Jornal Abra Ed. 16

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16ª Impressão Santa Maria, março/abril de 2009

Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

JOSEANA STRINGINI

Todo casal, em algum momento, já quis deter o poder de controlar o coração e os sentimentos a fim de evitar o sofrimento e a desilusão, e com Luiz e Nágila não foi diferente. Embora Renato Russo tenha proclamado que não existe razão nas coisas feitas pelo coração, todo relacionamento sempre deixa alguma lição.

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recomeçar

rado o “mês do recomeço”, o ABRA foi conferir em que situações essas variações ocorrem e como os santamarienses lidam com elas. JOSEANA STRINGINI

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Do que elas gostam

JULIANO PIRES

É hora de De maneira semelhante como acontece com a retomada dos estudos, para alguns, recomeçar outras atividades pode ser tão complexo quanto natural. E como março pode ser conside-

JULIANO PIRES

Pedra, flor e espinho

As mulheres que desafiam preconceitos e abrem portas não são exclusividade apenas dos grandes centros. Em Santa Maria, apesar de raras, elas estão mais atuantes do que nunca, e a exemplo de Carmem, provam que muitas atividades não são coisas só de homem.

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O valor do conhecimento

Na hora de assinar o contrato, prática e aprendizado passam a ser os objetivos principais das empresas e dos estagiários.

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MARÇO/Abril 2009

Editorial

Enquanto isso na prefeitura...

Sejam bem-vindos ao ABRA! Um longo bocejo... Olhos implorando para voltarem a se fechar... E uma longa espreguiçada para compensar a impossibilidade de regressar à folga... É assim que acontece com a grande maioria dos indivíduos no primeiro dia de retomada das atividades rotineiras. Porém, para a equipe do ABRA, o significado de recomeçar é bem diferente... Agendas cheias, correria, discussões rápidas e uma semana para produção. Foi nesse ritmo, semelhante ao ambiente profissional, que a equipe (revigorada e com novos integrantes) fechou a edição que chega às mãos dos nossos leitores. A expressão de que a produção “funciona melhor sob pressão” foi a máxima mais falada na redação e, por fim, reconhecida como uma verdade. Então, nada mais justo que nesse início de jornada a equipe acompanhasse as diferentes conjugações do verbo recomeçar nas mais diversas situações do dia a dia da cidade. Um relacionamento que inicia, um desempregado que ganha nova oportunidade, um dependente químico que alcança a recuperação e o “renascimento” de alguém de quem aguardava uma doação de órgãos são apenas alguns exemplos de como é possível a palavra recomeçar falar a mesma língua em diferentes classificações. E não se pode esquecer que março também é o mês delas, as mulheres. Na verdade as homenagens e reconhecimentos não devem se restringir somente ao 8 de março, porque a luta feminina é diária e as conquistas e afirmações se renovam a cada dia. A sensação de dever cumprido com orgulho e prazer é comum a todos integrantes do ABRA, e esperamos que de certa forma isso também possa ser apreciado e transmitido para os leitores a cada palavra lida. Boa leitura e até o próximo!

Expediente Jornal experimental interdisciplinar produzido sob coordenação do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra) Reitora: Profª Ifrani Rupollo Diretora de Área: Profª Sibila Rocha Coordenação do Curso de Comunicação Social - Jornalismo: Profª Rosana Cabral Zucolo Professores orientadores: Iuri Lammel Marques (MTb/RS 12734), Laura Elise Fabrício e Sione Gomes (MTb/SC 0743) Redação - Aprendiz Editor Chefe: Juliano Pires Diagramação: Leandro Gonçalves Equipe de Reportagem: Joseana Stringini, Jucineide Ferreira, Leandro Rodrigues, Liciane Brun e Vanessa Moro. Colaboração: Cassiano Cavalheiro Fotografia: Gabriela Perufo, Joseana Stringini, Jucineide Ferreira, Juliano Pires, Leandro Rodrigues e Vanessa Moro. Tratamento digital de imagem: Bibiane Moreira e Henrique Neto Impressão: Gráfica Gazeta do Sul Tiragem: 1000 exemplares Distribuição: gratuita e dirigida

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Pane no sistema

crise que afeta o mundo desde o ano passado expõe a fragilidade de nossas potências capitalistas e de todo um mecanismo de controle do sistema financeiro das nações. O poder, o dinheiro e as relações internacionais estão ameaçadas pela pane ocorrida neste sistema. O que parecia apenas uma carta de crédito se tornou um abalo financeiro global. Os poderosos foram a nocaute com um simples passo em falso, o dinheiro sumiu e as relações diplomáticas perderam a confiança, acarretando em dificuldades na capacidade de enfrentar uma crise dessa amplitude. Esse episódio não foi o único que envolveu a sociedade e crises econômicas. Em 1929, a excessiva expansão de crédito bancário e da especulação financeira, resultou em um colapso econômico. A bolsa de Nova Iorque despencou, os bancos fecharam, as empresas foram à falência e o desemprego assolou o mundo, o que não é diferente do atual momento. Essa maldição sócio política-econômica é decorrente de variáveis do sistema capitalista e mostra a

superficialidade e a ganância dos que se diziam poderosos, mas que não fizeram nada para evitar esse blecaute, e que ressalta o protecionismo econômico das potências de primeiro mundo. É através do conceito de que os fracos não têm vez (países pobres) e de todos por um (países ricos) que se estabelece a verdadeira hegemonia mundial. A crise, de proporções antes inimagináveis, surgiu de uma pequena e subestimada falha no sistema que de repente fez BUM! E como a história se repete, é possível vermos os mesmos cenários, a mesma trama e os mesmos personagens interagindo no melhor estilo das regravações hollywoodianas. A expectativa é de que as máquinas voltem a funcionar e que os sistemas sejam restabelecidos com urgência. O medo é de que vá tudo pelos ares e ocorra uma desintegração social. Alguns dizem ser normal esse luto capitalista, outros justificam que é o momento de crescimento, mas, afinal, qual é a realidade? Por Jucineide Ferreira

Os privilégios do senso (in)comum

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ma forma clichê de começar um texto é iniciá-lo com uma explicação sobre determinado termo ou expressão que estejam relacionados ao contexto vivenciado pelo autor, ou com outras conexões estabelecidas por ele. Explicação essa que acaba vinculada ou ao significado popular, ou gramatical. Todo profissional ligado à produção textual tem que convir que algumas regras são muito bem-vindas, e que a maioria delas ajudam a melhorar o contorno estético das construções. Porém, sem deixar de primar pela qualidade estética, acredito que, com um pouco de experiência, vontade de se aprimorar e autocobrança, os resultados gerados podem ser positivíssimos. E nada mais justo também que a cada pauta elaborada, o próximo texto seja encarado como um recomeço, um novo mundo a ser recriado. Sim, porque recriamos fatos e situações a partir de olhares próprios e que, em dadas circunstâncias, passam a se tornar uma nova versão dos acontecimentos. Quem vai negar que o intimismo, a proximidade, a exteriorização e a (im)parcialidade pessoal, quando utilizadas na quantidade certa, não são um atrativo à leitura? À primeira impressão, parece que o verbo recome-

çar foi feito sob medida para ser classificado no pretérito. Pretérito que pode relacionado ao monótono, que por sua vez pode estar ligado com a rotina. Por outro lado, basta uma troca de idéias com outras pessoas para se perceber a gama de significados que a palavra pode adquirir, com sentidos que podem oscilar entre a tachação e a qualificação. Essas diferenças entre o emprego da palavra pelo profissional e a maneira que ela é recebida pelo leitor, tão destacadas ao longo da carreira, servem como alerta para os ruídos da comunicação. Na contramão dessa preocupação está a difícil, mas gratificante missão de apreender, ao mesmo tempo, a multiculturalidade das interpretações e a forma pela qual a experiência molda a maneira que compreendemos o mundo e seus atores individuais. É essa a pedra que atrapalha a vida de muitos (quase) jornalistas que, infelizmente, por motivos pessoais, e da mesma forma que se subjuga o “recomeçar”, acabam tropeçando e se estatelando com a face no chão. Por Juliano Pires


JUCINEIDE FERREIRA

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Aprendizado extracurricular

Com a nova lei, a troca de experiências passou a ser uma cláusula dos contratos

s alterações das novas leis de estágios foram propostas com objetivo de orientar estudantes, empresas e instituições de ensino públicas e particulares (ver box ao lado). A lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, agora reconhece o estágio como um vínculo educativo-profissionalizante. Ele será supervisionado e desenvolvido como parte do projeto pedagógico na formação do educando. Para a escola de informática Didática, os estágios para estudante dessa área não serão afetados com a nova lei. Na empresa passam, em média, 15 estagiários por ano, e atualmente a escola possui oito contratados. O proprietário Maurício da Silva avalia a situação e diz que não pretende fazer novas contratações por enquanto e, em uma próxima seleção, vai optar pelo estágio curricular. “Com essa nova lei seria mais fácil contratar um funcionário com experiência e carteira assinada. Mas quero ajudar no aprendizado desses alunos que precisam ter práticas antes de encarar o mercado de trabalho. É uma troca”, ressalta Silva. Já a acadêmica de Publicidade e Propaganda Fernanda Bueira, 22 anos, que estagia em uma empresa de comunicação da cidade, aprova a nova legislação: “Vai ser um beneficio para nós e o vínculo com a empresa vai ser mais forte. Acaba a exploração, porque antes se trabalhava oito horas por dia para ganhar R$100, sem falar que tínhamos que pagar para trabalhar”. Com a aplicação das novas regras, o governo federal pre-

tende estimular nas empresas brasileiras a consciência de suas responsabilidades sociais de acolher o estagiário em suas equipes técnicas e profissionais. Mais informações sobre os direitos instituídos para os estágios podem ser adquiridas no site do Ministério do Trabalho,

www.prt4.mpt.gov.br, ou no Setor de Estágios Não-Obrigatórios no Campus I da Unifra, prédio 2, sala 1. O horário de atendimento é das 8h às 11h e das 13h30 às 20h30, ou pelo e-mail estágios@unifra.br. Por Jucineide Ferreira

O que mudou... O estágio é uma exceção à existência de um contrato de emprego - Poderá ser obrigatório ou não, conforme as diretrizes curriculares da área de ensino e do projeto pedagógico do curso superior. - Estágio obrigatório é definido de acordo com as especificidades de cada curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção do diploma. - Estágio não-obrigatório é desenvolvido como uma atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. - De acordo com a lei, o estágio não gera vínculo empregatício, desde que obedecidos os requisitos da lei. - A jornada diária para acadêmicos do curso de Educação Especial e estudantes de ensino médio é de 4 horas, somando um total de 20 horas semanais. - Já para os acadêmicos dos demais cursos superiores a jornada é de 6 horas diárias, totalizando 30 horas. - O estagiário passa a dispor de 30 dias de férias após doze meses de estágio na mesma empresa ou proporcional ao tempo em que esteve em atividade. As férias também devem ser remuneras proporcionalmente, mesmo nos casos em que o estagiário possua alguma bolsa ou outra forma de contemplação. - O estágio realizado com fraude é nulo, e acarreta na formação de vínculo de emprego, no preenchimento na Carteira de Trabalho e pagamento de todos os direitos trabalhistas. - O estagiário não pode ser utilizado como substituição de empregados. - O estagiário poderá receber vale-transporte ou outra forma de benefício, sendo obrigatória sua concessão em casos de estágios não obrigatórios.

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Cobrança digital

VANESSA MORO

Quem é cliente de carteirinha do Saint Patrick Pub já está se acostumando com um novo processo de atendimento. O bar é um dos primeiros em Santa Maria a oferecer aos freqüentadores o cartão digital. O bar reinaugurou suas instalações em dezembro do ano passado e uma de suas principais mudanças empregadas foi o sistema “bitbar”, informa o gerente Alexandre Monfort. Na entrada, o cadastro ocorre por meio da impressão Bitbar facilitou a organização do local digital e o consumidor recebe um cartão. A cada pedido, o garçom marca no palmtop os números gravados no cartão digital. “Os produtos consumidos ficam todos salvos no sistema, e permite conhecermos os gostos dos clientes e o que mais os agradam”, esclarece um dos sócios-proprietários do estabelecimento, Clauson Kraemer. Ele destaca que, com a inserção desta técnica, muitos ficaram curiosos para conhecê-la de perto. Mas você deve estar se perguntando: como ter o controle do consumo? A resposta é simples, a qualquer momento o consumidor pode solicitar no balcão o valor da conta e fazer seu autocontrole. “Ele é feito por meio do extrato de conta e pelo valor total na hora de efetuar o pagamento”, explica Kraemer. A acadêmica de direito Ana Paula Maconatto é uma cliente fiel do bar e gostou do sistema implantado pela rapidez e praticidade no atendimento. Outra vantagem proporcionada pelo “bitbar” é a agilidade no momento de fechamento do caixa, que antes era feita de forma manual e levava em torno de uma hora. Por Vanessa Moro

Mídias sociais em debate na Unifra

O Salão de Atos do Conjunto III da Unifra ficou lotado de acadêmicos, professores e convidados para ouvir o publicitário, Gustavo “Mini” Bittencourt, 35 anos, que também é guitarrista e vocalista da banda porto-alegrense Walverdes. O tema da aula inaugural do curso de Publicidade e Propaganda da Unifra foi o papel das mídias sociais na experiência e a conexões com a Web 2.0. Bittencourt afirma que as velhas práticas de publicidade não funcionam como antes e que é preciso criatividade para as campanhas publicitárias. Os convidados também puderam ver exemplos de campanhas realizadas pela Agência Escala, onde o publicitário trabalha há 14 anos, e onde foram aplicadas diferentes formas de divulgação. Segundo ele, encontrar novas formas de fazer propaganda é um desafio, pois a atenção do consumidor está cada vez mais dividida. Bittencourt expôs que a fragmentação da audiência é inevitável, pois antes se trabalhava com poucos meios midiáticos e hoje tudo é meio. Outro ponto destacado foi a necessidade de gerar soluções em comunicação para atingir seus consumidores: “em vez de convencer o consumidor é necessário conectar as pessoas com sua mensagem”. Um workshop foi realizado à tarde para um grupo de acadêmicos. Eles tiveram a oportunidade de aprender um pouco mais sobre a profissão. A tarefa foi criar uma campanha de divulgação para um show de sua banda que utilizasse formas criativas e sem custo de propaganda. Por Leandro Rodrigues


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Luigi e a primeira série: um novo mundo a ser descoberto

Gostinho diferente Para facilitar à volta as aulas depois de um longo período de descanso, e amenizar as dificuldades com readaptação de hábitos, algumas atitudes podem ser adotadas. E foi o que fez a professora de Educação Física Tânia Homrich, mãe de Luigi Frare, de 5 anos, que começou a frequentar a 1ª série do ensino fundamental. Ela começou a reorganizar a rotina do filho antes mesmo das aulas iniciarem: “Ele costumava assistir desenho animado até tarde, agora quando precisa acordar mais cedo vai mais cedo pra cama também.” Luigi comprova que a tática de Tânia foi bem sucedida: “Ontem não consegui olhar desenho, tava cansado.” A mãe explica que os motivos do filho “estar cansado”, são relativos ao tempo que leva para que Luigi se adapte à nova rotina e que é importante para que ele se acostume à rigorosidade dos horários e à realização dos temas em casa. Brincadeira e aprendizado. É essa relação que permeia a proposta de educação das séries iniciais. A finalidade é fazer com que o ambiente escolar seja

mais próximo possível da socialização e do lúdico, mas também sem perder de vista o objetivo de ser uma introdução à alfabetização. Segundo o orientador educacional da Escola Medianeira, Luís Moraes, os alunos da 1ª série chegam ao final do ano sem obrigatoriedade de ter adquirido o conhecimento da leitura e da escrita. “A ideia é fazer com que (os alunos) estejam socializados, em saber o que é o ambiente escolar”, explica orientador. Ele destaca que o início do ano letivo, principalmente para os pequenos, requer muito o apoio da família, porque a maior dificuldade é os pais deixarem a criança na escola. “Normalmente a criança chora, ou porque a escola é nova, ou porque eles estão muito acostumados ao tempo de férias, passado em casa”, completa Moraes. Já para as crianças maiores, como as da 5ª série, as mudanças são outras. Eles saem da unidocência, ou seja, deixam de ter um único professor, e passam a ter um para cada disciplina. “E eles tem que se adaptar às mudanças de horário e de troca de professores na sala, além de organizarem melhor seu tempo, seu espaço e suas atividades”, salienta o orientador.

Se você pensa que a adaptação com o recomeço do ano letivo e as mudanças na rotina diária ocorrem apenas com os pequenos e iniciantes na vida escolar, errou. Os grandões e já mais acostumados com as aulas, também sofrem com esse recomeço. É o caso dos estudantes de Publicidade e Propaganda da Unifra Rafael Del, 26 anos, Rafael Dutra e Luiz Livramento, ambos com 23. Para eles o que mais modifica com o recomeço das aulas é o fato de ter de regular o horário. “No início é difícil entrar no clima de aula, pois é muito tempo sem interagir com o meio acadêmico. Regular o horário para dormir e acordar é complicado, e beber até tarde durante a semana não dá também”, destaca Del. O retorno às aulas também passa por outro processo de readaptação: com o conteúdo. Os acadêmicos esclarecem que isso ocorre porque poucos livros sobre a área foram lidos nas férias. Livramento contou que nos primeiros dias de aula, foi motivo de piada em sala, por não lembrar de determinado assunto para um trabalho. Emprego etinerante Com o início das aulas, pais, alunos e professores tem de se adequar à velha rotina. Ciclo que faz parte há quinze anos da vida do vendedor de algodão doce, Pedro Rodrigues, 48 anos. “Todo o ano é a mesma função. Quando inicia as férias de inverno, tenho que andar por toda a cidade para vender meu produto, com as férias de verão é a mesma coisa”, explica Rodrigues. Para o vendedor, o consumo do algodão doce é maior na saída das aulas. Pois os compradores vão até ele, o que torna a venda mais fácil. Já nas férias das escolas, “tenho que me virar, usando corneta, carro, auto-falante. Eu preciso ir até eles”. Por Joseana Stringini

JOSEANA STRINGINI

C

hegou a hora de recomeçar. Hora de dormir mais cedo, de saltar da cama mais rápido e retornar aos estudos. Depois de um longo, mas com impressão de curto, período de férias, de viagens e de diversão, chega a hora de voltar ao universo estudantil e acadêmico. Para alguns, o recomeçar é sinônimo de novidade e vêm acompanhado da ansiedade. Para outros, significa reencontro com os colegas e retomada da preparação para a vida profissional. O início do ano letivo é um momento de muitas expectativas para os que começam uma nova fase, onde as mudanças, às vezes, são mais bruscas.

O efeito nos adultos

Ter um negócio que dependa do ano letivo pode não ser tão doce assim

A busca pela independência Enquanto você faz a leitura desta reportagem, estima-se que 12.500 pessoas fazem uso de algum tipo de droga ilícita ou não no Brasil. Os dados são do Escritório Sobre Drogas e Crimes da Organização das Nações Unidas (UNODC). A dependência química é considerada pelo Ministério da Saúde brasileiro uma doença e seu tratamento é uma necessidade pública. É com esse intuito que o Centro de Atenção Psicossocial Caminhos do Sol (CAPS) atende cerca de 500 pessoas por mês em busca de ajuda para se tratar da dependência, seja por álcool, por drogas ou até mesmo pelo cigarro. São casos como o do representante comercial Adão Volmir de Matos, 45 anos, que conseguiu livrar-se da dependência do álcool, algo que começou aos nove anos de idade. Ele relata que por ser de uma família de descendência italiana, era comum beber vinho nas refeições. Pouco a pouco esse hábito tornou-se frequente e ele passou a incorporar outros tipos de bebida. Matos, que está sem ingerir álcool há 18 meses, se considera recuperado e voltou a trabalhar. Ele também participa do grupo de Alcoólicos Anônimos de Santa Maria, onde atua como coordenador da entidade. A equipe do CAPS conta com psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras e fisioterapeutas para dar suporte ao tratamento da dependência química. Além disso, o centro oferece outras atividades: artesanato, esportes e oficinas de marcenaria. Tudo para que o usuário eleve sua autoestima e reencontre seus objetivos. Diovane Bassan de Souza, 29 anos, ex-usuário de crack, conta que chegou ao ponto de vender seus objetos e roupas. Quando começou a roubar na rua para comprar a droga ele resolveu pedir ajuda aos pais. Decidiu que era hora de parar: “Busquei tratamento quando comecei a roubar na rua e perder o amor das pessoas. Estou sem usar drogas há sete meses. É meu recomeço de vida, estou em casa com minha mãe de novo. Estou fazendo um curso para eletricista e pretendo terminar meus estudos também”, completa. Pimeiro passo é reconhecer a dependência

sioterapeuta, trabalha na instituição há mais de um ano e integra a equipe que gerencia o local. Segundo ela, o usuário que chega à instituição passa pelo mesmo tipo de procedimento. Primeiro é analisado o caso e, quando a pessoa decide se tratar, ela vai para uma entrevista individual para definir o tipo de tratamento. São três níveis, e cada um depende do grau da dependência e da disponibilidade. No intensivo, o dependente vai ao centro de atenção todos os dias da semana. Já no semi-intensivo, ele vai ao CAPS três vezes por semana e, por fim, no não-intensivo, a pessoa vai somente às reuniões de grupos e nas consultas. No centro há também grupos para as famílias dos usuários, já que o ambiente familiar é importante para a recuperação do dependente. Antônio, 43 anos, ex-motorista de ônibus, considera-se um vencedor. Ele procurou tratamento quanto tinha 32 anos, após começar a ter convulsões e alucinações. “Via bichos, pessoas onde não havia nada”, explica ele. Antonio está em fase de conclusão do ensino médio e sua meta é fazer medicina. “Meu filhos estão mais próximos de mim e já saem comigo. Isso aconteceu por que me reconheci como alcoólatra e vim me tratar”, finaliza. O CAPS Caminhos do Sol está localizado na Rua Benjamim Constant, 1130 e funciona de segunda a sexta-feira das 8h às 17h30min.

Lionara Paim Marinho é fi-

Por Leandro Rodrigues

GABRIELA PERUFO

JOSEANA STRINGINI

O início da jornada

Lionara destaca que a família tem papel importante na recuperação


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Quando a máquina precisa de reparos

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ocê já ganhou alguma vez na loteria? Segundo a Caixa Federal, as chances de ganhar o prêmio da mega-sena, em uma estimativa aproximada, são de uma em 50 milhões. A probabilidade de se receber um órgão também não fica muito longe desses números. Por isso, a chance de quem está na fila de espera por um transplante pode ser comparado a um jogo de loteria. A realização de transplantes segue uma rigorosa seleção por tempo de espera, mas esse não é o único critério. O fator principal, e que determina se uma pessoa pode ou não receber um determinado órgão, é a compatibilidade de sangue e de tecidos. As chances de alguém ser contemplado com uma doação poderiam ser maiores, caso o número de pacientes nas filas não crescesse a cada dia. Em todo o estado gaúcho a fila conta com mais de 4 mil pessoas. No Hospital Universitário (HUSM) e na Casa de Saúde em Santa Maria há cerca de 320 pessoas em tratamento dialítico, ou seja, com problemas de insuficiência renal crônica, e que necessitam de um transplante de rim. Mas a realidade é que, em média, ocorrem somente 10 doações desse tipo de órgão por ano. Segundo o Ministério da Saúde, em 2008 houve um crescimento de 10% no número de doações no país (em 2008: teve 19.125 transplantes, contra 17.428 no ano anterior). O aumento é interpretado pelo go-

JOSEANA STRINGINI

Mesmo após idas e vindas, Severo mantém viva a esperança

verno como resultado dos efeitos das campanhas de sensibilização do público. Entretanto, alguns Estados tiveram uma redução no número de transplantes. Entre eles o Rio Grande do Sul, com uma queda de 5%. Números versus esperança Se para alguns pacientes o número crescente de pessoas na fila de espera e a baixa realização de transplantes é desanimador, para outros, a vontade de ter uma vida normal é a motivação para seguir na luta. Em 1994, Ângelo Severo começou a sentir que seu corpo ficava muito inchado e a pressão

passou a subir. A fim de evitar maiores complicações ele consultou diferentes médicos, mas a receita e o diagnóstico eram os mesmos: remédios para a pressão. Num certo dia, no seu ambiente de trabalho, Severo teve uma convulsão e “apagou”. “Fui parar no hospital, acordei depois de trinta dias em coma e já fazendo diálise peritoneal”, comenta ele. A rotina de tratamento de Severo continuou até maio de 1995, quando sua irmã doou um de seus rins a ele. A chance de retomar a vida havia chegado. “Me livrei das máquinas. Uma maravilha. Mudou tudo na minha vida, voltei a rotina normal, recomecei tudo”, destaca Severo.

Porém, a história que parecia ter um final feliz passou por outra reviravolta. Um ano e seis meses depois, após o resultado de um exame, os médicos descobriram que Severo tinha fibrose, e que o rim que havia recebido com 13 centímetros estava com 6. O órgão precisou ser removido com urgência, pois já estava medindo 4 cm e “parecendo uma pedra”, e ele precisou retomar as diálises. “Foi um ano e seis meses de muita felicidade, aproveitei muito a vida nesse tempo, tomava bastante refrigerante, que eu adoro, agora não dá mais, não posso nem trabalhar”, relembra Severo. No entanto, o que poderia ser um obstáculo, não desestimula Severo, que sonha em ter sua vida normal de volta: “Vou entrar na fila de espera e aguardar por um doador, já faz 14 anos que estou de castigo. Tenho uma filha de 9 anos e vou lutar, vou tentar de novo, preciso ver ela fazer 15 anos”. De repente, amiga Segundo a enfermeira especialista em nefrologia, Macilene Pauletto, que atua na Clínica de Renal de Santa Maria e na Nefrologia do HUSM, o transplante de rim não é a cura definitiva: “É uma parte do tratamento para a insuficiência renal crônica, e que dá uma melhor qualidade de vida para o paciente, porque melhora alguns aspectos clínicos, a liberdade, o convívio familiar e o retorno para o trabalho”. A nefrologista explica que os pacientes que fazem o tratamen-

to passam por diversas restrições, como de líquidos e frutas por causa do potássio, e da liberdade: “O ir e vir dos pacientes fica limitado. Eles podem viajar, mas precisam ir à lugares que tenham um centro de diálise, o que causa medo de ir para uma cidade desconhecida”. Como o tratamento requer idas freqüentes ao hospital, Macilene diz já fazer parte de uma grande família. Ela, que conhece um pouco da história e da vida de cada paciente, acabou adquirindo proximidade com eles: “Quando eu chego no hospital já tem pacientes que perguntam ‘e aí doutora, trouxe meu rim hoje?’, ou ‘quando que a senhora vai me tirar daqui?’”. A sensação que os pacientes têm ao receber um órgão é comparada pela nefrologista à uma metáfora feita por um paciente em relação à transformação vivenciada por ele: “Antes eu me sentia um passarinho na gaiola, sem forças para sair, preso àquela vida. Depois que recebi um órgão, tudo mudou. Ganhei asas, fiquei livre e pude recomeçar minha vida”. A sensação de satisfação, de acordo com Macilene, também é percebida nos doadores e muitas vezes envolve uma questão de sentimento: “A saúde da pessoa que doa é muito boa, até porque ela passa por uma série de avaliações, e eles tem a sensação de sair de uma prisão, a sensação de estar dando mais vida. Sentem-se satisfeitos em poder ajudar”. Por Joseana Stringini

Nunca é tarde para (re)começar

A volta do público adulto e idoso aos estudos teve um crescimento significativo nos últimos anos. O principal motivo que leva os estudantes a deixarem de frequentar as salas de aula é a adoção prematura de responsabilidades ou a necessidade de auxiliar financeiramente em casa. Esse fato também mudou a maneira de como encarar a carreira profissional, relacionando a continuidade da formação e do aperfeiçoamento à permanência no mercado de trabalho, estabilidade essa que antes era assegurada com a experiência na atividade e não tanto com os estudos. Algumas vezes a percepção da importância dos estudos só se torna possível a partir de uma certa idade, do qual os indivíduos passam a estar mais convictos e determinados para correr

atrás de seus objetivos. Uma dessas pessoas é o acadêmico de Jornalismo da Unifra Gilberto Rezer, 51 anos, que acredita que ”voltar aos estudos foi uma forma de recomeçar a vida e dar a volta por cima”. Ele, que durante 25 anos foi funcionário da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), e devido à privatização, foi demitido e ficou cinco anos desempregado. Entretanto, Rezer não parou e acabou montando uma distribuidora de bebidas com um colega, e que dava empregos a mais 14 pessoas, mas, por serem inexperientes nesse ramo de negócios, a empresa precisou encerrar as atividades. A situação se agravou e ele e sua família precisaram vender o apartamento, e deixar de lado comodidades como telefones celulares, tv a cabo, internet,

carro e tudo o que poderia ser considerado supérfluo e recomeçar do zero. Outro motivo que o impulsionou a retomar os estudos foi a comoção ao constatar que muitos ex-colegas de serviço, desempregados e despreparados para a nova vida, morreram por diversos motivos como doenças, bebidas, solidão, drogas, stress, depressão, etc. Para evitar o mesmo destino, Rezer contou com a ajuda dos familiares e da consciência: “O incentivo da minha família e a necessidade de atualização foram uma oportunidade que eu não poderia deixar passar”. Hoje, além de acadêmico da Unifra, ele também é funcionário terceirizado da instituição. Para o pessoal mais maduro, voltar aos estudos também traz benefícios para auto-estima, aumenta o círculo de amizades

e o surgimento de novas oportunidades, além propiciarem desenvolvimento, informação e conectar a pessoa com o mundo de maneira prazeirosa e não como obrigação. É nisso que acredita a estudante de Magistério Deise Nunes, 41 anos, que voltou a estudar por necessidade pessoal. Ela, que trabalhou como vendedora e caixa em uma loja durante quatro anos, casou e teve uma filha, precisou se afastar dos estudos por 12 anos. Segundo ela, o seu atual momento, de maturidade e aspirações bem definidas, facilitaram o retorno às salas de aula. “Eu precisava me realizar no sentido profissional e pessoal, mas, principalmente, para ajudar minha filha e acompanhar meu marido”, destaca Deise. Por Jucineide Ferreira

BANCO DE DADOS - 11/2008

Fé e força de vontade foram a energia de Rezer


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Sentidos do

Em diversas situações do cotidiano as pessoas desenvolvem métodos e situações que as permitem evitar e aprender com os erros, mas será que isso se aplica ao coração?

REPORTAGEM

coração

FOTOS JULIANO PIRES

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erminar um relaciona- alguém”, revela. Antes de ficamento não é nada fácil, rem juntos, Nágila e Chaves já se mas recomeçar outro conheciam há aproximadamente pode ser um objetivo tão ou 15 anos, desde o período em que mais complicado. Algumas foram colegas no Colégio Estavezes, no impulso de superar dual Manoel Ribas. A nutricioa dor por um fim de relaciona- nista explica que existia apenas mento ou por um sentimento coleguismo, amizade entre os de solidão, as pessoas transfor- dois e não passava disso. O vetemam a busca pela reconstrução rinário, no entanto, tem outra dos laços afetivos em necessi- versão: “Ela sempre falava do dade pessoal. Recomeçar exige pai dela, e isso impedia qualquer cautela, pois, dependendo do aproximação (risos)”, fazendo indivíduo, o termo pode ter referência à origem árabe da diferentes interpretações como família de Nágila. divertido, amedrontador ou até Outra curiosidade na história mesmo decepdo casal é de cionante. que os dois “Nada melhor A desconeram vizinhos que um grande e não estabefiança, a falta de afinidade e a leciam conamor para o distância entre tato. Nágila cidades estão explica que recomeço entre os fatono início foi res decisivos estranho, pois da vida” para o término já o conhecia de muitas relações amorosas. E há anos, mas o sentimento que foi devido a esses obstáculos que brotou era novo. Chaves como fim do relacionamento não foi plementa que ela chamou sua tão chocante para a nutricionista atenção no mesmo dia em que Nágila Samara, 30 anos, pois terminou o namoro de dois anos, ela já esperava por esse desfe- quando na saída do bar, ele se cho. Segundo ela o sentimento deparou com o vidro do carro pelo ex-companheiro estava todo riscado de batom, com apagado e ele não correspondia direito até a um desenho de coraàs suas expectativas. ção feito pela ex-namorada. Ao Por outro lado, a solteirice seu lado, estava Nágila a quem não completou dois meses. Ela ofereceu carona. “Ela eu levo. É conta que conheceu seu atual minha vizinha”, lembra ele. namorado, Luiz Ângelo Chaves, Passado uma semana desde 32 anos, no Bar do Pingo, num o encontro no Pingo, Chaves encontro entre amigos e que a convidou para viajarem até algo foi natural, espontâneo, a casa de amigos, em Rivera. não-previsto ou agendado. “Não O primeiro beijo rolou durante fiquei no desespero de encontrar a viagem e assim se deu inicio

Luiz e Nágila: um encontro que aconteceu naturalmente

ao namoro de um ano. Chaves reconhece que no começo estava curtindo o momento sem se atrelar à perspectivas futuras, mas hoje declara querer compartilhar a vida com a parceira e dá a dica para um relacionamento duradouro: “Deve haver amor, compreensão, companheirismo e vontade de crescer juntos”. Uma ligação, um lual e um novo dia

Anelise dá a dica: o tempo pode ser o melhor remédio

O vendedor carioca Gideon Teles Junior, 28 anos, tirou uma lição semelhante com o fim conturbado de seu relacionamento. Segundo ele, seu erro pode ter sido impor seu espaço e sua maneira de pensar, atitude essa que ele não repetiria hoje. “Quanto mais verdadeiro e transparente (o relacionamento) melhor será o entendimento entre o casal, além da sinceridade e do respeito”, frisa Junior. Ele tem uma filha de quatro anos com a ex-namorada, e isso não o impediu de romper a relação e de buscar a felicidade sem

a companhia dela. O vendedor, que mora no sul há cinco anos, conheceu Cláudia, sua noiva e futura esposa, durante um lual em Itaara. Eles estavam com grupos de amigos distintos e, por meio de uma ligação foi realizado um convite para que todos se reunissem. O encontro foi inusitado e se caracterizou pelo amor à primeira vista. “Já iniciou errado num ambiente romântico”, brinca Junior. Frustrado e traumatizado com a experiência anterior, ele acreditava que todos os relacionamentos seriam iguais. No início Junior fugia do sentimento e nem cogitava a possibilidade de se entregar à nova relação. Como o sentimento se tornou mais forte do que sua resistência, ele acabou se rendendo e redescobriu a capacidade de recomeçar: “Nada melhor que um grande amor para o recomeço da vida”. Depois de muita reflexão, o vendedor está consciente que cada namoro é marcado por particularidades, defeitos e acertos.

Deixa acontecer naturalmente “O fim significa uma perda e nada melhor que elaborar um ‘luto’ para (a pessoa) refletir o porquê que acabou e onde teve participação”, explica a psicóloga Anelise Araújo. Depois de refletir sobre o assunto e compreender o término é possível assimilar e buscar uma nova relação. O recomeçar também é sinônimo de medo e receio para quem já foi traído, despertando lembranças do sofrimento no passado e o risco de projetá-los como o desfecho de envolvimentos futuros. O início de uma nova relação afetiva mexe com as questões íntimas, emocionais e pessoais. Anelise explica que uma das habilidades do ser humano é investir nos sentimentos, em projetos e fazer planos de vida. Todo o recomeço passa por várias fases, como a paquera, sedução e até a conquista amorosa, o que se assemelha com as etapas descritas pela psicóloga. A expectativa, nos primeiros encontros, é depositada no comportamento visual e pessoal. Isso ocorre justamente pela criação de um perfil de personalidade da pessoa com quem você quer compartilhar a vida ou idealizada como alma gêmea. “Não devemos ter um raciocínio fechado, instituindo um perfil padrão do sexo oposto. É uma fantasia que criamos e distante da realidade”, esclarece Anelise. Segundo Chaves, namorado de Nágila, a beleza, a comunicação e a espontaneidade foram quesitos que ele buscou encontrar na sua atual relação. Ele confessa que é festeiro, e que as pessoas, quando forem se envolver, precisam ter gostos e pensamentos parecidos. A psicóloga alerta que a ansiedade e a confiança em engrenar naquele relacionamento podem ser influenciados pela decepção. E que somado a isso podem vir a obsessão pela busca constante de uma relação afetiva. A baixa autoestima causada pela frustração pode desenvolver um estágio de depressão, transtorno do pânico, alterar o desempenho nos estudos, no trabalho e na relação familiar. Anelise ressalta que não se devem estipular prazos para encontrar a alma gêmea e que a melhor alternativa é romper com a idealização de pessoas e a busca de padrões, e deixar acontecer naturalmente. E como diria Alex Hitchens, personagem vivido por Will Smith na comédia romântica Hitch, Conselheiro Amoroso (2005), a regra do amor é que não existem regras. Por Vanessa Moro


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REPORTAGEM

Uma breve retrospectiva

Uma história feminina

A luta das mulheres para conquistar espaço na sociedade vem de longa data e não cessam

Carmem abriu as portas da profissão de motorista de ônibus para as mulheres

reram várias trabalhadoras. Elas teriam sido trancadas pelo patrão para evitar que se unissem a um protesto que estava sendo realizando na frente da fábrica. O Dia Internacional Mulher da foi revitalizado pelo feminismo em homenagem a essas mulheres em meados da década de 60. Em1975 a Organização das Naçoes Unidas (ONU), designou o dia 8 de Março às celebrações dos feitos políticos e sociais alcançados pela mulher desde então. Profissão: a nova versão do feminino Ao longo dos anos foram inúmeros os desafios para romper uma cultura em que a mulher atuava exclusivamente para desenvolver atividades domésticas, cuidar dos filhos e do marido ou, no máximo, empreender atividades de cunho artesanal ou educacional. Hoje elas são vistas com outros olhos pela sociedade, que passou a reconhecê-las por seu profissionalismo. Caminhoneiras, advogadas, diretoras, cientistas, médicas, metalúrgicas, chefes de família. As profissões não são mistério e

A Mulher é tema de pesquisa O empoderamento social da mulher através da formação universitária é o foco da pesquisa das professoras da Unifra Janea Kessler, Ana Luiza Coiro e Daniela Pedroso. O estudo vai ser realizado através de entrevistas e nas histórias das mulheres que ingressaram no ensino superior na Faculdade da Imaculada Conceição (FIC) e na Faculdade de Enfermagem da Nossa Senhora Medianeira (FACEM), no período de 1955 até 1975, quando a ONU instituiu o dia internacional das mulheres. O objetivo das pesquisadoras é estudar como essas mulheres articularam, através de movimentos sociais, uma revolução no comportamento que as transformaram em protagonistas da construção do feminino. Outro ponto analisado é a figura do feminino no discurso da publicidade nesse período. Para a professora Ana Luiza, a finalidade da pesquisa é saber como as mulheres, através do trabalho, conquistaram sua independência. “Vai ser por meio de entrevistas que vamos descobrir como essas mulheres conseguiram, na prática, sua emancipação social e profissional”, relata a professora.

nem tabu para as mulheres, que passaram a quebrar com tranquilidade, competência e classe as barreiras do preconceito. Exemplo dessa competição sadia é a frentista Bruna Severo Bordin, 18 anos. Limpar párabrisas e encher o tanque dos carros para ela é um trabalho rotineiro e encarado da mesma forma pelos colegas do sexo oposto. “Alguns clientes acham estranho uma mulher atende-los. Mas eu nunca tive problema”,

FOTOS LEANDRO RODRIGUES

No século passado, durante o acelerado processo de industrialização, as mulheres começaram a trabalhar nas fábricas de vestuário e indústria têxtil, com horários de trabalho que ultrapassavam as 16 horas e com grandes diferenças de salários em relação aos homens. A desigualdade, as más condições de trabalho e o direito ao voto impulsionaram a luta pela equivalência sexual. Os movimentos civis e feministas começaram a surgir e ganhar força nos Estados Unidos e na Europa, organizando-se através de assembléias e protestos para se posicionarem contra legislações e costumes que submetiam as mulheres a uma posição de inferioridade. Porém, embora cada país tivesse as suas particularidades legais, os homens continuavam mantendo um certo domínio sobre as mulheres e seus bens. No entanto, de maneira especial no Dia das Mulheres, é possível perceber o avanço das conquistas delas nas esferas pessoal e profissional em relação às datas passadas e de se projetar estimativas para o futuro. A origem do dia tem várias versões sobre seu surgimento, mas o ponto em comum entre todas é que o ponto principal foi um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova Iorque, onde mor-

MARÇO/ABRIL 2009

JULIANO PIRES

N

o dia 8 de março se comemora o dia Internacional da Mulher. Nesta data, lembramos as conquistas políticas, sociais e econômicas alcançadas por elas a partir dos primeiros anos do século XX. Apesar de alguns sinais sociais da permanência de idéias ultrapassadas em relação às mulheres, e que ainda são possíveis de serem detectadas em algumas civilizações socialmente menos avançadas, a luta feminina por mais dignidade têm sido constante. E esta data simboliza a maior mudança histórica do papel social feminino.

7

Capricho e simpatia, os diferenciais de Bruna

Encontrar uma moto-taxista é uma tarefa difícil

esclarece Bruna. Segundo o gerente do posto, Waldir Besell, que trabalha nesse ramo a mais de 20 anos, as mulheres têm um diferencial, pois sabem lidar com a clientela e capricham na prestação dos serviços. “Elas são delicadas e experientes nesses serviços mais leves. E eu valorizo muito esse espaço que as mulheres têm hoje no campo profissional”, destaca o gerente. “A senhora trabalha na empresa de ônibus, não é?” A senhora é Carmem Lúcia Menezes, 41anos, que trabalha como motorista de ônibus há 10 anos e hoje integra a equipe da empresa Salgado Filho. Ela conta que nem sempre o tratamento foi cordial e que o preconceito foi o maior obstáculo da profissão: “Logo que entrei na empresa sofri muito preconceito, tanto dos passageiros, quanto dos colegas. Eu ouvia muitos comentários a respeito de mim dentro do ônibus enquanto fazia meu trabalho”. Por outro lado, também existia quem a estimulasse a persistir na profissão: “O gerente me disse que

isso iria ser normal no começo e que era para eu relaxar”, diz ela, agora com sorriso no rosto. Carmem é conhecida como uma das poucas mulheres atuando em sua profissão em Santa Maria. Para ela, o fato das pessoas a reconhecerem como motorista de ônibus é recompensador: “É muito bom ser lembrada, porque isso prova que eu venci essa barreira (do preconceito)”. Mas faz uma ressalva: de que ainda há poucas mulheres nessa ocupação pela falta oportunidade e o preconceito. O desafio de mostrar a afirmação em novos campos profissionais também é uma realização da moto-taxista Luane Gonçalves da Silva, 19 anos. Ela, que trabalha há cinco meses na área, reconhece que é importante que as mulheres conquistem as profissões que antes eram exclusivas do sexo masculino. Luane afirma que nunca passou por nenhuma situação que envolvesse algum tipo de discriminação por ser mulher e destaca: “As mulheres preferem meu serviço, mas também tenho clientes homens”. No entanto, embora a superação da barreira do gênero seja uma conquista estabelecida e já faça parte do cotidiano moderno, uma grande parte da população feminina mundial vive em países sem infra-estrutura ou sem direitos à saúde, educação, trabalho remunerado, liberdade de expressão e direitos civis que garantam uma vida digna. Por isso, mais do que uma data que comemore as façanhas, e da mesma forma como não se desiste dos objetivos e da busca por conquistas e realizações, é fundamental que o 8 de março não deixe o que espírito de luta se apague ou se acomode. Por Jucineide Ferreira


16ª Impressão Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

Seguidores da Sétima Arte

E

A pequena miss agradou o público que assistiu seu desfile na telona

coisas que não havíamos notado e também olhar as histórias com outros olhos”, explica a acadêmica de Jornalismo da Unifra, Ananda Delevati,

LAURA FABRÍCIO

m abril o Cineclube Unifra completa seis anos, mas sua trajetória não foi construída apenas com exibição de clássicos do cinema. A equipe é quem trabalha para fazer o filme ser projetado e refletir na telona toda a magia da sétima arte. Sob a tutela do professor Bebeto Badke, responsável pelo Cineclube, os estudantes dos cursos de Comunicação Social da Unifra se dividem em atividades diversas, e com dedicação e muito amor à camiseta, são um dos principais fatores do seu sucesso. A fórmula é simples. Sem esquecer os trabalhos desenvolvidos anteriormente, as tarefas são distribuídas e debatidas nos encontros semanais. Nessas reuniões todos os integrantes conversam e trocam experiências cinematográficas. “Após assistir aos filmes sempre nos juntamos para debater sobre ele. Cada um tem um olhar diferente sobre o filme e isso nos faz perceber

JULIANO PIRES

A equipe do Cineclube Unifra liderada pelo professor Bebeto Badke

18 anos. Os encontros acontecem tanto para que alguns detalhes sejam resolvidos, quanto para escolha dos ciclos e filmes que serão exibidos nas próximas sessões. Enquanto os acadêmicos de Jornalismo são responsáveis pela divulgação dos releases para imprensa, elaboração de textos para informativos e aparelhagem técnica, os estudantes de Publicidade e Propaganda criam, confeccionam e distribuem os cartazes de divulgação dos filmes exibidos. Os cartazes produzidos para o cineclube, além de arrancarem elogios, também já foram reconhecidos com o Prêmio Universitário de Publicidade e Propaganda da Unifra. A premiação, que contou com duas

Acima os cartazes premiados de “O Castelo Voador” e a “Bonequinha de Luxo”

edições, teve como vencedor na categoria Cartaz Ouro de 2007 os acadêmicos Hedilaura e Rafael Guerra, com o cartaz Bonequinha de Luxo. Em 2008 Hedilaura ganhou com o cartaz de Sonhos. “O segundo prêmio foi uma satisfação de saber que o esforço em prosseguir buscando novas formas de compor foi reconhecido pelos profissionais da área”, esclarece a acadêmica. No mesmo ano Rafael Guerra recebeu menção honrosa pelos cartazes dos filmes Simplesmente Martha e O Castelo Animado. Àqueles que se interessaram em integrar a equipe do Cineclube Unifra, as reuniões acontecem todas as terças-feiras, às 17h30, no Laboratório de Comunicação Integrada, no prédio 14, sala 607.

O primeiro ciclo do semestre foi “Famílias Bizarras”, que exibiu filmes sobre famílias incomuns, com seus problemas e alegrias. Já a próxima rodada de longas tem como título “Preto, Branco em Cores” e vai contar com filmes onde a cor vai além da estética e se torna quase um personagem da narrativa. A programação conta com O deserto vermelho (04/04), O clã das adagas voadoras (18/04) e O homem que não estava lá (25/04). E vale lembrar que dia 11 não terá sessão. As exibições ocorrem aos sábados à tarde no salão azul do conjunto 1 da Unifra. A entrada é franca. Compareça e boa sessão! Por Cassiano Cavalheiro

Outros elementos na TV Unifra Uma nova atração entrou na grade da TV Unifra este semestre. Trata-se do programa Outros Elementos, que substitui o Calça Frouxa. A atração tem um estilo informal e descontraído, e também conta, a cada edição, com um convidado diferente. Além disso, também

são gravadas enquetes sobre o assunto em pauta no programa. “Neste inicio, vamos gravar programas sobre a realidade de Santa Maria, mas, nada de política ou saúde. É um programa de entretenimento para jovens, então rock, trote universitário e cinema serão as primeiras

coisas que vamos conversar”, comenta Rodrigo Ricordi, um dos idealizadores do programa. Além de Ricordi, também participam do programa os acadêmicos de Jornalismo Julio Marin e Michelle Teixeira, e da Publicidade e Propaganda, Diego Fantinel. Ao todo, serão

reprodução

MARÇO/ABRIL 2009

seis “elementos”, sendo o convidado o “quinto elemento”, e mais um surpresa. Segundo Rodrigo, Outros Elementos não tem um tema fixo, mas a produção sempre acompanha o que acontece de interessante na mídia para trazer ao programa. Os quatro

elementos da natureza caracterizam e tematizam o cenário e a abertura. A estreia do novo programa foi no dia 19 de março, e ele vai ao ar toda quinta-feira, ao meio dia, com reprise às 19h no canal 15 da NET. Por Liciane Brun


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