarães um estudo sobre os debates e comentários realizados. Segundo o próprio Vicente, “o estudo compila e sistematiza as principais opiniões e contribuições do evento realizado, seus debates e discussões, tornando-o um instrumento para fomentar novos debates e fóruns e direcionar políticas públicas”. Agora a expectativa geral é dar continuidade ao ciclo de encontros, promovendo pelo menos uma edição por ano. O ICCV está estudando a possibilidade de dar sequência ao processo de intercâmbio de experiências sob a chancela da Folha da Rua Larga. Nossos leitores terão notícias a respeito.

mário margutti jornalista mfmargutti@gmail.com


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cultura e cidadania

Galpão Aplauso gera oportunidades para jovens Entidade oferece formação cultural e cursos profissionalizantes Divulgação

Há cerca de 11 anos, Ivonette Albuquerque foi assaltada dentro de casa, por alguns jovens. Ao invés de se intimidar, ela tentou compreender o que levava a juventude a entrar pelos caminhos do crime. Logo concluiu que dar oportunidades de trabalho para os jovens de baixa renda era uma solução muito melhor do que os trancafiar em instituições reformatórias. E assim ela teve a ideia de criar o grupo Galpão Aplauso: conseguiu um armazém na Região Portuária e atraiu os jovens para receber aulas de música, teatro, movimentos circenses, reforço escolar e cursos técnicos profissionalizantes. As estatísticas mostram que pelo armazém educativo, oficialmente denominado Instituto Stimulu Brasil, já passaram mais de 7 mil jovens, rapazes e moças, com idade entre 16 e 29 anos, oriundos de 300 comunidades cariocas de baixa renda. Hoje em dia, mais de 400

Companhia Aplauso, após apresentação da peça Todo Mundo é Mundo

estão matriculados nos diferentes cursos oferecidos. O instituto é uma organização sem fins de lucro, que foi criada para viabilizar programas, projetos e ações sociais em benefício dos jovens de diversas comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro.

No site da entidade (http://aplauso.art.br/ home/institucional/), podemos ler que a Missão do Instituto é “promover a capacitação e inclusão de jovens no mercado de trabalho através de um ensino humanista, ético, artístico e empreendedor”. Já a Visão é esta,

sem medo de ser idealista: “levar ao mundo uma rede de conhecimento, trabalho, valores e virtudes”. Ao longo de sua história, o instituto idealizou e desenvolveu os programas Talentos da Vez, Espaço do Artesão e os Laboratórios de Práti-

cas Inclusivas, além de coordenar a Companhia Aplauso, (de teatro) e o Centro Espacial (centro de artes plásticas), que são integrados por jovens que já passaram pelo programa Talentos da Vez. O instituto participa também do ProJovem, programa criado em 2007 pelo Governo Federal e que é um dos quatro eixos do Programa Nacional de Inclusão de Jovens. Voltado para a faixa etária dos 15 aos 17 anos, o Projovem tem como objetivos elevar a escolaridade, a qualificação profissional e a inclusão cidadã. O trabalho desenvolvido nos campos da arte e da cultura não apenas contribui para inserir jovens no mercado de trabalho. A proposta é ir além e lhes oferecer condições, por meio de uma formação ampla e humanista, de modo que possam atuar como protagonistas em suas comunidades, como agentes transformadores da realidade em que vivem.

A origem de tudo é a revista Aplauso, criada em 1988 e pioneira na cobertura jornalística do circuito teatral carioca. O veículo já publicou mais de 500 matérias e resenhas sobre peças teatrais que estiveram em cartaz nos últimos nove anos no Rio de Janeiro, incluindo mais de 150 depoimentos de atores, atrizes, autores, diretores, cenógrafos, iluminadores, figurinistas, críticos, produtores e historiadores do teatro brasileiro. O Galpão Aplauso fica na Rua General Luís Mendes de Morais, 50, Santo Cristo (a rua é paralela à Avenida Francisco Bicalho e o armazém fica nas proximidades da Rodoviária Novo Rio). Mais informações pelos telefones: 2233-6648 e 2263-1372.

da redação redacao@folhadarualarga.com,br

folha da rua larga A Folha da Rua Larga vai até você. Entregamos na sua empresa, loja ou instituição, no Centro do Rio ou Zona Portuária. Ligue e faça seu cadastro: (21) 2233-3690


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cultura e cidadania

O Centro Histórico do Rio experienciado com nobres sentidos Designer especialista em guias culturais mostra uma visão poética da cidade Divulgação

UM RIO DE SENSAÇÕES PARA SE VIVER Tânia Rodrigues de Souza

VISÃO

Alvaro Victor

OLFATO

Identifique-se com fragrâncias que atravessam gerações, na mais antiga casa comercial do Centro, a Granado Pharmácias. O forte aroma de café fresco atrai quem passa na casa do Café Capital. O lugar também é ótimo para bater papo no balcão. Apure seu olfato reconhecendo os cheiros de comida que surgem em seu caminho e tente identificá-los. Essa simples brincadeira pode nos trazer uma boa lembrança ou real emoção. A orla que margeia a Baía de Guanabara é um convite para sentir o perfume inigualável da maresia, em passeios sem pressa.

AUDIÇÃO

Tânia Rodrigues de Souza

Olhe para cima e para os lados: o contraste arquitetônico é digno de contemplação. Fique no meio da Cinelândia ou da nova Praça Mauá, dê um giro de 360 graus com os olhos bem abertos e se encante... Surpreenda-se com a poderosa vista da orla, a bordo de embarcações históricas como o Rebocador Laurindo Pitta ou a Escuna Nogueira da Gama, que navegam pela Baía de Guanabara e para a Ilha Fiscal. Suba ao terraço do Museu de Arte do Rio e se deslumbre com a vista do entorno e da quase infinita Baía de Guanabara. Com o tempo firme é possível ver a Serra dos Órgãos e o Dedo de Deus. Dê-se o prazer de apreciar obras de arte expostas nos museus e centros culturais, que por si só, já valem a visita. Viva esta sensação ao menos uma vez na semana. Para inspirar veja as fotos 360 graus, com giros visuais sob seu controle, em http://guiaculturalcentrodorio.com.br/fotos-360o/

TATO

A música ecoa em todos os estilos, nas ruas e palcos. Tem samba na Pedra do Sal, shows na Casa do Choro, gratuitos concertos populares e eruditos no Espaço BNDES, Forró na Estudantina e no Clube dos Democráticos... entre outros espaços de qualidade comprovada. O badalar pontual dos sinos das igrejas é reconfortante... Cada qual com uma sonoridade peculiar, que se repete de hora em hora. O auge é ao meio dia. Escutar o canto gregoriano dos monges beneditinos, junto ao som de um órgão do séc. XVIII, no Mosteiro de São Bento, aos fins de semana, é simplesmente um presente dos deuses. Durante a semana, o local é excelente refúgio para ouvir o silêncio (na igreja) ou a sinfonia de pássaros (no arborizado pátio em frente à igreja), que cantam sem parar. Volte no tempo, escutando o piano tocado ao vivo na sessão de cinema mudo, que acontece uma vez por mês na Cinemateca do MAM.

PALADAR

Espaços verdes são bálsamos em meio “à selva de pedra” circundante. Abrace a ideia de se conectar com a natureza e recarregar as energias. Museus, igrejas, galerias, feiras e centros culturais são perfeitos para explorar formas, volumes, texturas, tecnologia interativa e contato físico.

Tânia Rodrigues de Souza

tatadesign Tânia Rodrigues de Souza

O coração de uma metrópole se localiza no Centro. É onde desembocam todas as vias, para que pulse ainda mais forte e mantenha a cidade viva. Para perceber o mundo é necessária a intermediação do cérebro, que, ligado aos órgãos sensoriais, nos faz compreender a realidade. Seguindo esta premissa, o Centro Histórico do Rio de Janeiro é um autêntico laboratório experimental onde é fácil (e prazeroso) exercitar os cinco sentidos, ou ir além destes, ao se deixar levar pela emoção. É surpreendente como o ato de caminhar pelas ruas do Centro – às vezes sem rumo definido ou apenas para testar uma nova rota para algum lugar em especial – é capaz de despertar os nossos sentidos, especialmente quando nos desligamos dos celulares e deixamos a mente totalmente livre para acionar outras conexões, extremamente simples e igualmente gratificantes. Além disso, todo mundo tem uma história pra contar ou uma dica preciosa pra passar e esta é uma das formas mais autênticas de conhecer o espírito coletivo local. Observar pessoas de todos os tipos e credos circulando diariamente entre cenários inspiradores – onde igrejas e edificações seculares coexistem ao lado de prédios ultramodernos e onde é comum se deparar com uma convidativa praça ou uma vista de tirar o fôlego, digna de cartão postal – consiste em um verdadeiro colírio para os olhos e faz bem a qualquer pessoa que se entregue a esta experiência. Sentir os cheiros bons da cidade, que acendem nossa memória olfativa e nos remetem às boas lembranças, é como embarcar em uma via-

Alvaro Victor

Para a gustação, os caminhos são muitos... Tem delícias brasileiras (feijoada, filé com fritas, comida de boteco, sanduíches fartos, etc.) e da culinária internacional (italiana, portuguesa, espanhola, francesa, árabe, japonesa, suíça e alemã). Com tanta variedade, o melhor é a cada dia provar um sabor diferente. Os doces e salgados de confeitarias da região já foram provados e aprovados por clientes ilustres da nossa história e continuam atraindo visitantes de todo o planeta. Esqueça por um dia a dieta e se entregue sem culpa a esse delicioso prazer. Ícone carioca, o Biscoito Globo tem fábrica no Centro. A boa pedida é levar uma caixa do produto e saborear com os amigos.

As dicas aqui destacadas são apenas algumas sugestões da colaboradora Tânia, que participou ativamente do Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro, uma publicação realizada pela Editora Cidade Viva. O conteúdo do Guia na íntegra – com verbetes de 130 atrativos culturais, fotos, mapa e calendário de eventos – está disponível para download gratuito no site www.guiaculturalcentrodorio.com.br Leia o Guia e trace seu roteiro pessoal para recriar novas experiências que libertem seus sentidos!

Leia o Guia e trace seu roteiro pessoal para recriar novas experiências que libertem seus sentidos

gem. O aroma inebriante de um café fresco ou de algum prato típico, assim como o odor da brisa salgada que vem da Baía da Guanabara, pode nos levar longe, em frações de segundos, através dos tempos. Ouvir a sinfonia urbana – que entoa desde ruídos do pesado trânsito ao singelo badalar de imensos sinos; pontuados pelas vozes eufóricas de camelôs ou pelo emocionante canto dos monges beneditinos; e que ainda é embalada por acordes de samba, chorinho, concertos populares e eruditos, de artistas que se apresentam nas ruas e palcos; ou o simples deleite com o som de pássaros – é assistir a um espe-

táculo sempre em cartaz, no qual se pode interagir constantemente, sendo apenas um bom ouvinte. Agradar a todos os paladares, do mais popular ao mais exigente, é uma das vocações da região, que oferece um eclético cardápio para degustação. As opções são inúmeras e acessíveis a todos os bolsos: de uma esfiha assada em forno a lenha ao irresistível pastel de lagosta; do famoso prato de angu que marcou época à exótica torta de ruibarbo; do café com bolo ao chope com petiscos, entre outras delícias que representam um acervo gastronômico sem fronteiras que coabita cada quarteirão, com iguarias tí-

picas, nacionais ou vindas de longínquos países. Uma verdadeira Babel de sabores e saberes, dos que ganham a vida compartilhando sua cultura através da culinária. Tatear pelos diversos templos culturais espalhados no Centro faz com que a experiência sensorial se amplie. Corrimãos de escadas antigas, portas e ornamentos talhados em madeira nobre ou paredões de pedras firmados com óleo de baleia, são verdadeiras obras de arte, que atraem o contato físico. Assim como fazer uma visita guiada especialmente voltada para portadores de deficiência visual, ou para ter uma vivência de pura empatia ao participar da atividade com os olhos vendados,

é uma experiência única. Vale ressaltar os modernos equipamentos táteis que facilitam a acessibilidade, possibilitando inclusive, a leitura e a compreensão das imagens através de aparelhos que dispensam a visão do usuário. Cada vez mais, a tecnologia e a interatividade são disponibilizadas em museus, bibliotecas e espaços culturais, para serem manuseadas por todo tipo de público. E para os amantes da natureza, muitas árvores e palmeiras seculares estão enraizadas em praças, parques e pátios internos de algumas edificações, a espera de um toque (ou abraço). Ao desvendar as ruas do Centro e adentrar determi-

nados lugares, os sentidos se misturam e se apuram simultaneamente... Como explicar com uma só palavra a experiência de estar em um espaço físico de rara beleza e cuja idade impõe mais que respeito, com a possibilidade de bater um papo com alguém que até então se desconhecia ou sentar confortavelmente para ler uma publicação, tendo ainda a opção de se deliciar com acepipes e boa bebida? E ainda por cima, com música ambientada ao momento tão especial? E veja bem, tudo ao mesmo tempo... Talvez a palavra “gratidão” possa descrever esta sensação de felicidade. Mas o fato é que transitar pelo Centro Histórico do Rio de Janeiro, nos permite uma real percepção de nossos sentimentos. Por tudo isso, vale acrescentar um novo sentido... O de acolhimento. Que para muitos visitantes se traduz como uma saudade eterna e um desejo de aqui voltar (e quem sabe, ficar pra sempre). Mas que para os cariocas, equivale a um sentimento de pertencimento. Vale lembrar, que em meio a esta profusão de sensações, é reconfortante saber que a história permanece preservada no centro do Rio e disponível para encantar gerações. Dá para encher o coração de orgulho ao constatar que nestes 450 anos de vida – independente das inúmeras transformações e desassossegos enfrentados – nossa cidade ainda se faz presente... e será para sempre maravilhosa.

tânia rodrigues de souza diretora de arte & designer gráfico com expertise em pesquisa e criação de conteúdo para guias culturais tatadesign@gmail.com


C8 Edição Especial

janeiro – fevereiro de 2016

cultura e cidadania

Instituto dos Pretos Novos comemora 20° aniversário com culto ecumênico A celebração abrangeu rituais, conversas, cânticos sagrados e histórias de Griots Divulgação Cdurp / Bruno Bartholini

Para celebrar os 20 anos de descoberta do sítio arqueológico que fica na Rua Pedro Ernesto, 32/34, na Gamboa, o casal Petrúcio e Maria De La Merced Guimarães, que dirigem o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), realizou, no dia 16 de janeiro, uma intensiva programação cultural para reverenciar a memória dos milhares de escravos recém-chegados ao Brasil, que foram ali sepultados mesmo antes de serem vendidos no mercado de escravos da Região Portuária. O IPN convidou líderes de várias religiões para celebrar um culto inter-religioso, na convicção de que a fé trazida pelos africanos (culto aos Orixás e Islamismo) e as outras formas praticadas por seus descendentes (Catolicismo, Evangelismo e outras) também devem ser manifestadas em homenagem ao Instituto. Uma roda de conversa com convidados das áreas de Patrimônio, História, Arqueologia, Museologia, Urbanismo e Artes Visuais foi promovida na parte da tarde.

O Museu Memorial dos Pretos Novos recebe visitação intensa durante o ano

Após essa roda, houve apresentações de cânticos sagrados, performances teatrais e Vozes do Griot. Na África, eram chamados de Griots os indivíduos que tinham o compromisso de preservar e transmitir histórias, fatos históricos e os conhecimentos e as canções de seu povo. Existem os Griots músicos e os Griots contadores de histórias. Eles ensinavam

a arte, o conhecimento de plantas, tradições, histórias e davam conselhos aos jovens príncipes. A história O denominado Cemitério dos Pretos Novos foi, entre o final do século XVIII (1772) e início do século XIX (1830), um barracão do antigo mercado negreiro lo-

calizado no Valongo (faixa do litoral carioca que ia da Prainha à Gamboa). Nesse local eram “depositados” todos os escravos que chegavam nas longas viagens dos navios negreiros. Nessas longas viagens, praticamente todo negro que embarcava no Rio se encontrava muito debilitado. Um número significativo desses cativos imi-

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grantes africanos morria em seus primeiros dias de Brasil e seus corpos eram enterrados dentro de barracões ou nos arredores do mercado, às vezes queimados, sem qualquer prática respeitosa. Em 1830, o mercado foi fechado, em parte pelo inconveniente das atividades e pelo mau cheiro reclamados pelos moradores como também uma forma das autoridades locais mostrarem aos ingleses que estavam respeitando o tratado de extinção do tráfico imposto pela Inglaterra e assinado em 1827. Na realidade, porém, a atividade só mudou de endereço. Em 1996, Petrúcio e Merced, proprietários de um sobrado localizado na Rua Pedro Ernesto, resolveram fazer uma reforma em sua residência e, nas escavações da obra, descobriram as inúmeras ossadas pertencentes aos negros ali enterrados quando o local pertencia ao antigo mercado negreiro. A família Guimarães fez assim uma

descoberta que mudaria definitivamente o rumo de suas vidas e também da história do Rio de Janeiro: em 1996, foi criado o Sítio Arqueológico Cemitério dos Pretos Novos. Desde então, a família tem se mobilizado para manter o espaço, tendo conquistado, a partir de 2013, alguns apoios e parcerias. Na atualidade, o Cemitério dos Pretos Novos é destinado ao estudo e à pesquisa arqueológica, além de promover a cultura e a arte do povo africano. O espaço se tornou uma organização não governamental, que é simultaneamente um museu memorial e uma galeria de arte contemporânea, além de possuir uma biblioteca e um auditório, onde ocorre uma intensa programação de oficinas durante todo o ano. A visitação ao sítio nos anos de 2014 e 2015 atingiu a marca de 36 mil pessoas.

da redação redação@folhadarualarga.com.br


15 folha da rua larga

janeiro – fevereiro de 2016

atualidades

AquaRio promete benefícios sociais, econômicos e sustentáveis para o Porto Projeto milionário movimenta a Região Portuária e será inaugurado em julho de 2016 Divulgação

Com a proposta de educar, informar e entreter, o Aquario é considerado um dos principais novos empreendimentos da Zona Portuária do Rio de Janeiro. O projeto é cem por cento privado, e foi concebido e capitaneado pelo Instituto Museu Aquário Marinho. Chegou à fase final de sua construção com a expectativa de inauguração em julho, nas vésperas da temporada dos Jogos Olímpicos 2016. Construído em um edifício datado de 1914, sede da antiga Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenamento), próximo à Cidade do Samba e ao Cais do Porto, o ousado projeto é idealizado e dirigido por Marcelo Szpilman, um dos mais respeitados biólogos marinhos do país. As obras foram iniciadas em 2012. Para Marcelo, a proposta inicial do AquaRio junto à sociedade é clara: ser focado em educação de forma ampla, incluindo pesquisa científica, conscientização ambiental e conservação da biodiversidade. “Nós só preservamos aquilo que conhecemos de perto. Com o AquaRio, queremos aproximar a sociedade do ecossistema para que entendam a sua importância e atuem mais em preservação dos animais. Aproximando as pessoas à nossa fauna, com a oportunidade de ver muitas espécies ao vivo, como peixes, tubarões e raias, acreditamos que também desmistificamos os animais e despertamos e fortalecemos a consciência e o desejo de preservá-los”, propõe o biólogo e diretor-presidente do AquaRio. O AquaRio, ou Aquário Marinho do Rio de Janeiro, tem a promessa de ser o maior aquário marinho da América Latina, como um “equipamento moderno e multifuncional de lazer, entretenimento, cultura, pesquisa e conservação e conscientização ambiental” em mais de 22 mil metros quadrados de área construída em cinco andares e 4,2 milhões de litros de água para a vida de cerca de 8 mil animais, divididos em 350 espécies em exposição, entre peixes, crustáceos, répteis e invertebrados. O público poderá conhecer os animais em pelo menos 28 tanques: o principal, chamado de Recinto Oceânico e de Mergulho, com 3,3 milhões de litros de água em sete metros de pé direito e um túnel em seu interior, onde será possível vivenciar uma experiência semelhante ao mergulho com peixes, tubarões e raias; 24 tanques secundários com águas-vivas, praia arenosa, animais

Marcelo Szpilman: “O aquário vai fortalecer a consciência preservacionista das pessoas”

Divulgação

Visão artística da fachada do aquário depois de pronto

marinhos, cardumes, tubarões e recifes, por exemplo, e três tanques de toque, onde todos, principalmente as crianças, poderão interagir com alguns dos animais expostos. Haverá também um aquário marinho virtual, para que os visitantes tenham acesso a informações e conceitos sobre espécies que, por questões de segurança, saúde pública e estresse, não possam ser expostos, tendo o oceano real como o ponto de partida para se navegar pelo oceano virtual; um espaço chamado de Museu da Ciência, no qual exposições permanentes e temporárias sobre

diversos temas relacionados aos ambientes marinho e aquático estarão disponíveis para oferecer mais conhecimento e preservação de acervos e coleções científicas; um Centro de Educação Ambiental, que promoverá eventos, programas, festivais e cursos relacionados às questões ambientais, e um Centro de Pesquisas Científicas que, a partir do manejo e manutenção dos animais em cativeiro, realizará pesquisas científicas em parceria com universidades e centros de estudos marinhos. Gerido pelo Instituto Museu Aquário

Marinho, o AquaRio é uma iniciativa totalmente privada, com custo de cerca de 90 milhões de reais e assinatura de construção da empresa Kreimer Engenharia. O imóvel foi cedido pela Prefeitura do Rio para os próximos 50 anos e a expectativa de visitação de cariocas, turistas e grupos de estudo indica que as entradas poderão ser vendidas pelo valor de R$ 40 a R$ 50. O projeto concebe essa geração de renda como um benefício econômico, que irá gerar de 125 a 220 empregos diretos quando em pleno funcionamento; e, de forma indireta, a participação na revitalização da região com o aumento do turismo, tornando-se um marco no plano de revitalização da Região Portuária, a exemplo do aquário marinho de visitação pública da cidade de Baltimore, nos EUA, que foi criado na década de 80 e, em dois anos, proporcionou o retorno do investimento de 26 milhões de dólares, com a média de dois milhões de visitantes por ano. Como benefício adicional à cidade, o projeto tem a sustentabilidade como fundamento, abrangendo a reciclagem de materiais descartados, a captação e acondicionamento da água da chuva, a economia e o reaproveitamento do valioso líquido, que será economizado na proporção de 80%, graças à utilização de um modelo de alta conservação e economia de energia, com geração de energia limpa e matriz energética de ponta, segundo os responsáveis. Há a promessa também de contratação de pessoas portadoras de deficiências e o acesso irrestrito a deficientes físicos na visitação. Em relação à comunidade científica e seu desenvolvimento, o projeto tem parceria com o Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Biomar – UFRJ), para pesquisas científicas e o gerenciamento educacional de alunos e estagiários no aquário, uma vez que, desde a década de 1990, contam os realizadores, os grandes aquários marinhos abertos à visitação pública se tornaram locais para estudos científicos, além de serem espaços de lazer e conservação de animais, atuando como Bancos da Biodiversidade do planeta e protegendo até mesmo espécies em extinção.

syl dietrich jornalista syl.dietrich@gmail.com


16 folha da rua larga

janeiro – fevereiro de 2016

roteiro

IPN mostra a arte de Tia Lúcia Divulgação

Tia Lúcia, de 81 anos, moradora do Morro do Pinto e importante liderança na defesa das formas de cultura afro-brasileiras, está exibindo seus trabalhos artísticos no Instituto de Pesquisa dos Pretos Novos (IPN). O Ateliê Tia Lúcia traz obras da coleção pessoal da artista, juntamente com grandes painéis criados especialmente para as paredes do IPN. A curadoria é de Marco Antônio Teobaldo, da Quimera Empreendimentos Culturais. Ela dá aulas de arte em seu ateliê para crianças e mantém a criatividade nas telas. Em entrevista para o vídeo

Uma das obras de Tia Lúcia

de divulgação dessa mostra, produzido e editado por Bruno Bartholini, Tia Lúcia contou que o ex-presidente Castelo Branco, ao conversar com a mãe da artista, teria declarado, quando Lúcia tinha apenas oito anos de idade: “Essa menina vai valer ouro”. Bem-humorada, a artista está convicta de que passou realmente a “valer ouro”. Uma curiosidade: no vídeo, Tia Lúcia conta que o primeiro quadro que pintou deu origem a “uma figura muito forte, que doeu no coração de quem viu” e que até hoje ela não sabe “do que se tratava”. O vídeo pode ser encontrado no link:

http://www.portomaravilha.com.br/ noticiasdetalhe/Ateli%C3%AA-Tia-%C3%BAcia-IPN:4413. Inspirada pelos elementos da natureza, Tia Lúcia desenvolve uma arte naif, de colorido vivo e cunho expressionista. O IPN fica na Rua Pedro Ernesto, 28, na Gamboa. Em cartaz até dia 28 de fevereiro.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

CCC mostra filmes inéditos dos Irmãos Lumière Divulgação

Durante muitos anos, os irmãos Auguste e Louis Lumière, considerados os inventores da arte do cinema, filmaram, com a câmera fotográfica que criaram, pequenos documentários com cerca de três minutos de duração, registrando cenas do cotidiano que retratam, sobretudo, os impactos da modernidade nas principais capitais europeias: trens, saídas de fábricas, os automóveis pioneiros, o burburinho das metrópoles. Sob o título Vistas Lumière, 20 desses documentários, inéditos no Brasil, estão sendo exibidos até dia 21 de fevereiro no Centro Cultural dos Correios (CCC). Serão expostas também surpreendentes cenas do Rio de hoje, gravadas em celulares por alunos cegos do Instituto Benjamin Constant. Idealização e curadoria de Aída Marques, a mostra tem cenografia de Doris Rollemberg e ambientação sonora de Marcos de Souza, que tocou piano ao vivo no dia de abertura. Os dois primeiros filmes registrados pelos irmãos Lumière – A chegada de um trem à estação de La Ciotat e Saída dos trabalhadores da Fábrica Lumière – recebem os vi-

tários, à segunda sala, que apresenta imagens do Rio de Janeiro de ontem e de hoje. O corredor abriga uma instalação sonora que estimula a viagem que a exposição propõe, o encontro com o Rio de Janeiro de ontem e hoje, em dois momentos. O primeiro é feito de filmes antigos da cidade, fotografias, imagens colorizadas (coloridas com tinta transparente, como se fazia antes da fotografia a cores), cartões postais. O segundo momento é contemporâneo: no espaço chamado Minuto Lumière, em telas de celulares espalhados pela sala, o visitante irá ao encontro de olhares inéditos sobre o Rio de hoje. O Centro Cultural dos Correios fica na Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro. A entrada é franca. Cena de A chegada do trem à Estação de Ciotat: considerado o 1º filme da história

sitantes no espaço que dá acesso à primeira sala de projeção, onde também estarão exibidos, ao mesmo tempo e em 12 telas distintas, os diversos filmes que compõem as Vistas Lumière.

A cenógrafa Doris Rollemberg informou que a ambientação procura criar um vínculo da memória com a contemporaneidade. Há um corredor que liga a primeira sala, onde acontecem as projeções de documen-

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Entregamos em domicílio no seu escritório. Aceitamos todos os tickets e cartões de crédito. Faturamos para empresa.

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janeiro – fevereiro de 2016

morro da conceição

Morro da Conceição entrelaçado com o Museu do Amanhã Divulgação/ Byron Prujansky

Fui convidado por telefone pela Eduarda Mafra a visitar o Museu dois meses antes de sua inauguração e aceitei de pronto. Acompanhava a obra externa e, como artista, estava ansioso para saber do seu interior e o que mostrariam ao público. Lá fui eu com botas e capacete previamente disponibilizados por eles. Tivemos o privilégio de sermos guiados pelo curador Luiz Alberto Oliveira e sua equipe em uma especial e emocionante apresentação. Voltei no tempo, lembrando que, em 1998, quando lecionava na Casa de Cultura Laura Alvim, dei o tema Museu do Futuro para o grupo e desenvolvemos um ótimo projeto – na época sem a tecnologia de ponta como este, sem energia solar autossustentável, informática etc. Por inúmeras vezes fiquei emocionado com a dissertação do Alberto sobre os temas que iriam ser mostrados e como seriam, pois nada estava terminado: o globo terrestre que fica no teto ainda estava sendo montado, assim como todos os outros equipamentos de luz e som. Mas sentimos o espírito e a essência do Museu. Quando da inauguração em 18/12/15 todos os vizinhos nas adjacências foram convidados e receberam carteiras permanentes de visitação gratuita. Foi então que voltei ao mundo quântico e espetacular de trilhões de informações, com a notória intenção de conscientizar toda nossa geração e a das crianças, que somos responsáveis por tudo que existe no planeta, somos cocriadores do seu futuro, estamos entrelaçados e somos todos UM. Constatei que meu trabalho surrealista no campo da escultura, além de metafísico, é muito contemporâneo, pois mostro nas Ampulhetas do Não-Tempo, que faço desde a década de 80, a mesma relação encontrada no Museu, assim como nas pinturas a óleo sobre tela Fundo do Mar, usando células do corpo humano ampliadas até 32 mil vezes, estas fundidas na paisagem marinha pois somos mais de 70% de água: fica tudo integrado na pintura. Realmente me senti em casa e voltei mais vezes. Sou grato e parabenizo a todos que participaram de todo o projeto e materializaram esse Museu do Amanhã, neste momento tão importante de transição

Visitantes do Museu do Amanhã se encantam com o acervo de realidade virtual Claudio Aun

Claudio Aun

Fundo do mar, pintura de Claudio Aun

Ampulheta do Não-Tempo: escultura de Claudio Aun (119 x 31 x 33cm)

planetária. Esse processo de implantação de sementes quânticas de frutos imediatos do Museu, proporcionando pesquisas ilimitadas, é uma verdadeira joia cultural aos pés do Morro da Conceição!

claudio aun artista plástico claudioaun2010@gmail.com


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gastronomia

Gastronomia no Porto: da comida tradicional às novidades Três restaurantes se destacam como opções de prazer gustativo Divulgação

Nesta edição, a seção de gastronomia está diferente. Ao invés de enfocar um único restaurante da Região Portuária, está abordando três deles. Para mostrar que no Porto Maravilha se pode encontrar petiscos e pratos tradicionais substanciais, culinária brasileira diferenciada e também as delícias da italianíssima cozinha mediterrânea.

difícil entender porque os proprietários colocam no menu um risoto com camarão (graúdo) e funghi (dos bons) a R$ 33, quando se tem a informação de que o valor do aluguel do sobrado de 1907, onde o restaurante foi instalado, é de enxutos R$ 5 mil por mês, e sem joias. O telefone é 21 3199-1023.

Angu do Gomes tradicional: de milho e coberto de sarapatel feito de miúdos de frango Divulgação

Angu do Gomes Eis aqui uma opção ideal para quem vai ao Museu do Amanhã ou ao Museu de Arte do Rio (MAR). O tradicionalíssimo Angu do Gomes, aquele mesmo que abastecia as carrocinhas que alimentavam pessoas famintas nas madrugadas cariocas, é perto, fica na Rua Sacadura Cabral, 75, na vizinhança da Praça Mauá (Tel.: 21 2233-4561) Quem é frequentador assíduo sabe que o angu é delicioso, com um tempero diferenciado e porções muito bem servidas. Serve uma pessoa e custa entre R$ 19 e R$ 25, dependendo da escolha, que pode variar entre o angu pequeno com frutos do mar, o angu vegetariano (preparado com carne de soja, curry, abobrinha, berinjela e cenoura), angu de frango com milho, o de carne moída com azeitona, o angu de calabresa temperada e o inesquecível Angu do Gomes tradicional, feito com angu de milho coberto com sarapatel preparado com miúdos de porco e temperos especiais. O ambiente característico e agradável e os petiscos também são um grande destaque, todos perfeitos! O bolinho de feijoada recheado com couve é uma delícia! No quesito petiscos, o cardápio é rico, vai de palitinhos de queijo coalho ao aipim frito, das polentinhas ao frango a passarinho, da kafta com torrada de alecrim ao bolinho de angu com rabada, camarão ou gorgonzola.

Atrativo da Trattoria Sarda: polvo grelhado com risoto ao pesto genovês Divulgação

No Angu do Gomes também se pode desfrutar da cerveja de trigo Terezopolis que, apesar de produzida no Rio, não é fácil de ser encontrada. Enfim, um boteco convidativo para se tomar umas cervejas e comer bem, ouvindo um samba que às vezes rola na praça em frente ou na Pedra do Sal. Trattoria Sarda Este restaurante foi inaugurado não faz muito tempo (fevereiro de 2015), na estei-

ra do sucesso da Casa do Sardo em São Cristóvão. Dois sócios italianos, o siciliano Paolo di Bella e o sardo Silvio Pod abriram a Trattoria Sarda na Rua Teófilo Otoni 206, para servir massas, carnes, pescados e porções. No cardápio, muitas delícias preparadas com a sabedoria da culinária mediterrânea: bruschetta al pomodoro com berinjela, mascarpone com gorgonzola, risotos, nhoque de camarão com rúcula, lasanha à bolognesa, contrafilé com linguini de funghi, além do clássico paillard com fettuccine. Às quintas e sextas são servidas pizzas do tamanho do prato. Na adega, vinhos espanhóis, libaneses, gregos, italianos e franceses. Em resumo, bons pratos sem preços assustadores. Não é

Café e Restaurante Gracioso Reaberto em abril de 2013, na Rua Sacadura Cabral, 97, após ficar 18 meses fechado por um incêndio. A nova decoração ficou bem melhor. O atendimento é campeão, a comida é boa e para os clientes são muitas as opções de cervejas nacionais e importadas. No site do Gracioso, encontra-se esta mensagem: “Aquele que era para ser um simples bar de passagem, comum como qualquer outro bar de esquina, ganhou fama, carinho, mas principalmente respeito dos mais queridos clientes que passaram por ali”. O local já foi ponto de encontro, de rodas de samba, MPB, pagode e forró. Já foi palco de grandes eventos como o Comida di Buteco, filmagens para TV e cinema, festas de aniversários, de empresas, ou um simples encontro com os amigos. Entre as iguarias ofertadas no cardápio, as carnes são mesmo o forte. Pode-se escolher entre picanha à campanha, alcatra com queijo de coalho frito e arroz branco, peito de boi com arroz e feijão manteiga, polvo com arroz e brócolis ou cordeiro guisado ao molho de páprica, batatas coradas e arroz. No Gracioso, todas as quintas-feiras tem roda de samba, que começa às 18h. O telefone é 21 22635028.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

receitas carol Cada vez mais se fala em alimentação saudável, e a preocupação com o que a gente coloca no prato está se tornando tema de vários estudos e pesquisas. Para mim, alimentação tem que ser um momento de prazer e bem estar, como se estivéssemos alimentando a alma também. Por que não ouvir nosso corpo para saber o que escolher? Uma opção que nunca deixo faltar em casa é granola. Trata-se de uma mistura de diversos grãos, frutas secas e castanhas que dá graça e leveza ao iogurte, frutas frescas e até smoothies. Experimente criar a sua versão pessoal!

Granola

Ana Carolina Portela

Ingredientes (rendimento: 2 a 3 porções)  100g de aveia grossa  3 colheres de sopa de quinoa  3 colheres de sopa de passas  1 colher de sopa de coco ralado  2 colheres de sopa de gergelim claro  40g de castanha de caju  2 colheres de sopa de mel  1 colher de chá de baunilha  2 colheres de sopa de óleo  20g de cranberry1 ou gojiberry2  30g de passas Modo de preparo Misturar todos os ingredientes menos as passas e o gojiberry. Espalhe a mistura num tabuleiro, de forma que fique numa única camada. Leve ao forno a 200ºC por 15 minutos, mexendo com uma espátula de tempos em tempos por mais 20 minutos. Misture as passas e gojiberry e deixe esfriar. Guarde em recipiente fechado por, no máximo, 30 dias. Crie sua própria mistura, substituindo as frutas e grãos. Use canela ou outro tempero de sua preferência.

ana carolina portella chef de cuisine carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol.blogspot.com 1 Cranberry é uma fruta pequena e avermelhada, muito comum na Cordilheira dos Andes, onde também recebe o nome de oxicoco. No Brasil, ela ainda não é muito popular, mas é uma das favoritas nos EUA e na Europa. Lembra a nossa amora. 2 Gojiberry é o fruto da planta Lyciumbarbarum, originária das montanhas do Tibet. Ele se destaca por ser rico em vitamina C, nutriente que melhora o sistema imunológico e o humor, evita problemas oftalmológicos e derrames e ajuda a emagrecer.


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cidade

CCBB mostra seleção de artistas contemporâneos da Alemanha Divulgação / catálogo da mostra Zeitgeist

Zeitgeist é uma expressão da língua alemã que caracteriza o “espírito de uma época”, o conjunto do seu clima intelectual e cultural – e também as características gerais de um determinado período histórico a partir do qual a arte, a cultura e as relações humanas evoluem. O Centro Cultural Banco do Brasil está apresentando, de 27 de janeiro até 4 de abril, uma mostra de obras de artistas da Alemanha que refletem o zeitgeist da cultura contemporânea de Berlim. O passado está na exposição, pois Berlim foi marcada por duas guerras mundiais e ficou dividida pelo Muro durante quase três décadas. A capital da Alemanha se reergueu das cinzas, formando, pouco a pouco, o espírito da época de hoje e projeta sua influência muito além da Europa Central. A exposição reúne obras

Berlin-Kreusberg – Mural – Foto de Kamahele Cortesia Wikipedia – Creative Commons

de 29 artistas destacados da Alemanha atual, nos campos da pintura, fotografia, videoarte, performance,instalações, incluindo também a cultura dos famosos clubes berlinenses, compondo assim um mosaico vibrante da criatividade alemã. A curadoria da mostra, intitulada Zeitgeist – a arte da

nova Berlim, é do alemão Alfons Hug, que foi o primeiro estrangeiro a assumir a curadoria da Bienal, em 2002, na 25ª edição do evento. Foi também diretor do Instituto Goethe de Brasília e de Moscou, além de curador-adjunto da Bienal de Dakar. Desde 1992, ele desenvolve projetos no Brasil, país onde

reside. Alfons indica seis caminhos conceituais para que os visitantes percorram essa instigante exposição: Tempo que corre e tempo estagnado – obras que abordam questões como aceleração e estagnação, presente e futuro. A obra Standard time, de Mark Formanek, exibida na rotunda do CCBB, é um bom exemplo: questiona o desperdício de tempo, por meio de um relógio de 4 x 9 metros, construído por 16 pessoas, minuto a minuto, durante 12 horas. A ruína como categoria estética – a busca da beleza entre marcas de abandono e devastação. É o caso das fotos de grandes formatos dos artistas Frank Thiel e Thomas Florschuetz. Eterna construção e demolição – o conflito entre a vertigem construtiva de Berlim e as ruínas herdadas do

passado. É o caso da “máquina de erosão” montada por Julius Von Bismark e Julian Charrière. Os dois artistas instalaram 12 betoneiras no Pátio da Rua Direita e no 1º andar do CCBB, que processam em seus tambores detritos de vários edifícios da cidade. A rotação dos misturadores transforma os detritos em pedras redondas, depois em seixos e, finalmente, em pó. O vazio e o provisório – As pinturas de Sergei Jensen são exemplares desse conceito: o artista espalha tons de cinza e marrom sobre restos de tecidos puídos e simples sacos de pano, que são utilizados como base de suas pinturas. Hedonismo cruel – Fotos de Friederike Von Rauch, por exemplo, mostram a vida nos clubes noturnos de Berlim, que surgiram em espaços improvisados nas ruínas da cidade no pós-guerra.

Novos mapas e outros modernos – é o caso das obras que investigam o redesenho da cartografia de Berlim e da própria Alemanha, afastando-se do eurocentrismo e fertilizando uma arte plural que reconhece e abraça a diversidade do mundo. Em sintonia com o conceito está o vídeo A caça, de Christian Jankowski, que mostra um personagem que caça, literalmente, produtos de um supermercado com arco e flecha. O catálogo da exposição está disponível gratuitamente no link: http://culturabancodobrasil.com.br/portal/wp-content/uploads/2016/01/ Zeitgeist.pdf. O CCBB fica na Rua Primeiro de Março, 66. Entrada franca.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

A mais nova economia da Região Portuária Reprodução

Com apoio da Cdurp, da Cisco e do Sebrae-RJ, foi implantado na Região Portuária o projeto Distrito Criativo, que engloba todos os empreendedores da economia criativa que atuam no Porto Maravilha. Esses profissionais estão distribuídos em uma área que cobre 5 milhões de m2 do Porto do Rio e o objetivo é fazer do setor, em suas diversas vertentes, que vão do design à tecnologia de informação, passando pelo trabalho de entidades ligadas à cultura afro-brasileira, uma verdadeira força motriz do desenvolvimento local. Negócios, infraestru-

As indústrias criativas, segundo a (Unctad) Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento

tura, capacitação e cultura: eis os quatro eixos A economia criativa é

capaz de transformar o processo de geração de trabalho e renda nesse território, na

esteira da operação urbana que requalificou o urbanismo do Porto, introduzindo novas vias, novos equipamentos urbanos e transporte de Primeiro Mundo, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Ao mesmo tempo, a economia criativa valoriza roteiros culturais tradicionais, como a Pedra do Sal e o Morro da Providência. Assim, uma região que estava deteriorada há poucos anos atrás pode ressurgir no contexto de uma nova cidade, mais inteligente e mais conectada. No Porto, o êxito do Distrito Criativo implica em superar a cilada da gentrificação. A estratégia só pode ser uma: os moradores e agentes econômicos tradicionais têm

que ser envolvidos e participar do processo. Os moradores tradicionais não podem migrar para áreas menos valorizadas e precisam de suporte governamental, que inclua uma política habitacional, cursos de capacitação profissional e incentivo ao empreendedorismo. No mais, é como afirmou Edna Santos-Duisenberg, chefe do Programa de Economia e Indústria Criativa da Unctad: “Graças aos rápidos avanços tecnológicos, a conectividade faz parte do estilo de vida atual e influencia as nossas atitudes e escolhas diárias. Essa transformação está dando uma nova forma ao padrão geral de consumo cultural em todo o mundo e à maneira como

os produtos e serviços criativos e culturais são criados, produzidos, reproduzidos, distribuídos e comercializados em nível nacional e internacional. Nesse ambiente mutante, uma característica proeminente do século XXI é o crescente reconhecimento de que a criatividade e o talento humano, mais do que os fatores de produção tradicionais, como o trabalho e o capital, estão se tornando rapidamente um poderoso instrumento para fomentar ganhos de desenvolvimento”.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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destaques folha da rua larga

janeiro – fevereiro de 2016

Energia da Light em grandes eventos

dicas da cidade MAR mostra o Rio setecentista Para comemorar os 450 anos da Cidade Maravilhosa, o Museu de Arte do Rio (MAR) está promovendo uma exposição que mostra como era nossa capital no século XVIII, a época dos escravos, do Ciclo do Ouro, do barroco e do rococó. Foi nessa época que o Rio se tornou capital do vice-reino do Brasil e efetivamente se transformou numa cidade importante. Como declarou Carlos Antônio Gradim, diretor-presidente do Instituto Odeon, organização social que administra o MAR, o Rio setecentista se tornou uma “área de encontro entre cultura e comércio, polo de urbanidade e símbolo privilegiado de brasilidade frente ao mundo”. Os organizadores da mostra, ao planejá-la, colocaram importantes questões. Por exemplo: o que desse Rio antigo foi destruído, e o que é herança ingrata? Algumas certezas: no século XVIII, o Rio assegurou sua fama estética. A cidade passou a conjugar beleza natural e beleza urbana, conceito que se tornou recorrente em propagandas e propostas políticas. Também naquele momento, a população negra se expandiu, ainda que sempre à margem, e os índios, tão importantes na luta pela posse e fundação da cidade junto aos portugueses, simplesmente desapareceram do registro do desenvolvimento carioca. O encontro da cidade com o poder público é outro aspecto relevante de sua história setecentista: capital por quase 200 anos, o Rio percebeu o envolvimento do poder com o dinheiro, com a religião, com a cultura e com a exclusão social. No século XVIII, surgiu um surpreendente número de invocações à Virgem Maria, relacionadas às imagens devocionais cariocas cultuadas nas igrejas e em oratórios particulares: são mais de 30 nomes diferentes. Entre as que tiveram irmandade ou capela própria na cidade estão Nossa Senhora da Ajuda, Amparo, Boa Morte, Bonsucesso, Cabeça, Candelária, Carmo, Conceição, Dores, Graça, Glória, Lampadosa, Lapa, Livramento, Loreto, Mãe dos Homens, Mercês, Misericórdia, Montesserrate, Navegantes, do Ó, Parto, Pena, Penha, Piedade, Remédios, Rosário, Soledade, Terço e Vitória. Todas as devoções citadas estão representadas em imagens nas igrejas do Rio de Janeiro construídas no período colonial e, particularmente, no século XVIII, quando as irmandades leigas – elemento vital de articulação da sociedade colonial, às quais mesmo os escravos eram filiados – tiveram seu maior desenvolvimento. A maioria dessas imagens é de origem portuguesa, requinte possibilitado pela situação econômica privilegiada da capital dos vice-reis, porto escoadouro de ouro e diamantes de Minas Gerais No campo da arquitetura, a exposição traz à luz interessantes constatações históricas. Em 1743, foi inaugurada a nova Residência dos Governadores no Largo do Paço (atual Praça XV de Novembro), que se tornou o centro da vida civil do Rio. Projeto do sargento-mor José Fernandes Alpoim, ocupava parte de um edifício onde se localizavam outros serviços administrativos: a Sala dos Despachos dos Governadores, o Armazém d’El Rey, a Provedoria da Fazenda Real, a Residência do Provedor e a Casa da Moeda. A presença do Estado e do poder civil imporia uma visão hierarquizada e totalizadora aos espaços públicos e às construções, inclusive religiosas. Contudo, a prioridade de reconstrução de Lisboa, que se recuperava do terremoto de 1755, pesou sobre o orçamento da Coroa, deixando muitas obras do período de Bobadela inconclusas. Foi o caso da nova Sé e da residência do bispo dom Antonio do Desterro. As construções luso-brasileiras do período e, particularmente, a regularidade do Largo do Paço provocaram impactos no pensamento urbanístico português, como se percebe no Tratado de Ruação, de José de Figueiredo Seixas (c. 1760). O Largo do Paço precederia e dialogaria com a racionalidade da Praça do Comércio, concebida por Eugenio dos Santos e Carlos Mardel. No Rio e em Lisboa, esses espaços públicos celebravam uma mesma centralidade que já não poderia ser contida e se mostrava aberta ao além-mar. da redação redacao@folhadarualarga.com.br

A atuação da Light no fornecimento de energia para grandes eventos, como a Copa do Mundo, merece ser destaque em escala nacional, uma vez que todas as obras e ações planejadas foram concluídas dentro do prazo estabelecido. Na visão de Márcio Pereira Ridolfi, que ocupa na empresa o cargo de superintendente técnico de Alta Tensão, durante a Copa “o plano de operação e manutenção foi realizado com sucesso, sem interrupções de energia elétrica durante todo o evento”. A estrutura criada pela Light envolveu, aproximadamente, 1,6 mil profissionais. A companhia criou a Sala da Copa e instituiu reuniões diárias, além de conferências antes e depois dos jogos do Brasil e das partidas no Maracanã. Com muito planejamento e um esquema tático rigoroso, as equipes de campo cuidaram das inspeções

e manutenções preventivas em posições estratégicas. O Centro de Operação da Distribuição monitorou todos os circuitos que atenderam às principais instalações do evento. Marco Antônio de Araújo, gerente de Planejamento da Expansão de Alta Tensão, detalha como foi o processo: “Meses antes dos jogos, realizamos uma manutenção preventiva em todos os circuitos elétricos relacionados ao evento, por exemplo, rede hoteleira e aeroportos, bem como planejamos estrategicamente o posicionamento das equipes de emergência: tudo isso amparado por um plano de contingência amplamente divulgado dentro e fora da Light”. Internamente, a empresa mobilizou sua força de trabalho para garantir que tudo corresse bem durante a Copa. Além de mensagens, sorteios motivacionais e

Divulgação Light

A vez das Olimpíadas Agora chegou a hora da empresa trabalhar em prol das Olimpíadas. Muito do que foi feito para a Copa do Mundo será aproveitado para os Jogos Olímpicos que acontecerão no Rio em agosto de 2016. Toda a cidade é um imenso canteiro de obras, e a Light responde por diversos projetos que vão desde a construção de novas subestações até a instalação de novas linhas de transmissão em 138 kV e de distribuição em 13,8 kV, abrangidos pelo repasse de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Para organizar o trabalho, a companhia criou o GT Light-Olimpíadas, que vai acompanhar planos de obra, manutenção e operação. Em 2014, a companhia estabeleceu um conjunto de obras prioritárias no sistema de alta tensão – subestações e linhas de transmissão – para reforçar o suprimento de energia das instalações olímpicas, de acordo com planos definidos pela Autoridade Pública Olímpica, pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Três dessas obras foram concluídas

ações para engajamento de todos por meio do movimento #BrilhaBrasil e do projeto Orgulho de Ser Light, foram implantadas algumas iniciativas específicas para os profissionais que atuaram nesse período. Totalmente concluída em maio de 2014, a usina fotovoltaica do Maracanã gera, aproximadamente, 500 MWh de energia por ano, diminuindo as emissões de cerca de 300 toneladas de gás carbônico na atmosfera. Marco Antônio Donatelli, presidente da Light Esco, acrescenta: “A usina contribuiu para demonstrar, durante a Copa do Mundo, que o Brasil busca um perfil de produção de energia muito mais sustentável. Esse projeto se destaca na promoção da geração distribuída para diversificar a matriz energética brasileira, por meio de uma fonte energética inesgotável: o sol”.

O projeto Maracanã Solar instalou uma usina fotovoltaica nos anéis superiores do estádio, que produzem 400 kW de energia limpa, equivalente ao consumo anual de 240 residências

ainda em 2014: construção de ramais subterrâneos para a nova Subestação Gardênia e reconstrução de circuitos em Cascadura e Cordovil, restando 12 projetos a serem finalizados. Na rede de média tensão, estão em andamento obras que vão garantir o suprimento de energia elétrica dos locais de algumas competições, como a Arena de Vôlei de Praia em Copacabana, o Estádio da Lagoa, a Marina da Glória, o Parque do Flamengo, o Maracanã e o Engenhão, entre outros. E também dos locais de apoio ao evento, com destaque para a Vila dos Atletas. A Light participa, ainda, das obras do governo do Rio de Janeiro que visam

a melhorar a infraestrutura da cidade, como o Passeio Olímpico, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o Metrô e as vias expressas. A Light presta contas, regularmente, do andamento dessas obras ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. Dos R$ 548,9 milhões investidos, em 2014, no desenvolvimento de redes de distribuição e expansão, R$ 71,9 milhões foram destinados a investimentos específicos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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