Revista Iate - 40

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DESIGN AERODINÂMICO Da Fórmula 1 para a arte

VELA FASHION A coleção da Louis Vuitton em homenagem à 35ª America’s Cup

Nº 40 JUNHO 2016

R$ 19,90


SUMÁRIO

64

NOSSA CAPA Escultura esturjão de carbono, de Alastair Gibson, em exposição no hotel 45 Park Lane, em Londres

POSTO DE COMANDO O novo MCY105’, do estaleiro italiano Monte Carlo Yachts, e o projeto da lancha esportiva Azimut Verve 40

116

64

DIÁRIO DE BORDO A Flórida, na Costa Sul dos EUA, revela paisagens e prazeres que vão além do universo de Mickey Mouse

72 ICS

A sede Angra dos Reis do Iate Clube de Santos completa 30 anos e continua empolgando os associados

80

MEMÓRIA Nada seduziu mais o poeta inglês John Masefield que o tráfego de embarcações

84

MEIO AMBIENTE O fotógrafo Érico Hiller registra a caça e o comércio ilegais dos chifres de rinoceronte, que o levam à extinção. O projeto de um jovem dinamarquês pode livrar os oceanos dos resíduos plásticos

92 MODA

A Louis Vuitton celebra 35 anos de parceria com a America’s Cup com uma coleção cápsula elegante e casual

102

MARÉ ALTA Ilhas Canárias, uma das experiências mais inusitadas da Espanha. Exposição ao ar livre em uma praia da Austrália. Glass Beach, a praia americana que virou o jogo. Uma praia exótica nas Ilhas Marietas, no México

92 118 TIMÃO

O restaurante peruano La Mar, no Hotel Mandarim Oriental de Miami; a pitoresca ilha de Anegada, a terceira maior do arquipélago das Ilhas Virgens Britânicas; Gozo, a segunda maior ilha do litoral de Malta; Ile de Ré, na França

120 MASTRO

A migração dos caranguejos vermelhos da terra para o mar, em uma ilha da Austrália


122

144

CINEMA

Comédia, drama ou terror – no mar, todos os gêneros são mais atraentes

128 MAROLA

Um museu em Washington-DC (EUA) construiu um “oceano” em seu hall e propôs um dia na praia

132 132

EXPOSIÇÃO O sul-africano Alastair Gibson usa utensílios e peças da F 1 para dar forma a esculturas de peixes

136 MUSEU

154 ISCA

A nova diretoria da Fundação Santos-Dumont deseja despertar a vocação e o interesse dos jovens pela aviação e o empreendedorismo

O restaurante Bossa, em São Paulo, alia gastronomia e bons drinques com música. Além de cozinha e bar, conta com estúdio para quem quiser se aventurar nos acordes

140

158

Réplicas realistas e detalhistas de embarcações históricas, lanchas e veleiros despertam as nossas fantasias

Navio propõe escola de gastronomia a bordo e passeios em terra, em busca de ingredientes e experiências gourmet

CABOTAGEM

144

GALLEY

160

VELA

LUXO A BORDO

O circuito de veleiros clássicos Panerai Classic Yachts Challenge. Diversão na primeira etapa do Circuito HPE30, realizada na Sede Guarujá do ICS

Na coluna da arquiteta Érica Giacomelli, o prazer do cinema a bordo, sob um céu estrelado

152

ESPORTE Vinte modalidades, muitas dentro d’água, fazem parte do Campeonato Mundial de Lenhadores, nos EUA

Papel certificado, consumo consciente


8 EDITORIAL

RECOMEÇO A crise política que assola o País, revelando uma série de táticas sinistras e jogando a nossa economia numa situação dramática, alterou os ânimos e dificultou a nossa vida. Mais do que matar um leão por dia, como dizia meu pai, precisamos domar uma série de feras das mais variadas espécies a todo momento. O Brasil parou diante da inércia de uma presidente que sofreu impeachment, mas a vida continua. E como sabemos que ela passa rápido demais, embora os momentos de crise pareçam não ter fim, tudo o que podemos fazer é viver em grande estilo. Afinal, luxo de verdade é aproveitar a vida. Por isso fazemos um convite: divirta-se, seja aqui, seja nas ilhas Canárias, seja no México ou na Austrália, visitando museus, construindo maquetes, assistindo a filmes, lendo, cozinhando, velejando no Caribe ou no Guarujá, explorando os mares em confortáveis iates ou lanchas estilosas, ou ainda experimentando vivências sensoriais em roteiros marítimos que unem aulas de gastronomia a bordo com passeios gourmet em terra. Sejamos felizes para acreditar em um grande recomeço. Esta edição marca os sete anos de existência da Revista Iate, e espero que marque também um momento de mudança para melhor em todos os aspectos da vida cotidiana de todos os brasileiros.

Berardino Antonio Fanganiello

Comodoro


12 EXPEDIENTE

CLUBES CONVENIADOS NO MUNDO Ano 8 – nº 40 – Junho de 2016

Mônaco

Uruguai

COMODORO

Berardino Fanganiello

CONSELHO EDITORIAL

Alberto Rubens Botti, Almirante Euclides Janot de Matos, Antonio Penteado Mendonça, Carlos Brancante, Eduardo de Souza Ramos, Felipe Furquim, Jonas de Barros Penteado, Lars Grael, Luiz Felipe D’Avila, Mario Simonsen

Argentina Itália

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Luxemburgo

DIREÇÃO EDITORIAL Judite Scholz judite@revistaiate.com.br

DIREÇÃO DE ARTE Priscila Pagano Afonso priscila@revistaiate.com.br

Portugal Anguilla

REDAÇÃO

Suíça

Clara Marques (estagiária) clara.marques@revistaiate.com.br

REVISÃO

Hassan Ayoub

COLABORADORES

Antonella Kann, Christina Amorim, Eduardo Vessoni, Eloá Orazem, Érica Giacomelli, Isabela Campos, Juliana Andrade, João Simonsen, Luciana de Barros, Marcio Moraes, Marco Yamin, Marcos Mendez, Marilane Borges, Mauricio Cassano, Tiago Rodrigues

GERENTE-COMERCIAL Camila Gabriel camila@revistaiate.com.br

EXECUTIVOS DE CONTAS Marici Brocco Amaral marici@revistaiate.com.br Yuri Ikeda yuri@revistaiate.com.br

COORDENAÇÃO DE CIRCULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Natanael de Freitas natanael@revistaiate.com.br

DISTRIBUIÇÃO NACIONAL Correios

TRATAMENTO DE IMAGENS Kelly Polato Fineart Print Studio

IMPRESSÃO TypeBrasil

TIRAGEM

12.000 exemplares A Revista Iate é uma publicação bimestral do Iate Clube de Santos (ICS) Avenida Higienópolis, 18 - São Paulo – SP - CEP: 01238-001 - tel.: (11) 3155-4407 - Fax: (11) 3257-9451 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial. Não nos responsabilizamos pelo conteúdo dos anúncios e mensagens publicitárias incluídos nesta edição REVISTA IATE NO IPAD www.revistaiate.com.br/ipad

REVISTA IATE NO ANDROID www.revistaiate.com.br/android

NO BRASIL


14 AVISO AOS NAVEGANTES

Arte

Estojo com seis pincéis de maquiagem Make Up Brush Set. R$ 318. Kryolan, tel. (11) 3045-0087, www.kryolan.com.br

Detalhes

Perfeito em uma mesa impecável, o Conjunto de Argolas para guardanapo da linha Prisma da Tramontina Design Collection tem seis peças feitas em aço inox que se destacam pelos detalhes em formas geométricas. R$ 415. Tramontina, tel. (11) 4197-1266

Bolas

Óculos retrô Neo Noir. R$ 455. Le Specs para Acaju do Brasil, tel. (11) 3263-0083, www.acajudobrasil.com.br

Losangos

Saia com detalhes gráficos e franjas. R$ 369. Farm, www.farmrio.com.br

Listas

Alpargatas branca com listas pretas. R$ 170. Mr. Cat, tel. (11) 3078-2703, www.mrcat.com.br


18 AVISO AOS NAVEGANTES

Personal trainer

O Suunto Ambit3 Vertical combina nova construção leve com pressão barométrica interna, perfil de altitude, alertas de vibração e funções multisport versáteis para correr, andar de bicicleta e realizar treinos em terrenos inclinados. Projetado, testado e construído na Finlândia, o modelo rastreia a velocidade e a distância, além de esforço e recuperação quando usado em conjunto com o cinto de frequência cardíaca Suunto Smart Sensor. Sua nova antena permite um design aerodinâmico e ajuste confortável em todos os pulsos. Planeje seus treinos com o Suunto Movescount App (disponível para Android e iPhone) e use os alertas de vibração para ajudar a guiá-lo. R$ 3.489. SUUNTO, tel: (11) 2344-6666, www.suunto.com/ revendasbrasil

Trapézio

Seguindo a tendência de decoração da lâmpada aparente em salas e livings, o Pendente Xadrez 3D, da designer Cristiana Bertolucci, tem estrutura de aço pintado, latão e cobre, nas versões polido ou escovado. Graças às suas hastes irregulares, dá uma perfeita sensação de movimento. R$ 3.860. Cristiana Bertolucci Estúdio, tel. (11) 3097-8566, www.cristianabertolucci.com.br

Underwear

Com um trabalho essencialmente hand made, a estilista Thaíse Medaglia aposta na renda como sua principal matéria-prima para a linha Rising Colours, que nasce inspirada nas tonalidades degradê do céu no amanhecer e a mistura de materiais delicados, como o bralet, que tem as características da marca. R$ 198. Janiero Body of Colours, tel. (11) 2610-8658, www.janiero.com.br

Firmeza Som puro

Fabricado pela francesa Devialet e considerado o melhor sound system do mundo, o Phantom foi criado para oferecer qualidade de som, praticidade e funcionalidade com design. Recebe a música por Wi-Fi, bluetooth ou cabo de fibra óptica de diferentes fontes (smartphone, tablet, computador, televisão etc.), trata o sinal e emite o som, sem necessidade de acoplar caixas sonoras. Preço sob consulta. Antares Digital Life, tel. (11) 3043-9399, www.antarestech.com.br

Com resultados comprovados, SculptFirm ajuda na redução de medidas e recupera a firmeza da pele. Contém ativos como o DMAE nano, que confere a melhora do tônus, a elasticidade e proporciona hidratação. Os resultados podem ser notados após 28 dias de uso. R$ 120. Pharmapele, www.pharmapele.com.br


20 AVISO AOS NAVEGANTES

Relevo

Saia de jacquard azul. R$ 299. Cavalera, tel. 0800-7722282

Pau Brasil

Colar com várias peças e pedras coloridas. R$1.800. PatBo Para Maria Dolores, www.designmariadolores.com.br

Proteção total

O novo protetor solar Biosole AV tem potente ação anti-aging capaz de reduzir os sinais de envelhecimento, como rugas, flacidez e linhas de expressão. Com FPS 50 e toque seco, 12 horas de alta proteção contra os raios UVA, UVB e Infravermelho-A emitidos pelo sol. R$ 126. ADA TINA, tel. 0800-7742404, www.adatina.com

Brasil brasileiro Tênis Amazonia Print. R$ 690. Twins for Peace, www.twinsforpeace.com

Com o pé no Havaí

Tênis Era Aloha. R$ 300. Vans, www.vans.com.br


Versátil

Parka Shipyard de poliéster, poliamida e algodão, com abotoamento nos ombros, com respiradores, parte interna com forro de tecido estampado e tela, e fechamento por zíper. R$ 1.690. Richards, www.richards.com.br

Prático Tudo azul

Equipado com o novo Omega Co-Axial Master Chronometer Calibre 8922, o Globemaster Chronometer Calendário Anual tem caixa de aço inoxidável de 41 mm. Os ponteiros de horas e minutos são azuis, facetados e polidos, cobertos com SuperLumiNova, da mesma forma que os índices – em mudanças de luz, o efeito visual do mostrador é realmente bonito. Outros toques de azul aparecem no ponteiro central de segundos, no logo da Omega, na estrela Constellation e no escrito no mostrador. Para completar, a pulseira de couro também é azul, equipada com um fecho de báscula em aço inoxidável. Preço sob consulta. Omega, tel. (11) 3198-9370, www.omegawatches.com

Com aparador de bigodes e costeletas, o Pro Shave 3 é perfeito para finalizar e fazer os acabamentos da barba. Ideal para viagens, é bivolt automático, recarregável e possui autonomia de funcionamento de até 45 minutos. R$ 130. Cadence, www.cadence.com.br

Radar

Creme de tratamento para reduzir rugas e linhas de expressão, Radiance diminui as bolsas e clareia as olheiras, proporcionando firmeza e revitalizando a região ao redor dos olhos. R$ 114. Buona Vita, tel. (41) 3023-1855, www.buonavita.com.br

Top

Tênis masculino de cano alto Guccissima de náilon azul com detalhes de couro azul, cinta de Velcro ajustável no tornozelo e sola de borracha. US$ 795. Gucci, www.gucci.com


22 AVISO AOS NAVEGANTES

Conchinhas

Pulseira com búzios Choker Antonelli. R$ 199. Francesca Romana Diana, tel. (21) 2266-2694, wwwfrancescaromanadiana.com

Tricolor

Colar longo Art Déco Rosana Bernardes feito de corda preta, com pingente de resina em tons de preto, verde e bege com aplicação. R$ 395. Shop Lix Mix, www.shoplixmix.com.br

Em dobro

Em alumínio, a Wok Tropical ganhou cores inspiradas em nossos ecossistemas: Açaí, Atol, Coral e Pitaya. Ecofriendly, tanto a matéria-prima quanto o processo de produção são ambientalmente sustentáveis. Internamente conta com seis camadas do revestimento antiaderente Ultra 6, com o dobro de resistência. R$ 66. Multiflon, tel. (54) 3025-1133, www.multiflon.com.br

Leveza

Imortalizado pelas estrelas de cinema, o design da Cadeira Diretor ganhou um diferencial na Teakstore: pode ser usada também nas áreas externas. Além de seu assento e encosto serem confeccionados em Sunbrella, tecido importado dos EUA, 100% acrílico, antimofo, com tratamento repelente a líquidos e resistente à luz solar, sua estrutura em teca suporta as intempéries. R$ 1.333. Teakstore, tel. (11) 2609-5015, www.teakstore.com.br

Mix

Pratos rasos e de sobremesa e tigelas orientais de porcelana da coleção Pop-Art, assinada pelo designer André Poli, possuem estampas que conversam entre si e mantêm a essência brasileira, que é característica da marca. R$ 115 (prato raso), R$ 90 (prato de sobremesa) e R$ 92 (tigela oriental). Sao Casa, tel. (11) 5053-2285, www.saocasa.com.br


24 AVISO AOS NAVEGANTES

Refrescância

Produzido desde a década de 1930, o refrigerante Gengibirra, que tem o gengibre como principal ingrediente, é refrescante e consegue manter alguns aspectos muito saudáveis da raiz. A bebida, que caiu no gosto dos paranaenses e hoje é considerada um dos símbolos do estado, pode também ser utilizada na produção de diversos drinques. Preço sob consulta. Cini Bebidas, tel. (41) 3301-3000, www.cini.com.br

Blue jeans

A luminária Vintage, de ferro pintado de azul-pátina, tem 60 cm de diâmetro. R$ 689. Interiore Design, www.interioredesign.com.br

Puro-sangue

Liberdade

Vencedora do Prêmio Veuve Clicquot Mailbox Re-Creation, a canadense Eileen Ugarkovic assina a edição limitada da embalagem Mailbox. Além da conhecida cor “yellow Clicquot”, a embalagem também apresenta a cor azul. Juntas, essas cores inspiram pura nobreza, uma característica da marca. R$ 485. Veuve Clicquot, www.veuve-clicquot.com

Utilizando os componentes mais avançados, como trocadores eletrônicos Dura-Ace, e combinando com um quadro de alto desempenho esteticamente surpreendente, a bike S-Works Ruby Di2 proporciona pedaladas macias e de qualidade por quilômetros a fio. Projetada para responder com agilidade a todos os comandos do ciclista, seja subindo montanhas, seja nas estradas. R$ 49.999. Specialized, tel. (11) 27898200, www.specialized.com/br

Da varanda para a piscina

Inovadora, a cadeira UP integra design com alta tecnologia e pode ser usada até dentro d’água. Produzida em polietileno, material 100% reciclável e super-resistente, e tecido inteligente Acquablock, é ideal para ambientes externos, já que pode permanecer no sol e na chuva. Preço sob consulta. Livin Out, www.livinout.com.br

Caviar para a pele

Em uma parte tem luxuosa base colorida e em outra um corretor de nível profissional – este é o Skin Caviar Concealer • Foundation SPF 15, cuja fórmula leve, enriquecida com um novo peptídeo para maior firmeza e elasticidade, garante uma pele hidratada e com acabamento perfeito. O corretor na tampa do frasco esconde olheiras e imperfeições. As duas fórmulas complementam a ação dos lendários extratos de caviar e ajudam a proteger a pele contra os agentes do envelhecimento. Disponível em 12 tonalidades. Preço sob consulta. RR Perfumes, tel. 0800-77225500


26 AVISO AOS NAVEGANTES

Talismã

Anel de ouro branco 18K, água-marinha e diamantes de Christian Tadini. R$ 8.900. Ajesp, www.ajesp.com.br

Bom humor

Com frases e desenhos divertidos e diferentes, artistas como Dessamore, Life on a Draw, Jady Salvatico e Siga os Balões assinam 13 cases para smartphone, seja iPhone, Samsung Galaxy e Moto G3. R$ 60. Gocase, www.gocase.com.br

Romântica

Fragrância floral e frutada, Marc Jacobs Daisy Dream cativa jovens românticas com delicadas notas de amora, pomelo e pera; notas femininas de jasmim, lichia e glicínia azul, e um sonho de madeiras brancas, almíscares e água de coco. R$ 518 (100 ml). RR Perfumes, tel. 0800-77225500

Nas nuvens

Tênis feito à mão da coleção Gacha. R$ 1.700. Twins for Peace para Acaju do Brasil, tel. (11) 3263-0083, www.acajudobrasil.com.br


Suavidade

Catálogo

Pendente de vidro com 21 x 21 cm. R$ 422. Spot, D&D Shopping, Av. Das Nações Unidas, 1.555

Case Pantone para iPhone 6. R$ 99. Scenario para Acaju do Brasil, tel. (11) 3263-0083, www.acajudobrasil.com.br

Diferente

A bem-humorada e diferente bolsa Mini Alex Eyes Fur Green Fur Side é uma das peças do recém-inaugurado showroom multimarcas estrangeiras especializado em moda, acessórios, lifestyle e decoração. R$ 6.985. Les Petits Joueurs para Acaju do Brasil, Rua Padre João Manuel, 903

Envolvidos

Criação de Ivana Salume, os brincos Elos têm esfera preta na orelha com fechamento por tarracha, e dois elos de resina verde e preta pendurados. R$ 170. Shop Lix Mix, www.shoplixmix.com.br

A seco

Além de deixar as madeixas limpas sem o uso de água, o Dry Shampoo Strength & Shine renova os cabelos e ajuda no fortalecimento e crescimento dos fios, além de eliminar o excesso de oleosidade. É enriquecido com arginina, substância que conserva a fibra capilar dos desgastes externos e ajuda os fios a crescer mais resistentes e saudáveis. R$ 39. Batiste, www. batiste.com.br


28 AVISO AOS NAVEGANTES

Delicada

Pulseira de ouro rosé 18k com pérolas, citrino, ametista Rosé de France e quartzo fumê. R$ 2.470. Julio Okubo, tel. (11) 3812 8671

Alegria de viver Cool

Lingerie como acessório: body de renda em tons degradê do céu no amanhecer. R$ 319. Janiero Body of Colours, tel. (11) 2610-8658, www.janiero.com.br

Criada sob medida para a parisiense, com sua alegria de viver e eterna elegância, a eau de toilette Mademoiselle Azzaro encanta mulheres do mundo todo. Com buquê floral e frutado, a fragrância é feminina e leve, e exala o espírito jovem e luminoso por meio da flor de mandarina e do frescor frutado do pêssego, e uma faceta fashion evocada pela flor de silindra e a madeira de íris. R$ 239 (50 ml). Puig Brasil, tel. 0800-7043440

Olhos de luz

Seleção de tons suaves e sutis, a icônica paleta Hypnôse de Lancôme tem quatro suaves tons de sombra e uma cor mais forte. Sozinhas ou combinadas, dão força ao olhar. R$ 300. Sephora, tel. (11) 3152-6692, www.sephora.com.br

Festa

Serviço para Bolo Ive, com oito peças: 1 prato para bolo, 1 pá, 6 pratos rasos. R$ 198 (conjunto). Lavelli, tel. 3436-0772, www.lavelli.com.br


30 AVISO AOS NAVEGANTES

Organização despojada

O livro-caixa Cupcake é perfeito para guardar gostosuras, como fotos, recados e lembranças. R$ 38. Mart, tel. (11) 3616-5555

Máscara

Óculos One Astronaut rosa. R$ 2.000. Karen Walker para Acaju do Brasil, tel. (11) 3263-0083, www.acajudobrasil.com.br

Caneta de boca

A Caneta Batom propõe um novo jeito de usar batom. O formato facilita a aplicação, proporciona cobertura completa sem borrar, protege e hidrata os lábios. Disponível em 4 cores, como o Rosa Esplendor. R$ 34. Eudora, tel. 0800-7274535, www.eudora.com.br

Febre

Em tecido com base de poliamida, fibra sintética bem resistente de fácil lavagem e secagem que oferece extremo conforto, os acessórios gostosinhos ganharam forma de personagens da coleção de ‘Tsum Tsum’, nome dado aos bichinhos fofos do game japonês, inspirado no movimento zen de empilhar pedras que é febre mundial, como o rolinho Leitão do desenho Ursinho Pooh, e o gato de Cheshire do filme Alice no País das Maravilhas. R$ 130 (cada). Fom, tel. (11) 3758-0719

Elementos da natureza

A estilista Adriana Barra trouxe inspiração da Ilha de Páscoa para sua coleção de inverno, na qual os casacos são peças-chave, principalmente os que remetem a esportes como o alpinismo, parkas de linho e vestidos-parka. Tons escuros e tonificantes que remetem a madeira, como beges e róseos e desenhos que evocam elementos da natureza da ilha chilena estampam sedas diferenciadas e algodões mistos com linho e lurex dourado, enquanto o destaque é o náilon e os tecidos esportivos. Adriana Barra, tel. (11) 2925-2300, www.adrianabarra.com.br


34 AVISO AOS NAVEGANTES

Braço cheio

Pulseiras variadas de metal dourado. R$ 60. Nina Secrets, www.niinasecretsstore.com.br

Pescado

Quem disse que a mesa a bordo não pode ser um arraso? Prato, prato de sobremesa e bowl do kit de 12 peças em melamina creme que imita porcelana envelhecida. Jarra Classic em policarbonato com capacidade para 1.830 ml. Kit 4 copos long drink Vivaldi, de 414 ml. Misturador para jarra Rabo de Baleia de inox. Kit 2 peças de guardanapo de linho 50 x 50 com bordado Nó. Manta de seda Rayon Color. Preços sob consulta. Bordado a Bordo, tel. (11) 5093-0396, www.bordadoabordo.com.br

Chocolate com vinho

Fãs de vinho vão se deliciar com uma nova experiência no Chile: degustação de shots de chocolate orgânico com vinho oferecida pela Vinícola Matetic, localizada a apenas 90 quilômetros do Aeroporto de Santiago. Os copinhos de chocolate são recheados com vinhos das linhas Corralillo, Pinot Noire ou Syrah. Também é possível conhecer os outros vinhos da marca, as linhas Corralillo e a ultrapremium EQ, além de conferir as gostosuras da loja e o sofisticado hotel-butique La Casona, com vista para os vinhedos. Matetic, www.matetic.com

Paisagem

Imagem Montes Hermanos, da fotógrafa Marília Vasconcelos, no tamanho 90 x 30 cm sem vidro. R$ 1.294. Galerize, tel. (11) 3392-1462, www.galerize.com

Efeito perfeito

Com tecnologia que filtra a luz e pigmentos de reflexão que garantem acabamento iluminado, Photo Ready Airbrush Effect Makeup possui SPF 20 e está disponível em cinco tons de bege. R$ 100. Revlon, tel. 0800-7733450


36 AVISO AOS NAVEGANTES

Cinemateca

Para criar um registro de experiências cinematográficas e propor desafios que ampliem os horizontes dos cinéfilos, o Livro de Marcar Filmes (200 págs.) é dividido em categorias como “piores filmes”, “diretores preferidos” e “falas memoráveis”, perfeito para deixar a sua “prateleira” de filmes organizada. R$ 33. Editora Verus Grupo Editorial Record, www.record.com.br

Instinto animal

O amor da joalheria francesa Boucheron pelos animais é claramente evidente, desde 1858. Em sua nova coleção, a grife apresentou 20 novas criaturas em acessórios. Alguns, como a cobra, são familiares à marca, mas mesmo eles ganharam nova cara, como o anel cobra Kaa, feito com pavê de rubis, safiras, diamantes negros e esmeraldas em ouro branco escurecido. Preço sob consulta. Maison Boucheron, www.boucheron.com

Tons quentes

As tonalidades escuras de batom continuam em alta, especialmente o roxo e o vinho. Democráticos, os escuros combinam com todos os tons de pele e tamanhos de boca. Abuse: batom Lip Deluxe Roxo Poderoso tem alta cobertura que dura até dez horas e possui FPS 15 e vitamina E, R$ 36, e Soul Kiss Me Batom Efeito Fosco na cor Cabernet, para quem gosta de boca colorida, mas sem brilho, R$ 18. Eudora, tel. 0800-7274535, www.eudora.com.br

Sob controle

Pausa

Creme refinador de ação rápida que recupera a homogeneidade e a luminosidade intensa próprias da juventude, Timexpert Rides Refinition Booster rejuvenesce, alisa o relevo da pele, recupera a textura, deixa imperceptíveis as manchas, a vermelhidão e os poros de maneira imediata. R$ 424. Germaine, www.germaine.com.br

Body Hot é um musse efervescente que ajuda no tratamento de celulites e gorduras localizadas, estimula os receptores sensoriais da pele provocando sensação de calor, mas de forma segura. R$ 242. Buona Vita, tel. (41) 3023-1855, www. buonavita.com.br


38 AVISO AOS NAVEGANTES

Sustentável

Com design moderno e superleve, os óculos Ybirá + Sérgio Marone são unissex, confeccionados artesanalmente com madeiras de manejo. Disponível nas cores imbuia e cedro, possui lentes Carl Zeiss com proteção UVA/UVB. R$ 370. Ybirá, www.useybira.com.br/sergio-marone

Casual

Bota TBL EK Newmarket Cup Chukka de couro marrom. R$ 500. Timberland, www.timbeland.com.br

Perfeição

O Carré combina base de macarron com musse de chocolate, cremoso de chocolate e folhas de chocolate, para comer de joelhos! R$ 23 (cada). Boutique CFC, www.cfcpatissier.com.br

Coletiva

Mountain bike Tandem personalizada para duas ou mais pessoas pedalarem juntas, feita à mão e sob medida. Preço sob consulta. Cardoso Cycles, www.cardosocycles.com

Harmonização

Feito com a delicadeza da uva Pinot Noir, o vinho tinto Bueno Bellavista Estate Pinot Noir, intenso e elegante, com aromas frutados e a complexidade adquirida pelo estágio em barris de carvalho, é a combinação perfeita para pratos à base de carnes com legumes, além de frutas e queijos de sabor delicado. R$ 62. Bueno Wines, www.buenowines.com.br


40 AVISO AOS NAVEGANTES

Climão

Pendentes ganham formas diferenciadas para virar peças de décor e criar clima, como este em vidro âmbar 20 cm x 20 cm. R$ 478. Spot, D&D Shopping, Av. das Nações Unidas, 1.555

Bons sonhos

Bons ventos de dia, bons sonhos à noite, com a maior elegância: kit 2 portatravesseiros 50 x 70 cm com abas de sarja marinho, kit 2 porta-travesseiros 45 x 75 cm básicos com bordado de listra, colcha de tecido exclusivo para decoração náutica modelada conforme medidas da embarcação, e manta de tricô na cor marinho. Preços sob consulta. Bordado a Bordo, tel. (11) 5093-0396, www.bordadoabordo.com.br

Clássico

Há 30 anos, First, de Van Cleef & Arpels, seduz pela elegância. Tributo à feminilidade, o floral aldeído com essência amadeirada composto por nobres flores brancas, como jasmim, orquídea, lírio do vale e íris, enaltece a framboesa e o pêssego, e traduz luxo e mistério com a mistura de mel, âmbar, madeira de sândalo e vetiver. R$ 486. Vizcaya Cosméticos, tel. 0800-8492292

Transformação

Surreal

Retratada pelo mestre do surrealismo Salvador Dalí no quadro Femme à la Tetê Rose, de 1935, a cadeira Leda Chair ganhou forma pelas mãos do escultor catalão Joaquim Camps, que fundiu uma a uma em latão polido e envernizado. Esta e outras peças criadas na década de 30 por Dalí já estão disponíveis no Brasil. Preço sob consulta. Herança Cultural, tel. (11) 4321-8166, www.herancacultural.com.br

Luminárias da coleção “Pau Pra Toda Obra”, desenvolvidas pela YTA Arquitetura, feitas com materiais de construção brasileiros, como cobogó, tijolos de vidro e blocos de concreto e cerâmica. R$ 330. Augusta, tel. (16) 3234-2183


42 AVISO AOS NAVEGANTES

Segurança

Botas masculinas Arnold. R$ 330. Cavalera, tel. 0800-7722282, www.cavalera.com.br

Best of the Best

A coleção Montblanc M, primeira parceria de design da maison, venceu o Red Dot Award: Product Design 2016, na categoria Best of the Best, reconhecido como a maior e mais respeitada competição de design profissional do mundo. Lançada em 2015, a coleção Montblanc M, feita com a colaboração do designer Marc Newson, é inovadora, tem formas orgânicas puras e fluidas e elementos do design icônico da marca. Disponível nas versões caneta-tinteiro, rollerball, esferográfica e ScreenWriter para uso em telas sensíveis ao toque, e como um refinado Montblanc Artfineliner para desenho técnico. Preço sob consulta. Montblanc, www.montblanc.com

Relógio GPS para atletas

O Suunto Spartan Ultra é um relógio feito à mão na Finlândia para durar em qualquer condição. Com resistência à água até 100m (Suunto tem como uma de suas especialidades a blindagem de computadores de mergulho), o novo Suunto Spartan possui display colorido touch screen extremamente durável, com capacidade de visão angulada, wide sized, além de excelente visibilidade mesmo com a intensa luz do dia. O relógio tem sua caixa construída em fibra de vidro reforçada e poliamida (composite), visor de cristal de safira e um bezel de titânio 5 grade ou aço inoxidável, dependendo da versão. Para os atletas e entusiastas multisports, o Suunto Spartan oferecerá orientação por rota de navegação, altitude fornecida por sensor barométrico em conjunto com o GPS, FusedAlti™, bússola digital e também autonomia de bateria das mais duráveis do mercado. Seu lançamento mundial será em agosto, e no Brasil seu preço será entre R$ 3.499 e R$ 4.999. SUUNTO, tel: (11) 2344-6666, www.suunto.com/revendasbrasil

Organizada Amarras

Bracelete Gancho Grande com pulseira de couro preta. Preço sob consulta. Givenchy, www.givenchy.com

Inspirada nos carros de corrida de alto desempenho, a linha Motus retrata o significado de movimento com linhas. Sua aparência diferenciada é resultado da composição de náilon, poliéster e plástico ABS, com detalhes em alumínio e couro. Além de ter rodas silenciosas com absorção de choque, vem com um kit exclusivo de porta-laptop, porta-cabos, capa para bagagem, porta-terno e porta-sapatos. R$ 3.000 (média). Samsonite, www.samsonite.com.br


44 AVISO AOS NAVEGANTES

Resistente

Com formato arredondado que permite melhor distribuição do calor, mantendo a temperatura constante, a panela de cerâmica Wok pode ser usada para grelhar, fritar e cozinhar alimentos. Preço sob consulta. Ceraflame, www.ceraflame.com.br

Toque de cor

O design moderno das cadeiras coloridas com pés de madeira ganha um ar retrô, graças à sua combinação descontraída e classuda. Disponível em seis cores. R$ 566. Spot, tel. (11) 3343-6616

Alta resistência

Conhecido por sua pulseira produzida com corda de Paracord – um tipo de náilon multifios de alta resistência (é composto de sete cordas internas, e cada uma delas é feita de dois fios individuais trançados), o relógio I.N.O.X. Paracord ganhou ousada versão vermelha. Com caixa de aço inoxidável de 43 mm, visor de cristal de safira resistente a riscos, com triplo tratamento antirreflexo e coroa rosqueada, tem movimento a quartzo Swiss Made Ronda 715. É resistente à água até 200 metros. R$ 3.060. Victorinox, tel. (11) 5584-8188, www.victorinox.com.br

Vistosas

Pulseiras de acrílico da linha Acessórios. R$ 172 (cada). Etoiles, www.etoiles.com.br


Único

Ferramenta multiuso cheia de funções, este icônico canivete suíço ganhou a versão Nail Clip, que conta com pinça, palito, lixa, cortador e limpador de unhas, lâmina, tesoura microsserrilhada e argola para chaves. R$ 146. Victorinox, tel. (11) 5584-8188, www.victorinox.com

Declaração

Pulseira Heart Collection em prata e couro trançado vermelho adornada com dois nós de prata em forma de coração. US$ 250. Salvatore Ferragamo, www.ferragamo.com

Poderosa

Óculos Cheeky de acrílico vermelho com hastes pretas. R$ 2.815. Thierry Lasry para Acaju do Brasil, tel. (11) 3263-0083, www.acajudobrasil.com.br

Simbolismo

Tênis de cano alto feminino de Tian Supremo GG (material com baixo impacto ambiental) com acabamento de couro e cadarços vermelhos. A nova impressão Gucci Tian apresenta motivo floral inspirado nas paisagens chinesas representadas em tapeçarias e pinturas do século 18, compostas de flores, insetos e pássaros. US$ 690. Gucci, www.gucci.com


46 AVISO AOS NAVEGANTES

Radiante

Pele luminosa, com bochechas suavemente esculpidas, compõe o make da temporada. Formulados para corrigir imperfeições e melhorar a luminosidade natural, pós e bases apostam em formulações e cores para conferir um brilho natural. O Diorskin Nude Air Glowing Gardens, de Dior, é um pó com acabamento iridescente. R$ 330. Sephora, tel. (11) 3152-6692, www.sephora.com.br

Dinâmico

Rotacionados em torno do eixo, fios curvos de prata conformam os semicírculos de uma esfera vazada que dá nome ao colar longo: Orbis. R$ 2.950. Antonio Bernardo, tel. (11) 3083-5622, www.antoniobernardo.com.br

Elegance

Refinada, a bolsa tiracolo bicolor Signature de couro de bezerro é iluminada por detalhes de couro envernizado e personalizado com o logo da marca. Possui três amplos compartimentos interiores e bolso com zíper. 35.250 libras. Salvatore Ferragamo, www.ferragamo.com

P&B

Colar geométrico preto e branco Ivana Salume. R$ 445. Shop Lix Mix, www.shoplixmix.com.br

Tapioca na cabeça

Para dar volume às madeixas, sem deixar os fios pesados ou oleosos, o Pó Modelador Acquaflora é formulado com ativos da tapioca, que deixam o cabelo resistente à umidade. R$ 35. Acquaflora, www.acquafloracosmeticos.com.br

Bem guardado

Muito usado na culinária mediterrânea, o azeite extravirgem traz benefícios à saúde, como a diminuição da pressão arterial e a proteção contra doenças coronárias. Em aço inox, o Azeiteiro Spray, com capacidade para 30 ml, evita pingos e desperdícios, detalhe que o torna mais prático no manuseio. R$ 60. Doural home & design, tel. (11) 3062-4171, www.doural.com.br


48 AVISO AOS NAVEGANTES

Precioso

Com potencial de biocondutividade elétrica, o ouro é um estimulador da comunicação celular, tornando a pele mais uniforme e luminosa, por isso está presente no Precious Elixir Infusion Colloidal Gold, que ainda promove a regeneração cutânea. R$ 212. Under Skin, tel. 0800-7289700, www.underskin.com.br

Como uma deusa

De acrílico sanitário fundido com 5 mm de espessura reforçado com madeira de 15 mm nas bordas e no piso, a banheira Vero é retangular com inclinação para o lado. Pode ser instalada embutida, com painéis para qualquer lado, voltada para a parede ou freestand, isto é, livremente em algum ambiente. Preço sob consulta. Duravit, www.duravit.com.br

Estilo

Para compor o look com detalhes ousados sem perder a delicadeza feminina, a blusa de camurça cáqui é ótima opção. R$ 1.600. CMINDOV, www. cmindov.com.br

Aquarela

Lençóis, fronhas, mantas e almofadas com estampas coloridas étnicas e geométricas para o quarto das crianças. Mooui, www.mooui.com.br

Vibrante

A linha especial de cadeiras de praia de madeira cambará da Tea...See... Do, marca de decoração da estilista Adriana Barra, tem 15 opções de estampas exclusivas, dupla-face e com até 4 variantes de cor. R$ 1.190. Adriana Barra, tel. (11) 2925-2300


Corte

Óculos Flowerpatch Black com detalhes sutis. R$ 1.260 Karen Walker para Acaju do Brasil, tel. (11) 3263-0083, www.acajudobrasil.com.br

Gêmeos

Colar de ouro rosé e ouro branco com duas pérolas. R$ 3.186. Julio Okubo, tel. (11) 3812 8671

Pulseirismo

Inspirada na onda de encher os braços com pulseiras, a Santa Prata criou uma série de braceletes de prata e folheados, revelando que a máxima “menos é mais” também vale para os acessórios. Bracelete folheado com turquesa, zircônias rosa e negras e bracelete folheado com quartzo rosa, zircônias rosa e azuis. R$ 198 (cada). Santa Prata, tel. (11) 3085-7530, www.santaprata.com.br

Único

A fragrância icônica Dolce&Gabbana The One preserva a característica floral oriental de The One Eau de Parfum e combina notas frutadas contemporâneas com a assinatura atemporal de flores brancas. Uma base rica e doce de resina âmbar e baunilha suave reforça a inconfundível assinatura de The One, deixando um perfume suave e persistente. R$ 422 (50 ml). RR Perfumes, tel. 0800-77225500

Recortes

Xale de suede com recortes e franja. R$ 398. Farm, www.farmrio.com.br


50 AVISO AOS NAVEGANTES

Fitness

Completa fonte de proteínas, eficiente no emagrecimento e responsável por ajudar a aumentar a massa magra, o Whey Protein, aliado ao colágeno, que dá firmeza à pele, pode ser manipulado em chocolate com 70% de cacau. É a nova moda da suplementação. Preço sob consulta. Pharmapele, www.pharmapele.com.br

Irresistível

Coloridos e deliciosos, os Macarons nos sabores framboesa, limão, maracujá, pistache e pétalas de rosa costumam agradar – e estes chegam a impressionar! R$ 5 (cada). Boutique CFC, www.cfcpatissier.com.br

Poderoso

Com concentração de 20% de vitamina C, USK Super C Restorative Cream tem poder antioxidante e ação clareadora e antienvelhecimento. Para garantir a efetividade do produto, o frasco é airless, impedindo a entrada de ar e evitando a oxidação do ativo. R$ 199. Under Skin, www.underskin.com.br

Personalidade

O conceito Garage da Democrata apresenta botas, sapatos e abotinados em tons terrosos e couro gasto, com solados estilo trator – mais pesados e altos – sem perder a sofisticação. Preço sob consulta. Democrata, tel. 0800-341500, www.democrata.com.br

Movimentos do corpo Caracterizada pelo acolchoamento delicado feito à mão no encosto, e também com confortável suporte para os pés e reclinação natural de acordo com o movimento do corpo, a cadeira Lounge, da coleção Natuzzi Re-Vive, é quase tão confortável quanto uma cama. A partir de R$ 15.000. Natuzzi, www.natuzzirevive.com/pt


52 AVISO AOS NAVEGANTES

Aventuras transformadoras Famosa por oferecer cruzeiros de luxo ao redor do mundo, a Crystal Cruises apresentou o mega-iate Endeavor, de 600 pés e 100 confortáveis suítes. Construído com uma tecnologia dinâmica de posicionamento e com sistemas controlados por computador, que permitem que ele flutue sobre corais sem a necessidade de âncoras, o Crystal Endeavor foi desenhado para percorrer expedições globais, desde o Ártico até a Antártica, passando pelos trópicos. “Luxo significa algo diferente para cada pessoa. O Crystal Endeavor vai atender a um público particularmente ousado, que valoriza o conforto tanto quanto aventuras transformadoras de vida”, afirmou Edie Rodriguez, presidente e CEO da Crystal. Com 180 metros de comprimento, o mega-iate possui uma pequena embarcação controlada remotamente, disponível para passeios submarinos, em cujo trajeto estão passagens sobre os destroços do Titanic e de navios de guerra, além de galerias subaquáticas. A lista de “brinquedinhos” para os aventureiros conta ainda com helicópteros e SEABOBs – espécie de jetski subaquático – entre outros. A embarcação partirá para sua primeira viagem em agosto de 2018.

Crystal Cruises www.crystalcruises.com


Foto Angelo Borba

54 AVISO AOS NAVEGANTES

Aromatizado

Com a ideia de envolver clientes com experiências sensoriais marcantes ao entrarem nos seus imóveis, a construtora de alto luxo catarinense Embraed Empreendimentos, de Balneário Camboriú (SC), encomendou uma fragrância exclusiva à francesa Lampe Berger, empresa famosa pelos aromatizadores de alto padrão em várias partes do mundo. Não é possível sentir a essência Élégance Ambrée, mas tente imaginar o cheirinho deste apartamento decorado pela Embraed. Embraed Home, www.embread.com.br

Recomeço

O milionário australiano Clive Palmer está criando uma réplica do Titanic, o navio que naufragou em sua viagem inaugural no Atlântico Norte, em 1912. Pouco mais de um século após o Titanic começar sua jornada, a réplica vai reproduzir o navio com algumas modificações. Para atender às modernas normas de segurança marítima, o novo modelo será 4 metros mais largo e o casco vai ser soldado, não rebitado. Quando concluído, o Titanic II vai medir 270 metros de comprimento, 53 de altura e pesar 56 mil toneladas. Como seu antecessor, o Titanic II terá três classes de cabine, agora distribuídas em nove andares e será capaz de transportar 2.400 passageiros. Em vez de Southampton para Nova York, sua viagem inaugural será entre Jiangsu, China, onde está sendo construído, e Dubai, provavelmente em 2018. Quem se habilita?

Premium

Ópera na Amazônia

Cruzeiro fluvial pela Amazônia em um barco de apenas nove cabines, com pausa para assistir ao Festival de Ópera em um dos teatros mais belos do País. O roteiro sai de Manaus e inclui quatro dias e três noites. A partir de R$ 4.400. Amazon Santana, tel. (11) 4508-8465, www.amazonsantana.com

Entre mais de 1.400 cervejas inscritas de 222 cervejarias brasileiras, duas da marca Madalena, da Cervejaria Premium Paulista, conquistaram a melhor pontuação no Festival de Cerveja realizado em Blumenau (SC). Lager e Stout foram as campeãs nas categorias American Light Lager e Export Stout, respectivamente, eleitas por 50 jurados de 14 países. Enquanto a Lager é leve, de baixa fermentação, aroma de malte e pão e amargor baixo, ideal para os dias quentes, a Stout é escura, de alta fermentação e sabor equilibrado de café e chocolate um pouco amargo. www.cervejariapremiumpaulista.com.br


56 AVISO AOS NAVEGANTES

Preto no branco

Produzido na Suíça, o creme dental Black is White é preto porque o carbono é seu ingrediente ativo, mas sua ação é clareadora. Ele auxilia na remoção das manchas sem danificar o esmalte dos dentes. R$ 165 (creme dental e escova). Curaprox, www.curaprox.com.br

Pesca moderna

A carretilha para pesca Aldebaran, da Shimano, foi premiada no tradicional iF Design Award 2016, na Alemanha, que elege os melhores designs da indústria mundial. A carretilha premiada pesa apenas 135 gramas, é para bait casting mais leve em uma eficiente estrutura compacta. Seu design foi inspirado na águia – as asas da ave no momento do voo sugere o movimento que a linha percorre pelo corpo da carretilha. Shimano, www.bike.shimano.com.br

Novo visual

Por meio do corte e da dobra de chapas de aço de carbono, a linha Dots tem nova linguagem para peças do dia a dia quanto às formas, cores e acabamento. As peças receberam revestimento emborrachado, o Domo Touch, macio ao toque, antideslizante e termoisolante. Entre os dez itens, destacamos o porta-esponja e detergente Dots. Preço sob consulta. Domo House, tel. (54) 3208-2485, www.domo.ind.br

Protegido

Com visual simples e clean, o capacete Airnet combina funcionalidade e desempenho para garantir proteção, conforto e estilo. R$ 830. Specialized, tel. (11) 2789-8200, www.specialized.com/br

Herói

Em edição limitada, o tênis de cano alto DC Comics Batman versus Superman é uma homenagem aos fãs da dupla de heróis que se enfrentam no filme A Origem da Justiça. R$ 180. bandUP!, www.bandupstore.com.br


Mãos livres Ideal para uso durante a prática de esportes, o Headset Active tem Bluetooth 3.0, som estéreo e haste flexível. A novidade é a função Hands Free para, por meio de um botão, atender chamadas telefônicas e pausar/ reproduzir música. R$159. Newex, www.newex.com.br

Impecável

Perfeito para guardar ternos e vestidos sem amassar, já que conta com tiras de compressão almofadadas de espuma que minimizam as dobras, o portatraje Deluxe Garment Sleeve é ideal para viagens curtas. Possui cabide de suspensão e dois bolsos internos com zíper e, na parte exterior, dois bolsos frontais para guardar acessórios pequenos. R$ 695. Victorinox, www.victorinox.com.br

Exótico

Nem sempre o aroma perfeito é criado a partir de folhas, flores e frutas. A fragrância Emblem, de Montblanc, por exemplo, além de notas de madeiras nobres, apostou no excremento sintético das baleias, que, sintetizado, demonstra a preocupação ambiental da marca e garante um toque aveludado, sensual e atraente para o perfume. R$ 364 (60 ml). Vizcaya Cosméticos, tel. 0800-8492292

Revolucionário

Em série limitada de 100 exemplares, o cronógrafo Superocean Héritage Chronoworks® recebeu cinco inovações importantes que melhoram seu rendimento: passou a reserva de marcha de 70 para 100 horas, o que aumenta o conforto e a precisão. A caixa de cerâmica preta tem fundo transparente para observar o motor. R$ 220.730. Breitling, tel. (11) 3198-9366

Cavalheiro

Loafer de couro de bezerro ornamentado, com elegante alça alongada e fivela prateada. US$ 760. Salvatore Ferragamo, www.ferragamo.com


60 AVISO AOS NAVEGANTES

Pelo mar

De maio a outubro, o charmoso Palazzo Avino, na Costa Amalfitana, Itália, oferecerá o exclusivo “Club House by the Sea”, fazendo ainda mais atraente este pequeno palácio com apenas 45 apartamentos encravados nas encostas de Ravello, pois oferece total infraestrutura com acesso gratuito às plataformas de praia, piscina, restaurante e serviço de transporte do hotel. GP Marketing, tel. (11) 3081-8818

Suíte Dom Pérignon

Até 31 de maio, uma emblemática suíte transformada pela Dom Pérignon no Hôtel de Paris, em Montecarlo, oferece uma experiência inesquecível para poucos e bons. As suítes 321 e 322 foram produzidas pelo champanhe nas cores bronze e preto, com materiais finos e arredondados e uma mesa incrível para saborear a expressão máxima de uma requintada art de vivre: um jantar concebido por Alain Ducasse e trabalhada pelo chef do Hôtel de Paris, Franck Cerutti, regado a Dom Pérignon P2 1998. O menu mostrará o mineral, iodo, a singularidade temperada deste vintage. 4.500,00 libras (a diária, incluído um jantar para duas pessoas). Rua Place du Casino, 98000, Mônaco, www.hoteldeparismontecarlo.com

Voltinha de barco

Muitos paulistanos não sabem, mas São Paulo esconde um verdadeiro oásis em meio ao caos da cidade: a Represa de Guarapiranga, localizada na zona sul, abriga lindas paisagens, com algumas praias de areia, pássaros e animais silvestres, além de vários restaurantes, clubes, marinas e parques. De olho no potencial turístico ainda pouco explorado da região, a VivantSP oferece experiências exclusivas a bordo de uma lancha Aguz Yachts 29 HT, equipada com cabine privativa com cama de casal, cozinha completa, ar condicionado, ducha quente, TV de 32 polegadas com DVD e blue ray, som ambiente, teto solar e churrasqueira. R$ 593 (o pacote para casal inclui passeio de quatro horas e refeição com entrada, prato principal, sobremesa e bebida). VivantSP, tel. (11) 2599-8273


58 PUBLI SAÚDE

por KASUO MIYAKE*

*Kasuo Miyake navega uma Fishing 39 ST e faz parte da tripulação do Atrevida. É cirurgião vascular formado, especializado e doutorado pela Universidade de São Paulo. Também é presidente do IMAP, congresso internacional sobre tratamento estético de veias.

SOCORRO MÉDICO NA NAVEGAÇÃO Para ser prazerosa, a navegação exige cuidados preventivos e preparo para acidentes Sair de barco com a família e os amigos é um de meus programas favoritos. Além de aproximar as pessoas, permite que a gente relaxe, mergulhe, veja lugares incríveis e fique na mira da linha do horizonte – o que nos é raro nas grandes cidades. Mas para que tudo saia na mais perfeita ordem, é preciso respeitar algumas precauções básicas. Antes de mais nada, preparação e planejamento. O comandante deve checar a embarcação. Não tecnicamente, porque isso ele deve fazer antes, mas no que diz respeito ao abastecimento: combustível, água, comida, protetor solar e repelente de insetos. Tenha também um estoque de roupas longas e chapéus. Em caso de pane na embarcação, que pode ocorrer justamente por causa do mau tempo, a tripulação pode ser obrigada a passar a noite no frio e com chuva. Em situações de frio, falta de água ou comida, as pessoas se desesperam mais facilmente. Como o enjoo é um dos principais problemas em travessias oceânicas, podendo levar ao desconforto extremo, vômitos, desidratação e até óbito, os tripulantes que tiverem predisposição devem investir em um remédio. O Dramim é o mais acessível, mas dá sono, por isso a sugestão é tomar um comprimido na véspera, antes de dormir. No dia do embarque, comer pouco é regra básica, da mesma forma que não ler, não olhar o celular nem tirar fotos quando estiver a bordo. Fique de pé no barco e olhe para o horizonte. Se houver maior predisposição, tome meio comprimido de Dramim de manhã, antes de embarcar. Ao sair em passeio de barco, que é uma pequena casinha,

geralmente há crianças também. É preciso considerar se sabem nadar e ter um colete salva-vidas adequado para cada pessoa a bordo. Na verdade, se a tripulação varia, temos de ter coletes de tamanhos P, M, G e infantil em quantidade maior do que a capacidade de pessoas do barco. As crianças devem ser sempre vigiadas e ter um adulto responsável por elas. A gente sabe que qualquer descuido pode ser fatal com crianças. Animais idem. Há coletes próprios para eles mas dificilmente você vai convencêlos a usá-los. Cachorros devem ficar no colo ou presos em um ponto central, evitando que alcancem as bordas da embarcação. Acidentes cortantes podem ocorrer a bordo, devido ao balanço do barco. Por isso é importante ter um kit de primeiros socorros e luvas descartáveis a bordo. Em lesões cortantes, comprimir com uma gaze até parar de sangrar – e isso pode levar cinco minutos. Se não parar, continuar comprimindo ininterruptamente. Comprima, mas somente onde estiver sangrando. O garrote só deve ser usado em situações de vida ou morte. A prevenção é o melhor remédio. Cabe ao comandante navegar com calma, tomar cuidado com as ondas, instruir os convidados a se locomover se apoiando, para que não se machuquem. Pular na água é um dos prazeres do barco, mas só deve ser feito com a permissão do comandante, pois o local pode ser raso, ter pedras, correnteza etc. E só vale pular na água quando o motor estiver desligado, porque, sobretudo em barcos grandes, os postos de comando não dão visão dos hélices e qualquer acidente será perigosíssimo.


É preciso lembrar que no mar não há a borda da piscina, por isso só se afaste quando estiver absolutamente seguro, considerando ondas, correnteza, vento e outras embarcações que podem não te ver. Uma opção para se exercitar com segurança é o deep running – colete ou flutuador que propicia fazer movimentos de corrida. Outra opção bastante popular é o Stand Up Paddle. Mas vale a mesma atenção sobre correntezas e vento. Quando for retornar à embarcação, não se esqueça de que a escada pode balançar com as ondas e prender o dedo de quem a segura. Observe e instrua como subir a bordo pela escada, para não estragar o passeio da turma toda. Se o mergulho abriu o apetite, é hora de se alimentar, mas evite maionese, pois não combina com sol e mar, e é muito suscetível a bactérias. No barco vale também “Se beber, não dirija”. Além de nos causar embriaguez, bebidas alcoólicas desidratam, fazendo com que a pessoa urine mais e perca água. Periodicamente, intercale o drinque com um copo de água. Tenha a bordo água em abundância, pelo menos um litro por passageiro. Já que em geral a embarcação vai ficar a milhas de distância da terra, onde não é possível discar 192 e acionar o Samu, é básico levar, além do protetor solar e do repelente de insetos, alguns remédios. Uma enxaqueca ou dor ortopédica pode ser tratada com analgésico. Portanto, vale investir numa “farmacinha” com Novalgina, Tylenol, AAS e Flanax 550 mg (anti-inflamatório), entre outros, considerando a variedade, já que muita gente tem alergia. Porém, não saia com um passageiro com dor abdominal, procure um médico! Eu navego bastante pela costa e fico muito tempo em pé. Meias de compressão ajudam muito, evitam que as pernas fiquem cansadas e em alguns casos inchadas. No barco, pegamos peso, agachamos e levantamos e as dores nas costas são comuns. Deixo também no meu barco uma cinta lombar Bauerfeind, que possui placa com bolinhas de viscogel que massageiam a coluna. Já ajudou inúmeras vezes a minha coluna e a de amigos. Com essas precauções, os momentos a bordo certamente serão agradáveis e inesquecíveis.

OBS.: • Para quem quer saber como estar preparado para um choque anafilático, navegações mais afastadas da costa etc., indico o livro Marine Medicine, que pode ser comprado na Amazon ou na Apple Store. • Para grandes embarcações recomenda-se uma assessoria online, como a utilizada pelo capitão e amigo Alexandre Israel. www.medaire.com


62 PUBLI LEROSA

por JOÃO ROBERTO LEROSA E ADRIANO ABRÃO DIB*

REPATRIAÇÃO DE RECURSOS DO EXTERIOR

Após décadas de espera e muita especulação, o Brasil teve, finalmente, regulamentado o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT) de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados incorretamente, remetidos, mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou domiciliados no Brasil (Lei nº 13.254/2016). Conhecida no País como “Lei de Repatriação” (muito embora a repatriação seja apenas uma das opções) e em outros países como “Voluntary Disclosure Program”, ou Programa de Declaração Voluntária, o novo regime merece especial atenção nos âmbitos jurídico e financeiro. O regime especial tem “vida curta”, já que o prazo de adesão se encerra em 31 de outubro de 2016, porém seus efeitos são extremamente relevantes tanto do ponto de vista penal quanto tributário. E, como em qualquer novidade, ainda mais considerando a instabilidade do Brasil nos dias atuais, começam a surgir as dúvidas e, dentre elas, as dez mais comuns são: 1. Quais são os riscos? 2. O que se entende por origem lícita? 3. Como proceder em caso de contas conjuntas? 4. Quais documentos os contribuintes devem ter em mãos? 5. E se os contribuintes não tiverem a documentação completa? 6. Como efetuar a conversão de moeda estrangeira que não o dólar americano? 7. Qual cotação deve ser usada? 8. É possível utilizar recursos do exterior para efetuar o pagamento da

multa e do imposto devidos? 9. Há risco de a lei ser declarada inconstitucional? 10. Afinal, trata-se de um bom programa? Não se pretende neste breve artigo responder a cada uma das perguntas acima, mas sim esclarecer, de forma didática, como o programa foi formulado. De todo modo, certamente a última das perguntas merece resposta imediata: Afinal, trata-se de um bom programa? Muito embora a Lei nº 13.254/2016, a Instrução Normativa da Receita Federal nº 1.627/2016 e a Circular do Banco Central nº 3.787/2016 pudessem ter sido mais esclarecedoras, a resposta é que o programa, de modo geral, é positivo sim. Como não poderia ser diferente, o Brasil alinhou-se a dezenas de outros países que tiveram regimes semelhantes, além do fato de se inserir na tendência mundial de cooperação entre nações para troca de informações. O Foreign Account Tax Compliance Act (Fatca), firmado entre Brasil e Estados Unidos em 2014, aprovado pelo Congresso e promulgado em 2015, é um nítido e inquestionável exemplo disso. O novo regime aplica-se aos residentes ou domiciliados no País em 31 de dezembro de 2014 que tenham sido ou ainda sejam proprietários ou titulares de ativos, bens ou direitos em períodos anteriores a 31 de dezembro de 2014, ainda que, nessa data, não possuam saldo de recursos ou título de propriedade de bens e direitos. Apesar de alguns ativos terem sido excluídos do programa,


como joias, pedras preciosas e obras de arte, entre outros, diversos foram incluídos, como – apenas citando alguns – os depósitos bancários, as cotas de fundos de investimento, as apólices de seguros, os recursos, bens ou direitos de qualquer natureza, decorrentes de operações de câmbio, integralizados em empresas estrangeiras sob a forma de ações ou qualquer outro meio de participação societária, marcas, patentes, bens imóveis, veículos, aeronaves e embarcações. É preciso, no entanto, muita atenção a cada situação específica. As práticas bancária e jurídica comprovam que cada caso é um caso, por mais semelhantes que possam ser. Estruturas sofisticadas, como offshores, trusts e fundações utilizadas com frequência no exterior, merecem cuidadosa análise. Igualmente, uma (aparentemente simples) conta bancária também não pode ser menosprezada, pois em muitos casos as contas correntes têm mais de um titular, fazendo com que cada um deva ter sua análise específica. Também não são todos que podem aderir ao novo regime. Em evidente abuso, pois poderia ter sido mais direcionada, a lei excluiu do programa os detentores de cargos, empregos e funções públicas de direção ou eletivas, e respectivo cônjuge e aos parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, na data de publicação da mencionada lei. A adesão ao programa se dará mediante entrega da declaração dos recursos, bens e direitos sujeitos à regularização e pagamento integral do imposto (15%) e da multa (100% sobre o valor do imposto apurado), com as correspondentes anistias penal e tributária delimitadas na própria lei. É necessário também proceder a regularização da documentação fiscal/contábil do contribuinte, bem como da situação perante o Banco Central do Brasil. Meses atrás houve o questionamento se o contribuinte poderia utilizar os recursos do exterior para pagar o imposto e a multa, mas a Receita Federal já esclareceu que, “embora a adesão ao RERCT se efetive com a apresentação da Declaração de Regularização Cambial e Tributária (Dercat) e o pagamento do imposto e da multa, o contribuinte pode, após a apresentação da declaração, repatriar os valores necessários para efetuar o pagamento devido, por meio

de instituição financeira autorizada a funcionar no País e a operar no mercado de câmbio. Contudo, o pagamento deverá ser efetuado dentro do prazo de adesão ao regime”. O declarante poderá repatriar ativos financeiros por meio de instituição financeira autorizada a funcionar no País e a operar no mercado de câmbio, mediante apresentação do protocolo de entrega da Dercat. Além do mais, sempre que o montante de ativos financeiros for superior a US$ 100.000,00 (cem mil dólares norte-americanos), o declarante deverá solicitar e autorizar a instituição financeira no exterior a enviar informação sobre o saldo desses ativos, em 31 de dezembro de 2014, para a instituição financeira autorizada a funcionar no País, via Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (Swift). Em resumo, a popularmente conhecida “Lei de Repatriação” ainda suscita controvérsias, mas de um modo geral foi um avanço que beneficiará não só os contribuintes por ela alcançados, mas também o Brasil, que espera arrecadar bilhões de reais numa época de terrível turbulência econômica. Habituada a cuidar dos investimentos e patrimônios de seus clientes, a Lerosa Investimentos, juntamente com o doutor Adriano Abrão Dib, presta toda a assessoria para a repatriação do patrimônio. A Lerosa conta com uma equipe para as áreas tributária e jurídica capaz de oferecer completa assessoria na repatriação do patrimônio de seus clientes, uma vez que, de acordo com João Lerosa, presidente da empresa, esta é a última chance de regularizar recursos não declarados no exterior. “Vale lembrar ainda que, com os tratados de troca de informações entre os governos, ficou praticamente impossível manter recursos não declarados fora do Brasil”, diz.

*João Lerosa é presidente da Lerosa Investimentos e Adriano Abrão Dib é advogado, mestre em Direito pela University of Pennsylvania, com doutorado em Direito Comercial pela UPS e sócio da Advocacia Adriano Dib.


64 POSTO DE COMANDO

NO CAPRICHO

Com elementos de design comuns às coleções do estaleiro italiano Monte Carlo Yachts, o novo MCY105’ é também resultado de meticulosa atenção às proporções e ao dinamismo das linhas, além do capricho nos mínimos detalhes

P

rimeira embarcação com mais de 100 pés da Monte Carlo Yachts, o MCY105’ é o melhor exemplo do estilo e da filosofia do estaleiro que acaba de completar cinco anos. Com 32 metros, segue o design exterior e os métodos pioneiros de construção aeroespacial dos quatro modelos anteriores da empresa. O look MCY foi criado pela equipe de design da Nuvolari & Lenard, famosa por seu estilo italiano intemporal e elegante. O interior do iate apresenta um toque contemporâneo e os espaços são amplos. Há um grande deck



66 POSTO DE COMANDO português na proa, e o flybridge é espaçoso e elegante. O salão tem piso de teca e paredes acinzentadas. Acessórios de couro e mármore são usados com parcimônia e criam um ambiente natural em toda a embarcação. A sensação de espaço estende-se para baixo, especialmente para a suíte máster, que tem 147 metros quadrados e está localizada no deck principal, e possui grandes janelas que se estendem do chão ao teto. A suíte máster em dois níveis na proa parece mais um apartamento do que uma cabine, com a cama em nível superior iluminada por uma ampla claraboia. Superfícies em couro e nobuk africanos incrustados com bronze combinam com a madeira acinzentada e dão um toque sutil e elegante. No lugar de uma parede sólida, o banheiro da suíte é dividido por um painel de tecido, proporcionando privacidade, mas sem a sensação de clausura. Uma pedra brasileira de tom marrom cobre o piso e as paredes do box, onde é emoldurada por listras em mármore de Carrara branco. Sanitários fechados – o dele e o dela – são divididos por uma grande pia. Não há economia de espaço nas outras três cabines também. A Vip, por exemplo, tem 101 metros quadrados – o tamanho de suítes máster encontradas em alguns iates maiores. Uma cabine com camas de solteiro, outra com beliches triplos e um quarto para cinco tripulantes (acessado por uma entrada separada) compreendem o resto do andar inferior. O segredo por trás do interior volumoso da MCY 105’ é o seu processo de construção inspirado nas indústrias automotiva e de aviação, o que permitiu ao estaleiro italiano desenvolver o projeto com tolerâncias precisas, e isso se traduz em metragem quadrada adicional em todo o iate. O espaço do flybridge tem cobertura de fibra de carbono com grande abertura no centro, e esse living ao ar livre possui duas mesas de jantar redondas, churrasqueira e bar e, na popa, dois lounges para tomar sol. O flybridge de 230 metros quadrados é o lugar perfeito para desfrutar de refeições ao ar livre. Além de seu interior luxuoso e do belo design externo, um grande atrativo do MCY 105’ é o curto tempo de construção – apenas seis meses, graças aos métodos avançados que também o tornam 15% mais leve que outras embarcações do mesmo tamanho. E o peso reduzido traduz-se em velocidades mais altas e melhor eficiência de combustível. A Monte Carlo Yachts aposta no conceito estrutural monocoque – como o exoesqueleto de inseto, em que a resistência estrutural está na própria pele rígida –, de forma que o casco e o convés fornecem a maior parte da força do barco, reinventando a estrutura. Isso faz com que o estaleiro seja capaz de oferecer aos clientes praticamente qualquer disposição interior que eles queiram. Carla Demaria, presidente da empresa, acredita que o MCY 105’ é o primeiro de uma nova era para a Monte Carlo Yachts: “Começamos essa jornada com a missão de redefinir o conceito de luxo no iatismo e a promessa de entregar o melhor que o ‘estilo italiano’ é capaz. Assim, cinco anos depois, estamos orgulhosos de dizer que cumprimos as promessas, e até fomos além delas”. Com perfil esportivo, mas elegantes, os espaçosos interiores do MCY 105’ receberam decoração de Hermès e Armani juntamente com móveis personalizados da Poltrona Frau. u


FICHA TÉCNICA Comprimento total. . . . . . . . . . . . Feixe máximo. . . . . . . . . . . . . . . . . Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . Motores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Velocidade máxima . . . . . . . . . . . Velocidade de cruzeiro. . . . . . . . Combustível. . . . . . . . . . . . . . . . . . Água fresca. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

32 m 7,15 m 104 t (seco) 2 x MTU 16V 2000 M93 2434 HP (V-Drive) até 27 nós 22 a 24 nós 12.000 l 2.000 l


66 POSTO DE COMANDO

ESPORTIVA E

IMPONENTE

Doze unidades da nova Azimut Verve 40 serão produzidas este ano – e já tem dono para chamar de seu, inclusive nos Estados Unidos

A

Azimut Yachts levou seis luxuosos iates de 42 a 84 pés para o Rio Boat Show, que aconteceu de 8 a 17 de abril na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. E apresentou o projeto da Verve 40 – nova coleção de iates esportivos que começou a ser fabricada na unidade brasileira do estaleiro italiano. Embora seja a menorzinha da turma, a Verve 40 chama a atenção pelo design imponente. Com pouco mais de 12,5 metros de comprimento e 3,8 de largura, segue a linha “open” e tem a esportividade, a agressividade, a funcionalidade e a tecnologia de ponta como principais características. Sem contar o desempenho: com três motores de popa de 350 HP, vai alcançar velocidade máxima de 48 nós. A proa foi aproveitada ao máximo com dois solários, enquanto a popa é funcional e conta com áreas para banho de sol, refeições e espaço gourmet. Conta com sofisticada cabine, banheiro e living. “Desde a instalação da fábrica da Azimut Yachts no Brasil, em 2010, nossa gama consistia na produção de modelos de iates que fazem parte da coleção Flybridge, entre 42 e 83 pés, com três pavimentos, incluindo o fly, e destinados a quem aprecia uma navegação mais suave para reunir amigos e familiares com todo o luxo e conforto necessários. Além da ‘Flybridge’ iniciamos recentemente a fabricação do primeiro modelo da coleção ‘Verve’. Uma linha ‘open’ mais compacta com dois pavimentos, com ótimo desempenho e indicada para quem aprecia espaços ao ar livre, maiores velocidades e doses altas de adrenalina, sem deixar de lado o conforto característico da marca”, resume Francesco Caputo, diretor-comercial do estaleiro. u



68 POSTO DE COMANDO


FICHA TÉCNICA Comprimento total. . . . . . . . . . . . . . . . . . 12,68 m Feixe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3,84 m Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11,9 t Motores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 x 350 cv ( 220kW ) Mercury Verado Outboard Velocidade máxima . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 nós Velocidade de cruzeiro. . . . . . . . . . . . . . 37 nós Capacidade de combustível. . . . . . . . . . 1.300 l Capacidade de água. . . . . . . . . . . . . . . . . 250 l Cabines. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Conceito e estilo exterior. . . . . . . . . . . . Neo Design e Azimut Yachts Designer de interiores. . . . . . . . . . . . . . . Neo Design e Azimut Yachts Estaleiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Azimut do Brasil, empresa do Grupo Azimut/Benetti


72 ICS

por SILVIA ZACLIS fotos MAURICIO CASSANO

MISSÃO ANGRA Para quem tem paixão pelo mar, Angra dos Reis é mais que um simples lugar, é um estado de espírito. Que o digam os associados do Iate Clube de Santos, que comemoram o aniversário de 30 anos da sede



74 ICS Seja por terra, ar ou mar, a chegada dĂĄ direito a recompensas imediatas: relax saboreando as delĂ­cias do bar, e, Ă direita, a bela vista do Pico do Frade e academia completa com vista para o mar


O

s caminhos que levam à Costa Verde, no litoral fluminense, melhoraram sensivelmente nos últimos anos. Para quem começa a viagem em São Paulo, o caminho tornou-se mais rápido e seguro, principalmente com a consolidação da rodovia Rio-Santos. Bem diferente do que acontecia há três décadas, quando foi instalada a sede do Iate Clube de Santos. Em 1986, a diretoria do ICS começava a mobilizar os associados para a compra de uma área que se transformaria em um dos mais belos e completos polos de lazer náutico da região. A essa altura, o clube já contava com a experiência de quatro décadas na administração de uma sede náutica, já que sua primeira unidade, no Guarujá, foi criada em 1947. Foram anos de muito trabalho na definição dos melhores projetos, na busca de autorizações das autoridades, nas dificuldades de mão de obra e até de abastecimento – o comércio local era deficiente tanto em produtos perecíveis quanto em equipamentos e peças. Todo esse esforço, no entanto, teve sua recompensa, pois o ICS-Angra é reconhecido pela qualidade superior que o destaca dentre tantos outros empreendimentos do litoral. “Angra tem um significado muito especial para mim. Sinto que, naquela época, assim como hoje, a sede é uma resposta aos sonhos de boa parte dos nossos associados”, diz o comodoro Berardino Antonio Fanganiello,


76 ICS que conduziu a compra da área e mantém, nesses 30 anos, um rígido controle sobre tudo o que acontece por lá. Escreveu-se uma história marcada por eventos, como a série memorável de sofisticadas festas de réveillon reunindo até 2 mil foliões; a regata La Belle Classe – distinção concedida ao ICS pela entidade criada para preservar os valores marinheiros em todo o mundo; a última etapa de um rali náutico, competição de regularidade que aproximou comandantes de lanchas e velejadores na busca da melhor estratégia; campeonatos de pesca oceânica e a pesca infantil sempre no fim de dezembro. Visitas inesquecíveis, como a de Albert II, de Mônaco, em comemoração ao acordo entre o ICS e o Yacht Club daquele principado; e do ídolo Ayrton Senna, que tanta saudade deixou. Esses acontecimentos certamente enriquecem uma linha de tempo que completou 30 anos em março. A maior conquista, no entanto, é a preservação e manutenção dessa área como verdadeiro patrimônio natural em plena região de Mata Atlântica. E hoje o ICS está preparado para receber seus visitantes por terra, mar ou ar, com a mesma segurança. Rodeada por tanta beleza, a sede, que começou como ponto de apoio aos navegantes associados, foi transformada em um luxuoso conjunto de residências ainda hoje chamadas de “chalés”, como homenagem às edificações rústicas dos primeiros tempos. Localizado no Condomínio do Frade, em seus 87.200 metros quadrados, o clube possui uma ampla infraestrutura de lazer e serviços, em que se destacam a área náutica e o restaurante, considerado um dos melhores da região. Desde o início dos trabalhos houve a preocupação de definir um planejamento das construções, lotes e arruamento de modo a tirar o melhor partido possível de uma


À direita, áreas de descanso permitem variar a vista, que é sempre o ponto alto no restaurante da sede. Na outra página, praia e piscina formam um mesmo elemento, em dois níveis


78 ICS


localização tão privilegiada. Assim, atualmente, o associado faz seus exercícios em uma academia envidraçada com vista para o mar, a mesma vista deslumbrante que se tem no bangalô reservado às sessões de massagem. O mar e a Ilha de Cunhambebe formam o panorama que se vê do terraço e do salão do restaurante, que encanta os hóspedes de qualquer uma das suítes com serviço de hotelaria à disposição para os associados e seus convidados. A vista só é mais espetacular na parte mais alta da sede, onde está localizado o heliponto. O cuidado na definição dos lotes e a política do clube em relação às construções permitem que cada chalé seja único em sua identidade, um reflexo do estado de espírito de quem o projetou e de quem o ocupa. Na busca do conforto e da segurança dos frequentadores, nesses anos todos o clube investiu em sistemas de abastecimento e tratamento de água, em poderosos geradores, em equipamentos de refrigeração e treinamento de funcionários, além de uma rede de segurança que opera as 24 horas do dia. Ao mesmo tempo, o comércio local cresceu e tornou-se bastante consistente, facilitando a vida dos turistas. Para quem vai passar uma temporada no clube, as preocupações são deixadas para trás ainda antes do portal de entrada do condomínio. Minutos depois, quando se chega à sede do ICS, tudo está preparado para que cada visitante possa se sentir como em uma ilha da fantasia, entre amigos e uma natureza de tirar o fôlego. “Meus amigos brincam dizendo que a sede em Angra dos Reis é meu terceiro filho… É claro que estão exagerando, mas não posso negar que sinto um grande orgulho de tudo o que fizemos e continuamos realizando aqui”, completa o comodoro. u

As construções acompanham o recorte do relevo e são projetadas de forma a dar prioridade ao verde, que tem espécies da Mata Atlântica


80 MEMÓRIA

por LUCIANA DE BARROS

O ESSENCIAL

Vasto e sem fronteiras, o mar instiga o espírito aventureiro de marinheiros em todos os quadrantes, e também de escritores. Em seu poema Sea Fever, o poeta inglês John Masefield afirma que, para se sentir completo, o homem só precisa de um barco e de um céu estrelado para guiá-lo


A

icônica série de tevê norte-americana de ficção científica Star Trek, conhecida no Brasil como Jornada nas Estrelas, que embalou todos que hoje tem mais de 50 anos, foi exibida entre 1966 e 1969. A história se passa no século 23 e conta as aventuras da tripulação da nave estelar USS Enterprise, comandada pelo capitão James Kirk, o primeiro oficial-comandante Spock e o oficial-médico Leonard McCoy. Teve tanto sucesso que voltou à tevê em 1987, depois em 1993, em 2001 e deverá retornar em 2017. A verdade é que a série foi revitalizada em 2009 com o filme Star Trek V – A Fronteira Final, que repetiu o verso de John Masefield dito por Kirk no episódio O Computador Supremo, em seu segundo ano de exibição. Ali, a nave Enterprise é escolhida para testar o supercomputador M-5, supostamente capaz de substituir um comandante de nave estelar, e o capitão Kirk sentiu-se inútil ao ser substituído por uma máquina, por isso o doutor McCoy o consola com um drinque, e Kirk recita “tudo o que peço é uma nave e uma estrela para me guiar” – e acrescenta que, embora não tenha mais a água e o vento como os capitães dos antigos navios, ainda possui o mesmo sentimento de apego à sua nave. O laureado poeta inglês John Masefield tinha apenas 22 anos quando escreveu Sea Fever (Paixão pelo Mar), o poema citado pelo capitão Kirk nas duas ocasiões. Ele nasceu em Ledbury, cidade rodeada por belas paisagens na região de Herefordshire, Inglaterra, em 1878. Aos 13 anos, por insistência da tia que o criava, já que perdera precocemente o pai e a mãe, embarcou como aprendiz a bordo do navio-escola H.M.S. Conway e acabou descobrindo que ali tinha tempo para a leitura. Desenvolveu grande paixão pelo mar, além

Paixão pelo mar

Preciso lançar-me aos mares novamente, ao mar solitário e o céu, e tudo o que peço é uma nave e uma estrela para me guiar, e a força da roda do leme e a canção do vento e a vela branca se agitando, e uma bruma cinza na superfície do mar e um alvorecer cinzento. Preciso lançar-me aos mares novamente, pois o chamado da maré é feroz, um apelo claro que não deve ser ignorado; e tudo o que peço é um dia com vento com as nuvens brancas passando, e as gotas borrifadas e a espuma soprada, e o som das gaivotas. Preciso lançar-me aos mares novamente, Para a vida errante, nômade, como a da gaivota e da baleia, onde o vento é como uma faca afiada; e tudo o que peço é a história divertida de um companheiro risonho, e um sono tranquilo e bons sonhos quando a longa brincadeira terminar.


82 MEMÓRIA

de ficar encantado com as histórias dos velhos lobos do mar, que usaria em sua obra. Em 1894, aos 16 anos, Masefield embarcou como grumete em um navio a vela que contornou o Cabo Horn rumo ao Chile. Entre as suas tarefas constava o registo de acontecimentos no diário de bordo. Se a viagem o brindava com as maravilhas inesperadas da fauna marinha e dos insólitos fenômenos da natureza, foi também marcada pela experiência do enjoo e das tempestades. Tornou a embarcar num veleiro em 1895, devido à insistência de sua tia, não sem grande relutância, mas pulou fora do barco em Nova York, impulsionado pelo grande desejo de ser escritor. Viajou pelas áreas rurais norte-americanas, aceitando trabalhos precários, dormindo ao relento, enfrentando a fome e o frio. De volta a Nova York, trabalhou dois meses como ajudante de bar e dois anos como operário numa fábrica, escrevendo e lendo bastante: Charles Dickens, Rudyard Kipling, Keats, Shelley e Chaucer, entre outros. De volta à Inglaterra, em 1897, arrumou emprego como bancário. Mal pago e com a saúde debilitada, era vítima frequente de surtos de depressão, ansiando pelo campo e tendo de viver na cidade. Não abandonou, apesar de tudo, a escrita, e assim, aos 21 anos, seu poema Niclas Morituras foi publicado – depois seria revisto e incluído em coletâneas. Por essa época Masefield se apaixonou pela obra de William Butler Yeats e, por grande insistência, acabou encontrando o poeta irlandês na sua casa em Londres, e desenvolvendo uma amizade que durou até o fim de suas vidas. Yeats encorajou Masefield, tornou-se seu mentor e o apresentou aos seus amigos poetas, críticos e editores, com quem o jovem escritor se aconselhava. Nunca esqueceu, no entanto, dos anos em que passou no mar e frequentemente tratou do tema em suas poesias e contos. Baladas de Água Salgada, seu primeiro livro de poemas, foi lançado em 1902 e trazia Paixão pelo Mar, que fez sucesso imediato. Para sustentar a família, começou a fazer crítica literária no Manchester Guardian. Além de poesia, escreveu peças de teatro, os livros Capitão Margaret (1908), e Multitude e Solitude (1909) e, em 1911, publicou seu poema mais conhecido, Everlasting Mercy e, no ano seguinte, The Widow In The Bye Street e Dauber, sem falar de Cargas, poema lírico curto de três estrofes de cinco linhas, em que cada uma descreve um tipo diferente de navio. As duas primeiras linhas de cada estrofe descrevem o navio em movimento na água, e as últimas três linhas listam as diferentes cargas que estão transportando. Masefield era marinheiro quando jovem, e durante toda a vida tinha prazer em descrever os navios e o mar. Esse poema mostra claramente o amor do poeta pelos vários tipos de embarcações. O autor as imagina da maneira mais atraente: em ação, navegando em mares suaves e agitados. Quando Masefield contrasta três navios muito diferentes a partir de três diferentes épocas históricas, ele indica que as maravilhas dos navios e do mar, apesar de algumas alterações, permanecem constantes. Com o começo da Primeira Guerra Mundial alistou-se na Cruz Vermelha e foi enviado à França. A visão dos horrores da guerra levou-o a lutar pela melhora das condições hospitalares. Em 1916, foi convidado a comandar um navio-hospital rumo a

Acima, capa de um dos seus livros e cartaz do filme de 2009, em que o personagem principal recita um de seus versos

Cargas

O quinquerreme de Nínive da distante Ophir Regressa ao seu porto seguro na ensolarada Palestina, Com uma carga de marfim, E macacos e pavões, Sândalo, cedro e vinho branco doce. Imponente galeão espanhol vindo do Istmo, Mergulhando através dos trópicos pelas margens verdes, Com uma carga de diamantes, Esmeraldas, ametistas, Topázios, canela e moedas de ouro. Costeiro britânico sujo com uma pilha de fumo coberta de sal, Navegando pelo canal nos dias loucos de março, Com uma carga de carvão de Tyne, trilhos, blocos de chumbo, lenha, objetos de ferro e bandejas de estanho.


Galípoli, na Turquia, mas a expedição foi forçada a regressar com a derrota das tropas aliadas. Masefield entrou nos anos 1920 como escritor consagrado. Ao mudar-se com a mulher e dois filhos para uma propriedade rural perto de Oxford, ele viveu ao ar livre, dedicou-se à apicultura e à criação de cabras, mas nada o seduziu mais que o tráfego de embarcações no canal da sua região natal. De seu estúdio em meio às árvores produziu peças de teatro, romances, livros infantis, mas sua verdadeira vocação era mesmo a poesia, tendo se dedicado a ela com afinco. A edição de Poemas Reunidos, em 1923, vendeu cerca de 80 mil cópias, um sucesso. Nessa época, viajou o mundo dando palestras, em lugares como Oriente Médio e Estados Unidos. No início da década de 1920, recebeu o Doutorado Honoris Causa de Literatura pela Universidade de Oxford e também de Yale e Harvard. Em 1923, organizou as Recitações de Oxford, um concurso anual cujo objetivo era “descobrir bons oradores de verso e encorajar a bela fala da poesia”. Masefied acreditava firmemente que a poesia deve ser verbalizada e que o meio de comunicar o verso era mais importante que a poesia impressa. John Masefield morreu em 1967, foi cremado como queria e suas cinzas colocadas no Canto dos Poetas, na Abadia de Westminster. u

OS BARCOS DE MASEFIELD

Quinquireme é um grande navio que os antigos fenícios utilizavam para o comércio no Mediterrâneo. Esses navios eram impulsionados tanto pelo vento, por meio das velas, como por homens remando. O prefixo “quin” pode referir-se aos cinco bancos de remadores dispostos verticalmente em cada lado da embarcação. O navio de Masefield parte da “distante Ophir”, uma região na Arábia ou África, no extremo sul do Mar Vermelho. O objetivo do navio é feliz, a Palestina é um “paraíso” seguro com céu “ensolarado”. Esse barco transporta uma carga de animais, pássaros, madeiras exóticas e vinho. Masefield usou alguns detalhes do Velho Testamento, como Nínive, importante cidade assíria, frequentemente mencionada lá. Na segunda estrofe, o poema avança cerca de 2 mil anos, para os séculos 16 e 17, e muda o seu foco para as Índias Ocidentais. Um galeão era um grande navio a vela frequentemente utilizado nas trocas comerciais entre a Espanha e a América Latina, que Masefield conhecia muito bem de seus dias como marinheiro. Esse “imponente” navio inicia a sua viagem no istmo do Panamá e prossegue pelas ilhas verdejantes e belas do Caribe. Sua carga contém pedras preciosas (esmeraldas e diamantes) e semipreciosas, especiarias, ouro e moedas (“moidore” é uma moeda portuguesa, a palavra significa literalmente “moeda de ouro”). Na terceira estrofe, o navio britânico não é tão bonito como os anteriores, nem tão grande. Trata-se de um pequeno navio projetado principalmente para transportar mercadorias ao longo de uma linha costeira, e não em alto-mar. Esse costeiro é propulsionado por uma máquina a vapor e move-se pelo Canal Inglês com uma força e movimento que parecem o mergulho de um animal. Parte de sua carga é de coisas para queimar: madeira para lareira e carvão extraído perto de Newcastle-upon-Tyne, na costa leste da Grã-Bretanha. O resto é metal. O poema de Masefield é preciso. Os leitores podem não saber que a primeira estrofe descreve o tribunal de Salomão no momento da visita da rainha de Sabá. Mesmo assim, é possível sentir a natureza exótica e sensual dessa carga. Marfim é agradável ao toque e o sândalo vem de regiões distantes, ainda mais além que a longínqua Ophir. Mesmo que um quinquerreme tenha velas, Masefield descreve apenas como ele é conduzido pelo poder humano. Outras omissões são significativas. Embora a Bíblia diga que Salomão possuía grande quantidade de ouro e especiarias, Masefield não menciona e distorce a geografia e a história, a fim de aumentar o efeito poético de suas linhas. Nínive era muito distante do Mar Vermelho e floresceu muito antes da era dos quinquerreme. Era quase impossível um navio tão grande navegar pelo Rio Tigre a partir de Nínive. Masefield provavelmente escolheu a palavra “Nínive” principalmente pelo som e ritmo e pela sua aura de importância. Na segunda estrofe, a ênfase é sobre as riquezas de ouro e pedras preciosas, e não sobre os prazeres sensuais. No entanto, essas pedras preciosas, o galeão e as margens verdes têm uma beleza maravilhosa que pode ultrapassar a do mundo antigo. A estrofe três faz contraste com as duas anteriores. O costeiro britânico não é tão belo, exótico ou rico e, em vez do clima adorável da Palestina e do Caribe, Masefield agora oferece “dias loucos de março”.


84 MEIO AMBIENTE

por CLARA MARQUES fotos ÉRICO HILLER

OURO

VIVO

A caça e o comércio ilegal dos chifres podem levar os rinocerontes à extinção até 2026. Livro do fotógrafo Érico Hiller chama a atenção para esse fato dramático e mostra como as pessoas fazem para matar o animal e vender as partes de seu corpo no mercado negro


A cada oito horas um rinoceronte é morto em algum lugar. Essa magnífica criatura é emblemática para mim: permite que nós, humanos, possamos entender mais sobre nós mesmos. O que acontece com o rinoceronte representa a forma como tratamos a vida na Terra”, diz Érico Hiller, que acaba de lançar o livro A Jornada do Rinoceronte, retratando a atual situação da espécie ameaçada de extinção e, que segundo o autor, “conta a história da nossa insensatez, descaso e ambição”. Animais de grande porte que habitam a Terra há 50 milhões de anos, os rinocerontes, segundo a ONG Save The Rhino, podem sumir do planeta até 2026. Embora faça parte do chamado Big Five, o grupo de animais selvagens mais difíceis de caçar, juntamente com o leão, o leopardo, o elefante e o búfalo, o rinoceronte possui chifres grandes com alto valor no mercado negro, pois é tradição no Sudoeste da Ásia usá-lo para curar ressaca e febre. “O chifre do rinoceronte é queratina pura e já foi comprovado por cientistas que não tem eficácia nenhuma na cura de qualquer doença, mas por conta desse mito cultural há sua exploração comercial e, como em todo mercado de oferta e procura, quando há muita demanda e pouca oferta, o preço sobe”, afirma o fotógrafo. A caça ao rinoceronte está oficialmente proibida em todos os países onde ele existe, mas ainda assim acontece. A população mundial de rinocerontes diminuiu quase 95% desde o início do século 20 e o ser humano é de longe a maior ameaça. Para se ter uma ideia, hoje o quilo do chifre vale em torno de 65 mil dólares. Quando viajou para a África do Sul em 2007, Érico teve o primeiro contato com os rinocerontes e sua situação de risco por conta da caça e do comércio ilegal de seus chifres. Passou a ler e pesquisar bastante sobre o assunto até conseguir patrocínio, em 2013, para fazer o trabalho do jeito que pretendia. E não era nada humilde: passou os anos de 2014 e 2015 na estrada, percorrendo países como Índia, Vietnã, Zimbábue, Moçambique, África do Sul e Quênia para registrar a triste história dos rinocerontes. Foi então que o documentário saiu do papel e virou um ensaio fotográfico de peso. “Não é um livro sobre as belezas do rinoceronte, mas sobre o que as pessoas estão dispostas a fazer para matar o animal e depois vender partes de seu corpo no mercado negro. Isso pode fazer com que a espécie chegue a uma rápida extinção”, conta o fotógrafo. Durante o processo de elaboração do documentário, Érico teve contato com diversas famílias de caçadores e também ex-caçadores. Para essas pessoas não existe um posicionamento


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muito claro sobre ser contra ou a favor da caça, muitos homens entram na caça ilegal como forma de sair da miséria, que é um problema muito grave nesses países, pois é uma maneira de ganhar muito dinheiro em pouco tempo, mesmo eles sabendo que é um trabalho arriscado que pode levar à prisão e até à morte. “É uma crise global, como se fosse um cenário de guerra, é bem delicado e complicado”, diz o fotógrafo. Os rinocerontes nadam bem, ouvem bem, têm bom olfato, mas veem muito mal e, da mesma forma que os hipopótamos, mergulham em poças de lama e deixam secar sobre a pele, criando uma camada que os protege de picadas. Ficam agressivos com sons e movimentos estranhos, por isso o contato com eles é perigoso. Durante a realização de seu trabalho, Érico respeitou todos os limites de segurança estabelecidos pelos tratadores e guardas dos parques nacionais que visitou. Atualmente existem cinco espécies de rinocerontes, cada uma adaptada a um bioma diferente. O rinoceronte-negro da Namíbia é totalmente adaptado ao deserto e vive em condições de pouquíssima água. Já o indiano é uma espécie aquática que vive principalmente no Parque Nacional Kiziranga, o qual, na época das monções, quando há ventos, chuvas e trovoadas intensas, fica alagado e o animal fica praticamente todo embaixo d’agua, só com as narinas de fora. Tem também o rinoceronte de Java, que vive na Indonésia e é mais adaptado às florestas, porque, com a ajuda da sua pele, da altura e do tamanho do chifre, consegue abrir trilhas no meio das matas. Conhecido como o segundo maior animal terrestre do mundo, o rinoceronte-branco tem dois chifres na parte superior da cabeça, é muito ligeiro e não enxerga muito bem, por isso seus orifícios nasais são maiores do que seu cérebro, para que possa se guiar pelos aromas. Por último, o rinoceronte de Sumatra, o menor de todos, que também vive em algumas regiões da Indonésia. A África do Sul é o local que tem a maior quantidade de rinocerontes no mundo – 95% da população –, por isso, de acordo com Érico, “é o país que mais precisa investir em ações anticaça e proteção das fronteiras. Em 2015, a África do Sul foi o país onde mais se matou rinocerontes e hoje é a nação que vive o momento mais crítico e, com certeza, é a chave principal dessa crise ambiental global que estamos vivendo”. Além da colaboração de algumas ONGs para realizar o projeto, Hiller também contou com a ajuda, nos países que visitou, da sociedade protetora dos animais, que encontrou nele um contador de histórias que pode ajudar a conscientizar o resto do mundo sobre esse problema. “Fui muito bem acolhido, me forneceram informações, transporte, logística, me ensinaram sobre tudo. Eu tentei abraçar esse tema de todas as formas possíveis”, conta. Os projetos de Hiller são apaixonantes. Em 2011, ele fez uma pesquisa sobre vidas, culturas e lugares ameaçados no planeta Terra, que deu origem ao livro Ameaçados. Nesse ensaio, o fotógrafo aborda as cinco regiões do mundo que podem sofrer mudanças climáticas e alterações por causa das ações do homem. Esteve na Mata Atlântica, bioma de floresta tropical localizado no Brasil; na Groenlândia, acima do Círculo Polar Ártico,


onde fotografou o derretimento acelerado das geleiras; visitou o Kilimanjaro, que é o único lugar do continente africano em que o gelo ainda resiste no seu topo, mas que poderá desaparecer em pouco tempo; e as tribos do sul da Etiópia, que são das poucas ainda puras do mundo e estão sendo afetadas pela chegada de estradas e hidrelétricas. Por fim, visitou o país mais baixo do mundo, as Ilhas Maldivas, que estão sofrendo muito com o aumento do nível das águas dos oceanos. “A fotografia é interessante porque é presencial, testemunhal, precisa estar no local, eu não posso fazer uma pesquisa dessas remotamente. Estando no local com a minha câmera e meu bloco de anotações eu consigo pegar testemunhos, anoto as minhas impressões e trago essas imagens todas. Por isso o documentário fotográfico é tão rico, com testemunho de uma pessoa que esteve lá e viveu um pouco aquela realidade.” Em seu próximo projeto, ele pretende enveredar pelas águas, para entender um pouco mais sobre a crise hídrica no mundo. Para ele, o planeta tem saída para todos esses problemas, embora seja muito grande, rico e bonito. E acredita que, com a fotografia, pode promover uma reflexão sobre a maneira que o ser humano se comporta perante o planeta. “Entendo que seja um pouco do meu papel educar, usar a fotografia como ferramenta de conscientização, trazer um pouquinho de clareza e tornar os debates, colóquios e discussões mais complexos”, afirma. u

ENGAJADO

De cima para baixo: há campanhas contra a compra do chifre de rinocerontes nas ruas de Hanói, Vietnã, como mostra o luminoso. Antes caçador, Jethai Pau é agora protetor dos animais. Guarda florestal descansa durante jornada em noite de lua cheia. Trabalho consciente nas escolas da Índia faz as crianças darem voz aos animais. ùltima imagem do livro: um rinoceronte branco caminha pelo Quênia. Na outra página, o chifre do rinoceronte composto de queratina que, no Vietnã, é ralado e misturado com água para ser servido em pratos, e um dos poucos rinocerontes brancos do Norte

A Jornada do Rinoceronte, de Érico Hiller, não é apenas um livro com fotografias, mas um projeto que tem como base o engajamento, a iniciativa da conservação, de forma a conscientizar as pessoas sobre a luta para a preservação das cinco espécies de rinocerontes que ainda são habitam o planeta e oferecer ferramentas de informação e educação para aqueles que ainda consomem seus chifres na Ásia. Parte do valor arrecadado com as vendas será doada para a causa dos rinocerontes, sendo direcionada para instituições que lutam pela preservação dessas espécies no mundo. Editora M’Arte, 252 págs., 130 imagens, R$ 98.


por ELOÁ ORAZEM, de Los Angeles

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CORRENTE DE

ESPERANÇA Dinamarquês de 21 anos lidera projeto que pode livrar os oceanos dos resíduos plásticos

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ns querem conquistar o mundo, outros se contentam em “apenas” salvá-lo. O dinamarquês Boylan Slat faz parte desse segundo grupo, mas sua ambição, típica dos super-heróis mais famosos dos quadrinhos, não tem nada de ficção – e tem até data para ser colocada em prática: no ano de 2020. Com apenas 21 anos, Boylan pode não saber o que quer ser “quando crescer”, mas desde os 16 sabe exatamente o que quer fazer: livrar os oceanos de todo o material plástico despejado em suas águas. A ideia ocorreu-lhe durante uma viagem à Grécia, quando o garoto constatou com os próprios olhos que o lixo também surfa nas ondas do paraíso. Questionando os moradores sobre a sujeira ali despejada, Boylan não se contentou com a resposta conformista que recebeu de todos: “Não há nada que se possa fazer”. O plano do jovem dinamarquês ainda soa absurdo, mas também são absurdos os números da poluição dos mares. Segundo apurou a BBC, nos últimos 40 anos, milhões de toneladas de plástico foram descartados no oceano. São produzidos 299 milhões de toneladas de plástico por ano e cerca de 10% desse total acaba nas águas. E o material que contamina as águas é inevitavelmente carregado por correntes que se unem em cinco grandes “redemoinhos” de água nos principais oceanos, sendo um dos focos mais graves o Pacific Garbage Patch, ou “Ponto do Lixo do Pacífico”, entre o Havaí e a Califórnia. Ainda que a concentração de plástico seja alarmante nesses

pontos, ela não é estática porque os dejetos são levados a diferentes águas pelas diversas correntezas – o que torna a limpeza dos oceanos algo incrivelmente desafiador. As fotos do acúmulo de lixo em alto-mar nos faz ter a imagem de uma “ilha de plástico”, sobre a qual quase se pode andar, mas essa visão, segundo Boylan, é bastante distorcida da realidade. “De fato, essa área de poluição se estende por milhões de quilômetros quadrados. Se alguém tentasse limpar a região usando um navio, levaria centenas de anos”, revela o garoto em entrevista a um jornal inglês. Além da demora, essa tentativa seria frustrada também pelo custo e pela demanda enérgica, sem falar dos peixes acidentalmente capturados nas redes. Com tantas peças e nenhum manual, Boylan pôde construir em sua mente o quebra-cabeça de diferentes maneiras. Uma delas fazia bastante sentido: em vez de correr atrás dos resíduos plásticos, por que não esperar que a correnteza os traga até você, como já acontece? O projeto enfrentou sua primeira prova na escola do jovem, que defendeu sua bandeira nas aulas de ciência: uma grande barreira flutuante, ancorada em um ponto-chave, concentraria os detritos à deriva, encaminhando-os a uma plataforma, onde seriam facilmente extraídos. A correnteza marítima e a vida que a acompanha passariam ilesas por debaixo dessas barreiras. A solução proposta pelo dinamarquês não emitiria nenhum tipo de poluição e não colocaria em risco a biodiversidade. Todo material plástico coletado será encaminhado para reciclagem.


Segundo a teoria de Boylan Slat, os oceanos podem se limpar sozinhos porque suas correntezas sĂŁo previsĂ­veis e ordenadas


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Fase de teste do projeto pretende limpar área de 100 km2, retirando 42% do lixo acumulado na última década no Pacific Garbage Patch

Como era de se esperar, o projeto de ciência do garoto ficou grande demais para o ensino médio e foi agraciado com o prêmio de melhor design técnico pela Delft University of Technology. Motivo de orgulho para toda a família Slat, o troféu bonito na estante não era exatamente o que o prodígio do clã tinha em mente – seu interesse era ver sua ideia sair do papel e limpar os oceanos. Vale lembrar que Boylan é mais chegado à prática que a teoria, embora domine ambos. O garoto, aos 13 anos, entrou para o Llivro dos Recordes por ter lançado simultaneamente o maior número de torpedos aquáticos: foram 213 projéteis disparados em uma área esportiva em Delft, sua cidade natal. “Essa experiência me ensinou muito. Aprendi a deixar as pessoas ‘malucas’ o suficiente para fazer as coisas que você quer, e aprendi também a atrair investidores”, revelou. Contrariando as leis da física e da lógica, a obsessão do garoto pelo projeto só cresceu ao longo dos anos, e não cedeu nem mesmo ao volume de estudos quando o jovem passou a ser aluno de engenharia aeroespacional da Delft University. Por conta própria, Boylan organizou a fundação The Ocean Cleanup e fez de sua palestra do TedX Talk um verdadeiro palanque.

Sua apresentação “How the Ocean Can Clean Themselves” (“Como os Oceanos Podem se Limpar Sozinhos”) ecoou nos presentes e reverberou para além das fronteiras da Dinamarca. Seis meses depois de os holofotes se apagarem, o jovem tomou a drástica decisão de dar uma pausa na vida social e acadêmica para se dedicar integralmente ao projeto que há anos defendia. Com pouco mais de 200 dólares no bolso, Boylan tinha como prioridade encontrar investidores. Em um único dia o garoto chegou a contatar 300 empresas, mas apenas uma respondeu – e mesmo assim não deu em nada. Prestes a perder as esperanças, a internet e seu fluxo inexplicável trouxeram de volta à superfície a participação de Boylan no TedX Talk e, “milagrosamente”, centenas de milhares de pessoas passaram a navegar no site do projeto do garoto. Boylan conta que recebia a média de 1.500 e-mails por dia de pessoas se voluntariando para ajudá-lo e em duas semanas o garoto viu sua vaquinha online atingir a marca de 80 mil dólares. Hoje, a fundação sem fins lucrativos conta com 2,2 milhões de dólares – dinheiro suficiente para viabilizar até uma plataforma de testes, prevista para ganhar os mares em junho deste ano, no Pacífico. Neste primeiro ensaio, a meta é retirar resíduos plásticos


À medida que novas pesquisas e ensaios são feitos, a estrutura do projeto é aprimorada para melhor resistir às condições extremas

de uma área de 100 quilômetros quadrados, num esforço para limpar perto de 42% do lixo acumulado na última década no Pacific Garbage Patch. Na contracorrente do entusiasmo virtual, biólogos e oceanógrafos demonstram certas preocupações a respeito do projeto liderado por Boylan. Alguns profissionais temem que a plataforma não se comporte como o previsto quando exposta às forças do mar aberto, além de sinalizarem desconfiança quanto ao impacto ambiental da proposta. Em entrevista ao The Guardian, o garoto dinamarquês mostrou estar a par dos desafios: “Estamos tentando algo inédito. Um projeto que é cem vezes maior que qualquer coisa lançada ao mar; 50% mais profundo e dez vezes mais remoto que qualquer plataforma de petróleo. Me parece bastante óbvio que temos diversos desafios técnicos a superar”. Na tentativa de acalmar os ânimos dos especialistas e curiosos, a equipe do The Ocean Cleanup lançou, no verão de 2014, um relatório com 528 páginas de pesquisas e embasamentos teóricos que confirmam a viabilidade do projeto. O oceanógrafo e físico Kim Martini e a oceanógrafa e bióloga Miriam Goldenstein não se deixaram convencer pelo

parecer do time capitaneado pelo dinamarquês. “O relatório apresentado não nos convence, pois mostra má interpretação de questões relativas à oceanografia, ecologia, engenharia e distribuição de detritos marinhos – pontos centrais para o sucesso do projeto”, revelou a dupla de especialistas ao The Guardiam. Sem ignorar as preocupações relevantes levantadas por quem entende do assunto, Boylan prefere acreditar (e focar) nos resultados que tem obtido nos testes em pequena escala, realizados em centros específicos. A partir das respostas que encontra com a versão “miniatura” do projeto, a equipe do The Ocean Cleanup se debruça para entender e modelar como a estrutura real vai reagir ao vento, às ondas e às correntezas em alto-mar. Boylan e seus 35 funcionários podem não ter solução para todos os problemas levantados por especialistas, mas lembram que o projeto está em constante evolução, sendo refinado à medida que novos testes e descobertas são feitos. Boylan, aliás, até aceita a crítica de que essa pode não ser a melhor saída para esse problema, mas nem diante disso perde o otimismo: “O problema é tão grave que vale a pena tentar”. Nadar contra essa correnteza pessimista, para o garoto, já não é mais questão de honra, mas de sobrevivência. u


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cortesia LOUIS VUITTON MALLETIER / BRETT LLOYD

PARA FAZER BONITO

A Louis Vuitton celebra 35 anos de parceria com a America’s Cup, um dos mais tradicionais eventos náuticos do mundo, com uma coleção elegante e casual

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cada temporada que a America’s Cup é realizada, uma coleção-cápsula é desenvolvida pela Louis Vuitton. Ao longo dessa parceria que chega aos 35 anos com muitas histórias compartilhadas, a casa francesa criou um baú feito sob medida para embalar o troféu da America’s Cup que é entregue à equipe vitoriosa. Seis equipes, cada uma em nome de um país de origem – o atual campeão Oracle Team USA, Emirates Team New Zealand, Land Rover BAR para Grã-Bretanha, Artemis Racing para Suécia, SoftBank Team Japão e Groupama Team França –, competem por pontos em várias etapas que contam para a competição final que definirá os concorrentes da 35ª America’s Cup, que será realizada nas Bermudas em 2017. Esta nova coleção traz peças casuais e elegantes: malhas trabalhadas, shorts cargo, camisas polo disponíveis nas cores da temporada, como azul-marinho, vermelho e azul. A combinação entre a moda praia e looks mais arrumadinhos traz estampas gráficas, como o V de Gaston, os sinais marítimos e o barco Victory. O highlight da coleção é a nova tela Damier Cobalt Regatta nas bolsas icônicas, como Keepall, Steamer e Noe. u



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Feito sob medida para a 35ª edição da America’s Cup, o Baú Louis Vuitton foi modernizado em vários aspectos: possui maleta removível para guardar as medalhas do vencedor, novo sistema de fechamento, nova configuração dos acessórios internos que mantêm o troféu seguro durante viagens e novo forro. Abaixo, blusa em algodão com gola alta e tênis Victory Boat

Feito sob medida para a 35ª edição da America’s Cup, o Baú Louis Vuitton foi modernizado em vários aspectos: possui maleta removível para guardar as medalhas do vencedor, novo sistema de fechamento, nova configuração dos acessórios internos que mantêm o troféu seguro durante viagens e novo forro. Abaixo, blusa em algodão com gola alta e tênis Victory Boat



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Blusão em moletom, blusa em algodão com gola alta calça de alfaiataria, cinto em lona de algodão, óculos Pliante Noira e mochila Josh Damier Infinity



98 MODA Mala de mão Keepall Bancoulière Regatta, sneaker Regatta e loafer Marine



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Ele veste colete em nylon resinado, malha em algodão listrada V Line e boné em sarja de algodão. Na outra página, de cima para baixo: echarpe em seda; porta-cartões Regatta e óculos America’s Cup Marine; bolsa Noe Regatta, chinelos Waterline e toalha Regatta


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texto e fotos EDUARDO VESSONI

ILHAS ABENÇOADAS

Nas Ilhas Canárias, aquelas terras espanholas além-mar, a água é protagonista

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raias de tons turquesa se exibem aos pés de vulcões, restaurantes e centros culturais recebem visitantes no interior de túneis vulcânicos que abrigam lagos interiores; e antigos povoados pesqueiros, recortados por canais e ruelas com casario mediterrâneo, ganham novos sotaques com a chegada de viajantes estrangeiros. Localizadas a mil quilômetros da Península Ibérica, as Ilhas Canárias são uma espécie de síntese de três continentes, onde a proximidade com a África, as influências trazidas da Espanha no século 15, e a posição estratégica para quem navegava em direção às Américas fizeram desse destino espanhol uma das experiências mais inusitadas do país. Com verões frescos que beiram os 22º e uma variedade de microclimas que garantem mudanças bruscas em trajetos de 30 minutos, esse arquipélago é o destino de verão, em pleno inverno europeu, quando chegam viajantes de países mais frios do norte da Europa. As atividades vulcânicas que começaram em Lanzarote, há 180 milhões de anos, deram origem a outras sete ilhas: El Hierro, La Gomera, La Palma, Tenerife, Fuerteventura, Gran Canaria e Lanzarote. E para cada estilo de viajante, tem uma Canária diferente.

PARA NAVEGANTES

A mais procurada das atrações de Lanzarote, o pedaço de terra mais oriental do arquipélago, é a Isla Graciosa, no Arquipélago Chinijo, considerada a maior reserva marinha do continente europeu. Com 27 km² e uma população que não passa de 600 pessoas, La Graciosa prova que seu nome não é exagerado. Os traslados por barcos que saem do povoado de Órzola, no norte de Lanzarote, levam visitantes a praias de águas cristalinas rodeadas por picos vulcânicos, baías de águas tranquilas e isoladas (onde costuma-se praticar naturismo) e até uma inusitada faixa de areia situada aos pés do vulcão Montaña Amarilla, conhecida como Playa de la Cocina. La Graciosa é a única ilha habitada da região e seu cenário árido é cortado por um casario pintado de branco que dá outros tons àquele povoado sem ruas asfaltadas, cujo acesso


Playa La Francesa, Isla La Graciosa, em Lanzarote


104 MARÉ ALTA principal é Caleta de Sebo. E nem precisa ir muito longe para ser surpreendido por tapetes de águas turquesas. Com apenas seis praias, a ilha conta com setores como a Playa de La Laja, logo no desembarque de passageiros e a La Francesa, onde os visitantes fazem atividades náuticas como caiaque e snorkeling. Para ver do alto todo aquele estado de graça, o Mirador del Río é a parada seguinte. Localizado em um edifício que se camufla sobre as rochas de um penhasco, a 400 metros de altitude, esse mirante projetado pelo escultor e artista canário César Manrique conta com vista total de La Graciosa e do Parque Natural del Archipiélago Chinijo. Aliás, nesse destino vulcânico de terreno irregular e convenientes colinas com vistas panorâmicas, os mirantes são paradas obrigatórias para quem ainda não se convenceu da monumentalidade das Canárias. As estradas estreitas e sinuosas que rasgam montanhas locais e dão acesso ao norte da Gran Canaria, outras das 7 ilhas do arquipélago, levam visitantes a pontos de observação como o Degollada de Becerra, de onde o vulcão Teide, na vizinha Tenerife, se exibe em dias de céu claro; o Mirador de Zamora, no norte-centro da ilha e com vistas para a capítal Las Palmas de Gran Canaria; e o popular Mirador Pico de los Pozos de las Nieves, endereço de caminhadas, mountain bike ou do exercício de fazer absolutamente nada diante daquele cenário rochoso, a 1.949 metros de altitude. No entanto, é no sul da Gran Canaria que se concentra o centro turístico e náutico da ilha. Recortado por canais que circundam casas em estilo mediterrâneo, Puerto de Mogán é o lado mais internacional da ilha e ficou conhecido como a ‘Pequena Veneza de Gran Canaria’. É da marina local, protegida dos ventos alísios, que saem os passeios a bordo de iates e veleiros para observação de baleias e pesca esportiva; e até um tour

de 40 minutos em um submarino amarelo que desce a mais de 20 metros de profundidade. Tenerife também é destino para ser apreciado do alto. A Punta de Teno, um braço de terra que avança pelo mar, não conta com bares, restaurantes ou hotéis. E ninguém se importa com isso. Essa praia de 30 metros de comprimento e areias negras também servem como ponto de parada de pequenas embarcações que saem do Puerto de Los Gigantes para observação de golfinho-roaz e baleia-piloto, Mas são os imponentes Acantilados de los Gigantes que valem a viagem até o extremo oeste de Tenerife. Esses gigantes rochosos são paredões verticais de até 600 metros de altura que se debruçam sobre as águas mornas do Atlântico.

PARA AMANTES DE VULCÕES

As Canárias, assim como as portuguesas Cabo Verde, Ilha da Madeira e Açores, fazem parte de um triângulo imaginário, próximo à costa oeste da África, conhecido como Macaronésia. Esse grupo de ilhas do Atlântico Norte, uma espécie de hotspot geológico, viu seu cenário mudar, ao longo dos anos, por conta de sua extensa história de vulcanismo ativo. Com um cenário formado por 200 vulcões e um passado que carrega no currículo seis anos seguidos de erupções, entre 1730 e 1736, Lanzarote é uma espécie de parque de diversões para fãs de vulcanismo. E aquelas montanhas cônicas estão por todos os lados. A ilha guarda a Rota dos Vulcões, localizada no interior do Parque Nacional de Timanfaya, onde visitantes realizam um tour guiado a bordo de um ônibus que passa por 25 crateras vulcânicas multicoloridas, ao longo de 14 km de extensão. Tudo segue igual ao que restou daquele período ininterrupto de trabalho vulcânico, na primeira metade do século 18, que daria origem ao atual visual de desenhos lunares, pintados,

Acima, Puerto de Mogán, em Gran Canaria. Na outra página, o braço de terra que avança pelo mar Punta de Teno, em Tenerife



106 MARÉ ALTA naturalmente, com tons cobres, vermelhos e negros. A ‘Ilha Diferente’, como o destino também é conhecido, guarda outra atração natural desenhada pela ação violenta de vulcões como os Jameos del Agua, que a gente custa a entender se é um corredor vulcânico com um restaurante dentro ou o contrário. Formadas pelo vizinho vulcão La Corona, aquelas galerias subterrâneas com um lago interior serve de cenário natural para jantares à luz de vela e apresentações musicais ao vivo. Aquelas mesmas atividades vulcânicas, ocorridas há mais de 20 mil anos, deram origem também à Cueva de los Verdes, um circuito de 6 km de extensão que abriga grutas e salões com até 50 metros de altura, iluminados por um projeto de som e música, assinado pelo artista Jesús Soto. A incursão por aquelas terras de montanhas de fogo segue em níveis que beiram a surrealidade. Lanzarote ainda consegue surpreender com o El Golfo, um vulcão colapsado pela força insistente da água do mar que invadiu seu interior e formou a Laguna de los Clicos, com suas águas em tons verdes, devido à presença de algas. Ou seja, é vulcão, praia e lagoa (tudo no mesmo lugar). Hervideros é outro ponto de interesse vulcânico de Lanzarote. A costa rochosa do sudoeste da ilha abriga esse labirinto de corredores de pedras formados pelo esfriamento das lavas do vulcão Timanfaya, desenhados pela força das ondas do mar. Tenerife, uma das ilhas ocidentais das Canárias, também tem talento para vulcões e é endereço do mais famoso de todos eles: o Teide, o ponto mais alto da Espanha, a 3.718 metros. Situado no centro da ilha, esse vulcão adormecido se exibe por todos os lados. Pode ser visto da estrada de acesso ao Parque Nacional del Teide – Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, de mirantes encravados em colinas aos seus pés e do alto do concorrido teleférico que leva passageiros, em breves 8 minutos, até a sua base, considerado uma das atrações mais visitadas da ilha.

PARA ENÓFILOS

Se naquele cenário árido de condições adversas nada parece ter vida, as Ilhas Canárias fizeram de seu solo argiloso um terreno fértil para plantações de uvas que dão origem a vinhos de caráter único. Presente em todas as ilhas do arquipélago, a viticultura canária ocupa uma área total de 5.789 hectares, onde são produzidos 18,5 milhões de quilos, segundo estudos divulgados pela Universidad de La Laguna, em Tenerife. A produção ainda é discreta e costuma ser consumida por ali mesmo, mas o destino é conhecido pela produção de bebidas de sabor mineral, garantido pelo terreno vulcânico, feitas a partir de uvas como Malvacía, Listán Negro e Moscatel. Os vinhedos na beira da estrada não só servem para paradas regadas à degustação e prova de uvas como também guardam mais uma daquelas experiências inusitadas que só as Canárias parecem ter tido criatividade para imaginar. Em Lanzarote e em Tenerife, as parreiras se desenvolvem no interior de buracos cavados naquele terreno vulcânico ou entre muros de pedras, técnica local desenvolvida para proteger as plantações das massas de ar e manter a umidade trazida por aqueles ventos alísios. Destaque para a Finca La Laja (www.bodegalosberrazales.com), no norte da Gran Canaria, onde acontecem tours de 1h30 pelas instalações dessa típica fazenda canária com 12 hectares; e a Bodegas La Florida (www.bodegaslaflorida.com), em Lanzarote, cuja visita passa por corredores vulcânicos (olha eles aí de novo) que sustentam parreiras de moscatel, em um edifício histórico de 1870. u

*O jornalista viajou às Ilhas Canárias com o apoio da Iberia e do Escritório de Turismo da Espanha Turismo da Espanha www.spain.info Turismo das Ilhas Canárias www.holaislascanarias.com www.turismolanzarote.com / www.grancanaria.com www.webtenerife.com

No alto, a Cueva de los Verdes, em Lanzarote, abriga grutas e salões. Na outra página, Isla Graciosa, vista a partir do Mirador del Río, em Lanzarote, e Acantilado de Los Gigantes, em Tenerife



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MUSEU A MAR ABERTO

A paisagem, suas condições e história interferem diretamente nas esculturas da exposição Sculpture by the Sea, que acontece todos os anos na costa da Austrália


Ao lado, Câmara Acústica, de Arissara Reed, exibida em Bondi ano passado. Abaixo, Abraço, de Ayad Alqaragholli, exibida em Cottesloe, em 2014. Na outra página, de George Andric, parte da exposição Sculpture by the Sea em Biondi, em 2014

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rograme-se para não perder Sculpture by the Sea, a maior exposição anual de escultura outdoor do mundo e um dos mais queridos eventos de Sydney, na Austrália. Entre 22 de outubro e 8 de novembro, os 2 quilômetros de costa que se estendem de Bondi a Tamarama são tomados por mais de cem esculturas assinadas por artistas do mundo todo. Criado pelo australiano David Handley em 1997, porque ele gostava de eventos de arte ao ar livre, como Ópera no Parque e Sinfonia Sob as Estrelas, pela forma como estranhos sentam um ao lado do outro para ouvir música, enquanto desfrutam de um jantar, piquenique ou obra de arte. “Esse senso de comunidade é raramente disponível no mundo moderno, onde há poucas atividades culturais gratuitas”, ele disse. “Assim, pensei que havia necessidade de um evento de artes acessível em Sydney. Eu tinha fugido do mundo corporativo e morava em Praga no início dos anos 1990, e fui levado a um parque de esculturas ao ar livre situado entre ruínas do século 13, perto da cidade de Klatovy, no norte da Boêmia – ali eu tive minha primeira experiência do poder da escultura e meu pensamento para o evento voltou-se para esse tipo de arte.” De volta a Sydney, em 1996, foi levado por amigos para um passeio pela costa de Bondi para Tamarama: era o cenário


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perfeito para instalar esculturas de todos os tipos. Em 1997, o primeiro ano da exposição Sculpture by the Sea, enfrentou dificuldade de financiamento e, por falta de verba para segurança, a exposição de cem obras ficou restrita a um único dia. No entanto, o interesse da mídia e o sucesso entre os 25 mil visitantes deram impulso para a segunda edição em 1998. Além disso, a Comissão Organizadora de Sydney para os Jogos Olímpicos, por meio do diretor artístico Andrea Stretton, encomendou cinco Sculptures by the Sea ao redor da Austrália para o Festival Olímpico de Artes, em 1998. Foi um grande passo, pois mais de 260 esculturas foram instaladas em locais ao redor da Austrália, a exemplo de Darwin, Albany, Bondi e Península da Tasmânia. Hoje, Sculptures by the Sea na costa entre Bondi e Tamarama é um dos eventos mais populares de Sydney, com 520 mil visitantes conferindo mais de cem esculturas de artistas de todas as partes do mundo durante três semanas na primavera. O sucesso da iniciativa gerou a Sculpture by the Sea Cottesloe, em 2005, realizada anualmente na Praia de Cottesloe, em Perth, banhada pelo Oceano Índico. É um local com belo entardecer, onde foram expostas 70 esculturas visitadas por 260 mil pessoas. Sculpture by the Sea www.sculpturebythesea.com u


À direita, Intervenção, de Michael Van Dam. Abaixo, Rei de Carvão, de Louis Pratt. Na outra página, Trabalho Artístico Incendiário, de David McCracken, exibido na Sculpture by the Sea em Cottesloe 2016. As Garrafas, de RCM Collective, e Homem na Bola, de Wang Shugang, exibidas em Bondi ano passado


112 MARÉ ALTA

CALEIDOSCÓPIO

DE CORES E FORMAS Praia no Parque Estadual MacKerricher, perto de Fort Bragg, no estado norte-americano da Califórnia, Glass Beach virou o jogo: de antigo lixão, passou a atração turística


Vidros depositados no antigo lixão foram quebrados pelo mar e, misturados à areia, dão brilho à Glass Beach

L

ocalizada em Fort Bragg, no norte da Califórnia, Glass Beach é formada por um tapete de pedras de vidro multicolorido que brilham à luz do sol. É que durante vários anos sua orla foi usada como lixão pelos moradores, que depositavam ali todo tipo de eletrodomésticos e garrafas. Dizem que o lixo era atirado pelos moradores dos penhascos que contornam a costa da região, e que a prática era tão comum que muitas vezes se produziam incêndios para reduzir o tamanho da pilha. Somente em 1967 as autoridades colocaram fim na prática ilegal, proibindo o descarte e iniciando a limpeza da área para sua recuperação ambiental. No entanto, ao longo dos anos, o mar foi quebrando os vidros abandonados na areia, formando pequenas pedras de diferentes tamanhos, formatos e cores, o que tornou difícil a tarefa de separar os cacos de vidro das pedrinhas de areia. E, mais uma vez, a natureza tratou de dar um jeitinho em um erro humano. A área onde fica a Glass Beach era particular, mas, em 1998, seu proprietário achou que deveria ser aberta ao público. Em parceria com órgãos governamentais, iniciou um processo de limpeza na região que durou cinco anos, após o qual o Departamento de Parques e Recreação da Califórnia comprou a área de 150 mil metros quadrados, que foi incorporada ao MacKerricher State Park em outubro de 2002. Atualmente, Glass Beach é uma área de proteção ambiental aberta à visitação pública e, embora seja proibido recolher os pedaços de vidro que são sua principal característica, muitos turistas ainda o fazem para levar uma lembrança para casa, o que está degradando e descaracterizando a praia. Ironicamente, em uma região onde se tornou proibido jogar pedaços de vidro, agora é proibido retirá-los. Muitas plantas nativas em perigo de extinção são encontradas nas áreas protegidas de Glass Beach, assim como uma grande variedade de caranguejos e moluscos. u


114 MARÉ ALTA

DE OLHO NO MUNDO

Parece que se está em outro planeta, mas é apenas a Praia Escondida, localizada dentro de uma cratera nas Ilhas Marietas, no México


G

rupo de pequenas ilhas desabitadas no Oceano Pacífico, a poucos quilômetros da costa oeste de Puerto Vallarta, no México, as Ilhas Marietas foram formadas há milhares de anos por atividade vulcânica e possuem abundante vida marinha, pois são protegidas da caça e da pesca pelo governo. Na verdade, a área de 1.400 hectares foi declarada Parque Nacional em 2005, após muita insistência de ambientalistas locais. Na década de 1900, as ilhas abrigaram um centro de treinamento militar. Muitas bombas foram lançadas e grandes explosões foram produzidas no local, e acredita-se que possam ter interferido na sua formação rochosa, produzindo maravilhosas cavernas. Após grande pressão internacional nos anos 1960, liderada pelo cientista e oceanógrafo Jacques Cousteau, o governo mexicano decidiu transformar as ilhas em parque nacional e protegê-las contra a caça e a pesca. Exótica e “escondida” dentro de uma caverna, a Praia Escondida encanta os turistas por sua beleza natural e seu enorme buraco no teto. Uma abertura circular na rocha permite a entrada da água do mar e a passagem dos turistas sortudos. “Dentro” da praia, a areia branca complementa a paisagem, para felicidade dos visitantes. Como a praia fica dentro de uma reserva natural protegida, é preciso permissão para visitá-la. Agências de viagens em Puerto Vallarta organizam passeios até o local e providenciam autorização. Depois de cerca de uma hora de barco, chega-se à praia apenas nadando, pois os barcos não conseguem passar pela pequena fenda na rocha, já que não existe acesso por terra. Chegando lá, passeios de caiaque e mergulhos em águas azuis-turquesa, com snorkel, para admirar a vida marinha, fazem o passeio valer muito a pena. Além disso, há mais de cem espécies de pássaros que habitam as ilhas e uma infinidade de espécies marinhas. Como nas Ilhas Marietas não há construções, quem for conhecer esse miniparaíso no Pacífico com águas azuis, muito sol e muito calor, tem de se hospedar em Puerto Vallarta, a cidade que ganhou fama nos anos 1960, após a gravação do filme A Noite da Iguana, dirigido por John Huston. Na época, a mídia internacional aterrissou no balneário para acompanhar o desempenho dos atores Richard Burton, Ava Gardner, Deborah Kerr e Sue Lyon. u

À esquerda, Elizabeth Taylor e Richard Burton em Puerto Vallarta. Abaixo, vista aérea da Praia Escondida. Na página ao lado, a praia vista de dentro


Foto Sean Pavone

A costa oeste do estado norte-americano revela paisagens e prazeres que vão muito além do universo de Mickey Mouse e sua turma

Horizonte de Tampa

Foto Vladone

116 DIÁRIO DE BORDO

por MARCIO MORAES

A OUTRA FLÓRIDA

Porto de Key West

Primeira e única na preferência dos brasileiros, a Flórida é sinônimo de boas praias, latinidade caliente, Disneyland e, obviamente, compras. A cidade mais visitada por brasileiros é Orlando, terra do Mickey, seguida por Miami, terra dos outlets. Mas garanto que há muito mais para ver e sentir nesse destino que é perfeito para quem gosta de viver navegando por águas calmas – e belíssimas. Parte da Flórida é formada por uma península entre o Golfo do México e o Oceano Atlântico. Por conta disso, o estado tem o maior litoral do país, que abrange cerca de 2 mil quilômetros. Impressionante, não? Banhada pelo Golfo do México, a costa oeste do território apresenta destinos que fogem de qualquer clichê. No Condado de Citrus, ao norte, uma das maiores fontes de água doce do mundo converte-se em impressionantes cachoeiras, cavernas, lagos e rios de águas termais, acessíveis por trilhas imersas em uma natureza abundante. E a minha dica de ouro:


Foto Stockphoto52

não deixe de fazer o mergulho com peixes-bois, uma das experiências mais incríveis que já pude viver. Pouco mais ao sul, a região de Tampa, Clearwater e São Petersburgo reúne a graça de uma faixa litorânea exuberante com a sofisticação de um centro urbano agitado e vibrante. Enquanto Tampa se mostra como um polo metropolitano, onde é possível visitar museus, passear por monumentos arquitetônicos e apreciar alta gastronomia, Clearwater é ideal para quem quer fazer das férias um momento de puro relaxamento: basta escolher entre um dos resorts de alto padrão que se espalham pela orla, formada por praias de areia branca e água cristalina. São Petersburgo, por sua vez, apresenta um interessante mix de beleza natural e cultural. Além de ter praias de ótima reputação (a Fort de Soto Park é a minha preferida), a cidade abriga também o maior acervo de obras do artista espanhol Salvador Dalí, com 1.500 peças, entre quadros, desenhos e esculturas. Somem-se a esse cenário alguns parques, restaurantes e hotéis que oferecem a estrutura perfeita para uma estada prazerosa. Outra área que destacaria na Flórida é Naples, diametralmente oposta a Miami no mapa. A cidade litorânea oferece uma gama de boas lojas, galerias de arte e restaurantes concentrados em um charmoso centro histórico que divide atenção com as praias igualmente belas. De lá, é possível visitar Marco Island, refúgio de tranquilidade e riqueza coroado pelo impressionante Marriott Resort & Golf Club, um dos meus favoritos. Além disso, Naples fica a menos de uma hora do Parque Nacional de Everglades, única área subtropical preservada na América do Norte que cobre

Islamorada, Flórida

um território de 6.105 quilômetros quadrados e recebe cerca de 1 milhão de visitantes anualmente. Em Everglades, a fauna típica do país americano – com aligatores e íbis – encontra um espaço recortado por rios, pântanos e florestas que é simplesmente inspirador. O Parque foi declarado Patrimônio Mundial pela Unesco, em 1979. Parte de um roteiro tradicional pela Flórida inclui, além de compras em Miami e parques temáticos em Orlando, um cruzeiro pelas Bahamas. Como alternativa ao comum, meu conselho é rumar para as Ilhas Key, formadas por Key Largo, Islamorada, Marathon, Lower Keys e Key West. Esse pequeno arquipélago que se estende pelo Oceano Atlântico é conhecido como Caribe Americano. Entre as diversas opções de lazer, ressalto o mergulho e a pesca, por conta da presença do único recife de corais vivo no território marinho americano. Caso nenhum dos destinos alternativos agrade, não se preocupe, porque a Flórida sempre terá sol, Miami e o Mickey Mouse e sua turma para receber os visitantes de braços bem abertos.


118 TIMÃO

por ANTONELLA KANN

LA MAR, DO PERU A MIAMI Além de um visual megacênico, o restaurante La Mar, aninhado no glamouroso Mandarin Oriental de Miami, surpreende pela diversidade dos seus pratos, assinados pelo talentoso chef peruano Gaston Acuria. As criações gastronômicas encantam os olhos, mas principalmente agradam ao paladar. Tanto a apresentação quanto o sabor são irrepreensíveis. Mas o embaraço da escolha está no leque de iguarias, uma mais atraente que a outra. Sabe o quê? A melhor pedida é sempre deixar-se surpreender, portanto, não hesite em devolver o cardápio ao gentil maître e simplesmente declarar que você deseja experimentar tudo aquilo que o chef considera obra-prima. Além de considerar isso um elogio e um voto de confiança, prepare-se para degustar os melhores ceviches e combinações elaboradas com peixe cru, marinados ou grelhados. Não importa como se apresenta o prato, aliás, sempre meticulosamente arranjado, o visual será sempre apetecedor.

ANEGADA, A ILHA MAIS “QUENTE” DO MAR DO CARIBE Embora cercada por celebridades como Virgem Gorda e Peter Island, a pitoresca Ilha de Anegada – terceira maior do arquipélago das Ilhas Virgens Britânicas – tem um carisma inerente. Reputada pelos seus viveiros de lagostas, conseguiu tornar o crustáceo sua marca registrada. Mas, como sempre se manteve naturalmente segregada pela barreira de corais, que impede ou pelo menos dificulta ao máximo o acesso, ela acaba ficando muito fora da mira dos holofotes, limitando o número de visitantes, composto em sua grande maioria de velejadores. E apenas os mais intrépidos se atrevem a jogar ancora por lá, pois é preciso uma destreza particular no timão para alcançar o ancoradouro certo. Consequentemente, seus 240 habitantes estão enraizados de tal modo em seu ritmo de vida e rotina do dia a dia que mal percebem que o mundo mar afora já gira em outra cadência há décadas. Alinhavada por praias de areia fina e leitosa, mar calmo e, consequentemente, um modus vivendi mais calmo ainda, Anegada é um caso único naquela região e acaba deixando uma forte impressão nas pessoas que aportam por lá. Em tempo, eis um aviso aos navegantes: são poucos os lugares seguros e abrigados para ancorar, e o risco de encalhar é alto. Consta que no sudeste da ilha, numa extensão de 4 quilômetros conhecida como Horseshoe Reef, contabilizam nada menos que 300 naufrágios.


GOZO, O CHARME DISCRETO DO ARQUIPÉLAGO MALTÊS Gozo, a segunda maior ilha do arquipélago de Malta, mede 14 x 7 quilômetros e ainda não está, digamos, completamente domesticada. O ferry que liga a capital, Valletta, ao singelo porto de Mgarr faz a travessia em menos de 30 minutos e o trajeto é prazeroso e incrivelmente cênico. Para os puristas, é um oásis, um lugar focado por aqueles que rastreiam um estilo de férias com um ritmo bem desacelerado. A ilha é abençoada com vales verdes espetaculares, uma ou duas praias de areia e um punhado de praias com pedras e vilarejos encantadores encravados nas colinas. Os locais são pessoas hospitaleiras (apesar da fama de retraídas) e a maioria fala inglês, herança de 150 anos de colonização britânica. Mas nada de ambientes empertigados: no arquipélago como um todo, e principalmente em Gozo, a atmosfera é totalmente relaxada. Dê um jeito de alugar um carro no hotel para dirigir pela ilha e assim explorá-la de leste a oeste. Ainda cumprindo um roteiro inevitavelmente turístico, não deixe de visitar a célebre Baía de Dwejra, ao norte, reputada como um dos ícones naturais da ilha. O segredo é chegar antes do meio-dia, para evitar a desova de turistas que vêm de ônibus. Outro pit stop visualmente impressionante são as salinas de Xwieni, incrivelmente fotogênicas.

ILE DE RÉ, UMA ILHA PARA CADA ESTAÇÃO DO ANO A Ile de Ré merece que você passe um fim de semana, até porque existe uma legião de hotéis (de várias categorias) espalhada pelos portos mais importantes, entre os quais se destaca St. Martin de Ré, um dos mais charmosos, com pequenas lojas encravadas em ruelas estreitas só para pedestres, galerias e restaurantes à beiramar. Não fosse sua famosa vizinha La Rochelle e uma ponte de 3 quilômetros de extensão que liga uma à outra desde 1988, a Ile de Ré continuaria como no passado, quando consistia apenas de vilarejos de pescadores que viviam afastados da civilização e do tumulto do mundo moderno. Ainda hoje, a Ile de Ré é bem menos badalada do que muitos balneários franceses e mesmo no período de alta estação – de junho a setembro – é possível explorar com tranquilidade as pacatas comunidades que circundam a ilha. Paraíso à beira do Atlântico, a Ile de Ré atrai visitantes o ano inteiro, pois, além de suas praias desertas e dunas que chegam a se estender por 20 quilômetros, oferece um atraente leque de atividades esportivas e de lazer que transcendem o sol e o calor. São mais de 100 quilômetros de ciclovias, entre vinhedos e plantações, bosques e estradas pouco movimentadas. Há também várias pequenas empresas locais que dispõem de inúmeros programas de pescaria, aulas de vela e passeios em alto-mar. Por fim, a quantidade de eventos artísticos, musicais e de lazer preenche a agenda cultural durante todos os meses do ano.


120 MASTRO

CORRIDA PARA O MAR

Considerado uma das migrações mais impressionantes na natureza, o êxodo de caranguejosvermelhos da terra para o mar na Ilha Christmas, na Austrália, é um fenômeno incomum

A

praia parece tingida de vermelho na Ilha Christmas, território australiano no Oceano Índico, situado ao sul de Java, na Indonésia. E não é à toa: estima-se que 120 milhões de caranguejos-vermelhos (Gecarcoidea natalis) vivem por ali. Eles são grandes e brilhantes – um adulto pode medir até 12 cm de diâmetro – e, embora sejam mais comuns em ambientes úmidos de florestas tropicais, vivem em tocas ou fendas profundas em afloramentos rochosos. Cada toca é habitada por um único exemplar e, fora da época de reprodução, os caranguejos-vermelhos são solitários, pois não toleram intrusos. Comem principalmente folhas caídas, frutas, flores e mudas. No entanto, não são exclusivamente vegetarianos, podendo também se alimentar de outros caranguejos mortos, pássaros e lixo humano, se houver oportunidade. Um parque nacional cobre a maior parte da ilha de 135 quilômetros quadrados, recheada de florestas tropicais, cachoeiras, recifes e o nativo caranguejo-vermelho, uma espécie de terra que migra para o mar na estação chuvosa – entre outubro e novembro. Eles, então, começam uma migração espetacular da floresta até o mar, para se reproduzir. É que as chuvas proporcionam condições mais favoráveis para que eles tracem um longo e difícil caminho até o mar – e isso pode durar até 18 dias. Os caranguejos têm uma fase larval marinha, por isso os ovos devem ser depositados no mar. Depois do acasalamento, as fêmeas permanecem em tocas úmidas por 12 dias, enquanto os ovos se desenvolvem. Uma única fêmea pode pôr até 100 mil ovos. u



por ELOÁ ORAZEM

122 CINEMA

NA ONDA DA SÉTIMA ARTE F

Comédia, drama e terror – todos os gêneros ficam ainda mais à flor da pele quando passados em alto-mar onte inesgotável de sonhos, amores e aventuras, o mar é protagonista até quando se propõe coadjuvante. Hollywood vem beber diretamente em sua fonte, como tantos outros também o fazem: as histórias – reais ou fictícias – inundam as salas de cinema mundo afora porque não é preciso tradução para entender a majestade da imensidão azul. E as obras que se deleitam entre o vaivém infinito podem contar o nosso passado e, às vezes, até o futuro, já que muitos dos que assistem à sua edição final acabam mergulhando tão fundo no roteiro que, ao fim do espetáculo, clamam para si vivência parecida. Para quem não tem medo de se lançar em uma experiência com boas doses de adrenalina e uma pitada de romance, selecionamos alguns filmes atemporais para inspirar, ensinar ou simplesmente despertar o desejo de estar perto do mar.

KNIFE IN WATER

A FACA NA ÁGUA Quem precisa de cores quando se tem Polanski na direção? Todo em preto e branco, o filme de duas horas é um intenso jogo de conquista – e uma homenagem ao poder de sedução feminino. Em pouco menos de duas horas, o diretor precisou apenas de três atores para marcar (de novo!) a história do cinema. Neste longa minimalista, um homem de meia-idade e sua bela esposa curtem o bem-bom à beira-mar, quando um jovem mochileiro cruza seu caminho e coloca em xeque a estabilidade emocional do marido inseguro. Numa disputa não declarada para ganhar a posição de “macho-alfa” do iate, os dois entram em constantes conflitos para chamar a atenção da única mulher a bordo, que tem amor e desejo contrapostos. O título do longa é uma alusão ao clímax da obra polaca: quando a faca cai na água, os nervos ficam à flor da pele. É um filme que nos convida a repensar as correntezas da vida e dos relacionamentos.


ALL IS LOST

ATÉ O FIM Esta história não é para iniciantes – e talvez por isso o escritor e diretor J.C. Chandor tenha escalado ninguém menos que Robert Redford para encarnar esse drama de um homem só. Sem pronunciar uma palavra sequer ao longo dos 90 minutos do filme, Redford nos conta a luta pela sobrevivência de um experiente marinheiro que se vê em apuros depois que sua embarcação é parcialmente destruída ao se chocar contra um contêiner. Com o casco remendado e dezenas de tubarões torcendo pelo seu fracasso, Redford conta apenas com mapas e a boa vontade das correntes marítimas para chegar até um lugar seguro.


124 CINEMA

MESSAGE IN A BOTTLE

UMA CARTA DE AMOR Baseado no livro As Palavras Que Nunca Te Direi, de Nicholas Sparks, o filme gira em torno da jornalista divorciada Theresa Osborne (Robin Wright), que, caminhando pela praia, encontra à margem uma garrafa com cartas de amor que resistiram ao tempo e ao mar. Em um misto de curiosidade e descobrimento pessoal, Theresa usa as ferramentas de que dispõe como repórter em Chicago para descobrir quem é o autor daquelas mensagens tão marcantes e sinceras. Depois de muita investigação, a jornalista chega a Garret Blake (Kevin Costner), o “G” ao final de todas as cartas. Ao conhecê-lo, Theresa lamenta a morte da amada Catherine (Susan Brightbill), sua esposa e destinatária das mensagens. Como era de se esperar, a fragilidade de ambos e a boa interação desperta um interesse mútuo entre Theresa e Garret, mas a lembrança de Catherine não permite que ele viva este novo amor por completo.

EN SOLITAIRE

CONTRA A MARÉ Dilemas morais e questões existenciais são sempre o prato principal de filmes franceses – e este não é exceção. Vencedor do Gijón International Festival na categoria direção, o filme capitaneado por Christophe Offenstein narra a história de Yann Kermadec (François Cluzet), que finalmente se vê diante da possibilidade de realizar seu sonho de velejar pelo mundo quando tem de substituir às pressas Frank Drevil (Guillaume Canet), então participante do Vendée Globe, uma corrida de iate individual ao redor do mundo. Na liderança da competição após dias em alto-mar, Yann é obrigado a parar em uma cidade para reparar um dano no leme. De volta à corrida, o navegador descobre que um garoto entrou escondido em sua embarcação e sua presença pode desclassificá-lo, lançando-o em uma batalha moral e humana, com todo o balançar típico dos fortes oceanos.


THE AFRICAN QUEEN

UMA AVENTURA NA ÁFRICA Água doce, experiências ácidas. Para vingar a morte de seu irmão, a missionária Rose Sayer (Katharine Hepburn) convence o aventureiro canadense Charlie Allnut (Humphrey Bogart) a partir em uma missão suicida: descer o Rio Congo a bordo do pequeno barco “Rainha da África” para atacar o navio inimigo. Não bastassem os perigos naturais ao longo do caminho, os dois ainda precisam sobreviver um ao outro. Queridinha da crítica especializada, a obra garantiu a Humphrey o primeiro e único Oscar de sua carreira. Hepburn, apesar de não levar estatuetas por seu trabalho, também pôde dizer que o projeto foi um dos mais marcantes de sua vida, mas por outros motivos – as doenças, o calor, os insetos e todos os inconvenientes que a atriz teve de superar para concluir o filme. Os relatos da atriz até viraram livro.

IN THE HEART OF THE SEA

NO CORAÇÃO DO MAR A história real do navio baleeiro Essex, abalroado em 1820 por um cachalote, foi revisitada diversas vezes ao longo dos séculos por escritores e cinegrafistas. No ano passado foi a vez do diretor Ron Howard, vencedor do Oscar pelo filme Uma Mente Brilhante, embarcar nessa epopeia. A bordo do navio estavam os atores Chris Hemsworth e Benjamin Walker, encarnando, respectivamente, Owen Chase e o capitão George Pollard Jr. O filme coloca em perspectiva a força do homem diante da natureza e abusa de efeitos gráficos e visuais para alagar de sentidos o telespectador. Com muitas licenças poéticas, a obra fantasia o caso real para falar dos valores e da relação com o poder de dois homens e uma tripulação que tentam resistir à valentia da baleia Moby Dick, disposta também a lutar por sua sobrevivência.


126 CINEMA

CAPTAIN RON

O LOUCO LOBO DOS MARES Nunca é cedo ou tarde demais para grandes mudanças e Martin Harvey (Martin Short) sabe disso. Casado, com dois filhos, Harvey vive uma rotina atarefada na gelada Chicago, mas resolve dar um basta na monotonia depois de descobrir que é o herdeiro de um barco que outrora pertenceu ao ator Clark Gable. Sem a menor noção de como navegar uma embarcação, o empresário combina com um capitão de levá-los para a região do Caribe e depois para Miami, onde o barco seria vendido por um bom preço. A aventura familiar não é recebida com grande empolgação pelos demais membros do clã, mas o casal opta por seguir viagem para tentar impedir que sua filha de 16 anos se case tão jovem. Ao chegarem no ponto de partida da jornada, os Harvey descobrem que a embarcação está em péssimas condições – e essa é só a primeira reviravolta de um filme leve, que promete boas gargalhadas.

KON-TIKI

A AVENTURA E KON-TIKI Remake fantasioso de uma história real, o longa lançado em 2012 é inspirado na aventura do pesquisador Thor Heyerdahl, que organizou a expediçao Kin-Tiki para provar sua tese nada convencional que dizia que a Polinésia tinha sido ocupada primeiro por povos da América do Sul, e não pelos povos do oeste, como diziam os livros de história. Para provar seu ponto de vista, Thor construiu uma pequena jangada, com os mesmos materiais de séculos atrás, e chamou cinco tripulantes inexperientes para partir com ele em uma viagem de três meses – o que muitos chamaram de operação suicida. Enquanto flutuavam pelo Oceano Pacífico, torcendo para serem levados para a direção correta, os homens enfrentam problemas com tempestades, tubarões, baleias, recifes de corais e com a própria jangada, que corre o risco de se desfazer a qualquer momento. Embora use de elementos fictícios para entreter o espectador – e o filme cumpre bem esse papel –, vale lembrar que o documentário original, gravado pelo próprio Thor, venceu o Oscar de 1950. Em 2013, o filme dirigido por Espen Sandberg e Joachim Rønning foi o indicado oficial da Noruega ao Oscar de melhor filme estrangeiro.


LIFE OF PI

AS AVENTURAS DE PI Não há como atravessar intacto a jornada do jovem Piscine Molitor “Pi” Patel, dirigida pelo brilhante Ang Lee. No longa, indicado ao Oscar em diferentes categorias, uma família dona de um zoológico em Pondicherry, na Índia, decide se mudar para o Canadá, viajando a bordo de um imenso cargueiro. O navio sucumbe às péssimas condições climáticas e Pi é o único que consegue sobreviver em um barco salva-vidas. Perdido no meio do Oceano Pacífico, ele precisa dividir o pouco espaço disponível no bote com o tigre-de-bengala Richard Parker. A história absurda, contada em meio a potentes imagens e trilha sonora arrebatadora, é levada a cabo até os minutos finais do filme, quando o telespectador é arremessado a uma densa autoanálise, que mistura fé, religião, ética e, acima de tudo, humanidade.

WHITE SQUALL

TORMENTA Depois de encontrar pessoalmente Chuck Gieg, um dos sobreviventes do trágico naufrágio do veleiro Albatross, no Caribe, em 1960, o roteirista Todd Robinson escreveu o filme Tormenta, contado a partir dos relatos e da visão de Gieg. Quando era adolescente, Gieg e alguns amigos tiveram a oportunidade de vivenciar uma aventura educativa a bordo do navio-escola Albatross, liderado pelo severo e rigoroso capitão Christopher Sheldon (Jeff Bridges). A viagem foi toda custeada pelos pais dos jovens, que teriam aulas e experiências únicas a bordo da embarcação. Ao longo dos dias, Gieg e seus amigos descobrem que a transição da adolescência para a vida adulta é um processo agridoce, que envolve responsabilidade, comprometimento e coragem. Infelizmente, nem todas as lições foram aprendidas de forma suave: surpreendidos por uma tormenta mortal, os garotos se veem obrigados a ir além de seus privilégios para enfrentar perigos que ninguém pode controlar.


128 MAROLA

PRAIA URBANA

Dedicado à arquitetura, à engenharia e ao design, o National Building Museum, em Washington-DC, construiu um oceano em seu hall e propôs um dia na praia

Mergulho de um visitante, que aproveitou para boiar. Na outra página, vista do Grand Hall transformado em oceano

E

ntre julho e setembro de 2015, turistas e moradores de Washington, capital dos Estados Unidos, foram convidados a ir para a praia no Centro da cidade. É que o National Building Museum construiu um oceano em seu majestoso Grande Hall para apresentar a exposição The Beach, uma instalação arquitetônica interativa feita com quase 1 milhão de bolas de plástico translúcido recicláveis. Todo verão, o National Building Museum propõe uma grande exposição interativa em seu átrio. Em 2013, foi minigolfe; em 2014, montou um labirinto desenhado pelo arquiteto

dinamarquês Bjarke Ingels. Em 2015, superou todas as expectativas com sua Praia, embora tenha sido considerada pela mília local “tão divertida e ridícula quanto parece”. A iniciativa de oferecer uma experiência de verão por excelência – ir à praia – foi criada em parceria com a empresa de design experimental Snarkitecture, que partiu da vivência familiar de um dia de verão na praia, considerando os elementos naturais e culturais que a envolvem, para criar um ambiente monocromático de 10 mil pés quadrados. Alex Mustonen, cofundador da Snarkitecture, chama a instalação de “alto contraste, alto-relevo,



130 MAROLA Na praia do museu não faltou música nem cadeiras para tomar sol

que neste caso se aplica tanto emocional quanto esteticamente”. Materiais de alto padrão, andaimes, drywall, painéis de madeira e espelhos foram utilizados para criar o gabinete que leva ao oceano lúdico e envolvente que adultos e crianças exploraram, brincaram e relaxaram. Não se sabe exatamente a profundidade da Praia, mas é praticamente impossível alcançar o fundo com um mar de bolas de plástico. Cadeiras de praia e guarda-sóis monocromáticos ocupam um deck atapetado de 15 mil metros entre a costa e o oceano, culminando numa parede espelhada que reflete uma extensão aparentemente infinita.

Claro que os visitantes eram convidados a nadar no oceano, ou podiam passar a tarde à beira-mar, lendo um bom livro, jogando frescobol ou balançando os pés no oceano ao longo do píer – sempre de roupa. Visitada por um público de 180 mil pessoas, a exposição deu enorme trabalho no desmonte, pois, além de esvaziar o oceano, cerca de 800 objetos perdidos ali foram catalogados no setor de Achados & Perdidos, gerando uma tarefa extra aos organizadores. Resta a expectativa de saber o que vai alegrar o verão da capital norte-americana em 2016. u


National Building Museum

401 F St NW, Washington, DC 20001, United States, www.nbm.org


132 EXPOSIÇÃO

DESIGN AERODINÂMICO

O sul-africano Alastair Gibson conseguiu unir a paixão pela vida marinha com sua experiência como engenheiro na Fórmula 1 para fazer arte – e deu peixe!


De cima para baixo: destaque na exposição, a Aero Manta é feita em fibra de carbono e componentes de carro de Fórmula 1 e pesa 28 kg. Tubarão com guelras retas que saíram do traseiro de uma Ferrari F40. Tubarão martelo em carbono. Na outra página, engenharia da cavalinha

E

le nasceu perto de Johannesburgo, na África do Sul, completou os estudos na escola de meninos Rei Edward VII e prestou dois anos de serviço militar obrigatório no Exército de seu país. Formado em engenharia, partiu para a Europa com a ambição de trabalhar na indústria do esporte automotivo. Não deu outra: foi por quatro anos mecânico-chefe da equipe Benetton de F1, e por dez anos chefe da equipe de mecânicos do BAR Honda Grand Prix Team. Muito antes disso, seu interesse pela vida marinha, despertado cedo, durante férias familiares, o inspirou a assistir aulas de arte para capturar a forma mais interessante de representar o peixe na escultura. Pois ele juntou uma coisa com a outra e não demorou a ser convidado para expor seu trabalho diferenciado.

Vendo – e desenhando – semelhanças entre modernos carros de corrida e peixes, Alastair desenvolveu uma série de esculturas usando peças e tecnologia de F1 para mostrar peixes únicos em formas diferenciadas. Artista em tempo integral há seis anos, ele conquistou admiradores e já é reconhecido como precursor na escultura de fibra de carbono. Utiliza seus conhecimentos de engenharia e experiência para reciclar peças e componentes dos carros de F1 provenientes de equipes do Grande Prêmio e mostrar sua paixão pela arte por meio de esculturas de fibra de carbono. O trabalho de Alastair tem sido exibido em todo o mundo e suas esculturas foram compradas por colecionadores na América do Norte, Europa, Ásia, Austrália, Oriente Médio e África do Sul. E pode ser visto em galerias selecionadas no Reino Unido, Estados Unidos, Europa, Rússia, Dubai e


134 EXPOSIÇÃO

Acima, esturjão de carbono. À esquerda, cavalos marinhos coloridos. Na outra página, corrida de peixes, o esturjão de carbono visto de outro ângulo, peixe azul e e corrida de piranhas

África do Sul. Ele realiza projetos variados, incluindo encomendas particulares, instalações, uma coleção de produtos life style e novos trabalhos em seu Studio 45, perto de Oxford, na Inglaterra. Após sua bem-sucedida exposição no ano passado, em abril o artista apresenta novas peças no hotel contemporâneo 45 Park Lane, em Mayfair, Londres. Agora revela novas esculturas, incorporando o corte de metais, como o bismuto e o titânio, ao lado da impressão 3D e outros materiais da vanguarda e tecnologia atuais. A coleção apresenta peças inéditas, incluindo uma série de arraias juvenis, cujo destaque é Aero Manta, escultura de 3,3 metros de largura por 4 metros de comprimento, pesando 28 quilos, que ficará suspensa no jardim entre os hotéis 45 Park Lane e The Dorchester, e que estará à venda por 92 mil libras. Há também peixes menores e

menos caros em exposição, incluindo tubarões-martelo, cavala, truta, piranha, cavalo-marinho e carpas, todos feitos em fibra de carbono com outros elementos, como liga de bismuto, titânio, alumínio, placa de ouro e uma série de componentes de vários carros, incluindo porcas e parafusos, pastilhas, caixa de câmbio, agulha e roladores. O luxuoso hotel 45 Park Lane, palco da exposição, tem fortes laços com o mundo da arte. Além de expor obras dos dez principais artistas britânicos, exibidas em cada andar e nos quartos e suítes, ainda se localiza próximo a galerias independentes e alguns dos melhores museus de Londres. Promove um almoço mensal com a presença de todos os artistas que exibiram seus trabalhos no hotel – e os hóspedes são bem-vindos a participar. u


AtĂŠ fim de julho no Hotel 45 Park Lane, 45 Park Ln, London W1K 1PN, Reino Unido, www.45-park-lane.londonhotelsuk.net


136 MUSEU

UM MUSEU

A nova diretoria da Fundação Santos-Dumont pretende usar seu rico acervo da aviação brasileira para despertar a vocação e o interesse dos jovens não apenas pela profissão de piloto, mas especialmente pelo empreendedorismo

O

major-brigadeiro Paulo Roberto Pertusi assumiu recentemente a presidência da Fundação Santos-Dumont, mas o seu desejo de fomentar o desenvolvimento da aviação brasileira que, na década de 50 era flagrante, é urgente. “A missão da fundação é contribuir para a aviação brasileira, e o Museu Santos-Dumont é uma ferramenta”, ele conta. Criada em 1956 como instituição cultural de direito privado, sem fins lucrativos, a Fundação Santos-Dumont colaborou e apoiou o desenvolvimento da Aeronáutica, contribuindo com a criação da aviação civil. Evocando Santos-Dumont, que afirmou que inventar é transcender, em 1960 inaugurou o Museu de Aeronáutica, pioneiro na época e com concepção espacial inspirada em um disco voador, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer com cálculo estrutural de José Carlos Figueiredo Ferraz. Idealizado pelo comandante Amadeu da Silveira Saraiva, funcionou no Parque do Ibirapuera por 30 anos, exatamente onde hoje se encontra a Oca. Detentora de um dos mais importantes acervos da história da aviação brasileira, a Fundação Santos-Dumont atua no resgate da memória aeronáutica através dos exemplos de idealismo, dedicação, perseverança, coragem e desprendimento, que foram fortes marcas de Alberto Santos-Dumont e de tantos outros importantes nomes da nossa história. Entre 2006 e 2015, a Fundação Santos-Dumont emprestou seu acervo para o Museu TAM, localizado em uma área de 22 mil metros quadrados em São Carlos, interior de São Paulo. Com 90 aeronaves, o museu recebeu 110 mil visitantes em 2014. A Fundação trabalha para concretizar novamente um museu que seja um espaço cultural condizente com a sua importância histórica,


PARA O FUTURO


138 MUSEU

De cima para baixo: voo do Bandeirante C95 da Força Aérea Brasileira. O PT Orion que integrou a frota da FAB a partir de 2011. Operação de busca e salvamento. Esquadrilha da Fumaça sobre o Rio de Janeiro

adequado à interatividade, ao avanço tecnológico e às atrações contemporâneas que ajudam no conhecimento. “A aviação brasileira, como em todos os lugares do mundo, deve estar em constante evolução, não apenas na parte técnica, mas em toda a malha coberta. A meu ver, aqui não é desenvolvida, vai para poucas cidades além das capitais. Na década de 60 havia mais cidades em linha regular de voos do que temos hoje, ou seja, o Brasil involuiu. Também involuímos na formação de pilotos. Antigamente, havia muitos aeroclubes, hoje há poucos e os cursos são caros. É um paradoxo: o Brasil vai crescendo e a aviação em si não acompanha o ritmo de crescimento do País”, afirma Pertusi. Ele conta que uma das finalidades do Museu Santos-Dumont é estimular o interesse pela aviação. “O museu é um formador de futuro, ao contrário do que pensamos, porque desperta a vocação e o interesse nas pessoas.” Mais do que cultuar a figura importantíssima de Santos-Dumont, o museu deverá servir para despertar o espírito dos inventores, dos criadores. “Por isso, a Fundação Santos-Dumont fará um museu sobre a aviação brasileira, abrangendo os principais pioneiros, como Edu Chaves, que criou em São Paulo a primeira escola de aviação do País, com seus inventos, além de todos os feitos aeroespaciais no Brasil, as companhias aéreas nacionais que têm histórias lindas, como Varig, TAM, Panair, Vasp e Transbrasil, para que as pessoas entendam as árduas lutas para empreender, como está o mercado hoje e por que essas empresas viveram histórias de insucesso”, conta Pertusi. Por outro lado, haverá também a nossa indústria aeroespacial – a Embraer, que foi criada em 1969 e hoje é uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo, líder no mercado de jatos comerciais com até 130 assentos. E o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (CTA), criados pelo militar brasileiro Casimiro Montenegro e que foram o embrião da Embraer. Não podia faltar, é claro, o lado lúdico do museu, que será acompanhado de experiências que vão muito além do touch screen. “O museu todo será interativo, embora tenha aviões contemplativos. O diferencial para o Catavento Cultural, por exemplo, é que mostraremos objetos históricos junto da modernidade, podendo misturar o cesto original do 14 Bis com um filme 4D.” A Aeronáutica está disposta a ceder um espaço no Campo de Marte, embora não tenha interesse em fazer o museu porque já existe o Museu Aeroespacial (Musal) no Rio de Janeiro. Segundo Pertusi, a ideia é que seja um museu público-privado e que, havendo acordo entre a prefeitura e a União sobre o terreno, esteja pronto em cinco anos. Nome certo ainda não tem, mas abordará a aviação e o espaço, já que o homem já foi à lua. “A Fundação Santos-Dumont acredita que para operar e ajudar a disseminar a aviação brasileira é preciso promover palestras, seminários, congressos, visitar as escolas, levar as escolas para o museu e também realizar exposições itinerantes em shopping centers e clubes. Temos de voltar a divulgar a obra e a vida de todas as pessoas que fizeram a história da aviação no Brasil.” É dessa forma, ele acredita, que se despertará o interesse dos jovens por essas profissões. “Não apenas em ser piloto, mas em ser empreendedor, engenheiro, mexer com tecnologia, ajudando o futuro do País, que é a nossa verdadeira e maior motivação”, conclui.


HIDROAVIÃO JAHÚ, PATRIMÔNIO HISTÓRICO

O brasileiro João Ribeiro de Barros, nascido em 1900 na cidade de Jaú, interior de São Paulo, tornou-se o primeiro aviador das Américas a cruzar o Oceano Atlântico, em 1927. Saindo de Gênova e chegando em Santo Amaro (SP), Ribeiro de Barros e sua tripulação tornaram-se heróis nacionais depois de concluir a travessia de 12 horas sobre o mar, sem escalas. O ousado projeto não teve apoio do governo brasileiro, que considerou a ideia absurda para a época. Assim, João Ribeiro de Barros comprou, com recursos próprios, o hidroavião italiano Savóia Marchetti SM 55, que mais tarde seria renomeado Jahú, em homenagem à sua terra natal. Após alguns reparos e alterações de aerodinâmica, Ribeiro de Barros preparou-se para a grande aventura: cruzar o Atlântico com seu hidroavião sem navios de apoio. Com quatro integrantes na tripulação – o navegador Newton Braga, o mecânico Vasco Cinquino e o copiloto João Negrão, que se uniu ao grupo em Porto Praia, a África, além do comandante Ribeiro de Barros –, o Jahú partia, em 13 de outubro de 1926 para uma aventura que consumiria seis meses de muito esforço e obstinação. A viagem foi marcada por muitos desencontros em seu trajeto, como, por exemplo, sabotagens de “inimigos” interessados em cumprir antes a travessia, surtos de malária e desentendimentos entre a tripulação. Durante o percurso, o hidroavião fez diversas paradas para manutenção – no Golfo de Valência e Gibraltar e Porto Praia, de onde o Jahú finalmente levantou voo rumo às terras brasileiras. Na madrugada de 28 de abril de 1927, voando a uma velocidade de 190 km/h (recorde absoluto para a época), o Jahú permaneceu durante 12 horas no ar e, ao entardecer, mesmo com problemas em uma das hélices, pousou vitorioso próximo a Fernando de Noronha. A equipe teve ainda disposição para pilotar até Natal e Recife e, enfim, Rio de Janeiro e São Paulo, terminando a viagem na represa de Santo Amaro, no dia 2 de agosto de 1927. Apesar de não ser o primeiro no mundo a fazer a travessia do Atlântico, João Ribeiro de Barros foi o primeiro comandante das Américas a completar essa façanha. Muitos ainda atribuem, equivocadamente, a honraria a Charles Lindbergh, que, na verdade, realizou um voo solitário pelo Atlântico Norte, em 20 de maio de 1927, 23 dias após o final da saga do Jahú. Em 2007, quando se comemoraram os 80 anos do feito histórico de João Ribeiro de Barros e sua tripulação, o Helipark, maior centro civil de serviços especializados na manutenção de helicópteros da América Latina, entregou à Fundação Santos-Dumont o hidroavião Jahú completamente restaurado, como uma homenagem aos mestres da aviação brasileira. u

Grandes atrações: o hidroavião Jahu, acima, e o 14 Bis, de Santos Dumont


144 VELA

VELA VINTAGE No circuito de veleiros clássicos, a beleza prevalece sobre o desempenho, a elegância triunfa sobre a velocidade e a paixão conta mais que o investimento. É por isso que o Panerai Classic Yachts Challenge é imperdível

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elo décimo segundo ano consecutivo, a Officine Panerai patrocina o maior circuito internacional de veleiros clássicos – o Panerai Classic Yachts Challenge. O primeiro dos dez desafios de 2016 aconteceu entre 13 e 19 de abril, em Antigua, no Mar do Caribe. A competição reuniu mais de 40 antigos ketches, saveiros, escunas e yawls, para criar um belo espectáculo, juntamente com J Class e Tall Ships vindos de diversas partes do mundo, divididos nas categorias Vintage, Clássico, Tradicional, Clássico Moderno, Espírito de Tradição e categorias Tall Ships. Quatro regatas – uma por dia – aconteceram entre 15 e 18 de abril. No dia 14 ocorreu a 17ª edição da curiosa Single Handed Race, uma prova em que os capitães navegam sozinhos em seus iates com apenas um ou outro tripulante da equipe a bordo, por razões de segurança. Nessa ocasião, a frota é dividida em dois grupos: até 14 metros e mais de 14 metros. Dia 17 de abril foi a vez do tradicional desfile de clássicos no histórico Estaleiro do Nelson, que também é cenário da entrega de



146 VELA prêmios e festa das equipes no dia seguinte. Com barcos e equipes de diversas partes do mundo e regatas apenas uma vez ao dia, os tripulantes têm tempo de sobra para curtir as águas azuis da charmosa ilha caribenha. A turma alemã do Chronos, por exemplo, um ketch de luxo, passa muito bem a bordo. Um caprichado serviço de bordo terceirizado trata de preparar refeições, lanches e drinques e, enquanto alguns trabalham para vencer a regata, as mulheres leem ou batem papo e filhos tomam banho sol. Ao final da regata, que venceram com muito esforço, todos se juntaram para comemorar. Depois, o momento relax pediu um mergulho para explorar a fauna e a flora marinhas da região. Depois da competição, eles comemoram muito a segunda colocação. Afinal, é justo que os incríveis veleiros clássicos e veteranos curtam as belezas locais e se divertam, mas lutem para vencer e também para conquistar os prêmios – relógios Panerai exclusivos. Este ano, a estrela da festa – o Eilean – não esteve presente em Antigua, mas promete fazer bonito nas outras etapas da competição. Projetado e construído pelo lendário estaleiro escocês William Fife em 1936 – mesmo ano em que a Officine Panerai fez o primeiro protótipo de seu icônico Radiomir –, foi descoberto pelo CEO da marca, Angelo Bonati, em 2006, abandonado e terrivelmente danificado em Antigua. Bonati comprou a embarcação em nome da Panerai. Em seguida, o barco foi rebocado para a Europa, onde foi restaurado durante três longos anos. Além de um desafio para os velejadores, a regata transforma a paisagem e a rotina por onde passa, tornando-se atração tanto para os apaixonados pelo iatismo e pelo mar quanto para os turistas presentes, que chegam a programar suas viagens para acompanhar o espetáculo das velas. “O Panerai Classic Yachts Challenge é um evento que entrelaça história, cultura marítima e um senso de fair-play entre os proprietários e tripulações, sejam amadores, sejam profissionais. Valores compartilhados pela Officine Panerai, que apoia os princípios do esporte da vela clássica”, disse Angelo Bonatti. Tradicionalmente com largada em águas caribenhas, o circuito tem etapa final em Cannes, na Riviera Francesa, entre 20 e 24 de setembro. u



148 VELA

fotos MARIO SIMONSEN E MARCOS MENDEZ

DISPUTAS DIVERTIDAS

Cinco barcos HPE30 participam, em um circuito prรณprio no Guarujรก, de disputas acirradas, com รณtimo desempenho e muita diversรฃo


O

HPE30, barco que nasceu em 2014 como continuação de um sonho, para diminuir a distância entre o HPE25 e o Soto 40 – todos projetados pelo renomado arquiteto naval argentino Javier Soto Acebal – ganhou um circuito próprio. Mais uma iniciativa de Eduardo Souza Ramos, criador das outras duas classes, que fez cinco barcos no Zonda Boats e os distribuiu entre amigos, disponibilizando uma unidade para o Iate Clube de Santos. A primeira etapa aconteceu com as bênçãos dos deuses do mar, do sol e do vento, dias 30 de abril e 1º de maio, na sede Guarujá do ICS. Lindos dias frios e de sol, com céu azul, mar mexido e ventos de até 14 nós saudaram os cinco barcos exatamente iguais que disputaram cinco regatas de quatro pernas cada uma. Com momentos emocionantes, em que os barcos ficavam muito próximos entre si, as disputas mostraram claramente as diferentes estratégias de velejadores experientes, como André Fonseca “Bochecha” e Alexandre Paradeda no barco do comandante Eduardo Souza Ramos; Manfred Kaufmann “Fips” no do comandante Fernando Haaland; Marcelo Bellotti no barco do comandante José Vita; Rafael Gagliotti no de Jonas Penteado e Roberto Paradeda no comando de Felipe Furquim. Veleiro de performance, clean, rápido e inovador, o HPE30 vem angariando conquistas. A mais recente foi o velejador veterano Jonas de Barros Penteado, vice-comodoro do Iate Clube de Santos, que, na expectativa, embarcou a sua tripulação que teve Rafael Gaglioti e André Ubinha, ambos com experiência no Soto 40 e no C30; a qualidade técnica do Dancini, do Eugenio e do Adonis: “A iniciativa da classe, com a força recebida de Eduardo Souza Ramos em realizar regatas em Santos, foi coroada de êxito, mercê de um fim de semana excepcionalmente bom para velejar, com sol, vento constante e mar com ondas. Tive a oportunidade de velejar em um dos barcos que Eduardo e Felipe Furquim disponibilizaram ao ICS, e nossa impressão foi absolutamente favorável. Trata-se de um barco moderno, de última geração em projeto e equipamentos, dando grande prazer para aqueles que gostam de regatas disputadas entre barcos iguais, em que a técnica e o conjunto das tripulações determinam os resultados. Conseguimos resultados surpreendentes, culminando com um segundo lugar na última regata, considerando o nível técnico das demais tripulações, quase todas já conhecedoras do barco. Sem dúvida, o evento constituiu-se num ótimo momento para a vela no ICS”. A classe conquistou também o experiente velejador Marcelo Belotti, que participa de quase todos os campeonatos nacionais


150 VELA

Acima, o deck do HPE30 no projeto de Soto Acebal. Os barcos emparelhados: na maior parte das regatas, eles correm prรณximos uns dos outros


e internacionais de Star: “Gostei muito de velejar no HPE30. É, sem dúvida, o veleiro oceânico que me proporcionou maior prazer em correr regatas. Apesar de ser um barco grande, exige muito de toda a tripulação tanto no aspecto técnico quanto no físico, a construção é muito bem-feita pelo estaleiro Zonda Boats e o projeto nem se fala. Como velejo bastante de Star, o HPE30 complementa meu calendário, pois é quando consigo agrupar alguns amigos – também velejadores de Star – no mesmo time, uma vez que a tripulação do HPE30 conta com seis velejadores e a de Star, dois. Com isso consigo aprender bastante com eles e também me divertir. O prazer de velejar nos dois barcos é complementar: Star é um barco de projeto antigo, lento e bastante sensível a regulagens. Sem dúvida, o nível técnico da classe é um dos mais altos do Brasil e do mundo, o que desenvolve e qualifica o velejador. O HPE30 é um projeto moderno, bastante desafiador e depende de, no mínimo, três velejadores de alto nível para ‘fazer verão’, o barco é bastante rápido e arisco, o que deixa a velejada bem esportiva, e o seu enorme balão assimétrico, aliado ao ótimo projeto de casco, garante adrenalina durante as disputas, muitas vezes raras em outras classes, principalmente as oceânicas”. Não é por acaso que ele acredita que a HPE30 é a classe ideal para compor a elite da vela oceânica no Brasil: “Com pouco tempo de vida, mostrou disputas acirradas, ótimo desempenho e muita diversão”, conclui Belotti. u

FICHA TÉCNICA Comprimento total. . . . . . . . . . . . . 9,14 m (30 pés) Boca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2,94 m Calado com quilha recolhida, sem leme. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0,21 m Calado com quilha estendida. . . . 1,79 m Projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Javier Soto Acebal

RESULTADOS 1º Phoenix, do comandante Eduardo Souza Ramos 2º L200 Repeteco, do comandante Fernando Haaland 3º Mitsubishi Capatosta, do comandante José Vita 4º Tahiti Nui, do comandante Jonas Penteado 5º Suzuki, do comandante Felipe Furquim


152 ESPORTE

CONFRONTO S obre um tronco que boia em um grande lago, dois adversários lutam para se manter de pé num curioso esporte chamado rolagem de troncos, uma das 20 modalidades para homens e mulheres que fazem parte do Campeonato Mundial de Lenhadores, realizado todos os anos em Hayward, no estado norte-americano de Wisconsin. Mais de cem competidores de diversas partes do mundo se esforçam para bater recordes ao cortar e serrar troncos com golpes de machado, escalar, correr sobre troncos, entre outros, em busca de 50 mil dólares em prêmios. Criado em 1960 como forma de reconhecer a rica história da indústria madeireira nos Estados Unidos, o Campeonato Mundial de Lenhadores celebra as habilidades dos madeireiros de todo o mundo. Hayward é uma cidade rica em história e beleza natural, e promove os campeonatos em uma grande lagoa que um dia armazenou


as toras da North Wisconsin Lumber Company. A população de Hayward abraça essa rica história e, a cada verão, apoia o evento, que atrai perto de 12 mil visitantes. Na rolagem de troncos, dois adversários – cada um em uma extremidade – lutam para se manter de pé, enquanto giram o tronco com os pés e tentam derrubar o outro. A regra fundamental é nunca tirar os olhos dos pés do oponente. A partida termina com a queda de alguém ou quando expira o tempo. Nas semifinais e finais, o jogo é decidido numa melhor de cinco partidas. Na corrida explosiva, dois adversários correm sobre um circuito de troncos que boiam na água, de uma ponta a outra do lago – e, claro, quem chegar primeiro, vence. Este ano, o evento será realizado em 29 e 30 de julho e os ingressos já estão à venda. Transmitido pela ESPN como um dos grandes jogos ao ar livre, o torneio ganhou popularidade, fãs leais e concorrentes no mundo todo. u


154 ISCA

por LUCIANA DE BARROS fotos MARCO YAMIN

PRATOS COM SUINGUE O restaurante Bossa, em São Paulo, alia gastronomia, música e bons drinques com uma cozinha pop, criativa e globalizada

I

niciativa do empresário Renato Ratier, que coleciona sucessos como a balada D-Edge, a loja Ratier e a D/Agency, que faz curadoria, descoberta e fomento de novos artistas, o Bossa, inaugurado em fevereiro de 2015, é mais que um restaurante – é também bar e estúdio. À frente da cozinha, o chef William Ribeiro apostou num cardápio variado, com base mediterrânea e inspiração brasileira. “A proposta é como o nome sugere. Bossa é se permitir tudo. Tem um sotaque francês, acento japonês, uma coisa do Nordeste, uma pitada da Itália. Bossa é suingue, gingado, mas sem pretensão”, avalia. Eleito o segundo melhor restaurante de comida brasileira pela revista Veja São Paulo, o Bossa dá preferência a produtos frescos e provenientes de pequenos produtores, para preparar receitas tradicionais com novos ingredientes, criando surpresa ao paladar. Até chegar ao cardápio atual, que possui 40 sugestões entre aperitivos, pratos e sobremesas, William e Renato testaram quase cem receitas. A cada quatro meses, mudanças sutis são feitas no cardápio, considerando o retorno dos clientes, já que agora o chef se permite frequentar mais o salão para que a cozinha ande por si mesma. “Quero viver o lance todo. Ser cozinheiro, conhecer os ingredientes, criar os pratos. Minha ideia é tomar conta de um restaurante e mostrar o meu estilo em um prato”, conta o chef, que ganhou notoriedade com o restaurante O Pote do Rei, em 2009. Mas, na verdade, a paixão pela gastronomia tinha começado bem antes, por volta dos 14 anos, pelos sabores e delícias preparados pela mãe, que fazia festas e reunia as pessoas queridas por meio da comida, ou seja, usava suas receitas para demonstrar afeto. Afinal, “um bom cozinheiro é como um feiticeiro que espalha alegria”, já dizia a estilista italiana Elsa Schiapirelli. “Você acaba virando parte da comida, porque, ao provarem algo parecido, as pessoas acabam lembrando de você. O cheiro, os aromas, assim como a música, marcam muito os momentos. Trata-se do ato de receber, não apenas cozinhar”, diz William. Assim, a alquimia de cores, sabores, aromas e conversas ao pé do fogão de sua mãe começaram a fasciná-lo. E, um dia, depois de passar três anos na Califórnia, onde estudou Comércio Exterior, de trabalhar como coordenador de restaurante no L’Hotel, de abrir o restaurante por quilo Dabliu, trabalhar no La Vecchia Cucina e estudar gastronomia no Senac, realizou o objetivo de executar a cozinha de sua mãe: comida simples com sabor agradável e base da culinária mediterrânea, com frutos do mar que sempre o fascinaram. Ao ver o resultado, sua mãe percebe pratos que ela preparava que jamais imaginou poderem fazer parte do menu de um restaurante. “O acento final sempre é único. Na cozinha, importam os sentidos. Depois de desenvolver os cinco sentidos muito bem, a gente desenvolve um sexto sentido, que é a intuição. E também um sétimo sentido, que é aquilo que nos inspira, nos emociona”, diz. Confira as receitas dos pratos que são hits do restaurante – e teste os sentidos. u



156 ISCA

TARTAR DE ATUM COM ABACATE (4 PORÇÕES)

INGREDIENTES 400 g de atum fresco e picado (sem fibras) 100 g de cebola roxa bem picada 1 pimenta dedo-de-moça sem sementes e bem picada 1/2 gengibre novo ralado 4 colheres de sopa de suco de limão siciliano 3 colheres de azeite extravirgem 180 g de chips de mandioca 200 g de avocado amassado e já temperado com 1 colher de suco de limão siciliano Sal e pimenta ralada na hora e salsinha ou coentro para finalizar

MODO DE PREPARAR Em um bowl previamente gelado, tempere o atum com flor de sal e pimenta ralada na hora, acrescente o azeite, o suco de limão, a cebola, o gengibre e a pimenta. Com o auxilio de um aro, molde primeiro o purê de abacate e por cima o tartar, retire o aro, disponha as chips de mandioca, salpique o tartar com a salsinha ou coentro, acerte o sal e sirva em seguida.


ARROZ DE CAMARÃO INGREDIENTES 400 g de atum fresco e picado (sem fibras) 12 unidades de camarão-rosa grande inteiro e com casca 1 cenoura 1 talo de alho porró (só a parte branca) Talos de salsinha 2 tomates sem pele e sem semente picados 50 ml de conhaque 1 colher de molho de tomate fresco 200 ml de creme de leite fresco 4 colheres de azeite 2 xícaras de miniarroz pré-cozido al dente e soltinho (siga as instruções do fabricante) 2 colheres (sopa) de salsinha fresca picada 2 colheres (sopa) cebolinha fresca fatiada 50 ml de cachaça envelhecida

BISQUE Retire a cabeça e a casca do camarão. Lave e leve ao forno para dourar juntamente com a cenoura picada, o alho porró e os talos de salsinha. Leve essa mistura para uma panela e complete com 1 litro de água e deixe cozinhar por, aproximadamente, 40 minutos. Coe e volte a mistura para o fogo até reduzir pela metade e acrescente o conhaque, o molho de tomate e o creme de leite fresco, e deixe reduzir até dar o ponto. O bisque fica ligeiramente denso. Reserve aquecido. ARROZ Em uma frigideira, aqueça o azeite e frite 4 unidades de camarão, tempere com sal e pimenta e reserve aquecido. Na mesma frigideira, junte a outra metade de azeite e comece refogando a cebola lentamente por, aproximadamente, 5 minutos. Acrescente o camarão (agora cortado em cubos) e refogue por 5 minutos, flambe com a cachaça e em seguida acrescente o tomate picado, a salsinha e a cebolinha. Mexa bem e acerte o sal. Acrescente o arroz e mexa delicadamente ate aquecer. MODO DE PREPARAR Disponha partes iguais do arroz em 4 pratos fundos, por cima o camarão inteiro e regue com a bisque. Sirva em seguida.

Bossa Restaurante

Alameda Lorena, 2.008, tel. (11) 3064-4757, www.bossarestaurantebarestudio.com.br


158 GALLEY

EXPERIÊNCIA GASTRONÔMICA INTENSA O novo navio Explorer da Regent Seven Seas fará estreia com saída de Mônaco e a novidade de uma escola de gastronomia a bordo


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ar por todos os lados. Não há nem um lugar no navio Seven Seas Explorer de onde não se veja o imenso e maravilhoso oceano. E claro que não é por acaso. O novo navio da companhia Regent Seven Seas pretende proporcionar aos hóspedes experiências únicas. É por isso que todos os cômodos têm vista privilegiada e todas as suítes possuem varandas. É por isso também que, juntamente com o navio Explorer nasceu a Culinary Arts Kitchen, uma escola de culinária a bordo com estações individuais de frente para o oceano, enquanto os alunos navegam pelas águas do Mediterrâneo. A ideia é que se viva essa experiência a bordo e em terra também, daí a criação dos exclusivos Gourmet Explorer Tours, que propõem um mergulho na gastronomia de cada lugar por onde passa, como aprender a fazer queijo em Sorrento, degustar vinhos na Cave Bianchi em Nice, jantar no três estrelas Michelin La Chèvre D’Or, em Saint-Tropez, na França, e percorrer os mercados atrás dos melhores ingredientes. Depois, de volta a bordo, os navegantes podem testar o que conheceram e viram. “Estamos criando algo verdadeiramente especial para os amantes da culinária. As opções são diversas, indo desde o crème de la crème do luxo e experiências em Saint-Tropez a uma experiência mais casual, no estilo da horta para a mesa, caso do tour na Grécia e de outros tantos que virão”, comenta a chef Kathryn Kelly, que desenvolveu e coordena o programa. A temporada mediterrânea do Seven Seas Explorer com vivências ultra-premium oferece 22 tours gourmet. O cruzeiro que marca o batismo e a estreia do luxuoso transatlântico partirá no dia 20 de julho de Montecarlo e terminará dia 3 de agosto em Veneza, passando por Saint-Tropez; Palma de Maiorca e Barcelona, na Espanha; Taormina, na Itália; Valleta, em Malta; Kotor, Montenegro; Split, na Croácia; Koper, na Eslovênia. Uma das paradas obrigatórias dessa viagem será Saint-Tropez, a cidade símbolo do savoir vivre nos anos 60. As experiências gastronômicas serão inesquecíveis na Riviera Francesa, com a possibilidade de provar genuínos varietais da região da Provence, na famosa vinícola La Croix, seguido de um jantar gourmet na renomada La Vague d’Or, restaurante 3 estrelas no Guia Michelin, localizado no coração de Saint-Tropez. Os Gourmet Explorer Tours são oferecidos dentro do pacote Regent Choice Shore Excursion e estão disponíveis a partir de US$ 79, podendo chegar a US$ 799 por pessoa. Regent Seven Seas Cruises www.rssc.com u


por ÉRICA GIACOMELLI*

160 LUXO A BORDO

TENDÊNCIA: OUTDOOR CINEMAS *Érica Giacomelli é arquiteta e designer de interiores

Agradáveis noites a bordo regadas a bons filmes, muita pipoca e céu estrelado

O ideal na elaboração do design num iate é uma bela identidade e conceitos, e, ao mesmo tempo, criar uma boa atmosfera, que seja receptiva, aconchegante, que reflita os desejos dos propritários. Esses desejos podem ser os mais diversos, desde que o iate seja um refúgio da civilização, até um ambiente festivo para receber os amigos, ou ainda um oásis particular no qual a família possa curtir bons momentos em alto-mar. Para algumas pessoas, o essencial é criar um ambiente que integre tanto a área externa quanto a interna, e que reflita um desejo de lazer: seja em momentos familiares ou em ocasiões de receber convidados para eventos. E como forma de lazer existem poucas coisas na vida que são melhores do que voltar para casa depois um longo dia e relaxar com um bom filme. E fazê-lo sob o céu noturno é melhor ainda! Para essas pessoas, a tendência que está mais em voga para aplicação no convés é o Outdoor Cinema ou Cinema a Céu Aberto, que une cinema com vistas incríveis do mar acessíveis apenas por barco, e uma noite calma, que resulta em uma combinação única. Os Cinemas a Céu Aberto estão muito mais sofisticados e voltaram com tudo no último ano, principalmente em estruturas fixas bilaterais, que não comprometem os espaços de passagem nem a área de circulação. Muitos iates já estão vindo com essa opção montada, mas muitos outros podem ser adaptados

facilmente para a implementação de uma tela que pode ser tanto fixa e mais refinada quanto uma tela móvel e de fácil montagem e desmontagem. Ambas as opções são ótimas para ver filmes durante a noite a bordo, pois se tornaram quase que essenciais para iates que acomodam crianças. As opções de instalação são inúmeras. Tanto as mais simples, como projeção nas velas para os iates que as possuem, como navegação auxiliar, quanto a construção de uma estrutura especial que consiga projetar para dois lados: o externo e o interno, quando necessário. Outra implementação possível é embutir uma tela de projeção retrátil no convés de popa. O essencial para qualquer uma das opções é uma cobertura que pode ser fixa, que seja o convés superior da popa ou o convés da superestrutura por exemplo, ou uma cobertura retrátil e móvel, que pode ser um ombrelone especial ou uma tela de lona pregada em estruturas metálicas específicas. A cobertura promete uma proteção maior para a tela de projeção e ajuda na definição da mesma, fazendo uma “sombra” bem-vinda que ajuda na definição da imagem nas noites mais claras ou quando o iate está ancorado em locações bem iluminadas. A seguir, uma seleção das melhores alternativas de iates internacionais que utilizam o Outdoor Cinema no convés para sua inspiração.

BELLE AIMEE Para a família No deck superior do Belle Aimee, há um cinema ao ar livre familiar e com móveis fixos que proporcionam maior conforto e ao mesmo tempo deixam a área sempre “reservada” para o cinema.


SOLEMAR Cinema em deck de sol bilateral O Solemar pertence a Mikhail Prokhorov, dono do New Jersey Nets. Além dos sete quartos e da suíte máster, uma das características mais interessantes é o projetor HD de 3 x 2 metros. Realmente um cinema ao ar livre! A tela do Solemar tem uma estrutura fixa bilateral, em que a imagem projetada pode ser vista tanto do lado externo quanto no lounge interno.

MALTESE FALCON Projeção na vela Uma das telas mais interessantes em um dos iates mais diferentes e especiais. A projeção do Maltese Falcon é feita na vela auxiliar, proporcionando uma grande área de visualização. Sendo projetado nas velas, é uma das maiores telas de cinema ao ar livre do mercado

TURQUOISE Externo, porém aconchegante Nesse iate as áreas de convivência externas foram enfatizadas, tais como a Jacuzzi interna e a área de Outdoor Cinema. A tela de plasma pode ser baixada a partir do convés superior de popa do Turquoise. O diferencial é uma estrutura metálica e o sofá modular móvel e as cortinas que podem ser puxadas para criar maior privacidade e que compõem a área de cinema externa privativa e aconchegante.

CYAN Tela retrátil e versátil O Cyan tem uma impressionante tela suspensa retrátil embutida, que é protegida por uma cobertura de lona também retrátil. O principal ponto positivo dessa tela é a facilidade de montagem e desmontagem, eletronicamente, que oferece maior versatilidade na hora de criação do layout do convés.


162 PROA

foto MARCOS MÉNDEZ/SAIL STATION

“Quem elege a busca não pode recusar a travessia” GUIMARÃES ROSA


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