REMA, REMA, REMADOR Prova de canoa havaiana requer espírito de equipe
MEIO AMBIENTE Ciência e arte denunciam os riscos dos oceanos
Nº 42 DEZEMBRO 2016
R$ 19,90
SUMÁRIO
66
POSTO DE COMANDO
NOSSA CAPA
Megaiate conceito da Hareide Design, 106 LE Paradiso da MCP Yachts e o Fishing 375 do Triton Group
Canoa havaiana da equipe Samu, no Guarujá. Foto Douglas Moreira
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ICS
2016 foi o ano da Vela no Iate Clube de Santos
86
TIMÃO
O Lago Manso, a uma hora de Cuiabá, é a praia dos mato-grossenses; passeios de gulet na Turquia; as delícias de Lausanne; e a Praia do Outeiro, no sul da Bahia
MEMÓRIA Retratista da angústia e do vazio humano, o artista Edward Hopper encontrou equilíbrio no mar
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MAROLA
MEIO AMBIENTE
Especializado em cenas subaquáticas, o artista Matt Story faz quadros que parecem fotos
A tragédia ambiental e social causada pelo rompimento da Barragem do Fundão tem dados alarmantes e iniciativas preciosas. Uma exposição em Nova York revela em crochê as belezas e os riscos das barreiras de corais
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102
AVENTURA A travessia de Ushuaia, no extremo sul do continente, até o Guarujá levou 28 dias com muitas histórias para contar
MARÉ ALTA Na cidade suíça de Montreux, o Lago Léman representa o mar, com direito à promenade para passeios em suas margens, atividades diversas e uma vista que encanta
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DIÁRIO DE BORDO Cancún e Riviera Maya, dois tesouros do México
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120
136 126
CABOTAGEM O neto de Jacques Cousteau, Fabien, passou um mês em um habitáculo a 20 metros de profundidade, para fazer pesquisas e explorações científicas
130 CAPA
O Desafio Ilha das Cabras reuniu várias canoas havaianas na Sede Guarujá do Iate Clube de Santos e mostrou que não é fácil seis pessoas remarem juntas por quase três horas
136 VELA
O jornalista pernambucano Marcelo Tito velejou a regata Recife-Fernando de Noronha a bordo do Lexus/ Miragem e conta com muita poesia a sua experiência
144 COSTADO
Em entrevista exclusiva, a neozelandesa Laura Dekker fala de sua volta ao mundo navegando e outras cositas más
148 ÂNCORA
Não bastasse o lugar ser um espetáculo – o alto de uma falésia em Trancoso, no sul da Bahia –, a arquiteta Débora Aguiar ainda valorizou os materiais da região para fazer uma casa que leva toda a beleza de fora para dentro
154 154 ISCA
As massas da nova coleção do enfant terrible Carlos Pissani fotografadas a bordo do Beneteau Monte Carlo de 50 pés
160
LUXO A BORDO A leveza do Soft Future em ambientes internos
Papel certificado, consumo consciente
12 EDITORIAL
foto FABIO VOLPE
COMO UM PRESENTE Este ano que foi tão difícil, com a crise econômica comprometendo o País, chega ao fim com uma conquista que nos enche de orgulho: a Revista Iate foi contemplada com o Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica, confirmando o que os nossos leitores e anunciantes vêm conferindo ao longo de quase oito anos. Criado em 1991 pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG), o Prêmio Fernando Pini é reconhecido internacionalmente pelo nível dos trabalhos apresentados e pela qualidade do processo de premiação, que possui certificado ISO 9001:2008. Pela seriedade do evento, nos sentimos honrados em vencer na categoria revista impressa. Esse reconhecimento veio como um presente, para compensar as dificuldades enfrentadas ao longo de 2016 e, ao mesmo tempo, renovar os nossos ânimos para 2017. Nesta edição há muitas novidades em barcos, aventuras, artes. Um desafio de canoa havaiana movimentou a Sede Guarujá do Iate Clube de Santos, revelando uma nova faceta dos sempre emocionantes esportes aquáticos. Para quem está fazendo planos de se cuidar no ano-novo, a cidade suíça de Montreux é destino certo. Lá, a Clinique La Prairie tem um programa de revitalização – procurado por pessoas de todas as partes do mundo – que garante o rejuvenescimento com um extrato das células de ovelha. Além disso, há muito para se ver por ali, à beira do imenso Lago Léman. Mais uma vez, as águas – tema central desta publicação – nos rendem belas imagens, como se pode ver em Marola; vivências extraordinárias, contadas em Aventura; e ideias criativas, em Meio Ambiente, que mostra o trabalho de duas irmãs australianas que ganhou o mundo e conquistou adeptos dos mais variados pontos do globo. Fazendo a nossa parte, podemos esperar um ano mais promissor, um mundo mais acolhedor e, quem sabe, um país mais ético. Feliz 2017!
Berardino Antonio Fanganiello
Comodoro
12 EXPEDIENTE
Ano 8 – nº 42– Dezembro de 2016
COMODORO Berardino Fanganiello
CONSELHO EDITORIAL Alberto Rubens Botti, Almirante Euclides Janot de Matos, Antonio Penteado Mendonça, Carlos Brancante, Eduardo de Souza Ramos, Felipe Furquim, Lars Grael, Luiz Felipe D’Avila, Mario Simonsen
DIREÇÃO EDITORIAL Judite Scholz judite@revistaiate.com.br
DIREÇÃO DE ARTE Priscila Pagano Afonso priscila@revistaiate.com.br
REVISÃO Hassan Ayoub
COLABORADORES Antonella Kann, Douglas Moreira, Eduardo Vessoni, Eloá Orazem, Fabiana Afonso, Felipe Mortara, Isabela Campos, Érica Giacomelli, João Simonsen, Luciana de Barros, Marcio Moraes, Marco Yamin, Mauricio Cassano
GERENTE-COMERCIAL Camila Gabriel camila@revistaiate.com.br
EXECUTIVOS DE CONTAS Marici Brocco Amaral marici@revistaiate.com.br Yuri Ikeda yuri@revistaiate.com.br
COORDENAÇÃO DE CIRCULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Natanael de Freitas natanael@revistaiate.com.br
DISTRIBUIÇÃO NACIONAL Correios
TRATAMENTO DE IMAGENS Kelly Polato Fineart Print Studio
IMPRESSÃO TypeBrasil
TIRAGEM 10.000 exemplares
A Revista Iate é uma publicação bimestral do Iate Clube de Santos (ICS) Avenida Higienópolis, 18 - São Paulo – SP - CEP: 01238-001 - tel.: (11) 3155-4407 - Fax: (11) 3257-9451 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial. Não nos responsabilizamos pelo conteúdo dos anúncios e mensagens publicitárias incluídos nesta edição
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14 AVISO AOS NAVEGANTES
Veneno
A icônica serpente da Bvlgari vem sendo reinterpretada desde 1940, quando lançou um relógio de cobra que envolvia o pulso e incrementava o tempo. A sedução da serpente ganhou delicadeza com o colar de diamantes que parece ter movimento. Preço sob consulta. Bulgari, tel. (11) 3152-6446
Disco
Mochila estilo “saco” metalizada da coleção Glitch Digital. Preço sob consulta. Farm, www.farmrio.com.br
Tempo, tempo, tempo
Com caixa de aço, fundo de vidro de safira, mostrador prateado com índices em Superluminova e movimento mecânico de corda automática, o cronógrafo Piaget Polo S é estanque até 100 metros e possui bracelete de aço com fecho de báscula. R$ 69.000. Piaget, tel. (11) 3198-9459, www.piaget.com
Dois em um
Com FPS 50 e sérum antienvelhecimento, o USK DNA Repair DD Cream tem embalagem duo airless, ou seja, dois compartimentos independentes que são associados durante a aplicação. Enquanto a fórmula com FPS 50 e PPD 18 protege contra os raios UVA/ UVB e contra a degradação do colágeno, o sérum antienvelhecimento tem ingredientes que potencializam a fotoproteção, conferem ação antioxidante, estimulam a proteção e a reparação ao DNA celular, além de agirem na ativação do metabolismo e na integridade da barreira cutânea. Dessa forma, atenua rugas e linhas de expressão e anula os efeitos dos radicais livres gerados pela exposição solar. R$ 330. Under Skin, tel. 0800-7289700
Passatempo
Pingente Atmos de prata com ônix. R$ 2.650. Antonio Bernardo, tel.: (11) 3816-3777
Sinuosa
Em comemoração a seus 40 anos, a St. James, pioneira na fabricação de peças de prata no Brasil, inaugurou sua primeira flagship e apresentou uma coleção assinada por Ruy Ohtake. Claramente inspirada nas obras do grande mestre, a peça Duas Ondas, de prata, pode ser utilizada como centro de mesa ou fruteira. R$ 3.999. St. James, tel. (11) 3043-6612, www.luxe4home.com.br
Detalhes
Óculos Isidora surgem em uma releitura elegante, com filamentos metálicos no entorno das lentes, enriquecido por detalhes metais iônicos e exclusivos, como as quatro pequenas esferas ao redor das lentes. R$ 1.300. Marchon, tel.: (11) 2110-1100
Como uma onda
Cabideiro de Parede Sticks Umbra. R$ 93. Doural, www.doural.com.br
Balança
Anel Perlée de ouro branco com diamantes e turquesa. Preço sob consulta. Van Cleef & Arpels, tel. (11) 3152-6630, www.vancleefarpels.com/br
Gênio
Vaso de cerâmica com tampa. R$ 2.572. L’oeil, tel. (11) 3896-3211
16 AVISO AOS NAVEGANTES
Relax
Ideal para banheiros menores, a coluna de banho Evolution, de aço inoxidável, traz o que há de mais moderno em hidromassagem vertical. Instalada na parede, oferece diferentes tipos de jatos que garantem relaxamento. Preço sob consulta. Roca, tel. (11) 3061-5266, www.br.roca.com
Sonho
Colar Floral de ouro 18k com pérola South Sea e brilhantes. Preço sob consulta. Estúdio Miriam Mamber, tel. (11) 3034-3484, www.miriammamber.com.br
Pescaria
Bowls Fish Plate de cerâmica. R$ 66 (pequeno) e R$ 88 (grande). Regatta Casa, tel. (11) 5543-8144, www.regattacasa.com.br
Motorizado
A criação japonesa WalkCar é uma plataforma móvel do tamanho de um laptop que parece um skate, mas tem quatro rodas e é alimentada por uma bateria de lítio recarregável. Feita em alumínio, atinge velocidade máxima de 10 km por hora e tem autonomia por 12 km. Prático, basta subir para que o aparelho ande, e inclinar-se para os lados para mudar de direção. 100.000 ienes japoneses. Cocoa Motors, www.cocoamotors.com .
Tranquilidade
O Termômetro Digital com Infravermelho 2 em 1 mede a temperatura por meio do ouvido e da têmpora, com resultados alcançados em cerca de 4 segundos. Poder ser utilizado também para medir a temperatura do ambiente, alimentos e até da água do banho. Os valores medidos são indicados pelo LED de controle. R$ 210. Nuk, www.nuk.com.br
18 AVISO AOS NAVEGANTES
Like a virgin
Gargantilha Cruz com turmalina Paraíba e diamantes em ouro com ródio. Preço sob consulta. Vanessa Quintiliano, tel. (11) 3104-6220
Intercâmbio
Com lojas em Trancoso (BA) e nos Estados Unidos, a grife de moda praia mistura Saint-Tropez e Marrakesh na nova coleção, sem esquecer o gingado brasileiro. O resultado são peças elegantes, como o Biquíni BA azul e branco. R$ 418. Sinesia Karol, tel. (73) 3668-2195, www.sinesiakarol.com
Puro glamour
Set de seis pratos rasos Golden Fish: o tom dourado é ouro líquido 18k. R$ 2.700. Porcelanas Personalizadas Andréia Mizuta, tel. (11) 94552-3763, www.porcelanaspersonalizadas.com
Fresh
Em estrutura quadrada com a frente e as hastes de Grilamid, nose anatômico e dobradiça plástica, o modelo Kona, da coleção Slim, é feito com matérias-primas de baixo peso e pode ser encontrado em oito variações de cores. R$ 300. Mormaii, tel. 0800-6447711, www.mormaii.com.br
Irreverente
Parece um produto de limpeza, mas é a preciosa fragrância Moschino Fresh Couture evidenciando o conceito High and Low. O estilista da marca, Jeremy Scott, usou uma embalagem não aspiracional como fonte de inspiração no desenvolvimento de algo luxuoso e de alta-costura. O resultado não poderia ser melhor: uma fragrância diferente, com notas frescas, irreverência e bom humor. R$ 373 (50 ml). RR Perfumes e Cosméticos, tel. 0800-77225500
20 AVISO AOS NAVEGANTES
Exóticos
A Al Zahra, primeira loja especializada em aromas orientais no Brasil, lançou uma marca de fragrâncias vindas diretamente de Dubai, nos Emirados Árabes. Assinados pela empresária Julia De Biase, os quatro perfumes revelam a tradição histórica da perfumaria oriental com toques de sensualidade e mistério, indicados para homens e mulheres de personalidade marcante, Musk Passion, Lady Oud, Incense Oud e Safari Oud foram desenvolvidos com notas de fundo amadeirado, como âmbar, oud e especiarias. R$ 800 (cada). Al Zahra, tel. (11) 3857-7523
Metáfora
Saia curta de 100% seda com recorte no quadril. R$ 432. Déterminée, www.determinee.com.br
Flor
Anel de prata Flor de Jacarandá com ametista. R$ 4.890. Antonio Bernardo, tel. (11) 3816-3777
Esferas
Anel Atmos de prata com quartzo fumê especial. R$ 4.300. Antonio Bernardo, tel. (11) 3816-3777
Leitura
Os designers Danilo Lopes e Paula Gontijo apresentam seu novo sofá Bolt. Confortável e versátil, a peça possui design de linhas retas, com base chanfrada em couro e encosto mais baixo. Conta com apoios laterais e uma miniestante de nogueira e couro para guardar revistas. A partir de R$ 28.410 (3 metros). Neobox, tel. (31) 3541-6259, www.neoboxmoveis.com.br
De olho na natureza
Depois do sucesso de óculos de sol de madeira, a Notiluca aposta na linha Petra, fabricada com folheados de pedra sobre madeira e lentes Carl Zeiss Vision, proporcionando 100% de proteção UVA/UVB, além de um visual único para cada peça, já que elas são moldadas a partir das características naturais e da textura das rochas. A partir de R$ 438. Notiluca, www.notiluca.com.br
Elegância
A série Ciselé da linha de canetas Guilloche, integrante da coleção Graf von Faber-Castell, tem o corpo desenhado por gravuras que combinam tons cintilantes em superfícies foscas, com uma técnica refinada. Com tampa e detalhes confeccionados em ródio, a caneta-tinteiro possui sistema de conversor e pena de ródio e ouro 18 quilates. R$ 2.999. Faber Castell, tel. 0800-701-7068, www.faber-castell.com.br
Pose
Pulseira de couro masculina. R$ 90. Buckman, tel. (11) 5182-9015
Direção
Timão decorativo com 60 cm, para não perder o rumo. R$ 225. Lyor, tel. (11) 3616-9915, www.lyor.com.br
Casual
Confeccionado com materiais alternativos, o modelo casual preza o uso de couro natural e menor emprego de química. R$ 299. Dom Shoes, tel. (11) 2366-7750, www.domshoes.com.br
22 AVISO AOS NAVEGANTES
Voo livre
Pendente Borboleta de ouro 18k com esmalte, pérola, brilhantes e rubelitas. Estúdio Miriam Mamber, tel. (11) 3034-3484, www.miriammamber.com.br
Expressão
Assinada pela top Isabeli Fontana, a coleção de joias contemporâneas contém colares, pulseiras e brincos que podem ser combinados com mais de 350 pingentes temáticos. R$ 230. MyGloss Expression, www.myglossexpression.com
Exemplo Aliado
A Beauty Sleeping Mask, da linha Ibuki, pode ser uma boa aliada na hora do sono, pois promove a regeneração da pele, trazendo o tão desejado efeito de noite bem-dormida. Gel que ajuda a pele a se recuperar do estresse sofrido durante o dia, ela contém extrato de Fitoplâncton derivado de Scenedesmus, um tipo de microalga que é conhecida por sua habilidade de sobreviver até em ambientes difíceis, como o Deserto do Saara. R$ 296. Shiseido, tel. 0800-148023
A Montblanc presta homenagem a Marco Polo, um dos mais importantes exploradores de todos os tempos, com a High Artistry Homage to Marco Polo Limited Editions. Com design elaborado e fino artesanato, os detalhes das quatro edições da série enaltecem a personalidade, realizações, e a inspiração do pioneiro que provou que as fronteiras mais distantes do mundo poderiam ser alcançadas. São 4 versões – todas elas disponíveis no Brasil somente sob encomenda! A versão mais cara – e exclusiva, porque é formada por uma única peça – está avaliada em € 1.3 milhão. A mais “simples”, limitada a apenas 69 exemplares, custa R$ 182 mil. Montblanc, tel. (11) 3068-8811
24 AVISO AOS NAVEGANTES
Naturalmente
Faqueiro Noronha com cabo de bambu é composto de 24 peças para 4 pessoas. R$ 1.100. Divino Espaço, tel. (11) 5051-1268, www.divinoespaco.com.br
Prática
Além de cortes especiais, o premiado açouguebutique Feed tem churrasqueiras, como a portátil Barbecube. R$ 1.100. Feed, Rua Mário Ferraz, 547
Bartender
Coqueteleira de aço inox forrada com couro. R$ 162. Lyor, www.lyor.com.br
Jardim
Vaso de cerâmica colorido. R$ 3.894. L’oeil, tel. (11) 3896-3211
Reinado
Com estrutura de madeira maciça com acabamento natural ou tingido, a Poltrona Naná tem assento e encosto em tela. Preço sob consulta. Clami, www.clami.com.br
Sorte
Pulseira Trevo de prata com couro. Preço sob consulta. Antonio Bernardo, tel. (11) 3816-3777
26 AVISO AOS NAVEGANTES
Promessa
Colar Possession de ouro rosa 18k com pingente cravejado com 66 brilhantes. R$ 25.100. Piaget, tel. (11) 3198-9459, www.piaget.com
Princesa
Brincos com citrino e zircônias Champagne. R$ 1.150. Santa Prata, tel. (11) 3085-7530, www.santaprata.com.br
Exata
Pulseira Click de ouro com diamante. R$ 8.950. Antonio Bernardo, tel. (11) 3816-3777
Pop Girassol
Brincos Perlée de ouro amarelo com diamantes. Preço sob consulta. Van Cleef & Arpels, tel. (11) 3152-6630, www.vancleefarpels.com/br
Short metalizado. R$ 298. Farm, www.farmrio.com.br
28 AVISO AOS NAVEGANTES
Mascarada
Máscara com duplo sistema aplicador, Haute & Naughty Lashe permite escolher entre cílios definidos ou volumosos. R$ 101. M.A.C, www.maccosmetics.com.br
Plural
As criativas escovas duo “Eu te Amo”, quando unidas lado a lado, formam um coração com as 5.460 cerdas ultramacias, ideais para desorganizar a placa bacteriana sem agredir o esmalte dos dentes e sem machucar as gengivas. R$ 55 (o par). Curaprox, www.dentistacuraprox.com.br
Provocante
Deep euphoria de Calvin Klein é um Chipre vibrante floral diferente de todos os perfumes da grife. A combinação de notas alcança uma feminilidade moderna, enquanto a base de almíscar confere sensualidade. Preço sob consulta. RR Perfumes, tel. 0800-77225500
Andar e correr
Desenvolvido tanto para práticas esportivas como para uso diário, o tênis FXT Energized Full possui design que proporciona amortecimento, estabilidade e leveza. Cabedal leve e resistente, confeccionado em tecido de tramas abertas, permitindo a entrada e a circulação de ar. R$ 280. Fila, tel. (51) 3563-8300, www.fila.com.br
Summer rocks
Disponível apenas durante o verão, Moët Ice Impérial Rosé é um champanhe para ser degustado com gelo, puro ou em drinques. Seu aroma frutado e vibrante vem das frutas vermelhas, com nuances de figo e nectarina. Refrescante, tem nota agridoce de grapefruit rosa. R$ 487 (750 ml). Moët & Chandon, tel. (11) 3062-8388, moet@lvmh.com.br
Balé
Alpargatas Origine Slim rosa pode ser usada com ou sem a fita, para looks diferentes e irreverentes. R$ 100. Havaianas, tel. (11) 3003-3414, www.havaianas.com.br
Efeito úmido
Retro Matte Liquid LipColour, da coleção Transformed, confere cor em acabamento acamurçado, que perdura. R$ 89. M.A.C, tel. (11) 3716-1661
Eclética Bracelete
Relógio feminino Calvin Klein Watches com pulseira e caixa de aço rosé gold, vidro de cristal mineral, resistente à água até 3 bares. R$ 1.999. SWG Brasil, tel. (11) 3087-3000
Ondulante
A mini-clutch Carambola, da Artéria, é dividida em gomos que permitem que aumente seu tamanho conforme a necessidade de espaço. Vem com duas opções de alças – uma para ser usada a tiracolo e um bracelete para ela ser utilizada como carteira. R$ 425. Hybrida, tel. (11) 2924-2416
Com estrutura e pés de madeira eucalipto de reflorestamento, tecido lonita de viscose na tonalidade rosaquartz, o sofá Taiga é inspirado nas formas e nas cores das árvores taiga da floresta boreal, com traços leves, curvos e delicados. Preço sob consulta. Bell’Arte, tel. (47) 3274-1600, www.bellarte.com.br
30 AVISO AOS NAVEGANTES
Dupla dinâmica
Conjunto Salada com garfo e colher em aço inox e design diferenciado. R$ 343. Gregory Somers, tel. (32) 3372-5782, wwwdesignbysomers.com.br
Frescor
Saladeira de cerâmica Tengrut na cor verdeescura. R$ 518. L’oeil, tel. (11) 3896-3211
Bronzeada e radiante
Creme antissinais para face e área dos olhos, que conta com potentes ingredientes vegetais para promover efeito tensor imediato e preenchimento de rugas a longo prazo, Lisskin é também rico em ingredientes antioxidantes e recuperadores da pele no pós-sol. Contém extrato de chá verde que possui componentes como polifenóis e flavonoides, com enzimas antioxidantes capazes de reduzir o aspecto avermelhado da pele. Biozenthi Laboratórios Cosméticos, www.biozenthi.com
Impacto
Gargantilha Riviera de diamantes negros com esmeraldas em ouro e ródio negro. Preço sob consulta. Vanessa Quintiliano, tel. (11) 3104-6220
Reino
Porta-chaves Bike de ferro pintado mede 50x30 cm. R$ 268. Regatta Casa, tel. (11) 5543-8144, www.regattacasa.com.br
32 AVISO AOS NAVEGANTES
Fantasia
Água de coco e vitamina
Vaso de cerâmica tem 0,220 cm de diâmetro e 0.290 cm de altura. R$ 474. Breton, tel. (11) 4055-9707
Que a água de coco é rica em sais minerais não é novidade. Mas sua presença em cosméticos também fornece nutrição celular, pelo alto teor de aminoácidos, por isso a máscara Stone Diamond confere luminosidade e efeito lifting, ao mesmo tempo que hidrata e revigora. Com forte apelo rejuvenescedor, Stone Diamond promove nutrição celular e efeito preenchedor por conta do ácido hialurônico, da água de coco integral e da vitamina B3. Buona Vita, tel. (41) 3023-1855, www.buonavita.com.br
Sublimação
Jogo com 4 peças de aço inox para bar com suporte. R$ 414. Lyor, www.lyor.com.br
Cheia de graça
Tigela Quadrada Média de cerâmica com alças de estanho. R$ 422. Gregory Somers, tel. (32) 3372-5782, wwwdesignbysomers.com.br
Distorção
A Glass11, nova marca de design em vidro lançada neste ano, apresenta a coleção desenvolvida pelo consagrado designer Zanini de Zanine, com peças todas feitas com vidro, extremamente resistentes, como a mesa lateral Gota. Preço sob consulta. Glass11, tel. (11) 4112-9588
34 AVISO AOS NAVEGANTES
Japa
Cerveja de origem japonesa presente em 40 países, a Kirin Ichiban tem aromas maltados, toques de cereais e coloração dourada. Produzida no Brasil, essa premium lager é feita apenas com malte de cevada, seguindo a Lei da Pureza Alemã. Seu método de fabricação, batizado de First Press, usa apenas o malte da primeira prensagem do mosto cervejeiro, por isso ela é denominada Ichiban, que significa “primeira” e “melhor”, em japonês. Brasil Kirin, www.brasilkirin.com.br
Joia rara
Renda-se
Eros, o deus do amor na mitologia grega, batiza a nova fragrância floral frutada amadeirada de Versace. Eros Pour Femme Eau de Toilette é uma nova frescura sensual com base na combinação de notas cítricas, como o limão siciliano e a tangerina, e notas frutadas, como a framboesa e a groselha-branca. No coração, pétalas florais de frésia e magnólia conferem feminilidade, enquanto toques da flor de laranjeira e jasmim adicionam intensidade. Patchouli-branco e notas de madeiras, almíscar e Ambrox proporcionam uma dimensão sensual. R$ 359. RR Perfumes, tel. 0800-77225500
Som à beira-mar
Criadora do Original Canivete do Exército Suíço, a Victorinox inova mais uma vez e apresenta o primeiro modelo com detalhes em ouro 24 quilates. Considerado uma joia, o Climber Gold Edição Limitada reúne 14 funções, como saca-rolhas, abridor de latas com chave de fenda pequena, abridor de garrafas com chave de fenda, pinça e desencapador de fios, entre outras, e é útil em situações inesperadas. R$ 375. Victorinox, tel. (11) 5584-8188, www.victorinox.com
O Speaker Bluetooth Acqua, da Upsound, resiste a jatos d’gua ou até a rápidos mergulhos. É indicado para dias de lazer em quaisquer situações climáticas, em trilhas, escaladas ou banhos de mar. É à prova d’água e possui uma ventosa na base para fixar o aparelho. R$ 149. Novo Shop, www.novoshop.com.br
Infinito
Aneis Mar, em ouro amarelo, R$ 6.990. Antonio Bernardo, tel. (11) 3816-3777
Degradê
Ray-Ban dourado com lente prata dégradé e ponteiras havanas. R$ 499. Óticas Carol, tel. (11) 3528-9310
À francesa
Sol
Bandeja de madeira dourada. R$ 595. L’oeil, tel. (11) 3896-3211
Brincos com citrino e zircônias. R$ 207. Santa Prata, tel. (11) 3085-7530, www.santaprata.com.br
Algema
Bracelete Possession: para conquistar para sempre. R$ 15.300. Piaget, tel. (11) 3198-9459, www.piaget.com
Lúdico
O biombo Jardim nasceu de uma viagem da designer Maria Fernanda Paes de Barros ao interior de Minas Gerais, em visita a uma artesã local que crochetava em uma pequena casa antiga, envolvida pelo momento mágico, ouvindo histórias e se encantando por sua vida. Era primavera e o jardim estava repleto de flores que invadiam a casa, enchendo-a de alegria. Com o desejo de levar esse jardim para mais perto das casas urbanas, a designer transportou para o móvel toda a delicadeza, amor e encanto do momento, com flores de crochê que entrelaçam as vidas envolvidas na concepção da peça feita de madeira freijó maciça com interferência de flores de crochê elaboradas com fios de algodão tingidos naturalmente com frutíferos. As cores dos fios que compõem os detalhes não se repetem e podem apresentar irregularidades típicas do processo de produção, reagindo à ação do tempo, da luminosidade e da umidade, desbotando irregularmente. R$ 21.200. Yankatu, www.yankatu.com.br
36 AVISO AOS NAVEGANTES
Solar
Ray-Ban aviador bronze com lente espelhada vermelha e ponteiras brancas. R$ 519. Óticas Carol, tel. (11) 3528-9310
Estampado
Maiô da coleção Shangri-lá, que reverencia a natureza com estampas florais, folhagens e estampas de animais. R$ 139. Farm, tel. (11) 3823-3746
Geométrico
Brincos Partner de ouro amarelo com quartzo incolor. R$ 4.650. Antonio Bernardo, tel. (11) 3816-3777
Momentos
Chaise de alumínio e fibras com rodas. R$ 2.495. L’oeil, tel. (11) 3896-3211
Sereia
Gargantilha de pérolas barrocas e fecho de prata. R$1.700. Adufé, www.adufe.com.br
Cidade Maravilhosa
As belas paisagens que encantaram turistas de todo o planeta durante os Jogos Olímpicos 2016 foram parar no livro Rio de Janeiro: Paisagens Cariocas Entre a Montanha e o Mar, coeditado pela Editora Brasileira em parceria com a Unesco. Em 204 páginas, o autor Rafael Winter Ribeiro apresenta um desfile dos belíssimos cartões-postais da cidade, como o Parque Nacional da Tijuca, o Jardim Botânico, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara. A edição bilíngue português-inglês retrata também as exuberantes praias e apresenta aspectos da economia e da vida cultural e gastronômica do Rio. R$ 70. Editora Brasileira, tel. (11) 2501-5256
38 AVISO AOS NAVEGANTES
Êxtase
Feita com chocolate 54% e recheada com licor de uísque de malte à base de mel, ervas e uma mistura secreta de especiarias, a Trufa de Drambuie pode ser adquirida em kits com Chandon. Boutique CFC, tel. (11) 3081-0858, www.cfcpatissier.com.br
Efeito
O mostrador do Radiomir 1940 3 Days parece ter surgido do encontro do mar com a luz de tão intenso que é o seu azul, ainda mais atraente pelo acabamento Satiné Soleil, que capta e difunde a luz, criando um efeito como os causados pelos raios de sol e as ondas do mar. Resistente à água a uma profundidade de cerca de 100 metros, a caixa é de aço inoxidável e tem diâmetro de 47 mm. Preço sob consulta. Panerai, tel. (11) 3152-6620
Pisada
Coturno de couro marrom com sola de borracha. R$ 399. Cavalera, tel. 0800-7722282
Segredo
Com Adorno Secreto, a Montblanc leva a força da tatuagem artesanal para seus produtos de couro, numa forma de personalização que usa a parte interna da pasta Sfumato como tela. Limitada a apenas 30 peças, cada pasta terá as iniciais do proprietário tatuadas à mão. Preço sob consulta. Boutique Montblanc, tel. (11) 3552-8000
Especial
O Bueno-Cipresso Brunello di Montalcino 2005, elaborado na Toscana, é um legítimo D.O.C.G. (Denominação de Origem Controlada e Garantida), produzido apenas em anos em que a colheita é considerada uma safra excepcional. A maturação é de 24 meses em barricas de carvalho francês, e mais 36 meses em garrafa antes de ser colocado à venda. Combina com carnes vermelha e de caça, eventualmente com funghi e queijo pecorino toscano. R$ 580. Bueno Wines, tel. (11) 3722-1407, www.buenowines.com.br
Fachos de luz
Divertido
Lanterna de ferro trabalhado. R$ 632. L’oeil, tel. (11) 3896-3211
Cerveja com sal marinho
Gose, da cervejaria paranaense Way Beer, é uma cerveja Sour, com alta acidez, que leva em sua receita o sal marinho da região de Mossoró (RN) e a Gabiroba, uma fruta nativa, não cultivada, colhida em seu ambiente natural. Com 3,5% de teor alcoólico, é perfeita para harmonizar com pratos com alto teor de gordura, como queijos, chocolates e frutos do mar. Disponível em garrafas de 355 ml. R$ 13. Way Beer, tel. (41) 3653-8853, www.waybeer.com.br
Funcional
Prático e original, o basqui Tatu de MDF adesivado deve ficar ao lado da máquina de café para guardar tudo: sachês, açúcar, adoçante, colherinhas etc. R$ 138. Printas para Trinket, www.trinket.com.br
Maciça
Feita com madeira Ipe e Peroba, a Poltrona Enrico utiliza novos processos de produção com a carpintaria artesanal, e é uma fusão da poltrona Três Pés de Joaquim Tenreiro com as dobras das esculturas de Amílcar de Castro. Preço sob consulta. Herança Cultural, tel: (11) 4321-8166, www.herancacultural.com
Com design moderno, os racks da linha Chicago são cheios de novidades, como o sistema Infrared, sensor presente em alguns móveis que amplia a distância do sinal do controle remoto; os rodízios escondidos em cada pé, que tornam mais fácil a locomoção do móvel e evitam que o piso seja arranhado, e o cabeamento de fios, mantendo-os fora da vista. R$ 2.200. Etna, www.etna.com.br
40 AVISO AOS NAVEGANTES
Reserva de água
Marcante
I.N.O.X. Professional Diver, considerado o relógio mais resistente do mundo, ganha versão para mergulho, resistente a imersões de até 200 metros de profundidade. A peça conta com certificação de mergulho em conformidade com a rigorosa norma NIHS 92-11 da relojoaria suíça e com a norma ISO 6.425, que garante resistência aos choques de temperatura e à elevada pressão da água, além da ausência de condensação. Cada detalhe foi pensado para facilitar a leitura, inclusive ganhou a cor amarelo-brilhante, que é mais nítida debaixo d’água. A pulseira de borracha pode ser expandida em até 8 milímetros, para se adaptar à roupa de mergulho. R$ 2.975. Victorinox, tel. (11) 5584-8188, www.victorinox.com.br
Desenvolvido para peles com tendência à desidratação, o Crème Fine Auto-Hydratante restaura a elasticidade, recupera a maciez e diminui a opacidade. Com plantas hidratantes em conjunto com ácido hialurônico, Actglow J e Pró Vitamina B5, aumenta e mantém as reservas de água na epiderme. R$ 225. Mary Cohr, tel. (11) 38848499, www.marycohr.com.br
O homem, o mito
O que se passa na mente de um navegador que já viajou por mais de 250 mil milhas em mares revoltos e desafiadores do mundo, enfrentando o medo, a escassez, superando desafios e sempre seguindo adiante? O livro Não há Tempo a Perder (216 páginas, Editora Foz/Tordesilhas) destrincha a pessoa de Amyr Klink – empresário, escritor, inventor, planejador – num relato autobiográfico. Passando pela sua infância em Paraty, percorrendo a adolescência e revelando as vitórias e erros que já cometeu, Amyr garante que a pressão pode ser um estímulo para sobrevivermos. Esta é uma obra sobre a escassez, o medo e a nossa misteriosa capacidade de realizar nossos sonhos, fazendo o máximo com o mínimo. Mesmo as ideias mais absurdas podem se tornar factíveis – se você se compromete a destrinchar cada pedaço do caminho. Pior que naufragar, pode ser nunca seguir em frente. É preciso finalizar e partir. R$ 39,90. Editora Foz/Tordesilhas, tel. (11) 5572-9474
Difusa
Castiçal de cerâmica Coruja proporciona luz difusa pelos furinhos. R$168. Regatta Casa, tel. (11) 5543-8144, www.regattacasa.com.br
Escrivaninha
Na mesa de estudo ou trabalho, o basqui Tucano mantém os objetos organizados em um só lugar de jeito prático, original e alto-astral. Feito com MDF adesivado, é superfácil de montar. R$ 98. Printas para Trinket, www.trinket.com.br
42 AVISO AOS NAVEGANTES
Domínio
Com design arredondado e borda delicadamente acabada à mão, o Espelho Park é produzido com resina à base de polímeros, sem cobre ou ferro, de alta resistência à umidade e proliferação de mofos e fungos. R$ 2.000 (pequeno). Doka Bath Works, tel. (51) 3268-8625
Natureza morta
Produzido em tons sóbrios com materiais naturais, o abajur Morandi foi inspirado no estilo figurativo do pintor italiano Giorgio Morandi e seu tema preferido, a natureza-morta. Com cúpula de algodão, linho ou cortiça e corpo de madeira ou cimento, é ideal para ambientes internos e sofisticados. R$ 1.999. Cristiana Bertolucci Estúdio, (11) 3097-8566, www.cristianabertolucci.com.br
Dominó
Único
A base de desenhos vazados recebe quatro cumbucas de vidro para formar a charmosa petisqueira da linha Luce. Preços sob consulta. Tramontina, www.tramontina.com.br
Napa Valley, Califórnia, nos Estados Unidos, é uma das regiões de maior prestígio do mundo, com vinhos elegantes, complexos e delicados que entraram para a elite do vinho em 1976, quando a pioneira Stag’s Leap Wine Cellars venceu, com seu icônico Cask 23, o famoso julgamento de Paris. O Stag’s Leap Merlot 2011 é elaborado com uma seleção de uvas de diferentes vinhedos no Napa Valley, resultando num vinho elegante, potente, macio, com personalidade única. R$ 508. Winebrands, www.winebrands.com.br
Configurações
Com design diferenciado construído a partir de desenhos vazados que conferem leveza e equilíbrio a porta-guardanapos, organizadores multiuso e cestos, entre outros, a linha Luce tem a proposta de organizar a casa com graça. Feitas de aço inox ou com pintura nas cores preta ou branca, as peças têm formato retangular para facilitar a acomodação nas superfícies. Preços sob consulta. Tramontina, www.tramontina.com.br
Quadrado Flores
A bandeja quadrada floral preta e branca da coleção NovaMesa da St. James é supercharmosa. Feita de alumínio esmaltado, tem dimensões exatas: 15x15x1,5 cm. R$ 40. Luxe 4 Home, www.luxe4home.com.br
Com formato levíssimo associado a matérias-primas de baixo peso e frente universal, os óculos Kona possuem hastes azuis e foram pensados para o conforto e a leveza no dia a dia. R$ 300. Mormaii, tel. 0800-6447711, www.mormaii.com.br
Mergulho profundo
O Seamaster Planet Ocean “Deep Black” é totalmente preto para representar o oceano a uma profundidade de 300 metros. Sua caixa brilhante e escovada foi produzida a partir de um único bloco de cerâmica, o mesmo material utilizado para a luneta unidirecional e o mostrador com algarismos arábicos. Também foi fixado um novo aro GMT no mostrador, enquanto a escala de mergulho e o logotipo OMEGA na coroa foram decorados com Liquidmetal®. Os ponteiros são de ouro branco 18K e revestidos com Super-LumiNova branca. É estanque até 60 bares. Cronômetro. R$ 28.400. Boutique Omega, tel. (11) 3198-9370
Vários em um
Fabricado com alumínio aeronáutico, o Moto Z é o celular mais fino do mundo, com apenas 5,2 mm de espessura. Conta com sensor de impressão digital e uma câmera de 13 MP, que permite gravar vídeos em Ultra HD, autofoco a laser e estabilização óptica. Já a câmera frontal, de 5 MP, inclui lente com ângulo aberto e flash frontal. Equipado ainda com dual-chip inteligente, o Moto Z vem com 4 GB de memória RAM e 64 GB de memória interna. Foi desenvolvido com os Moto Snaps, módulos inteligentes e intercambiáveis, que se encaixam na traseira do telefone por meio de poderosos ímãs. Com os Snaps, o smartphone transforma-se no que o usuário precisar: o InstaShare Projector, por exemplo, é ideal para uma sessão de filmes; o JBL SoundBoost, um sistema de som portátil; o Incipio Power Pack é uma bateria extra para várias horas a mais de uso, enquanto a Hasselblad True Zoom oferece funcionalidades fotográficas avançadas. A partir de R$ 2.199. Motorola, www.motorola.com.br
Sal da terra
Da base da Cordilheira dos Andes, reconhecido centro mundial de produção vitivinícola, três produtos com o rótulo El Mendocino, sendo dois varietais e um reserva, elaborados pela tradicional Bodega A16, trazem a força da região de Mendoza, na Argentina. Os vinhos Malbec Reserva Safra 2015 e Chardonnay e Malbec Varietal Safra 2016 traduzem a influência climática e geográfica da Cordilheira dos Andes. R$ 90 (Malbec Reserva) e R$ 60 (Malbec e Chardonnay). Santa Adega, www.santaadega.com.br
44 AVISO AOS NAVEGANTES
Bojudas
Estiloso jogo de xícaras de café Double Glass Tramontina com duas peças e linhas arredondadas. R$ 90. Camicado, tel. 0800-7220035, www.camicado. com.br
Releitura
Elegantes e leves, as peças da coleção Ino, projetadas pelo designer francês Toan Nguyen com Saphir Keramik, matéria-prima desenvolvida pela Laufen, têm linhas simples, criando suavidade nas bordas finas e resistentes. Conta com cubas de apoio no formato oval, bancada com lavatório integrado e gabinete com gaveta. Preços sob consulta. Laufen, tel. (11) 3061-5266, www.br.laufen.com
Bate-bate
Mixer Milk-shake HB Hamilton Beach, preto, 127V, é feito de plástico e possui um copo de 790 ml de inox para preparar milk-shakes e outras deliciosas bebidas. R$ 300. Camicado, tel. 0800-7220035, www.camicado.com.br
Exemplo
A terceira temporada do projeto Limpeza dos Mares, organizado pela Associação Náutica Acatmar, retirou do fundo das águas da praia e dos costões da Praia Grande, em Governador Celso Ramos, Santa Catarina, cerca de 4 toneladas de resíduos. A missão contou com 150 voluntários e 45 mergulhadores, que ficaram impressionados com o lixo coletado no fundo das águas do entorno da Ilha do Arvoredo, Ilha do Francês e o canal da Barra da Lagoa, na Grande Florianópolis, somente para citar alguns exemplos. Foram recolhidos resíduos dos mais variados tamanhos e origens, que prejudicam a fauna marinha, oferecem riscos à navegação e minam o mergulho de observação.
Embalos
Para quem aprecia uma boa vodca, a Elit by Stolichnaya agrada em cheio com seu aroma picante e ligeiramente seco. Ideal para ser apreciada pura, com gelo. R$ 348. Stoli, wwwstoli.com
46 AVISO AOS NAVEGANTES
Italianinho
Com caixa de apenas 10,5 mm, o Luminor Due 3 Days, de ouro rosa polido de 18k, tem movimento mecânico de corda manual que pode ser admirado pelo fundo transparente. É resistente a água até 30 metros e esbanja elegância. Preço sob consulta. Panerai, tel. (11) 3152-6620
Fartura
Carteira de couro. R$ 1.830. Prada, tel. (11) 3056-6600
Impermeável
Acompanhado da tecnologia Bluetooth, que o torna perfeito para a realização de exercícios com mais liberdade, o headphone JBL Reflect Mini é leve e tem padrão IPX-4, que faz com que seja impermeável e à prova de suor. Apresenta ponteiras auriculares ergonômicas e projetadas para nunca cair, independentemente da intensidade dos exercícios. Disponível no Brasil na cor preta e com bateria durável que reproduz até oito horas de música. Seu microfone embutido permite atender e realizar chamadas com facilidade. R$ 499. JBL, www.jbl.com.br
Irresistível
O novo perfume Jimmy Choo Man Intense é um amadeirado oriental sofisticado e intenso, sensual e irresistível, que parte da lavanda combinada com o frescor do melão-tangerina; ganha elegância com Artemísia, gerânio e pimenta-negra. A sensualidade presente na versão original mantém-se graças ao patchoulli, à fava tonka e ao labdanum. O frasco é inspirado numa garrafa de bolso antiga. R$ 429 (50 ml). Vizcaya Cosméticos, tel.0800-8492292
Andarilho
Superconfortável, sapato masculino de couro com detalhe de elástico. R$ 2.670. Prada, tel. (11) 3056-6600
No lugar certo
Para aqueles que adoram ter todos os produtos de higiene organizados, a nécessaire Zip-Around é perfeita. Fabricada com náilon, é multifuncional e foi pensada para facilitar o manuseio e o transporte. O compartimento principal conta com duas divisões, amplo bolso com zíper e uma parte à prova de líquidos. R$ 360. Victorinox, tel. (11) 5584-8188, www.victorinox.com
48 AVISO AOS NAVEGANTES
Oráculo
Óculos Moon Disco. R$ 2.400. Karen Walker para Acaju do Brasil, tel. (11) 3263-0083, www.acajudo brasil.com.br
Provocante
Brallet de couro. R$ 189. Janiero, (11) 2610-8658, janiero.com.br
Gol
Os acessórios são uma extensão dos looks e, com o poá em alta, os brincos que combinam diferentes materiais e texturas fazem bonito. R$ 2.020. Prada, www.prada.com
Ousado
Inovadora e arrojada, a cantora americana Halsey transformou sua cor marcante – o azul – em um batom destinado a ser o favorito de que não tem medo de ousar. R$ 73. M.A.C. Cosmetics, tel. 0800-8921695, www.maccosmetics.com
Tamanho ideal
Bolsa de couro preta com charm dourado da marca. R$ 300. Mr. Cat, tel. (11) 3078-2703, www.mrcat.com.br
Triângulo
Vestido estampado. R$ 741. Cleo Aidar, tel. (11) 3845-4819, www.cleoaidar.com.br
Talismã
Por nascerem no fundo do mar e chegarem às praias, acredita-se que os búzios trazem os segredos das águas, do céu e da terra, e a energia contida no planeta. O colar choker de prata deve ser usado sempre com o lado aberto do búzio para a frente: é a energia benéfica. Preço sob consulta. Preço sob consulta. Dryzun, tel. (11) 0300-1150100, www.dryzun.com.br
Assinatura
O Rebeleyes Gel Liner é um gel delineador de longa duração em forma de caneta. R$ 101. M.A.C, tel. (11) 3093-7447
Transformer Precisão
Inspirado no carro tema da Mercedes-Benz W 125 Silver Arrow, que dominou as corridas no fim de 1930, o Ingenieur Chronograph Edition “W 125” tem caixa de titânio de 42 mm e é limitado a 750 peças no mundo. R$ 33.600. IWC, tel. (11) 3152-6610, www.iwc.com/brazil
Versátil, a bolsa Kubus, da Artéria, incorpora facilmente dois formatos bem distintos, um total flat e outro 3-D, por meio de dois pequenos mosquetes e graças à sua modelagem. Inspirada na arquitetura moderna de Bauhaus e no design geométrico, tem duas opções de alças, uma para ser usada a tiracolo e outra de mão, além de poder ser usada como clutch (sem alças). R$ 795. Artéria, www.arteria-br.com
50 AVISO AOS NAVEGANTES
Lua e estrela
Pulseira de ouro rosé, diamante e pérola barroca R$ 2.780. Dryzun, tel. (11) 0300-1150100, www.dryzun.com.br
Mergulho levado a sério
O refinado Suunto D6i Novo Black é um computador de mergulho do tamanho de um relógio. Suas funções principais são a compensação de inclinação, bússola em 3D digital, integração de ar em Wireless, cinco modos pré-configurados no relógio (ar, nitrox, gauge, livre e off), planejamento de mergulho e ainda possui o Suunto RBM, que é o algoritmo completo de descompressão contínua da fabricante. Garantia de 24 meses no relógio e 12 meses na pulseira. SUUNTO, tel. (11) 2344-6666, www.suunto-br.com
Arco-íris
As escovas para cabelo Rainbow Brush, na versão Volume, têm três diferentes tamanhos e formatos. R$ 25 (pequena). KISS New York, tel. (11) 2369-4004
Exibida Misturinha
Desenvolvido pela marca norteamericana de dermocosméticos Dermatologica, o Solar Defense Booster é um produto com FPS 50 que deve ser misturado, na palma da mão, com a mesma proporção de hidratante ou base. Possui tecnologia UV Smart – microcápsulas de antioxidantes e óleo de cártamo que são liberadas na presença dos raios UV. Assim, ao misturar o hidratante ou base com o produto, tem-se hidratação potencializada e ação antioxidante durante todo o dia. R$ 365. Drogaria Iguatemi, tel. (11) 4042-8626
Nécessaire de tessuto com inspiração nas estampas da coleção Resort 17. R$ 1.120. Prada, tel. (11) 3056-6600
Mushroom
Anel Galáxia de ouro amarelo 18k com ônix e brilhante. R$ 19.500. Estúdio Miriam Mamber, tel. (11) 3034-3484, www.miriammamber.com.br
52 AVISO AOS NAVEGANTES
Embalo
A cadeira Elena Balanço tem assento feito de polipropileno e pés elaborados em aço cromado e madeira. R$ 489. Tramontina, www.tramontina. com.br
Raízes
Criado-mudo Marrocos vermelho pintado à mão. R$ 1.248. L’oeil, tel. (11) 3896-3211
Compras
Conhecida por seus modelos rígidos multifuncionais, a linha de malas Spectra 2.0 agora está disponível também em versões expansíveis. Os modelos médios e grandes conseguem expansão de 11 centímetros, com aumento de até 47% da capacidade. Produzidas com policarbonato puro, as malas são ultraleves e resistentes a rupturas. Com sistema de rodas duplas, os acessórios possuem oito rodinhas, que garantem estabilidade, manuseio em 360° e peso zero nas mãos. Todos os modelos vêm com uma etiqueta de identificação removível, mais o sistema de rastreamento de bagagem Swiss Tracker. Nas cores preta, vermelha e azul navy. R$ 2.875 (média) e R$ 3.125 (grande). Victorinox, tel. (11) 5584-8188
Superpotente
O liquidificador Multichef vermelho Oster surpreende pela potência. Conta com o exclusivo sistema de impulsão e encaixe entre o motor e as lâminas All Metal Drive®, que transfere a potência do motor de 450 watts para suas quatro lâminas Ice Crushing® 100% metal, possibilitando triturar até os ingredientes mais pesados. Sua jarra de vidro refratário tem capacidade para até 1,25 l e é resistente a variações de temperatura, podendo ser utilizada com líquidos quentes ou frios. R$ 364. Ponto Frio, www.pontofrio.com.br
Superesportivo
Um dos esportivos de maior sucesso no mundo, o Mustang começou a ser vendido no mercado brasileiro, e as primeiras unidades serão entregues no começo de 2018. Além de suas versões do Mustang, a Ford Performance, nova divisão da empresa, apresentou o novo Ford GT e a F-150 Raptor. “O Mustang é um grande exemplo da nossa paixão por carros e do que eles representam em termos de sonho e emoção para os consumidores”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul. Ford Brasil, www.ford.com.br
Erupção Ancorada
As handbags Light Sea prometem transformar radicalmente seus looks de verão. Personalizadas, você escolhe o fechamento entre os vários elementos do fundo do mar, garantindo o mood fun das altas temperaturas. R$ 850. Schutz, tel. (11) 2388-8222, www.schutz.com.br
Brincos em ouro 18k com brilhante, brilhantes Ice e gota de rubilita. R$ 17.500. Estúdio Miriam Mamber, tel. (11) 3034-3484, www.miriammamber.com.br
Alegria
The Girl, o novo perfume de Tommy Hilfiger, é endossado pela supermodelo Gigi Hadid, que também assina sua primeira coleção cápsula para a grife, celebrando seu olhar moderno sobre o “classic American cool”. Inspirado no espírito livre e na atitude cativante de Gigi, a fragrância é fresca e aromática. A embalagem foi inspirada na essência da Tommy Hilfiger, que é navy e colorida. Seus principais elementos são a âncora e a tampa dourada, que foi inspirada no botão dos casacos dos marinheiros. R$ 349 (100 ml). RR Perfumes, tel. 0800-77225500
Atropelo Elementar
A poltrona Goa destaca-se pelas linhas geométricas e as formas precisas, além da base giratória. Combina com ambientes contemporâneos. Preço sob consulta. Bell’Arte, tel. (47) 3274-1600, www.bellarte.com.br
Com aroma Gourmet Oriental baseado na fragrância das frutas, o DKNY Be Tempted é um perfume viciante que mistura notas sedutoras de groselha e frutas vermelhas com toques de limão siciliano e vinho tinto. O frasco vermelho metálico que lembra uma maçã denuncia o perigo: sedução. R$ 264. RR Perfumes, tel. 0800-77225500
54 AVISO AOS NAVEGANTES
Dupla face
Assinados pelos designers italianos Ludovica e Roberto Palomba e produzidos pela Kartell, os itens da Laufen são coloridos e contemporâneos. A banqueta de acrílico laranja deixa o banheiro muito mais atraente. Preço sob consulta. Kartell by Laufen, www.laufen.com.br
Sentidos Vestido de seda. R$ 744. Déterminée, www.determinee. com.br
Fundo do mar
Short masculino Cavalo-Marinho. R$ 249. Shorts Co, tel. (11) 2387-4440, www.shortsco.com.br
Submarino
Conhecidos pela alta resistência, os modelos I.N.O.X. têm caixa de aço inoxidável de 43 mm, visor de cristal de safira resistente a riscos, com triplo tratamento antirreflexo, coroa rosqueada e resistentes à água até 200 metros. A novidade é o I.N.O.X. Titânio, leve e resistente, ideal para aventureiros, também encontrado com pulseira de borracha. R$ 2.805. Victorinox, tel. (11) 5584-8188, www.victorinox.com
A nossa cara
Coloridos, descolados e superconfortáveis para ser usados na praia, pois são produzidos com borracha, acetato e poliamida transparente (material mais flexível), os óculos Havaianas são unissex e suas lentes contam com proteção UVA/UVB. São quatro modelos: Rio, Paraty, Trancoso e Noronha, mas cerca de 80 variações de cores. R$ 250. Havaianas, www.havaianas.com
56 AVISO AOS NAVEGANTES
Tela flutuante
Conhecido por seus murais icônicos de baleias, pinturas da vida marinha e esculturas, o artista Wyland, que tem mergulhado nos oceanos do mundo durante os últimos 30 anos, inspirou gerações a se apaixonarem pela preservação dos mares. Agora, a imensa “tela” que vai pintar será o casco do Norwegian Bliss, o novo navio da Norwegian Cruise Line dedicado a navegar no Alasca. Intitulada “Navegando com as Baleias”, a imensa “tela flutuante” terá a imagem de uma baleia jubarte e seu filhote com golfinhos, leões-marinhos e tartarugas, revelando a beleza natural do Alasca e a importância da conservação dos oceanos. Sua inauguração está prevista para junho de 201. Norwegian Bliss, bliss.ncl.com
Leveza
Os óculos Hawaii, da coleção Slim, têm formato leve e matérias-primas de baixo peso. Com estrutura quadrada, tem a frente e as hastes em Grilamid, nose anatômico e dobradiça plástica, e está disponível em oito cores. R$ 299. Mormaii, tel. (11) 3969-0834, www.mormaii.com.br
Pivô
Tênis masculino preto com solado vermelho. R$ 2.800. Prada, tel. (11) 3056-6600
GPS multisport
Em prol da vela
O Iate Clube de Santos e o Yacht Club Paulista, dois dos mais tradicionais centros náuticos do País, uniram-se com o objetivo de fomentar a vela tanto na Represa de Guarapiranga quanto na Baixada Santista, a partir de suas respectivas sedes. Mais do que promover o intercâmbio entre os associados dos clubes, o convênio firmado entre os comodoros José Francisco Agostini Roxo, do YCP, e Berardino Fanganiello, do ICS, tem a finalidade de desenvolver a prática da vela. As ações patrocinadas pelo YCP em parceria com o ICS preveem a inclusão de crianças, jovens, mulheres e adultos nas clínicas personalizadas de Optimist, Laser, Snipe e HPE 25, bem como regatas na represa e no mar, incluindo dez etapas anuais da Copa Paulista de Vela, além de campeonatos estaduais e nacionais, em 2017. Por outro lado, o ICS disponibilizará aos velejadores do YCP a oportunidade de tripular barcos de oceano, com a formação de bolsa de proeiros, resgatando uma tradição da década de 70, quando a maioria da flotilha do ICS era tripulada por velejadores da Guarapiranga.
Limpeza geral
A convite do ICMBio, que fiscaliza a reserva, o projeto Limpeza dos Mares, capitaneado pela Associação Náutica Brasileira (Acatmar), retirou cerca de 100 metros de redes prejudiciais à vida marinha na Reserva Marinha da Ilha do Arvoredo – pequeno arquipélago oceânico, visível da costa norte da Ilha de Santa Catarina. A ação partiu do trapiche de Canasvieiras com destino a Ilha das Galés, pertencente à reserva e próxima ao município de Bombinhas, no litoral norte de Santa Catarina. “No local existe um navio cargueiro afundado, que se tornou um criadouro natural de peixes e encontrava-se envolto em várias redes de pesca. Um grande matadouro para a vida marinha”, afirma Leandro “Mané” Ferrari, presidente da Acatmar. Mais de 70 mergulhadores voluntários fizeram parte dessa etapa que retirou as redes abandonadas. O projeto Limpeza dos Mares Acatmar já coletou mais de 27 toneladas de resíduos do fundo do mar em praias e costões.
O novo Suunto Spartan Ultra Black é um relógio feito à mão na Finlândia para durar em qualquer condição. Resistente à água até 100 metros, possui visor colorido e touchscreen, que tem excelente visibilidade mesmo com a intensa luz do dia. Sua bateria tem até 26 horas de duração em modo de treinamento e oferece altitude barométrica FusedAlti. Possui GPS e GLONASS integrado, para acompanhamento diário de atividades; calorias e passos, insights dos treinos, reconhecimento do seu melhor desempenho, suporte para mais de 80 esportes, teste de recuperação e sono e a possibilidade de descobrir novas rotas com o Heatmaps pelo Movescount. Com visor de cristal Safira e bezel de titânio ou aço inoxidável (dependendo da versão), o Suunto Spartan é a escolha de atletas e entusiastas multisport. Preço sob consulta. SUUNTO, tel. (11) 2344-6666, www.suunto-br.com
À prova d’água
O grande diferencial da caixa de som Bluetooth JBL Charge 3 é que ela é totalmente à prova d’água, podendo ser submersa em uma profundidade de até 1 metro, durante 30 minutos – isso permite que o consumidor leve sua festa para qualquer lugar. Seus poderosos radiadores passivos proporcionam tons graves que fazem tremer. Também conta com autonomia de 20 horas de reprodução de som e tecnologia JBL Connect, que permite conectar até três dispositivos para a reprodução de músicas, o que proporciona revezar a play list entre os amigos. R$ 999. JBL, www.jblaudio.com.br
Ritual
Aquário
Short masculino Peixinhos. R$ 249. Shorts Co, tel. (11) 2387-4440, www.shortsco.com.br
Conhecido por ser uma fonte mágica de ricos nutrientes capazes de fortalecer e regenerar a pele, o caviar é usado pela La Prairie há mais de 25 anos. Mas agora é usado a partir de um novo processo de destilação a vapor para capturar componentes de caviar num fluido cristalino e puro. As loções clássicas contêm água. A Skin Caviar Essence-in-lotion também é elaborada com água de caviar. A loção enaltece a tonalidade, ajuda a melhorar de imediato a hidratação e a elasticidade da pele, e foi desenvolvida para ser o primeiro passo antes dos cuidados de beleza mais intensos. R$ 1.149. RR Perfumes, tel. 0800-77225500
Pasta chic
Jogo de seis pratos para massa Fundo do Mar Basic, pintados 100% à mão. R$ 2.700. Porcelanas Personalizadas Andréia Mizuta, tel. (11) 94552-3763, www. porcelanaspersonalizadas.com
Abra suas asas
Armação borboleta apresenta lentes que se destacam para conferir um toque vanguardista, enquanto as elegantes hastes de metal e pontas de acetato tartaruga suavizam o design, apurado pela estrutura cúbica de metal facetado. R$ 650. Marchon, tel.: (11) 2110-1100
58 AVISO AOS NAVEGANTES
Capricho
Indicado para peles sensíveis, o Tônico Facial Calmante Aloe remove impurezas e prepara a pele para hidratação. R$ 85. The Body Shop, www.thebodyshop.com.br
Sob controle
Sabonete Hidratante Hidra Therapy, da Pharmapele, limpa profundamente, controla a oleosidade e mantém o equilíbrio natural da pele. R$ 51. Pharmapele, tel. (81) 3202-2000, www.pharmapele.com.br
Casulo
Toalhas de praia Buddemeyer Luxux com estampa Rosa Saint Tropez e Azul Saint Tropez, R$ 100 (cada), e estampa Blues, R$ 100. Casa Almeida, www.casaalmeida.com.br
Mix
O refinado acetato italiano é interligado por meio de um processo artesanal preciso e ganha design jovem. A interação entre elementos sólidos e vazios das lentes recortadas, a ponte de metal em forma de buraco de fechadura e as hastes finas aparecem como contraponto à frente mais grossa. R$ 1.290. Marchon, tel.: (11) 2110-1100
Proteção
Viseira Box. R$ 40. Fila, tel. (51) 3563-8300, www.fila.com.br
Manobras facilitadas
Com proposta inovadora de diversão, a nova moto aquática Sea-Doo Spark Trixx possui recursos que facilitam uma série de manobras ao piloto, como apoios traseiros para os pés, guidom e colunas ajustáveis, manoplas ergonômicas, sistema variável de Trim e iBr (freio e reverso exclusivos da Sea-Doo). A potência está garantida por meio do motor Rotax 900 HO ACE e as cores vibrantes com estrutura leve de Polytec são marcantes. Preço sob consulta. BRP, www.brp.com
Eco Cert
Peeling é um esfoliante sem a presença de polietileno, substância muito utilizada nesse tipo de cosmético que contamina oceanos e animais marinhos, e que foi substituída pela microesfera vulcânica, que tem certificação Eco Cert. O produto remove células mortas e impurezas, desobstrui os poros e estimula a renovação celular, trazendo melhor textura e brilho. Preço sob consulta. Buona Vita, tel. (41) 3023-1855, www.buonavita.com.br
Diferenciada
Especializada em design contemporâneo, a AMMA Store é a nova loja do Museu da Casa Brasileira. Oferece criações exclusivas e limitadas, além de objetos nacionais e importados criteriosamente escolhidos. A almofada Âncora do estúdio Bora Lá é um trabalho de xilogravura digitalizada aplicada em camurça sintética. R$ 109. Amma Store, tel. (11) 3032-3727, www.ammastore.com.br
Energia luminosa O iPhoton, aparelho portátil com tecnologia de fototerapia, emite energia luminosa não invasiva e não térmica. Por meio de três sondas de LED removíveis de alta potência, com luzes vermelha e infravermelha, azul e verde, favorece o rejuvenescimento. R$ 800. Basall, www.basall. com.br
Charme
Olhos iluminados
Formulado com o mineral hematita, The Eye Concentrate reduz a aparência das olheiras, as descolorações superficiais e o tom desigual da pele. R$ 1.015. La Mer, tel. 0800-0474138, www.lamer.com.br
Chaleira elétrica Icona Vintage verde De Longhi, com capacidade para 1,7 litro. R$ 499. Lavelli, tel. 3436-0772, www.lavelli.com.br
60 AVISO AOS NAVEGANTES
Voando alto
A estreia de voos tripulados com o primeiro multicóptero certificado do mundo, o Volocopter VC200 da E-volo, marca o começo de uma nova era em mobilidade urbana. Veículo aéreo pessoal fácil e seguro de pilotar, o Velocopter recebeu “permissão de voo” como uma aeronave ultraleve das autoridades da aviação alemã em fevereiro. Graças ao seu controle de voo inovador, a aeronave de decolagem e aterrissagem vertical (Vertical Take-off and Landing – VTOL) é pilotada com uma das mãos, com um único manche. O Volocopter começará a ser vendido em 2018. E-volo, www.volocopter.com
Delicadeza
Toalhas bordadas 100% algodão penteado, em três tamanhos, que unem tradição, classe e inovação. Preço sob consulta. Trussardi, tel. 0800-9701898, www.trussardi.com.br
Proteção total
O novo protetor solar Biosole AV tem potente ação anti-aging capaz de reduzir os sinais de envelhecimento, como rugas, flacidez e linhas de expressão. Com FPS 50 e toque seco, 12 horas de alta proteção contra os raios UVA, UVB e Infravermelho-A emitidos pelo sol. R$ 126. ADA TINA, tel. 0800-7742404, www.adatina.com
Floral moderno
Em 100% algodão 160 fios, o jogo de cama Grafic traz a estampa floral com ares modernos. Preço sob consulta. Buddemeyer, tel. 0800-7785005, www.casaalmeida.com.br
Última fronteira Gigantescas e imponentes geleiras, tundras, fiordes e canais são apenas alguns exemplos das paisagens cinematográficas do Alasca. Observar os ursos na área da Ilha Príncipe de Gales, ver as focas e baleias brincando no mar, um passeio de caiaque aos pés das geleiras ou uma incursão de bicicleta pela floresta são algumas experiências possíveis, além de visitar cidades como Juneau e Sitka. A partir de R$ 11.600 (cruzeiro pelo Alasca com roteiro de sete noites). Regent Seven Seas, www.rssc.com
240 AVISO AOS NAVEGANTES
Ecléticos
Os cestos redondos Color de tecido são ideais para deixar o barco organizado, ao mesmo tempo que dão um charme especial a qualquer cantinho, seja na sala, seja no banheiro ou no convés. R$ 206 (0,40 x 0,36 cm) e R$ 157 (0,40 x 0,32 cm). Regatta Casa, tel. (11) 5543-8144, www.regattacasa.com.br
Olhar 43
Aparelho apropriado para aquecer e curvar os cílios, com total segurança, em apenas 15 segundos, o Heated Eyelash Curler tem sua temperatura automaticamente controlada por um microchip elétrico e está pronto para uso quando o bloco vermelho de silicone mudar sua cor para branco. Em seguida, basta colocar os cílios na área por 10 a 15 segundos, dependendo da curvatura desejada. R$ 156. Excellence, tel. 0800-163434
Surfe arte
BodyBoard Art, livro ilustrado somente com imagens artísticas inéditas do surfista e jornalista Elmo Ramos, é dedicado à memória de Alexandre de Pontes, conhecido como “Xandinho”, seu padrinho no esporte e um dos mais importantes atletas brasileiros. As 101 fotos do livro estampam pranchas, nadadeiras, cores, formas, tons do oceano, vários surfistas e muitas ondas. R$ 100. Fnac, tel. (11) 4873-2111, www.fnac.com.br
Momentos Com espaço para quatro fotos – uma 8 x 10, outra 10 x 10 e duas 10 x 15 –, o portaretrato Forsel VerdeEsmeralda expõe suas imagens preferidas de maneira moderna e criativa. R$ 119. Oppa, tel. (11) 3031-7540, www.oppa.com.br
Joia de cheirar
Omnia Tourmaline Paraiba, da italiana Bvlgari, é uma fragrância floral frutada que abre com um vibrante frescor cítrico, combinando as brilhantes tonalidades da laranja amarga de Curaçao com a suculenta e picante carne do maracujá. A natureza extravagante da fragrância é revelada com a mistura da gardênia do Brasil com a exótica nota floral frutada da flor de maracujá. Nas notas de fundo, o calor aumenta e desperta uma sensualidade intensa com a elegância do Vetiver e os realces dos grãos de cacau, criando uma inconfundível sensação de uma pele aquecida pelo sol. R$ 467 (40 ml). Vizcaya Cosméticos, tel. 0800-8492292
260 AVISO AOS NAVEGANTES
Banho de espuma
Especialmente desenvolvida para deixar a pele macia e revitalizada, além de promover limpeza suave e eficaz, a Espuma de Banho Energizante da Pharmapele contém microesferas perfeitas que removem as células desvitalizadas da pele ao mesmo tempo que promovem a renovação celular. Pharmapele, www.pharmapele.com.br
Água para a pele
Prática e eficaz, a Água Demaquilante Express é ideal para quem tem pressa na hora de higienizar a pele. Com ingredientes do Mediterrâneo e ativos derivados da oliva e das proteínas do trigo, remove a maquiagem e os resíduos, limpando, tonificando e hidratando a pele. R$ 161. Germaine de Capuccini, www.germainedecapuccini.com.br
Descontraída
Leve, mas estável e resistente, a cadeira UMA tem a estrutura feita de madeira de eucalipto e o assento é produzido em MDF laqueado. Moderna e confortável, já ganhou o Prêmio de Design IDEA/Brasil em 2012. R$ 249. Oppa, tel. (11) 3031-7540, www.oppa.com.br
Mar aberto
Charmosos bowls coloridos de melamina, material que não quebra e não arranha, ideais para, a bordo, enfrentar os humores do mar. R$ 26 (cada). Regatta Casa, tel. (11) 5543-8144, www.regattacasa.com.br
Calçadão
Energético e refrescante, o Hollister Wave For Him capta a energia do estilo de vida de quem passa os dias surfando na praia ou caminhando pelo calçadão. Notas de grapefruit e folhas de bambu capturam a brisa do oceano, enquanto chipre, lavanda e neroli remetem ao cheiro do terreno rústico da Califórnia, e a tonka e o musk evocam a água salgada, a areia e o calor do verão. R$ 329 (100 ml). Prestige Cosméticos, tel. (21) 2128-2727
420 AVISO AOS NAVEGANTES
Hit
Mochila Mick Yeah Black Merinos. R$ 7.915. Les Petits Joueurs para Acaju do Brasil, tel. (11) 3263-0083, www.acajudobrasil. com.br
Visível
Jaqueta quebra-vento Run Kato de 100% poliamida. R$ 280. Mizuno, tel. (11) 3003-3414, www.mizuno.com.br
Relevo
Bolsa de camurça sintética coral, com alça de corrente preta revestida com a própria camurça, tem forro em cetim. R$ 109. Dupla Acessórios, tel. (11) 98584-2807, www.duplaacessorios.com.br
Retrô
Feito de acrílico, o porta-guardanapo Disco de Vinil lembra os velhos e bons tempos. R$ 34. Casa da Mãe Joana, www.casadamaejoanashop.com.br
Inconfundível
Elaborada para manter os pertences pessoais seguros, a linha unissex de malas Bank, desenhadas por Marc Saddler, é feita de alumínio anodizado com detalhes de couro italiano. Disponível em seis tamanhos e dedicada a viajantes contemporâneos, a coleção tem linhas clássicas fundidas com elementos retrô e cantos arredondados para suavizar a silhueta. As rodas duplamente resistentes foram desenhadas e construídas no Japão, para dar estabilidade e deslizar com facilidade. Preços sob consulta. Fabrica Pelletteriemilano, www.fpm.it
62 PUBLI
ITALIANOS BEM BRASILEIROS Com design italiano, os barcos da Torpedo Marine prometem inovar o mercado interno e tornar-se referĂŞncia internacional
Há cerca de cinco anos, os sócios da Torpedo Marine uniram-se em busca de algo totalmente novo para oferecer ao mercado náutico brasileiro. Após pesquisar em diversos países e salões náuticos mundo afora – desde Fort Lauderdale e Miami, nos EUA, a Londres, Paris e Gênova, na Europa –, escolheram projetar para o Brasil uma linha contemporânea de barcos tipo Rigid Inflatable Boat (RIB), com conceito diferenciado e usando os melhores materiais. Os barcos foram meticulosamente pensados para o Brasil e projetados do zero, exclusivamente para a Torpedo Marine, pelo conceituado escritório italiano de arquitetura náutica H3O Yacht Design, de Andrea Colli e Mario Bonelli, responsáveis por alguns dos mais famosos yacht tenders do mercado global, como Pirelli e Dariel, além de outras embarcações que circulam no circuito Mônaco, Mykonos, Portofino e Saint-Tropez.
64 PUBLI Durante os anos de pesquisa, projeto e desenvolvimento, a Torpedo Marine elaborou uma linha completa com três tamanhos de barcos e mais de 15 variações, divididos entre os modelos T550, T700 e T900, além da linha PRO – divisão destinada para trabalho e aplicações militares. Yacht tenders e day cruisers, os novos conceitos de barcos de luxo que a Torpedo Marine traz para o mercado nacional, são embarcações que primam pelo design exclusivo, sem esquecer da performance, da solidez, da excelência no acabamento, da praticidade e, principalmente, da segurança, detalhes que são o grande diferencial desse tipo de embarcação semirrígida. O conceito de customização pelo proprietário, que torna cada barco exclusivo e único, para um público exigente e diferenciado, também foi um dos pilares desse projeto. Fugindo do padrão de mercado, seus barcos são sempre comercializados completos da fábrica –desde a motorização, a capota, a carreta e outros itens para guardaria, até eletrônicos de última geração com Wi-Fi e integração com smartphones. Outra grande característica da Torpedo Marine é a oferta do que existe de mais moderno em entretenimento a bordo, navegação, conforto e segurança, além de diversas opções de personalização, cores e acabamento. Com o compromisso de manter a alta qualidade e a customização, a Torpedo Marine programou o lançamento gradual de suas embarcações, e o primeiro foi o T700, com cerca de 7 metros (23 pés), apresentado ao mercado este ano, durante o São Paulo Boat Show, sendo um dos destaques do evento. Um dos grandes diferenciais da Torpedo Marine é a performance de suas embarcações. O projeto do T700 teve um grande desafio: unir uma navegação rápida e suave com o máximo de conforto. “O T700 é um day cruiser pensado para aqueles que desejam um barco versátil, unindo segurança, conforto e
performance, e criando um novo conceito de utilização. Ele está homologado para 11 pessoas e navegação em mar aberto, tendo sido construído de acordo com as mais exigentes normas e padrões internacionais”, diz Mário Caruso, diretor da Torpedo. Mais do que um notável design inovador, a Torpedo Marine traz diferenciais como a estrutura spider, um moderno sistema de reforço estrutural que, diferentemente das tradicionais longarinas, possibilita o travamento do casco em mais de uma dezena de pontos, sem adicionar peso, agregando mais rigidez estrutural e segurança, além da criação de diversos compartimentos estanques na embarcação, que servem também como ferramentas de segurança passiva. O sistema spider desenvolvido para a Torpedo também foi projetado para posicionar o deck da embarcação acima do nível d’água, tornando-o totalmente autodrenante, assegurando, dessa forma, que toda água que entrar no convés não vá para dentro da embarcação e, ao contrário, seja escoada
naturalmente pelas canaletas de drenagem. Ainda assim, o T700 também conta com duas bombas de porão automáticas. As curvas diferenciadas do casco trazem um design inovador que não é apenas estético. Cada spray rail e ângulo do barco foi projetado e testado virtualmente durante o projeto para melhor performance hidrodinâmica, possibilitando uma inigualável navegabilidade para cortar ondas sem perder estabilidade e, ao mesmo tempo, tornando a navegação extremamente seca para seus ocupantes, uma vez que toda a água é direcionada para longe do barco. Seus flutuadores infláveis são fabricados com o material Hypalon Orca, da empresa francesa Pennel et Flipo, inteiramente produzidos na Itália, e possuem cinco câmaras de flutuação individuais, assegurando o máximo de segurança que só um RIB pode proporcionar. O arranjo do barco foi desenvolvido para maximizar todos os espaços e o conforto a bordo, trazendo na proa um grande solarium, diversos e amplos compartimentos para a guarda de objetos e equipamentos essenciais para o cruzeiro, um inovador local para a guarda da capota dentro de um amplo sofá de popa, uma bandeja escamoteável com amortecedores para facilitar as refeições a bordo, plataformas de popa com paióis de fácil acesso para guardar equipamentos molhados, chuveiro de água doce, iluminação de LED e disposição pensada para facilitar a vida e a movimentação a bordo. No que diz respeito à performance, o T700 é uma embarcação leve, o que reflete em menor consumo de combustível e maior performance. A potência recomendada é entre 175 e 250 HP, apesar de ter sido projetado para comportar um motor de popa de até 300 HP. Mas há também versões para dois motores de popa ou centro-rabeta, sendo essa última opção a diesel ou a gasolina. O T700 segue o conceito de customização pelo proprietário e cada barco é único, já que a Torpedo Marine disponibiliza diversas opções de cores para o casco, deck, estofado, capota e flutuadores sem custos extras. Atualmente, os barcos vêm de fábrica com sistema de som JBL® à prova d´água com bluetooth, direção hidráulica, chuveiro de água doce, rádio VHF e sistemas de navegação touchscreen com Wi-Fi das mais conceituadas marcas, como Simrad®, Raymarine® e Garmin®, entre outras. Como opcionais, o T700 oferece um guincho elétrico para âncora, geladeira elétrica, direção escamoteável, sistema de flaps, luz subaquática, acabamentos de fibra de carbono ou Kevlar®, piso de teca natural ou sintética, sistema de som Polk Audio®, além de realizar outras customizações para adequar ao uso de cada proprietário. Mas o modelo T700 é apenas o começo de um extenso projeto. Logo virá o T900, nas versões Cabin e Open, que promete tornar-se um divisor de águas do mercado nacional, com sua extrema flexibilidade de configuração contando com cabine, banheiro, cozinha completa e ar-condicionado. Seu irmão menor, o Sport Cruiser T550, será outro lançamento pensado para quem quer praticidade em um barco de apoio ou pratica esportes aquáticos e deseja uma embarcação de menor porte.
Assim como o T700, os novos modelos seguirão o conceito de customização pelo proprietário e cada barco terá sua personalidade. A linha PRO possui versões para transporte, turismo, pilot e militar, além da possibilidade de adequação à necessidade de outros usos profissionais. Fabricados com materiais ainda mais reforçados para utilização heavy duty e opções de acabamento feitas para durar, sempre pensando nas condições mais adversas que seus clientes podem enfrentar. Para que a experiência com cada embarcação seja de excelência, a Torpedo Marine está lançando o serviço de concierge, a fim de auxiliar seus clientes em todos os assuntos e necessidades relacionados ao barco. ”Estamos implementando um serviço de concierge que possibilitará, por exemplo, sugerir um roteiro para aproveitar o máximo do seu barco, oferecendo opções desde o transporte da embarcação até a escolha do hotel”, conta Nelson Rittscher Carvalhaes, diretor da Torpedo.
Torpedo Marine tel. (11) 2772-0022, info@torpedomarine.com / www.torpedomarine.com
66 POSTO DE COMANDO
PRAIA PARTICULAR A bordo de qualquer embarcação, temse o mar inteiro para chamar de seu. No caso do megaiate conceito do norueguês Hareide Design, há uma praia para uso privado
68 POSTO DE COMANDO
A
ideia de um superiate híbrido de 108 metros com uma pequena praia particular pode parecer muito excêntrica, mas é a proposta do escritório de design norueguês Hareide Design para o projeto de um iate conceito cheio de sofisticação. Os andares do barco foram projetados como grandes plataformas que oferecem uma vista magnífica do lado de fora. O espaço multifuncional do salão é amplo, confortável e com uma visão panorâmica da natureza exterior. A popa da embarcação é praticamente nivelada com o mar, por isso, quando ela se movimenta, pequenas ondas são formadas e dão a sensação de uma praia privada para aqueles que estão a bordo. É uma forma de aproveitar tanto o luxuoso interior da embarcação como a natureza. Sentado em uma espreguiçadeira para tomar sol, você vai mesmo se sentir na praia. Além da prainha com água do mar, o iate possui também piscina com borda infinita, um enorme jardim em torno de uma piscina de água salgada de 20 metros, e uma gigantesca parede de vidro que garante uma vista incrível mesmo para quem está na parte interna da embarcação. A sala de jantar elevada tem área de observação para quem deseja apreciar a vista ou simplesmente ficar de olho nas estrelas. O iate tem 300 metros quadrados de painéis solares, que fornecem energia para que a embarcação se movimente em pequenas distâncias. Para longos percursos e maiores velocidades, o motor garante a locomoção. O iate será produzido somente por encomenda, ao custo de 20 milhões de dólares! u
70 POSTO DE COMANDO
SONHO REALIZADO
O estaleiro brasileiro MCP Yachts anuncia a construção do 106 LE Paradiso, para satisfazer o desejo dos clientes
O
estaleiro brasileiro MCP Yachts, especializado no design e na construção de iates de alumínio, apresentou seu novo 106 LE M/Y Paradiso, um iate de 32,31 metros de comprimento total, impulsionado por dois motores CAT C32 ACERT, de 1.825 HP cada um, alcançando a velocidade máxima de 26 nós, velocidade de cruzeiro rápido de 21 nós e consumindo 87 litros por hora a 10,5 nós. Esse projeto teve início a partir dos resultados de um levantamento no mercado de iates, para determinar o que os proprietários queriam e, a partir daí, definir uma série de critérios. “O primeiro era de que o projeto deveria ter uma excelente iluminação natural, com abundância de vidro”, diz Manoel Chaves, proprietário da MCP. A ideia era ver o mar de qualquer lugar de dentro do iate. “Nós também fizemos questão de ter uma Portuguese Bridge e um Pilothouse elevado. Assim o iate começou a tomar forma.” Os proprietários agregaram ideias interessantes ao projeto. Foram ao estaleiro à procura de um iate de alumínio, por sua resistência, leveza e durabilidade. Internamente, a construção em alumínio oferece também a vantagem de duplos fundos que
72 POSTO DE COMANDO
geram maior espaço para tanques de água e óleo combustível. Assim, também a localização desses tanques ajudam a manter o centro de gravidade baixo, propiciando ao mesmo tempo um fácil acesso. A suíte máster tem decoração e layout baseados no que os proprietários vivenciaram em outros superiates no exterior. Na entrada há um escritório completo com vista para o mar e um grande closet. A suíte tem excelente pé-direito, uma ampla área de estar, contemplada com visão panorâmica. Conta com dois banheiros “His and Hers” com uma enorme ducha ao centro. A bombordo do convés principal fica uma cozinha com capacidade para atender os hóspedes em grandes navegações e com acessos exclusivos para a tripulação. O convés inferior tem uma área de vivência da tripulação, cozinha, copa e mesa (Crew Mess), e três suítes, sendo uma com cama de casal destinada ao capitão e outras duas para os tripulantes. Os hóspedes têm total liberdade e privacidade em todo o Paradiso, com magníficas cabines independentes, com janelas panorâmicas e vista privilegiada para o mar. Uma tevê de 75 polegadas é incorporada em um painel de espelho atrás da mesa da sala de jantar (o Paradiso tem oito tevês interligadas com informações de navegação e filmes, garantindo que a alegria e a diversão estejam sempre presentes em todos os ambientes). A boreste no salão principal, uma linda porta de correr longitudinal em vidro refletivo e aço inox liga esse espaço interno a uma varanda suspensa com piso envidraçado e detalhes em madeira Teka. O passadiço, em um convés intermediário, oferece ampla visão para a navegação. Sistema de software criado pelo estaleiro mantém os registros de navegação, além de monitorar e exibir funções de todos os equipamentos (motores, geradores, luzes de navegação, baterias, bombas etc.), permitindo interagir com o toda a embarcação. O Flybridge é um espaço de entretenimento e convivência, com mesa para oito pessoas, bar completo com churrasqueira, piscina de hidromassagem, sofás e grande solário. Garantindo total conforto a bordo, a acústica também não foi esquecida. As linhas de eixo da embarcação operam com banho de óleo (sem atrito ou ruído). O empuxo dos sistemas propulsivos também é amortecido por mancais de escora flexíveis. Motores e geradores projetados para trabalhar apoiados em coxins de alta tecnologia absorvem as vibrações dos equipamentos. Devido ao fato de os proprietários terem grande intimidade com o mar, praticando pescarias de superfície e submarina, foi projetada uma diving room com grandes ambientes para limpeza e acondicionamento refrigerado de peixes, espaço para armazenamento de roupas de mergulho e vestiário com duchas. Completando a diving room, há um banheiro a boreste e diversos armários para guardar equipamentos de pesca e sobressalentes de bordo. Integrando a diving room, à ré, o fishing deck seguro e confortável, com borda falsa rebatível, transforma-se numa agradável plataforma de mergulho com acesso ao mar. u
MCP Yachts
www.mcpyachts.com.br
74 POSTO DE COMANDO
BEM EQUIPADA
A pesca oceânica recreativa impulsiona a venda de embarcações para essa finalidade
A
escolha do cenário, a busca pelo cardume e o esforço para a captura dos peixes em alto-mar (e, depois, a devolução) aliados ao prazer indescritível da navegação em longas distâncias são algumas das emoções que têm atraído mais brasileiros para a prática da pesca oceânica esportiva. O Triton Group – estaleiro que adquiriu recentemente licença para fabricação e comercialização de lanchas da marca Fishing Raptor, voltadas para a prática do esporte, comprova isso. Segundo os diretores, em 2017 devem ser fabricadas cerca de 70 embarcações, o que corresponde a um aumento de cerca de 50% no valor de produção. O Brasil tem grande potencial para a prática da pesca recreativa, que, realizada de forma responsável, tem condições de contribuir para a preservação de diversas espécies ao redor do mundo. Atualmente é responsável pela captura e liberação ao seu ambiente natural de até 47 bilhões de peixes a cada ano, praticada por 420 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, a pesca recreativa é praticada por 7,8 milhões de pessoas, e tem apresentado crescimento constante, capaz de contribuir para o desenvolvimento do turismo principalmente nas regiões que contam com condições naturais para a atividade. “A pesca oceânica é uma tendência mundial e, pela procura e interesse de nossos clientes, temos percebido um desenvolvimento no Brasil”, afirma Fernando Assinato, diretor do Triton Group. “Hoje circulam no País mais de 2 mil barcos da Fishing Raptor e a expectativa é um crescimento considerável para o próximo ano. Temos diversos modelos, que vão de 21 a 42 pés, capazes de agradar a todos os
amantes desse esporte. O grande diferencial dessas embarcações é o fato de elas combinarem características de segurança, qualidade e motorização – para cruzeiros de longas distâncias, com baixo consumo e fácil manutenção, além de uma estrutura apropriada para o lazer a bordo”, complementa. Com mais de 8 mil quilômetros de costa litorânea e grande concentração de água doce navegável, o Brasil possui importantes destinos de turismo de pesca, como Ilhabela, no litoral de São Paulo, Cabo Frio e Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Canavieiras, Ilhéus e Salvador (BA), que possuem atributos naturais e cada um com maior incidência de espécies diferentes. Para esse tipo de esporte é crucial considerar a segurança na navegação e o desempenho da embarcação, já que muitas pessoas chegam a navegar 70 milhas longe da costa para pescar. “Ter uma lancha com casco forte produzida com materiais de altíssima qualidade, resistência e durabilidade é muito importante principalmente quando a navegação acontece em mar aberto. O grande diferencial da Fishing Raptor é o desenho do casco desenvolvido nos Estados Unidos – um dos maiores públicos dessa prática – que são insubmergíveis e possuem excelente performance. Navegabilidade e velocidade são outros diferenciais. Temos cascos que podem atingir até 70 milhas/h o que seria mais de 100 km/h. Ou seja, esse fator é importante para acompanhar a velocidade que os grandes peixes nadam e ainda garantir a segurança com uma autonomia de combustível adequada”, explica Assinato. u
www.tritongroup.com.br
76 ICS
por ISABELA CAMPOS fotos DOUGLAS MOREIRA
2016 O BOM ANO DA VELA
Um dos mais modernos centros náuticos do País, o Iate Clube de Santos mostra que também sabe valorizar tradições
“
Iate clube sem Vela é iate clube sem alma.” A afirmação do comodoro Berardino Fanganiello exprime a essência do ICS, que registra em sua linha do tempo algumas das mais prestigiadas regatas de oceano do País. A Regata Santos-Rio, competição promovida em parceira com o Iate Clube do Rio de Janeiro há exatos 66 anos, é o exemplo mais fascinante. Com percurso de 200 milhas náuticas,
78 ICS
a disputa é marcada por desafios que podem levar os velejadores à exaustão. Frio, sol, mar revolto ou a simples calmaria sem vento exigem o melhor de cada velejador. Maior que todas as dificuldades, no entanto, é a tradição, detalhe que continua atraindo velejadores jovens e veteranos, marinheiros recém-convertidos ao encanto dos mares e aqueles que possuem medalhas olímpicas. Neste ano, dos 25 barcos que zarparam da Baía de Santos com destino à Ilha da Laje, no Rio de Janeiro, apenas dez concluíram a etapa, marcada por ventos fortíssimos e mar grosso. Pela segunda vez consecutiva, o título de Fita Azul foi levado pela tripulação do veleiro Camiranga, com o tempo de 28 horas, 14 minutos e 51 segundos. No calendário do ICS há mais uma competição que traduz o espírito da Vela oceânica. É a regata Volta da Ilha dos Arvoredos, instituída pelo associado Fernando Lee, então proprietário da ilha, em 1958. A regata foi disputada ininterruptamente até 1993, quando foi suspensa, após o falecimento de Lee. Mas retornou com toda força em 2010, e hoje reúne um grupo cativo de iatistas e conta com o patrocínio oficial da Suunto, fabricante finlandesa de relógios de alta precisão.
Ao lado, o veleiro Lexus/Chroma na chegada da Baía de Santos. Acima, o veleiro Papyrus, do comandante e associado ICS Henrique S. Imbassahy de Mello, e o Lexus/Chroma, do diretor de vela Luis Gustavo de Cresecenzo, na raia da Regata Volta da Ilha dos ArvoredosSuunto. Os dois barcos velejam sob a bandeira do Iate Clube de Santos
Ao lado, no timão do Asbar IV, o ViceComodoro Jonas de Barros Penteado na disputa da Regata Volta da Ilha do ArvoredosSuunto, conquistou seu quarto Troféu Perpétuo Phoenix, desta vez pela classe IRC. Abaixo, o Camiranga na largada da 66ª Regata Santos-Rio, em que repetiu a conquista do ano passado e sagrou-se Fita Azul da edição
80 ICS
Realizada em outubro, a edição 2016 contou com o apoio da Associação Paulista da Classe RGS, do Clube Internacional de Regatas, da Prefeitura Municipal do Guarujá, da Associação Brasileira de Veleiros de Oceanos (ABVO) e reuniu 25 barcos no píer da Sede Guarujá do ICS, com destaque para o clássico Atrevida, que fechou o percurso em 17º lugar. Na cerimônia de premiação, festa para os meninos do Sessentão, que, sob o comando de Marcos Landi, se sagraram Fita Azul da regata. Na disputa por classes, o troféu Perpétuo Phoenix foi entregue para os tripulantes do veleiro Chrispin, do Clube Internacional de Regatas, que levaram o título na RGS Geral, e para o vice-comodoro do ICS, Jonas de Barros Penteado, que, no comando do ASBAR IV, conquistou mais um título para o clube na IRC. Os três comandantes também foram premiados com um relógio exclusivo da Suunto, entregues por Rogério Mandeta, representante da marca no Brasil. No mesmo ano que trouxe de volta a Arvoredos, em 2010, o ICS investiu no apoio aos velejadores santistas Rafael Gagliotti e Henrique Wisniewski, que conquistaram o Campeonato Sul-Americano de Snipe, no Chile. Com o promissor resultado, a GP Guarda Patrimonial assinou o patrocínio dos meninos, que, de lá para cá, trouxeram para casa mais de dez importantes títulos, incluindo um 4º lugar no Campeonato Mundial, em 2015, na Itália, e, agora, em novembro, o terceiro título consecutivo do Campeonato Paulista de Snipe. A bandeira do clube também aparece em outras flotilhas. Em setembro, o diretor de Vela do ICS, Luís Gustavo de Crescenzo, marcou presença no pódio da também tradicional Refeno – Recife-Fernando de Noronha – com os veleiros Lexus/Mantra, comandado por ele, e Lexus/Miragem, com o capitão Alexandre Marim (Confira a matéria na pág. 136). Em 2016, o ICS reinventou-se e trouxe para as águas santistas a Copa ICS de Regatas de Percurso, que reuniu em quatro etapas os percursos mais conhecidos do litoral paulista: Volta da Ilhas das Cabras, Laje de Santos, Volta da Laje da Conceição e a Volta da Ilha dos Arvoredos. Dez barcos participaram da 1ª edição do campeonato pelas classes
O veleiro Sessentão, Fita Azul da Regata Volta da Ilha dos ArvoredosSuunto, conquistou o título após disputa acirrada com os veleiros Lexus/Chroma
ATREVIDA NA RAIA
Nenhuma outra embarcação no País é tão icônica, emblemática e legendária. E nenhuma outra merece todos esses adjetivos, entre outros louvores. Durante muitos anos, o veleiro de 95 pés, que pertencia a associados do ICS, ficava apoitado na área externa das bacias da Sede Guarujá, ao lado das quadras de tênis. A altura de seu calado não permitia que aquela joia náutica ocupasse uma vaga dentro da área do clube. Quem esteve no Guarujá em setembro, no entanto, teve a satisfação de apreciar o elegante perfil do Atrevida nas águas da Bacia 4. Desde 2005, ano em que foi totalmente reformado pelo novo proprietário, o barco voltou a participar de algumas regatas de clássicos. Neste ano, foi um dos inscritos para a tradicionalíssima Regata Volta da Ilha dos Arvoredos-SUUNTO. Foi um fecho de ouro para o ano da Vela no Iate Clube de Santos.
82 ICS
ORC, IRC, HPE-30, BRA-RGS e RGS-SILVER. Os vencedores serão anunciados na cerimônia de premiação, que acontece, em dezembro, na Sede Guarujá do ICS. Para 2017, a novidade é um acordo que vai estimular a formação de novos adeptos do esporte. O clube firmou convênio com o Yacht Club Paulista, que propõe uma parceria importante, além do intercâmbio entre os clubes (Saiba mais sobre o convênio no box). “É um privilégio estar à frente da diretoria de Vela neste momento em que o clube volta seus melhores esforços para fortalecer esse esporte tão presente desde que os pioneiros fundadores ergueram a primeira sede”, diz Crescenzo. u
Neste ano, as regatas Volta da Ilha dos ArvoredosSuunto e Santos-Rio reuniram, cada uma, vinte e cinco barcos na raia da Baía de Santos. Nas fotos, a largada das regatas promovidas pelo ICS
UNIDOS PELA VELA
O convênio assinado entre o Iate Clube de Santos e o Yacht Club Paulista, berço de grandes velejadores como o medalhista olímpico Bruno Prada, chega com o objetivo de desenvolver, ainda mais, a prática do esporte. A aliança começa com a elaboração de um programa especial, com clínicas personalizadas para crianças, jovens e adultos. Desenvolvidas pelo YCP, “as clinicas serão oferecidas para aprimorar o conhecimento dos associados do ICS em relação aos monotipos como as classes: Optimist, Laser, Snipe e HPE 25”, afirma Carlos Frederico Hackerott, presidente do Conselho Deliberativo do YCP. Os clubes, também, estão compartilhando suas experiências na promoção e organização de tradicionais campeonatos, que serão incluídos no calendário náutico do próximo ano das instituições. O YCP promoverá regatas na represa e no mar, incluindo dez etapas anuais da Copa Paulista de Vela (ex-Copa YCP), além de campeonatos estaduais e nacionais. Já o ICS disponibilizará aos velejadores do YCP a oportunidade de tripular barcos de oceano, com a criação da bolsa de proeiros. A sede do YCP, está localizada a 25 minutos da Av. Eng. Luís Carlos Berrini e possui uma estrutura com três restaurantes, duas piscinas, oito quadras de tênis e três hangares, além de uma completa área náutica para vela, motor e remo, tudo a serviço de seus sócios, e agora também dos associados do ICS. O convênio entre os clubes tem validade prevista até março de 2020.
84 HOLOFOTE
por ISABELA CAMPOS fotos MAURICIO CASSANO
FESTA DO BEM
O Iate Clube de Santos encerrou o calendário de eventos de 2016 com uma das melhores misturas da vida: sabor e amor Realizado na sede paulistana, o Brunch de Natal reuniu mais de 140 pessoas que prestigiaram o clube em uma ação beneficente. Além do sofisticado e tradicional bufê com as principais receitas da casa, o evento contou com um minibazar, o qual teve parte da renda revertida para o Asilo Ondina Lobo. Por lá, sócios e convidados anteciparam as compras de fim de ano com os produtos natalinos da Niazi Chohfi, as joias da PPLA, as esculturas do artista plástico Hermes Santos, os vestidos infantis da Lorenza Corvaro, os acessórios para casa e barco da Bordado a Bordo, as essências artesanais para ambientes Cristiane Narchi e os doces da Madame Brigadeiro. Durante a confraternização natalina, os participantes degustaram os queijos e frios da Importadora All Food, que sorteou kits especiais. Na mesma onda, a Penedo Borges, vinícola argentina, serviu vinhos e espumantes do dia e, também, sorteou dois de seus rótulos mais especiais. No cardápio de sobremesa duas saborosas opções: a estação de brigadeiros da Madame Brigadeiro, com destaque para o sabor de limão siciliano, e, para refrescar, os sorvetes de paçoca, morango, gianduia e baunilha da Vero Latte. A Nipponflex surpreendeu os convidados com a tecnologia japonesa dos colchões magnéticos e, assim como as demais empresas, sorteou um travesseiro especial. O evento ainda contou com um spa day. Ao longo do dia, as especialistas da clínica Mais Excelência e Estética, de São Paulo, realizaram alguns procedimentos, como peeling de cristal, safira e massagem relaxante. Atendidos com hora marcada, os convidados/clientes receberam um mimo exclusivo e um voucher individual.
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1 A All Food forneceu todos os frios e queijos servidos no evento 2 O natal da Niazi Chohfi 3 Veridiana Gottardi e Bya Barros 4 Vera Concilio, Tina Botti, Solange Chohfi e Ester Schmulevich 5 Cheiros e cores dos produtos Cristiane Narchi 6 Major Olimpio e o Comodoro Berardino Antonio Fanganiello 7 A Bordado a Bordo também trouxe a linha exclusiva do ICS 8 Mariana Scandura Seabra Hermes da Fonseca
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7 1 Renata Meirelles 2 Esculturas da Coleção Metamorfose de Hermes Santos 3 Gian Paolo Aloi, Manuela Fanganiello e Pierluigi Mango 4 Família Concilio conferiram de perto os produtos da Nipponflex 5 Adriana Siqueira, João Bosisio e Maria Lucia Bosisio 6 Antonio e Sumaya Zogbi 7 Fauzi e Elli Hamuche 8 PPLA Jewels uma das marcas participantes do bazar 9 Lourenza Corvaro encantou com os vestidos infantis 10 Spa day com a clínica Mais Excelência e Estética
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86 MEMÓRIA
por JUDITE SCHOLZ
A DOR E A DELÍCIA DA VIDA MODERNA Retratista da angústia e do vazio humano, o artista norte-americano Edward Hopper encontrou equilíbrio e beleza no mar
Observado pela mulher Jo, o artista em ação em 1964. Na outra página, Pemaquid Light, de 1929
88 MEMÓRIA
C
onhecido por seus quadros realistas que refletem sua visão da vida cotidiana americana da primeira metade do século 20, com especial atenção à solidão, à angústia e ao vazio humano, Edward Hopper também retratou o mar. Nascido em Nyack, cidade do estado de Nova York situada no lado oeste do Rio Hudson, em uma família de classe média que incentivou suas habilidades artísticas, ele gostava de estar próximo à água. Costumava passar temporadas em Cape Cod, em Massachusetts, onde existe uma forte tradição náutica, navegando nos barcos típicos daquela região da costa da Nova Inglaterra, como os Cat Boats ou os Wianno Senior. Os temas de seus quadros tinham relação com lugares onde ele havia estado, com os quais havia estabelecido sinergia. É por isso que também o mar, com suas paisagens, veleiros e os famosos faróis, é tão presente em seu trabalho. O que mais o atraía era o efeito da luz sobre as coisas. Ao observar atentamente O Farol, de 1929, quadro que se encontra no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, é possível notar com que maestria colocou uma luminosidade desprovida de calor – ao utilizar a cor branca para representar o reflexo da luz e a frieza que, juntamente com a paisagem, transmite uma sensação gélida e de solidão. Ele usou o oceano em pinturas simples, mas cheias de força. O mar e a terra em um encontro, o horizonte. Os esboços de Rochas e Mar e de Cala Rochosa, pintados na mesma época, indicavam que a natureza estaria sempre em sua obra e os dois mostram a terra e o mar da ilha Monhegan com toda sua beleza e crueza.
À direita, El Faro Abaixo, Lighthouse Hill, pintado em 1927. Na outra página, Auto retrato, Ground Swell, de 1939, e Blackwell’s Island, de 1928
Como não poderia deixar de ser, o mar e o homem tinham de se encontrar e, assim, ele apresentou Veleiro, em 1911 – um óleo sobre tela de 61 x 73,7 centímetros que talvez não tivesse tanta importância na carreira do artista, se não fosse o primeiro quadro que Hopper vendeu. Em uma primeira versão, o veleiro navegava em uma direção, mas o artista o cobriu com tinta e o colocou a navegar na direção contrária. Mais tarde, em 1939, ele pintou Ressaca ou Mar de Fundo, que se encontra na The Corcoran Gallery of Art, em Washington-DC. O crítico Mark Strand escreveu sobre a obra: “Representa uma cena de serenidade incomum. O mar tem a ondulante solidez de uma cenografia e o barco parece imóvel... a quietude que predomina na pintura não parece ameaçadora. A geometria do quadro é sútil. Dois triângulos se cruzam, cada um impossibilita o movimento do outro. O mais forte parte da vela do barco e continua pelo mastro, até a boia, que por sua vez aponta para o arpão colocado no convés; o outro é formado pelas nuvens em forma de ‘V’ que se espalham pelo céu. O que realmente conta é o triângulo formado pelo barco e pela boia, pois é o que faz com que o quadro seja estático. A embarcação e a boia estão travadas entre si, imobilizadas na própria figura que formam. Também as pessoas que estão no barco e que olham em direção à boia contribuem para a sensação de imobilidade. Seu olhar não vai além nem sai da tela – é uma ponte entre o barco e a boia. Há um equilíbrio total entre movimento e imobilidade”. Uma coisa é fato: é incomum porque se trata da cena de um barco enfrentando o mar bravo e, sobretudo, porque é uma obra de Hopper, artista que costuma inquietar. Mas, nesse caso,
90 MEMÓRIA a luminosidade parece estabelecer um clima de tranquilidade, lúdico. Nessa obra, o mar é amigo para compartilhar prazer, não natureza ameaçadora. Com estilo mais próximo do ilustrador que do pintor, Hopper trabalhou temas interessantes, que em geral nos levam à reflexão, ao encontro com nós mesmos e com a vida cotidiana, mas, sem dúvida, o tema do mar e de tudo que ele envolve é um dos mais atrativos trabalhados pelo artista. Sua mulher, a também artista Josephine Verstille Nivison, ou simplesmente Jo, como Hopper a chamava, tornou-se um elemento indispensável de sua arte. Ela foi sua única modelo, porque, segundo dizem, não queria que nenhuma outra mulher posasse para Edward, e o ajudou a organizar exposições e vendas, além de incentivá-lo a trabalhar mais amplamente com pintura em aquarela. No início da década de 1930, o trabalho de Hopper teve reconhecimento crítico. Seu estilo maduro era facilmente reconhecido em ambientes urbanos, paisagens da Nova Inglaterra e interiores permeados de silêncio e estranhamento, que frequentemente denunciam a transitoriedade da vida contemporânea. Nas estações desertas, postos de gasolina, ferrovias, hotéis e ruas vazias, a ideia da viagem é cheia de solidão e mistério. Outras cenas são habitadas apenas por uma única figura pensativa
ou por um par de figuras que parecem não se comunicar. Essas pessoas raramente são representadas em suas próprias casas, mas em salas de cinema, quartos de hotel ou restaurantes. Na pintura mais icônica de Hopper, Nighthawks, de 1942, quatro clientes e um garçom habitam o interior iluminado de um restaurante à noite, em que eles parecem perdidos em seu cansaço e preocupações particulares. Entre 1930 e 1950, os Hopper passaram quase todos os verões em Cape Cod, particularmente na cidade de Truro, onde construíram uma casa. Ele usou as várias praias e lugares próximos em suas obras, mas também viajou em busca de novas imagens – foi para Vermont, Charleston, Southwest, Califórnia e México. Para onde quer que fosse, explorava os mesmos temas: a figura feminina, os aspectos urbanos, os rurais, a tensão entre pessoas, a solidão e o mar. Hopper continuou pintando na velhice, dividindo seu tempo entre as cidades de Nova York e Truro. Morreu em 1967, em seu estúdio próximo ao Washington Square Park, em Nova York. A esposa, Josephine, que morreu dez meses depois, doou seu acervo ao Whitney Museum of American Art. Outros trabalhos importantes de Hopper estão no Museu de Arte Moderna de Nova York, no The Des Moines Art Center e no Instituto de Arte de Chicago.
Acima, The Long Leag. Na outra página, o quarto do artista “reinventado” pelo designer Ernest de la Torre em exposição na casa onde Hopper nasceu, em Nyack
PASSADO E PRESENTE
A casa onde Edward Hopper nasceu e passou a infância, em Nyack, foi construída em 1858 pelo avô materno do artista. Em 1913, ele se mudou para um apartamento e ao mesmo tempo estúdio na 3 Washington Square North, onde viveu até o fim da vida, mas continuou a frequentar a casa em Nyack, para visitar a irmã Marion. O exterior da casa e grande parte do interior foram criados no chamado estilo Queen Anne. Ao entrar, os quartos à esquerda são partes da propriedade original, caracterizada pela simplicidade clássica da lareira, moldagem de gesso fielmente restaurada e tábuas largas. A sala à direita, com teto de madeira e lareira de azulejos, foi adicionada em 1882, ano do nascimento de Edward. À direita, na parte de trás da casa, fica a cozinha. Após a morte de Marion, em 1965, a Casa Hopper ficou abandonada, mas foi salva da demolição por moradores locais. Desde 1971, a Edward Hopper House Art Center tem sido um centro de arte sem fins lucrativos, com exposições, aulas e oficinas para adultos e crianças, além de exposições. Embora o espólio artístico de Hopper já tivesse sido legado ao Whitney Museum e, portanto, não tenha ali qualquer obra original do artista, a Casa Hopper tem trabalhos de quando ele era jovem e móveis do tempo em que morou ali. Desde 2 de outubro, até 31 de maio de 2017, a casa onde o artista passou os primeiros 28 anos de sua vida abriga a exposição “Quarto de Edward Hopper Reinventado”. O quarto foi transformado pelo designer Ernest de la Torre e pelo arquiteto Walter Cain. A remontagem do quarto de Hopper é o reconhecimento
apropriado do impacto profundo que o espaço teve em seu desenvolvimento artístico. Crescer podendo admirar a vista do Rio Hudson pela janela do quarto fez o jovem Edward Hopper pintar suas nuances. Ele passou horas nas docas da aldeia e nos estaleiros, desenhando e assistindo à construção e montagem de barcos. A atividade no rio foi retratada em muitos de seus primeiros desenhos e pinturas, e os barcos e marinhas foram temas de seu talento ao longo de toda a sua vida. Também fundamental para o seu desenvolvimento artístico foi o chamado “Rio Hudson light de Nyack”. Os fortes raios de sol da manhã, que fluíam através das janelas de seu quarto, criando mudanças nos padrões de luz no chão e nas paredes, foram usados pelo artista como blocos de luz. Quem visitar a exposição poderá conferir as características únicas do quarto que tanto inspirou Edward Hopper. Devido à natureza histórica da casa, o quarto no segundo andar só é acessível por escadas – mas vale a pena um pequeno esforço físico. u
Edward Hopper House Art Center Nyack, NY 10960, www.edwardhopperhouse.org
92 MEIO AMBIENTE
MAR DE
LAMA
Tragédia ambiental e social muito séria, o rompimento da Barragem do Fundão, em Minas Gerais, completou um ano com dados alarmantes e iniciativas preciosas
O rio Doce virou um mar de lama. Na outra página, iniciativa da ONG Reviva, a Expedição Amariana levou seus voluntários, representantes da Revista FullPower e da Volvo Brasil, parceiros da organização, para distribuir água na região
H
á um ano, o Brasil viveu o maior desastre ambiental de sua história. O rompimento da Barragem do Fundão, na região de Mariana, em Minas Gerais, administrada pela Samarco Mineração, despejou 34 milhões de metros cúbicos de rejeito no meio ambiente, dos quais 16 milhões caíram em três rios – Gualaxo do Norte, Carmo e Doce. A lama percorreu 663 quilômetros de rios e seus afluentes, a maior parte do Rio Doce, até chegar no oceano, no município de Linhares, no Espírito Santo. Ao mesmo tempo, matou 19 pessoas e destruiu 1.469 hectares de vegetação, incluindo Áreas de Preservação Permanente, de acordo com laudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o instituto, a análise de toda área atingida pelos rejeitos de minério da barragem mostra que pode chegar a 400 o número de espécies impactadas: de 64 a 80 espécies de peixes, 3 de plantas ameaçadas, 28 de anfíbios, 4 de répteis, de 112 a 248 espécies de aves e 35 de mamíferos. No caso das espécies de aves e mamíferos, acredita-se que os animais tiveram maior chance de sobrevivência por terem facilidade de mobilidade. Porém, ainda assim o dano foi grande. A situação mais grave é dos peixes. O laudo técnico do Ibama afirma que o Rio Doce tinha 11 espécies ameaçadas de extinção e, das 12 espécies endêmicas, ou seja, que só existem lá, duas são definidas como “criticamente em perigo”. Hoje, um ano depois, pode ser que os peixes estejam contaminados, já que na ocasião do desastre a água mostrava altos níveis de contaminação pela lama, baixa oxigenação e presença de metais acima do permitido, como ferro, manganês, cromo, alumínio e arsênio. Os níveis de ferro e manganês ainda estão acima do recomendado nas águas do Rio Doce. De acordo com especialistas, pode levar séculos para que o ambiente ali se recupere. A lama que se espalhou por Minas Gerais e Espírito Santo impede que qualquer matéria orgânica cresça. Uma das consequências da lama é o assoreamento, com o acúmulo de sedimentos na calha do rio e formação de um tipo de areia movediça em algumas regiões. Para se ter uma ideia da extensão do estrago, os detritos das barragens tomaram conta do Rio Gualaxo e chegaram ao município de Barra Longa, a 60 quilômetros de Mariana. O rompimento da barragem afetou o curso do Gualaxo, que é afluente do Rio Carmo, o qual, por sua vez, deságua no Rio Doce, que é responsável pelo abastecimento de uma grande quantidade de cidades. À medida que a lama atingia os ambientes aquáticos, seguia causando
94 MEIO AMBIENTE O desastre ambiental provocado pelo rompimento da Barragem do Fundão atingiu 663 quilômetros de rios e resultou na destruição de 1.469 hectares de vegetação, segundo o Ibama
a morte de todos os organismos ali encontrados, como algas e peixes. O ecossistema aquático local foi completamente afetado, prejudicando os moradores que viviam da pesca. Além dos grandes danos ambientais, há os sociais, com mais de 600 famílias desabrigadas e outras tantas sem água e emprego. Para a ONG REVIVA, que trabalha com projetos no Brasil e no exterior, água é vida e, por isso, ela leva esse bem tão precioso para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Comovida com a nova realidade da região mineira, em fevereiro de 2016, lançou a Expedição Amariana, levando 10 mil litros de água para as vítimas do desastre. “A REVIVA entende que água é vida e que essa é a necessidade mais básica de todas. A organização quer justamente transformar a vida das pessoas, isso é algo visto com muita seriedade por nós”, afirmou Beatriz Marcelino, presidente da entidade. Para ela, “é preciso que as pessoas entendam a gravidade e a extensão da tragédia de Mariana, para que algo desse tipo não aconteça novamente. Que existam métodos mais eficazes de prevenir e, caso volte a acontecer, que se criem meios de alertar a população antecipadamente”. Parte do projeto de mesmo nome, a Expedição Amariana contou com quatro voluntários da REVIVA, três representantes da revista FullPower e uma representante da Volvo Brasil, parceiros da organização. Toda arrecadação da água levada à Mariana foi feita por meio de campanha nas mídias sociais da organização, lançada em novembro de 2015, e a água foi distribuída para cerca de 500 pessoas. A responsabilidade de construir uma sociedade mais justa e com mais oportunidades, enfim, deve ser de todos. “Na Volvo, somos obcecados por pessoas e fazemos tudo para que elas se sintam especiais. Nosso compromisso é com a segurança, a qualidade e o meio ambiente. Nesse sentido, ficamos particularmente tocados com os acontecimentos em Mariana, que afetaram milhares de pessoas, por isso fizemos o possível para ajudar”, disse Eliane Trinca, diretora de Responsabilidade Social da Volvo Cars Brasil, que participou da Expedição em nome da empresa. As histórias da Expedição Amariana foram registradas em um documentário produzido pela revista FullPower. “Expedição Amariana Parte I”, fruto do projeto, mostra as pessoas que foram atingidas pelo rompimento da barragem e suas vidas após o desastre. A ONG ainda tem outras atividades programadas na cidade mineira, como a implementação de uma estação de tratamento de água no início de 2017. “O crescimento econômico e inclusivo ganha a cada dia mais espaço na sociedade. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) adotados pelas Nações Unidas, por exemplo, são metas globais que, no fim de 2030, visam transformar o mundo em um lugar mais democrático, com mais acesso à educação, à saúde e à paz. Acesso à água potável e saneamento é um dos objetivos, mais especificamente o de número 6”, conta Allyson Pallisser, assessor da REVIVA. “Temos consciência da importância da água como elemento fundamental para a sobrevivência e a saúde de todos os seres vivos”, completa. u
96 MEIO AMBIENTE
por JUDITE SCHOLZ
CIÊNCIA E ARTE
Exposição em Nova York une matemática, biologia marinha, artesanato e trabalho coletivo para registrar a crise ambiental gerada pelo aquecimento global e pela crescente presença do lixo plástico nos oceanos e seus efeitos nocivos sobre os recifes de corais
Ao lado, parte da exposição no MAD, em Nova York. Abaixo, Margaret Wertheim arruma o coral no Museum Kunst der Westküste, Alemanha. Na outra página, corais cheios de vida e o modelo de crochê hiperbólico feito por Anitra Menning
98 MEIO AMBIENTE
A
té 22 de janeiro de 2017 é possível conferir no The Museum of Arts and Design (MAD), em Nova York, a exposição Crochet Coral Reef: Toxic Seas, como parte do MAD Transformations, sessão do museu que apresenta artistas que estão repensando e remodelando suas percepções, para sair do convencional. A cientista que preferiu escrever sobre ciências Margaret Wertheim e sua irmã gêmea, poeta e escritora Christine Wertheim encaixam-se perfeitamente nesse contexto. Elas usam a velha técnica do crochê para simular as belezas do mar e os perigos que correm. Em 2003, a dupla criou o Institute For Figuring (IFF), entidade sem fins lucrativos dedicada aos aspectos poéticos e estéticos da ciência. Baseada em Los Angeles, Califórnia, onde elas moram, a entidade aborda as ameaças à vida marinha de forma inovadora – por meio do crochê. Isso mesmo: a exposição Crochet Coral Reef retrata os recifes de corais na velha técnica tão usada por nossas avós e, em suas paisagens fantásticas, a matemática e a teoria evolucionária unem-se para criar obras de arte ao mesmo tempo poderosas visualmente e ecologicamente pertinentes. Não é simples construir um recife de coral de fios. “Nosso recife começou em 2005 como recreação matemática”, conta Margaret. Enquanto elas moldavam lã, hipérboles de dupla curvatura, Christine percebeu a semelhança com a vida marinha. Ela disse: “Eles se parecem com um recife de coral. Poderíamos fazer um recife de coral de crochê”. Logo depois, em resposta à devastação da Grande Barreira de Corais, na Austrália, onde nasceram, as irmãs começaram a fazer em crochê uma simulação de recifes saudáveis e enfermos ao misturar fios com lixo plástico. Usando os códigos algoritmos do crochê, elas produziram formas que são representações de geometria hiperbólica, que também se manifesta nas estruturas
Recifes saudáveis e enfermos são retratados em crochê. Na outra página, várias espécies atraídas pela Barreira de Corais, e a água viva no detalhe
100 MEIO AMBIENTE
onduladas dos corais e outros organismos do recife. Nascia o Crochet Coral Reef, projeto que usa o artesanato a serviço do ativismo, e logo se propagou, conquistou colaboradores de todas as partes do mundo, reunindo rapidamente mais de 3 mil “crocheteiras” para gerar uma ecologia artificial em constante evolução. Assim como recifes vivos enviam sementes de desova que se instalam em locais distantes e começam a crescer em novos recifes, assim também o Crochet Coral Reef se propagou por meio do programa Recifes Satélites do IFF, que apoia a iniciativa em 35 cidades e países do mundo, incluindo Chicago, Nova York, Londres, Letônia, Irlanda e Alemanha O projeto Crochet Coral Reef, que tem sido exibido dentro e fora dos Estados Unidos, cresceu e evoluiu resultando em trabalhos colaborativos em grande escala de paisagens de corais que fundem matemática, biologia marinha e artesanato. A exposição, que passou pelo Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, Galeria Hayward, em Londres, Galeria Science, em Dublin, e Museu Nacional Smithsonian de História Natural, em Washington-DC, para citar alguns, foi vista por mais de 3 milhões de pessoas, sendo um dos mais participativos esforços de ciência e arte no mundo. Por meio de seu programa Recife Satélite, o Institute for Figuring tem realizado palestras e workshops nos cinco continentes para ensinar as técnicas de “construir” recifes – além de relacionar ciência e matemática. Desde 2005, o IFF trabalha ativamente para construir essa rede global que hoje conta com 8 mil pessoas em 12 países. Com curadoria de Samantha De Tillio, assistente de curador do MAD, a exposição Crochet Coral Reef: Toxic Seas apresenta o projeto que foca nas mudanças climáticas e na saúde do oceano. “Aqui, um grupo composto principalmente de mulheres aborda a transformação surpreendente dos oceanos durante o período Antropoceno, por meio da união de ciência, matemática e arte proposta pelas irmãs, dando voz às preocupações ambientais geradas pelas contínuas alterações climáticas e pelo lixo plástico nos oceanos que assombram nossos recifes de corais”, disse De Tillio. “Leva muito tempo para reproduzir essas
obras em crochê, assim como é preciso uma enorme quantidade de tempo para pólipos de coral crescerem em recifes reais. É um processo lento, que não pode ser automatizado ou mecanicamente reproduzido”, lembra Margaret Wertheim. A exposição é focada na apresentação de três hábitats principais. Para começar, a Gigante Floresta de Corais e uma coleção de miniaturas que mostra a diversidade de corais vivos por meio de diferentes texturas, cores e formas de fios de malha e pérolas. Essa parte da exposição revela como fios de malha podem imitar a geometria hiperbólica de organismos vivos do recife. Recife Esbranquiçado e o novo Recife Tóxico evocam os corais que morrem. A acidificação e o aquecimento das águas do oceano levam a um fenômeno conhecido como recife de branqueamento. Recife Tóxico constitui uma etapa posterior de deterioração de recifes, com saliências completamente brancas indicando coral morto. Aqui o recife também está cheio de plástico e lixo. Por fim, suspenso no teto do museu em uma rede de pesca, Os Restos considera o impacto dos resíduos plásticos em ecossistemas oceânicos. De 2007 a 2011, as irmãs Wertheim recolheram todo seu lixo plástico doméstico, incluindo garrafas, recipientes para viagem e sacos descartáveis de compras, inspiradas pelo Great Pacific Garbage Patch, uma vasta área localizada no norte do Oceano Pacífico, perto do Havaí, onde milhões de toneladas de lixo plástico estão acumulados. Como um registro pessoal do lixo plástico de duas pessoas, Os Restos é a realização visual impactante do descarte do consumo contemporâneo. Resumindo, a exposição revela a dupla calamidade que a vida marinha enfrenta: alterações climáticas e lixo, principalmente o plástico. Com 2016 sendo o ano mais quente já registrado, recifes que vivem em todos os lugares estão sob estresse. Essas grandes arenas de cor estão sendo tomadas por áreas de brancura – e eventos de branqueamento sinalizam que os corais estão doentes. “O Crochet Coral Reef mistura ciência ambiental com ficção científica, para fazer um chamado à ação nestes tempos de responsabilidade e irmandade com o mar”, dizem as irmãs Margaret e Christine Wertheim, em uníssono. u
Os modelos em crochê chegam de todas as partes do mundo na sede do Institute for Figuring, em Los Angeles. Abaixo, o recife tóxico e, suspenso do teto, o lixo plástico reunido pelas irmãs durante 4 anos. Na outra página, as formas hiperbólicas do crochê
MAD Museum NY
US$ 16. De terça a domingo, das 10 às 18h00, e quinta e sexta-feira, das 10 às 21h00, www.madmuseum.org
102 MARÉ ALTA
por JUDITE SCHOLZ
À BEIRA DO LAGO Conhecida no Brasil pelo seu tradicional e importante festival de jazz, que já consagrou muitos de nossos artistas, a cidade suíça de Montreux não tem mar, mas é rodeada pelo Lago Léman, que o representa muito bem. Além disso, guarda uma pérola – a Clinique La Prairie, que, desde 1931, une saúde e beleza em prol do bem-estar
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ão bastasse a beleza do extenso Lago Léman, que ainda por cima tem águas limpas, há marinas que abrigam veleiros e várias embarcações históricas, pequenos ferryboats e lanchas que navegam em suas águas, além dos tais Alpes suíços, que emolduram a paisagem como um quadro gigantesco. Maior lago da Europa Ocidental, o Léman é também chamado de Genebra e foi batizado pelos povos celtas de “Água Grande” – “Lem an”. Em sua rota franco-suíça, ele percorre 582 quilômetros quadrados. Juntamente com Lausanne, Montreux faz parte da porção francesa da Suíça. E no Chemin Fleuri, ou Caminho Florido, que se estende por mais de 13 quilômetros às margens do Lago Léman, Montreux ganha ares mediterrâneos. O lago é a grande atração da cidade. Além de caminhar em meio às flores coloridas, no verão é possível jogar-se na água doce em toda a extensão da promenade, mas as praias estruturadas, com areia e banheiros, ficam mais adiante, na vizinha Vevey. “Eu trabalho bem perto do belo caminho à beira do lago, em Montreux, e nunca me canso de passear ao seu redor – muito pelo contrário, na verdade. Eu gosto de andar de patins ao longo da costa, especialmente no trecho entre Clarens e Chillon
ou entre La Tour-de-Peilz e Vevey-Aviron”, diz Mathieu Jaton, CEO do Montreux Jazz Festival A música é uma referência muito forte. Sempre acontece algum evento muito animado às margens do lago e Montreux é considerada a cidade da música na Suíça. Esse título não veio de graça. Afinal, a cidade realiza anualmente o segundo maior festival de jazz do mundo, atrás apenas do Canada’s Montreal International Jazz Festival. E outros eventos de música animam a cidade durante o ano todo, como o Festival de Música de Montreux, em setembro. Na cidade da música, muitos atistas marcam presença. À beira do lago, por exemplo, na Place du Marché, depara-se com a estátua de bronze de Freddie Mercury, o líder do Queen, que decidiu morar na cidade depois de participar do Montreux Jazz Festival, em 1978. Ele passou alguns anos ali e gravou vários álbuns, inclusive o último, Made in Heaven, no Mountain Studios, que havia recebido gente de peso, como os roqueiros do Deep Purple, AC/DC e Led Zeppelin, entre outros, antes de ser comprado por Freddie Mercury e seus colegas de banda. O estúdio deu lugar ao Museu Queen The Studio Experience, localizado no Cassino de Montreux, onde se podem ser vistos discos,
roupas, outros objetos e informações sobre Freddie Mercury, entre uma aposta e outra. O ídolo do rock costumava dizer: “Se você quer paz de espírito, venha para Montreux.” Há referências também do compositor russo Igor Stravinsky, que foi parar em Montreux por problemas de saúde, mas se apaixonou pela região. Aninhado às margens do Lago Léman entre os alpes franceses e os terraços de Lavaux – vinhedos reconhecidos pela Unesco como patrimônio mundial –, o eixo formado por três cidades, Montreux, Vevey e Lavaux, é colírio para os olhos. A região é um oásis na Europa, sendo dona de uma paisagem única que mistura montanhas, o lago e terraços de vinhas. Não por acaso, outras celebridades ajudaram a dar fama à cidade que está sempre 4 ou 5 graus acima da temperatura das cidades ao redor. Além de Charles Chaplin, Michael Schumacher, Charles Aznavour e Liz Taylor, que escolheram a região para morar, o filósofo Jean-Jacques Rousseau, o pintor Gustave Courbet e o escritor russo Fiodor Dostoievski também passaram por ali. Montreux é pequena e charmosa, e tem cara de balneário. Parece que todo mundo está ali a lazer. Nada de trânsito, nada de pressa, nada de estresse. A cidade é mais conhecida como um pequeno paraíso para suíços e franceses escaparem da roti-
Vista do Lago Léman em todo seu esplendor com o caminho que o contorna em Montreux. Na outra página, à beira do lago: a estátua de bronze de Fred Mercury e o castelo medieval Chateau du Chillon
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na e respirarem um pouco de ar puro do lago e das montanhas. Talvez seja esse o motivo que inspirou a Clinique La Prairie para fincar sua bandeira por ali, em 1931, com a proposta pioneira de unir a ciência inovadora da terapia celular e o bem-estar holístico com hospitalidade de luxo. Pioneiro no uso de células de animais em tratamentos de saúde, o médico Paul Niehans fundou uma clínica de revitalização e beleza em 1931. Suas ideias pouco convencionais mostraram-se eficazes e logo se tornaram assunto entre os círculos da realeza e das celebridades na Europa. Sua técnica consistia em extrair células dos órgãos de fetos de ovelhas e injetá-las em seus clientes. Segundo sua teoria, as células dos órgãos de um animal, cheias de vitalidade, haveriam de chegar aos correspondentes órgãos de um ser humano adulto e, de algum modo, os rejuvenesceriam. A Clinique La Prairie ganhou fama como santuário de rejuvenescimento, e teve um forte impulso em 1953, quando o professor Niehans foi chamado pelos médicos do Vaticano para ver o papa Pio XII, que estava doente. Não deu outra: a terapia celular foi tão bem-sucedida que, satisfeito com o resultado, o papa admitiu Niehans na Academia Papal das Ciências. Ele ganhou repercussão mundial e milionários de todas as partes recorreram à “fonte suíça da juventude”, a exemplo do imperador japonês Hirohito, as atrizes Greta Garbo e Marlene Dietrich, o então chanceler alemão Konrad Adenauer, o rei saudita Ibn Saud, o primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, que atribuiu sua resistência física ao tratamento, o presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, o escritor britânico Somerset Maugham, os atores Cary Grant, George Burns, Bob Hope, Gloria Swanson e Charles Chaplin, que atribuiu sua capacidade de ser pai de dois filhos aos 70 anos
ao tratamento do doutor Paul Niehans. A lista também inclui até o cientista Alexander Fleming, descobridor da penicilina, entre outros. Nos anos 1980, a clínica foi adquirida pelo empresário suíço Armin Mattli, que investiu em pesquisa científica e experiência médica, mantendo a fama mundial do programa de revitalização com padrão suíço de qualidade. Para tratar pacientes com determinadas doenças, Niehans usava células fetais de ovelhas de um órgão específico. Com o passar do tempo, como os pacientes diziam se sentir mais energéticos e saudáveis quando recebiam as injeções com células frescas, surgiu a ideia de revitalização como um tratamento antienvelhecimento e preventivo. O doutor Niehans aposentou-se em 1966 e morreu em 1971, aos 91 anos, e seu método continuou a ser utilizado na Clinique La Prairie até 1988, quando foi introduzido o Extrato CLP, uma solução concentrada de enzimas biologicamente ativas e testadas e outras substâncias benéficas extraídas do fígado de ovelhas jovens. Patenteada em Munique, em 2006, tal preciosidade só é ministrada na Clinique La Prairie, que controla todo o processo de produção e utilização, desde a criação das ovelhas em sua própria fazenda até a preparação do extrato em seus laboratórios. As injeções foram substituídas por uma solução administrada oralmente e acredita-se que, em breve, a técnica vai evoluir para comprimidos. Ao chegar à clínica, você vai reavaliar todos os seus conceitos de luxo, porque é na simplicidade que moram os mais sofisticados detalhes. Além disso, ao percorrer de robe os subterfúgios da clínica e do spa, você não vai nem se dar conta de que aquele senhor com quem você acabou de cruzar no elevador é o presidente da República dos Camarões. Mas nem tente con-
Acima, em meio ao belo jardim com escultura assinada por Rodin, o spa e os apartamentos da Clinique La Prairie. Ao lado,as salas de tratamento e o restaurante. Na outra pĂĄgina, a bela vista do Lago LĂŠman pelo jardim ou pela varanda do quarto
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UVA DOURADA
Talvez você nunca tenha ouvido falar dos vinhos suíços, mas os vinhedos cinematográficos da região de Lavaux rodeiam Montreux, chamada “capital da Riviera Suíça, ou de Vaud” por seu clima ameno praticamente o ano todo. A uva cultivada ali é a Chasselas, uma variedade de uva branca, do gênero vitis-vinífera, que produz atualmente um dos melhores vinhos da Suíça, e é a variedade branca mais plantada. O Cantão do Vaud concentra a maior produção, com 3.000 hectares plantados. A origem da Chasselas sempre foi muito discutida, mas recentemente se comprovou, através de testes de DNA, que essa uva é nativa da região suíça do lago de Leman, dentro do Cantão de Genebra e do Cantão do Vaud. De onde também vem a origem do nome Fendant, que é o Chasselas plantado no Valais. A variedade Chasselas gera vinhos brancos finos, elegantes, discretos, essencialmente refrescantes e com baixo teor de álcool. Uma das riquezas da Chasselas está nas características que ela transmite aos vinhos do seu terroir. Aliás, Chasselas é uma das uvas que mais expressa as peculiaridades de cada terroir onde é plantada. “Na Suíça são encontrados diversos clones de Chasselas e cada um representa o terroir onde é cultivado”, conta a brasileira Luciana Mota, presidente da Association de Vignerons de la Côte Vaudoise, formada por seis vinícolas que produzem o vinho branco Chasselas. De trem ou de barco é possível conferir a beleza da plantação dessa uva com o belo lago Léman ao fundo. Você pode até dispensar o passeio, mas não deixe de experimentar os vinhos!
Ao visitar os vinhedos depara-se com a estátua de Corto Maltese, personagem do desenhista italiano Hugo Pratt, que parece admirar do alto as águas do Lago Léman. A região de Lavaux produz a uva Chasselas em belos cenários com o Lago Léman ao fundo
O Steamboat Rhone, que liga Lausanne a Montreux
firmar a informação, porque a clínica é absolutamente rigorosa em não dar informações sobre seus hóspedes. Renomada clínica médica e spa, atualmente a Clinique La Prairie tem várias alas – a Residência, o Château e o Centro Médico. Uma galeria subterrânea conecta o spa ao Château, enquanto um belo jardim em estilo francês, que ostenta uma estátua assinada por Rodin, liga a Residência ao Centro Médico. Tudo para que o hóspede circule à vontade, mas com privacidade. Embora seja um centro médico que é referência na Europa, suas instalações parecem mais um hotel estrelado do que uma clínica. Para começar, uma nutricionista entrevista os hóspedes, a fim de descobrir gostos, hábitos e necessidades – e ainda que a perda de peso seja o objetivo, as receitas criativas do chef David Tarnowski e sua equipe surpreendem pela beleza e pela criatividade. Trata-se de uma clínica médica e spa, por isso os hóspedes são encaminhados a diferentes profissionais de acordo com o programa escolhido, seja o de revitalização, ckeck-up médico, de reequilíbrio, beleza, controle de peso, otimização do movimento, deixar de fumar ou dormir melhor. “Alguns tratamentos são feitos sob medida, porque envolvem aspectos médicos e psicológicos”, disse o doutor Olivier Staneczek, pneumologista da Clinique La Prairie. A maioria dos programas é de seis noites – de domingo a sábado, com pensão completa –, com exceção do de Controle de Peso, que é de 13 noites. Todos os programas são acompanhados por médicos – há mais de 50 especialistas trabalhando ali. Apesar de todos eles contarem com amplo reconhecimento internacional, a grande vedete da Clinique La Prairie é mesmo o exclusivo programa de Revitalização, recomendado para pessoas a partir dos 40 anos. Além do tratamento que contribui para potencializar a juventude, o programa inclui exames de la-
boratório, revisão dentária, tratamentos estéticos, ginástica com personal trainner e refeições – almoço e jantar sempre no restaurante e café da manhã e chá da tarde no quarto, com majestosa vista do lago e do jardim. Caso os exames estejam normais, o Extrato CLP é administrado oralmente por dois dias consecutivos, precedido pela injeção de um potencializador. Não pense, no entanto, que você vai sair de lá com a aparência de 20 anos a menos. De acordo com José López, especialista em radiologia diagnóstica, há evidências, depois de extensas pesquisas, de que a Revitalização ajuda a retardar o processo de envelhecimento do sistema imunológico. A maioria dos pacientes experimenta melhor sono, melhora do desempenho mental, aumento da resistência e bem-estar geral melhorado. Durante a semana de Revitalização o paciente pode usufruir de outras consultas médicas com um time internacional de profissionais de ponta, além de acesso ao famoso spa para fitness, massagens e outros tratamentos. A indicação é repetir o processo a casa dois anos, mas o período passado ali é tão gostoso que muita gente vai para lá todo ano e diversifica o tratamento. Detalhe: todos os tratamentos no spa e os amenities da marca Swiss Perfection são produzidos pela própria clínica. Em 1978, depois de muitos anos de pesquisa, cientistas da clínica anunciaram um avançado sistema de tratamento celular com o consequente surgimento dos cosméticos La Prairie, que logo fizeram sucesso no mundo todo. Mas, em 1982, o laboratório cosmético La Prairie foi comprado pela Beiersdorf, tradicional empresa alemã proprietária da marca Nivea, enquanto um banqueiro suíço adquiria a clínica. O spa é uma atração à parte, com salas e mais salas repletas de aparelhos, cores e sons, sem contar a experiente equipe de terapeutas. Há uma gama de tratamentos corporais e faciais que
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combinam o toque humano com a tecnologia, além de massagens variadas, como a Abhyanga, capaz de levar ao paraíso. Na sala de descanso, chá ou água de coco e um tempinho – quanto você quiser – para não pensar em nada. O consultor internacional de spa Nigel Franklyn, que depois de uma bem-sucedida carreira de modelo, há 15 anos vem desenvolvendo spas em hotéis, afirma que chegou ao ápice como profissional no spa da Clinique La Prairie. Ele vive em São Francisco (EUA), mas todo mês passa duas semanas ali: “Eu amo esse lugar. As pessoas mudam, ficam bem, se sentem bem. Sou feliz aqui. Adoro o retorno dos hóspedes depois das terapias. Isso aqui é energia, movimento, vida”, declarou. Para Simone Gilbertoni, CEO da Clinique La Prairie, o melhor marketing é a experiência das pessoas, a arte de se sentirem bem com embasamento científico: “A La Prairie é uma clínica de bem-estar onde a ciência vem em primeiro lugar”. Visitantes brasileiros podem voar para Genebra, com escala em Zurique, pela Swiss. Hóspedes da La Prairie têm transfer do aeroporto até a clínica, numa viagem de cerca de 40 minutos de carro, feita às margens do Lago Léman.
IMPERDÍVEL
Entre um tratamento e outro, não deixe de explorar a cidade. Caminhe ao redor do lago por cerca de uma hora até Vevey, sede mundial da Nestlé, que mantém ali um museu, e a ex-moradia de Charles Chaplin, que em abril passado tornou-se o Chaplin’s World. Pegue um táxi ou ônibus que para na porta. É realmente um reencontro mágico com o mestre do cinema mudo, que atuava, dirigia, escrevia e produzia seus próprios filmes.
Depois de conferir a casa onde Carlitos morou por 25 anos com a mulher, Oona O’Neill, e oito filhos, os sets de seus filmes mais famosos no estúdio ao estilo de Hollywood, e dar uma caminhada pelo extenso jardim – a propriedade está localizada em uma propriedade de 10 hectares, cheia de árvores e com soberba vista do Lago Léman e dos Alpes – é possível entender por que ele passou tanto tempo ali. Na verdade, Chaplin mudou para a Suíça depois de os Estados Unidos lhe terem negado o visto de entrada, em 1952, por suspeitas de que era simpático ao comunismo. Nascido em Londres, na Inglaterra, Chaplin morava na Califórnia (EUA) havia 40 anos. Sem poder voltar para casa, ele pagou 60 mil francos, em dinheiro, por um lote magnífico e uma mansão totalmente mobiliada no alto de Vevey. Charles Chaplin fez um total de 81 filmes ao longo de sua carreira. E perto de 35 deles são destacados no museu imersivo, que também permite aos visitantes a experiência de estar em uma cabana balançando na borda de um penhasco, como Chaplin fez em Corrida do Ouro, considerado por ele seu melhor filme. Há recriações da barbearia de O Grande Ditador e do restaurante em que seu personagem comeu seu sapato em The Immigrant. Há ainda 32 réplicas de cera de amigos próximos de Chaplin criadas pelo Museu de Cera Grevin, em Paris, incluindo seu amigo Albert Einstein, Woody Allen, Michael Jackson, e quatro dele próprio. E, claro, objetos icônicos, como seu chapéu de jogador e vários trajes usados nos filmes. “Ele queria que as pessoas se lembrassem dele, por isso fez os filmes de maneira tão perfeccionista”, disse Eugene, filho de Chaplin, de 63 anos. “Acho que ele ficaria satisfeito.” u
Abaixo, na casa onde Charles Chaplin morou por 25 anos, é possível visitar seu escritório. No estúdio, o visitante entra no set de Tempos Modernos e pode sentar na barbearia de O Grande Ditador. Na outra página, vista da casa e do jardim
110 DIÁRIO DE BORDO
por MARCIO MORAES fotos SHUTTERSTOCK
EM TONS DE AZUL Cancún e Riviera Maya, dois tesouros da Península de Yucatán, no México Delimitada entre o Golfo do México e o Mar do Caribe, a Península de Yucatán é conhecida por ser o berço de grandes civilizações pré-colombianas, como a maia e a olmeca. A região, que transborda história, cultura e natureza, entrou para a cena mainstream do turismo mundial por abrigar os destinos mais notáveis do México: Cancún e Riviera Maya. Moldada para ser o quintal caribenho dos Estados Unidos na década de 1970, Cancún alçou voo bem mais alto. A cidade mexicana tornou-se não apenas a queridinha americana, mas o símbolo de um lifestyle que repousa no imaginário dos viajantes mais antenados. Pudera, Cancún extrapola a combinação clichê de mar turquesa e areia branca e reúne, como poucos destinos, natureza exuberante, gastronomia rica e, claro, sex-appeal.
Há muito mais para experimentar na cidade, além das divinas praias. Os cenotes, formações rochosas que rodeiam piscinas naturais, são indispensáveis para quem quer explorar Cancún além-mar. As opções são muitas, assim como as maneiras de explorá-las. Outro passeio imperdível é o Museu Subaquático de Arte (Musa), que transcende o conceito de exposição artística e contribui para a preservação ecológica da região. Listado pela revista Forbes como um dos destinos turísticos mais exclusivos do mundo, o Musa recebe mais de 750 mil visitantes por ano, que têm várias opções para conhecer o acervo, como a bordo de um submarino ou em um mergulho com cilindro. Se os dias em Cancún são recheados de atividades,
Vista aérea mostra o contraste do azul turquesa com o verde
as noites provam ser ainda mais empolgantes. A vida noturna fervilha com bares, restaurantes e boates, que dão o tom caliente típico do destino. Riviera Maya é a menina dos olhos do turismo mexicano e o destino mais procurado no país. O motivo que coloca a região sob os holofotes dos jetsetters é a pluralidade de pontos de interesse. Além de reproduzir a beleza intocada dos destinos do Caribe, a Riviera Maya é representante da rica história ancestral mexicana e point para roteiros ecológicos e de aventura. A versão mais despretensiosa do México fica em Playa del Carmen, cidade que contrasta com Cancún em quase todos os aspectos. Alternativa, intimista e tranquila, Playa despe-se do glamour – e veste autenticidade – para oferecer aos visitantes uma experiência completamente diferente, embora não menos interessante. Uma estátua em formato de arco emoldura o cartãopostal de Playa del Carmen e mostra a profunda ligação com o mar, na forma de duas sereias, do que antes era uma pacata vila de pescadores. Ali, no trecho central de Playa, grupos locais, com danças e performances tradicionais, alegram o dia de quem visita o local. Playa del Carmen atrai visitantes não apenas pela beleza de suas praias, ou pela atmosfera descolada, mas também por sua localização estratégica na Riviera Maya. De lá, destinos icônicos, como Tulum e a ilha de Cozumel, ficam mais acessíveis, assim como outros não tão famosos, como Cobá, Sian Ka’an e Akumal. Interessados na cultura maia encontram no Sítio Arqueológico de Cobá, a cerca de 100 quilômetros de Playa, as ruínas da civilização pré-colombiana que dominou o sul do México entre os séculos IV a.C. e IX a.C. Equidistante de Cobá, a Reserva de Biosfera Sian Ka’an, por sua vez, é ideal para quem se encanta com as qualidades naturais de um destino. Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, desde 1987, a reserva carrega em seu nome, proveniente do idioma maia, uma descrição peculiar: origem do céu. E a praia de Akumal, por fim, é um santuário oceânico no qual os visitantes têm a chance de observar as tartarugas marinhas em seu hábitat natural. Imperdível. Portanto, seja na badalada Cancún ou na contemplativa Playa del Carmen, a Península de Yucatán tem todos os ingredientes de uma narrativa tipicamente mexicana: beleza, emoção, adrenalina e uma dose de luxúria. Basta ver para acreditar.
Riviera Maya, cheia de atrativos
Museu Subaquático de Arte, exposição artística que contribui para a preservação ecológica
112 TIMÃO
por ANTONELLA KANN
QUEM DISSE QUE CUIABÁ NÃO TEM PRAIA? Já ouviu falar no Lago do Manso? Com vista espetacular para a Chapada dos Guimarães e no qual você pode “ir à praia”? Pois bem, é um lago navegável que não deixa de ser também uma represa, imenso e com bastante profundidade, cujos limites se perdem de vista no horizonte. Com a vantagem de estar localizado a pouco menos de uma hora de Cuiabá, capital de Mato Grosso. É ele que permite aos cuiabanos uma válvula de escape para fugir do calor tórrido e ainda curtir passeios de lancha. E eles se orgulham de ter as suas próprias faixas de areia (isso mesmo, no plural), onde podem ancorar facilmente e preparar seus piqueniques – ou melhor, seus churrasquinhos à beira d’água. Sem ondas (salvo quando alguma embarcação resolve passar rapidinho ao lado, criando marolas), debaixo daquelas temperaturas impiedosas que assolam o estado praticamente durante os 365 dias do ano, dá para passar bons momentos nadando, se refrescando nas águas mornas do lago. Nada comparado com outras “praias” do litoral brasileiro, mas, como já diz o ditado, quem não tem cão caça com gato...
PASSEIOS DE GULET NA TURQUIA O gulet é uma embarcação muito popular em toda a Turquia, pois durante séculos serviu como meio de transporte para mercadorias. Hoje é um barco que está muito em voga para transportar uma carga bem mais rentável, que são os turistas. Remodelado para acomodar até 18 passageiros, o gulet – que pode ser encontrado em tamanhos de até 100 metros – abriga suítes de luxo com banheiro privativo, deck extremamente confortável e popa que serve de salão e sala de estar ao ar livre. Há itinerários para todos os gostos e aptidões, com durações variadas, e sempre vêm acoplados com tripulação. Em geral, por serem muito pesados, não costumam içar as velas, mas pode acontecer de o capitão se inspirar em um vento mais camarada e levantar os panos para curtir uma boa velejada pelo Mediterrâneo. Pode não ter aquela emoção nem a velocidade de outras embarcações mais leves, mas o gulet não faz feio. E, de longe, é lindo ver esse verdadeiro colosso deslizar lentamente pelas águas límpidas. É fácil encontrar programas inusitados, como visitas arqueológicas entremeadas por vigorosas caminhadas pelas ruínas históricas que ornamentam tanto a costa quanto o interior da região. www.petersommer.com
LAUSANNE PARA QUALQUER ESTAÇÃO Lausanne é uma cidade relativamente pequena, cheia de altos e baixos, com uma parte antiga que é um charme. É também uma cidade universitária, muitos jovens perambulam por lá. Por outro lado, os turistas costumam aglomerar-se na parte baixa, que é também o ponto mais lúdico, o Quai d’Ouchy. Esse lugar é a varanda de onde você pode admirar quase toda a extensão do Lac Léman, um cartão-postal clássico que é conhecido no mundo inteiro. Caminhase por um bulevar magnífico de 1 quilômetro de extensão, ladeado por árvores, parques, mansões e, para quem desconhece, é lá que fica o Museu Olímpico. Nos domingos, é quase programa obrigatório descer até o cais, para passear com a família, seja a pé, de bicicleta, patins ou ainda alugar um pedalinho e se divertir algumas horas explorando as águas plácidas do Léman. Muitos veleiros também aproveitam os dias com mais vento para atravessar e chegar à França, que fica bem em frente. Embora o centro histórico de Lausanne seja um bairro encantador, com belas escadarias medievais que levam à Catedral e outros recantos antigos, e onde o comércio realmente tem potencial, se você só tem algumas horas para conhecer a cidade, o Quai d’Ouchy é o colírio de que você precisa pra se lembrar de uma cidade acolhedora e uma das mais icônicas da Suíça. Nesse local arborizado, emoldurado pelos Alpes em todo o seu esplendor, não existe visual mais harmonizado. E mesmo nos dias mais frios do inverno, quando a bruma encobre a maioria dos picos já nevados e, às vezes, nem dá pra enxergar a cidade francesa de Evian do outro lado do Lac Léman, ainda assim o local mantém a sua mágica.
EXCLUSIVIDADE NO SUL DA BAHIA Não importa muito a época do ano, porque Bahia é sempre uma caixinha de Pandora, ou seja, surpreendente. Evidente que, fora da alta temporada, dos feriadões, das férias escolares, Carnaval e Ano Novo, tudo fica menos caro (eu não disse mais barato, mas menos caro!), há mais opções de acomodações, o serviço fica mais eficiente e parece que todos são mais bem-vindos. A sofisticada e charmosa pousada Brisas do Espelho, na Praia do Outeiro, que recentemente passou por uma megarreforma, surpreende pelo serviço atencioso, a deliciosa comida, as suítes equipadas com tecnologia e uma cama “do tamanho de uma quadra de basquete”. A decoração é clean, com objetos oriundos do artesanato regional. Embora não seja localizada pé-na-areia, o hóspede tem acesso a um clube exclusivo dentro do condomínio onde fica a pousada. Isso significa ter a Praia do Outeiro, magnífica por natureza, praticamente deserta e ainda por cima aproveitar o serviço que inclui espreguiçadeiras, restauração, piscina e redes debaixo da sombra – abrigada, diga-se, das levas de turistas que costumam permanecer na Praia do Espelho, a poucos minutos a pé dali. www.brisasdoespelho.com.br
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MERGULHO
CRIATIVO
O pintor contemporâneo Matt Story é especializado em cenas subaquáticas com uma técnica realista que faz seus quadros parecerem fotografias
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M
uita gente confunde o trabalho de Matt Story, baseado em Nova York, com fotografias. O pintor capta muitas facetas do mundo subaquático com uma precisão assustadora e boa dose de hiper-realismo. A coleção Água, que esteve em exposição no Robert Lange Studios, retrata as mulheres mergulhando ou nadando abaixo da superfície de piscinas e nas ondas do mar com uma técnica que faz com que pareçam fotos. É preciso uma inspeção mais minuciosa para descobrir sua natureza pictórica e constatar que são óleo sobre tela. “Eu amo imagens que parecem ao mesmo tempo abstratas e fotor-realistas”, ele diz, resumindo o paradoxo de suas obras. “Encontro isso no ambiente subaquático, as distorções, as cores prismáticas e profundidades estranhas. É tão complexo e fascinante para mim como os jardins de água foram para Monet ou a massa humana para Rodin”, constata. Matt Story nasceu em Los Angeles (EUA), trabalhou como ilustrador e artista gráfico desde a adolescência e estudou arte em seu país e na Europa Ocidental. Depois de se formar na Ucla, em Los Angeles, trabalhou na produção de cinema e televisão na América do Norte. Cada uma de suas obras requer um pouco de preparação, antes que a tela seja pintada. Matt faz fotos de suas modelos embaixo d’água para ter ideia de como tem de ser o aspecto final de seus quadros. “Eu tento pintar a vida contemporânea como para capturar os cristais de memória intocada que todos nós compartilhamos, mas nunca descrevemos para os outros. A pintura precisa ser um espelho para o espectador, refletindo uma humanidade profunda
Sua coleção Água é formada por uma série de mulheres nadando que mais parece fotos. Na outra página, o artista e uma obra em que o pink rouba a cena
compartilhada – essa é a essência de olhar para uma peça totalmente desconhecida e, no entanto, ficar impressionado com um sentido de reconhecimento, isto é, o artista compartilhou suas memórias e seus sentimentos. Cada composição usa o gesto da figura ou da configuração para evocar uma forma platônica, uma noção arquetípica, a essência destilada, aquela coisa que dura para além do momento”, define o artista. Matt Story trabalhou mais de 20 anos em seu estúdio em Los Angeles, mas, em 2013, começou a viajar com sua esposa, e pintar, por longos períodos em lugares tão diversos como Charleston, Santa Fé e New Orleans. Agora ele trabalha em seu estúdio, em Nova York, muitas vezes durante 12 ou mais horas por dia, seis ou sete dias por semana. Seu método de pintura a óleo sobre tela assemelha-se ao método clássico, usado há séculos por mestres como Ticiano e Caravaggio. As pinturas de Story começam com ideias de poses em esboços. Em seguida, ele faz dezenas de milhares de fotos de modelos, orientando-as para coincidir com o seu desenho, mas também improvisar. “O ambiente subaquático é tão imprevisível e dinâmico que eu tenho de deixar acontecer e continuar fotografando do jeito que tudo se desenrola,” ele conta. Depois de fotografar, ele constrói milhares de imagens em uma única imagem, que se tornará o quadro para a pintura, usando o Photoshop e um tablet Wacom. Então, ele usa a velha técnica escolar “copia e cola” para transferir sua ideia para telas gigantes, em vez da prática moderna de projeção e traço. Story explica que “dá uma distorção pouco menos mecânica e mais pictórica do desenho”. Em seguida, vem a parte mais difícil: ele gasta centenas de horas acertando com tinta. Situado entre realismo e hiper-realismo, que pretende apagar todas as evidências de pinceladas, Matt Story tem de acertar os detalhes sem, no entanto, deixar muito certo. “O ambiente subaquático é tão estranho que
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é de outro mundo”, diz. “Representar algo que parece quase irreal de uma forma convincentemente real é um desafio por si só. Os reflexos da água são abstratos, mas o olho ainda pode detectar um ritmo de realismo que não pode ser violado sem destruir toda a ilusão. A cor é o elemento em que gasto a maior parte do tempo para solucionar problemas durante todo o processo”. Olhando suas diversas obras, é surpreendente como ele explora de muitas maneiras diferentes o mesmo tema: mulheres nadando debaixo d’água. Ele vê isso como uma exploração contínua do corpo humano. “Eu estava lutando para colocar formas clássicas em configurações contemporâneas de maneira nova”, diz ele. “Em vez da Olympia de Manet deitada nua em um sofá, eu a fiz dando um mortal de costas, embaixo d’água, de biquíni!”, brinca. Além disso, ele se sente atraído para o reino submerso por razões mais cerebrais. “Uma das coisas que a pintura faz bem, como forma de arte, é apresentar metáforas. A água é essa metáfora incrível para o eu mais profundo. Nós bebemos, lavamos, afogamos, flutuamos, nadamos e mergulhamos ao longo da vida. Quando eu pinto uma mulher flutuando sob a água, eu a vejo como suspensa em sua própria autoconsciência. Ela está imersa no eu mais profundo, com seus riscos e medos, e então o ato de emergir assume um sentido de renascimento, uma limpeza, um batismo. Nossas primeiras sensações ocorreram enquanto flutuávamos em um ambiente aconchegante, alimentados na piscina materna também, de modo que as similaridades são complexas”, diz ele. “Claro, a água também tem um divertido lado lúdico. Todos nós compartilhamos essas memórias de diversão e relaxamento em praias e piscinas, durante verões inesquecíveis, imersos na alegria. Aposto que a grande maioria de nós tem pelo menos uma lembrança dessas guardada.” u
Distorcidas às vezes, gráficas, estéticas, suas imagens exploram o reflexo da água e refrescam
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por FELIPE MORTARA fotos FELIPE MORTARA E ROMAN NEMEC
JORNADA DE FALTAR PALAVRAS
Uma travessia de quase 5 mil quilômetros, entre o Fim do Mundo e o Guarujá. De Ushuaia até o litoral paulista, em meio a paisagens impressionantes, uma sucessão de imprevistos, superação e liderança
E
ntre o querer e o não querer. Cada uma das dez almas a bordo certamente viveu esse dilema em algum momento ao longo dos 28 dias de expedição. Nada trivial, a proposta de sair de Ushuaia, confins da Argentina e extremo sul do continente, rumo a uma marina no Guarujá, a 4 mil milhas náuticas dali parecia linda e romântica. E deveria levar 15 dias, ao menos no papel. Bandos de leões-marinhos, toninhas saltitantes, nuvens de petréis e biguás, e baleias-de-bryde a ostentar seus sprays diante das formidáveis montanhas recém-nevadas no Canal de Beagle. Quem não gostaria? Por outro lado, que tipo de viajante está mesmo a fim de enfrentar ondas de 5 metros lavando o barco na calada da noite, o sobe e desce frenético, companheiros passando mal, pouca luz na cabine e frio intenso? Querendo ou não, todos aprendemos que nos bravios mares do Sul nem tudo são flores. Mas também nem tudo são dores. Permeado por essa dualidade, o Endurance subiu o Atlântico ao longo do último mês de abril em um delivery que, assim como toda a viagem, tinha dois papéis. Para o comandante Marcos Hurodovich, de 48 anos, a missão era levar o veleiro de 65 pés para manutenção nas quentes e calmas águas brasileiras, poupando-o das intempéries do inverno patagônico que já se aproximava. Nessa tarefa, contava com o apoio do amigo e advogado paulista Lauro Malheiros Neto, com quem, meses antes, havia contornado o Cabo Horn com a mesma embarcação. Por indicação de parceiros do mar, Marcão, como Hurodovich é conhecido no mundo náutico, convidou Roman Nemec, economista eslovaco radicado em São Paulo, para a função principal de pilotar o fogão, enquanto o arquiteto paulista Tiago Scanavacca, de 27 anos, faria as vezes de marinheiro e ajudante geral. Já para os outros seis, este escriba incluso, era uma viagem de lazer. Teoricamente, claro. Os irmãos Jorge e Roberto Bins Ely, respectivamente médico e analista de sistemas gaúchos, ocuparam uma das quatro cabines. A outra, que protagonizou um dos maiores desastres da viagem, era dividida pela professora e arquiteta Adriana Almeida, paulista de 35 anos, e a estudante de engenharia Marine Chevalier, fluminense de 24 anos. Por fim, eu dividia com o divertido técnico de tecnologia da informação Rodrigo Martini, gaúcho de Caxias do Sul, a cabine de proa, carinhosamente batizada de “gravidade zero” pelos sacolejos que por vezes nos ejetavam das camas. Em fins de março, o encontro de todos deu-se na austral Ushuaia. Sob o olhar portentoso do Monte Olivia passávamos os dias entre atividades de lazer, como visitas ao Parque Nacional da Terra do Fogo e ao Museu Marítimo e do Presído do Fim do Mundo, e de manutenção e preparo para a expedição. Inúmeras idas ao supermercado e ao posto de gasolina com um carro emprestado de um amigo de Marcão encheram com 4 mil litros de diesel os dois tanques do veleiro, concluído em 2008 pelo belga Thierry Stump. O projetista, que desenhou o festejado Paratii 2 de Amyr Klink, concebeu
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a “nossa” casa sob os mesmos moldes, mas numa escala de 65 e não de 100 pés. Não bastasse isso, Stump também desempenhou o papel de meteorologista oficial, com contatos quase diários por telefone satelital, sempre com previsões atualizadas e interpretações de diversos mecanismos climáticos. Sem internet a bordo e escravos dos Wi-Fis vizinhos, percebíamos a ansiedade aumentar à medida que os mapas indicavam ventos ingratos em nossa rota. Quase como uma piada, a partida prevista para o dia 1o de abril foi adiada para o dia seguinte e, novamente, para o dia 3. Nesse ínterim, atracados em Ushuaia, sentimos o Endurance tremer poderosamente com rajadas de até 55 nós (100 km/h). Como se, além das escabrosas previsões via satélite, fôssemos regalados com uma amostra grátis do que poderia ser nossa empreitada em mar aberto. Prazos de chegada, chefes, afazeres no Brasil, e-mails de cobrança, cada um vivia seu drama ao perceber que dias preciosos eram perdidos. A angústia só amainou quando o último cabo deixou o Club Náutico de Ushuaia e pelo Beagle vimos a manhã de 3 de abril raiar cinzenta, fria e com neve nas montanhas. O Endurance motorava impávido com auxílio da vela mestra e da genoa. “Percebi a nossa pequenez em relação às baleias, golfinhos, pássaros e outras mil formas de vida que vimos naquele lugar. Alta do dólar, desemprego, eleições, todas essas chateações não vão mudar aquela paisagem”, recorda Roberto Bins Ely. Nem o maior dos pessimistas poderia cogitar o que nos aguardava ao cair da primeira noite. Depois de dois superaquecimentos pontuais provocados por algas no filtro de água do motor ainda em águas abrigadas (e prontamente resolvidos por Marcão e Lauro), a guinada rumo a nordeste em direção aos nossos lares significou também o encontro com enormes ondas de mais de 5 metros. Ao cruzar entre a Península Mitre e a Ilha dos Estados, fomos alvejados por ondulações dos dois lados, a lavar o convés e promover enjoos até nos mais calejados de mar. Em meio a um rodízio de baldes entre mais da metade da população a bordo, uma desesperadora surpresa. Enquanto os outros repousavam (ou pelo menos tentavam), Marcão e Lauro sentiram cheiro de queimado. Farejaram até o quarto das meninas, que já dormiam na sala, mais estável, na popa. Ali, abriram a porta e deram de cara com um pesadelo: a gaiuta fora esquecida aberta e chovia água salgada. Tudo encharcado e a tomada com faíscas, quase entrando em curto. Cambaleando, o capitão correu e desligou boa parte das chaves elétricas. “As bombas de porão também entraram em pane, o que nos obrigou a drenar toda essa água com uma bomba portátil durante a madrugada. Enquanto isso, a maioria dormia, ou estava dopada de Dramin”, recorda Lauro Malheiros. De fato, sob efeito do remédio e enfiado no meu saco de dormir, como quase todos, nunca soube ao certo se escutei ou se sonhei com o Marcão a exclamar o drama das gaiutas escancaradas. Não bastava a tragédia da inundação e, ironia de Netuno, Jorge Bins Ely escorregou ao descer a escada principal e chocou sua coluna com violência contra um batente de madeira do sofá, quase 2 metros abaixo. “Estava confiante demais. Não deu outra, caí do cockpit até o piso do barco. Tive de lidar com minha incapacidade pós-queda, foi decepcionante, perdi a graça”, recorda Bins Ely. Sentia dores lancinantes, só conseguia ficar deitado de bruços, sob forte medicação analgésica. O único médico a bordo fora transformado no principal paciente, só desembarcado depois de sete dias, em Puerto Deseado. Para completar o rol de infortúnios, ainda de noite, o motor quebrou de novo. Uma vez a genoa e a mestra rizadas, sob 25 nós de vento contra, Marcão programou o piloto automático na direção da África, a fim de nos
afastar de qualquer perigo próximo à costa, e para um justo repouso. Em meu diário de bordo, o segundo dia, ainda com mar batido, porém menos severo, mereceu apenas algumas linhas de registro, com todos a se recuperar da noite terrível. O motor foi reparado à primeira luz do dia e rumávamos ao abrigo mais nítido que o mapa nos oferecia, a Baía de San Sebastián. Empurrados por tempo bom e vento de 20 a 30 nós, ancoramos no meio da tarde. “Fizemos do barco uma ‘favela naval’, retiramos tudo de dentro do quarto para limpar, colocamos os colchões na popa do barco e penduramos as roupas para secar”, relembra Adriana Almeida. Um entardecer deslumbrante coroou nossa chegada ao abrigo aparentemente seguro. Já nos acostumando à nossa sina de atrair imprevistos e não poder seguir os planos, os dois dias de espera na imensa baía tornaram-se três. Pelo telefone satelital não chegavam boas notícias das previsões de Thierry, nem das enviadas por Patrice Chevalier, pai de Marine, e tampouco de Alejandro Gervilla. Argentino de 47 anos, o proprietário do Endurance acompanhava a distância, pelo rastreador Spot e por telefone, a maior jornada do barco dos seus sonhos. Ainda a baixa latitude, sabia dos riscos e debatia com Thierry e Marcão as melhores possibilidades de avanço. Conseguiu conversar diretamente com o responsável pelo farol da entrada do Estreito de Magalhães, que noticiava ondas de 5 metros. Só nos restava esperar. Três dias ancorados na Baía de San Sebastián, com ondas batendo, (quase) nada pra fazer e sem progresso na viagem. Para Tiago Scanavacca foram os piores momentos ao longo dos 30 dias de jornada. Mas, se fosse só isso, estaria bom. “A âncora desgarrou inúmeras vezes, o guincho da âncora quebrou. Ou seja, um show de horrores”, recorda. De fato, durante uma tentativa de reposicionamento do barco, disparamos rumo ao norte a mais de 35 nós, em mar aberto e com ondas de mais de 2 metros a lavar o cockpit, porém tivemos de retornar. Era só o começo de um dos momentos mais nervosos da travessia. Molhados e exaustos, procuramos abrigo mais para dentro da baía. Já passava das 23 horas quando o cheiro da sopa de feijão preparada por Roman perfumava o veleiro todo. Perto da mesa de navegação, Marcão, Lauro e Tiago se debruçavam sobre guias de ancoragem do Atlântico Sul. Após identificar a variação de maré de até 9 metros naquele ponto, e o marcador de profundidade a mostrar apenas 1 metro sob o casco, o capitão exclamou: “Nós vamos colar no fundo e vamos afundar!”. Ainda sugeri que, por não ter bolina, assim como o Paratii 2, o Endurance voltaria a flutuar. O comandante contestou que o lodo viscoso da baía nos prenderia e a maré enchente alagaria o barco. “Senti que tinha de tomar uma atitude imediata. A única solução seria sair daquele lugar abrigado, mas onde sofreríamos danos posteriores, com água entrando pela popa, a parte mais baixa do veleiro”, relembra Marcão. E disparou a ordem: todos a se equipar com suas roupas de tempo. Em menos de dois minutos, o motor já ligado, erguíamos âncora. Entre o casco e o fundo, já eram apenas 60 centímetros de água e à medida em que manobrávamos, o marcador oscilava. Sob tamanha tensão, Roman, Tiago e eu apenas tentávamos não atrapalhar Lauro, que gritava ao capitão a profundidade para atravessar o vento cortante. Ainda que sob um céu forrado de estrelas como jamais veríamos na viagem, apenas a escuridão nos cercava. Por mais de uma hora buscamos o ponto ideal, mãos e narizes já castigados pelo frio quase negativo. “Foi um misto de apreensão e medo. Depois de ancorar num lugar mais fundo, o alívio de ter salvo o barco”, comemora Marcão. Dali por diante, com a ajuda da previsão diária pelo telefone via satélite, seguimos ótimo ritmo, avançando a 9 nós por hora. Na cozinha, desfiando
À esquerda, cozinhar a bordo é tarefa para poucos, mas a culinária global de Roman Nemec salvou o bom humor da tripulação. Abaixo, o autor da matéria Felipe Mortara, e o Endurance ancorado no Club Nautico de Ushuaia, antes da jornada até o Guarujá
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De cima para baixo: várias das noites ancorados eram regadas a vinho, boas prosas e causos de navegação. Roman Nemec sugeriu que escrevêssemos uma mensagem e que a jogássemos no mar numa garrafa de rum: foi lançada na altura do Rio da Prata. A foto da cidade de Santos iluminada simboliza o fim da jornada e uma conquista pessoal de cada um. Simpático, o corpulento leãomarinho recebeu o Endurance na chegada a Puerto Deseado. A pequena raposa posa tímida para os visitantes do Parque Nacional da Terra do Fogo. Pinguim-imperador faz pose na Isla Martillo. Na Baía de San Sebastián, as toninhas adoravam nadar lado a lado com o Endurance
o veleiro completamente adernado a boreste, Roman Nemec caprichava nos malabares para preparar o que fosse, desde um aconchegante arroz de forno até uma suculenta paella. “Para mim, que nunca tinha velejado, foi difícil ficar o dobro do tempo previsto tendo de lidar com enjoos, mares agitados e dias de tédio. E, em meio a momentos difíceis de navegação, o que salvou a viagem foi a comida”, confessa Marine Chevalier. Movidos pela cobiça por terra firme, alcançamos Puerto Deseado dois dias depois. Nem o lindíssimo fim de tarde que se descortinava e tampouco o simpático e parrudo leão-marinho que nos acompanhou na aproximação ao porto salvaram o clima. Por conta da imensa variação de marés e pedras traiçoeiras, a atracação demanda muita atenção. Nesse momento houve um pontual desentendimento entre o comandante Marcos Hurodovich e o amigo Lauro Malheiros, seu braço direito e segunda figura mais crucial a bordo. Por conta do excesso de trabalho que deixou no Brasil, e pelas demandas constantes de respostas de seus clientes, Malheiros optou por descer ali, acompanhar o médico Jorge Bins Ely de ônibus até Comodoro Rivadavia, a 300 quilômetros, de onde voaram para São Paulo e Florianópolis, respectivamente. Três noites de espera em Puerto Deseado renderam banho quente no Yamana, um rebocador vizinho, visitas de locais a bordo com histórias da Guerra das Malvinas, uma ida ao Museu Mario Brozoski, com objetos preservados da corveta inglesa HMS Swift, que naufragou em 1770 a algumas centenas de metros de onde estávamos. Além do pôr do sol mais lindo que já vi, Puerto Deseado nos mostrou que embarcar e desembarcar podem virar grandes desafios. “Não havia estrutura adequada para veleiros, somente para navios. Para desembarcarmos, tínhamos de subir por duas escadas. Mas morro de medo de altura”, explica Adriana. Uma vez que Puerto Deseado ficou para trás, seguimos cruzando o Golfo San Jorge e pintou o dilema de ancorar ou não próximos à Península Valdés. Muitos já sofriam com a escassez de tempo e já não tinham dias extras, passando a considerar a possibilidade de ficar pelo caminho e embarcar num avião para casa. Por mais balanço, desconforto e tédio, ninguém a essa altura queria isso. Seria uma oportunidade de voltar a ver mais vida selvagem concentrada mais de duas semanas após ter passado pelo Canal de Beagle. Infelizmente, não apenas não paramos como não fomos agraciados com a companhia de tantos animais como esperávamos. O capitão Hurodovich nos havia prometido um encontro com orcas, que costumam caçar na região naquela época do ano, mas ficou devendo. Como prêmio de consolação, avistamos por curtos segundos um casal de elefantes-marinhos. Dali por diante, um deserto de mar numa entediante reta até Mar del Plata. Tempo de sobra para meditar sobre a vida e enfrentar o marasmo. “Nunca havia estado num veleiro. Já fiz outras aventuras na minha vida,mas nenhuma me pegou de surpresa e me fez sentir tão perdido, à deriva”, relata o empresário Rodrigo Martini. “Por eu ser a mais jovem, conversando com os outros tripulantes adquiri muita sabedoria e saí com uma visão de vida diferente. De que se deve aproveitar ao máximo a vida e que não se deve ter ideias fixas, pois a vida muda e surpreende a cada segundo que passa”, confessa a estudante Marine Chevalier. Os imprevistos, a dureza do mar e os atrasos e tempestades fizeram dessa uma jornada memorável para o capitão Marcos Hurodovich. “O maior desafio foi manter o ânimo, a integridade e o bom astral a bordo, com um grupo tão heterogêneo”, elucida. Com currículo repleto de longas travessias transoceânicas, regatas e um verão antártico com Amyr Klink, Hurodovich sentencia: “Do começo
ao fim, uma sucessão de brutais coincidências, parecia que as tempestades se locomoviam juntamente conosco. Essa foi a terceira viagem mais difícil que já fiz. Nosso grupo foi sorteado”. Ainda assim, está convencido de que valeu a pena levar passageiros a bordo do delivery. “Muitas pessoas querem ter essa experiência, que dificilmente viverão em suas vidas normais.” Após duas noites em Mar del Plata, finalmente boas condições para rumar até Rio Grande. Claro que a saída do estreito Yacht Club Argentino foi tensa, com o Endurance e seu casco de alumínio cor de chumbo quase massacrando o pequeno bote que nos rebocava. Alheio a tudo, um simpático pinguim-de-magalhães nadava entre os barcos. Tivemos mais uma baixa, de Roberto Bins, que nos deixou rumo a Porto Alegre. Na passagem pela foz do Rio da Prata, decidimos lançar ao mar uma garrafa com mensagens escritas pelos tripulantes. Momento simbólico e emocionante. Ao longe, no horizonte, as luzes de Buenos Aires e Punta del Este. Turno da madrugada puxado, Marcão mal pregou os olhos, por conta do intenso fluxo de navios. Em uma manhã ensolarada, o Uruguai passou rapidamente a bombordo. Cruzar a linha imaginária e saber-se no Brasil, no dia 21 de abril, acalmou os ânimos. Só de escutar vozes em português a entrar pelo rádio do barco, já foi muito aconchegante. No largo corredor formado pelo molhe gaúcho de Rio Grande, que avança 4 quilômetros mar adentro, cruzamos um imenso cargueiro e encontramos abrigo no Iate Clube de Rio Grande. Visitamos o bem cuidado Museu Náutico e a Corveta Imperial Marinheiro, que desde janeiro está em exibição permanente. Todos lamentamos a partida de Roman, Adriana e Marine, que seguiram para Porto Alegre. Após as boas-vindas com um churrasco maravilhoso de cordeiro, o casal de professores rio-grandenses Marco e Marília Carvalho, de 50 e 51 anos, embarcou e assumiu a cozinha no trecho final, até o Guarujá, no litoral paulista. Quem também veio a bordo após tomar um voo de São Paulo para Porto Alegre e um ônibus até Rio Grande, foi o dono do barco, Alejandro. Depois de um verão assustadoramente quente, a Região Sudeste clamava por um refresco. Subimos ao longo de quatro dias paralelos à primeira grande frente fria de 2016, como se a levássemos conosco. Céu nublado e mar batido não ofereciam o acolhimento caloroso que tanto sonhávamos nas águas mais austrais. Do lado de dentro do Endurance celebramos os 48 anos do capitão Marcos Hurodovich com pizza. Netuno resolveu presenteá-lo com ventos de 46 nós, que renderam o recorde histórico de velocidade do nosso barco, 18 nós. Ainda ajudamos pelo rádio um veleiro, o Tia Maria, que passava por apuros na região de Torres. Só muito tempo depois, na altura do Cabo de Santa Marta, tivemos a notícia por rádio de que todos os tripulantes estavam bem. Um alívio arrepiante. Acordar na ultima manhã sabendo que a jornada vai terminar é estranho. O veleiro passa a ser uma espécie de extensão do corpo, uma filial da alma. Na altura de Iguape, litoral sul de São Paulo, o único pôr do sol que vimos na nossa costa. Porém, muito poderoso. As luzes de Santos, com seus navios esperando para atracar. Era complicado aceitar o fim. Chegar desperta uma rajada de sensações desconexas e contraditórias. De alívio, já que houve sofrimento e desconforto. Fascínio, pois foi uma experiência deslumbrante. E de orgulho, por termos alcançado o objetivo. Havíamos navegado mais de 4 mil milhas náuticas pelo Oceano Atlântico. O Endurance foi escola, lar e pai – ensinou, abrigou e nos engrandeceu. Cada um à sua maneira compreendeu o papel dessa jornada em sua vida. Afinal, viemos do Fim do Mundo até nossas casas num veleiro. E isso não é pouca coisa. u
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por ELOÁ ORAZEM
TÃO PERTO, TÃO LONGE E TÃO DENSO
Experimentar o mar com os dois pés fincados na areia pode ser seguro para alguns e prazeroso para outros, mas Fabien Cousteau, como o avô Jacques, sempre preferiu as incertezas e os desafios das águas profundas
É
preciso habituar-se à profundidade para acompanhar a vida e o raciocínio de Fabien Cousteau, que mergulhou de cabeça em pesquisas e explorações científicas para dar continuidade ao legado deixado pelo avô, Jacques-Yves Cousteau, o consagrado documentarista francês que dedicou sua carreira a explorar e proteger os mares e oceanos. Apesar de a água salgada ser praticamente parte do DNA dos Cousteau, Fabien foi encorajado a viver na superfície e, por três anos, voltou seu foco ao marketing. “Minha família sempre me incentivou a desbravar para além do nosso universo. Eu pratico mergulho desde os 4 anos e participo de expedições subaquáticas desde os 7. Precisava desenvolver outros talentos, e marketing é uma ferramenta bastante útil. Trabalhar anos nessa área da comunicação foi uma experiência maravilhosa – e financeiramente recompensadora –, mas, no fim das contas, não era algo que despertava minha paixão”, explica. Seguindo seus instintos pessoais e profissionais, Fabien voltou ao lugar de onde nunca deveria ter saído: o fundo do
mar – e o fez das maneiras mais improváveis. Uma delas foi a bordo do Troy, um submarino em formato de tubarão. “Isso foi uma ideia maluca que tirei de uma revista em quadrinhos que li na infância, The Adventures of Tintin – Red Rackham’s Treasure”, diverte-se, mas logo volta a falar com seriedade: “Meu avô costumava dizer que, se você quiser filmar um peixe, tem de se tornar um peixe. Esse princípio me inspirou a criar a camuflagem, a forma que encontrei para observar essa criatura tão magnífica, o tubarão, da forma menos invasiva possível”. A ideia levou três anos para sair do papel, sendo a maior parte do tempo utilizada justamente para desenvolver o submarino que atendesse aos critérios do oceanógrafo. Uma vez que a máquina ficou pronta, o desafio passou a ser encontrar a locação mais propícia para a prática do mergulho. “Passamos quatro meses e meio explorando a mesma locação, com o mesmo submarino-tubarão”, relembra. Todo o material foi, posteriormente, utilizado para a edição do documentário Mind of a Demon, levado ao ar, em 2006, nos Estados Unidos, pela CBS, no horário nobre. O programa ficou em segundo lugar na audi-
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ência geral do horário, enchendo de orgulho seus produtores – e não era para menos: nos últimos 25 anos, aquela foi a primeira vez que um documentário sobre o fundo do mar chegou às televisões americanas. Os bons resultados e a sede por mais água salgada levaram Fabien a outro desafio extremo, que ele chamou de Mission 31, um projeto – ele prefere chamar de “aventura” – que levou um grupo de estudiosos a passar 31 dias “morando” no Aquarius, o último habitáculo subaquático ativo no mundo, instalado a quase 20 metros de profundidade na região das Keys, na Flórida. Dali, os exploradores sairiam diariamente para coletar materiais para futuras pesquisas. Além do nobre caráter científico da expedição, Fabien foi também movido pela emoção: seu avô pesquisador e outros cinco profissionais entraram de vez para a história em 1964, quando ficaram 30 dias a 10 metros de profundidade no Mar Vermelho, estudando e filmando a vida no oceano. Apoiado por uma equipe de igual tamanho, Fabien vivenciou sua aventura particular em julho de 2014. “Incluindo todas as pesquisas do meu avô e de outros pioneiros, conhecemos até agora menos de 5% do nosso oceano. É muito pouco. E, para estudar novas espécies, a influência da mudança do clima nos oceanos e todas as questões ligadas à poluição, precisamos nos lançar nesse tipo de expedição”, sentencia. Mas, como nem tudo são flores e águas calmas, Fabien confessa que “foi dificílimo concretizar esse sonho, que exigiu muito física, psicológica e emocionalmente da equipe toda. Vivenciar um ciclo lunar inteiro (31 dias) no único laboratório marinho submerso é muito caro e um pouco arriscado”. Apesar dos obstáculos pelo caminho, o explorador não se arrepende nem por um segundo de ter encarado os desafios. “Foi uma das experiências mais recompensadoras que tive o prazer de vivenciar. Saí dessa aventura muito mais informado sobre o que se passa lá embaixo. As incontáveis horas de pesquisa foram válidas: coletamos, em 31 dias embaixo d’água, material para três anos de estudos”, defende. Parte do sucesso do Mission 31 tem a ver com o fato de que
a equipe pode manter contato com a superfície diariamente, graças à internet e às novas tecnologias – os participantes, em diferentes ocasiões, chegaram a ministrar 70 aulas virtuais para crianças e adolescentes, diretamente do habitáculo, cuja área útil é menor que 60 metros quadrados. Mas nem o aperto e o volume de trabalho desencorajam uma nova missão semelhante. Embora seja cedo para arriscar um palpite de quando, como e onde essa aventura se concretizará, Fabien, por enquanto, tem sua atenção voltada para o Fabien Cousteau Ocean Learning Center, um instituto sem fins lucrativos que será lançado ainda em 2016, para realizar o seu sonho de promover uma mudança positiva no mundo. “Temos muitos trabalhos sendo concluídos e é preciso disseminar toda a informação que estamos reunindo – e é nesse sentido que o Fabien Cousteau Learning Center atua. Promoveremos projetos especiais e iniciativas de conscientização e educação para que todos entendam a importância de proteger nossas águas e as espécies marinhas”, explica. Inspirado pelo modelo de aulas que ministrou durante o Mission 31, o explorador está desenvolvendo uma plataforma digital que permitirá que gente do mundo todo absorva mais conhecimento acerca desse universo, e possam ainda ter contato direto com o próprio Fabien através das redes sociais e vídeos interativos. O escritório central do Fabien Cousteau Learning Center fica em Nova York, mas, em um futuro próximo, o oceanógrafo pretende estabelecer bases em diferentes partes do mundo, sendo uma na região do Caribe e outra, possivelmente, na França – mas, por enquanto, essas etapas são apenas um sonho distante. Todo o esforço para dividir com o mundo o maior número possível de análises e estudos tem sua razão de ser: Fabien acredita que qualquer ser humano pode se tornar um herói com as informações certas. Seguindo essa lógica, temos razões de sobra para acreditar que, depois de uma vida inteira dedicada ao estudo do fundo do mar, estamos prestes a testemunhar, diante dos olhos, o nascimento de um novo herói. u
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fotos DOUGLAS MOREIRA
Equipes mistas enfrentaram o mar do Guarujรก em um circuito de mais de duas horas, sem troca de tripulantes
ESPÍRITO
DE EQUIPE
Mais do que força, a sincronia e o companheirismo é que levam a canoa havaiana para a frente. O Desafio Ilha das Cabras, no Iate Clube de Santos, mostrou que não é fácil seis pessoas remarem juntas por 2h30
R
ealizado no Yacht Club Ilhabela entre os dias 28 e 31 de maio, o 9º Campeonato Brasileiro da Classe HPE25 foi acompanhado de sorteios e canoas de cerveja promovidos pelo principal patrocinador, a Suzuki Veículos, e também muitas surpresas na raia, graças à competitividade de 14 barcos iguais. Esporte relativamente novo no Brasil, mas já bem antigo na região da Polinésia – conjunto de ilhas no Oceano Pacífico, entre a Austrália e os Estados Unidos, do qual fazem parte o Havaí e o Taiti –, a canoa havaiana, ou va’a, como é originalmente conhecida, foi muito usada como meio de transporte na antiguidade, pois os polinésios faziam viagens de mais de 4 mil quilômetros, navegando sem instrumentos e usando somente as estrelas, os ventos e as ondas para se orientar. No Taiti, a maior ilha da Polinésia Francesa, é o meio de transporte que as crianças usam desde os 2 anos. “Eles respeitam muito a canoa, é como se fosse um membro da família. No Havaí, eles não emprestam a canoa para ninguém, porque ela tem a energia deles”, conta Sergio Prieto, professor de canoagem da escola Matero e atleta da equipe Samu. Cada região acabou desenvolvendo suas embarcações de acordo com as características locais. No Havaí, por exemplo, onde o mar é mais agitado, as canoas têm uma curva de fundo envergada, enquanto, no Taiti, as embarcações possuem formato mais alongado, com um cockpit fechado para cada um ou dois remadores, dependendo do modelo. Todas têm em comum as três partes fundamentais nesse tipo de embarcação: o casco (ou hull), o flutuador (ou ama) e os braços que ligam um ao outro (yakos). Ao longo do tempo, a canoa acabou transformando-se em uma forma de desafio esportivo, sendo a categoria mais tradicional a embarcação com seis tripulantes, que tem, em média, 14 metros e pesa 180 quilos. Há, ainda, a individual e a de dois tripulantes. No Brasil, há cerca de 7 mil praticantes, uma competição por mês que reúne 20
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Diferente das canoas usadas no Havaí, aqui elas têm duas partes para facilitar o transporte fora da água. Assim, as equipes aparafusaram as duas partes, no pátio do ICS, antes de ir para a água. Abaixo, ondas e mar mexido na Ilha das Cabras
equipes na Open, categoria principal dividida por categoria, idade e sexo. A equipe Samu, formada há sete anos por oito componentes com base na Represa de Guarapiranga, em São Paulo, tem se destacado. “A base veio do rafting. Além de juntar os amigos, queríamos montar uma equipe mais compromissada”, conta Sergio Prieto. Foi campeã da tradicional Liberty Challenge, em Nova York, em julho, e fez bonito na Moloka’i Hoe, prova mais importante no Havaí: entre 106 canoas, conquistou a 17ª colocação geral, depois de concluir o desafio de 62 quilômetros em 5h30, entre as ilhas de Molokai e Oahu. Nesse tipo de prova de longa distância são realizadas trocas de atletas, porque o desgaste é grande. Dessa forma, saem três e entram três com a canoa em movimento – é como o pit stop, pode-se levar vantagem ou perder muito tempo. Nesse percurso no Havaí foram realizadas 20 trocas! O bom resultado deve-se, em grande parte, ao entendimento da equipe a bordo. Para Sergio Prieto, que também é professor de canoagem na escola Matero, na raia da Cidade Universitária, trata-se de um esporte essencialmente de equipe: “A sinergia é mais importante do que a força. Vejo na escola que uma equipe mediana com seis pessoas amigas vence ao disputar contra uma equipe de seis caras que remam bem, mas se dão mal. A verdade é que o ego não cabe na canoa”. Os oito componentes da equipe Samu treinam individualmente nos dias úteis e, nos fins de semana, encontram-se na Represa de Guarapiranga para o treino coletivo. Afinal, o vento influencia a canoa – pode ajudar ou atrapalhar muito –, mas é mesmo a sincronia dos seis remadores e a concentração que fazem a diferença. “Além de ser meu esporte, é meu trabalho. Me faz bem estar ali, gosto de viver a canoa”, diz Sergio. Em outubro, o Iate Clube de Santos foi palco do Desafio Ilha das Cabras, patrocinado pela Suunto, num percurso de 30 quilômetros em frente à orla do Guarujá, no litoral paulista. Com a participação de 12 canoas mistas – com três homens e três mulheres –, sendo sete na categoria Open e cinco na Máster, a prova teve largada em frente ao Clube de Pesca de Santos, na Ilha das Palmas, e a equipe vencedora foi a que
134 CAPA contornou a Ilha das Cabras e voltou primeiro. Com 2h38m30, o Matero Samu foi o primeiro a cruzar a linha de chegada. “Foi o desafio mais longo em quilômetros sem troca, além de ter o diferencial de ser mista. A equipe que se sobressai é a que consegue que todos façam força, sem exigir mais dos homens”, avalia Sergio. Foi muito curioso, porque apareceram muitas canoas e muitos stand ups para assistir à largada, o que triplicou o número de participantes na raia, e eles acompanharam a prova por alguns metros, fazendo do cenário um espetáculo. O primeiro e o segundo colocados foram premiados com um Suunto Ambit 3 com GPS e monitoramento cardíaco, além de fones de ouvido JBL Harman. Um Prêmio especial Suunto foi dado ao Floripa Va’a, pelo ânimo e disposição de um casal de Florianópolis de 66 anos, que velejou bem e se divertiu muito. Após o término da competição, houve um coquetel para canoístas e convidados, com música, drinques, muita cerveja Sol, food truck Buzina, do chef Marcio Silva, que ficou impressionado com a quantidade de hambúrgueres consumida pelos canoístas, e a entrega de prêmios no bar do Mirante. Em meio aos iates e veleiros, o evento levou um público e um esporte diferente ao Iate Clube de Santos. “Esse modelo de evento mostra a versatilidade do clube e traz um colorido especial à sede”, declarou o comodoro Berardino Fanganiello. “A gente nem sabia que a prova ia tomar essa proporção tão grande. Ficamos contentes com o resultado, a forma como ocorreu. Sem o apoio do ICS, não conseguiríamos realizar”, diz Rogério Mandetta, diretor da Suunto. Sergio Prieto completa: “Como atleta é bom saber que um clube do porte do ICS abraçou essa competição, é uma oportunidade de mostrar um pouco dessa modalidade que é muito nova no Brasil. Quero também agradecer à Suunto, porque é importante para uma equipe ter o apoio de uma empresa desse porte”. A experiência foi tão boa que deixou a expectativa – e a torcida – de que seja repetida em 2017. u
RESULTADOS OPEN 1 Matero Samu 2 São José dos Campos 3 Poseidon 4 Suunto Samu 5 Paddle Club Ilhabela 6 Atr Hoe mana 7 Floripa Va’a
2:38,30 2:43,10 2:44,36 2:45,36 2:58,21 3:03,58 3:05,48
MÁSTER 1 koa ycp Matero 2 atr Hoe mana máster 3 São José dos Campos 4 kahiko kai Matero 5 Matero kahiko kai
2:49,26 3:02,40 3:06,29 3:41,05 3:43,07
Animado, o evento foi aprovadíssimo pelos participantes. No sentido horário: o brinde de Sol de Pedro Felipe Cascaldi e Fernanda Simonsen. O disputado food truck de hambúrgueres Buzina. Mario Simonsen, diretor da Suunto, entregou um relógio Suunto Ambit 3 com GPS às duas equipes vencedoras. A JBL Harman presenteou as três equipes vencedoras de cada categoria com fones de ouvido
136 VELA
por MARCELO TITO fotos FABIANA AFONSO
CRÔNICA DE UM MARINHEIRO DE PRIMEIRA VIAGEM Editor do Superesportes do Diário de Pernambuco integrou a tripulação do Lexus/Miragem, que terminou a Regata Recife/Noronha na terceira colocação da classe ORC. A embarcação também recebeu o Troféu Imprensa porque foi o primeiro a chegar dentre os seis barcos que levaram jornalistas a bordo
T
No píer do porto, onde os barcos descansam até a hora de ir embora
rinta e quatro horas, 51 minutos e 26 segundos. Essa é uma das medidas da viagem a bordo do veleiro Lexus/Miragem, na travessia Recife/Fernando de Noronha. Do tempo. Há outras. Das dores físicas. Das cores que vestem o mar durante o dia. Da completa escuridão que toma conta do espelho d’água à noite e multiplica as estrelas no céu. Há ainda a medida do imprevisível. Da ansiedade. Do sono que não encontra tempo no relógio. A medida da conversa levada pelo vento. Da música que faz companhia ao silêncio. Do silêncio que faz companhia às ondas. Trinta e quatro horas, 51 minutos e 26 segundos. De modo aproximado, é possível destinar, a cada uma dessas medidas, o tempo que lhe cabe. As primeiras frações são ocupadas pelo “tradicional” receio do enjoo. Convidado que não apareceu. Felizmente. Talvez o comandante Alexandre tenha razão. É coisa da cabeça. E a cabeça estava ocupada. No Miragem, desde o embarque, pouco depois das 10 horas do sábado, notava-se o espírito e o ritmo de competição. Checagem dos detalhes para a partida anunciada para as 13 horas. A busca pelo limite entre não queimar a largada e passar pelo check-in desperdiçando o mínimo de tempo, como se aqueles segundos pudessem ser decisivos no fim da disputa. Precisamente às 13 horas, o Miragem partiu. Um ritmo alucinante tomou conta do convés, no início. No barco, cada um tinha a sua função. Para quem veleja pela primeira vez, não há muito a não ser desviar e passar por baixo da retranca, a base da vela, parte móvel do mastro que vira a cada movimento. Sete, oito vezes. Até a calmaria, 20 minutos depois da saída. Pouco antes do fim do muro de corais, o barco está na rota dos ventos. É hora de organizar os turnos de descanso para a noite, maleáveis de acordo com as demandas do percurso. Instruções dadas, vem o silêncio.
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O LUGAR NO BARCO
Ninguém fica sem função no barco. Há quem conduza o barco, há quem ajuste as velas, há quem faça a escora... Escora. A função consiste em utilizar o corpo como contrapeso. É a projeção do próprio peso para o lado oposto ao qual o barco está inclinado, empurrado pelo vento. A intenção é reduzir a inclinação para aumentar a superfície de contato do barco com o mar. Brigar com o vento, sentado na borda do barco, com as pernas para fora. Corcunda, entrelaçado em dois cabos de aço. Há ainda uma faixa de madeira na borda do barco que machuca a parte de trás do joelho e da coxa. Isso faz com que as dores ocupem um espaço generoso do tempo na viagem. Desde que começaram a aparecer, foram dez, 12 horas. E não há nada capaz de reduzi-las. Elas estarão lá até o último suspiro das 34 horas, 51 minutos e 26 segundos.
SURGE A MÚSICA
A primeira hora é do som do mar. Pouco se fala no barco. Mas o silêncio não é, ainda, de fadiga, exaustão, como acontecerá em determinados momentos. Soa como uma preparação para a mente. Até que surge uma pequena caixa de som, colocada no convés. A partir daquele momento, a música passa a ser uma companhia constante. Uma trilha sonora eclética que atende, por vezes, à necessidade do momento. Em períodos noturnos, as mais calmas são preteridas. É preciso não dar brechas ao sono.
O RECIFE COMO SOMBRA
A novidade ajuda nas horas iniciais. Assim como a ausência do enjoo. São quatro horas descobrindo a sensação de velejar. Vendo os demais veleiros espalhados pelo mar. À frente, está o mar e o céu. A linha perfeita do horizonte. Atrás, o Recife vai ficando pequeno. Vira sombra. Vai sumindo aos poucos. A internet ainda chega ao celular. Permite o último contato com a terra. O sol jogava os seus últimos raios quando acabou a bateria, fim da transmissão. O início da noite esperada.
O VAZIO DAS ESTRELAS
Era um desejo: ver o céu à noite sem a interferência artificial das luzes da cidade. Uma das razões para enfrentar o desafio da travessia, com todos os medos que lhe cabem. O sol despediu-se às 17 horas. A claridade, uma hora depois. Mas ainda havia um resquício de luz do sentido do Recife. A noite ainda iria caminhar um pouco mais para a escuridão. Por volta das 21 horas, não faltava mais nada. Era um céu sem nuvens, com mais estrelas que lhe cabiam, misturadas às pequeninas luzes dos barcos. Pelo menos uma vez, cada um dos tripulantes comentou sobre o céu. Alguns com anos de experiência nos mares. Acenavam para uma beleza que não cansa. Tão intensa que, em algum momento, dói. É o sentir vazio da própria insignificância, a percepção do eu como prisioneiro de amarras cotidianas que ofuscam o sentir-se vivo. Amarras que prendem os olhos costeiros a coisas pequenas. É um vazio que liberta.
A LUA
Havia uma claridade grande por trás da vela, um ponto invisível da vista. A inexperiência dizia que a lua poderia estar ali. Estava errado. Eram estrelas. A lua iria aparecer minguante, amarelada, às 2 da manhã. Para aperfeiçoar o que não precisava de retoques. Apareceu para curar um pouco os males do cansaço e anunciar a hora do descanso. Adiado por uma hora. Até as 3 horas, enquanto observava o pedaço do céu recém-descoberto.
O CANSAÇO
Os primeiros sintomas aparecem com a procura pelo tempo. A hora exata. Nada impede o cansaço de desabar sobre o corpo. Há quem durma na parte de cima do barco. No estreito corredor rente à borda. Deitado ou sentado, com as costas apoiadas no barco. Há quem desça para a cabine para dormir em uma das camas. O balanço do barco, ali, não tem harmonia. É violento. Vence-se com o costume ou pelo cansaço extremo. O meu caso. Desci para a cabine às 3 horas do domingo. A desconfiança de que o enjoo poderia surpreender sumiu sem avisar. Com o sono pesado que desabou sem aviso.
O DESPERTAR
Guilherme desceu correndo na cabine. Só eu dormia no local, naquela hora. “Tem um catamarã com o mastro quebrado!” Entrou correndo, como se procurasse algo, uma lanterna, até agora não sei o que era. Despertara de vez, sem acordar ao certo, sem levantar. Sem conseguir levantar. Na primeira tentativa, um movimento brusco me lançou de costas para a cama. Assim como na segunda vez. Algo diferente do normal. A embarcação mudava de curso. De dentro da cabine, escutava o diálogo de uma tripulação que se movimentava com as velas para se aproximar o mais rápido possível do veleiro A Travessia, da Paraíba. A aproximação confirmou que todos estavam bem. Recolhiam o mastro, quebrado, para regressar ao continente. Pelo rádio, na cabine, Chris tentava contato com a Marinha para avisar do incidente. Outras embarcações estavam na conversa. Entre códigos e contatos sem resposta, a decisão era de esperar até a confirmação de que o socorro estava a caminho. Não demorou. Os próprios tripulantes do A Travessia sinalizaram nesse sentido. O rádio também. Era hora de retomar o caminho à competição. Era hora de tentar levantar mais uma vez. Essa iniciativa rendeu à tripulação o troféu Fair-Play, como forma de compensação, já que havíamos perdido uma posição para ajudar outro barco em perigo.
O MAR
Sentado na escora, de frente para o mar, acostumado ao balanço, a cabeça viaja. As ondas vêm de encontro ao barco. Com as costas apoiadas no convés, diante do horizonte, a sensação pode ser a metáfora de estar sentado diante de uma praia com um mar de azul intenso, sem memória. Sensação desfeita ao olhar para os lados, olhar para trás. Ao redor do barco, na manhã do domingo, só existe mar.
O Cisne Branco e mais trĂŞs navios da Marinha fizeram as honras em Fernando de Noronha. Aqui, ele posa ao lado do Paratii 2
fotos Maycoln D. Trazzini
140 VELA
No alto, o por do sol de Noronha visto do Lexus/ Mantra ficou ainda mais lindo. Acima a tripulação da Lexus/ Miragem foi premiada pelo terceiro lugar. À esquerda, o jornalista Marcelo Tito, que garantiu o Prêmio Imprensa ao Lexus/Miragem. Ao lado, a tripulação do Lexus/Mantra, do comandante Gustavo Crescenzo, recebe o prêmio pela segunda colocação na categoria RGS
AS REFEIÇÕES
O café da manhã chega. Assim como todas as outras refeições, é algo rápido. Um sanduíche, um copo de suco, refrigerante. Na noite anterior, havia sido pizza, preparada num forno que fica na cabine. Ninguém deixa o posto. Recebe e come no lugar onde cada um está. Na escora, no timão... A variação para a pizza era a lasanha. Dessas congeladas. Servida na própria embalagem. Compartilhada, como tudo na embarcação.
A ANSIEDADE
Trinta e quatro horas, 51 minutos e 26 segundos. A linha até chegar a esse tempo é curva. Há momentos em que o relógio é completamente esquecido. Essa é a hora das estrelas, do mar, da conversa que desvenda um pouco da solidão e das saudades de cada um. Há também momentos de ansiedade. O mar tem o seu tempo. É diferente do continente. Em todos os sentidos. Passa dos 10 nós na contemplação. Parece imóvel quando se pensa na chegada ao continente. Sentimento que pode ser transmitido na sensação do quase chegar. Numa viagem de carro ou avião, ele vem na hora final da viagem. No mar, vem no plural. Às 13 horas do domingo, 24 horas após a saída, o anúncio das dez horas que faltam. A reta final da travessia. Da competição também. De longe, o Miragem tem como referências o catamarã Toro, logo à frente, de outra categoria; e o Marujos, da mesma classe, a ORC, com quem disputou a segunda colocação até os últimos minutos da regata – apesar da grande distância, o tempo real não define o pódio obrigatoriamente. É equalizado pelo rating. Ele dava a possibilidade de o Miragem terminar à frente na classificação, mesmo com um tempo superior. A margem era de 23 minutos. Dez horas que passam lentas. Bombardeadas pelo cansaço. Às 17 horas, quando o sol mais uma vez se recolhe, o sono golpeia. Mais uma vez é confrontado. O último anoitecer da travessia vale o esforço. Às 19 horas, não dá mais. De volta ao balanço da cabine, ao receio do enjoo. Sono mais curto do que o anterior. Uma hora apenas.
A CHEGADA
O despertar, dessa vez, não é de susto. É natural, pela movimentação do barco e pela impressão de que ali, na cabine, estaria a se perder algo. Eram 20 horas. A chegada a Fernando de Noronha aconteceria em duas horas, três no máximo. Hora de voltar ao convés. Ouvir o mar, a música, o vento, a conversa. A ajuda na escora é quase nula. As pernas não aguentavam mais. Aguentariam. Quando Fernando de Noronha já é um clarão no Atlântico, o barco acorda da inércia que o conduzia ao arquipélago. Um último esforço em busca de um degrau no pódio. A ordem do comandante Alexandre é para acordar todos. Todos para a escora, exceção de João, que ajuda o comandante nos ajustes para tentar acelerar a embarcação. De volta à escora, abandonada pelas dores. Que continuam lá. Com a mesma intensidade. Havia um limite extra para elas, porém. Noronha fica cada vez mais perto. De um clarão vira som-
bra no mar. Escultura de pedra. Vozes. A aproximação é informada pelo rádio. Vira o último esforço pela competição. Transforma-se em abraços após a buzina soar, anunciando a chegada do Lexus/Miragem ao arquipélago. A saudação de boas-vindas. Dilmar convoca todos no convés, abraçados, como fizera na saída. No Marco Zero, era um pedido. Agora, agradecimento pela chegada, pela dedicação e trabalho de cada um.
A CERVEJA
A chegada depois das 23 horas não tem chegada. Não na areia. A tripulação vai dormir no barco. Chegar à terra firme só quando o dia aparecer. Antes, é preciso organizar minimamente o barco. Ainda antes, é preciso um brinde. As poucas cervejas guardadas na geladeira do barco chegam ao convés. Abertas. Divididas. A melhor dos 36 anos de existência. Bebida com calma. Comemoração finalizada com o primeiro banho desde a entrada no barco. Às 3 horas da manhã. No mar de Fernando de Noronha.
A TRIPULAÇÃO
Havia tido um primeiro contato antes da travessia com alguns dos integrantes da tripulação. Rápido. Pode-se dizer, portanto, que as sete pessoas que encontrei ao subir no Miragem, no Marco Zero, eram completamente desconhecidas. Hoje, posso dizer, com certeza, que são pessoas que vão ficar comigo por muito mais do que 34 horas, 51 minutos e 26 segundos. São pessoas que admiro e a quem agradeço pelo acolhimento, pela generosidade. Ao comandante Alexandre Marin, pela tranquilidade, com quem dividi a sensação da saudade de quem ficou em terra. No meu caso, de poucas horas. No dele, medida em dias. Completava um mês fora de casa. Ama velejar. Ama o mar. Estava ali de corpo e alma. Mas não escondia a vontade de voltar para casa e rever a esposa e os dois filhos antes da próxima viagem. A Guilherme Vestphal, que, além de todas as atribuições de velejador, era quem enfrentava o balanço da cabine para preparar café da manhã, almoço, jantar... Que se colocou à disposição para evitar as minhas entradas na cabine. A Dilmar Cassita, que tem o mar nas veias, pela mesma postura de tranquilidade do comandante, pelas histórias contadas, pelas explicações, pela ajuda. Por semear um pouco dessa paixão pelo mar e suas descobertas. A João Eduardo, o mais jovem da equipe, que tem pressa para domar o oceano da mesma forma que o respeita. “Não deixe o mar te engolir.” Traz a tatuagem no peito. Tem uma alegria de estar ali, no barco, ímpar. A Luciano Richinho, pelas conversas e companhia na escora, dia e noite. Ele que, assim como eu, entrou no Miragem no dia da partida. Iria para Fernando de Noronha de avião. Queria seguir pelo mar, caminho pelo qual chegou ao Recife. Encontrou abrigo na tripulação. Cancelou a passagem. Foi pelo mar. E com ele vai conviver por muito tempo. A Chistina Frediani, pela energia que espalhava durante a viagem, sempre atenta aos detalhes do barco, do mar, dos equipamentos de medição. A Mara Mussini, velejadora argentina, pela disposição, segurança e resistência contagiantes.
142 VELA
A COMPETIÇÃO
A 28ª edição da Regata Internacional Recife/Fernando de Noronha, realizada de 24 a 28 de setembro, contou com a participação de 52 embarcações. O Camiranga, do Rio Grande do Sul, conquistou o Troféu Fita Azul, garantindo o título geral pelo terceiro ano consecutivo. A embarcação pernambucana Jahú 2 e o Paratii 2, do Rio de Janeiro, ficaram na segunda e terceira colocação geral, respectivamente. A equipe Lexus, do comandante Gustavo Crescenzo participou com dois barcos: o Mantra, com seis tripulantes, que ficou em segundo lugar na categoria RGS, e o Miragem, terceiro colocado da ORC. “Uma festa da Vela brasileira. Uma confraternização dos velejadores. É com esse propósito que organizamos todos os anos a Refeno, considerada hoje uma das cinco maiores regatas oceânicas do Brasil e da América do Sul. Mais do que uma simples regata, a Refeno é a grande vitrine do nosso clube”, disse o comodoro Jaime Monteiro Jr., do Cabanga Iate Clube de Pernambuco. u
fotos Claudio Cambria
Este texto foi originalmente publicado no Diário de Pernambuco
A tripulação do Camiranga em ação. O barco foi campeão da Refeno pelo terceiro ano consecutivo
144 COSTADO
A IDADE DA RAZÃO
A neozelandesa Laura Dekker deu a volta ao mundo navegando e mostra que é dona de um recorde e muitas opiniões
E
mbalada pelo balanço do oceano, e ninada pelo som das ondas quebrando, Laura Dekker sabe que lar é e sempre será o alto-mar. Seus pais, velejadores, navegavam pela Nova Zelândia quando a pequena veio ao mundo – e dali não sairia tão cedo. A adolescência, como esperado, foi um respingo da infância com traços mais rebeldes: a vida seguiria ao mar, mas agora em
uma jornada-solo. Brigando contra a Justiça, as apostas e o vento, Laura Dekker tornou-se a mais jovem velejadora a dar a volta ao mundo. Contava 16 anos quando entrou para o livro dos recordes, em 2010, e jura que sua aventura nada tinha a ver com o título. Esses e outros detalhes a jovem, hoje com 21 anos, compartilhou conosco em uma entrevista exclusiva.
146 COSTADO
REVISTA IATE A esta altura do campeonato, sabemos do seu grande feito. Antes de você dar início à sua jornada, porém, muita gente a chamou de “mimada” e “arrogante”. A Laura com quem converso hoje é diferente da que encarou as ondas em 2009/2010? Olhando para trás, acredita que as críticas tinha fundamento? LAURA DEKKER Acho que sou muito sortuda por ter crescido em um barco, sob a tutela de um pai que é excelente navegador e construtor de barcos, mas eu nunca tive nada de mãos beijadas. Depois que meus pais se divorciaram, eu e meu pai moramos em um pequeno trailer por alguns anos, até que nos mudamos para o barco que ele estava construindo. O pouco dinheiro que tínhamos era destinado para o barco e eu tinha de trabalhar para ganhar cada centavo. Eu amo meu pai e tenho certeza que não conseguiria fazer o que fiz sem seus ensinamentos. Uma das lições mais valiosas que ele me deu é que, se eu realmente quero algo, devo correr atrás – mas sonhos e barcos não caem do céu. Trabalho exaustivamente desde os 8 anos, e com as minhas economias consegui comprar meu primeiro barco e depois o Guppy, com o qual naveguei o mundo. Se ser “mimada” é ter tudo o que se quer de maneira fácil, então, não, nunca fui mimada. Claro que sempre tive o amor da minha família, o que conta (e custa) muito. Como todo adolescente, também tive lá meus desafios e teimosias. Nunca fui nenhum anjo, mas tive a sorte de ter determinação e um sonho enorme, o que me manteve muito ocupada, já que eu precisava aprender todas as técnicas e ainda economizar dinheiro. RI Tenho certeza de que a sua vivência, de algum modo, “obrigou-a” a amadurecer depressa. Quando você desembarcou, teve dificuldade em se relacionar com pessoas da sua idade? LD Nunca tive muitos amigos porque o meu projeto consumia praticamente todo o meu tempo livre. Minha vida sempre foi muito diferente da dos meus colegas de escola. Mas, quer saber? Eu não mudaria nada. De fato, sempre tive mais facilidade em lidar com adultos do que com os adolescentes da minha fase – e isso persiste até hoje, já que a grande maioria dos meus amigos é mais velha mesmo. Eu gosto de ouvi-los contar histórias e aprecio sua companhia. Aprendo muito com eles, porque eu realmente os escuto. Importante ressaltar que também tenho amigos mais jovens, com quem converso, saio e me aventuro. Posso não ter muitos amigos, mas os poucos que tenho são ótimos. RI O que a atrai tanto no mar e no mundo da navegação? LD Sou viciada naquela sensação incrível que invade a gente, quando o barco é movimentado apenas pela força da água. Adoro a força da natureza, que pode ser tão violenta e, ainda
assim, linda – e útil. Gosto de caçar horizontes por dias a fio até encontrar ilhas e continentes inteiros, inundados por culturas e pessoas muito diferentes umas das outras. Amo levar a minha casa comigo para qualquer lugar. Amo a paz que encontro no mar, onde não há nenhum outro ser humano causando problemas. Existe apenas a natureza, pura e perfeita, forte e linda. E eu estou no meio dela pura e simplesmente para tentar chegar a um novo destino, enquanto tento manter o barco inteiro. Eu dependo e trabalho com a natureza para explorar novos destinos. A vida no mar pode ser difícil e desgastante fisicamente, mas, para mim, emocionalmente, é mais fácil, porque não preciso lidar com essa questão de sociedade e sociabilidade. Não que eu odeie humanos, mas é fato que somos os causadores dos problemas – e, às vezes, é importante dar um passo para trás e ver a coisa como um todo. Para mim, o oceano é perfeito. RI Você prefere o pôr ou o nascer do sol? Quando e onde testemunhou o mais belo espetáculo do sol? LD Eu gosto do nascer do sol, gosto de ver a escuridão se dissipando aos poucos, até que uma luz forte e amarela abrace o mundo e anuncie o novo dia. Não consigo lembrar qual pôr ou nascer do sol foi o mais bonito – vi tantos e tão incríveis. Não há nada no mar que atrapalhe ou interrompa esse espetáculo, tão único a cada dia e a cada lugar. RI Para ser um ótimo velejador, é preciso lidar bem com a solidão. Você ainda precisa ficar sozinha de vez em quando? LD Você só precisa lidar com a solidão se quiser ser um navegador-solo. Caso contrário, tem de ter muito jogo de cintura para administrar diferentes pessoas 24 horas por dia, sete dias por semana. Mas, para responder à sua pergunta, eu curto, sim, estar sozinha de vez em quando, mas, cá entre nós, acho que momentos importantes e especiais apenas são válidos quando temos amigos e a família por perto. Gosto de navegar sozinha para pensar e não ter de me preocupar com as pessoas ao redor, mas também adoro partilhar o meu amor pelo oceano com os outros. RI Depois de visitar tantos lugares, pessoas e culturas, ainda acredita que o ser humano é genuinamente bom? LD Acho que há algo de bom em todo mundo, mesmo que não consigamos ver num primeiro momento. Acredito que as crianças nascem inocentes, puras e boas, mas, ao longo da jornada da vida, podemos ser tomados por pensamentos negativos. Há quem seja forte para lutar contra esses pensamentos, outros não. Encontrei pessoas “más” antes, durante e depois da minha viagem. Tenho dificuldade em confiar nas pessoas, e esteja certa de que
nem sempre estou me sentindo confortável ou segura quando estou rodeada de pessoas. Claro que me machuca ver o que os seres humanos são capazes de fazer uns aos outros. Acho que em muitos casos a falta de amor e orientação é a razão para o mau comportamento. RI Qual foi a coisa mais extraordinária que você aprendeu, enquanto velejava pelo mundo? LD Somos capazes de ir muito além do que acreditamos. O corpo e a mente humanos são absolutamente fantásticos. Descobri isso em diferentes “furadas” que me meti durante a viagem. RI Dos lugares que visitou, qual gostou mais? LD Não posso responder, porque cada lugar foi muito especial do seu próprio jeito. Alguns lugares amei porque são lindos, mas não gostaria de viver neles. E outros que são ótimos para viver, mas não tinham melhores
atributos. Penso que, em geral, gostei das ilhas polinésias francesas, devido à beleza dos lugares e à simpatia de seus habitantes. Encontramos beleza nas pessoas e em seus caminhos. Na aprendizagem de cada cultura. RI Quais conselhos daria para quem está começando a velejar? LD Meu pai sempre me disse: “Se você nunca atirar, sempre vai perder”. Às vezes, tentar e falhar é melhor do que ficar em dúvida sobre o que poderia ter sido. A preparação é a chave para qualquer expedição. Ter conhecimento e se preparar é muito importante, pois a estrada será difícil, vai dar muito trabalho. No final, é gratificante. Aconselho a ir navegar com um amigo ou encontrar um barco que precise de alguns deckhands extras. Estar ansioso para aprender e disposto a trabalhar. Para alguns, o oceano é paz, para os outros é horror. A única maneira de saber o que ele é para você é ir descobrir. u
148 ÂNCORA
fotos MARCO ANTONIO
NO TOM DA AREIA
Construída no alto de uma falésia em Trancoso, no sul da Bahia, casa projetada pela arquiteta Débora Aguiar aposta na valorização de materiais naturais da região e na integração interior-exterior para levar toda a beleza de fora – o mar, o jardim, o céu – para dentro
Na piscina, chaises Franccino. No terraço, sofás Artefacto Beach and Country e vasos de cerâmica Silvana Cecilio
150 ÂNCORA
O
clima casual e chique de Trancoso, no sul da Bahia, atrai pessoas de todas as partes do mundo. Muita gente transformou a vontade de levar aquele cenário para casa em refúgio, marcando território para poder usufruir quando bem entender de todas as belezas e energia que o lugar oferece. Ao passar o Réveillon em Trancoso há alguns anos, um casal de empresários ficou absolutamente fascinado com a paisagem e decidiu fincar os pés e parte da vida no charmoso vilarejo fundado no início da colonização portuguesa pelos jesuítas. Não demoraram a encontrar o lugar perfeito no alto de uma falésia na Praia dos Coqueiros, com vista espetacular que une o verde do imenso jardim, o azul intenso do céu e o azul esverdeado do mar. Adquirido o terreno de 2.319,20 metros quadrados no condomínio Altos de Trancoso, o casal convidou a arquiteta Débora Aguiar, que já havia projetado a morada do casal em São Paulo, para visitar o local. E, claro, não deu outra: foi aprovadíssimo. Na ocasião, os proprietários e a arquiteta brindaram a ideia de projetar uma casa que se integrasse perfeitamente à paisagem de Trancoso, especialmente às areias de suas praias – e esse foi o ponto de partida do projeto. Após um ano de estudos e reuniões, o projeto da Casa Areia, como foi batizada, estava pronto. Logo o sonho virou uma residência de 592 metros quadrados e mais 97metros quadrados de piscina, que teve o tom da areia como ponto de partida.
O acesso Ă casa ĂŠ feito pelo jardim da frente: grandes placas de arenito formam o caminho em meio ao jardim. O uso de vidro no teto e nas laterais enche a casa de luz
152 ÂNCORA No living, sofá Dpot, poltronas Etel com tecido Emporio Beraldin, mesas laterais Etel, mesa de centro Tora Brasil, chaises Rio Etel, vasos da Vasos da Terra, luminárias de piso Saccaro, cortinas Uniflex com tecido Emporio Beraldin, tapete em fibra sintética Nani Chinellato e esculturas Arte Aplicada. Na outra página, na suíte master, biombo Etel, poltrona Mole Dpot e abajur Regatta Casa
Com implantação em “L”, o projeto é composto de dois volumes conectados entre si por uma circulação, um pergolado de madeira com cobertura de vidro, atraindo o céu para dentro da casa e com fechamentos verticais por grandes caixilhos de madeira e vidro, trazendo o jardim também para o interior da residência. O acesso ao paraíso do casal é feito pelo jardim da frente: grandes placas de arenito formam o caminho em meio aos variados tons de verde. Ao entrar no volume principal depara-se com um pé-direito de 4,50 metros e amplos espaços: hall, lavabo, living, cozinha gourmet, cozinha de apoio, varanda que se abre para a piscina, deck e o jardim. A integração dos espaços privilegia o convívio entre as pessoas, trazendo a exuberante paisagem para dentro da casa por meio de grandes aberturas em madeira e vidro, textura em piso e paredes e forro, que ajudam na integração interior-exterior. Grandes pilares de madeira – que são bem característicos do trabalho da arquiteta Débora Aguiar – marcam o ambiente. A cor foi desenvolvida especialmente para a residência, tendo como referência as areias de Trancoso, a fim de integrar ainda mais a casa à paisagem. A área social é totalmente integrada e ligada à área de lazer, piscina e jardim. O living abre-se para a varanda, uma estrutura de madeira com encaixes criteriosamente pensados, coberta de vidro e forrada com esteiras de piaçava encontradas na região. A piscina revestida com pedra Hijau da empresa Palimanan foi escolhida por um dos proprietários e deferida pela arquiteta por se integrar perfeitamente ao jardim e dar a impressão de ser uma continuidade do mar visto de cima da falésia. Tons suaves, que vão do bege e areia ao marrom envelhecido, contrastam com o verde intenso do paisagismo e os sempre azuis e ensolarados mar e céu de Trancoso. O uso do vidro dá a impressão de andarmos dentro do jardim, tendo o céu como teto. Toda essa transparência ilumina e ventila a residência, contribuindo com o bom desempenho energético e o conforto térmico. Nem foi necessário ar-condicionado nas áreas sociais. A área íntima, composta de 5 suítes, foi pensada de forma a dar privacidade ao casal e seus hóspedes. Para isso, as suítes de hóspedes abrem-se para um terraço que dá para o jardim lateral. A suíte máster, composta de closet, banho, dormitório e varanda, todos integrados, tem como elemento principal uma grande parede revestida de pedra e a cama com dossel. No banho, um deck de madeira faz a transição entre o acesso e a área das duchas. Sobre as duchas, o pergolado coberto de vidro traz luz e o céu azul de Trancoso para dentro do espaço. Pela varanda dessa suíte se tem acesso à piscina e à vista do jardim e do mar. Parece que a Casa Areia integra-se à paisagem numa relação de simbiose, como se fizesse parte da paisagem sem agredi-la. “A integração entre a paisagem e a residência foi um dos pontos-chave para o sucesso do projeto. Ela está completamente integrada: de um lado, traz o jardim tropical para dentro da residência, por meio de grandes vãos fechados com madeira e vidro, e, de outro, abre-se para o jardim e o mar através da varanda e da piscina”, explicou a arquiteta. u
154 ISCA
texto e fotos JUDITE SCHOLZ fotos LUIZ HENRIQUE MENDES
L’ENFANT TERRIBLE
As criações do chef de massas Carlos Pissani recebem combinações improváveis, como camarão com linguiça ou banana com espinafre, e há nove anos vem conquistando o paladar dos brasileiros
Gamberetto Twist: recheio de camarão frito ao creme de limão e a surpreendente linguiça defumada. Parece estranho? Mas é incrível! Ao fundo, o novo Beneteau Monte Carlo 50’, que oferece recursos e acabamentos de qualidade, combinando materiais nobres e detalhes cuidadosos em um design luxuoso e atemporal. No detalhe, Carlos Pissani na prática cozinha do barco
156 ISCA Raviólis de carne na mesa de apoio no Flybridge, perto da estação de condução com equipamentos de alta tecnologia do Beneteau Monte Carlo. Dansk Kod, com carnes bovina e suína à moda da Dinamarca, seu sabor é diferente e seu recheio, que contém iogurte, um pouquinho de curry e suco de limão, é inovador. Peposo, típica receita de carne da cidade italiana de Florença, é temperada com pimenta, daí o nome, e leva cebolas, tomates e pimentas. A carne é cozida durante horas em fogo baixo para garantir sabor e maciez. Talheres em inox, R$ 3.300 (jogo com 42 peças); jogo americano em couro, R$ 135 (o par); e taça de policarbonato, R$ 145 (kit com 4), tudo da Bordado a Bordo
T
odos os anos, o uruguaio Carlos Pissani começa a criar uma nova coleção logo ao terminar a última, que começa a ser distribuída nas lojas Pissani Massas Gourmet. Nesse ritmo, ele, praticamente, faz quase um trabalho de ateliê, como os grandes estilistas. A inspiração pode vir de um ingrediente, de um sabor experimentado ao acaso em um restaurante ou de uma lembrança distante, mas até ganhar a forma e o sabor finais, percorre um longo caminho de testes e experimentações. É exatamente por isso que sua nova coleção foi batizada de Alba, em homenagem aos artesãos que trabalham com ele e, diariamente, chegam ainda no escuro de tão cedo e vestem seus uniformes brancos para preparar as delícias que, mais tarde, os clientes provarão em suas mesas. Divididas em três estações de trabalho, cada equipe faz alguns tipos específicos de massas. Hoje, a Pissani Massas Gourmet produz, diariamente, 600 quilos de massas feitas à mão, que distribui em todas suas lojas espalhadas pelo Brasil e também em muitos restaurantes. “Tudo é feito em fogo baixo, o que complica a nossa cozinha, mas é mais saudável e respeita tradições. É um produto 100% natural, sem corantes ou conservantes”, conta Carlos. “É tudo como fazia a nona. Claro que ela nem pensaria em um recheio de banana com espinafre, e seria capaz de levantar do túmulo para me matar”, ele brinca. Não é brincadeira. Cada massa, da mesma forma que cada peça de uma coleção de moda, é criada, sofre ajustes, às vezes mudanças de ingredientes, até que o recheio chegue ao ideal do chef – e só o preparo de um molho pode demorar seis longas horas até ficar pronto! Então, definido o recheio, ele cria a forma. “A consistência do recheio é crucial no formato para que fique bem fechada, sem vazar”, conta Carlos. Outra coisa importante é a
Servidos na sala de jantar do Beneteau Monte Carlo, risotos: Tre Funghi e Del Gondolieri, novidades da Pissani, são semiprontos, fáceis de preparar e absolutamente saborosos. Jogos americanos em couro, R$ 135 (o par); talheres em inox; guardanapo em linho com bordado náutico, R$ 138 (o par), porta-guardanapo em acrílico com cabo de seda e pingente em inox, R$ 86 (o par) e taça de policarbonato, R$ 145 (kit com 4), tudo da Bordado a Bordo
158 ISCA No flybridge do Beneteau Montecarlo, refeição ao ar livre: recheios de queijos: Capriccio da Mattina, feito com queijo Reblochon e tâmaras hidratadas em vinho. Cucchi é a combinação perfeita de emental ao pomodoro com pedacinhos de presunto cru. Delicato contém os queijos mussarela e parmesão com polenta cremosa e um toque de castanhas do Brasil
Pissani
tel. (11) 3081-6847
Bordado a Bordo tel. (11) 5093-0396
pesquisa de cores e a textura que vão caracterizar aquele modelo. Da mesma forma que os estilistas criam peças comerciais e conceituais, as coleções de Pissani incluem sabores suaves capazes de agradar com facilidade, como os de queijos, e outros que, de cara, causam estranhamento, mas acabam conquistando as pessoas, além de ajudar a desenvolver o nosso paladar. A cada ano, sua coleção conta com 11 tipos de massas, divididas em seis categorias. São três tipos de massas de queijos, duas de vegetais, duas de carnes, duas de frutos de mar e peixes, uma de frutas e uma doce. Ele conta que o feedback das lojas também o influencia. “O que vende em Manaus é muito diferente do que vende em Brasília, por exemplo. Por isso entendemos quando se fala que o Brasil é um país continental”, diz. Talvez seja por isso que ele mantém nas lojas Pissani uma variedade de mais de 40 recheios, já que os clientes não permitem que os clássicos, como a burrata com lascas de limão, o cordeiro à cerveja com alcaparras e o abacaxi com emmental, saiam de cartaz. Além disso, é possível conseguir, por encomenda, um modelo da coleção passada, o que agrada bastante aos clientes fiéis. O chef de massas é também bastante procurado por restaurantes, para que desenvolva massas a partir de ingredientes específicos e forneça com exclusividade. Carlos acabou de desenvolver um ravióli de costela para o Unique. Na verdade, nos últimos dez anos, ele foi protagonista do preparo da massa no Brasil, e inovou, pegando todo mundo de surpresa, ao propor massas doces como sobremesa. Nem é preciso dizer que todos renderam-se aos modelos com ovos moles ou chocolate – e a coleção 2017 com o Scala Per il Paradiso, que tem doce de leite, merengue e zabaione, nem havia sido lançada. u
Na popa do Beneteau Monte Carlo, a irresistível massa doce com ingredientes que remetem à infância do chef Pissani: doce de leite, merengue e zabaione
por ÉRICA GIACOMELLI*
160 LUXO A BORDO
TENDÊNCIA PARA O VERÃO *Érica Giacomelli é arquiteta e designer de interiores
Soft Future e sua leveza e contemporaneidade na tradução para ambientes internos
A nova tendência para os ambientes internos, e que com certeza estará em alta para o verão, chamada aqui de Soft Future, é a elaboração de ambientes mais leves, que remetem ao nosso presente momento, que é completamente digital. Para incorporar essa tendência, que será peça-chave nas grandes mostras náuticas de 2017, é preciso usar e abusar de outra peça-chave que são os tecidos: são fáceis de ser mudados, práticos, e não precisam de uma completa reforma interna para darem um efeito de novo e atual. A tendência do momento concentra-se em têxteis minimalistas e táteis, que podem ir desde tecidos vivos até elegantes jacquards metálicos. Veludos macios e voiles de seda superleves estão sendo utilizados conjuntamente, criando uma atmosfera limpa e calmante. As estampas DIMENSÕES DIGITAIS são discretas e tomam a inspiração da tecnologia e da natureza, e têm os tecidos têm como motivos gráficos bem sutis que podem variar de linhas distorcidas de inspiração a era digital, com estampas que refletem as codificação de computadores às mini-padronagens desconstruídas e interfaces que o mundo digital aleatórias ou ondulações ricas inspiradas nos tons naturais da terra. nos proporciona, com linhas distorcidas de codificação, Os ambientes Soft Future seguem uma utilização de tecidos com estamapas pixeladas ou texturizados com inspiração na natureza e com estampas de efeitos ópticos. impressas que remetem à digitalização e à contemporaneidade. Os tecidos abraçam as referências naturais e artificiais: tecidos intrigantemente texturizados são a chave, de algodões amassados e TRANSPARÊNCIAS VOLUMINOSAS linhos de jacquards metálicos sintéticos e voiles transparentes. linhas finas, delicadas e gráficas bordadas encontram uma estética A estamparia dessa tendência espelha o futuro: temas digitais e futurista, com tecidos leves e texturas sutis. Cortinas de voile oferecem transparência. Listras e chevrons também são utilizados facetas geométricas informam padrões complexos para tecidos em seda reversível, que brilham bem sutilmente. impressos e para tramas. Já para quem quer abraçar a utilização de texturas, os veludos brilhantes, as sedas reversíveis, os tapetes de plush e os suedes leves fonecem uma variedade tátil com um toque suave e macio. A inspiração vem diretamente da natureza e os tecidos envolvem os tons e padrões da terra, desde terracota e pedra até argila, e imagens digitalmente renderizadas de formações geológicas. Para seguir essa tendência Soft Future para um um interior de iate contemporâneo e leve, a paleta de cores é voltada para cores que remetem a superfícies industriais, naturais e tecnológicas. Os neutros matizados são aterrados por tons terrosos quentes, enquanto a cor seafoam funciona como um sotaque suave para trazer equilíbrio para esses tons enferrujados e queimados. (Colocar imagem da paleta de cores enviada). O direcionamento da tendência segue alguns pontos importantes que podem ser facilmente incorporados em qualquer ambiente interno e em qualquer tamanho de iate. Para aplicar a tendência Soft Future, alguns pontos essenciais são:
ESTAMPARIA DA TERRA a inspiração vem das ondulantes camadas de sedimento de superfícies fraturadas, e os tecidos refletem as maravilhas do mundo geológico. Para tecidos de mobiliário, texturas de rachaduras naturais e superfícies desconstruídas ficam ótimos! Já em tapetes, a tendência é o craqueado da terra.
SUPERFÍCEIS TÁTEIS o veludo, o suede e a camurça são usados para tapetes e grandes almofadas, oferecendo um contraponto à leveza dos tecidos texturizados e “construídos”.
TRAMAS SOLTAS as tramas “caídas” criam malhas abertas para peseiras e cortinas, enquanto as repetições geométricas são traduzidas em jacquards e tecidos que utilizam o crochê como maneira de confecção. As construções frouxas desses tecidos vão muito bem em janelas, almofadas e cobertas leves e soltas.
TECIDOS CASUAIS tecidos “destruídos”, desgastados e amassados oferecem uma estética casual e vívida para os tecidos. Algodões naturais lisos e jacquards são usados na tendência em tons pastel pálidos em almofadas e tapetes.
Uma marca náutica que oferece uma linha de pensamento que segue essa tendência Soft Future é a grife homônima da designer Paola Lenti. A designer vem ao longo das últimas décadas se dedicando à tradução de seu estilo inconfundível e característico para diversos públicos, incluindo o público AAA, que busca a aplicação de suas ideias em Iates. Seu estilo, cheio de referências ao “fazer à mão” italiano misturado com as novas tecnologias de manufaturas de tramas, é reconhecível a distância e a contemporaneidade de seu design é notável em cada peça de mobiliário externo, que acabou se tornando sua especialidade. Sua mais nova coleção é cheia de referências a essa tendência para 2017/2018, principalmente nas tramas e na escolha de tons leves combinados com pops de cores mais fortes e brilhantes.
162 PROA
“Um céu tão sujo não clareia sem uma tempestade” SHAKESPEARE