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| EDItorIal |
J
á totalmente aquecidos para 2018 e às portas de um novo ciclo, presenciamos a chegada da oitava edição da revista SETiN. Simbolicamente, o número oito representa, para as mais variadas culturas, renovação, equilíbrio e completude, características que estão em sinergia com o nosso homenageado em Arquitetura: Sérgio J. Matos, um mato-grossense que faz sucesso no circuito internacional, figurando entre as grandes estrelas do design mundial. Criador de obras premiadas que carregam o DNA do artesanato brasileiro, ele conquistou lugar de destaque no Salão do Móvel de Milão e, em 2005, deixou o emprego seguro que tinha para dedicar-se exclusivamente ao estúdio que leva seu nome. igualmente premiado, só que na área das artes cênicas, é Dan Stulbach, nosso convidado em Espaço Aberto. para a entrevista, foram necessários quase três longos meses de contato de nossa equipe com os representantes do artista. O esforço resultou em um material enriquecedor, especialmente para esta época. Stulbach representa com perfeição o profissional que a sociedade deseja para os tempos atuais e também para o futuro próximo: alguém multitarefas, criativo e antenado, em constante aperfeiçoamento e em sintonia com os novos desafios, características determinantes na vida de pessoas como o jornalista israel Coifman, um dos entrevistados da matéria sobre cicloturismo, na seção Viagem. passeando por outras seções, encontraremos variados formatos, cheiros, cores e sabores em Gastronomia, com a matéria sobre os queijos brasileiros que colocaram o país no mapa das premiações internacionais, algo que também vem ocorrendo com os quadrinhos brasileiros, destaque da seção Arte e Cultura. E as seções urbanismo e Sustentabilidade, onde vemos como a tecnologia de impressão 3D já é uma realidade na construção de casas e edifícios, e o projeto das minicasas sustentáveis na Europa, voltadas em prol da habitação social. Elmo Vermijs, designer holandês à frente desse projeto, diz que a ideia também pode ser exportada para outros países. Boas notícias são sempre grande motivo para iniciar esse novo ciclo com muito entusiasmo e confiança, palavras que desejamos sempre presentes em sua vida. Feliz 2018! Equipe SETIN Incorporadora
Conselho editorial: Departamento de marketing SeTin publisher cláudia campos projeto e direção de arte Osires Gianetti revisão Flávio Dotti Jornalista responsável Kathia Gomes - mTB 32.343 Colaboradores: Bettina monteiro, cristina Teixeira Duarte, Danylo martins, Gustavo de Oliveira, Kathia Gomes, mônica Jorge, Yara Guerchenzon Gráfica Gráfica eskenazi redação editora@claudiacamposconsultoria.com.br publicidade publicidade@claudiacamposconsultoria.com.br Tiragem: 3.000 exemplares A revista SETiN é uma publicação sem fins comerciais produzida e editada por Cláudia Campos Consultoria - Marketing, Comunicação e Eventos. A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam do expediente não estão autorizadas a falar em nome de SETiN ou a retirar qualquer tipo de material, caso não tenham em seu poder uma carta timbrada emitida pela redação.
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| ÍNDICE |
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TENDÊNCIAS
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As inspirações para 2018
gastronomia
Queijos com a cara da Europa feitos no Brasil
ARQUITETURA
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Dan Stulbach, sucesso de crítica e público
Cicloturismo incentiva novo estilo de vida
Mini-eco-casas funcionais prometem acabar com a falta de moradia
ESPAÇO ABERTO
VIAGEM
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Sérgio J. Matos e sua arte multicultural
SUSTENTABILIDADE
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HQs estreiam no Prêmio Jabuti
Support the Locals incentiva consumo sustentável local
Copa 2018: guia prático para se dar bem na Rússia
ARTE e CULTURA
ESTILO
se liga
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URBANISMO
Nova arquitetura é irmã gêmea da tecnologia em 3D
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NEGÓCIOS
Taxas: até que ponto elas afetam o seu investimento?
62
HOTÉIS
Rede AccorHotels e a inovação em gastronomia
74 NOTÍCIAS SETIN
Últimas novidades da SETIN Incorporadora
| tendências | CONHEÇA aS peças que podem inspirar A sua DECORAÇÃO EM 2018 Kathia Gomes
SOLLOS É de Jader Almeida, o designer brasileiro que também é diretor criativo da marca Sollos – reconhecida pela produção de peças de design com alta qualidade –, um dos lançamentos mais aguardados do ano: a mesa de jantar Lobb. O móvel faz uma alusão às clássicas bases de mesas vitorianas e tem como destaque os pés robustos em madeira maciça em harmonia com o metal fundido, que suportam o tampo com centro em vidro de maneira delicada e sutil. sollos.ind.br
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Fotos: DIVULGAÇÃO, Jader Almeida para SOLLOS
Brera Design acaba de lançar uma nova linha de móveis com tecnologia de som acoplada. Idealizada pelo designer italiano Giorgio Rubega, a linha Harmonia apresenta mobiliários inspirados na cultura brasileira, com cores, técnicas de produção, interpretação e expressão das músicas típicas do país. As coloridas peças interagem com o usuário por meio de um sistema de som integrado, via bluetooth. "Acredito que um projeto autoral é o resultado das experiências de cada um. Por isso, busquei dar a minha interpretação, materializando o meu olhar sobre a cultura brasileira. Isso resultou em formas coloridas e assimétricas com uma superfície dinâmica, reflexo de uma sociedade multiétnica e animada, na qual o ritmo, a música e a cultura são testemunhas da história da população", explica o designer. breradesign.com.br
DURAVIT Objetos multifuncionais são a nova tendência da atualidade. Com essa premissa, o escritório austríaco EOOS assinou para a Duravit esta banheira com o box do chuveiro integrado, chamada Shower+Bath. Como opcional, a parede de vidro lateral pode ser transparente ou espelhada. sergonprime.com.br
Design português A mesa Lapiaz foi desenhada para pessoas que gostam de luxo em cada detalhe da decoração, sendo ideal para eventos ou celebrações. Trata-se de uma peça exclusiva do estúdio de design Boca do Lobo, de Portugal, conhecido por incentivar novos desafios para artesãos e projetistas, além de dar liberdade para processos criativos diferentes, que envolvem a descoberta de novas técnicas, materiais e conceitos que ainda estão sendo testados. Talvez por isso, esta mesa, ainda que sozinha, se configura como uma verdadeira obra de arte, não precisando de mais nada para se destacar e impressionar os convidados. bocadolobo.com
VASOS DA TERRA Marcelo Bellotto acaba de apresentar sua nova criação: Elle, um vaso que, além de sua função prática, chama atenção por ser uma obra de arte que carrega todo o mistério e aconchego de um ventre. Tanto que o nome da obra, que em francês significa Ela, foi escolhido por simbolizar essa característica primordial. E o emprego da fibra de vidro como o material de composição trouxe resistência, durabilidade e leveza. Ao mesmo tempo que pode ser um vaso, também corresponde a outras funções, como champanheira. vasosdaterra.com.br
Lantai Especializada em revestimentos naturais, a empresa está presente em todo o território nacional, por meio de seus mais de 130 pontos de distribuição. Seu portfólio apresenta objetos garimpados em diversos países e inclui pedras vulcânicas, seixos, tijolos, travertinos, revestimentos de microsseixos, entre muitas outras opções. Atende a estilos diversos, em áreas internas ou externas. lantai.com.br
EcoSimple Fundada em 2010 por Claudio Rocha e Marisa Ferragutt, a EcoSimple é uma empresa de conceito inovador: fabrica tecidos para decoração e moda de forma sustentável. Os produtos são compostos por 70% de algodão e 30% de PET, ambos reciclados, e dispensam aditivo químico. O processo produtivo tira proveito de sobras e aparas têxteis, que são separados por cor, medida que preserva a pigmentação já existente e colore os novos fios, além de reduzir o uso de água. ecosimple.com.br
GRAVIDADE É o nome desta obra do artista plástico e designer Hermes Santos, nascido em São Paulo. Recentemente, ele teve parte de seu acervo exposto no IED - Istituto Europeo di Design, e agora sua obra está disponível também para venda. Feita com a tecnologia de impresssão em 3D, a peça tem formato abstrato, simulando um constante movimento. hermessantos.com.br
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DrapeSSe cHair poltrona projetada para impressionar nos jantares mais exigentes, integra a linha Dapresse, da Koket. Feita com materiais com qualidade para proporcionar o maior conforto possível, a peça impressiona pela sensação de aconchego que gera no privilegiado que a experimenta: todo o seu design foi pensado para imprimir a ideia de um abraço amigo, daqueles que torcemos para que dure o máximo possível. peça curinga em qualquer decoração de bom gosto, combina com o clássico e igualmente com as tendências mais contemporâneas. bykoket.com
caFÉ cOm eSTiLO Na contramão da moda do café rapidinho e espresso (feito sob pressão), a marca japonesa Kinto lançou a linha Slow Coffee, um convite requintado para a volta ao cafezinho feito à moda antiga, sem qualquer tipo de pressa. Desenhado com linhas simples, mas igualmente sofisticadas e atemporais, o kit de café japonês ainda vem com uma vantagem para aqueles que desejam uma alternativa mais sustentável: o filtro de papel foi substituído pelo de metal, que pode ser na cor prata ou dourada. kintostore.com
STacKS Tem sotaque carioca uma das linhas mais cobiçadas da nova coleção da St. James: Stacks, criação do renomado Brunno Jahara, um dos jurados do prêmio Salão Design 2018, o mais cobiçado da América Latina. pioneira na fabricação de peças de prata no Brasil, a empresa atualmente comercializa as obras desenvolvidas com exclusividade pelo designer. Com 14 itens, a linha apresenta peças variadas, como castiçais, fruteiras, petisqueiras, bandejas, caixas e pratos. Os modelos estão disponíveis com acabamento em prata, latão, níquel ou cobre. saintjames.com.br
Fotos: Priscila Prade
| espaรงo aberto |
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DAN STULBACH ATOR, APRESENTADOR, DIRETOR, RADIALISTA E COMENTARISTA, O ARTISTA COMEMORA SUA ÓTIMA FASE ENQUANTO se PREPARAPARA NOVOS DESAFIOS
Kathia Gomes
E
ra 26 de setembro de 1969 quando os rapazes mais famosos de Liverpool lançaram Abbey Road, o último disco gravado pelos quatro Beatles e até hoje considerado por seus admiradores como o melhor da banda. Do lado de cá, no Brasil, acontecia o 13º Campeonato Brasileiro de Futebol, no qual o Corinthians se destacou a maior parte do tempo, apesar de a competição ter sido vencida pelo Palmeiras. Considerado pela história como “o ano em que tudo aconteceu”, 1969 viu a chegada do homem à Lua, em julho, e, apenas dois meses depois, o nascimento do ator corintiano de ascendência polonesa: Dan Filip Stulbach.
Comparado com uma certa regularidade ao astro norte-americano Tom Hanks, por conta de suas características físicas, a semelhança é mais próxima no talento: desde 2002, quando foi lançado nacionalmente por conta da peça Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil, Stulbach já foi indicado a melhor ator 16 vezes, ganhando nove vezes. São premiações importantes e cobiçadas, como o Prêmio Shell e o APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Isso até o momento, já que não colocamos nesta conta as indicações quase certas por sua interpretação de Eugênio, na novela “A Força do Querer”, o mais recente folhetim de Glória Perez para a Globo. O advogado feito por ele tornou-se um dos mais falados pela imprensa especializada e pelas redes sociais, hoje o maior termômetro para medição de popularidade de alguém ou de uma obra. Os dramas de Eugênio só encontram igual destaque em Marcos, o violento marido que batia em Raquel (Helena Ranaldi) com uma raquete de tênis, personagem da novela “Mulheres Apaixonadas”, de 2003.
Mas estar na boca do povo já é um costume para Dan Stulbach, que retornou às novelas após apresentar a última temporada do CQC (Custe o Que Custar), polêmico programa da Band. Sua desenvoltura à bancada lhe rendeu indicações ao Prêmio F5 (Folha de S. Paulo) e ao Troféu APCA. Considerado no Brasil um artista igualmente querido pela crítica e pelo público, Stulbach é reconhecido por ser um profissional multitalentoso: no cinema, fez cinco longas e, em 2015, após rescindir o contrato com a Band, liderou o programa Bola da Vez, do canal ESPN, onde ficou até janeiro deste ano. Mas seu namoro com a apresentação começou bem antes, em 2010, época em que integrou o time de apresentadores do Saia Justa, do GNT. Sua desenvoltura foi muito elogiada, mas não causou surpresa, uma vez que já era conhecida por conta dos trabalhos feitos como apresentador e comentarista da rádio CBN, onde segue até hoje no programa Fim de Expediente, ao lado de Luiz Gustavo Medina e José Godoy. Fora das artes, Stulbach tornou-se um torcedor de futebol apaixonado, escolhendo o Corinthians como o seu time do coração - seu conhecimento sobre o assunto é tanto que ele chegou a ser convidado pela ESPN para comentar a Copa do Mundo 2014. As multitarefas de Stulbach talvez se expliquem em sua formação. Sua família, toda formada por judeus poloneses, mudou-se para o Brasil por conta da devastação gerada pela Segunda Guerra Mundial. O ator e apresentador foi o primeiro membro dos Stulbach a nascer em solo brasileiro. Inquieto, ele chegou a pensar em outras profissões antes de se decidir pela área artística. Ao prestar vestibular, passou em Medicina,
Fátima Bernardes] me chamaram para o programa [em 2014 ele substituiu a apresentadora em suas férias], já era uma evolução deste processo.
Saber de onde você veio, por que está onde está e pra onde você pode ir é muito importante na vida de qualquer pessoa
SETIN - E daí você partiu para o CQC, na Band, o que gerou muita surpresa… Dan Stulbach - Pois é, o CQC era diferente de tudo isso, porque o que eu faria lá seria uma coisa mais centrada na minha pessoa. Eu teria que dar opinião, sem personagem, sem nada, e sem nenhuma coisa escrita também, ou seja, sem ajuda de teleprompter. Vi como um novo desafio para mim, algo bastante empolgante, e mudei radicalmente. Mas o importante é que cada uma dessas fases representa um aprendizado. Depois disso, ainda fui para o canal ESPN fazer um programa de entrevistas, onde aí não era mais apresentação que importava, e sim o encontro e a entrevista. Cada um desses lugares foi especial e ajudou na minha formação, gerando um entendimento e compreensão diferentes. Agora, se me perguntam da minha formação, a resposta é só uma: eu sou ator. Sempre fui ator e este é o meu lugar. Sou ator de teatro.
Administração e Engenharia, porém acabou optando pela Comunicação Social, cursada na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. Isso ocorreu logo após a sua volta dos Estados Unidos, onde morou por nove meses e fez cursos livres de interpretação, chegando a trabalhar como pipoqueiro e bilheteiro de cinema. Na ESPM, criou o grupo de teatro Tangerina, que existe até hoje, e durante oito anos dirigiu espetáculos, muitos deles premiados em diversos festivais de teatro amador. E é no teatro que reside sua grande vocação, apesar de todas as experiências em outras áreas. Suas referências em teatro ainda são Antunes Filho e Zé Celso Martinez, considerados por ele como diretores geniais, mas ele não consegue se limitar a viver somente no mundo das artes. Tanto que, em declarações recentes, disse que após o fim da novela “A Força do Querer” é bem provável que volte ao cinema ,e para surpresa de muitos, também afirmou que vem refletindo sobre sua entrada em um ramo totalmente diferente: a gastronomia. Sim, o premiado ator, acostumado aos holofotes por conta de suas atuações memoráveis, gostaria de virar assistente de um chef de cozinha, trabalhando por um bom tempo em um restaurante, “algo bem diferente do que faço hoje”, disse ele.
SETIN - Mas você acabou se formando em Comunicação Social, não é isso? Dan Stulbach - Sim, fiz o curso na ESPM, mas isso só mostra que a comunicação sempre foi e continua sendo o centro de tudo em minha vida e carreira. SETIN - Sua família tem uma história muito rica. Como toda essa bagagem histórica influencia em suas escolhas? Dan Stulbach - A importância de um povo saber sua história é fundamental. Saber de onde você veio, por que está onde está e pra onde você pode ir é muito importante na vida de qualquer pessoa. Com isso, sabe-se também o que se tem que fazer para mudar certos vícios e ciclos que se repetem, ou seja, percebe-se que as coisas não são exatamente novas, elas estão se repetindo há algum tempo, algo fundamental para que se construa o seu futuro, e isso vale tanto para o país como para você, enquanto pessoa.
Como se pode ver, com tanta sensibilidade, criatividade e vontade de interagir e conhecer mais profundamente outras áreas além da dramaturgia, Stulbach é, antes de tudo, um homem que gosta de desafiar a si mesmo, não se limitando às zonas de conforto que o sucesso traz, conforme pode ser visto nesta conversa que Cláudia Campos, publisher da revista SETIN, teve com o ator.
SETIN - Foi por isso que você participou da série Era Uma Vez Uma História, na Band? Dan Stulbach - Aquela série sobre história do Brasil foi maravilhosa de fazer porque tive a Lilia [Lilia Schwarcz, historiadora e antropóloga] como companheira e aprendi muito com ela. Era um desafio diferente porque misturava ficção na dramaturgia e a realidade. A Lilia supervisionava tudo para que os fatos fossem contados o mais correto possível, só que de uma forma divertida. Estávamos disseminando conhecimento e a televisão foi o veículo escolhido para levá-lo a todos os lugares, da forma mais acessível possível.
SETIN - De onde vem o estímulo para atuar em áreas tão diversas? Dan Stulbach - De diversas fontes diferentes: vem da vontade de aprender e de evoluir no entendimento das pessoas e até mesmo do encontro com outros talentos e profissionais de áreas que não são as minhas. Mas foi o teatro que me possibilitou tudo isso, pois por meio dele acabei fazendo uma descoberta sobre sobre minhas reais aptidões. O teatro sempre foi essencial em minha vida. A partir dele comecei a me expressar e a dizer coisas a meu respeito, por meio da interpretação de textos de autores com experiências diferentes das minhas. Já estabelecido no teatro, fui para a rádio, após começar a sentir a necessidade de me expressar sem ser por meio de um personagem, ou seja, atuando. Isso tornou tranquila minha transição para apresentação de programas de TV. Então, quando a Fátima [Bernardes] e o Boninho [diretor do programa Encontro com
SETIN - Neste sentido, apesar da força da internet, a TV ainda desempenha forte papel na hora de informar. Como isso o afeta na hora de escolher seus personagens? Dan Stulbach - Com certeza, especialmente para tratar de temas que são difíceis, como os que abordamos 14
De volta à Globo interpretando Eugênio, na novela A Força do Querer, Dan Stulbach esteve entre os assuntos mais comentados pela imprensa e pelas redes sociais
recentemente na novela. Seja na instigação de questões como a transexualidade em uma novela, algo totalmente novo e que pautou as redes sociais em muitos momentos, seja tratando da história de um país, a televisão ainda é um veículo de comunicação muito importante. E quando se consegue fazer algo assim, engrandecemos muito o pensamento da sociedade. SETIN - A preocupação que você demonstra ter com a sociedade tem a ver com a própria história de sua família, que precisou se mudar para o Brasil? Dan Stulbach - Sim, eu sou filho de poloneses e o fato de você ser de uma família que veio de outro país para cá, em busca de melhores condições de vida e de realização de novos sonhos, acaba criando outras responsabilidades, ainda mais como filho mais velho e primeiro a nascer aqui, para eles um novo país. Houve uma cobrança muito grande quando resolvi ser ator, até porque se trata de uma família pequena e existia essa responsabilidade social de uma família estrangeira que se mudou para o país. As necessidades das culturas polonesa, judaica e da imigração, todas elas somadas, formam e influenciam a minha forma de pensar, sem sombra de dúvida.
SETIN - Nos anos 2000, você brilhou em Novas Diretrizes em Tempos de Paz, peça bastante elogiada e que retrata, entre outros temas, a questão da guerra e de refugiados. No momento em que discutimos uma nova lei de imigração, para você, qual é a importância dos imigrantes na construção do país? Dan Stulbach - É fundamental, assim como nos Estados Unidos e nas Américas como um todo. As imigrações e culturas se fundem com a cultura local, trazendo novidades e novas possibilidades. Além disso, moro em uma cidade que é São Paulo, profundamente marcada por várias culturas, como a japonesa e italiana, e isso se vê na mistura do linguajar e dos pequenos costumes. Mas mais do que isso, depois da guerra e por muito tempo, o Brasil representava esse lugar onde se podia ter o melhor restaurante judeu na frente do melhor restaurante árabe convivendo em paz, assim como tantos outros antagonismos que no mundo inteiro são impossíveis. O Brasil foi e ainda é um país onde essas diferenças todas são superadas, com amor e compreensão. É uma histórica aceitação e espero que isso não mude. A imigração traz isso, o que é diferente. E o diferente é bom.
Após o seu último sucesso na Globo, o ator agora se prepara para projetos em cinema e também na gastronomia SETIN - Não podemos deixar de falar de seu trabalho mais recente na novela da Globo, que foi muito comentado, inclusive nas redes sociais. Dan Stulbach - Sim, hoje, quando estou em um determinado lugar, com frequência vem alguém agradecer pela novela ou então pelos vídeos que eu fiz e postei no Facebook. A divulgação de determinados temas é importante para toda a sociedade. por meio da novela, da escrita de Glória perez e da interpretação dos atores, é gerado um contexto emocional bonito de envolvimento, e portanto de vínculo com os espectadores.
SETIN - Além dos trabalhos como ator e apresentador, você também é respeitado por seus comentários sobre futebol. Em sua opinião, de que forma o esporte ajuda a cultura de um povo? Dan Stulbach - O futebol, assim como o samba e a música, é parte genuína da cultura do Brasil, e se mistura com a imagem que o país tem. Ele sempre caminhou com os nossos conflitos históricos. Ainda assim, tivemos muitos fatos importantes, como, por exemplo, quando o Vasco da Gama aceitou jogadores negros. Foi o primeiro time a fazer isso, essa provocação muito positiva feita pelo futebol. As formações de suas arquibancadas, profundamente brasileiras e misturadas, acabam gerando um diálogo importante. E principalmente pra mim, com a criação da Democracia Corintiana. Não só por ser corintiano, mas porque Sócrates e outros jogadores propuseram uma democracia onde haveria eleições diretas e com direitos iguais de voto. Algo inédito em nossa sociedade na época, que vinha de um golpe militar e de eleições indiretas, onde os votos eram diferenciados. A partir daí, todos os torcedores passaram a ser provocados a pensar sobre o assunto. Quando Sócrates fez uma capa na revista placar com a chamada “Se o Brasil mudar, eu fico”, referindo-se ao seu desejo de eleições diretas, todos os torcedores passaram a pedir para que ele ficasse. Até quem não sabia do assunto passou a se informar. Então, o futebol passou a ser usado para um questionamento político, o que mostra o quanto é importante para a sociedade.
SETIN - Você chegou a fazer laboratório ou algum tipo de pesquisa sobre psicopatia? Dan Stulbach - pesquisa sobre psicopatia não tive, não. A personagem da irene [Débora Falabella], quando entra, funciona muito mais em cima da velha e clássica questão da traição conjugal, do homem que se sentia infeliz em casa e que, por isso, acaba se encantando por ela. E vale lembrar: o Eugênio não assistia novelas, o que é uma confusão que as pessoas fazem [risos]. porque o público vinha com broncas sobre ele, perguntando como percebia o problema dela. Mas claro que ele não percebia! Ele fazia parte da trama que se desenrolava, então, não via que estava sendo enganado por ela. A questão com ela era muito mais densa. Ele só percebeu o problema mais para a frente, o que é normal quando alguém se envolve com pessoas com esse perfil. 16
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| gastronomia |
Oui, o melhor queijo é nosso! França premia o queijo brasileiro Canastra com o título de melhor do mundo, deixando para trás produtos de 20 países
Kathia Gomes
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O grande campeão vem das montanhas do estado de Minas Gerais, onde a poesia de Carlos Drummond de Andrade, a magia de Guimarães Rosa, o amor pela cultura da roça e um bom dedo de prosa produziram o queijo da serra da Canastra, que desde 2013 tem autorização para ser comercializado fora do Estado. O queijo Canastra é uma grande herança da culinária portuguesa e chegou ao Brasil com a vinda da família real. Na época, o queijo era um alimento indispensável aos exploradores e trabalhadores, devido à possibilidade de conservação do leite durante as longas jornadas de trabalho.
Com boas proporções de carboidratos, proteínas, gorduras, ferro, cálcio, potássio, fósforo e vitaminas D e do complexo B, é um alimento completo, e mesmo aqueles que não são conscientes sobre essas propriedades concordam: queijo é tudo de bom! E o Brasil, que hoje produz e comercializa até os veganos (sem proteína animal), entrou de vez para o seleto
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Fotos: DIVULGAÇÃO
grupo internacional de produtores. No início deste ano, os queijos mineiros ficaram na liderança do Salão Internacional do Queijo da França, realizado em Paris, conquistando um total de 12 medalhas, segundo a Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg). Nossos mineirinhos competiram com 700 produtos de 20 países, um feito e tanto!
á se foi o tempo em que receber bem era sinônimo de longas horas de preparação e cansaço. Hoje, elegante mesmo é ser prático e autêntico, mas sem perder o charme e o sabor oferecidos pela alta gastronomia. E dentro disso, uma caprichada tábua de queijos no centro de uma mesa ainda é, para a grande maioria, a experiência mais satisfatória, delicada e saborosa que alguém pode oferecer a amigos e familiares, transformando o encontro em uma ocasião única e especial. Democrático, o queijo vai bem com quase tudo: vinhos, cervejas artesanais, pães, frutas, entre diversos complementos, como mel e geleias.
De lá para cá, quase nada mudou e o preparo tradicional do Canastra (que desde 2008 tornou-se patrimônio cultural imaterial brasileiro, título concedido pelo IPHAN, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ainda preserva praticamente o mesmo método de produção artesanal, considerado um charme a mais, inclusive pelo naturalista e botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, que chegou a registrar em carta a receita de seu queijo preferido. Mas não só Minas Gerais produz queijos premiados. A cerca de 280 quilômetros de distância da Serra da Canastra fica Amparo, no interior de São Paulo. O local é o berço do queijo Tulha, que também no início de 2017 ganhou o primeiro lugar do World Cheese Awards, em San Sebastian, na Espanha, considerado o maior concurso de queijos do mundo. Criado pelo casal Paulo e Rosana Rezende, o Tulha é fruto da Fazenda Atalaia, onde desde 1870 são fabricados outros tipos de queijo, todos exclusivos.
O queijo Canastra é considerado um produto vivo e desde 2008 é patrimônio imaterial brasileiro
Harmonização de queijos José Osvaldo Albano do Amarante é reconhecido no Brasil como um dos grandes especialistas em produção de queijo e suas combinações. Consultor e professor de gastronomia, ele é autor do livro Queijos do Brasil e do Mundo (Ed. Mescla) e dá para os leitores da revista SETIN algumas dicas preciosas para impressionar em qualquer reunião sobre queijos, veja: TIPOS Os queijos podem ser servidos à francesa, isto é, durante as refeições, logo após a salada, para neutralizar a acidez da mesma, antes da sobremesa, ou como refeição completa. No último caso, o ideal é servir no mínimo quatro e no máximo seis tipos. QUANTIDADE Recomenda-se calcular 100 gramas por pessoa, quando servido ao final do jantar, ou entre 200 e 250 gramas (cerca de 50 gramas de cada queijo por pessoa), quando o queijo for servido como refeição completa. DEGUSTAÇÃO Eles devem ser comidos obedecendo à ordem de sabor, isto é, dos mais fracos para os mais fortes. O mais recomendado é que cada queijo seja apresentado em bandeja separada (principalmente os mais fortes), com sua própria faca, e identificados pela sua embalagem ou etiqueta, ou seja, nada de cortar ou picar queijos na hora de servir. ACOMPANHAMENTOS Os queijos deverão ser servidos preferencialmente acompanhados de: Vinho: 2 tipos secos (branco e tinto) e no máximo 3 (o terceiro sendo um Sauternes ou um Porto). Se for servir apenas 1 vinho seco, escolha um Pinot Noir ou um Chardonnay. Pães: baguete francesa, pão italiano, ciabatta, pão preto e torradas (pão sírio, pão francês). Frutas: algumas pessoas gostam de limpar o paladar com frutas, além do pão. As mais usuais são a uva (que refresca), maçã (para queijos floridos) e pera (para os azuis). No final do ano, usamos também frutos secos, como nozes, amêndoas e avelãs, que deixam a tábua ainda mais bonita. MONTAGEM DE TÁBUAS No caso de seis queijos, escolha apenas um de cada categoria listada abaixo. Se preferir cinco queijos, selecione 1 de cabra/ovelha (fresco), 1 de casca florida, 1 de casca lavada, 1 semiduro/duro ou cabra/ovelha (curado) e 1 azul. Para quatro queijos, opte por 1 cabra/ovelha (fresco), 1 casca florida ou casca lavada, 1 semiduro/ duro ou cabra/ovelha (curado) e 1 azul. DICA Ao terminar a degustação de queijos, é sempre interessante servir um prato quente, “para transmitir ao estômago uma sensação agradável de conforto”. Nesse caso, uma boa opção é o fondue de queijo, raclette (um tipo suíço de queijo), sopa de cebolas gratinada ou outro prato de seu agrado. HARMONIZAÇÃO COM BEBIDAS Apesar de muitos acharem que queijo vai bem somente com vinho tinto, diversos especialistas concordam que a acidez do vinho branco associa-se perfeitamente com a do queijo. Não é necessário ter queijos de todas as categorias, mas é interessante incluir os de diferentes texturas e sabores, dos suaves aos mais fortes, e também ter uma variedade de cores e formatos. Se possível, use facas próprias para queijos e jamais os espete com um garfo no momento de cortar. 20
Raclette, jeito suíço de servir queijo, faz sucesso no Grand Hyatt São Paulo Com maturação média de um ano e meio, o Tulha foi avaliado em um evento que reuniu 266 jurados de 26 países. Ao todo, mais de 3 mil queijos de 31 regiões do mundo participaram do concurso, sendo que o de Amparo foi o primeiro do Brasil a ser selecionado para o concurso. Depois do Canastra, esta é a segunda vez que um queijo brasileiro recebe um prêmio internacional, o que, por si só, já garante, entre uma degustação e outra, uma boa conversa para quem adora falar das histórias que cada alimento carrega. Mas não só de premiação vive um bom queijo. O que mais impressiona ao falar sobre essa iguaria adorada em quase todo o mundo – todos os anos são produzidos 18 bilhões de quilos – é que mesmo existindo inúmeras versões (só na França são mais de 700 tipos), todos os queijos são diferentes, carregando identidade e personalidade únicas, o
que só é possível “graças à forte ação do terroir, conjunto de características que o produto incorpora do lugar onde foi produzido”, diz o consultor e maître fromager Jair Jorge Leandro, da Mont-Joli Queijos Especiais. Autor de quatro livros dedicados ao universo dos queijos e uma das principais referências no Brasil sobre o assunto, Jair conta que o segredo para uma boa degustação é “não complicar demais”. O queijo faz parte do cardápio humano desde o início da domesticação dos animais pelo homem, e a forma como o conhecemos hoje não se deve à Itália ou à França, e sim ao Oriente Médio. Por volta de 3000 a.C., os sumérios da Mesopotâmia já registravam cerca de 20 queijos frescos diferentes. Depois, coube aos gregos levarem a iguaria para a Itália, e daí, já sabemos a história: o queijo ganhou o mundo!
A queijaria típica francesa agora tem várias versões na capital de São Paulo francesa Bongrain, também dona da Polenghi). Paralelamente, os colonos italianos em São Paulo fizeram surgir por aqui os queijos de massa filada (Mussarela e Provolone).
Já no Brasil, a indústria queijeira começou nos fins do século 19, em Minas Gerais, graças à imigração de europeus não ibéricos – também contrariando a crença de que o produto nos foi apresentado pelos portugueses. De acordo com José Osvaldo Albano do Amarante, autor do livro Queijos do Brasil e do Mundo, os pioneiros foram dois queijos holandeses, que desenvolveram o nosso tão apreciado Queijo do Reino, baseado no Edam holandês. Até então, só dispúnhamos do queijo Minas, elaborado artesanalmente em diversas fazendas espalhadas pelo Estado, de forma amadora e, em geral, para consumo próprio.
Hoje, os maiores estados produtores de queijos finos são: Minas Gerais (principalmente na região sul, montanhosa), líder com mais de 75% da produção, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os principais queijos brasileiros vendidos atualmente são: minas artesanal, tipo parmesão, artesanal de Alagoas, reino, prato, estepe, coalho, manteiga, artesanal serrano, colonial, kochkäse, queijos de cabra brasileiros, queijos de ovelhas brasileiros e queijos de búfala brasileiros (incluindo o Marajó).
Contudo, o grande salto de nossos queijos se deu com a vinda de famílias dinamarquesas, que se instalaram no Sudeste de Minas Gerais, no início do século 20. Esses imigrantes fundaram algumas das mais tradicionais empresas queijeiras do país e que até hoje estão estabelecidas no mercado nacional de queijos finos, como Skandia e Campo Lindo (ambas adquiridas pela
Mais do que saber sua origem, o mais interessante é entender que, mesmo sendo produzido com o mesmo método pelo mesmo produtor, jamais um queijo será igual ao outro, tendo cada um a sua própria personalidade. 22
Rota dos queijos
Onde encontrar
Aos apaixonados ou novatos apreciadores do universo dos queijos não faltam opções interessantes no exterior, com pacotes turísticos para rotas que incluem acompanhar a produção e fazer degustação de queijos na Toscana, Suíça e até mesmo na Califórnia. Mas quem inicia nesta área deveria começar por Minas Gerais, a terra dos queijos no Brasil.
Selecionamos algumas lojas confiáveis que fazem a entrega dos produtos mais desejados em sua casa, bastando escolher online ou pedir por telefone.
Com tantas cidades que sobrevivem da venda do produto artesanal, já se forma uma rota turística, que inclui regiões como a Canastra, o Cerrado e o Serro, explica Bruno Cabral, maître Fromager Affineur da loja O Mestre Queijeiro, em pinheiros, zona oeste de São paulo. “Embora não exista uma rota oficial do queijo, na prática várias empresas de turismo já incluem pacotes voltados a este fim, devido à grande procura por turistas que desejam conhecer a região motivados por este tema”, diz ele.
Como conhecer canastra adventure canastraadventure.com.br O passeio é marcado pela simplicidade das roças da região do parque Nacional da Serra da Canastra e inclui visitas a fazendas para acompanhar o processo de fabricação artesanal da ordenha ao consumo, com degustação do queijo em toda a sua fase de maturação. Tamanduá Turismo hserradacanastra.com.br uma das opções é o programa Queijaria roça da Cidade, que inclui visita completa à fazenda produtora de queijo canastra mais próxima do parque Nacional e da cidade de São roque de Minas. Durante a visita o turista receberá informações sobre a produção do queijo e poderá degustar diferentes produtos no local. instituto estrada real institutoestradareal.com.br Se você quer ficar por dentro de todos os eventos e cursos relacionados ao mundo dos queijos, não só de Minas Gerais, como os de São paulo e rio de Janeiro, o início de partida é por aqui. Na aba Terroirs é possível fazer uma busca por evento e categoria, bem como acessar empresas que oferecem pacotes turísticos sobre o tema.
A Queijaria aqueijaria.com.br Os mais vendidos por lá são o da Serra da Canastra e o crema de búfala, mas eles têm vários tipos de queijo artesanal, como o Mantiqueira, coalho e o manteiga. Mestre Queijeiro mestrequeijeiro.com.br Oferece um kit com quatro queijos selecionados (incluindo o premiado Tulha) e várias outras opções, como o Serro, Colonial e Serra da Canastra. Empório Santa Luzia santaluzia.com.br Dispõe de uma grande carta de queijos na loja física, tendo poucas opções para venda online. Bistrot de Paris bistrotdeparis.com.br Espaço comandado pelo chef francês Alain poletto, é o melhor lugar de São paulo para degustar raclette (prato típico suíço, que consiste em servir o queijo derretido), com acompanhamento que inclui batatas cozidas, frios, cornichons, cebolinha e baguette. um acontecimento! Clube do Queijo clubedoqueijo.com.br Você escolhe uma das três categorias de sócio: Meia Cura, Curado ou Extracurado, e recebe um kit todo mês, contendo queijos inéditos. Quanto maior o tempo de sua associação, menor o valor mensal gasto. Queijo D’Alagoa queijodalagoa.com.br Em 2017, o Queijo Alagoa Grande recebeu a Medalha de Bronze no Mundial Du Fromage, em Tours, na França, destacando-se entre os 700 queijos de mais de 20 países. É produzido nas montanhas da Mantigueira, em Minas Gerais. Queijaria Alpi queijariaalpi.com.br É da família Alvarenga, que produz e comercializa queijo Canastra meia cura e queijo Canastra real de qualidade superior, produzidos artesanalmente a partir de leite cru ao pé da Serra da Canastra, entre piumhi e São roque de Minas. Também vende lindas tábuas feitas com troncos e madeiras rústicas.
| viagem |
Turismo de bike Cicloturismo conquista paulistanos, que aproveitam qualquer espaço na agenda para ganhar as ruas, a estrada e até outros países
Fotos: DIVULGAÇÃO | onatha Junge
Gustavo de Oliveira
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A
paixonados por cicloturismo têm ganhado cada vez mais força, movimentando um estilo de vida e de mercado que não para de crescer: o esporte é bastante democrático, podendo ser praticado por pessoas das mais variadas idades. Tanto que, de acordo com o IBGE, hoje o país já conta com 50 milhões de bicicletas, contra 70 milhões de automóveis. Natural de Santos, em São Paulo, o jornalista Israel Coifman, 34 anos, tinha uma bem-sucedida carreira em grandes empresas como MTV e ESPN, quando teve seu primeiro contato com esse tipo de aventura, participando do Circuito do Vale Europeu de bicicleta, no interior de Santa Catarina. Após pedalar por sete dias direto, ele tomou a decisão que mudou sua vida e toda a forma de pensar e se relacionar com o mundo: conhecer o mundo de bike. “Ali eu tive certeza do que queria para a minha vida e, então, deixei o trabalho, fiz um planejamento detalhado e vendi tudo o que tinha, como carros, móveis e eletrodomésticos”, lembra.
Pé no pedal: alguns turistas buscam destinos diferentes e novas amizades. Outros, uma aventura com um certo grau de dificuldade
cidades como São Paulo. E esse crescimento se deve a vários fatores, mas, na capital paulista, tornou-se um motivo de desestresse para profissionais que passam o dia inteiro entre escritórios e reuniões, já que proporciona vários benefícios: melhora da saúde com bem-estar físico, maior sociabilidade, melhora da rotina no trabalho, com dicas sobre foco, alcance de objetivos/metas, convivência em grupo e trabalho em conjunto.
Sua aventura teve largada em Blumenau, Santa Catarina, em dezembro de 2016, e o objetivo inicial era percorrer 55 países, com mais 50 mil quilômetros e sete continentes rodados sobre duas rodas. “Mas agora não tenho mais previsão de retorno, virou um projeto aberto”, explicou Israel à revista SETIN, dizendo que, nesta primeira etapa, ainda está pelas estradas da América Latina. A expedição, que hoje conta com alguns patrocinadores, é atualizada em tempo real pelo site do projeto criado por ele, o Lifelapse (lifelapse.com.br), via sistema de rastreamento por satélite chamado Spot Gen3. O encantamento pelas aventuras sobre duas rodas frequentemente rende declarações apaixonadas em suas redes sociais.
Estilo de vida
“Viajando pela Cordilheira Blanca – Peru, passei por dias acima dos 30 graus e madrugadas abaixo de zero. Chuva fina de dia e forte à noite. Atravessei um arco-íris tão grande que quase dava para ver o pote de ouro”, registrou Israel no Instagram. "A Pachamama, como os Quechuas chamam a mãe natureza, é o único lugar possível para estarmos com a gente mesmo e nunca nos sentirmos sós”, concluiu, para logo em seguida arrancar dezenas de elogios de seus seguidores, que demonstraram ficar inspirados com os relatos.
O cicloturismo não é um termo novo, mas nos últimos anos ganhou força com a popularização de viagens de grupos por estradas de todo o país e pelo mundo. O que para muitos era impensável anos atrás, como, por exemplo, viajar de bicicleta pela Bavária, pedalando de Viena a Zurich, tendo como visão as mais lindas paisagens, agora é uma realidade muito possível. No Brasil, um dos destinos mais procurados é a estrada velha de Santos, local badalado e frequentado por esportistas e ciclistas de todo o país. Também é possível conhecer o extenso litoral brasileiro sobre duas rodas, o que acaba dando para os viajantes um respiro terapêutico, principalmente entre aqueles que vivem a maior parte de suas vidas entre as quatro paredes de um escritório.
Apesar dessa experiência ser bastante particular na vida de Israel, ela não é única, já que a popularização do cicloturismo tem rendido histórias semelhantes, principalmente em
Mas por que não pegar um avião e partir direto para o destino paradisíaco? A resposta, muitas vezes, está no caos e impessoalidade reinante nos aeroportos, no estresse do 26
Travessia dos Andes pelo Paso Vergara trânsito e pedágios com preços exorbitantes, apontados como alguns dos problemas que fazem com que algumas pessoas prefiram a bicicleta para realizar viagens de lazer. Junte tudo isso à busca pela paz interior, ao desejo de estar bem com o seu o próprio corpo e sua mente, ao contato com a natureza e, principalmente, à sensação de liberdade que uma boa pedalada proporciona. Nessa aventura, alguns preferem realizar o trajeto tanto acompanhados quanto sozinhos, com a família ou grupo de amigos. Mas há os que percorrem trilhas pelo interior e, para isso, fazem um treino pesado durante a semana. São viagens muitas vezes realizadas por grupos que já pedalam pela cidade à noite e têm um condicionamento físico que não compromete a viagem dos demais, detalhe muito importante para quem está começando. O psicólogo Neder Duarte, 56 anos, realiza com frequência essas viagens e já encontrou desde o trajeto mais pesado, com grandes ladeiras e chuva, até o mais suave, com pista plana. “Geralmente, em todos os grupos a camaradagem e o companheirismo se fazem presentes, o que torna a experiência ainda mais gratificante. Exemplo: não deixamos um companheiro para trás. Se furar o pneu, todo o grupo socorre”, conta ele. Para a funcionária pública Karin Coltro, de 40 anos, nessas viagens a aventura começa quando se inicia o estudo do trajeto
pedal mapeando as dificuldades que serão encontradas. “Eu prefiro viajar sozinha ou com apenas uma companhia, por questão de mobilidade. Já realizei várias viagens, a mais longa foi de 1.000 quilômetros, de Florianópolis a Gramado, em 73 horas. Viajar de bicicleta é sentir a liberdade plena de poder ir aonde quiser, no tempo que quiser, e sentindo o perfume da natureza. Dentro de um carro me sinto aprisionada, não viajo 1.000 quilômetros por nada desse mundo. Com a experiência, carregamos pouquíssimas coisas e aprendemos a lidar com o estritamente necessário em uma viagem”, relata a Karin. Para ela, que é guia da pedalada noturna dos Biken Beer, o custo baixo dessas viagens e a oportunidade de conhecer pessoas com o mesmo espírito aventureiro são muito estimulantes. Até bem pouco tempo atrás, andar de bicicleta pela metrópole era considerado um ato de loucura beirando a insanidade. Pegar a estrada, então, era coisa de outro mundo. E para o publicitário Tiago Vieira, 31 anos, que sempre pedalou por São Paulo, o enjoo pelo mesmo cenário e o desrespeito de alguns motoristas no trânsito foram justamente o que motivou a esticar a aventura para outros horizontes. Ele, que começou a se aventurar pelas estradas em 2015, já realizou mais de 50 viagens, pedalou 305 quilômetros até Paraty e percorreu 453 quilômetros pelo interior do Estado. “Muitas vezes o que menos importa é o destino. Já cheguei a fazer viagens para a praia em que eu nem entrei no mar, pois era o trajeto o que me interessava.
O turismo de bike proporciona momentos como este, de total contemplação Com a bicicleta você consegue aproveitar de ponta a ponta cada momento da viagem, o cheiro do mato, o som ambiente, o contato com novos lugares. O conjunto disso tudo faz essa escolha valer a pena”, conta Tiago. Nas suas redes sociais, vídeos denunciam o estresse e o descaso dos motoristas no centro urbano de São Paulo, e exibem que ainda hoje, mesmo com várias ciclovias, é preciso tomar muito cuidado.
com maior atuação no Estado de São Paulo, o público que procura a agência é bem diversificado. “Vai desde o casal de namorados até o senhor com mais idade. Geralmente são pessoas que trabalham muito durante a semana e querem desopilar", diz ele. A preocupação com a saúde, conta Gustavo, é um dos principais motivos da procura por esse tipo de passeio, que traz lazer, turismo e paisagens deslumbrantes como parte do pacote.
Um dos locais que são atrativos para viajantes como Tiago é o percurso que inclui a Trilha da Estrada Velha de Santos. Conhecida por juntar história e natureza no mesmo trajeto, é um dos circuitos mais badalados dos ciclistas. Para o administrador Carlos Nagar, 50 anos, que realizou essa viagem com dois amigos e esticou o trajeto até o Guarujá e Bertioga, esse momento em cima da bike é o sentimento total de liberdade e desapego juntos. “Minha primeira pedalada na estrada foi para Santos, e de lá para cá, já realizei infindáveis viagens", diz ele.
Para Adriana Kroehne, 48 anos, proprietária da Bike Expedition, uma agência especializada em viagens de bike pelos países da Europa, Ásia e África, com opções dos mais variados trajetos para grupos de amigos e familiares, uma série de conjunturas fez com que a procura pelo cicloturismo no exterior disparasse. “O aumento de ciclovias pelo país, a divulgação maciça da imprensa e uma proximidade maior das pessoas com o meio ambiente fizeram com que esse ramo tivesse um salto quantitativo. Tanto que, dez anos atrás, quem procurasse esse tipo de viagem era considerado fora da casinha", diz ela. Os números corroboram sua afirmativa e, para 2018, ela já está com quase todo o calendário de viagens preenchido.
O vento batendo no rosto e "os perrengues encontrados pelo caminho, gerando aprendizados com cada nova situação, acabam se tornando uma motivação indescritível", lembra Carlos, que é categórico: "Viajar de bicicleta é fazer uma viagem dentro da viagem", diz ele, que já chegou a fazer 1.100 quilômetros sozinho. Motivado por essa paixão, há 25 anos ele ajudou o início dos passeios de bike pela cidade, e, há 8 anos, fundou o grupo Quintal do Pedal. Logo em seguida, deu iniício ao Biken Beer. “Muitas pessoas vão e vêm nesses grupos e isso é cíclico. Mas a amizade permanece, pois a história que passamos juntos fica marcada para sempre em nossas vidas”, conclui Carlos, com uma certa dose de nostalgia.
Segundo um estudo encomendado pela European Cyclists Federation, de 2016, o benefício econômico da bicicleta na Europa é estimado em 205 bilhões de euros. No velho continente a estrutura das ciclovias é um dos atrativos de cobiça da maior parte dos ciclistas que procuram realizar esse tipo de passeio. “O foco da minha agência não é aventura, é passeio. A maior parte da procura são de famílias e grupos de amigos que querem conhecer a Europa de bicicleta. Eu tenho roteiro que vai desde da Toscana a Croácia, com grau de dificuldade maior, até trajetos que podem ser realizados na companhia de crianças, nas cidades de Provence, Bolonha e Amsterdam, que são ciclovias planas, que dá para relaxar e ter uma experiência prazerosa”, declara a empresária. Uma viagem de oito dias e sete noites sai em média de 3 a 4 mil euros, dependendo do país escolhido, com tudo da melhor qualidade e um guia de acompanhante. Tem trajetos que podem chegar até 1.5 mil euros, sem luxo, mas com qualidade e conforto.
Do Brasil para o mundo Com quase 500 quilômetros de malha cicloviária, São Paulo viu o número de ciclistas aumentar e com isso o interesse por agências especializadas em viagens para esse seguimento saiu ganhando. Para o jornalista e empresário Gustavo Angimahtz, 32 anos, da Pediverde, uma agência que promove passeios e viagens personalizadas pelo Brasil, 28
Turismo com segurança de GPS e outros localizadores
Viaje sem surpresas Ficar em forma, desligar-se da rotina do trabalho em busca de autoconhecimento, fazer novos amigos pelo esporte ou até mesmo parte de uma grande aventura – seja qual for a motivação de sua viagem, saiba que é importante se preparar com cuidado antes de partir para uma viagem de bike. Ao contrário do que muitos pensam, não é preciso ser um praticante experiente, mas o planejamento é essencial para uma bem-sucedida e segura experiência. Por isso, atente-se a alguns cuidados que devem ser tomados antes de pegar a estrada. Com a ajuda de Israel Coifman, que em 2016 iniciou uma volta ao mundo sob duas rodas, a revista SETIN preparou um guia prático para incentivá-lo a iniciar uma aventura que, bem planejada, será a mais inesquecível de sua vida. Planejamento Defina com clareza qual será seu objetivo com a viagem e de que forma ela será conduzida, colocando no papel todos os imprevistos possíveis, de forma a amenizar quaisquer problemas com acidentes. Check-up Passar por consulta médica, fazer exames e, até mesmo, ir ao dentista antes da viagem é vital para evitar problemas, bem como assegurar-se de tomar vacinas, dependendo dos países que visitar. Sem contar que o médico poderá prescrever receitas e medicamentos que poderão ser usados em determinadas situações. Se você toma medicações específicas, leve-as com você e peça para seu médico escrever uma receita em inglês. Finanças Tenha toda a verba necessária para a viagem, bem como um extra para acidentes, caso surjam. Se a viagem for longa, deixe as contas com pagamentos agendados para evitar dor de cabeça em sua volta. Em determinadas regiões os cartões de créditos são mais difíceis de serem aceitos. Ou seja, vá sempre com dinheiro em mãos para pagar táxi, remédios ou até mesmo a diária de um hotel/pousada.
Equipamentos em dia Faça uma checagem detalhada de todos os eletrônicos que pretende levar, deixando-os completamente carregados e até levando baterias e carregadores extras. HD externo e um celular sobressalente também são válidos, assim você fica seguro se perder um deles. Roteiro detalhado Um roteiro escrito de forma clara é importante para uma viagem sem sustos. Caso não vá por pacote de agência, procure informações sobre as rotas que pretende fazer, qual o melhor caminho, a distância exata e possíveis obstáculos. Anote os horários e preços de balsas, estradas de terra e qual a inclinação a ser enfrentada. Também considere o peso da bagagem. Revisão Você não sabe quando vai ter acesso a mecânicos ou lojas especializadas, por isso, leve sua bicicleta para uma checagem completa antes de viajar e, se possível, tenha noções básicas sobre o funcionamento e acessórios da bicicleta. E, também, não se esqueça de levar as seguintes ferramentas extras: corrente, pastilhas de freio, câmaras e bombas de ar. Bagagem Existem bolsas próprias para serem anexadas na bicicleta. Dê preferência para as que sejam à prova d'água. Isso protegerá as suas coisas diante das diferentes condições climáticas. Evite levar mochilas nas costas, pois, no decorrer da viagem, você sentirá dores e um cansaço bem maior. Assim, o ideal é distribuir o peso da bagagem na própria bike. GPS Para a sua segurança, faça um diário de bordo online e utilizando a tecnologia de GPS, na qual familiares e seus seguidores possam acompanhar sua exata localização, em tempo real. Verifique com frequência se está configurado corretamente e com todos os mapas de que vai precisar.
Ciclistas se concentram na entrada do Pátio do Colégio, no centro de São Paulo, antes de iniciar a próxima aventura
Higiene Procure levar todos os cosméticos e itens de higiene pessoal em tamanho reduzido. Algumas marcas já oferecem kits de viagem próprios para isso. Na Europa Se for para algum país europeu, faça a carteirinha do Camping Europe. É fácil e eles entregam em qualquer endereço no mundo. O documento facilita muito a entrada nos campings, nos quais terá prioridade. Roupas Para ganhar mais espaço, faça rolinhos com as roupas, em vez de colocá-las dobradas no alforje. Isso economiza espaço e as mantêm menos amassadas. Lembre-se de distribuir as roupas igualmente, de forma a não desequilibrar a bike durante a viagem.
Quem leva
Documentos Escaneie todos os seus documentos: passaporte, cartões de crédito, RG, CPF, comprovante de endereço e mande para o seu e-mail, com cópia em nuvem ou dropbox. Assim, se precisar, você poderá acessá-los de qualquer computador conectado. Leve uma ou duas fotos 3×4.
Pediverde pediverde.com Bike Expedition bikeexpedition.com.br
Companhia Se pretende viajar sozinho, faça várias playlists, assim a viagem fica mais animada durante todo o trajeto.
Estrada Velha de Santos terrazul.tur.br Bike’n Beer facebook.com/bikenbeer.com.br
Previna-se Mesmo se optar por usar GPS, tenha sempre um mapa de papel com você – e há um aplicativo (gratuito) chamado maps.me, em que você baixa o mapa do país que pretende visitar. Ele funciona offline e é um excelente backup, pois além de informar sua localização, também aponta para qual direção você está indo. Também é possível baixar o mapa de determinada região para o Google Maps.
Auroraeco auroraeco.com.br Komune Travel komune.com.br Sampa Bikers sampabikers.com.br 30
O MELHOR MIXED USE DO PACAEMBU SÓ PODERIA SER OBRA DA TOLEDO FERRARI.
A Toledo Ferrari é uma das mais importantes, sólidas e tradicionais construtoras de São Paulo. A empresa, parceira da Setin, é reconhecida pela capacidade de construir grandes obras com alto padrão de qualidade. São 3,5 milhões de metros quadrados construídos e uma infinidade de clientes satisfeitos.
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| arquitetura |
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Sérgio J. Matos A essência da brasilidade marca o trabalho do premiado designer mato-grossense radicado na Paraíba, terra que o acolheu e revelou toda a riqueza da arte e cultura regionais
Yara Guerchenzon
C
omo um caldeirão cultural com tempero mestiço que o abastece de inspiração, o designer de mobiliário Sérgio J. Matos extrai da própria região que escolheu para viver toda a base de criação, carregada de história, laços afetivos e a própria identidade que tanto representa o nordeste brasileiro. Nascido no Mato Grosso, em Paranatinga, elegeu a Paraíba para fazer o curso de Design de Produto, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), onde se formou em 2005, e desde então vem dando vida a móveis e objetos que resgatam saberes ancestrais transmitidos de geração em geração dentro de comunidades artesãs da região, resistindo ao tempo e preservando sua memória. E, dessa forma, o feito à mão, pleno de calor humano, estampa o selo da originalidade de peças que, dentro e fora do Brasil, despertam admiração. Não à toa, do estúdio do designer, o Sérgio J. Matos Studio Design, aberto em 2010, saem para todo o país e mundo afora produtos de assinatura peculiar, reconhecidos por suas tramas têxteis que amarram tradições e registros do folclore, garimpados no cotidiano e nas ricas paisagens. Nessa trajetória, nutrida de cores, fios e formas, Sérgio J. Matos, aos 40 anos, já arrebatou prêmios que projetaram seu trabalho pelo planeta.
Fotos: Divulgação
Um deles é o Design Excellence Brazil, em 2011, pela criação de três móveis: o pufe Carambola, a poltrona Balaio e o banco Xique-xique. O primeiro deles é uma peça versátil, que faz as vezes de cesto, e cujo desenho de gomos remete à fruta agridoce originária da Ásia e peculiar em todo o Nordeste brasileiro. “Sua forma aguça o olhar pelo entrelaçamento artesanal da corda de poliéster sobre o aço carbono ou alumínio”, comenta o
designer. Já a segunda, a Balaio, carrega a regionalidade da feira-livre, com sua estrutura de aço revestida com fios coloridos reproduzindo os cestos de fibra natural que abrigam produtos no território do comércio popular. “A peça captura as características rústicas da cestaria e, através da matéria-prima simples, alça sofisticação na trama artesanal.” Por fim, o banco Xique-xique, feito de madeira com acabamento natural ou de MDF com esmalte sintético, reproduz o desenho desse cacto presente na caatinga. Além do banco, a linha é composta por mesas de forma igualmente complexa e exótica, que simboliza em detalhes os espinhos dessa planta, exaltando a perfeição do trabalho artesanal. No ano seguinte, em 2012, Sérgio J. Matos trouxe da Alemanha o importante if Product Design Award, também pelo pufe Carambola, que já ganhou outras versões, como o tamanho Extra Grande. Além desses, Sérgio ainda recebeu o italiano Be Open, que ganhou em 2014 pelo desempenho criativo do seu estúdio, somando-se aos prêmios Sebrae Minas de Design, na categoria Mobiliário; Museu da Casa Brasileira e Design Brasil Award. Segundo Sérgio — para quem o design deve encantar a alma, seduzir os sentidos, exercer fascínio a um primeiro olhar, convidar ao toque e contar uma história através de formas, cores e texturas —, “receber prêmios de prestígio incontestável para o design internacional é sempre uma honraria. De certo modo, a premiação pelo if Product Design Award, em 2012, por exemplo, aguçou a curiosidade da mídia especializada no momento em que no Brasil pulsava uma nova geração de designers empenhados em fazer a diferença, em mostrar um trabalho autoral. Esse movimento começou a chamar a atenção aqui e além das fronteiras”.
DNA Brasil No seu acervo, além das peças premiadas, estão algumas que ganharam espaços de destaque em diversas publicações especializadas em design e, ainda, a participação em mostras de decoração pelo país. uma delas é a Coleção Marakatu, de 2012, composta de tapete (desenvolvido com exclusividade para a By Kamy), banqueta e fruteira, cuja inspiração estabelece uma ligação com o Maracatu Nação, bailado da cultura popular brasileira de origem africana. Há, ainda, a Coleção Chita, com desenho inspirado na estampa de flores da chita, o tecido popular que faz parte da história da formação social brasileira. A linha traz luminárias e mesa lateral estruturadas em arame e envolvidas com fios de crochê pelas mãos caprichosas das artesãs paraibanas. Já a cadeira tem o aço como estrutura e a amarração em corda envolvendo o desenho exótico das flores.
Vaso Casa Amarela, da Coleção Grades do Recife, inspirada nos gradis de casas seculares da capital pernambucana
No portfólio de Sérgio J. Matos tem também a série Corais de Acaú, cujo design se apropria das formas do coral Chifre de Alce e envolve aspectos sustentáveis, além do trabalho das artesãs de Acaú, praia do município paraibano de pitimbu. Nessa linha, estão uma poltrona, que tem base de aço coberta pela junção de mil peças de fio de algodão, e uma mesa lateral, cuja base remete a um coral reproduzido em arame e somado à aplicação de uma camada de cascalho obtido a partir do descarte da casca do marisco. De aspecto fiel à inspiração, essa coleção tem, ainda, vasos, luminárias e fruteiras. Também famoso é o balanço Bodocongó, que remete à fervura gastronômica das festas juninas do Nordeste e ao universo das feiras livres. A matéria-prima protagonista são 40 colheres de pau, tão presentes na culinária regional, atadas à base de aço carbono. O balanço integra o arquivo permanente do Museu da Casa Brasileira, em São paulo, despertando no visitante emoções que rondam a infância e convidam a tirar os pés do chão e flutuar.
Mesa de centro da Coleção Xique-xique, com tampo de vidro e base de MDF com esmalte sintético
Poltrona Arreio, com estrutura de aço e dez cintas de couro idealizadas originalmente para atar a sela ao corpo do cavalo
E vale mencionar a poltrona Balão, que extrai suas linhas da tradição dos festejos juninos, dando forma a um desenho geométrico espetacular. É o design que puxa pelo fio da regionalidade, reproduzindo losangos e detalhes triangulares forjados no aço e envoltos pela corda colorida de poliéster. Forma, volume e cores acendem memórias da festa em torno da fogueira. Já entre as produções mais recentes estão a cadeira Cobra Coral, de 2016, e a Bakairi, lançada neste ano, ambas com estrutura de aço e tramas feitas de corda náutica. A primeira traz no encosto da peça o entrelaçamento que enfatiza leveza e movimento, exaltando a beleza da cobra coral presente em todo o território brasileiro. Já a segunda apresenta linhas geométricas pronunciadas, inspiradas na etnia indígena homônima que habita as margens do rio paratininga, no Mato Grosso.
Os premiados bancos Xique-xique, de MDF com esmalte sintético, cujo desenho reproduz o cacto presente na caatinga
Poltrona Balão: um desenho genial que remete à tradição dos festejos juninos 34
A cadeira Chita extrai suas formas das flores que estampam o popular tecido brasileiro O designer Sérgio J. Matos e sua poltrona Bodocongó, peça feita com colheres de pau entrelaçadas, que também deram origem ao balanço dessa mesma coleção
Uma das produções mais recentes, a cadeira Cobra Coral, de 2016, tem estrutura de aço e tramas de corda náutica
O desenho da cadeira Morototó vem da semente da árvore de mesmo nome, reproduzida na tríade robusta de aço e corda naval
A versão Extra Grande do pufe Carambola, peça premiada aqui e na Alemanha
Lançada neste ano, a cadeira Bakairi apresenta linhas geométricas que fazem alusão à etnia indígena homônima
A premiada poltrona Balaio remete aos cestos de fibras naturais tão comuns nas feiras livres do Nordeste brasileiro
Identidade regional Ao relembrar o início de sua carreira, o designer conta que entrou neste segmento assim que se mudou para Campina Grande: “Consegui um estágio numa empresa de mobiliário e, a partir desse momento, passei a me envolver e a estudar cada vez mais sobre o assunto, buscando referências nacionais e, ao mesmo tempo, tomando um caminho diferente do que me foi apresentado na universidade, cujo conteúdo era voltado ao design europeu e americano. para mim, tudo o que via na paraíba era novidade, diferente dos meus colegas que já moravam aqui e para quem aqueles elementos todos eram comuns. Não conseguiam enxergar a beleza do lugar. Assim começou a ideia de fazer algo relacionado à identidade regional. E, dessa pesquisa, surgiu o interesse pelo desenvolvimento de produtos com características brasileiras”, recorda. Nesse caminho, marcado pela singularidade de laços e tramas presentes em suas criações, a originalidade contrasta com a tecnologia, destacando o aspecto luxuoso do artesanato. Sérgio também comenta sobre cada etapa do trabalho, desenvolvido por sua equipe: “É uma tessitura feita a muitas mãos, de forma colaborativa. O Estúdio não se restringe a um nome. É uma equipe, e cada peça de mobiliário e decoração leva em sua essência um pouco de cada integrante. Da inspiração ao produto final, são muitas etapas: é preciso pesquisar, esboçar, projetar, moldar, forjar, estruturar, soldar, tramar, pintar, embalar, conferir, despachar. Há muita troca envolvida para fazer acontecer, para construir a imagem do design que busca afirmação pela identidade e densidade simbólica”.
O designer mergulha no Rio Negro com o cesto Buriti, feito de piaçava. A peça foi desenvolvida para comunidades indígenas da cidade de Barcelos, no Amazonas, que a produz em exclusividade para as lojas Artefacto. Seus detalhes, ao redor, são inspirados no fruto do Buriti
Sérgio J. Matos também atua como consultor em projetos que unem o artesanato ao design, em parceria com o Sebrae de Tocantins, Amazonas e paraíba. Segundo ele, esse trabalho é “uma vertente de transformação social no berço de comunidades artesãs incrustadas nos lugares mais longínquos. Através delas, o Estúdio lapida experiências fortalecidas na troca do conhecimento. A fusão do design com o artesanal esboça nosso horizonte e alarga a percepção para projetos assentados na herança dos antepassados”. São experiências que traduzem uma imersão na ancestralidade, na riqueza material e imaterial do lugar, na otimização da matéria-prima do entorno e referências de pertencimento. “Cada experiência gera oportunidades empreendedoras, resgata sonhos individuais e coletivos, fortalece a crença nas habilidades herdadas dos antepassados e projeta a autoestima como combustível para aprimorar riquezas que estão na ponta dos dedos, na palma das mãos”, pontua o celebrado designer.
Tapete da coleção Marakatu, de 2012, que resgata o Maracatu Nação, bailado da cultura popular brasileira de origem africana
O caçuá – cesto de vime ou cipó feito para transportar o cacau – dá nome ao sofá de inox e trama de polipropileno, que ganha estética contemporânea exaltando a essência artesanal 36
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| sustentabilidade |
mini-eco-casas já são uma realidade Holanda e outros países criam aldeias para ajudar pessoas em situação de risco – solução pode ser uma saída para a falta de habitação
Fotos: divulgação
Gustavo de Oliveira
As mini-eco-casas de Hatteras, na Carolina do Norte, são tão encantadoras que até viraram atração turística 38
A
construção de casas pequenininhas, de 33 metros quadrados, com painéis de energia solar no telhado e janelas que permitem a entrada abundante de luz externa está movimentando a cosmopolita Eindhoven. Tudo isso porque nos arredores da quinta maior cidade da Holanda foi arquitetada uma vila no estilo de tiny houses, um movimento social que promove a redução do espaço construído, propondo gastar muito menos e, com isso, reduzir os excessos que grandes casas geram, como desperdício de energia elétrica, água e lixo. A iniciativa comandada pelo arquiteto Elmo Vermijs merece destaque, já que impacta positivamente o meio ambiente de toda a cidade, sendo aclamada e servindo de modelo em todo o mundo por conta de seu objetivo inicial: oferecer um lar seguro, atraente e confortável para pessoas que passam por dificuldades de viver em sociedade.
Com uma população de 223 mil habitantes – um pouco mais que a metade da região central de São Paulo –, não é de se estranhar que um projeto desta natureza tenha saído de uma cidade com histórico de pesquisa e desenvolvimento, abrigando a Design Academy Eindhoven, no rol das melhores universidades de design do mundo. O projeto foi uma encomenda da organização The Trudo Housing Corporation, voltado às causas em prol da habitação social, com forte ênfase à utilização de energias limpas, como a solar e práticas sustentáveis, como hortas comunitárias. A Trudo teve como inspiração o Skaeve Huse, uma expressão dinamarquesa que quer dizer “casas especiais para pessoas especiais”, e com esse objetivo em mente, as casas foram idealizadas e projetadas. Tendência mundial Ainda na Europa – mais precisamente na Escócia –, um projeto semelhante vem sendo colocado em prática pelo Social Bite, uma popular rede de cafés idealizada por seus donos para unir duas de suas paixões: gastronomia e empreendimento social. O sucesso é tanto que hoje eles contam com a ajuda dos atores George Clooney e Leonardo Di Caprio, de forma a inspirar projetos semelhantes e expandir os negócios. E se antes o objetivo era dar emprego para moradores de rua, agora a ambição é um pouco maior: todo o dinheiro arrecadado vem sendo revertido na construção de eco-vilas, lançando inicialmente dez casas. Em sua fase inicial, a vila receberá 20 moradores por ano. Além da residência, eles terão fornecimento de água, eletricidade e mantimentos, além de aconselhamento e acompanhamento para que, durante sua hospedagem, possam ser reinseridos na sociedade. A iniciativa, embora louvável, é transitória, ao contrário da holandesa, onde não há tempo máximo de permanência. Mas será que iniciativas semelhantes poderiam resolver o problema de moradia de São Paulo e outras capitais brasileiras? Em entrevista exclusiva para a revista SETIN, o arquiteto Elmo Vermijs deixa claro que sim. Mas lança ressalvas: “Se eu chegasse ao Brasil para fazer um projeto similar, nunca teria o resultado obtido nos Países Baixos, mesmo que o ponto de partida fosse o mesmo”.
Exemplo de uma Skaeve Huse, inspiração para o projeto social do arquiteto Elmo Vermijs Elmo Vermijs é um arquiteto e designer que tem feito a diferença na forma de pensar a moradia inclusiva na Europa e no mundo. E, de lá da Holanda, onde comanda seu estúdio, ele deu mais destalhes sobre como foi o desenvolvimento de seu projeto, além de contar como foi tirar do papel a vila de mini-eco-casas sustentáveis, equipadas com a tecnologia da energia solar, que, segundo ele, já faz parte da rotina de sua cidade. Mas será que esse modelo poderia ser viabilizado e popularizado também no Brasil? De acordo com ele, sim. Confira:
privacidade. Para pessoas em situação de necessidades, um lugar como este faz a diferença e representa um recomeço. SETIN - Como foi a readaptação dessas pessoas que agora voltaram a pertencer a um local e conviver em comunidade? Elmo Vermijs - A Trudo levou algum tempo para colocar as pessoas nas casas, até porque cada vez que o lugar recebe uma nova pessoa a dinâmica muda. Ou seja, durante todo esse tempo a dinâmica está sendo diferente e com situações diferentes. Vale lembrar que há um administrador que fica na vila diariamente, separando parte de sua rotina para atender às dúvidas dos moradores.
SETIN - Como surgiu a ideia de criar um projeto voltado para pessoas em situação de risco? Elmo Vermijs - A ideia partiu do The Trudo Housin Corporation, que me contratou para projetar casas em uma pequena área com floresta não habitada. Respeitando a vegetação local, mantivemos as árvores e construímos as casas. A Trudo queria projetar o Skeave Huse de uma maneira diferente do que vinha sendo feito, principalmente quando iniciado por uma corporação. Eles pretendiam criar pequenas casas que afetariam o estado de espírito dos moradores de forma positiva, em vez de apenas olhar para o tamanho e custo das casas. Pensando nisso, procuraram um designer que pudesse traduzir o que idealizaram de forma alegre, positiva, prática e funcional. O fato de o cliente assumir essa posição é bastante incomum. Além disso, a abordagem pessoal em relação aos moradores, a escala e a questão de influenciar o estado de espírito pelo projeto, foram itens que realmente me tocaram.
SETIN - A sustentabilidade é uma bandeira que você defende ou foi especificamente para esse projeto? Elmo Vermijs - É extremamente importante. Até porque ela decidirá como será o futuro dos nossos filhos e do planeta. A educação, na minha opinião, é a chave. Se pudermos ensinar nossos filhos que é normal separar o desperdício, ou melhor, mostrar que o desperdício não existe, podemos criar um futuro para eles. A arquitetura é uma ótima maneira de mostrar esse caminho, o de que é possível desencadear as mentes dos outros com a tradução de pensamentos em projetos visuais e tangíveis que questionam coisas para ajudá-los a realizar projetos melhores. SETIN - Como convencer a grande massa de que a energia solar é muito melhor que a energia tradicional? Elmo Vermijs - Mostrando como funciona e tornando-a tangível para as pessoas em pequena escala.
SETIN - Da idealização à implementação, quanto tempo de projeto foi necessário? Elmo Vermijs - O estúdio foi criado em 2006, depois de eu concluir meus estudos no departamento de Arquitetura da Academia Rietveld. A Trudo entrou em contato pela primeira vez em 2014 e, a partir daí, o designer do projeto demorou cerca de um ano e meio. Todo o processo de construção das casas durou em torno de sete meses.
SETIN - Mas, pelo menos no Brasil, a energia solar tem um custo alto de instalação. Assim, como essa conscientização é possível? Elmo Vermijs - Nos Países Baixos, temos uma lei que diz que a nova habitação deve ser quase neutra em energia, e em alguns anos isso mudará, para que as novas casas sejam completamente neutras em termos energéticos. Nesse sentido, não foi uma opção, pois já vivenciamos isso hoje no mundo moderno. Ou seja, é preciso um direcionamento por parte dos governantes nesse sentido, dando os subsídios necessários.
SETIN - Mas é possível viver bem em casas tão pequenas? Elmo Vermijs - As casas têm 33 metros quadrados, com hall de entrada, sala de estar, cozinha e banheiro, cômodos necessários para uma boa vivência. As fachadas são anguladas e coloridas para manter uma atmosfera feliz. Todas as janelas recebem muita luz externa e se conectam, mantendo uma proximidade entre eles e, ao mesmo tempo, a
SETIN - Esse projeto é um teste que poderá dar vida a vários outros? Elmo Vermijs - Boa pergunta, vamos ver... talvez no Brasil? 40
Modelo de casa adotada pelo Social Bite, na Escócia E por que ele pensa dessa maneira? “Acredito que a localização, em combinação com o espaço, o design e as pessoas, determina como um processo acabará. Se você quer realmente se conectar com os usuários, você terá que entender o país, mais especificamente a área local”, explica, deixando claro que depende de vários elementos para projetar e trabalhar em um projeto específico para as cidades brasileiras. “A maneira como eu percebo minha profissão não muda, mas o resultado depende de várias respostas para estabelecer uma conexão com o personagem local”, diz ele. Com uma expressiva população de moradores em situação de rua que já beira 16 mil pessoas (levantamento Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, 2016), a cidade de São Paulo pode se beneficiar de soluções como as da Holanda, uma solução que causaria impacto positivo e significativo nos problemas sociais enfrentados pela capital. No Brasil, já existem várias empresas especializadas na fabricação das chamadas mini-eco-casas, que saem a partir de R$ 12.500. A diferença em comparação com a iniciativa na Holanda é que o espaço onde a casa ficará fixada não tem incentivo do governo, cabendo ao proprietário da residência providenciar o terreno ou lote. A vantagem, além do baixo valor, é que os pequenos imóveis podem ser móveis, anexados em veículos próprios para essa tarefa. Já conhecidas nos Estados Unidos, especialmente no Texas e Wisconsin – onde há duas iniciativas voltadas aos que desejam esse novo estilo de moradia –, elas começam, ainda que timidamente, a ser comercializadas no Brasil, sendo chamadas de mini-eco-casas. Por aqui, viraram objeto de desejo de pessoas preocupadas com o impacto que causam na natureza. Além de serem charmosas, com elas é possível passar férias, uma vez que são móveis. Essa liberdade faz parte de todo um manifesto de arquitetura ligado a um novo estilo de vida. Uma mini-eco-casa pode variar de 12, 16 ou 18 metros quadrados, conseguindo comportar tudo o que é necessário, nos já famosos estúdios da capital, com a diferença de fazer parte de um movimento que prioriza a construção com material renovável: madeiramento de reflorestamento, energia solar e reutilização de água, impactando minimamente o meio ambiente e seu entorno – inclusive podendo tratar o esgoto antes do despejo na natureza. A diferença em relação ao que vem ocorrendo na Europa é que essas casas se destinam a clientes que buscam soluções sustentáveis ou moradia mais barata ou transitória, enquanto na Europa a preocupação é com o impacto social.
Serviços dos estúdios Studio Elmo Vermijs elmovermijs.com Disponibiliza informações também em inglês. Por aqui temos acesso aos desenhos de seus principais projetos envolvendo moradias sociais, bem como acesso às demais iniciativas nas áreas de pesquisa e design. Social Bite socialbitevillages.co.uk/the-nesthouses NestHouses representa bem o que diz seu nome em inglês: são verdadeiras casas-ninho, projetadas para garantir segurança e maior conforto possível aos seus novos moradores. Este é o site do projeto de moradia comunitária do Social Bite. As casas são projetadas em parceria feita entre o designer Jonathan Avery e o Tiny House Scotland, especialmente para o Social Bite, que tem apoio de George Clooney e Leonardo DiCaprio. Por aqui é possível saber as últimas atualizações sobre o projeto, além de acesso à planta das casas. Um diferencial em relação ao projeto holandês é que as casas já são entregues com uma pequena horta. Na aba Franchise dão informação sobre como implementar o modelo em outros países. Quem tiver interesse deve contatar charlotte.turner@ social-bite.co.uk ou ligar: 0131 220 8206. Tijolo Ponto Eco tijolo.eco.br/shop/product/projeto-mini-casa21-m2 Empresa em São Paulo que comercializa projetos de minicasas ecológicas a partir de 21 metros quadrados. Em breve também irão disponibilizar o kit de material completo, numa espécie recebe e monta. Mini-Eco-Casa instagram.com/miniecocasa Iniciativa quase artesanal e familiar, vende as casas ecológicas pelo e-mail miniecocasa@ gmail.com e também pelo site Mercado Livre. Preços a partir de R$ 12.500.
| arte E CULTURA |
Castanha do Pará é o primeiro quadrinho vencedor do Prêmio Jabuti. A obra mostra as aventuras do menino-urubu no mercado Ver-o-Peso em Belém do Pará
Com a criação de categoria própria no Prêmio Jabuti, as Histórias em Quadrinhos agora são reconhecidas como gênero literário Bettina Monteiro 42
Fotos: DIVULGAÇÃO
LITERATURA QUADRO A QUADRO
Imagens mostram aventuras de Gwenpool, personagem encomendada pela Marvel ao quadrinista brasileiro Danilo Beyruth
C
larice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meirelles e João Cabral de Mello Neto são alguns dos nomes que logo vêm à mente quando se pensa em literatura de qualidade. Mas agora os mestres das palavras têm a companhia de autores que fogem à regra na hora de contar uma história: os criadores de quadrinhos, arte que, até pouco tempo, era considerada marginalizada. Pela primeira vez após 59 anos, o Prêmio Jabuti – ainda o mais tradicional e cobiçado da literatura brasileira – reconhece o gênero, com a criação da categoria História em Quadrinhos (HQs). “Já não era sem tempo”, diz Luiz Armando Bargolin, curador da premiação, que em 31 de outubro anunciou seu grande vencedor: Castanha do Pará, trabalho independente de Gidalti Jr.. Publicado graças ao financiamento coletivo no Catarse, o livro é inteiramente colorido em aquarela e mostra as aventuras do menino-urubu no mercado público Ver-o-Peso, em Belém (Pará). Outras duas obras foram contempladas: Hinário Nacional (Veneta), de Marcello Quintanilha, e Quadrinhos dos Anos 10 (Quadrinhos na Cia.), de André Dahmer. Com cerimônia de entrega marcada para 30 de novembro, no Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer, em São Paulo, a premiação entra para a história da cultura nacional por ouvir os pedidos do público, que chegou a fazer uma petição online para que a categoria fosse criada. “Em outubro cheguei à curadoria do Prêmio Jabuti querendo trazer mudanças e me deparei com a demanda dos quadrinistas por uma categoria própria. Foi maravilhoso”, explica Luiz Armando, que já estava em sintonia com as exigências dos novos tempos. Especialista em Estética e História das Artes Plásticas, antes de assumir a nova missão no Jabuti era diretor da Biblioteca Mario de Andrade, onde, coincidentemente, já havia criado uma sala de quadrinhos. Pelo regulamento do Jabuti, na nova categoria para HQs concorreram livros compostos por histórias originais ou adaptadas, contadas por meio de desenhos sequenciais, definidas pela união de cor, mensagem e imagem. Luiz Armando explica melhor: “Existem várias formas de contar a mesma história, e isso pode acontecer por meio de desenho ou de palavras. O importante é valorizarmos todas as formas de contá-las. E criar essa nova categoria foi essencial para mostrarmos a força da produção editorial brasileira nesse gênero”.
Literatura ou subgênero? Antes de serem reconhecidos como literatura, os livros em quadrinhos brasileiros, diga-se de passagem, já vinham ganhando importantes premiações, principalmente no exterior. Em 2016, a adaptação de Dois Irmãos, obra do escritor amazonense Milton Hatoum, adaptada por Fábio Moon e Gabriel Bá, foi contemplada no Eisner Award, o Oscar das HQs nos Estados Unidos. Bem antes disso, em 2011, Rafael Albuquerque também levou o Eisner de Melhor Série Nova por Vampiro Americano. E o livro Tungstênio, de Marcello Quintanilha, conquistou o Prix d’Angoulême, na França. Consideradas a nona arte, logo após a fotografia (oitava) e o cinema (sétima), as histórias em quadrinhos são uma mescla de arte visual (ilustração e pintura) com a literária, explica Sergio Figueiredo, editor das principais revistas de quadrinhos da Editora Abril. “No início do século 20, quando as imagens sequenciais recebiam legendas, o que se compunha era apenas um livro ilustrado. Porém, o encadeamento dessas imagens em frames, com a narrativa feita por meio de balões, resultou em uma nova forma de comunicação e mídia”. Desde que surgiram da forma como conhecemos hoje, em 1895, pelas mãos do americano Richard Felton Outcault, as HQs sempre foram consideradas um subgênero, em geral destinado a crianças e adolescentes. Apesar dessa marginalização, o gênero conseguiu resistir e, aos poucos, tornou-se popular também entre os adultos. Tanto que as HQs como conhecemos hoje – com balões narrando as histórias – tiveram seu primeiro espaço nos jornais sensacionalistas de Nova York, com a tirinha Hogan's Alley, protagonizada por The Yellow Kid e desenhada por Outcault. Para a surpresa de todos na época, a história fez tanto sucesso que acabou virando disputa em jornais conceituados, deixando evidente o interesse do público. Mas vale lembrar que os quadrinhos também são objeto de polêmica até quando o assunto é referente ao ano de seu surgimento. Mundialmente, em qualquer pesquisa que se faça, inclusive pela internet, a informação é de que o primeiro quadrinho é The Yellow Kid. Entretanto, no Brasil, a história que se conta é bem outra: os primeiros quadrinhos surgiram com As Aventuras de Nô Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte, muito antes, em 30 de janeiro de 1869, pelas mãos de Angelo Agostini. José Alberto Louvreto (o JAL), presidente da Associação do Cartunistas do Brasil, explica essa aparente contradição: "Dizer que os quadrinhos surgiram apenas quando começaram os balões é a mesma coisa que dizer que cinema mudo não era cinema”, explica JAL. Capa e recheio de Dois Irmãos, adaptação premiada de Fábio Moon e Gabriel Bá publicada pela Companhia das Letras
Discussões à parte, o fato é que, desde que os quadrinhos surgiram, o debate sobre a importância das HQs, especialmente na literatura, sempre teve vez. “Existe muita divergência no próprio meio editorial em aceitá-las como literatura. Isso ocorre mesmo entre os quadrinistas, pois o quadrinho não é só texto. Sem esquecer que há aqueles que nem texto têm”, diz o curador do Prêmio Jabuti. 44
Cultura pop Antes da criação da nova categoria pelo prêmio Jabuti, os autores de HQs só eram contemplados como adaptação de obra literária. por isso, esse reconhecimento era desejo antigo dos cartunistas do Brasil. No começo deste ano, aliás, artistas célebres como Laerte, Marcello Quintanilha, Wagner William e os irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá enviaram à CBL uma petição virtual com mais de duas mil assinaturas, pressionando pela mudança. O manifesto lembrava que nove entre as dez maiores editoras do país publicam quadrinhos originais. E mais: Autêntica, Companhia das Letras, Ediouro, Globo, record e rocco possuem selos exclusivamente dedicados ao gênero. Sem esquecer ainda que há editoras que publicam apenas quadrinhos, como a panini, Avec, JBC, Mino, Newpop, Balão Editorial, Veneta, Zarabatana, Marsupial, entre outras. Não é de hoje que esse gênero literário nascido nas páginas de jornais e, depois, ampliado para gibis e vendido em bancas é publicado em formato de livro, com capa dura e tudo. Também não é de hoje que as bancas de revista deixaram de ser o único lugar para comprar os gibis em papel jornal. Desde o início do século 20, o gênero pode ser encontrado em livrarias, antes só destinadas a livros. E, ultimamente, não apenas em lojas especializadas em HQs, frequentadas por nerds como Sheldon, Leonard, Howard e raj, personagens excêntricos da série Big Bang Theory, mas em redes como a Saraiva e a Cultura. Detalhe: em seções especiais, onde as histórias em quadrinhos são até subdivididas por segmentos: super-heróis, humor, horror, infantis, autobiográficos e adaptações. “Os quadrinhos saíram do gueto”, comemora o quadrinista Danilo Beyruth, um dos mais premiados do Brasil. De fato, esse tipo de literatura já aparece em Listas de Mais Vendidos como a do website publishNews, bem como em resenhas em jornais, revistas e sites como o Omelete.
Quadro a quadro Mas se na literatura o reconhecimento das histórias em quadrinhos demorou, no cinema já existe há muito tempo, com forte proximidade com a sétima arte. isso porque a linguagem dos dois gêneros é muito parecida. Assim como em um filme você não precisa mostrar toda a movimentação do personagem pela rua para saber que ele a atravessou (está implícito na edição), você entende em uma passagem de quadro que o personagem cruzou a rua, simplesmente mostrando-o do outro lado. Não à toa, storyboards (rascunhos desenhados) de cenas de filme assemelham-se a histórias em quadrinhos. Danilo Beyruth, que publicou São Jorge pela panini Comics e desenhou a personagem Gwenpool para a Marvel, tem se dedicado mais e mais a produzir concepts para cinema. um de seus trabalhos foi para o filme Motorrad, um thriller de motoqueiros que terá lançamento mundial no Festival internacional de Cinema de Toronto, lançado em setembro, no Canadá. “A semelhança do cinema com a produção de HQ é grande. Cada quadrinho é uma cena completa”, diz ele. “Tanto é assim que o cinema frequentemente se inspira em histórias de quadrinhos”, explica.
HQs no Brasil Mas se os quadrinhos têm fácil adaptação no exterior, gerando maior interesse pelo gênero, será que o mesmo ocorre no Brasil? Com certeza, diz Gerson Lotti, que trabalha há 40 anos em estúdios no Brasil e hoje está no escritório de Maurício de Sousa. Ele explica que embora muitas publicações de quadrinhos no Brasil sejam traduções, cresce muito o número de obras originalmente criadas no país. Danilo Beiruth está totalmente de acordo. “Se você escreve uma história consistente, não precisa bancar sozinho a publicação em pequena tiragem. Uma editora com certeza terá interesse, já que o mercado está bom”, diz ele.
Daytripper, dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, e Hinário Nacional, de Marcelo Quintanilha, são obras de quadrinistas brasileiros mundialmente premiadas
De olho nesse mercado, o CCXP (Comic Con Experience) de 2017, que todos os anos ocorre em dezembro, no São Paulo Expo, já confirmou alguns nomes que deram vida a várias personagens de HQs famosas, e posteriormente transportadas para filmes e televisão: a atriz Danai Gurira, que vive Michonne em The Walking Dead (sim, a série é inspirada em uma HQ), estará na cidade para um encontro com os fãs. Danai participará de painéis especiais, além de sessão de fotos e autógrafos (a programação completa poderá ser conferida pelo site ccxp.com.br). A previsão é de euforia entre os fãs, já que Danai também interpreta a personagem Okoye no filme Pantera Negra, com estreia prevista para fevereiro de 2018. A estrela também está confirmada em Vingadores: Guerra Infinita, o blockbuster da Marvel que reunirá todos os seus principais heróis em um só filme. Mais do que encontro com artistas, a ocasião é uma oportunidade para os aficionados dessa arte se encontrarem, trocando experiências, além de ter acesso facilitado a livros e produtos exclusivos e até novos lançamentos. Muitos admiradores vão vestidos como seus personagens preferidos, como Darth Vader, Homem Aranha, Deadpool e Mulher Maravilha. Muito aguardada por admiradores dos quadrinhos, o CCXP é considerado o maior evento do gênero da América Latina, reunindo uma média de 200 mil pessoas. A versão paulistana do encontro já é a terceira maior do planeta em público, ficando atrás das realizadas em San Diego e Nova York, nos Estados Unidos, e tem como objetivo principal ser uma grande celebração da cultura pop.
Guardiões da Galáxia, sucesso nos cinemas, foi inspirado no universo da HQ
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Dos quadrinhos ao cinema por que nos últimos 10 anos tantos filmes foram inspirados nos quadrinhos? Antes de mais nada, as HQs fazem parte da cultura desta geração. "As pessoas que tomam as decisões nos estúdios, os executivos que determinam o que será ou não feito, são adultos que cresceram cercados desse tipo de produto", diz roberto Sadovski, jornalista e crítico de cinema especializado na área. "Além disso, existe o fator nostálgico e vontade de concretizar personagens que só habitavam o papel", diz ele. O avanço tecnológico é outro motivo para essas histórias de super-heróis serem concretizadas, já que hoje é possível colocar em cena imagens que, há 20 anos, seriam impossíveis. O limite hoje é a imaginação de seus criadores. "Filmes assim, que habitam essa esfera pop, trazem histórias universais, que são traduzidas bem em qualquer país, ou ao menos nos principais mercados exibidores", diz roberto. Nos últimos anos, os quadrinhos têm sido matéria prima para uma cadeia de entretenimento que envolve games, action figures, colecionáveis, entre outros produtos. "O cinema é parte de uma engrenagem de mídia que gera muitas outras. A Marvel e a DC, duas das maiores editoras de quadrinhos do mundo, estão na ponta por terem os personagens mais conhecidos, com mais de sete décadas de histórias nas costas", completa o crítico de cinema. roberto, aliás, não deixa de assistir a um filme inspirado nos quadrinhos. "Gosto quando uma adaptação vai além do que eu já conheço, quando o artista imprime sua digital, como o Batman de Tim Burton ou os Guardiões da Galáxia do James Gunn. Também admiro o Superman de richard Donner e o Homem-Aranha dirigido por Sam raimi. Vale destacar o mundo da Marvel como existe hoje no cinema: um universo cinematográfico único e coeso, diferente dos gibis, mas com o mesmo espírito", diz ele, que dá uma dica sobre o que virá por aí: "Se for pra citar um filme que está no horizonte, aponto Vingadores: Guerra Infinita, que estreia ano que vem e culmina em uma década de filmes lançados pela Marvel. Essa grande aventura terá os principais heróis do estúdio lutando juntos contra uma ameaça comum. Espero que seja grande, barulhento e divertido!", anima-se.
| urbanismo |
A admirável arquitetura nova A impressão 3D já é uma realidade na construção de casas e até prédios. para a arquitetura é uma ferramenta rápida, sustentável e econômica Cristina Teixeira Duarte
Entrada do primeiro prédio de escritórios do mundo feito por impressora 3D. No local funciona a Dubai Future Foundation
O
Idealizada e liderada pela estudante de engenheira Juliana Martinelli, a startup aposta na impressão 3D para equacionar antigos problemas de produtividade dentro e fora das construções, promovendo maior liberdade arquitetônica e controlando o uso de recursos. Além disso, reduz os acidentes de trabalho e estimula a inovação nos processos construtivos.
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Fotos: DIVULGAÇÃO
idealismo de jovens talentosos e ousados tem colocado o Brasil no mapa da inovação. Movidos pelo desejo de erguer casas com qualidade, rapidez e baixo custo, oito empreendedores do Distrito Federal, com idade média de 22 anos e ligados às áreas de engenharia e automação, criaram há pouco mais de dois anos a InovaHouse3D, uma startup dedicada ao estudo de novos modelos de negócios para a construção civil, o que passa, inevitavelmente, pela impressão 3D.
Processo de construção das casas projetadas pela Apis Cor, na Rússia, levou apenas 24 horas para ser finalizado. Os imóveis contam com sala, dormitório, cozinha e banheiro
Pioneira na América Latina, a InovaHouse3D está em vias de finalizar a primeira impressora 3D do continente para a produção de cimento. E em todo o mundo só existem três empresas detentoras de tecnologia semelhante: a Apis Cor (Estados Unidos), a WinSun (China) e a Wasp (Itália), todas investindo na fabricação de cimento robusto para fins estruturais. E as novidades são animadoras para as equipes envolvidas no desenvolvimento desse tipo de tecnologia: “A previsão é de que nossa impressora será finalizada ainda este ano. Em 2018, construiremos uma casa experimental para pesquisas no laboratório, e em 2019, pretendemos tornar a máquina apta a ingressar de vez na construção civil”, antecipa a jovem CEO, que prevê ainda de 5 a 8 anos para as impressoras 3D serem aprovadas pelo mercado, prazo provável para os testes funcionais e a devida normatização do sistema.
De longe, esta casa na China parece uma casa antiga comum, ao estilo clássico, mas um olhar mais atento ao seu acabamento revela a construção com impressão em 3D
Imprimindo o mundo
Mas o poder das jovens cabeças não para por aí. Inspirada, assim como a InovaHouse3D, no incremento da urbanização e construção sociais, outra brasileira e sua startup se destacam no universo da inovação arquitetônica: a paulistana Anielle Guedes. Aos 24 anos, ela é fundadora e CEO da Urban 3D, empresa sediada em São Paulo, mas atuante nos EUA, e já parceira de várias empresas e organismos internacionais. A proposta da jovem estudante é de que casas e edifícios para populações de baixa renda sejam erguidos em poucas semanas, usando para isso novos materiais, muita tecnologia e sofisticados programas de computação. Soluções que encontram na impressão 3D a melhor ferramenta para materializar vigas, paredes e pisos, a custos radicalmente menores do que os praticados pelos métodos convencionais. As duas empresas esperam maior aposta do setor privado, ainda pouco afeito a essas inovações revolucionárias.
O avanço é tamanho que o mundo já assiste a exposições sobre as maravilhas feitas com impressão 3D e a maneira como têm mudado os paradigmas da produção de bens e de consumo, com ela mais abertos e colaborativos. No segundo semestre de 2017 aconteceu em Madrid a 3D Print the World, mostra promovida pela Fundação Telefónica, que levou milhares de visitantes ao que há de mais atual nesse método e seu impacto em nossas vidas. Uma centena de obras percorreu as incontáveis possibilidades da tecnologia de impressão tridimensional ao materializar, entre outros produtos, órgãos vitais (próteses de todos os tipos), alimentos, roupas e também construções de edifícios e seus acabamentos. 50
Criatividade sem limites: o projeto Egg, do designer holandês Michiel Van der Klay revela como a impressão 3D é detalhista, podendo ser usada artisticamente, em construções e demais áreas
Na ocasião, foi apresentada a impressão de materiais tradicionais, além de outros inéditos que pretendem transformar os edifícios em organismos vivos, inovação acalentada por acadêmicos, profissionais e instituições do setor. “Materiais inteligentes e biológicos não só vão racionalizar procedimentos como farão dos edifícios estáticos verdadeiras estruturas vivas por seguirem a lógica da natureza e interagirem cada vez mais com os usuários e seu entorno”, diz Areti Markopoulou, diretora acadêmica do IAAC, Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha, entidade participante do evento. E ainda explica: “Conduzir eletricidade pela superfície com o uso de grafeno no concreto, aquecer os espaços de forma passiva, criar bioplásticos a partir de resíduos ou ainda usar a fotossíntese das plantas para gerar energia são novidades que revolucionam o conceito de arquitetura e encontram na impressão 3D a melhor perspectiva”.
Seja como for, uma coisa é certa: o mundo não é mais o mesmo após a internet. E promete ser infinitamente mais surpreendente com a impressão 3D a criar realidades totalmente novas. Em grandes centros como Dubai foi executado o primeiro edifício do planeta por impressão 3D, e o emirado já cumpre planejamento governamental para a expansão da técnica: a partir de 2019 e até 2025, 25% das obras da cidade devem conter elementos, ou ser totalmente executadas, por impressão 3D, a fim de atingir a liderança no setor em 2030! A californiana Apis Cor foi uma das primeiras empresas a desenvolver uma impressora 3D de construção de edifícios inteiros in loco, além de outras soluções para erguer casas econômicas e ecológicas em um único dia e com tempo útil estimado em 175 anos!
Braços de robôs gigantes constroem a primeira ponte impressa em 3D, em Amsterdam. O projeto é da empresa MX3D, responsável pela construção de casas com o uso da mesma tecnologia mercado. Há 15 anos pesquisando e incrementando a impressão 3D, essa companhia de Xangai já assina projetos massificados de implantação de casas, operando com matérias-primas recicladas, como resíduos de mineração e da própria construção civil. Conhecida pela técnica construtiva Yingchuang Building Techinic, a experiência da WinSun a levou a uma parceria ambiciosa com o governo da Arábia Saudita para a impressão de 1,5 milhão de casas em cinco anos, num contrato que alcança US$ 1,5 bilhão pelo arrendamento de cem unidades de suas impressoras! Em maio deste ano, o acordo da WinSun foi selado por três anos com a gigante norte-americana de infraestrutura Aecom, a fim de fornecer a clientes do mundo todo sua avançada tecnologia de impressão para casas e edifícios. Tais clientes incluem governos, organizações de amplo espectro e empresas globais. “Esta colaboração nos permitirá acelerar ainda mais o desenvolvimento de nossa impressão 3D, ajudando a direcionar e integrar essa tecnologia construtiva com o planejamento e o design ", celebra Yihe Ma, presidente da empresa. O foco principal é o Oriente Médio, mas a parceria espera encontrar outros clientes também em regiões em desenvolvimento na África e na Ásia, mudando, assim, não só a qualidade do morar, mas a paisagem urbana desses lugares.
“Queremos melhorar as condições de vida das pessoas em todos os lugares. Para isso, delegamos o trabalho duro às máquinas, que são inteligentes, rápidas e eficientes”, diz o engenheiro russo Nikita Chen-yun-tai, CEO da Apis Cor e o cérebro por trás da tecnologia. O pulo do gato da companhia foi criar um guindaste para viabilizar o uso das grandes máquinas no canteiro de obras, solução que mostrou sua eficácia na cidade de Stupino, Moscou, onde a Apis Cor, em parceria com a incorporadora PIC, de Dubai, materializou a primeira casa impressa em 3D. Foram erguidos 38 m² em estrutura circular, forma complexa o suficiente para demonstrar toda a versatilidade da tecnologia. Partes, paredes e telhado materializaram-se em um dia e a impressora foi removida do local com o estratégico guindaste. O bom resultado aparece em espaços acolhedores, com salas, banheiros, cozinha funcional e todo o conforto das casas convencionais. “Queremos imprimir casas para resolver problemas de moradia na Europa, Ásia, África, América do Norte, do Sul e Austrália. E na Antártida, se preciso, e até em Marte! ”, profetiza, arrojado, o jovem CEO Nikita Chen-yun-tai. Engajada em soluções construtivas de larga escala, a chinesa WinSun não só é pioneira como líder atual do 52
Uma obra de arte a céu aberto, em frente à praça mais famosa de São Paulo.
ANUNCIO PÁGINA INTEIRA Foto do local tirada em 28/8
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| negócios |
De olho no seu investimento Avaliar os custos de cada aplicação financeira é fundamental para garantir maior rentabilidade Danylo Martins
E
Willian Eid Jr, autor de Como Fazer Investimentos (Ed. Publifolha), e economista e pesquisador da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-Eaesp), explica que o investidor deve acompanhar suas aplicações, já que com a redução dos juros, as taxas de administração impactam na rentabilidade dos fundos de investimento, em especial os de renda fixa. Na prática, funciona assim: uma vez que a remuneração está em queda, as taxas também ficam maiores, abocanhando uma boa fatia da poupança dos investidores. 54
Fotos: DIVULGAÇÃO
quilibrar as contas e planejar o orçamento financeiro para conseguir poupar ou investir exige disciplina e olho sempre atento nas oscilações do mercado e no valor gasto em taxas. É que no montante final, a cobrança elevada de taxas e impostos onera muito as operações, como a de administração (paga às instituições financeiras para administrar fundos de investimento), a de corretagem (para aportes direto em ações ou Títulos do Tesouro Federal) e a de desempenho, um prêmio dado ao gestor quando o rendimento da aplicação superar uma determinada meta preestabelecida. E como as taxas variam muito de banco para banco ou corretora – e também conforme o tipo do produto –, o investidor desatento acaba tendo dificuldades para analisar as melhores opções.
um bom exemplo vem da taxa Selic, que em setembro deste ano chegou a 8,25%, deixando a poupança na liderança do melhor rendimento, em comparação aos fundos, como o de renda fixa. Em simulações feitas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), ficou claro que, em comparação com a poupança, só vale a pena investir nos fundos se a cobrança de taxas de administração forem menores que 1% e com prazos de resgate mais longos. “Quanto menor o prazo de resgate da aplicação e maior a taxa de administração cobrada pelo banco, maior será a vantagem da poupança frente aos fundos”, explica Miguel José ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac. Evite armadilhas Existem muitas alternativas de investimentos, e para chegar ao produto desejado, o investidor precisa avaliar muito mais do que o histórico de rentabilidade. Ou seja, além do valor das taxas, é fundamental analisar as características das aplicações financeiras, como: prazo de investimento e de resgate, risco, rendimento e se tem liquidez (que possibilita o resgate caso o investidor necessite dos recursos antes do vencimento). Também é preciso avaliar com atenção os custos embutidos, incluindo taxas e impostos. para Eid Jr, da FGV, a grande lição que se pode tirar “é que o investidor precisa ser ativo e perceber que não é o gerente que vai cuidar do dinheiro, e sim ele mesmo”. Os especialistas têm o consenso de que não existe mágica, basta estar disposto a pesquisar. Mesmo que se tenha um valor baixo para investir, normalmente dentro da própria instituição existe uma família de produtos com taxas diferentes. para não ficar com dúvidas, vale decorar a seguinte regra: nas aplicações com prazo de resgate de até um ano, os fundos de renda fixa Di (que tentam acompanhar a remuneração da Selic ou do CDi) só ganham da poupança quando a taxa de administração cobrada for de até 0,5% ao ano. Com o prazo de resgate entre um e dois anos, vale investir em fundos se a taxa cobrada pelo banco for de até 1%. Agora, se o resgate for em mais de dois anos (o que é recomendável), fundos com taxas de até 1,5% sempre ganham da poupança (veja simulação no box a seguir).
Custo elevado Veja como uma taxa alta pode corroer seu patrimônio para investir no Tesouro Direto, o investidor tem um custo de 0,3% ao ano (taxa de custódia da Bolsa). Se compararmos essa taxa com um fundo que cobre 2,5% ao ano de taxa de administração, poderemos perceber o impacto desse custo anualmente, conforme o tamanho do patrimônio acumulado: Enquanto um investimento no Tesouro Direto de r$ 1 milhão pode ter uma taxa de custódia anual de r$ 3.000, esse mesmo patrimônio investido em um fundo com taxa de administração de 2,5% ao ano implicaria um custo de r$ 25 mil ao ano. Fonte: Fernanda Prado, planejadora financeira da Life Finanças Pessoais.
Simulação feita pela Anefac Considere o valor de r$ 10 mil, aplicados durante um ano, com a taxa Selic em 8,25%: poupança (sem taxa)
R$ 579
Fundo com taxa de administração de 0,5%
R$ 617
Fundo com taxa de administração de 1%
R$ 579
Fundo com taxa de administração de 1,5% Fundo com taxa de administração de 2%
R$ 554 R$ 516
Fundo com taxa de administração de 2,5% R$ 478 Fundo com taxa de administração de 3% R$ 441
De olho no que é meu
Para investir em títulos públicos do Tesouro Direto, as corretoras não ligadas a bancos costumam ser as melhores opções quando o assunto é custo. Isso porque muitas instituições não cobram taxa de administração para aplicar nesses papéis. Além disso, os títulos públicos só têm incidência de Imposto de Renda no resgate do dinheiro aplicado ou quando há recebimento de juros semestrais. Essa é uma vantagem em relação aos fundos de investimento, que possuem também o chamado come-cotas, ou seja, sofrem com o desconto duas vezes ao ano, em maio e em novembro (veja box com simulação realizada pelo Tesouro Direto).
Pensando em todos esses detalhes, após 15 anos de investimentos, o servidor público Sérgio Melo, de 38 anos, de Brasília (DF), decidiu sacar o dinheiro aplicado em um fundo de previdência privada ao observar opções mais vantajosas, com taxas mais baixas e retornos maiores. “Comecei a me questionar se estava cuidando dos meus recursos financeiros corretamente, se as escolhas que eu tinha feito eram, de fato, as melhores”, conta. Com apoio de uma consultoria financeira, Melo tomou a decisão de resgatar os recursos do fundo, que cobrava taxa de administração de 3,5% ao ano, para aplicar em produtos com custo menor, entre eles, títulos públicos do Tesouro Direto, que possui taxa zero.
Os investimentos isentos de Imposto de Renda, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), são alternativas interessantes desde que ofereçam uma remuneração de mais de 88% do CDI (taxa referencial de aplicações conservadoras), indica Conrado Navarro, idealizador do site Dinheirama.com e consultor educacional do Modalmais, home-broker do banco Modal. “Alguns desses instrumentos têm carência, o que significa ter de esperar a aplicação ‘vencer’ para resgatar o dinheiro. Já alguns CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e o Tesouro Selic podem ser resgatados diariamente, o que é interessante para reserva de emergência”, exemplifica.
É que no caso dos fundos de investimento, por exemplo, as taxas praticadas variam muito. Há desde fundos de renda fixa, que aplicam boa parte do patrimônio em títulos públicos (ativos de menor risco do mercado) e cobram menos de 1% ao ano de taxa de administração, até fundos semelhantes, cuja taxa supera 2,5% ao ano. A regra é que “deve-se prestar atenção na taxa de administração, bem como se o patrimônio líquido do fundo é minimamente grande para que possa diluir os custos fixos de sua manutenção”, indica Mário Amigo, professor de finanças da Fipecafi, da Fundação Instituto de Administração (FIA) e da Saint-Paul Escola de Negócios. O ideal, segundo ele, é procurar fundos com pelo menos R$ 150 milhões de patrimônio líquido, “para que se possam diluir custos de manutenção, como auditoria, taxa de fiscalização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), entre outros”. Busque alternativas
Já a aplicação em ações na bolsa de valores deve ser avaliada com muita cautela, segundo os especialistas ouvidos pela revista SETIN. “Pode-se optar por montar uma carteira de ações, investindo em bons ativos de diferentes setores, por meio de fundos de ações e também pelos chamados ETFs. Cada alternativa implicará custos mais ou menos elevados”, explica Fernanda. No caso dos ETFs, fundos que seguem determinados índices da bolsa brasileira, como Ibovespa, trata-se de uma opção com custo. Mesmo assim, é essencial fazer uma comparação entre as instituições. “Há corretoras com taxas mais competitivas. Basta que o investidor tenha paciência de pesquisar”, reforça Navarro.
Fundos e outros tipos de investimentos podem ser encontrados não apenas nos grandes bancos, mas também em corretoras e distribuidoras independentes, que oferecem uma prateleira variada de produtos de diversas instituições financeiras. “Em corretoras independentes, o investidor tende a acessar aplicações mais interessantes do que as encontradas em grandes bancos, que apresentam ofertas de produtos em menor quantidade e com taxas de rentabilidade menos atrativas”, destaca a planejadora financeira Fernanda Prado, da Life Finanças Pessoais.
Tão importante quanto observar os custos e demais características de uma aplicação é definir objetivos financeiros. “O que exatamente você quer conquistar? Qual é a prioridade neste momento?”, questiona Fernanda. Traçada a meta, o passo seguinte é estabelecer prazos para atingir os sonhos. Por exemplo, se o objetivo é planejamento de aposentadoria, provavelmente o prazo de vencimento das aplicações será mais longo. “Já para uma viagem de férias em 2018, opções de renda fixa de curto prazo são mais apropriadas”, aconselha. 56
Cuide do seu dinheiro Tesouro Selic 2023 (LFT) Valor inicial investido: R$ 2.000,00
Data do resgate: 01/03/2023 Investimento Título Poupança CDB LCI/LCA Fundo Di
Aportes mensais: R$ 1.500,00 (64)
Soma dos valores investidos (nominal): R$ 98.000,00
Valor bruto de resgate Responsabilidade bruta Custos Valor do imposto de renda (R$) (a.a.) (R$) (R$) 3.603,08 1.378,49 7,85% 121.421,48 0.00 0,00 5,44% 113.735,41 2.873,31 0,00 6,38% 116.677,56 0,00 0,00 5,73% 114.646,56 2.903,67 35,17 6,54% 117.182,60
Valor líquido do resgate Rentabilidade líquida (R$) (a.a.) 6,25% 116.264,42 5,44% 113.735,41 5,45% 113.804,25 5,75% 114.646,56 5,52% 113.978,36
Veja as taxas cobradas pelas instituições Instituição Financeira
É Agente Integrado?
Permite aplicação programada?
Descrição
Prazo de Repasse do Recursos
Taxa %
Ativa investimentos S.A., CT, CV
Sim
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0 D+0
Taxa da instituição financeira
Banco BTG Pactual
Sim
Não
0,00
Taxa zero para investir em Tesouro Direto. Exclusivo para clientes BTG Pactual digital
Banco Modal
Não
Não
0,00
Não cobra taxa
D+0
BGC Liquidez DTVM
Sim
Não
0,00
Atende apenas pessoas vinculadas
D+1
Brasil Plural CCTVM S/A
Sim
Não
0,00
Cobrança ao ano
D+0
Clear Corretora - Grupo XP
Não
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
CM Capital Market OCTVM Ltda.
Sim
Sim
0,00
Cobrança ao ano
D+0
Baynvest - Título CV S.A.
Sim
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
Operação Futuro CV S/A
Não
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
Gradual CCTVM S/A
Não
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
Guide Investimentos S.A. CV
Sim
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
H. COMMMCOR IDTVM Ltda.
Sim
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
Intermedium IDTVM Ltda.
Não
Não
0,00
Não cobra taxa
D+0
Mirae Asset Wealth Manage
Não
Sim
0,00
Cobrança ao ano
D+0
Miodal DTM Ltda.
Sim
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
Rico CTVM
Sim
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
Spinelli S.A. CVMC
Sim
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
Tullett Preboni
Não
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+1
XP Investimentos CCTVM S/A
Sim
Sim
0,00
Não cobra taxa
D+0
UBS Brasil CCTVM S/A
Não
Não
0,06
Entre 0,06 e 0,020 ao ano
D+0
Concordia S.A. CVNCC
Sim
Não
0,10
Entre 0,10% e 0,35%
D+1
Nova Futura CTVM Ltda.
Sim
Sim
0,10
Cobrança ao ano
D+0
Socopa SC Paulista S.A.
Sim
Sim
0,10
Cobrança ao ano
D+0
ICAP do Brasil CTVM Ltda.
Sim
Sim
0,20
Cobrança ao ano
D+0
Planner CV S. A.
Sim
Sim
0,20
Cobrança ao ano
D+0
Renascença DTVM Ltda.
Sim
Sim
0,20
Cobrança ao ano
D+0
Terra Investimentos DTVM Ltda.
Sim
Não
0,20
Cobrança ao ano
D+0
Agora CTVM S/A
Sim
Sim
0,23
Cobrança ao ano
D+0
Banrisul S/A CVMC
Sim
Sim
0,25
Cobrança ao ano
D+0
CITIGROUP GMB CCTVM S.A.
Sim
Sim
0,25
Entre 0,25 e 0,30 ao ano
D+0
Fonte: Site do Tesouro Direto
| estilo |
The Books on the Common, em Ridgefield, Connecticut. A pequena livraria tornou-se referência local e hoje faz parte da identidade da região
MOVIMENTO QUE INCENTIVA O CONSUMO DE PRODUTOS LOCAIS CHEGA COM FORÇA AO BRASIL. OBJETIVO É VALORIZAR UMA FORMA MAIS SUSTENTÁVEL E PERSONALIZADA de comércio Bettina Monteiro
58
Fotos: DIVULGAÇÃO | Adriana Valentin
COMPRE DE QUEM FAZ
A decoração charmosa e convidativa de Gita Make My Cake, na Aclimação, zona sul de São Paulo, é um convite para que o cliente fique sem vontade de ir embora
S
upport the Locals, diz a inscrição na placa da Books on the Common, uma pequena e charmosa livraria localizada na esquina da Main Street, a rua principal de Ridgefield, em Connecticut, nos Estados Unidos. A tradução mais direta do lema adotado pela loja pode ser “Apoie os Locais”, e a frase, por si só, já dá conta do recado que seus donos desejam transmitir a todos os seus visitantes. Guardando referências das antigas livrarias de bairro, o local é aconchegante, com silenciosos e confortáveis cantinhos de leitura e a constante presença da proprietária, sempre muito simpática. Esse contato próximo com os clientes é parte importante do movimento Support the Locals e justamente o segredo do sucesso dos negócios, tornando possível sua existência desde 1984, quando foi inaugurada – um feito e tanto quando se leva em consideração a forte competição oferecida pelas redes de livrarias americanas. Defensores desse estilo de vida garantem que os benefícios acabam recaindo também sobre a comunidade. “O pequeno negócio é importante para estabelecer vínculos e faz girar a economia”, explica Anne O'Brien, dona de Books on the Common. A tendência, que carrega um quê de nostalgia e encontra respaldo no atual conceito de sustentabilidade, enaltece os benefícios da troca das grandes cadeias de lojas pelas pequenas de bairro. Rosana Chamecki, que mora em Nova York e é consumidora devota de pequenos negociantes,
explica a sua preferência: “Faço um esforço para comprar de quem produz localmente porque temos de ter e dar a oportunidade de os pequenos comerciantes crescerem”. E ela não está sozinha nesta forma de pensar. De acordo com a organização americana Andersonville Study of Retail Economics, especializada em negócios locais, os pequenos comércios geram 70% a mais de atividade econômica do que as grandes lojas de departamento ou shoppings. Uma explicação para isso é a fidelização da clientela: “As pessoas que frequentam aqui, na maioria das vezes, trabalham ou moram na região. E de alguma forma o vínculo criado faz com que elas se sintam parte de nossas vidas, o que as incentiva a promover e a consumir na loja”, diz Anne, a dona da livraria americana. No exterior, o movimento a favor desse tipo de transação tem seu ponto máximo no Small Business Saturday, um dia conhecido nos Estados Unidos e na Inglaterra por celebrar as vendas dos pequenos, levando a população às compras dos mais variados produtos. Já no Brasil, embora não exista uma data específica para isso, é cada vez mais forte – e considerado tendência – dar preferência para o consumo do que é produzido pelas mãos de pessoas que vendem em pequena escala. Conhecido como Compre de Quem Faz, às vezes recebe pequenas variações no slogan, mas o objetivo permanece o mesmo: fortalecer localmente os negócios de quem produz de forma quase artesanal.
Detalhe da fachada da Quitanda do Seu Aristides. Os produtos, muitos deles orgânicos, são expostos em caixotes de madeira típicos de feira livre Fidelização Reunindo mais de 51 mil pessoas somente em sua página do Facebook, o Compro de Quem Faz – que hoje é mais atuante pelo site próprio (comprodequemfaz.com.br) – criou um manifesto no qual faz questão de explicar, da forma mais simples possível, que sua missão é ser “um movimento para incentivar o sustentável e o local, por meio do apoio às pessoas que amam o que fazem”, sendo formado principalmente por artesãos e artistas criativos e independentes.
respeitadas e com vontade de criar vínculos”, diz ele. Ao que tudo indica, seus planos estão dando certo. E o negócio que começou timidamente hoje já emprega oito pessoas e faz frente aos grandes sacolões ou ofertas de supermercados. “O consumo é um momento de prazer. Procuramos deixar o cliente confortável na hora da compra, o que se torna uma vantagem do pequeno comerciante, que conhece muito bem os seus clientes”, explica o empresário.
Nas redes sociais, a iniciativa ganhou as mais variadas versões e hoje há grupos divididos pelas capitais brasileiras. O “Compro de Quem Faz - Das Minas de Sampa e Região”, por exemplo, já reúne mais de 60 mil seguidores, que fazem postagens diárias, sendo bem ativos na divulgação e procura de produtos, muitos deles negociados pela internet mesmo, com cliente e vendedor marcando entrega dos produtos encomendados em casa, por correios e, em alguns casos, até mesmo no metrô. Muitas vezes, abre-se espaço para publicações dos chamados “feedbacks positivos” ou negativos, que nada mais são que uma avaliação sobre o serviço ou produto comprado.
Do outro lado de São Paulo, na Vila Mariana, zona sul, Gislene Gambini, gestora da livraria infanto-juvenil NoveSete, que completou dez anos em 23 de setembro, faz todo um malabarismo para continuar firme no mercado editorial, especialmente após a chegada da Amazon.com. Além do atendimento e serviços personalizados, ela precisa constantemente fornecer cursos e atividades para atrair público e gerar mais receita. “Há muita dificuldade e temos de ser bastante criativos para lançar atividades que gerem interesse. O que acontece é que, com a entrada da Amazon no país, o segmento de livros foi afetado. Eu realmente não sei como eles conseguem vender com aqueles preços e isso acaba prejudicando não só a mim, como a outras livrarias. É difícil, a gente precisa ficar o tempo inteiro criando”, diz ela.
Mas há os que preferem a forma tradicional, como Eduardo Aristides, dono da Quitanda do Seu Aristides, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Ele abandonou a vida de publicitário para abrir seu pequeno negócio, que chama atenção por conta da decoração retrô. “Eu queria um lugar em que as pessoas se sentissem bem servidas, bem tratadas,
Apesar da forte competição da gigante americana, o espaço ainda consegue ter clientela fiel, muito porque, ao contrário das grandes redes, títulos difíceis de serem encontrados comercialmente acabam adquiridos justamente lá. 60
“As pessoas têm uma cultura de achar que em livrarias de rede encontra-se tudo. Só que elas não entendem que esse acervo é comercial, e um produto diferenciado só encontra conosco. Quando não temos, encomendamos ou fazemos o máximo possível para achar”, acrescenta Gislene. Para ela, cabe os moradores de cada bairro e região frear o canibalismo de grandes empresas. “Ao consumir localmente, incrementa-se todo o mercado do bairro”, diz ela. Mas como mostrar aos clientes que as vantagens também podem ser financeiras, e não só no atendimento e serviços personalizados? “Fazendo-os refletir sobre os gastos que teriam com deslocamento, por exemplo. Comprar no bairro elimina várias questões e aborrecimentos”, responde Gislene. Pertinho da NoveSete, só que no bairro da Aclimação, a boleira Gita Szmulewicz comanda, ao lado do marido, Seraias Serafim, a loja Gita Make My Cake, confeitaria que encanta não só por seus sabores, como também pela forma caprichada com que se apresenta aos clientes. E ela é totalmente local e não abre mão disso, não importa as dificuldades. “Eu faço tudo no bairro. Não tenho carro, meus filhos estudam perto. Eu também dou preferência para os pequenos, consumindo no mercadinho, na farmácia que não é de rede, enfim, a gente vai se ajudando”, diz ela, que faz questão de relembrar que começou em uma kitnet, só migrando para uma casa maior por conta do crescimento da demanda de seus produtos. Embora se preocupe com a concorrência das grandes redes, Gita faz questão de frisar que o público que a procura precisa, necessariamente, ter um perfil e prioridades diferentes. “Meu produto nos força a ser artesanal, com materiais de extrema qualidade, como o chocolate belga, e por isso não posso fazer preço de atacado”, conta. E é justamente neste ponto que o quitandeiro, as donas de livrarias e a boleira mais concordam: para eles, em busca de soluções rápidas e preços baixos, muitos clientes entram num processo de automatização de suas rotinas e esquecem, em muitos casos, que a única preocupação das grandes indústrias é lucrar com a venda de produtos em grandes volumes, o que gera menos qualidade não só para a saúde física e mental a longo prazo, como também para o ambiente, pelo excesso gerado pelo consumo desenfreado.
Interior da livraria infanto-juvenil NoveSete, na Vila Mariana, em São Paulo
“Quando a pessoa prefere comprar de um produtor local, acaba investindo no trabalho autoral, que impacta positivamente até os seus fornecedores, criando uma economia colaborativa e cheia de empatia e total atenção às necessidades do cliente”, diz Gita. Para ela, quem compra de quem faz leva consigo um pedacinho de uma rica história de sonhos, metas e muita vontade de vencer. E isso, a longo prazo, faz toda a diferença na vida da comunidade.
Fotos: DIVULGAÇÃO | Daniel pinheiro
| hotéis |
Gourmet Bar
62
Alimentos e Bebidas Muito além da hospedagem Cristina Teixeira Duarte
S
empre atento à evolução da hotelaria, a AccorHotels vai além da hospedagem e faz da experiência de seus clientes uma prioridade nos milhares de estabelecimentos de diversas marcas e padrões que administra em 95 países. Para isso, o Grupo tem investido esforços na área de alimentos e bebidas (ou Food & Beverage - F&B em inglês), definida como um dos carros-chefe de sua operação global. Incluindo o Brasil, onde o Grupo conta com 92 restaurantes sob a bandeira ibis, 101 em hotéis midscale e 27 endereços instalados nas marcas luxo. A proposta é criar estratégias à altura da atual cultura gourmet, que exige serviços de excelência, atmosfera prazerosa e alimentos de qualidade, tanto na procedência quanto no preparo. Essas demandas vêm inspirando diversas iniciativas, que têm como ponto alto o F&B Academy, encontro anual de importantes profissionais do segmento para atualização de colaboradores e troca de experiências sobre tendências e inovações em bares e restaurantes. Segundo Carlos Bernardo, gerente de Alimentos e Bebidas para marcas midscale da América do Sul, a área de gastronomia está entre as cinco mais relevantes da AccorHotels. “Daí, a escalada de ações para envolver definitivamente esse setor no DNA de gerentes e equipes”, explica. Em 2017, o encontro anual teve lugar no Novotel Porto Atlântico, Rio de Janeiro, onde por três dias palestrantes e debatedores buscaram não só aprimorar o know-how do staff, mas também contribuir para a construção de uma hospitalidade capaz de emocionar e fidelizar clientes.
Q Ceviche?
Gourmet Bar 64
Adágio Alphaville
Tendência e inovação A gastronomia hoje representa aproximadamente 30% da receita total do Grupo na América do Sul, volume expressivo que é fomentado por cerca de 6 mil operações ligadas a alimentos e bebidas. A face conceitual dessa performance é o F&B Academy, iniciativa que tem como objetivo alinhar expectativas e gerar intercâmbio de vivências na implantação de determinados produtos e serviços, além de viabilizar um benchmarking entre os endereços econômico, midscale e luxe. Só em 2017, foram registradas ações de grande sucesso ao redor do mundo, como workshops globais com o envolvimento de cerca de 650 pessoas. As unidades sul-americanas receberam os vitoriosos Festival Peruano e Burguer Week, enquanto os hotéis dos países hispânicos puderam vivenciar o evento Sabores do Brasil. O ponto alto dessas ações aconteceu no grande encontro anual do F&B Academy, onde estiveram reunidos cerca de 150 profissionais de atendimento, bar e cozinha para debater aspectos ligados à legislação do setor, mixologia (arte de misturar bebidas em coquetéis), importância da ambientação e
alimentos saudáveis, entre outros temas. Foram destaques ainda a discussão sobre o papel dos bares nos hotéis e o fomento ao Planet 21, programa global de desenvolvimento sustentável da AccorHotels, que tem como meta a redução de 30% do desperdício de alimentos e o investimento massivo em alimentação sustentável. “Sempre convidamos personalidades de expressão para abrilhantar o evento. Mas os grandes convidados são mesmo nossos chefs, coordenadores de Alimentos e Bebidas, além dos gerentes que participam com questionamentos importantes e grande interesse”, diz Carlos Bernardo. Nesta segunda edição do encontro F&B Academy, estiveram presentes o chef Nery Owczarzak, que discorreu sobre a figura do chef na experiência do cliente; o chef Marcelo Barcelos, para falar sobre a importância do serviço na boa gastronomia; o apresentador Marcio Illiescu, indicando as melhores estratégias atuais na promoção dos restaurantes; Pedro Salomão, criador da Rádio Ibiza, que abordou as experiências sensoriais; a bartender Jéssica Sanchez, a quem coube contextualizar o papel da mulher neste mercado, e os consultores Hubert Krause e Igor Alvim, focados na expectativa do atendimento ao cliente.
Adagio SBC
Arquitetura na gastronomia
representam mais um elemento de apoio na busca por novos paradigmas. “A marca Adagio Aparthotel foi a que mais cresceu com a SETIN nos últimos anos e nos ajudou decisivamente na mudança de paradigmas. Ao contrário da França, onde este modelo de empreendimento não oferece serviço completo de alimentos e bebidas, no Brasil sentimos a necessidade de oferecer almoço e jantar em alguns dos apart-hotéis. Nesse sentido, a presença da SETIN foi determinante ao nos apoiar na adequação dos equipamentos para que pudéssemos pensar em propostas de atendimentos até então inexistentes”, relembra o gerente do Grupo. Fator comprovado nos apart-hotéis Adagio Aparthotel Alphaville, Adagio Aparthotel Salvador, Adagio Aparthotel São Bernardo do Campo, Adagio Aparthotel São Paulo Barra Funda e Novotel Sorocaba, bem como os ibis e ibis budget. É com cuidados e investimentos como esses, que vão da arquitetura ao drinque, que a AccorHotels pretende estimular a reflexão, o diagnóstico e a permanente inovação dos serviços da rede, tornando-a mais atrativa para o cliente, mais interessante aos fornecedores e mais rentável para o grupo.
O F&B Academy e o tratamento dado pela AccorHotels ao segmento gastronômico têm contribuído fortemente para fazer da hospedagem uma experiência surpreendente. Mais que isso, tem transformado seus restaurantes em referência, caso do Udon, no Caesar Business BH, e do Olegário, no Mercure BH Vila da Serra, além dos recém-lançados Gourmet Bar, no Novotel Center Norte, SP, e o Q Ceviche! dos ibis Styles Barra Funda e Faria Lima. Todos são abertos também ao público e alguns deles contam com um silencioso e significativo apoio: a arquitetura, que tem na SETIN Incorporadora uma sólida parceria. Para o Grupo AccorHotels, a participação da SETIN na concepção de importantes unidades ajudou não só na criação de layouts atraentes para o bem-estar dos usuários, mas também na composição de estruturas dinâmicas, funcionais e modernas para tornar a operação e os eventos do setor F&B plenamente sustentáveis. Segundo Carlos Bernardo, os espaços orientados pela expertise da AccorHotels e concretizados por incorporadoras como a SETIN 66
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RUMO À RÚSSIA
Cerca de 1 milhão de felizardos assistirão à Copa do mundo de 2018 nas arenas das cidades russas. Para quem pretende ir, preparamos um guia com orientações turísticas e de costumes para garantir a melhor experiência Mônica Jorge O estádio Luzhniki se prepara para ser o palco da abertura da Copa do Mundo de futebol da Rússia
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Segundo a Fifa (Federação Internacional de Futebol), 3,5 milhões de ingressos foram solicitados na primeira fase de vendas, encerrada em outubro, e 1 milhão de estrangeiros são esperados durante o mês da competição. Para estes turistas, além de correr para garantir a reserva de bilhetes aéreos – que, a esta altura, não saem por menos de 1.800 euros em voos de saída do Brasil – e de quartos em hotéis, outra providência importante é reunir o máximo de informações úteis sobre a Rússia.
Sobre os transportes, há perspectiva de boa notícia também para os viajantes independentes, que resolvem ir sozinhos, já que são avessos aos pacotes turísticos, considerados engessados por muitos deles. O governo russo sinalizou a possibilidade de que os trens e ônibus entre cidades-sede sejam gratuitos para visitantes com ingressos em mãos. Vale a pena reservar dias para Sochi: a cidade é um balneário à margem do Mar Negro, procuradíssimo por turistas durante o verão, que será exatamente a época da Copa. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ainda não confirma oficialmente, mas o lugar tem a preferência do técnico Tite para ser a casa da seleção brasileira.
Afinal, o país tem uma das culturas mais ricas do mundo, muito marcada por importantes fatos políticos do século 20, como a Revolução Russa, que acaba de completar 100 anos e deu origem à União Soviética, transformando o país em um dos grandes protagonistas do cenário internacional. 68
Fotos: DIVULGAÇÃO
Posições políticas à parte, a capital, Moscou, e a cidade de São Petersburgo, segunda maior do país, concentram o interesse turístico dos ocidentais na Rússia. Tanto que os pacotes de viagem vendidos no Brasil preveem hospedagem apenas nas duas metrópoles, com transferências em dias de partida para as demais cidades-sede: Kazan, Sochi, Caliningrado, Níjni Novgorod, Samara, Volgogrado, Saransk, Rostov-on-Don e Ekaterimburgo.
Brasil está classificado e agora faltam apenas alguns meses para a bola rolar na Copa do Mundo, na Rússia, de 14 de junho a 15 de julho. E para quem pretende assistir ao Mundial nas arquibancadas das arenas russas, é mais do que hora de acertar os detalhes da viagem.
Noites solares Para a alegria dos brasileiros, o verão russo é a época do famoso fenômeno conhecido como Noites Brancas, que serviu de inspiração para o escritor Fiódor Dostoiévski lançar, em 1848, sua obra homônima. Nessa época, os dias parecem eternos: o sol começa a se pôr muito tarde, após as 22 horas, para logo em seguida retornar. “As cidades ficam lindas e em festa”, diz a tradutora Daniela Mountian, que morou na Rússia e é proprietária da editora Kalinka, especializada em literatura do país. E se você é daqueles que pensam que a Rússia é sinônimo de frio intenso, uma dica: nada de encher as malas com casacos pesados nessa época, pois a temperatura chega aos 40 graus. A alta temperatura faz os ânimos ficarem mais felizes e as pessoas mais sociáveis, por isso, restaurantes e bares ficam abertos madrugada adentro. Quem prefere o ar livre e a natureza também têm várias opções, sendo possível circular com segurança pela Nevsky Prospect (rua principal do centro histórico de São Petesburgo), pegar uma praia tarde da noite ou simplesmente ficar à beira do rio Neva, observando a abertura das pontes, tão famosas nos filmes. Gastronomia única Dona de uma culinária muito diferente da brasileira, a Rússia valoriza os reflexos das culturas europeias e oriental, com ampla oferta de ingredientes naturais e pratos elaborados. Ainda assim, sushi bares são atualmente uma verdadeira febre em Moscou e São Petersburgo, segundo Irineu Franco Perpétuo, jornalista, escritor e tradutor especializado em Rússia. Ele, que já esteve quatro vezes no país, dá outra sugestão que vai agradar aos brasileiros: os restaurantes georgianos. “Há pratos como charutos de folha de uva e outras receitas aparentadas com a cozinha libanesa”, diz ele. Ao acordar, prepare-se para comer como os russos. O item principal no café da manhã deles é o kasha, um tipo de mingau feito com cereais cozidos em leite ou água. Os pães pretos, muito comuns por lá, são deliciosos, e há fartura de laticínios, com ótimos queijos. Já nas refeições principais, o trigo sarraceno faz papel de acompanhamento, à moda do arroz brasileiro. Muito comuns também são o varenique e o pelmeni, tipos de massa de trigo recheadas, em geral com vegetais como repolho e carne de porco. A carne bovina não é comum no país, mas isso é compensando pela larga oferta de caviar e de peixes como salmão e arenque, encontrados em restaurantes por preços bastante acessíveis. A sopa de beterraba é muito apreciada e é acompanhada de creme azedo, chamado de smetana. Os cogumelos também são ingredientes muito comuns na culinária russa. Há muitas redes de restaurantes onde se come bem e barato, como a casa de tortas Chtólle, em São Petersburgo, e o café Mu-mu, em Moscou. Na alta gastronomia destaca-se
o restaurante White Rabbit, do chef Vladímir Múkhin. Mas ainda não falamos da vodca, que merece toda a atenção quando tratamos de Rússia: o hábito é bebê-la de um gole só. Não chega a ser feio ou deselegante bebericar, mas para os russos vai parecer engraçado. Imersão artística O principal museu do país – e um dos maiores do mundo – é o Hermitage, em São Petersburgo. Fica em um prédio que também foi sede da monarquia russa. Separe ao menos um dia para conhecê-lo, mas o recomendado mesmo é estudar um pouco o site do museu (hermitagemuseum.org) e decidir previamente quais coleções faz questão de ver. A cidade de São Petesburgo abriga também o Museu Russo (en.rusmuseum.ru), que exibe arte nacional do século 20, como Wassily Kandinsky, Marc Chagall e Kazimir Malevich. Interessados no circuito contemporâneo mais atual devem investir também na galeria Erarta (erartagalleries.com), onde as obras estão à venda. Em Moscou, a Galeria Tretyakov dedica-se ao estudo e à formação de uma identidade cultural russa. Para estreitar o contato com a arte russa, é importante lembrar de seus representantes mais famosos fora do país. O Balé Bolshoi, em Moscou, é imperdível. Há também o Teatro Mariinsky, "a casa mais importante de balé e da música clássica na Rússia", diz Irineu Franco Perpétuo. Fica em São Petersburgo e tem vários espetáculos sendo apresentados ao mesmo tempo.
Onde passear Em São Petersburgo, o Parque de Verão e o Campo de Marte ficam concorridos durante o verão. A estátua do Cavaleiro de Bronze, na Praça do Senado, às margens do Rio Nevá, o maior da cidade, está perto do Almirantado e da Catedral de Isaac. Perto da Igreja do Sangue Derramado, no Canal Griboiédov, há o Jardim Mikhailóvski. Ao lado, a Praça das Artes reúne o Museu Russo, a Filarmônica, o Cabaré Brodiátchaia Sobaka e о Тeatro Mikhailóvski. Passear por ali é muito gostoso. Fica perto da Avenida Niévski. O Parque Górki é o mais conhecido de Moscou. Mas há vários espalhados pela cidade, que é enorme e capricha na conservação. O Lago dos Patriarcas é cenário do livro “Mestre e Margarida” e fica numa região bem charmosa, com muitos restaurantes e cafés. Todo mundo que vai para a Praça Vermelha dá uma paradinha no GUM, um shopping, para tomar um delicioso sorvete de creme.
Regras de bom comportamento
Onde se hospedar
Russos não têm o hábito de sorrir ao primeiro contato — lembre-se da expressão sempre séria do presidente Vladimir Putin. É questão de hábito, não de antipatia.
São Petersburgo Belmond Grad Hotel Europe belmond.com Ocupa um prédio com mais de um século de idade perto do Museu Hermitage. O clima é de um grandioso glamour do passado, com decoração suntuosa e serviço irretocável. O restaurante L’Europa é um dos mais bem conceituados da Rússia.
Quando falam, é em alto e bom som. Não confunda com bronca. Por outro lado, ser recebido na casa de uma família ou amigos russos “é a melhor coisa da vida”, diz Irineu Franco Perpétuo. Eles são afetuosos e divertidos. Se você elogiar algum objeto ou item da despensa, é capaz de sair da casa com o item em mãos, dado como presente.
Four Seasons Lion Palace fourseasons.com Também cercado pelos principais pontos turísticos, tem um clima de palácio, mas com decoração e atmosfera mais contemporâneas. O destaque vai para o Xander Bar, um ambiente suntuoso e instigante ao mesmo tempo.
Se for convidado à casa de russos, leve algum mimo, como biscoitos ou uma garrafa de bebida. Nos espetáculos artísticos, como balés e ópera, é hábito levar flores para o elenco. Entregue no fim do espetáculo, em mãos ou arremessando no palco. Casais em geral não demonstram carinho em público, homossexuais menos ainda. Evite, por prudência.
Alexander House a-house.ru Em uma faixa de preço mais acessível, faz o estilo hotel-boutique. Tem 20 quartos decorados individualmente e distribuídos em um casarão originalmente erguido em 1826, localizado a uma caminhada de 10 minutos do centro de São Petersburgo.
Pode entrar tranquilamente nas igrejas cristãs ortodoxas para assistir às cerimônias. Atenção: elas não têm bancos. Use roupas discretas, que cubram bem o corpo; mulheres devem cobrir a cabeça com um lenço.
Moscou Metropol Hotel metropol-moscow.ru Historicamente um hot spot para políticos, inclusive Lenin e Stálin, fica a uma curta caminhada da Praça Vermelha. Quartos e ambientes coletivos são equipados com mobiliário antigo e obras de arte. O café da manhã, variadíssimo, é destaque: oferece de receitas russas a sushi e sashimi. Four Seasons Moscou fourseasons.com A rede hoteleira baseada no Canadá administra o hotel, originalmente aberto em 1935, em plena era soviética. As características originais do prédio foram mantidas e reinterpretadas com toques ocidentais. Parte das suítes têm vista para o Kremlim, o que garante para o turista um espetáculo à parte. Standart Hotel Moscou standarthotel.com De desenho art nouveau por fora, tem os quartos mais trendy da cidade. O design é, ao mesmo tempo, retrô e futurista, com direito a pinturas feitas à mão nas paredes. O restaurante Sever-Yug é comandado pelo chef Angel Pascual, estrelado pelo Guia Michelin. O sol no entardecer da sede da próxima copa 70
Preconceito e terrorismo
Sem tradução
Problemas recorrentes no futebol doméstico da Rússia, as possíveis manifestações de racismo durante a Copa estão na mira das autoridades do país. Em entrevista no período da Copa das Confederações, em junho, Alexey Smertin, ex-meio campista do Chelsea e do Fulham, atualmente contratado para coordenar ações de combate ao racismo no futebol russo, anunciou que haverá observadores anônimos em todos os jogos. A função deles será alertar o árbitro sobre atitudes racistas de qualquer pessoa ou grupo presente aos estádios.
É a grande dificuldade dos turistas na Rússia: as placas de orientação no trânsito, no metrô e nos demais serviços e pontos turísticos não estão traduzidas para o inglês. O país adota um alfabeto diverso do latino — o cirílico russo — e é nele que estão grafadas as placas, os cardápios e as embalagens de vários produtos.
Também está prevista campanha com frases contra a discriminação nos telões das arenas. Segundo a rede Football Against Racism in Europe (Futebol Contra o Racismo na Europa), na temporada 2016/2017 foram registrados 89 incidentes racistas na Rússia, contra 101 na temporada anterior. O país anunciou ainda medida contra o terrorismo e as brigas, uma preocupação que se acentuou depois do ataque com bomba no metrô de São Petersburgo, em abril. Na ocasião, 14 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Segundo as autoridades locais, todos os estrangeiros que forem à Copa terão de se cadastrar em um site e emitir uma espécie de documento de identificação. A ideia é facilitar a identificação e localização de possíveis causadores de problemas.
Como ainda dá tempo de aprender o mínimo, o jornalista e tradutor brasileiro Irineu Franco Perpétuo recomenda aprender pelo menos o alfabeto. “Só entender as equivalências já ajuda bastante”, diz ele. “São 33 letras e o funcionamento segue a mesma lógica do alfabeto latino, que é o nosso”, explica. Aplicativos baixados pelo celular serão bons amigos durante a jornada russa. O Google Tradutor funciona bem nos sistemas operacionais Android e iOS. Ele permite fotografar placas, menus e outros pequenos textos para que sejam traduzidos direto da imagem. Além disso, funciona offline — para isso, ative a função no menu e baixe o dicionário de russo. Outra opção é o aplicativo iTranslate, que funciona de forma similar, mas peca pelo excesso de anúncios. Mas, seja qual for sua opção, saiba que dizer um olá ou simplesmente se despedir dos russos usando o idioma local mostra boa vontade para aprender e se adaptar. Por isso, vale a pena decorar: Por favor: “Pojaluista” (lê-se algo como “Pajálusta”) Obrigado: “Spassibo” (lê-se: “Spassiba”) Olá (formal): “Zdrávstvuite” (lê-se algo como: “Zdrástvuite”) Até logo, adeus: “Do svidánia” (lê-se: “Da svidánia”) Tudo de bom: “Vssegó dóbrogo” (lê-se: “Fssivó dóbrava”)
Pacotes As agências de turismo Stella Barros (stellabarros.com.br) e Agaxtur (agaxturviagens.com.br) já começaram a venda de vários pacotes turísticos para a Copa da Rússia. Há roteiros de 6 a 33 noites de duração — um jogo ou a Copa inteira —, e os preços em quarto duplo variam de 5.182 a 27.385 euros. Neste valor estão incluídas hospedagens em Moscou e São Petersburgo, café da manhã, transfers de chegada e partida, acompanhamento de guia falando português e transporte aéreo ou de trem até as cidades onde ocorrerão as partidas.
Requinte arquitetônico em igreja de São Petersburgo
Passagem aérea de ida e volta ao Brasil é cobrada à parte, bem como o programa Hospitality, que garante ingressos e custa 850 euros por partida, por pessoa. Sem o Hospitality, o torcedor deve se cadastrar no site da Fifa para participar dos sorteios de ingressos.
Leia antes de viajar A literatura russa é muito bem servida de clássicos. Dostoiévski, Tolstói, Maiakóvski e Tchecov são nomes familiares aos ouvidos de qualquer fã de literatura. Russos adoram conversas profundas e filosóficas, e a literatura é um tema querido, concordam Daniela Mountian e Irineu Franco Perpétuo, especialistas em cultura russa.
No livro Nova antologia do conto russo, da Editora 34, com organização de Bruno Gomide e diversos tradutores, é possível ler contos de Vladímir Nabókov (1889-1977), Vladímir Sorókin, Liudmila Petruchévskaia (1938), também muito conhecida, Tatiana Tolstaia e Daniil Kharms. O livro é uma boa porta de entrada para a literatura russa.
Mas vale a pena investir em uma imersão na literatura russa contemporânea para compreender melhor o país. A seguir, leia sugestões de Daniela Mountian:
Poesia russa: seleta bilíngue traz poetas contemporâneos como Dmítri Býkov (1967), uma figura bem conhecida na Rússia, interessante e polêmica. A publicação é da Editora Kalinka, com tradução de Aurora Fornoni Bernardini).
Tatiana Tolstaia (1951) – é uma das escritoras mais conhecidas na Rússia hoje. O livro No degrau de ouro foi lançado no Brasil pela Companhia das Letras, com tradução de Tatiana Belinky.
Svetlana Aleksiévitch (1948): a escritora que ganhou o Nobel em 2015 foi lançada aqui pela Companhia das Letras e esteve no Brasil, na FLIP. Vozes de Tchernóbyl (traduzido por Sonia Branco), O fim do homem soviético (por Lucas Simone) e A guerra não tem rosto de mulher (por Cecília Rosas) são as recomendações.
Serguei Dovlátov (1941-1990) – o livro Parque Cultural foi lançado pela editora Kalinka, com tradução de Yulia Mikaelyan. É um dos escritores russos mais icônicos, principalmente em São Petersburgo, onde viveu antes de emigrar para os EUA (há até uma rua em Nova Iorque com o nome dele). Com uma linguagem irônica, ele usa sua própria figura em seu universo artístico.
Varlam Chalámov (1907-1982): a Editora 34 já lançou 5 dos 6 volumes da coleção completa de Contos de Kolimá. Ele descreve a vida nos campos de prisioneiros na Sibéria, com uma linguagem concisa e única. Bem impressionante. Vale também prestar atenção aos livros que saíram este ano, em comemoração aos 100 anos da Revolução Russa, como Nós, de Ievguéni Zamiátin (1884-1937), lançado pela editora Aleph e traduzido por Gabriela Soares.
Vladímir Sorókin (1955) – é figura polêmica na Rússia, um escritor de linguagem arrojada e interessante. Um das obras dele, Dostoiévski-trip, foi traduzida por Arlete Cavaliere (Editora 34). Já veio para o Brasil, na FLIP).
Em breve sairão duas novas traduções de livros já queridos do público brasileiro: Doutor Jivago, de Boris Pasternak, com tradução de Sonia Branco (pela Companhia das Letras), e o cultuado romance Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov (pela Editora 34), com tradução de Irineu Franco Perpetuo.
Daniil Kharms (1905-1942) – escritor das décadas de 1920 e 1930 agora bem badalado entre os jovens russos. A Editora Kalink publicou a coletânea Os sonhos teus vão acabar contigo: prosa, poesia, teatro, com tradução de Aurora Fornoni Bernardini, Daniela e Moissei Mountian.
Informações práticas Fuso horário: Moscou e São Petersburgo estão 6 horas à frente do horário de Brasília (sem considerar horários de verão). Moeda: é o rublo. 1 dólar equivale a cerca de 55 rublos. Não vale a pena comprar a moeda russa no Brasil, porque a pouca oferta aumenta o preço. A melhor escolha é levar dólares ou euros para trocar nas casas de câmbio da Rússia. Visto: não é exigido dos brasileiros em viagens turísticas. Na chegada ao país, deve-se preencher um cartão migratório com dados pessoais, em duas vias. A via A será recolhida pelo agente da imigração; a via B deverá ser entregue ao sair do país. Veja detalhes no site da Embaixada brasileira em Moscou: moscou.itamaraty.gov.br/pt-br/procedimentos_ migratorios_para_turistas.xml. Embaixada: para casos de urgência, como detenção, hospitalização e perda de passaporte, o telefone de emergência da Embaixada do Brasil em Moscou é o +7.903.960.8148 Contagem regressiva para o torneio na Rússia 72
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ENTREGA MONDIAL SBC Em junho, entregamos para o centro de São Bernardo do Campo o primeiro complexo multiúso da cidade: o Mondial São Bernardo, que além de oferecer apartamentos residenciais e salas comerciais fez com que a região passasse a contar com um novo padrão hoteleiro. O evento de entrega dos escritórios e das unidades hoteleiras contou com a presença de moradores, investidores e equipes da Toledo Ferrari, AccorHotels e SETIN Incorporadora.
OFFICE E HOTEL PACAEMBU Unindo beleza e infraestrutura completa, as obras do Midtown Pacaembu foram finalizadas com a entrega dos escritórios e do hotel. O projeto reúne residenciais, escritórios e um hotel que conta com o diferencial da bandeira Adagio, oferecendo todas as facilidades de um Apart Hotel. Tudo isso bem pertinho do Metrô Barra Funda, Shopping Bourbon, PUC e FAAP.
MIDTOWN AQUIDABAN - COMERCIAL E HOTEL Integrar é a tendência mundial dos novos tempos, e o primeiro complexo multiúso de Campinas confirma isso: o empreendimento chegou com um conceito inédito para a região e logo se transformou em sinônimo de conveniência. O hotel e as unidades comerciais do Midtown Aquidaban foram entregues no dia 30 de agosto, finalizando assim as obras do multiúso que conta também com uma torre residencial. Investidores e equipes da Toledo Ferrari, AccorHotels e SETIN Incorporadora prestigiaram o evento.
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O MELHOR DE SOROCABA Sorocaba recebeu seu primeiro complexo hoteleiro, que já se tornou um ícone na cidade: o Mondial Sorocaba, que possui duas torres de hotéis da rede AccorHotels, uma da bandeira Novotel (categoria midscale) e outra da ibis budget (categoria supereconômica), formando um complexo hoteleiro que atende às diferentes necessidades de hospedagem. Está localizado em uma região residencial de classe média alta, no mais importante centro financeiro da cidade.
CENTRO COM TRANQUILIDADE Dia 26 de outubro marcou a entrega do Setin Downtown Genebra, localizado na rua Genebra,197. Apesar de estar em plena região central, a rua é marcada pela arborização e tranquilidade. Aqui, o que vale é a mobilidade aliada ao conforto, com lazer completo, que inclui piscina, área fitness e de massagem, bicicletário e espaço gourmet, entre outras facilidades. É a opção perfeita para quem deseja morar ou investir: conta com 180 unidades, com metragens entre 30 e 55m².
ÍCONE DE SÃO PAULO O residencial Setin Downtown São Luís, entregue no dia 31 de outubro, está localizado onde tudo acontece em São Paulo: na Rua da Consolação com a Avenida São Luís, no centro. O espaço, que agrada a diversos estilos e perfis, une a centralidade e a sofisticação em uma das esquinas mais cobiçadas e efervescentes da capital. É um autêntico polo cosmopolita, de onde se parte para os mais variados pontos da cidade e por onde circulam desde altos executivos até novos talentos da arte. O projeto de decoração é do conceituado escritório Triptyque.
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