Revista Pedagógica Espírita

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NEUROPEDAGOGIA - A CONSTRUÇÃO DA MENTE À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA • TEATRO EM ORLANDO, NA FLÓRIDA

Ano III • Nº XIII • Julho/Agosto 2010 • www.rpespirita.com.br

Encarte Atlas de Neuroanatomia

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R$ 9,00

EDAGOGIA ESPÍRITA E EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO “A Doutrina Espírita contém material de elevadíssimo valor que abre novos campos de estudo e pesquisa em todas as áreas do conhecimento humano, especialmente na Educação, na Psicologia e na Medicina”

• Psicologia e Educação do Espírito • A Arte na Educação • Física Quântica, Psicologia e Educação • Neuropedagogia - A Construção da Mente à Luz da Doutrina Espírita • Prática Pedagógica na Evangelização

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EXPEDIENTE Direção geral Walter Oliveira Alves Ano III - Nº 13 - julho/agosto - 2010

SUMÁRIO Poesia - Alvorecer 02 Pedagogia e Educação do Espírita - A Pedagogia Espírita - teoria e prática 03 Psicologia e Educação do Espírito - A Psicologia à luz da Doutrina Espírita

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A Arte na Educação do Espírito - O valor da arte na educação 10 Teatro em Orlando, Flórida - As Irmãs Fox, pelo grupo de teatro do Allan Kardec Christian Spiritist Center of Orlando 11 A Música na Educação do Espírito - Importância da música na elevação do Espírito 12 A Dança na Educação do Espírito - Grupo Espírita de Dança Iluminar

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Encarte - Atlas de Neuroanatomia

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Filogênese do Sistema Nervoso Formação e evolução dos neurônios Formação e evolução do encéfalo Neuropedagogia - A Construção da Mente - Neuropedagogia e Doutrina Espírita 19 Física Quântica, Psicologia e Educação - A Física Quântica à luz da Doutrina Espírita 22 Prática Pedagógica na Educação - Pluralidade dos Mundos Habitados 30

Equipes Artísticas Música: Juliana Hypólito Silva Dança: Daniela Pereira Teatro: Gustavo Lussari Artes Plásticas: Enis Mariano Rissi Literatura: Luiz André Miguel da Silva Revisão Doutrinária Hércio Marcos Cintra Arantes Revisão Geral Doralice Scanavini Volk Polos regionais Franca - São Paulo Campinas - São Paulo Santos - São Paulo São Paulo - São Paulo Matão - São Paulo Barbacena - Minas Gerais Uberlândia - Minas Gerais Rio de Janeiro - Rio de Janeiro Joinville - Santa Catarina Curitiba - Paraná Polos internacionais Nova York - Nova York - USA Boston - Massachusetts - USA Orlando - Flórida - USA Porto - Portugal Viena - Áustria Londres - Inglaterra Winterthur - Suíça Jornalista responsável Mario Joanoni - MTB 025546 Assinatura anual assinaturas@rpespirita.com.br www.rpespirita.com.br Brasil - R$ 45,00 Exterior - US$ 30,00 Número avulso: R$ 9,00

Editorial Esta 13ª edição inaugura várias sessões de conteúdo doutrinário e contém notáveis esclarecimentos sobre assuntos pertinentes ao desenvolvimento humano aliados à pedagogia como instrumento de evolução do Espírito.

Física Quântica, Psicologia e Educação à luz da Doutrina Espírita. Estudando O Livro dos Espíritos e A Gênese, de Allan Kardec, bem como as obras de André Luiz, psicografadas por Chico Xavier, chegamos à conclusão que a Doutrina Espírita possui elementos para esclarecer vários conceitos da física quântica e, ao mesmo tempo, demonstrar a ligação entre educação, psicologia e física quântica. Walter Oliveira Alves Diretor Geral

Atendimento ao leitor Informações, sugestões, elogios ou reclamações: atendimento@rpespirita.com.br Fale com a redação Contato direto com a redação da revista para que você nos envie seus comentários. editor@rpespirita.com.br

Diagramação e Impressão Instituto de Difusão Espírita Av. Otto Barreto, 1067 Araras | SP | Brasil Fone 55 19 3541-0077 www.ideeditora.com.br

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Alvorecer Amor descido dos céus, Da alma diluía os véus Trazia de lumes distantes Feito em dois olhos brilhantes O espelho do reino de Deus... Duas joias faiscantes Dois sóis de amor penetrantes Luz que arde e quer se ver Espelhada nas profundezas do ser Luz que busca sem cessar A escuridão d'alma iluminar... O lago vítreo entranha O fogo com que o sol lhe banha A alma de paz sedenta Daquele sol de amor se alimenta... E se da noite a sede voraz Um gole de aurora desfaz Da alma a mais amarga escuridão Esvai-se numa doce gota de seu coração...

Taça viva de néctar sagrado, O coração do Mestre amado Generoso, se deixava sorver Majestoso, fazia n'alma um alvorecer... Eis que dia houve na praça Acolhendo a dor da desgraça Contra as pedras da condenação Lançou o véu da compaixão E a mulher aos seus pés caída, Pelo braço da crueldade oprimida, Ouviu o Mestre que assim dizia: Daqueles que têm pedras na mão, Indague a seu coração E se nele não há erro que o acuse, A primeira pedra a esta não recuse E vendo que a multidão partia À mulher pelas mãos reerguia E seu amor fez uma alma redimida...

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Quantos de nós Traímos a voz Do imo, a consciência E queremos indulgência... Porém ante a falência Dos vencidos pel'ilusão Pedras postas na mão Vestimo-nos de algoz... Quando a caridade Na mão da compaixão Será ponte de liberdade Que reergue um irmão? Quando os olhos de luz O orgulho vencerão E no caído verão A dor da própria cruz Com os olhos de Jesus?

por Daiane Assenço


por Walter Oliveira Alves

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EDAGOGIA ESPÍRITA E EDUCAÇÃO DO

Pedagogia, como já vimos, corresponde à ciência e à arte de educar. Também pode ser definida como o conjunto de teorias, princípios e métodos do processo educativo. A educação pode ser definida de várias formas, de acordo com a visão de cada autor. Para Celestin Freinet, a educação deveria formar um homem livre, com autonomia e responsabilidade, que não apenas se adapte a uma sociedade, mas que possa contribuir para a transformação dessa sociedade. Para John Dewy, a educação corresponde ao desenvolvimento da capacidade de raciocínio e do espírito crítico do aluno. Defende a coexistência da ciência com a religião, mas de forma racional. Para Froebel, “a educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana autoconsciente, com todos os seus poderes funcionando completa e harmoniosamente, em relação à natureza e à sociedade.”(A Educação do Homem) Para Goethe, a educação é, antes de tudo, trabalho espiritual de humanização. O importante é a formação da personalidade. Para Comenius, o objetivo central da educação era “tornar os homens bons cristãos, sábios no pensamento, dotados de fé, capazes de praticar ações virtuosas”, estendendo-se a todos: ricos, pobres, mulheres e portadores de deficiência. (Didática Magna) Herbart, embora intelectualista, tem como objetivo a formação moral do aluno. O ins-

trumento para isso é a instrução, pois “só o ignorante comete erros”. Maria Montessori afirma a necessidade de harmonizar a interação de forças corporais e espirituais, ou seja, corpo, inteligência e vontade, através dos princípios fundamentais que são: atividade, individualidade e liberdade. Pestalozzi, em linguagem simples e sintética, nos oferece uma das melhores definições de educação, como sendo “o desenvolvimento gradual e progressivo de todas as qualidades do homem.” Segundo a Unesco, a educação deve visar o pleno desenvolvimento da personalidade da criança, através de uma educação integral, centrada nos quatro pilares fundamentais: - afetivo-emocional - cognitivo - ético-moral - psicomotor No entanto, a maioria dos países ainda possui uma visão unilateral, valorizando o intelecto e procurando preparar o aluno para um mundo extremamente competitivo. A EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO A Doutrina Espírita, contudo, nos oferece a oportunidade de ampliarmos nossa visão do homem, como ser espiritual, filho de Deus, dotado do germe de seu próprio aperfeiçoamento, a evoluir gradual e progressivamente rumo à perfeição. A Educação do Espírito é, pois, a educação

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SPÍRITO

integral do ser, em todos os seus aspectos como ser fisiopsico-social e, acima de tudo, espiritual. Corresponde à educação integral, em todos os seus aspectos: cognitivo ou intelectual, afetivo e volitivo. No aspecto cognitivo, a Doutrina Espírita nos oferece um universo de conhecimentos que elabora com naturalidade uma síntese entre filosofia, ciência e religião. Percebemos que o conhecimento que o Espíritismo nos oferece abrange o conhecimento de nós mesmos, do mundo em que vivemos e, ao mesmo tempo, do mundo onde viveremos no futuro. Isso inclui praticamente todos os ramos do conhecimento humano. As obras de Kardec e outros autores, especialmente André Luiz e Emmanuel, psicografadas por Chico Xavier, contêm material de elevadíssimo valor, para os que têm “olhos de ver e ouvidos de ouvir”, na linguagem de Jesus. Com certeza, abre novos campos de estudo e pesquisa em todas as áreas do conhecimento, especialmente na Educação, na Psicologia, na Medicina, nas Artes em geral, elevando nosso nível de conhecimento ao aspecto espiritual da vida. No aspecto afetivo, nos faz recordar a recomendação de Jesus quanto ao “amai-vos uns aos outros”, demonstrando o valor do sentimento na elevação do ser. Recomenda a prática da caridade como exercício do amor ao próximo. Incentiva a compreensão de que, embora filhos do mesmo Pai, estamos em

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diferentes estágios evolutivos e, portanto, pensamos de formas diferentes, o que requer tolerância, respeito e paciência no trato uns com os outros. Ela nos faz compreender que amar a Deus é amar ao próximo e às Leis Divinas que regem os mundos e os seres, respeitando a Natureza e auxiliando o próprio Criador na conservação e cuidados necessários com toda a Criação da qual somos parte integrante. No aspecto volitivo, fortalece nossa vontade, nossa firmeza interior, nossa fé e confiança em nós mesmos e na Providência Divina. Faz-nos compreender que a vontade é força criadora em nós mesmos, que intensifica nosso pensamento e fortalece nossa ação. Ao descerrar o véu que nos tolhia a visão espiritual da vida, nos faz compreender a grandeza da vida que nunca acaba. Compreendemos que somos parte de um Todo, filhos de Deus, amados pelo Pai, com plenos direitos de estarmos aqui, de viver, amar e sermos amados e participar do concerto Universal não apenas como espectadores, mas como agentes ativos, como seres criados, mas também como criadores. Vivifica nossa alma, fortalece nossa confiança na vida, nos permite o conhecimento de nós mesmos e nos predispõe à melhora íntima, às mudanças interiores e resoluções de nossos conflitos, vencendo nossos impulsos inferiores e abrindo caminho interior para a evolução em níveis superiores. Do animal ao homem, avançamos gradualmente para o ser Cósmico, integrado na vida universal, vibrando em sintonia com o Criador, vivenciando a vida em sua plenitude como cidadão do Universo. Ao mesmo tempo, aprendemos a respeitar o mundo em que vivemos, atualmente cidadão do planeta Terra, bendita escola de evolução e educação da alma. Aprendemos a amar a Natureza, a ver a beleza e a grandeza nas coisas simples. Aprendemos a sentir Deus nas coisas pequeninas, do mundo microscópico ao macrocósmo, onde tudo vibra e evolui mergulhados na Mente Cósmica que tudo equilibra e harmoniza. Olhando as estrelas à noite, cintilando na imensidão azul do cos-

mo, sentimos profundo respeito, admiração e reverência pela vida. Sentimento de gratidão ao Criador nos invade a alma e nos sentimos parte de tudo isso. Nossa alma se eleva em compreensão e veneração, vibrando em sintonia com a vida superior. Nosso coração se aquieta com confiança na vida e encontramos a paz e a harmonia interior. Nos sentimos, enfim, parte integrante e integrados na vida Universal, fortalecendo em nós a vontade de viver e de servir na grandiosa obra da Criação. Tornamo-nos agentes, participantes ativos no concerto da vida. Nossa vontade interior se alinha com a vontade cósmica que é sempre amor e vibração superior, energia emuladora que atrai para a frente e para cima. E, quem sabe, possamos um dia afirmar como Paulo: “já não sou eu mais quem vive, mas o Cristo que vive em mim.” Tornamo-nos então, cooperadores conscientes, operários da vida superior, co-criadores dentro dos limites de nosso estágio evolutivo, mas felizes por estarmos imersos na intensa vibração de hamonia e amor que emana das mentes superiores que dirigem a vida em todos os seus sentidos. Nós nos tornamos cidadãos do Universo. A Prática da Pedagogia Espírita Além do exemplo de Eurípedes Barsanulfo, no Colégio Allan Kardec, onde teve a coragem de incluir no seu currículo o ensino da Doutrina Espírita, atualmente, vemos com clareza a atividade prática da Pedagogia Espírita nas Casas Espíritas, em seus diversos setores. Na evangelização infantil, nas reuniões da mocidade, nas reuniões de estudos para todas as idades, onde o educando adquire o conhecimento de si mesmo e das Leis Divinas que regem mundos e seres, conhecimentos indispensáveis para sua elevação interior, mudança vibratória e para atingir sua autonomia moral e intelectual. Nas atividades assistenciais, que abrem caminho à pratica da caridade, respondendo ao apelo de Jesus no “amai-vos uns aos outros”,

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despertando, pois, no educando, o sentimento de amor ao próximo. Nas reuniões mediúnicas, que possibilitam o intercâmbio com as duas esferas, física e espiritual, em que, gradualmente, os canais intuitivos se desenvolvem, ampliando a capacidade vibratória e de sintonia. Os grupos de artes, na música, no teatro, na dança, despertam a sensibilidade, a estética, a valorização de si mesmos, a criatividade e a expressão, movimentando a imaginação e despertando sentimentos elevados e ideais nobres, promovendo o encantamento pela vida. Conseguimos, assim, de forma simples, a tão sonhada “educação para todos” pregada por Comenius, num clima de cordialidade, fraternidade e cooperação. Sem certificados, diplomas ou títulos artificiais, a Doutrina Espírita conduz o aprendiz à autonomia moral e intelectual, com plena compreensão de si mesmo, de suas limitações atuais, mas com grandes possibilidades futuras, num avançar gradual e progressivo, além de seus limites, num constante “vir a ser”. Demonstra ao educando que ele é filho de Deus, dotado do germe da perfeição, o Reino interior, a essência Divina que existe em si mesmo em estado latente e que lhe cabe cultivar e desenvolver. Consciente das potências da alma, o educando (que somos todos nós) procura adquirir, não um diploma de papel, mas os tesouros da alma, aquele que “nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” Atingindo plena autonomia moral, não se deixa enganar pelos falsos valores do mundo, mas busca os valores eternos da alma, as qualidades interiores de Filho de Deus que é. Sabemos, todos nós, que a realidade das Casas Espíritas não é exatamente essa, onde deficiências existem, bem como todas as dificuldades inerentes ao nosso estado evolutivo. No entanto, é exatamente por isso que devemos lutar, com as armas do coração e da razão, auxiliando nossos companheiros do caminho, para que essa educação belíssima se concretize.


P & e

por Grupo de Estudos Multidisciplinar

SICOLOGIA EDUCAÇÃO

DO

SPÍRITO

Nossos estudos de psicologia serão realizados em seu amplo significado, abrangendo o aspecto espiritual e aliando-se à educação do Espírito, considerando a íntima relação entre psicologia e educação, tanto em seu aspecto terapêutico quanto no desenvolvimento integral das qualidades do Espírito. Aliás, em nossa opinião, ambos os aspectos (terapia e educação) estão tão intimamente ligados, que um não sobrevive sem o outro. Neuroses e psicoses são enfermidades da alma e não se tratam apenas com medicamentos, mas com a transformação interior do ser, através da educação do Espírito, que se torna em auto-educação. Nosso propósito é adquirir uma visão global e ampla da psicologia, uma visão de síntese, englobando todos os aspectos ou correntes atuais, da mesma forma como o empirismo e o racionalismo, aparentemente contraditórios, eram na verdade complementares, naquilo que Piaget denominou de interacionismo (interação entre o sujeito que raciocina e as experiências com o meio). Temos a convicção de que existe um ponto de confluência, ou uma área onde as teorias psicológicas se encontram para auxiliar o ser humano no conhecimento de si mesmo. Uma área de trabalho interdisciplinar em que psicólogos, educadores e pesquisadores em geral se encontram para estudos e experiências que muito poderão auxiliar o ser humano de forma integral, como ser que pensa, sente e age. Para justificar nossa incursão da psicologia nos domínios da Doutrina Espírita, embora considerando aqui seu aspecto científico, gostaríamos de citar as palavras de Piaget na obra “Tratado de Psicologia Experimental”, capítulo I: “Certamente a experimentação não é o único método da ciência e, sem dúvida alguma, a psicologia científica não repousa nem repousará jamais num

conjunto de conhecimentos tirados unicamente da experimentação.” As conclusões a que chegaremos, ao final de nossos estudos, baseados na Doutrina Espírita, resistirão à razão mais severa pela lógica de suas colocações, embora não sejam frutos apenas de experiências empíricas. Definição e objetivos Psicologia, do grego psykhe, alma, mais logos, estudo, corresponde, por definição, ao estudo da alma ou ao estudo das atividades mentais e dos comportamentos do indivíduo. A psicologia atualmente estuda questões ligadas ao desenvolvimento do ser, à personalidade, aprendizagem e inteligência, motivação, memória, comportamento em grupos, comportamento sexual, agressividade, sono e sonhos, processos psicopatológicos e psicoterapêuticos, além de outros processos psíquicos e comportamentais não citados aqui. Em nosso caso, pretendemos ampliar o estudo do desenvolvimento intelectual, afetivo e volitivo, ou seja, o desenvolvimento das potências da alma, incluindo as principais teorias psicológicas, até chegarmos ao aspecto espiritual do ser, através da contribuição tremendamente esclarecedora da Doutrina Espírita, objetivo final do nosso estudo. Vamos analisar em seguida as atuais conquistas das neurociências, como a neuropsicologia e a neuropedagogia, avançando pelos caminhos espirituais da vida, que vão além, muito além do horizonte que os sentidos materiais alcançam. Temos consciência de que a abordagem espiritual constitui tema polêmico nos meios acadêmicos, mas também consideramos que todas as novas

ideias encontraram resistência e, não raras vezes, abriram novos caminhos para a ciência. A Doutrina Espírita lança uma luz brilhante demais para os olhos acostumados à visão nebulosa do materialismo, mas a verdade é soberana em si mesma e acaba vencendo preconceitos, religiosos ou acadêmicos, prevalecendo, por fim, embasada na razão e no bom senso. A Doutrina Espírita nos apresenta uma visão profunda do homem integral, num processo dinâmico de crescimento e evolução que nos fará perceber a importância de cada pensador, de cada teoria, como elos de uma mesma corrente. Mas para isso, é necessário rever, mesmo que rapidamente, as diversas teorias, de preferência dentro de uma perspectiva histórica, embora não linear. Visão HistóricO-Filosófica da Psicologia A psicologia, hoje, é uma ciência considerada tanto das áreas sociais ou humanas como da área biomédica. Mas nem sempre foi assim. Durante séculos esteve atrelada à filosofia. A história da psicologia não apresenta uma linearidade, onde uma teoria evolui para outra, mas de teorias que, em muitos casos, parecem se confrontar e se colidir. No entanto, ao observador atento, mesmo as aparentemente contraditórias, longe de se anularem, se completam.

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Assim é que, mesmo com as oscilações entre as diferentes teorias, de acordo com as circunstâncias sócio-culturais da época e das regiões de onde surgiram, todas contribuíram para uma visão mais ampla da realidade sobre os mecanismos de nossa própria mente, ou seja, para nos fazer compreender a nós mesmos. As Raízes da Psicologia Embora a psicologia somente tenha se separado da filosofia e se firmado como ciência autônoma em fins do século XIX, podemos afirmar que as raízes mais profundas do pensamento humano se perdem nos primórdios dos tempos, quando o homem primitivo se aventurava a questionar a si mesmo sobre o mundo, os seres e sobre ele próprio, construindo uma visão mística e, muitas vezes, fantasiosa da vida. As diferentes teorias psicológicas, que embasam o pensamento atual, emergiram gradualmente, ao longo dos séculos, tendo como berço, na história do ocidente, a Grécia antiga, mas com raízes profundas nas filosofias e religiões das antigas civilizações da Índia, China, Egito, Mesopotâmia, e outras. A filosofia grega procurou uma explicação racional do mundo, da natureza e do próprio homem, utilizando-se da razão, de demonstrações e argumentações lógicas. Na história do oriente, muitas ideias foram simplesmente ignoradas ou tratadas apenas como “doutrinas secretas”, sendo, contudo, resgatadas por alguns estudiosos modernos, mas que continuaram à margem da corrente de pensamento típica do homem ocidental. Assim, ideias profundas do antigo Egito, da Índia e da China milenária foram abandonadas pelo homem do ocidente, que mergulhou no mundo da “lógica” e da “razão”, surgindo, daí, diferentes correntes de pensamento, sem considerar o pensamento oriental. Tentaremos resgatar, pelo menos, algumas ideias do oriente que contribuirão para aumentar nossa visão e o estudo da psicologia. A Psyché na história e no tempo Embora a origem da palavra psicologia derive do grego “psyché”, que significa alma, o próprio termo alma assume diferentes significados em diferentes épocas. No antigo Egito, a alma era uma entidade invisível e imortal que seria julgada após a morte do corpo pelos seus atos durante a vida. A alma denominava-se Ba e o corpo físico era o Kat. O corpo que

a alma utilizava após a morte ou o duplo do homem era chamado Ka. Os egípcios acreditavam na transmigração da alma ou na reencarnação. Na Índia antiga, embora fosse um sistema diversificado de pensamento, a maioria dos hindus acreditavam que a alma ou espírito - o “eu” verdadeiro denominado atman é imortal. O objetivo da vida, de acordo com algumas escolas hinduístas, é o aperfeiçoamento do atman até ser semelhante a Brâman, a alma suprema. Acreditam, pois, na evolução da alma rumo à perfeição (Brâman), baseada no ciclo de renascimento, no carma ou lei de causa e efeito, pela qual cada indivíduo cria seu próprio destino, através de seus pensamentos, palavras e ações. Na China, as raízes da filosofia com perspectiva religiosa estão no Confucionismo, Taoísmo e no Budismo, este último tendo nascido na Índia, ganhou enorme espaço na China. Embora existindo diferentes escolas, o Budismo na China, especialmente o Budismo Tibetano, acredita no carma, em sânscrito páli kamma, que significa ação motivada, intencional, e se refere à causalidade, à interdependência entre todas as causas (sânsc. hetu) e seus resultados (sânsc. phala) ou consequências naturais. Popularmente, usamos a analogia de que estamos colhendo no presente os frutos dos atos praticados no passado e nosso futuro depende do que estamos fazendo agora. O carma se refere às ações do corpo, fala e mente que brotam da intenção mental e que geram consequências. A mente é a fonte tanto do nosso sofrimento quanto da nossa felicidade. Pode ser usada de modo positivo para criar benefícios ou de modo negativo para criar malefícios. O Budismo Mahayana, que se expandiu ao Tibete, ao Nepal, à China e ao Japão prega a fé, o amor e a compaixão, afirmando existir dois pilares “sobre os quais se ergue o edifício do Budismo”: Prajana, a sabedoria transcendental e Karuna, o amor ou a compaixão. No entanto, no budismo, a doutrina do anatta prega a inexistência de um “ eu” ou alma permanente e imutável. O renascimento em existências subsequentes deve antes ser entendida como a continuação dinâmica, em constante processo de mudança, determinado pelas leis de causa e feito ou carma. Na linguagem cotidiana, fala-se em “alma”, “eu” ou “self” nos meios budistas, mas sempre com o entendimento de que nós somos interdependentes com outros, em vez de personalidades independentes e imutáveis. Tudo se liga, se inter-relaciona em constante processo de mudança.

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O objetivo da vida é a iluminação e se livrar do ciclo da morte e dos renascimentos. No taoísmo, também está presente o ciclo do retorno ou da transmigração bem como o carma ou causa e efeito. Alguns estudiosos, contudo, afirmam que o renascimento ou ciclo da transmigração não é exatamente igual ao conceito de reencarnação do Egito e da Índia. Os povos antigos da Mesopotâmia, (Sumérios, Acadianos, Babilônios, Assírios, Caldeus) eram politeístas e levavam a vida sem se preocuparem com a morte ou com a vida além-túmulo. Entretanto, algumas culturas mesopotâmicas acreditavam na vida após a morte e, por isso, desenvolviam uma série de rituais funerários. Já os persas seguiam a religião pregada por Zoroastro. Eles eram monoteístas e acreditavam na sobrevivência da alma, pregando uma distinção severa entre o bem e o mal e o cultivo da sabedoria e da virtude. Exerceu grande influência entre o povo hebreu, durante o período do exílio na Babilônia, pois pregava a vinda do Messias, a ressurreição dos mortos, o julgamento final e a translação dos bons para o paraíso eterno. Inclui também a doutrina da imortalidade da alma e o seu julgamento. Entre o povo hebreu, o conceito de corpo, alma e espírito varia, conforme as épocas e as diversas seitas que surgiriam no Judaísmo. Pelo menos após o exílio na Babilônia, os judeus assimilaram as doutrinas da imortalidade da alma, da ressurreição e do juízo final, e se constituíam em importante ensino por parte dos fariseus. A Psyché na Grécia Antiga No período homérico e mítico (XII-VIII a.C.), a alma é semelhante ao corpo que habita, mas mais tênue, menos densa, como um sopro. O herói morre no momento em que a alma abandona o corpo. “... e a alma abandona seus membros e se vai, voando para o Hades” (Veja Ilíada e Odisseia, de Homero). No período denominado pré-socrático, os pensadores se preocupavam mais com o cosmo, com o mundo e a natureza, procurando a causa ou o princípio do Universo, mas o estudo da alma está presente. Dentre os pensadores desta época destacamos Pitágoras (580-497 a.C.), que após adquirir conhecimentos no Egito, na Síria, na Fenícia, na Índia e, talvez, outras civilizações, funda, em Crotona, a Escola Pitagórica, considerada “a primeira Universidade do mundo”, onde se ensinava a imortalidade da alma e a reencarnação. Para Heráclito (540-470 a.C.), no entanto, a morte


Academia de Platão

Pintura renascentista de Rafael

também extingue a alma. Não existe, pois, um pensamento único, ou linear entre os filósofos antigos. Parménides de Eleia (530 a.C. - 460 a.C.) afirmava que a percepção de nossos sentidos apenas cria ilusões. Para chegarmos à verdade, não podemos confiar nos sentidos, mas temos que recorrer à razão. É considerado, pois, um precursor do racionalismo. No segundo período, ou seja, na época de Sócrates (480-399 a.C.), Platão (429-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), os filósofos buscavam compreender a origem do conhecimento, a moral, a virtude, o bem e o mal, a liberdade, as emoções, o corpo e o espírito, a consciência, dentre outras coisas. O interesse se desloca do cosmo para o homem. Na teoria da reminiscência, de Sócrates e Platão, conforme pode ser constatado no Mito de Er, em que Platão afirma que Er foi levado para o Reino dos Mortos. Ali chegando, encontra as almas dos heróis gregos, de governantes, de artistas, de seus antepassados e amigos. Ali, as almas contemplam a verdade e possuem o conhecimento verdadeiro. Er fica sabendo que todas as almas renascem em outras vidas para se purificarem de seus erros passados até que não precisem mais voltar à Terra, permanecendo na eternidade. Antes de voltar ao nosso mundo, as almas podem escolher a nova vida que terão. Algumas escolhem a vida de rei, outras de guerreiro, outras de comerciante rico, outras de artista, de sábio. No caminho de retorno à Terra, as almas atravessam uma grande planície por onde corre um rio,

o Lethé (que, em grego, quer dizer esquecimento), e bebem de suas águas. As que bebem muito esquecem toda a verdade que contemplaram; as que bebem pouco quase não se esquecem do que conheceram. Percebe-se, claramente, a crença na imortalidade da alma, de um mundo espiritual e na reencarnação, defendendo as ideias inatas. Foram precursores do racionalismo. Aristóteles (384-322 a.C.), considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos, em sua obra Anima (em latim) ou da Alma (perì psykhês em grego), considera a alma como o princípio vital de todo e qualquer ser vivo, ou seja, o princípio da vida orgânica. A alma seria a “forma do corpo”, existindo uma interdependência entre corpo e alma. Se não existe corpo sem alma, também não existiria alma sem corpo, recusando, portanto, a imortalidade da alma. Haveria, segundo ele, três tipos de alma: nutritiva, que todos possuem; perceptiva, que não existe nas plantas, mas está presente nos animais e nos homens, e intelectiva, exclusiva dos homens, cuja relação com os sentidos lhes proporciona capacidade de pensamento, raciocínio, opinião e conhecimento. Tentou estabelecer, nada mais, nada menos, do que uma teoria explicativa da alma que estabeleça uma relação entre sensação e pensamento, problema que persiste até hoje. Pensar é produzir formas no intelecto a partir das sensações. Tal visão é empirista, ao contrário de

Platão, racionalista e inatista. A partir do terceiro período, os interesses se voltam para problemas morais e religiosos. Epícuro (341-270 a.C.) e seus seguidores, os epicuristas, viam no prazer, obtido pela prática da virtude, o bem. O prazer consiste no não-sofrimento do corpo e na não-perturbação da alma. Muitos pensadores da Grécia antiga podem ser tomados como pontos de referência para o desabrochar da psicologia. No entanto, as duas principais correntes de pensamento que nasceram na Grécia antiga e que influenciam nosso pensamento até hoje são o empirismo e o racionalismo, que estudaremos mais tarde. De Jesus ao Renascimento O cristianismo primitivo (também chamado de Era Apostólica) é o nome dado a uma etapa da história do cristianismo que se inicia após a morte de Jesus e termina em 325, com a celebração do Primeiro Concílio de Niceia. No início da era cristã, o pensamento de Jesus ganhou espaço em muitos corações de boa vontade, embora a tremenda rejeição tanto do poder político da época, o Império Romano, quanto do poder religioso, fundamentado no Judaísmo. Estudaremos as ideias de Jesus em outro item, pois as julgamos atuais e profundamente ligadas à psicologia. No entanto, a partir do concílio de Niceia, em 325, o Cristianismo foi desvirtuado em sua essência, perdendo a pureza e a simplicidade dos primeiros tempos.

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A Idade Média Durante todo o período da Idade Média (4761453), todo o conhecimento grego manteve-se propositalmente esquecido, e o próprio Evangelho de Jesus desconhecido do povo em geral. A própria leitura da Bíblia era proibida. Dois grandes nomes se destacam nesta época: Santo Agostinho (354-430), que prega que a alma, além de ser a morada da razão, é também uma manifestação Divina e é imortal. São Tomas de Aquino (1225-1274 ), destacando que a busca da perfeição pelo homem é a busca de Deus, pois somente Deus é capaz de reunir a essência e a existência em termos de igualdade. Do Renascimento em diante Somente a partir do Renascimento, por volta de 1500, inicia-se uma nova etapa evolutiva em todos os setores do pensamento humano, na filosofia, na religião, na economia, na política e mesmo nas artes. Profundas mudanças ocorrem na vida medieval, com o enfraquecimento gradual do senhor feudal e com o fortalecimento do poder dos reis. Mais tarde, com o iluminismo de Voltaire (1694-1778), Diderot (1713-1784), Rousseau (1712-1778) e outros, o poder dos reis se enfraquece e a monarquia cede espaço para as grandes conquistas da liberdade, igualdade e fraternidade, culminando na democracia. No período do Renascimento, um dos maiores nomes é Galileu Galilei (15641642), que dá início ao método científico baseado na observação e na experimentação, com a formulação de hipóteses e leis necessárias e universais. Contemporâneo de Galileu, Francis Bacon (15611626) formaliza o método de Galileu, lançando as bases lógicas da ciência. As ideias de Galileu e Bacon são continuadas por Descartes (1596-1649), que é considerado o fundador da filosofia moderna e do racionalismo. Rompe definitivamente com o ideal medieval do conhecimento pela fé e resgata o sujeito conhecedor e o método racionalista como método de construção do conhecimento. Destruindo todos os dogmas, através de uma dúvida metódica, Descartes pretende chegar a um ponto inicial, uma primeira verdade, que não se possa duvidar. Assim, da própria dúvida, chega à conclusão de que não se pode duvidar sem pensar, portanto, o pensamento é o ponto de partida do conhecimento: Cogito, ergo sum significa “penso,

logo existo”; ou ainda Dubito, ergo cogito, ergo sum: “Eu duvido, logo penso, logo existo”. Para determinar uma consistência ao conhecimento, Descartes define o método que para ele é analítico, porque consiste em decompor os problemas em suas partes constituintes e organizá-los em uma ordem lógica. Como Sócrates e Platão, Descartes admite as ideias inatas. É considerado o ponto de partida do racionalismo moderno. Além da ênfase no método, Descartes afirma existir três substâncias: uma substância pensante, a alma ou res-cogitans; uma substância material, o corpo ou res-extensa e uma substância infinita, ou seja, Deus. Assim, ao contrário de Aristóteles, que não podia conceber forma sem matéria, ou seja, alma sem o corpo, Descartes introduziu no homem uma dualidade, a da alma e a do corpo. No entanto, é preci-

de contraditório com o equilíbrio interior.” (Jean Piaget, em Seis Estudos de Psicologia, Ed. Forense Universitária) A ideia de Descartes também está em perfeita sintonia com a questão 27 de O Livro dos Espíritos: “Há, então, dois elementos gerais no Universo: a matéria e o Espírito?” - Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. “Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal.” No pensamento medieval, admitia-se uma extensa pluralidade de substâncias, onde cada espécie animal, cada planta e mesmo cada mineral era formado por uma substância diferente. Descartes simplifica tal pensamento ao afirmar que a extensão (rex-extensa) é o atributo de toda matéria, o pensamento (rex-cogitans) é o atributo que define a alma e o infinito como Deus, o incriado. No entanto, o universo material passou a ser visto como uma máquina, funcionando segundo leis mecânicas e matemáticas. O mundo passa a ser visto como um mundo de esferas em movimento, ângulos, linhas e pontos, explicados com os recursos da geometria analítica, pelos cálculos diferencial e integral. Atualmente, esta visão mecanicista e analítica tem sido severamente criticada, em contrapartida a uma visão global, onde tudo se liga de maneira harmoniosa e onde o todo não é a soma das partes. EMPIRISMO E RACIONALISMO

René Descartes (1596 - 1650)

Filósofo, físico e matemático francês.

so compreender, contra a interpretação vulgar de Descartes, que para ele a glândula pineal fornece uma conjunção entre alma e corpo em que ambos atuam em íntima correlação. Vemos esse mesmo dualismo em Piaget, que ressalta “uma diferença essencial entre a vida do corpo e a do espírito”, afirmando que “concluída a evolução ascendente, começa, logo em seguida, automaticamente, uma evolução regressiva, que conduz à velhice.” “Ao contrário, as funções superiores da inteligência e da afetividade tendem a um “equilíbrio móvel, isto é, quanto mais estáveis, mais haverá mobilidade, pois, nas almas sadias, o fim do crescimento não determina de modo algum o começo da decadência, mas, sim, autoriza um progresso espiritual que nada possui

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A partir daí, duas correntes filosóficas vão se definindo - o empirismo e o racionalismo, remanescentes do pensamento grego antigo, e se tornarão os eixos das principais teorias psicológicas do século XX. A corrente empirista valoriza os sentidos, no processo de aprendizagem. Todo o conteúdo da mente é oriundo de impressões ambientais trazidas pelos órgãos dos sentidos. Francis Bacon e outros como John Locke e David Hume são os representantes do empirismo pós-renascimento. A corrente racionalista afirma que o homem é dotado de razão e dela provém o conhecimento, reafirmando a teoria das ideias inatas de Sócrates e Platão. Descartes, valorizando o pensamento, é o grande representante do racionalismo moderno. Kant (1724-1804), filósofo alemão, tentou realizar uma “síntese crítica” do racionalismo (raciocínio dedutivo) e do empirismo (valoriza a indução). Afirma a necessidade tanto do a priori da razão quanto da experiência dos sentidos, para ocorrer o conhecimento.


Jean Jaques Rousseau (1712-1778) é considerado o precursor de uma psicologia experimental aplicada à pedagogia. Principalmente com sua obra Emílio, influenciou grandes pensadores como Edouard Claparéd e Jean Piaget, na chamada Psicologia do Desenvolvimento, que ampliou a visão dos educadores no que se refere a “quem é a criança” e como ela aprende ou se desenvolve. Mas a psicologia somente se tornaria uma ciência autônoma, libertando-se da filosofia, a partir da publicação de G.Fechner, em 1860, dos Elementos de Psicofísica, considerada a certidão de nascimento da psicologia como ciência. A fundação do primeiro laboratório de psicologia experimental, em 1879, em Leipzig, na Alemanha, por Guilherme Wundt (1832-1920), também foi de fundamental importância para a psicologia como ciência autônoma. A partir daí, a psicologia experimental se estabelece na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos e em outros países. A partir desse ponto, vamos analisar separadamente cada corrente da psicologia e suas vertentes e implicações na educação, até a contribuição da Doutrina Espírita, que lança uma luz incrível e um novo paradigma na psicologia: a Psicologia do Espírito, inaugurando uma nova era na humanidade, que os Espíritos denominam de Era do Espírito.

John Locke (1632 - 1704) Filósofo inglês empirista.

Immanuel Kant (1724 - 1804)

Filósofo alemão realizou uma síntese entre racionalismo e empirismo.

Laboratório de psicologia experimental - 1879 Leipzig, Alemanha - Wundt

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RTE NA EDUCAÇÃO DO

Sendo educação o desenvolvimento gradual e progressivo das potências do Espírito, podemos afirmar que a arte é um processo pedagógico que busca a integração entre o pensar, o sentir e o agir. Filhos de Deus-Criador, todos, crianças, jovens e adultos, somos criadores por excelência. A arte é um dos mais valiosos canais de expressão, seja na música, no teatro, na dança, na pintura, na modelagem, na poesia... Atua no aspecto cognitivo, afetivo e volitivo. Estimula a criatividade, a expressão, o senso estético, a sensibilidade, a cooperação e cria um campo vibratório de elevado teor entre o grupo e se irradia pelos assistentes, induzindo as almas a vibrarem na mesma sintonia, no mesmo padrão elevado. A arte, em suas diferentes manifestações, vai mais longe do que a razão, adentrando nos canais sutis do sentimento e da emoção. Desperta qualidades interiores e sintoniza com vibrações elevadas, propiciando, assim, o desenvolvimento do pensamento intuitivo, que capta, percebe, compreende em rápida síntese o que o pensamento analítico e racional talvez leve tempo

e

SPÍRITO

para assimilar, ou jamais o consiga. Por isso, tende a elevar nosso padrão vibratório propiciando a sintonia com as esferas elevadas da vida Espiritual. A música é vibração que irradia em forma de ondas sonoras, mas que invade a alma de quem canta, executa e ouve, sutilizando o sentimento, ampliando a sensibilidade e propiciando a sintonia com as vibrações de harmonia que sutilizam e espiritualizam a alma. A dança é manifestação sutil da alma, que se manifesta nos movimentos do corpo, onde a energia vibratória se expande e irradia, ligando as almas na mesma frequência vibratória, elevando e sintonizando com as vibrações sutis de harmonia, beleza e paz das esferas superiores. O teatro não é apenas representação, mas vivência dramatizada, conhecimento, sentimento, emoção, vibração. Mergulhando numa representação, a criança, o jovem e o adulto estarão criando e vivenciando um campo eletromagnético que a todos envolve. Alivia anseios e frustrações, estimula a fantasia que, no entanto, se torna vivência da

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alma, ampliando o conhecimento de si mesmo, experimentando novos comportamentos, novos sentimentos e emoções. A poesia é manifestação da alma, emoção que transborda em versos e prosa. Eterniza um instante e aproxima o tempo distante. Transforma conhecimento e razão em pura emoção. Ensina emocionando e emociona ensinando. A primeira obra publicada de Chico Xavier foi Parnaso de Além Túmulo, que, em sua última edição continha duzentos e cinquenta e nove poemas, de cinquenta e seis autores luso-brasileiros, entre renomados e anônimos. A pintura transforma sentimentos em imagens de elevada e ampla expressão, que também irradia e contagia. A escultura concretiza a emoção, extraindo da pedra a alma que sente e irradia. O mármore insensível cria vida e o barro se modela conforme a vibração da alma do artista. Por isso, arte é sempre vida, elevada expressão da alma e maravilhosa ferramenta de educação do Espírito.


por Fernanda Trein

Correspondente em Orlando

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EATRO EM

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RLANDO,

FLÓRIDA - EUA

“No dia 24 de abril de 2010, o grupo Spirit of Drama de Orlando apresentou a peça “Fox Sisters” no 4º Simpósio Espírita dos Estados Unidos, onde o tema abordado foi Mediunidade. A peça é em inglês, e conta a história das irmãs Fox, que iniciaram o movimento espiritualista nos Estados Unidos, famosas pelos ‘barulhos’ que escutavam, e pela mediunidade aflorada. A mediunidade das irmãs Fox aflorou na mesma época em que Kardec, na França, iniciava suas pesquisas sobre o Espiritismo, um dos exemplos que nos mostra a espiritualidade trabalhando em todos os cantos do mundo, nos preparando para receber o Espiritismo como doutrina redentora “ assim nos conta Fernanda Gurgel, coordenadora e diretora do Teatro. O Spirit of Drama, Grupo de teatro do Allan Kardec Christian Spiritist Center of Orlando, formou-se visando a disseminação da Doutrina Espírita nos Estados Unidos através da Arte Espírita e conta com a participação de trabalhadores e estudantes dos dois Centros Espíritas da cidade (AKCSCO e também do Amor e Caridade de Orlando). Ainda este ano farão outras apresentações, levando para outras cidades da Flórida esse lindo trabalho de divulgação, envolvendo a todos que assistirem em muita vibração de amor!

Allan Kardec Christian Spiritist Center of Orlando

A arte é um processo pedagógico que busca a integração entre o pensar, o sentir e o agir. O teatro em especial atua no aspecto cognitivo, afetivo e volitivo. Estimula a criatividade, a expressão, a sensibilidade, a cooperação e cria um campo vibratório de elevado teor entre o grupo e se irradia pelos assistentes, induzindo ao mesmo padrão vibratório.

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ÚSICA NA

e

DUCAÇÃO

por Juliana Hypólito Silva

Todo processo educacional deve ser alegre, dinâmico, criativo. Isso tanto para o educador quanto para o educando. A seriedade e a competência do educador nada tem a ver com “cara feia”. O educador competente é seguro de si mesmo e, portanto, criativo, e dinâmico, e alegre pelo prazer de ensinar. Nesse sentido, a arte, em geral, e a música, em particular, aprimoram a criatividade e a sensibilidade, criando um ambiente leve e alegre. O trabalho com a música pode ser individual, como acontece nas escolas de música e conservatórios, onde se levam em conta os aspectos individuais. Pode também, no âmbito educacional, ser um trabalho de grupo, de interações dinâmicas e criativas entre elementos de um mesmo grupo ou de vários. Tal é o caso de um coral ou de grupos musicais ou mesmo de atividades paralelas às diferentes dinâmicas onde se insere a música. A educação espírita ou a educação do Espírito é, sem dúvida, uma educação para a autonomia, nos moldes de Piaget. Na fase sensório-motora (segundo Piaget), será útil a bandinha rítmica, que possibilita o domínio técnico de um instrumento bem como o trabalho rítmico, ideal para essa fase. Enquanto a criança permanecer na fase de heteronomia, o educador é um modelo a ser imitado e ele mesmo deverá organizar o(s) grupo(s). Cria-se um forte vínculo afetivo ao cantar com as crianças. Cantando juntos, aprende-se a ouvir a si mesmo e aos outros, desenvolvendo certos aspectos da personalidade como a atenção e a cooperação. As atividades deverão ir avançando além do rítmo para a melodia e mais tarde para a harmonia. As crianças também devem ser incentivadas a improvisar e inventar canções. Importante trabalhar aspectos da teoria musical

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com atividades lúdicas, compreendendo o som e o silêncio, altura, duração, intensidade, timbre e densidade. Quando o educando alcança a fase da moral autônoma, o educador poderá se tornar apenas um orientador discreto, facilitando uma auto-organização do grupo. O principal trabalho do educador, nesse caso, será trabalhar a vontade do educando, estimulando a criatividade. A música, então, com naturalidade, alcança a alma em ritmo, melodia e harmonia. Na prática pedagógica, é importante trabalhar a linguagem musical, o trabalho vocal, a interpretação e a criação de canções, jogos e brinquedos cantados e rítmicos, jogos de improvisação, elaboração e execução de arranjos, construção de instrumentos e objetos sonoros ou simplesmente escutar músicas e sons. A música pode ser associada a outras atividades, como dança, artes plásticas, teatro, leituras, histórias contadas ou sonorização de histórias. A música irradia vibrações sonoras no ambiente e facilita a criação de imagens mentais alicerçadas na audição. O Espírito passa a vibrar na mesma sintonia irradiada e, seja um coral ou grupo musical ou um pequeno grupo simplesmente cantando, cria-se um campo eletromagnético de harmonia e leveza, conforme a música escolhida. Daí a importância na escolha das canções, tanto no que se refere à letra quanto à melodia e ao ritmo. Da mesma forma como as mensagens e poesias, a música deve levar uma mensagem de bom ânimo, esperança e alegria. Daí a necessidade de descartar músicas que destilam negativismo, sensualidade ou violência. É importante destacar também a poluição sonora e a importância da ecologia acústica, evitando a excessiva exposição a muitos estímulos sonoros que possam comprometer nosso equilíbrio interior.


por Daniela Pereira Soares

Correspondente em Belo Horizonte - MG

De setembro de 2008 a setembro 2009, ou seja, num período de um ano, o Grupo Espírita de Dança Iluminar encontrou-se regularmente aos sábados, das 8 às 11 horas no Centro Espírita Vinha de Luz, situado na região limite entre Belo Horizonte e Ribeirão das Neves. Visando o envolvimento de outras Casas Espíritas no trabalho, e também a atração de novos integrantes para o Grupo, surgiu a ideia de serem realizadas aulas itinerantes em outras Instituições. A proposta foi levada a dirigentes de algumas Casas Espíritas próximas, que aderiram de pronto à ideia, colocando suas Casas à disposição para a efetivação do trabalho. No entanto, em setembro de 2009, o Grupo Espírita de Dança Iluminar transferiu suas aulas para

e

SPÍRITO

Cena do Espetáculo “Chico, Mandato de Amor” Ribeirão das Neves - MG

ANÇA NA EDUCAÇÃO DO

É difícil precisar a data de formação do Grupo, pois desde muito tempo algumas de suas atuais integrantes, muito crianças ainda já dançavam “a sós” em suas casas. Não havia nenhuma orientação e o que dirá técnica, mas elas, embaladas muitas vezes por canções espíritas de Tim e Vanessa, e

LOCAL DAS AULAS

GRUPO ESPÍRITA DE DANÇA ILUMINAR

D

A CRIAÇÃO DO GRUPO

também por aquelas ouvidas na evangelização de suas casas espíritas, expressavam através da dança aquilo de mais belo que possuíam, sensibilizando os corações de quem as assistia. Em 2008, em Belo Horizonte, durante um evento beneficente promovido pelo Centro Espírita Vinha de Luz, dançaram com imensa beleza uma música intitulada “Regenerarte” do CD 25 anos da COMEBH - Confraternização das Mocidades Espíritas de Belo Horizonte. Assistidas por um então membro do DAJ – Departamento de Apoio à Juventude – ali presente, foram convidadas a apresentar a mesma coreografia no MARES – Movimento de Artes Espíritas da Região Noroeste de BH – que se realizaria em agosto de 2008. A apresentação foi feita no encerramento do Encontro, retirando lágrimas de muitos dos presentes, pois uma grande parte daquelas pessoas, talvez a maioria, não havia tido ainda a oportunidade de assistir a uma apresentação artística na Doutrina Espírita envolvendo a dança.

A

Um grupo de dança é sempre algo dificil de se concretizar. Exige técnicas e experiências. No entanto, a vontade e a confiança, muitas vezes, superam dificuldades. A história abaixo aconteceu em Ribeirão das Neves, município localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Quem nos conta é Cláudia Quaresma: “Algo, dentro e fora de nós, sempre nos sinalizou, indicou a dança como uma forma linda e eficiente de tocar corações, uma forma diferente de sensibilizar. Começamos então a vibrar cada vez mais em torno dessa idéia. – Mas como implantar um trabalho já que as meninas envolvidas eram apenas crianças e nós não possuíamos nenhum conhecimento nessa área e nunca havíamos vivenciado a oportunidade de dançar? Preces e rogativas então foram elevadas ao Alto. Caso fosse realmente da vontade de Jesus que aquele trabalho se realizasse, que as coisas se encaminhassem … A resposta não tardou, pois alguém muito especial e com grande conhecimento doutrinário, evangélico e no campo da dança nos foi enviado. Teve a oportunidade de assistir a uma singela apresentação das crianças e, a partir de então, começou a nos ajudar, dando início, assim, em setembro de 2008, em Ribeirão das Neves/ MG, o Grupo Espírita de Dança Iluminar, que vem promovendo significativas reformas nos corações de quem dança e iluminando também os corações de quem assiste às suas apresentações.

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a FRAESP – Fraternidade Espírita Paulo e Estêvão, situada em Belo Horizonte, no Bairro Piratininga. Desde então, vem realizando suas aulas neste local. COREOGRAFIAS E APRESENTAÇÕES Na presente data, o Grupo conta com um total de oito integrantes, tendo já sido criadas e apresentadas três coreografias, sendo elas: Regenerarte (2008), Armadura (2008), Vibração (2009) e Chico - Mandato de amor (2010). As apresentações foram realizadas em Belo Horizonte e Ribeirão das Neves/MG, durante eventos beneficentes promovidos por Instituições Espíritas da região, Encontros de Artes, Encontro de Mocidades, Seminário de incentivo à leitura e também em dois asilos durante as comemorações do Natal.” Cláudia Quaresma Claudia é uma das integrantes do grupo e mãe de uma das meninas que atualmente dançam no grupo.

O grupo é bem eclético, há crianças, adolescentes, adultos e convivem num clima de muita harmonia. Coordeno o grupo desde setembro de 2008, mas como viram no depoimento da Claudia, desde muito crianças elas já dançavam sozinhas em suas casas e nas casas espíritas em que participavam. Pertencem a um centro Espírita muito humilde, com paredes só no reboco. No ano passado, uma das paredes desabou e tivemos que mudar o local dos ensaios para outro centro. São meninas pertencentes a lares espíritas, trabalhadoras mesmo, estudam muito a doutrina, ajudam na sopa aos domingos, lavam banheiros, trabalham muito e são dedicadíssimas ao trabalho evangélico. Os meninos que fizeram o papel do Chico, pequenos ainda, fazem prece no grupo e estão acostumados com a oração e o evangelho diário no lar. Fazem preces que chegam a nos comover. Daí vemos quanto somos pequenos, e quantos Espíritos com muito conhecimento e principalmente amor, já estão entre nós em corpos frágeis, e quanto ainda a arte e a evangelização espírita precisa ser valorizada e respeitada.

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TLAS DE EUROANATOMIA

Neuropedagogia e Neuropsicologia Encarte Encarte| Atlas | AtlasdedeNeuroanatomia Neuroanatomia| 17 |1


Atlas de Neuroanatomia

A Doutrina Espírita, ao abrir as cortinas do mundo espiritual, desvendou um mundo novo e quase desconhecido, o mundo dos Espíritos. Não é sem razão que os Espíritos amigos afirmam que entramos na Era do Espírito. O avanço em todos os campos da ciência, da filosofia e da religião serão imensos. Ao mesmo tempo, o enorme avanço das neurociências vem ao encontro das explicações claras, racionais e lógicas que os amigos espirituais nos enviam através de Espíritos como André Luiz, Emmanuel e outros, especialmente pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, além de outros. Enquanto o materialista pesquisa, vê, analisa e procura entender o funcionamento do sistema nervoso, afirmando que a mente é produto do cérebro, a Doutrina Espírita nos revela, de forma surpreendente, que a mente é produto do Espírito. É o Espírito quem pensa, sente e age, utilizando o cérebro como aparelho de sua manifestação. Este Atlas de Neuroanatomia é indicado ao estudioso da Doutrina Espírita e das neurociências, mas principalmente, é voltado ao educador espírita, compreendendo que a Neuropedagogia, em seu amplo aspecto, será parte integrante do currículo da Educação do Espírito. Assim, este atlas completa o estudo da Neuropedagogia em seu aspecto espiritual, parte integrante da Pedagogia Espírita. por Walter Oliveira Alves

2 | Atlas de Neuroanatomia | Encarte

Para melhor compreensão dos mecanismos da mente, é importante conhecer todo o processo de construção do próprio sistema nervoso, que ocorreu concomitantemente ao desenvolvimento da própria mente, através dos milhares de anos de evolução do princípio inteligente. O INÍCIO DA VIDA NA TERRA Na obra Evolução em Dois Mundos, André Luiz nos fala sobre os primeiros tempos do orbe terrestre e o início da vida no planeta: “A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Gênios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a espraiar-se no solo da paisagem primitiva. Dessa geleia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações... Trabalhadas, no transcurso de milênios, pelos operários espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os entre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituído. Séculos de atividade silenciosa perpassam, sucessivos...” André Luiz, contudo, nos revela que essa massa viscosa ou geleia cósmica continha o princípio inteligente em suas primeiras manifestações. O elemento espiritual que a ciência não contactou já existia, pois, nos primeiros seres, nos seres unicelulares e em todas as espécies que evoluíram através dos milênios.

A vida surgiu e proliferou no fundos dos mares. O protoplasma já continha o princípio inteligente em suas primeiras manifestações.


Quadro 1 Filogênese do Sistema Nervoso Formação e evolução dos neurônios

Mesmo os seres mais simples, como a ameba, têm necessidade de se ajustar ao meio ambiente para sobreviver. Para isso, possuem três propriedades fundamentais: irritabilidade (permite detectar modificações do meio ambiente), condutibilidade (permite a condução desse estímulo pelo protoplasma) e contractilidade (resposta ao estímulo). Quando tocamos uma ameba com uma agulha (com um micromanipulador), observamos que ela se afasta. Ela é sensível ao toque e conduz a informação a outra parte da célula provocando retração. Contudo, a ameba, tendo todas as propriedades do protoplasma, não se especializou em nenhuma.

Estímulo

Sinapse

Neurônio motor ou eferente

Neurônio sensitivo ou aferente

Com o desenrolar do processo evolutivo, foram surgindo seres mais complexos, nos quais existem células situadas na superfície, que se especializaram na sensibilidade e na condutibilidade, e outras que se especializaram na contração.

Músculos

Estímulo

Neurônio sensitivo ou aferente

Neurônio de associação Sinapses

Temos assim o exemplo de um arco reflexo simples, num ser simples de um segmento: um neurônio sensitivo (aferente) com o seu receptor, um local onde ocorre a sinapse (centro nervoso) e um neurônio motor (eferente) que se liga aos músculos.

Sinapses

No entanto, uma simples minhoca é um animal segmentado e, para evitar um estímulo nocivo, pode ser necessário que a resposta ocorra em outros segmentos. Surge assim outro tipo de neurônio, chamado neurônio de associação. Temos assim um arco reflexo que envolve três tipos de neurônios: sensitivo, motor e de associação.

Neurônio motor ou eferente

Todos os neurônios do sistema nervoso do homem podem ser classificados, em última análise, em neurônio sensitivo ou aferente, neurônio motor ou eferente e neurônio de associação.

Músculos

Durante a filogênese, os três neurônios sofreram muitas modificações e importantes especializações. Estímulo

Sinapses são as regiões de comunicação entre os neurônios.

Na parte frontal surgiu um gânglio (conjunto de neurônios) que daria origem, mais tarde, ao encéfalo e à medula (Sistema Nervoso Central) dos vertebrados.

Encarte | Atlas de Neuroanatomia | 3


Quadro 2

Os invertebrados (a maioria) possuem grupos de corpos celulares neurais, chamados gânglios. O cérebro dos vertebrados, evoluiu a partir dos gânglios dos invertebrados.

Filogênese do Sistema Nervoso Formação e evolução do encéfalo Peixes Primitivos 400 milhões de anos atrás.

Répteis 300 milhões de anos.

Peixe

Cobra

Aves apareceram durante o Jurássico, contemporâneas dos répteis.

Ave

Mamífero Primitivo 230 milhões de anos atrás.

O cérebro primitivo ou arquencéfalo, unidade cerebral responsável pela autopreservação e agressão, é formado pelas estruturas do tronco encefálico e cerebelo, pelo mais antigo núcleo da base, o globo pálido e pelos bulbos olfatórios. Corresponde ao cérebro dos répteis, também chamado complexo-R, pelo neurocientista Paul MacLean.

Mamífero Moderno 65 milhões de anos atrás. Dinossauros extintos.

Gambá

Gato

O cérebro intermediário, unidade cerebral responsável pelas emoções dos velhos mamíferos, é formado pelas estruturas do sistema límbico e corresponde ao cérebro dos mamíferos inferiores.

Primatas 50 milhões de anos atrás. Macaco comum

Chimpanzé

Homem Dois milhões de anos atrás.

O cérebro superior ou cérebro racional, unidade cerebral responsável pelas tarefas intelectuais dos novos mamíferos, compreende a maior parte dos hemisférios cerebrais (formado por um tipo de córtex mais recente, denominado Neocórtex) e alguns grupos neuronais subcorticais. É o cerebro dos mamíferos superiores, incluindo-se os primatas e consequentemente, o Homo sapiens até o homem moderno.

4 | Atlas de Neuroanatomia | Encarte


n

por Walter Oliveira Alves

EUROPEDAGOGIA INTELIGÊNCIA E MEMÓRIA Área pré-motora Associação motora

Motor

Sensorial motor (tato)

Área de associação Análise multisensorial Lobo frontal Funções psíquicas superiores Emoções Controle comportamental

Lobo parietal

Lobo occipital Visual Lobo temporal

Centro da fala Área de Broca

Os mecanismos da aprendizagem e da memória também estão relacionados a processos responsáveis pela atenção, percepção, motivação e pensamento. Lembramos aqui que, do ponto de vista da Doutrina Espírita, sabemos que é o Espírito quem pensa, sente e age, embora vários processos neuropsicológicos estejam envolvidos. O cérebro processa, armazena e recupera as informações aprendidas de diversas formas, adequando-as às necessidades do Espírito. INTELIGÊNCIA Inteligência, (do latim: intelligentia - intelligere = inteligir, entender, compreender) pode ser definida como a faculdade que a alma tem de formar ideias ou raciocinar, refletir, entender, compreender o significado de algo, planejar, saber interpretar, ter percepção, discernimento, juizo, destreza, capacidade de resolver situações novas.

Auditiva

Área de Wernicke Compreensão da linguagem

É importante compreender que, segundo Piaget, a inteligência é um mecanismo de adaptação a situações novas e que implica na construção de novas estruturas mentais. O desenvolvimento da inteligência, segundo Piaget, ocorre num processo progressivo de construção de estruturas mentais. Cada nova estrutura mental é construída a partir das estruturas anteriores (como um alicerce da construção), num processo de assimilação (incorporação de experiências novas) e acomodação (mudança interior) em níveis gradualmente crescentes, num avançar progressivo, construindo gradativamente novas estruturas em níveis cada vez maiores. Mas é preciso entender o termo estrutura, que se refere à capacidade de realização e não a conteúdos ou meros conhecimentos acumulados. Naturalmente a memória é fator importante no processo de aprendizagem, indispensável mesmo, mas não o mais importante. Para a grande maioria dos educadores, o móvel do

processo de aprendizagem é o interesse, o querer, a vontade. Segundo Claparéde e Piaget, o interesse surge de uma necessidade interior que, ao causar um desequilíbrio, leva o indivíduo a agir para se reequilibrar. A esse processo, Piaget denomina de equilibração progressiva. Quando o indivíduo age (procedimento), dois processos fundamentais se interagem: a inteligência e o sentimento. “Todo procedimento, pois, supõe um aspecto energético ou afetivo e um aspecto estrutural ou cognitivo” (Psicologia da Inteligência, cap. I, Jean Piaget). Temos, assim, as três potências da alma agindo simultaneamente: a inteligência (cognitivo), o sentimento (afetivo) e a vontade (volitivo). Mas a mola propulsora de todo esse processo é a vontade, o querer, que surge de uma necessidade. Nos primórdios da evolução, as necessidades eram básicas e fisiológicas: alimentação, sobrevivência e procriação. À medida que o Espírito evolui, as necessidades se ampliam e se diversificam, di-

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Unidades Funcionais segundo Luria

Área pré-frontal terciária Funções psíquicas superiores. Envolvida nos processos motivacionais.

Motora secundária. Motora primária.

Verde: áreas primárias, de projeção, recebem as informações sensoriais e motoras.

Área somatossensorial (tato) primária. Área temporoparietal terciária. Visual secundária.

Amarelo: áreas secundárias, de projeção e associação. Processam as informações que chegam das áreas primárias, dando-lhes conteúdos simbólicos.

Visual primária.

Azul: áreas terciárias, de superposição. Integra as experiências multissensoriais. Integram funções complexas como linguagem, espaço-tempo, cálculos, etc.

Gustativa primária.

recionando o querer, responsável pela atenção, percepção, motivação e todos os processos envolvidos no ato de aprender. Vygotsky destaca o aspecto social, a interação entre os indivíduos, como base da construção das estruturas mentais. Henri Wallon destaca o aspecto afetivo, indicando estágios de desenvolvimento onde o emocional predomina como base do interesse. Note-se, pois, que o motivo é interior. No ato da motivação, o educador procura despertar o interesse, a vontade, dentro das necessidades interiores de cada estágio de desenvolvimento. Lembremo-nos sempre de que é o Espírito quem pensa, sente e age e, no processo de construção das estruturas mentais, a volição, o querer, impulsiona a ação, onde inteligência e sentimento interagem. Portanto, os aspectos cognitivo, afetivo e volitivo interagem simultaneamente. Por isso, educar é uma ciência e uma arte, a arte de despertar o interesse e criar um ambiente vivificante, dinâmico, energizado emocionalmente, onde o indivíduo possa se engajar no próprio processo de aprendizagem. Um clima de aprendizagem adequada às necessidades íntimas do educando, onde a atenção e os canais perceptivos se abrem de forma a assimilar os novos conhecimentos que serão construídos na intimidade mental do Espírito, através da aparelhagem neurofisiológica. Não se trata apenas de criar um incentivo inicial, mas de manter todo o processo criativo vivo, dinâmico, interessante, emocionante. A inteligência, fisiologicamente falando, está ligada à capacidade do cérebro para integrar vários tipos de processamentos e reorganizar seus circuitos neurais. Esse processo de reorganização,

de novas sinapses, permite a utilização de conjuntos de neurônios para a realização de diferentes tarefas. Um mesmo neurônio pode participar de processamentos diferentes, dependendo da habilidade adquirida. Alexander Luria dividiu o cérebro em três áreas: áreas de projeção primária, que recebem e identificam as informações sensoriais e motoras e as enviam para as áreas de associação secundária, que associam as informações recebidas, e áreas terciárias, que reúnem as informações, planejam a ação e verificam sua eficácia. São responsáveis pelas atividades psíquicas superiores. Ocupam a área pré-frontal, temporo-parietal e algumas áreas límbicas. Por exemplo, a área visual primária somente recebe informações da visão. A área de associação pode associar informações da visão e audição. Já as zonas terciárias não recebem mais informações primárias, mas já associadas. No entanto, como já vimos, o estado emocional tem grande influência sobre as áreas do cérebro ligadas às áreas de cognição elevada. Um ambiente estimulante e sociável favorece a aprendizagem. Da mesma forma que a alegria e o entusiasmo e uma leve ansiedade favorecem a aprendizagem, a depressão, o cansaço e alguns tipos de doenças reduzem a eficiência. Assim, podemos apontar várias áreas relacionadas ao processo de aprendizagem, direta ou indiretamente. Além das áreas terciárias pré-frontal e temporo-parietal, temos as áreas do sistema límbico e a formação reticular que ativa diversas áreas do córtex. As informações do mundo externo entram pelos órgãos sensoriais, passam pelo tálamo e se dirigem para as áreas sensoriais primárias, passam

Auditiva secundária.

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Auditiva primária.

pelas áreas sensoriais secundárias e se dirigem para as áreas de associação terciária. Nesse processo todo ocorre a construção de novas estruturas mentais. No entanto, a Doutrina Espírita acrescenta nova visão ao mecanismo da aprendizagem. Ao passar pelo tálamo que, segundo André Luiz, corresponde à região onde se encontra o Centro Coronário, no corpo espiritual, as informações recebidas interagem com o inconsciente profundo, localizado no corpo mental. Estruturas mentais construídas em outras existências são acionadas e volvem para o consciente, se manifestando em forma de tendências e aptidões. A memória de fatos ocorridos, nesse caso, não é acionada, mas as estruturas mentais se manifestam. Da mesma forma que podemos não nos recordar das aulas e dos professores que nos ensinaram a ler, escrever, fazer cálculos, mas o aprendizado permanece. Nenhuma construção mental se perde, embora seja flexível e permita transformações constantes. As estruturas anteriores são sempre a base para a construção das novas estruturas, nos ensina Piaget e nos confirma a lógica e a razão. A Natureza não dá saltos. A Doutrina Espírita acrescenta que as estruturas anteriores incluem as construídas em vidas passadas, o que Piaget naturalmente ignorava, por faltar-lhe a chave da reencarnação. Ao mesmo tempo, a glândula epífise irradia o pensamento em forma de ondas eletromagnéticas que sintonizam com vibrações semelhantes. Além, pois, das informações dos órgãos dos sentidos físicos, o educando recebe ainda, em forma de inspiração ou intuição, informações das esferas espirituais com que sintoniza. Esse assunto será melhor analisado nas próximas edições.


MEMÓRIA Memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) informações ou conhecimentos. Tem a ver com recordação e lembrança. Podemos afirmar também que é a faculdade de reter e recordar impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente. Existem vários sistemas para classificar os processos da memória. Um deles é baseado na duração de tempo e envolve três estágios básicos: memória sensorial, memória de curto prazo e memória de longo prazo. A memória sensorial é um sistema de memória que, através da percepção pelos órgãos dos sentidos, retém por alguns segundos a imagem da informação sensorial recebida. Ela é responsável pelo processo inicial da informação sensorial e sua codificação. A memória de curto prazo ou memória primária, como foi definida por William James, recebe as informações já codificadas pelos mecanismos de reconhecimento de padrões da memória sensorial e retém estas informações por algum tempo ou alguns minutos para que estas sejam utilizadas, organizadas, armazenadas ou descartadas. A memória de longo prazo recebe as informações da memória de curto prazo e as armazena, possibilitando o seu resgate quando necessário. Possui capacidade ilimitada de armazenamento por tempo também ilimitado. Pode durar dias, meses, anos ou décadas. A memória também é classificada em duas categorias: memória declarativa e de procedimento (não declarativa). A memória declarativa ou explícita, é aquela que pode ser declarada (nomes, acontecimentos, fatos, etc.). Essas memórias chegam ao nível consciente. Esse tipo de memória está associado com as estruturas do lobo temporal medial: hipocampo e amígdala. A memória não-declarativa ou implícita inclui procedimentos motores como andar de bicicleta, desenhar, tocar um instrumento, dirigir. Geralmente funciona em nível inconsciente. O indivíduo não se lembra como, mas sabe executar a ação. Depende dos núcleos da base, incluindo o corpo estriado e regiões do córtex sensório-motor.

Giro do Cíngulo

Cauda do Núcleo Caudado

Lobo Frontal Globo pálido e putâmen Lobo Occipital

Tálamo Amígdala Hipocampo

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André Luiz, na obra Mecanismos da Mediunidade, nos fala dos “esforços persistentes de muitos Espíritos sábios, encarnados no mundo e patrocinando a evolução”, no século 20, citando nominalmente Max Planck, Niels Borhr, Albert Einstein, Luis De Broglie e outros nomes que contribuíram para o avanço da física moderna, em especial da mecânica quântica e da teoria da relatividade.Os físicos descobriram que no mundo das partículas

atômicas as leis da física clássica não funcionam. Partículas agindo ora como ondas, ora como partículas, num mundo onde parece não ter regras bem definidas e onde o observador parece interferir no fenômeno pelo simples ato de observar. Dai em diante surgiram as mais diferentes, interessantes e bizarras teorias. A teoria mais aceita é o Princípio da Incerteza do físico Heisenberg, de Copenhague, mas também

F Q ÍSICA

causou polêmica e levou Einstein a dizer que "Deus não joga dados". O interessante em tudo isso é que a Doutrina Espírita, não só esclarece muitas dúvidas da física quântica como abre um novo leque de estudos que pode envolver tanto a física quanto a química, a biologia, a psicologia e a pedagogia, não como matérias isoladas, mas demonstrando que tudo se liga e cada fenômeno interfere nos demais.

UÂNTICA

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO

Antes de entramos nos estudos espíritas, na psicologia e na educação, vamos estudar a física quântica, em rápida síntese. A física quântica é aquela que estuda fenômenos que ocorrem em escala atômica como elétrons, prótons, nêutrons e outras partículas subatômicas. A palavra quântica, do latim quantum, significa quantidade, mas se refere a uma unidade discreta de quantidades físicas, como a energia de um elétron contido num átomo ou a emissão de pacotes de energia (quanta) emitida pelas ondas eletromagnéticas. A física quântica se tornou a base de diversos ramos da física como o eletromagnetismo e a física de partículas, influenciando também os estudos de cosmologia, química, biologia molecular estrutural e outras áreas como a tecnologia da informação. Em nossos artigos veremos também a impressionante ligação de vários estudos da Doutrina Espírita com a física quântica, e que nos remetem também ao estudo da psicologia e da pedagogia, abrindo um novo e impressionante campo de estudos sobre a mente humana. Aspecto histórico Embora a física quântica marque seu começo no início do século XX, com Max Planck, Niels Bohr e Max Born, suas raízes remontam ao século XVII, quando Christian Huygens (1629-1695) desenvolveu uma teoria baseada na concepção de que a luz

seria um pulso não periódico propagado pelo éter, explicando fenômenos como a refração e a reflexão da luz. (Ver Tratado sobre a Luz, de Huygens). James Clerk Maxwell (1831-1879) elaborou a teoria do eletromagnetismo, que une a eletricidade e o magnetismo, demonstrando que os campos elétricos e magnéticos se propagam com a velocidade da luz. Seu trabalho teria influência na própria teoria da relatividade especial de Einstein e no futuro desenvolvimento da mecânica quântica. Pesquisadores da época explicavam de maneiras diferentes a natureza da radiação eletromagnética. Alguns afirmavam que era composta de partículas e outros afirmavam ser um fenômeno ondulatório. Na física clássica, essas ideias eram contraditórias e se excluíam mutuamente. Ou é partícula ou é onda. O início da física quântica é considerado após o artigo de Max Planck, em 1900, sobre radiação de corpo negro, em que afirma que nem o modelo ondulatório nem o corpuscular explicam a radiação eletromagnética. A ideia inicial de Planck é que a energia não pode ser emitida de forma contínua, mas somente em pequenos pacotes, que então foram chamados de quantum no singular e quanta no plural. Em 1905, Albert Einstein publica a Teoria da Relatividade Especial. Ampliou a teoria de Planck para o efeito fotoelétrico, em que a luz se propaga em “pacotes” de energia ou quantum de luz, também chamado de fóton. Em 1911, Rutherford, modificando o antigo modelo de Thomson, idealizou o átomo como um

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imenso vazio, onde o núcleo ocuparia uma pequena parte, e elétrons circundando uma região negativa chamada de eletrosfera. Em 1913, Niels Bohr lançou um modelo atômico, que unificava a teoria atômica de Rutherford e a teoria quântica de Max Planck (vide item Modelos Atômicos) Dualidade onda / partícula Em 1924, Louis de Broglie anunciou que os elétrons apresentavam características tanto ondulatórias como corpusculares, comportando-se como onda ou partícula, dependendo do tipo de experimento. Albert Einstein havia concluído que os fótons eram partículas com energia que dependia da frequência da onda. Assim, em determinados processos, as ondas se comportavam como corpúsculos. Broglie então também afirmou o inverso, que toda partícula se comportava como onda, relacionando o comprimento de onda com a massa da partícula. À medida que a massa ou sua velocidade aumenta, diminui consideravelmente o comprimento de onda. (Veja a experiência da dupla fenda de Thomas Young, que demonstra a dualidade partícula/ onda.) Mecânica Ondulatória Juntamente com Louis de Broglie, Erwin Schorödinger e Werner Heisenberg, reunindo os conhecimentos existentes até então, postularam


por Grupo de Estudos Multidisciplinar

uma nova visão chamada de mecânica ondulatória que estuda a dupla natureza da matéria, ondulatória e corpuscular, ou seja, estuda as diversas formas de ondas existentes. Desenvolveram também uma nova teoria do modelo atômico baseada na hipótese de Broglie em que todo corpúsculo atômico pode comportar-se como onda e como partícula, e no princípio da incerteza de Heisenberg.

Max Planck (1858-1947)

Niels Bohr (1885-1962)

Albert Einstein (1879-1955) www.rpespirita.com.br | Revista Pedagógica Espírita | 25


A Experiência da Dupla Fenda Partícula

Partícula

Onda

Se atirarmos aleatoriamente pequenos objetos (partículas) em um anteparo com uma fenda, veremos uma faixa com padrão bem característico no muro atrás da fenda. Se adicionarmos uma segunda fenda, esperamos ver uma segunda faixa, duplicando o padrão anterior. Quando uma onda atinge uma fenda, ela se irradia de modo semelhante da partícula, aparecendo uma faixa de máxima intensidade. Mas quando adicionamos outra fenda, temos um padrão diferente, com uma faixa brilhante no centro, e outras faixas ao se afastar do centro, com menor intensidade. Ou seja, partículas e ondas têm comportamentos diferentes. Na experiência, quando elétrons são atirados através de uma fenda, eles se comportam exa-

Onda

tamente como partículas, aparece uma única faixa. Mas ao atirar os elétrons nas duas fendas, eles se comportam como onda, ou seja, aparecem várias faixas. Outro observador realiza a mesma experiência e os elétrons voltam a se comportar como partícula. Matematicamente é ainda mais estranho! A partícula vai através de ambas as fendas e vai através de nenhuma! E vai através de uma só e vai através só da outra! Todas essas possibilidades estão em superposição entre si, o que é incrível. Afinal, é onda ou partícula? E por que o observador interfere no fenômeno? Simplesmente por observar, o comportamento se altera?

A Interpretação de Copenhague Baseado na proposta de Broglie em que todo corpúsculo atômico pode comportar-se como onda e como partícula, Heisenberg, em 1925, apresentou o princípio da incerteza, inserindo o conceito de probabilidade de se encontrar num instante qualquer, um dado elétron numa determinada região do espaço. Tal interpretação

eliminaria a causalidade ou lei de causa e efeito. A interpretação, conhecida como Interpretação de Copenhague, em que Heisenberg e Nils Bohr trabalhavam juntos, causou enorme polêmica, levando Einstein a proferir a famosa frase: “Deus não joga dados”, referindo-se ao princípio da incerteza. Devem existir leis precisas por trás do fenômeno, apenas ainda não as conhecemos.

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Interpretação de Broglie e Bohm Surgiram outras interpretações, como a de Louis de Broglie, aperfeiçoada por David Bohm, que afirma que onda e partícula são reais. A função de onda evolui (de acordo com a equação de Schrödinger) e guia a partícula. Assim, a interpretação é determinista, ao contrário da interpretação de Copenhague. No entanto, a interpretação assume a existência de variáveis ocultas que não podem ser diretamente mensuradas. Também conhecida como teoria das variáveis ocultas, afirma que o Princípio da Incerteza apenas informa a probabilidade de obter certas informações e por isso, é ainda uma teoria incompleta. Portanto, deve existir algum mecanismo desconhecido ou uma “realidade mais profunda escondida por debaixo da mecânica quântica”. Outras Interpretações Existem ainda outras interpretações menos populares, como a abordagem de histórias consistentes cujo propósito seria predizer a probabilidade de várias histórias alternativas. A interpretação de muitos mundos propõe a existência de “Universos Paralelos”. Afirma a sobreposição quântica de vários estados de universos paralelos não comunicantes. A Teoria das Cordas em sua versão mais simples. A teoria das cordas, embora ainda não conclusiva, afirma que as partículas primordiais são formadas por energia que, vibrando em diferentes tons, formam diferentes partículas. Os quarks, por exemplo, seriam filamentos unidimensionais vibrantes, a que os físicos deram o nome de cordas. Ao vibrarem, as cordas originam as partículas subatômicas com suas respectivas propriedades. Assim, para cada partícula subatômica do universo existe um padrão de vibração particular das cordas. Por analogia, assim como uma corda pode produzir diferentes sons (como a corda de um violão que pode vibrar em diferentes tons), as diferentes vibrações energéticas produzem diferentes partículas. Éter e Teoria de Campo Augustin-Jean Fresnel (1788-1827), físico francês, para explicar a teoria ondulatória da época, segundo o qual, a velocidade de propagação da luz não depende da fonte emissora, mas do meio no qual a luz se propaga, utilizou o termo éter para denominar esse meio. Éter é uma palavra de origem grega aithér, que


significava primitivamente um fluido sutil e rarefeito que preenchia todo o espaço. Estaria em toda parte o tempo todo. Einstein passou a utilizar, no lugar de éter, o conceito de campo, que passou a designar o espaço de influência de uma partícula de massa. Por exemplo: uma lâmpada acesa irá irradiar sua luz dentro de determinada área. Essa área à sua volta corresponde ao seu campo. A intensidade de sua influência diminui com a distância, teoricamente nunca atingindo o zero. Campo eletromagnético

Max Born (1882-1970)

Erwin Schrödinger (1887-1961)

James Maxwell (1831-1879), físico e matemático britânico, definiu a teoria do eletromagnetismo, unindo a eletricidade, o magnetismo e a ótica. Vários físicos, durante o século XIX, contribuíram para esse resultado. A força de um campo eletromagnético denomina-se força eletromagnética e é uma das quatro forças fundamentais. As outras são força nuclear forte (que mantém o núcleo atômico coeso), a força nuclear fraca (que cinde, rompe as partículas, como quando um nêutron é convertido num próton e vice-versa) e a força gravitacional. Todas as outras provêm dessas quatro forças fundamentais. Admite-se que existam partículas mensageiras na troca de energia. A força eletromagnética esta ligada a todos os fenômenos físicos existentes, (com exceção da gravidade) já que as interações entre os átomos são regidas pelo eletromagnetismo. Da mesma forma, as forças eletromagnéticas interferem nas relações intermoleculares, incluindo fenômenos químicos e biológicos, incluindo os seres humanos. Esse fato é o mais importante para a conclusão de nosso estudo que, à luz dos conhecimentos Espíritas, interpreta de forma aceitável a própria física quântica, além de tantos outros fenômenos como a mediunidade. A Teoria Quântica de Campos

Louis de Broglie (1892-1987)

Em 1926, Max Born, Pascual Jordan e Werner Heisenberg formularam a teoria quântica do campo eletromagnético. Ela surgiu da necessidade de uma teoria que lidasse com a variação do número de partículas e de lidar com estatísticas num sistema multipartículas. Procurou também uma conciliação entre a mecânica quântica e a teoria da relatividade. A teoria quântica de campos do eletromagnetismo, também chamada de eletrodinâmica quântica descreve os fenômenos envolvendo partículas eletricamente carregadas interagindo por meio da força eletromagnética. Percebemos, pois, como as ideias evoluem, geralmente partindo de um ponto de vista anterior, para novas teorias.

Werner Heisenberg (1901-1976)

O Gato de Schrödinger Imagem popular da Física Quântica

Trata-se de um experimento mental, descrito como um paradoxo, citado por Schrödinger em 1935. É uma das ideias mais bizarras já produzidas pela mente humana. Ela ilustra o problema da interpretação de Copenhague da mecânica quântica quando aplicado a objetos do dia-a-dia. O gato é colocado dentro de uma caixa lacrada, contendo um frasco de veneno e um contador Gêiger que, se detectar radiação, aciona um martelo que quebra o frasco, liberando o veneno que mata o gato. A radioatividade pode se manifestar em forma de ondas ou partículas e, segundo a mecânica quântica, isso pode ocorrer em dois lugares ao mesmo tempo. Assim, o gato tanto poderia estar vivo ou morto, mas também poderia estar vivo e morto ao mesmo tempo, o que não faz sentido. É bom lembrar que a física quântica só tem sentido no mundo microcósmico, das partículas atômicas e subatômicas.

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Modelos Atômicos Tales de Mileto (624-558 a.C.) foi o primeiro pensador grego a procurar a substância primordial que constituía a essência do Universo. Também realizou a primeira experiência de que se tem notícia sobre magnetismo, observando a eletrização ao friccionar o âmbar (elektron, em grego) com uma pele de animal. Demócrito (460-370 a.C.) afirmava que tudo o que existe é composto por elementos indivisíveis chamados átomos (do grego, a, negação e tomo, divisível) John Dalton (1766-1825), químico inglês, afirmava que o átomo era a menor partícula que constituía a matéria, semelhante a uma minúscula esfera maciça, indestrutível, indivisível e sem carga. Joseph John Thomson (1856-1940) descobriu o elétron, afirmando que o átomo não era maciço, mas um fluido onde estavam dispersos os elétrons. Seu modelo ficou conhecido como pudim de ameixa, já que o átomo seria uma massa compacta com cargas alternadas em seu interior. Ernest Rutherford (1871-1937), físico e químico neozelandês, afirmou que o átomo teria um núcleo positivo muito pequeno em relação ao todo, com elétrons orbitando em altas velocidades. O modelo de Rutherford seria semelhante ao Sistema Solar.

Niels Bohr (1885-1962), físico dinamarquês,propôs um modelo atômico que unificava a teoria de Rutherford e a teoria da mecânica quântica. Os elétrons giravam em órbitas (ou camadas) específicas com níveis energéticos bem definidos, havendo emissão ou absorção de pacotes de energia ou quanta ao mudar de órbita. Ou seja, se o elétron receber energia, ele pula para uma órbita mais afastada do núcleo. Ao perder energia, o elétron volta ao nível mais interno. Ao retornar ao nível anterior, o elétron emite um quantum de energia na forma de luz ou fóton. No entanto, não pode cair abaixo de sua órbita normal estável. A luz varia do vermelho ao violeta. Logo em seguida, Sommerfeld postulou a existência de órbitas não só circulares, mas elípticas. Schrödinger, Louis de Broglie e Heisenberg, reunindo os conhecimentos anteriores, incluíram na teoria a ideia de que todo corpúsculo atômico pode comportar-se como onda e como partícula, afirmando também o princípio da incerteza. À ideia de órbita eletrônica foi adicionada o conceito de probabilidade de se encontrar num instante qualquer um dado elétron numa determinada região do espaço. Orbital é a região do espaço ao redor do núcleo onde existe a máxima probabilidade de se encontrar o elétron

Modelo de Niels Bohr Órbitas dos elétrons

K

L

N M

O

P

Q

Núcleo

Saltos Quânticos

A excitação nas órbitas da periferia faz o elétron saltar para outra órbita externa. Ao retornar, produzirá a luz vermelha de ondas longas e baixa frequência.

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y

As oscilações do núcleo atômico produzem os raios gama.

y

A teoria dos “saltos quânticos” explicou como as oscilações eletromagnéticas produzem os raios luminosos. A luz é uma oscilação eletromagnética que nasce no campo atômico. Quando um elétron recebe energia, pula para órbita externa. Quando retorna, libera a energia em forma de luz ou fóton. Nas camadas externas se produzirá a luz vermelha. Nas camadas internas, a luz azul, e muito próximo do núcleo, a luz violeta. A luz visível varia do vermelho ao violeta.

A excitação nas órbitas muito próximas do núcleo produzirá a luz violeta de ondas curtas e elevada frequência.


Física Quântica e Espiritismo Síntese da Física Quântica De nosso estudo anterior, podemos destacar de forma sintética o seguinte: Ainda no século XIX, surge a teoria do eletromagnetismo, e, com ela, o conceito de campo eletromagnético. As forças eletromagnéticas interferem nas relações intermoleculares nos fenômenos químicos e biológicos. Max Planck demonstra que qualquer objeto emite radiação eletromagnética discretamente em “pacotes” denominado quanta, marcando o início da física quântica. Einstein utiliza a teoria de Planck para o efeito fotoelétrico, afirmando que a luz se propaga em pacotes de energia ou quanta de luz, também chamado fóton. Os cientistas procuram a matéria fundamental chamada inicialmente de éter e não encontram nada de fundamental que fosse matéria. Dividem o átomo, dividem as partículas e surgem novas partículas. As partículas ora agem como partículas ora como ondas ou os dois ao mesmo tempo. O observador, ou seja, o homem, observando, interfere no fenômeno. Os cientistas descobrem que no mundo atômico e subatômico não valem as leis da física clássica. Einstein, sem encontrar o éter, criou o termo campo para definir a área de influência de uma partícula. A luz nasce na intimidade do átomo quando, ao receber energia, salta de uma órbita para outra mais externa e, ao retornar, libera a energia em forma de luz. Em meio a tudo isso, Einstein publica a Teoria da Relatividade, afirmando que energia é igual a massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado: E = mc2. Energia, pois, é massa em movimento e vice-versa. Teorias e interpretações A interpretação de Copenhague apresenta o Princípio da Incerteza, afirmando não ser possível precisar onde se encontra um elétron em determinado instante, mas sim calcular a probabilidade de se encontrar a partícula. Einstein discorda, afirmando que “Deus não joga dados”. A teoria de Broglie e Bohm afirma que o Princípio da Incerteza apenas informa probabilidades, por isso é incompleta. Deve existir algum mecanismo

desconhecido ou uma “realidade mais profunda” ainda desconhecida. A teoria de Universos Paralelos procura explicar a sobreposição quântica (duas coisas diferentes acontecendo ao mesmo tempo). A teoria das cordas afirma que as partículas primordiais são formas de energias que vibram em diferentes tons, formando diferentes partículas. Analisando O Livro dos Espíritos O Livro dos Espíritos, na questão 27, afirma que existem dois elementos gerais no Universo: o espírito e a matéria e, acima de tudo, Deus, o criador. Afirma ainda que, “ao elemento material é necessário juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita...” No entanto, o fluido universal ainda é matéria, embora sutil. “Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.” (grifo nosso). Neste texto percebemos que o fluido cósmico é a matéria elementar, mas muito sutil. As combinações do fluido cósmico ou universal são realizadas sob a ação do Espírito, o que condiz com a experiência dos físicos, ao afirmarem que o observador interfere no fenômeno. Veremos mais detalhes quando analisarmos as obras de André Luiz. Na mesma questão 27, os Espíritos afirmam: “Dissemos que ele (fluido universal) é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.” Na questão 30, vemos que a matéria é formada de um só elemento primitivo. “Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.” E, na questão 31, os Espíritos respondem que as diversas propriedades da matéria “são modificações que as moléculas elementares sofrem, por

efeito da sua união, em certas circunstâncias.” Na questão 33, Kardec pergunta se a mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades. E a resposta foi “Sim, e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo!” “O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples são meras modificações de uma substância primitiva”. Na questão 36, os Espíritos deixam claro que não há o vácuo. “O que te parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos.” Mais tarde, André Luiz nos fala de energias, raios, ondas que circulam no fluido cósmico, por todo o Universo. Percebemos claramente que a física quântica, embora as confusões no seu início, está, pouco a pouco, desvendando um mundo inteiramente novo, onde a matéria não existe como a entendemos (grosseira), mas que vivemos num mundo de raios e ondas, onde a energia se transforma em matéria e a matéria em energia, onde partículas se comportam como ondas e ondas como partículas, sofrendo a influência do observador, ou seja, da mente que irradia ondas eletromagnéticas, como veremos a seguir. Existe realmente uma matéria elementar ou primitiva, mas no estado de fluido, muito sutil. Estudando A Gênese No capítulo XIV - Os Fluidos, item 2, temos que “o fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza.” No item 15, temos que os fluidos são o veículo do pensamento, sendo que este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar. No item 16, vai mais longe, afirmando que os fluidos, sendo o veículo do pensamento, podem também modificar-lhes as propriedades, o que confirma que o observador influencia o fenômeno, considerando que o mundo subatômico está próximo do estado dos fluidos sutis, definidos por Kardec. Mas vai muito além, afirmando não apenas que influencia, mas determina as qualidades dos fluidos tanto do ponto de vista moral quanto físico. Entendemos, pois, que são os sentimentos que dão propriedades aos fluidos, que adquirem qualidades negativas como ódio, inveja, violência ou benevolência, amor, caridade. Essa influência tem o seu efeito do ponto de vista físico, tornando os fluidos excitantes, calmantes, irritantes, tóxicos, etc.

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Estudando André Luiz

Co-criação em plano menor

André Luiz aprofunda o estudo do pensamento humano e sua influência nos fluidos, em várias obras, principalmente em Evolução em Dois Mundos. No capítulo I, temos que “o fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano.”

“Em análogo alicerce, as Inteligências humanas que ombreiam conosco utilizam o mesmo fluido cósmico, em permanente circulação no Universo, para a Co-criação em plano menor, assimilando os corpúsculos da matéria com a energia espiritual que lhes é própria, formando assim o veículo fisiopsicossomático em que se exprimem ou cunhando as civilizações que abrangem no mundo a Humanidade Encarnada e a Humanidade Desencarnada. Dentro das mesmas bases, plasmam também os lugares entenebrecidos pela purgação infernal, gerados pelas mentes desequilibradas ou criminosas nos círculos inferiores e abismais, e que valem por aglutinações de duração breve, no microcosmo em que estagiam, sob o mesmo princípio de comando mental com que as Inteligências Maiores modelam as edificações macrocósmicas, que desafiam a passagem dos milênios.” “Cabe-nos assinalar, desse modo, que, na essência, toda a matéria é energia tornada visível e que toda a energia, originariamente, é força divina de que nos apropriamos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação, cujas leis nos conservam e prestigiam o bem praticado, constrangendo-nos a transformar o mal de nossa autoria no bem que devemos realizar, porque o Bem de Todos é o seu Eterno Princípio.” “Compete-nos, pois, anotar que o fluido cósmico ou plasma divino é a força em que todos vivemos, nos ângulos variados da Natureza, motivo pelo qual já se afirmou, e com toda a razão, que “em Deus nos movemos e existimos”. No capítulo 13 da mesma obra temos: “- A partícula de pensamento, pois, como corpúsculo fluídico, tanto quanto o átomo, é uma unidade na essência, a subdividir-se, porém, em diversos tipos, conforme a quantidade, qualidade, comportamento e trajetórias dos componentes que a integram. E assim como o átomo é uma força viva e poderosa na própria contextura, passiva, entretanto, diante da inteligência que a mobiliza para o bem ou para o mal, a partícula de pensamento, embora viva e poderosa na composição em que se derrama do espírito que a produz, é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem ou para o mal, convertendo-se, por acumulação, em fluido gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentício ou esgotante, vivificador ou mortífero, segundo a força do sentimento que o tipifica e configura, nomeável, à falta de terminologia equivalente, como “raio da emoção” ou “raio do desejo”, força essa que lhe opera a diferenciação de massa e tra-

Co-criação em plano maior André Luiz nos fala ainda que é nessa substância original que Espíritos elevadíssimos, em serviço de Co-criação em plano maior, tomando esse plasma, convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões. Afirma ainda que “toda essa riqueza de plasmagem, nas linhas da Criação, ergue-se à base de corpúsculos sob irradiações da mente...”. Percebemos, pois, embora sem detalhes, que as irradiações da mente agem nos corpúsculos de forma criativa. “Sob a orientação das Inteligências Superiores, congregam-se os átomos em colmeias imensas, e, sob a pressão, espiritualmente dirigida, de ondas eletromagnéticas, são controladamente reduzidas as áreas espaciais intra-atômicas, sem perda de movimento, para que se transformem na massa nuclear adensada, de que se esculpem os planetas, em cujo seio as mônadas celestes encontrarão adequado berço ao desenvolvimento.” “Temos, assim, a luz e o calor, que teoricamente classificamos entre as irradiações nascidas dos átomos supridos de energia. São estes que, excitados na íntima estrutura, despedem as ondas eletromagnéticas.” “Todavia, não obstante tatearmos com relativa segurança as realidades da matéria, definindo a natureza corpuscular do calor e da luz, e embora saibamos que outras oscilações eletromagnéticas se associam, insuspeitadas por nós, na vastidão universal, aquém do infravermelho e além do ultravioleta, completamente fora da zona de nossas percepções, confessamos com humildade que não sabemos ainda, principalmente no que se refere à elaboração da luz, qual seja a força que provoca a agitação inteligente dos átomos, compelindo-os a produzir irradiações capazes de lançar ondas no Universo com a velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, preferindo reconhecer, em toda a parte, com a obrigação de estudarmos e progredirmos sempre, o hálito divino do Criador.”

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jeto, impacto e estrutura.” Por toda parte, nas obras de André Luiz, psicografadas por Francisco Cândido Xavier, vemos a importância do pensamento como energia atuante em todo o cosmo. Na obra Mecanismos da Mediunidade, André Luiz, nos fala de ondas... “Em seguida a esforços persistentes de muitos Espíritos sábios, encarnados no mundo e patrocinando a evolução, a inteligência do século XX compreende que a Terra é um magneto de gigantescas proporções, constituído de forças atômicas condicionadas e cercado por essas mesmas forças em combinações multiformes, compondo o chamado campo eletromagnético em que o Planeta, no ritmo de seus próprios movimentos, se tipifica na Imensidade Cósmica. Nesse reino de energias, em que a matéria concentrada estrutura o Globo de nossa moradia e em que a matéria em expansão lhe forma o clima peculiar, a vida desenvolve agitação. E toda agitação produz ondas.” “Temo-lo (o homem), dessa maneira, por viajante do Cosmo, respirando num vastíssimo império de ondas que se comportam como massa ou vice-versa, condicionado, nas suas percepções, à escala do progresso que já alcançou, progresso esse que se mostra sempre acrescentado pelo patrimônio de experiência em que se gradua, no campo mental que lhe é característico, em cujas dimensões revela o que a vida já lhe deu, ou tempo de evolução, e aquilo que ele próprio já deu à vida, ou tempo de esforço pessoal na construção do destino. Para a valorização e enriquecimento do caminho que lhe compete percorrer, recebe dessa mesma vida, que o acalenta e a que deve servir, o tesouro do cérebro, por intermédio do qual exterioriza as ondas que lhe marcam a individualidade, no concerto das forças universais, e absorve aquelas com as quais pode entrar em sintonia, ampliando os recursos do seu cabedal de conhecimento, e das quais se deve aproveitar, no aprimoramento intensivo de si mesmo, no trabalho da própria sublimação.” Percebemos mais claramente que a emissão da onda mental, de natureza eletromagnética, está condicionada ao estado evolutivo do ser. Evolução, eis o objetivo da vida em todos os seus aspectos. Nada no universo está estacionado, tudo se agita, tudo muda e se transforma, num constante e progressivo “vir a ser”. A Lei de Causa e Efeito, devolvendo “a cada um segundo suas obras” na linguagem de Jesus, regula e direciona todo o processo evolutivo. O “princípio da incerteza” de Heisenberg, bem como o “conceito de probabilidade” eliminam o


determinismo absoluto, mas não a Lei de Causa e Efeito. O homem é livre para semear, mas cada pensamento ou ação, corresponde a uma frequência vibratória que o fará, impreterivelmente, sintonizar com frequência semelhante, recebendo de volta as qualidades do pensamento que emitiu.

Deus, realmente, não joga dados, como afirmou Einstein, pois o Universo é regido por Leis sábias e justas. No entanto, ao homem é dado o livre-arbítrio, então o tipo de interferência dependerá do pensamento emitido. A teoria das cordas entra no campo das vibrações, afirmando que as propriedades das partículas su-

batômicas dependem da vibração de filamentos unidimensionais. Assim, para cada partícula subatômica do universo existe um padrão de vibração particular das cordas. Tal teoria está próxima da realidade afirmada por André Luiz. Tudo é produto do estado vibratório.

No item 6: “Tendo por elemento primitivo o fluido cósmico etéreo, à matéria tangível há de ser possível, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, do mesmo modo que o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. Na realidade, a solidificação da matéria não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão.” No item 12 - “Assim, tudo no Universo se liga, tudo se encadeia; tudo se acha submetido à grande e harmoniosa lei de unidade, desde a mais compacta materialidade, até a mais pura espiritualidade. A Terra é qual vaso donde se escapa uma fumaça densa que vai clareando à medida que se eleva e cujas parcelas rarefeitas se perdem no espaço infinito” No item 15 temos: “Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som.. Pode-se, pois, dizer, sem receio de errar, que há, nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios (vibrações) sonoros.”

evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos.” 17 “Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e do ar, temporárias ou permanentes, o que os torna muito especialmente apropriados à produção de tais ou tais efeitos.” “Também carecem de denominações particulares. Como os odores, eles são designados pelas suas propriedades, seus efeitos e tipos originais. Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura, etc. Sob o aspecto físico, são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, soporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de transmissão, de propulsão, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da Humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem.”

O Fluido Cósmico O estudo do fluido cósmico nos ajudará a entender e mesmo explicar muitos aspectos descobertos pela física quântica. Em A Gênese, cap. XIV, item 2, temos que “o fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível.” No item 3 temos: “No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo invisível.” E no item 5 temos: “ A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar ideia, é o ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível. Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro.”

Qualidades dos Fluidos 16: “ Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades, é

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RÁTICA

NA

e

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EDAGÓGICA

VANGELIZAÇÃO Trabalhando com o tema: PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS. O Livro dos Espíritos - I Parte - Cap. III - A Criação

Com as crianças pequenas, até 6 anos, trabalhamos primeiro o nosso planeta Terra. Depois, observar o céu à noite com as crianças, comentando sobre as estrelas. As crianças poderão realizar desenhos e atividades de artes plásticas retratando o céu à noite. As crianças de 7 a 12 anos são capazes de entender conceitos através da utilização de material concreto, usando de preferência bolas de isopor ou cartazes retratando os planetas de nosso sistema. Com mais de 13/14 anos, podemos entrar no pensamento abstrato e realizar um estudo mais profundo, pesquisando nas obras espíritas que tratam do assunto e em outras obras correlatas.

Pesquisar também nas obras: O Livro dos Espíritos, A Gênese, Cartas de Uma Morta e Revista Espírita nº 3 e 4 de 1858.

SUGESTÃO 1

SUGESTÃO 4

Visita a um planetário ou observatório astronômico. Algumas cidades possuem planetário com atividades especiais para escolas ou grupos de estudos.

Utilize o texto de apoio abaixo e trabalhe com estudos em subgrupos.

SUGESTÃO 2

Disse Jesus: “Há muitas moradas na casa do meu Pai; se assim não fosse, eu já vos teria dito, porque eu me vou para vos preparar o lugar...” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec) “A casa do Pai é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, e oferecem, aos Espíritos encarnados, moradas apropriadas ao seu adiantamento.”

Estudo e pesquisas em revistas e livros diversos que tratam de Astronomia e depois construção de um “Sistema Solar” com bolas de isopor. Não é difícil encontrar livros ou atlas de astronomia. Nas locadoras de vídeo você encontrará vídeos sobre o assunto no setor de “documentários”.

SUGESTÃO 3 Marque com as crianças uma reunião à noite. Se possível, leve-as para fora da cidade, se não, procure um local pouco iluminado. A iluminação da cidade atrapalha e muitas vezes não permite uma boa visão das estrelas, mesmo tarde da noite. Procure estudar o assunto antes e conhecer algumas constelações e o nome de algumas estrelas. Mesmo sem um telescópio, a visão a “olho nu” do Céu estrelado é fantástica.

TEXTO DE APOIO

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Somos Espíritos eternos, filhos de Deus, e a Terra é nossa Escola bendita, na qual renascemos para evoluir, desenvolver nossas qualidades positivas, compreender a nós mesmos e ao mundo que nos cerca, corrigir nossos erros do passado, superar defeitos e despertar qualidades, aprendendo e evoluindo cada vez mais. Mas à medida que evoluímos, obtemos a oportunidade de habitarmos outros mundos, outras Escolas, de acordo com o grau evolutivo alcançado. Kardec, baseado nos ensinos dos Espíritos Superiores, faz a seguinte classificação, embora não seja absoluta, mas didática: Mundos inferiores: - Primitivos - Expiação e provas Mundos intermediários: - Regeneração Mundos superiores: - Felizes - Celestes ou Divinos Os mundos primitivos são destinados às primeiras encarnações da alma humana. Os mundos de expiação e provas são aqueles em que o mal ainda domina. Nos mundos de regeneração, as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta. Nos mundos felizes, o bem já sobrepuja o mal. Os mundos celestes ou divinos são moradas dos Espíritos depurados, onde o bem reina inteiramente. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, preparando-se para se tornar um


mundo de regeneração. Estamos praticamente no limiar dessa nova era, passando por transformações decisivas para entrarmos num novo tipo de vida, mais voltada às coisas espirituais. Um mundo melhor, mais humano, onde o amor sincero e fraternal crescerá nos corações das criaturas, onde o Evangelho de Jesus será o código de conduta de todos. Os mundos que giram no espaço infinito formam a família universal, por excelência. Cada um com uma humanidade no estado evolutivo que lhe é própria, mas todas irmãs umas das outras. O SISTEMA SOLAR Os planetas que formam o Sistema Solar são: MERCÚRIO Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol. Constituição rochosa, com uma porção metálica no núcleo. Sua superfície é seca, cheia de crateras e montanhas, como a Lua. Temperatura média de 35 graus. Dia de Mercúrio: Rotação de 58 dias, 15 horas e 36 min. VÊNUS Vênus é o mais brilhante de todos os planetas, vistos da Terra. É o terceiro astro mais luminoso do céu. Às vezes pode ser visto a olho nu, durante o dia. Sua cor é branco-amarelado. Superfície com poucos acidentes geográficos. TERRA Terceiro planeta do Sistema Solar a partir do Sol. Quinto em tamanho e ligeiramente achatado nos polos. A cor da Terra, vista do espaço, é azul. A temperatura média é de 15 graus C, ao nível do mar. Possui 1 satélite: Lua. A Terra é a nossa casa, nosso lar, nossa escola. MARTE Marte é denominado o Planeta Vermelho, pois sua cor é avermelhada. Superfície irregular, com imensas montanhas vulcânicas, desfiladeiros e canais estreitos. Possui 2 satélites: Deimos e Fobos. JÚPITER Júpiter é o maior de todos os planetas – 1300 vezes maior que a Terra e 1.000 vezes menor que o Sol. Júpiter irradia três vezes mais energia do que recebe do Sol, ou seja, tem luz própria. Possui uma coloração alaranjada com uma imensa Mancha Vermelha. Também possui um sistema de anéis, embora menores do que os de Saturno. Possui 63 satélites: Os principais: Io, Europa, Ganimedes e Calisto.

SATURNO

JÚPITER

Saturno é o sexto planeta na ordem de distância do Sol. É o mais belo por apresentar distintamente os famosos Anéis. É o segundo planeta em tamanho. Possui uma coloração parecida com uma estrela alaranjada. Possui 60 satélites; o maior é Titã.

Informações de Bernard Pallisy, na Revista Espírita nº 3 e 4 de 1858. Em Júpiter reina exclusivamente o bem e a justiça, pois não há senão bons Espíritos. Os corpos são parecidos com os nossos, mas mais leves. Apenas roçam a superfície do solo, como pássaros no ar ou peixes na água. Alimentação puramente vegetal: frutas e plantas. O ar é nutritivo – também haurem o alimento do meio ambiente, aspirando emanações. O homem é protetor dos animais. Os animais mais desenvolvidos se encarregam de trabalhos manuais. Comunicam-se com facilidade com os Espíritos. Vidência é natural a todos. Habitam em cidades como na Terra, mas os povos são unidos entre si por laços de amor. Não há mais crimes e as guerras são desconhecidas. A ninguém falta o necessário e ninguém tem o supérfluo. A autoridade se baseia no grau superior de perfeição. Não existe a maioria das enfermidades que afligem os homens da Terra. Os Espíritos crescem em perfeição sem mais suportar provas. Enfrentam sofrimentos em missões que escolhem por amor. Perguntado se o homem, deixando a Terra, pode ir imediatamente para Júpiter, a resposta foi: “Sim. Mas aqueles que podem esperar esse favor, não são, seguramente, nem os egoístas, nem os ambiciosos, nem os avaros, nem os ingratos, nem os ciumentos, nem os orgulhosos, nem os vaidosos, nem os hipócritas, nem os sensuais, nem nenhum daqueles que estão dominados pelo amor aos bens terrestres; a estes, talvez, seja preciso, ainda, longas e rudes provas. Isso depende de sua vontade.”

URANO Urano é o sétimo planeta na ordem de distância do Sol. Também é circundado por um sistema de anéis. Possui coloração verde-pálido. Possui 27 satélites. NETUNO Oitavo planeta na ordem de distância solar. Um telescópio possante mostrará Netuno com um disco azulado. Possui 13 satélites. PLUTÃO Plutão é o nono planeta na ordem de distância solar. Provavelmente é o menor de todos. A coloração de Plutão é amarelada. Possui 1 satélite: Caronte e outros 2 menores. Atualmente é considerado um planeta anão. A VIDA EM OUTROS PLANETAS MARTE Informações de Maria João de Deus, no livro CARTAS DE UMA MORTA, psicografado por Francisco Cândido Xavier: As cidades são formadas por edificações semelhantes às da Terra. A vegetação é ligeiramente avermelhada, flores e frutos com cores variadas e perfumes diversos. Atmosfera rarefeita, muito mais leve que a da Terra. A densidade de Marte é menor. Os habitantes de Marte são semelhantes a nós, mas possuem protuberâncias à guisa de asas e voam. Possuem poderosas máquinas que cruzam os ares em todas as direções. Os mares são menos profundos, com sistema natural de canais. Existem planícies imensas. A humanidade evoluiu mais rapidamente, não se alimentam de carne. São mais adiantados e possuem conhecimentos profundos da Natureza. “Todavia, o que mais me admirou não foram as expressões físicas desse planeta, tão adiantado em comparação com o vosso. Nele, a sociedade está constituída de tal forma, que as guerras ou os flagelos seriam fenômenos jamais previstos ou suspeitados. A vibração de paz e de harmonia que ali se experimenta irradia aos corações felicidades nunca sonhadas na Terra. A mais profunda espiritualidade caracteriza essa humanidade, rica de amor fraterno e respeito ao Criador.”

SATURNO Informações de Maria João de Deus, no livro já citado: As habitações são de estilo gracioso, grandes colunatas artisticamente dispostas. As folhagens e ramarias são azuladas, flores de cores variadas e belas, com agradável perfume. O Sol, visto de Saturno, é levemente azulado. Calor menor – impressão de frescura e amenidade. Grandes massas multicores parecidas com nuvens, pairam no espaço. Seres diferentes dos homens, possuindo membranas à guisa de asas – volitam. São altamente dotados de sabedoria, sensibilidade e inteligência. Sentidos e percepções são muito superiores aos dos homens terrenos. A preocupação maior é a intensificação do poder intelectual. Possuem grande conhecimento científico – a eletricidade e a mecânica não têm segredos para eles – e podem realizar avançados cálculos matemáticos. A CIÊNCIA está unida à FÉ. A medicina é muito avançada, não existindo moléstias incuráveis. Não se nutrem sacrificando vidas, mas conforme a natureza.

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Todos possuem, após certa idade, MEDIUNIDADE. Podem se comunicar com seus irmãos de outras esferas do sistema. Instituições consideradas sagradas recebem os que se avizinham do que chamamos de morte. Não temem a “morte”, pois estão cientes de tudo o que acontece com o Espírito liberto. Aparelhos gigantescos pairam nos ares. Os saturninos se reúnem para estudos: música, poesia e todas as artes merecem especial carinho. Ainda existe a FAMÍLIA – os membros se reúnem pelas afinidades naturais. Fizeram deste mundo uma das regiões privilegiadas do Universo, onde as almas desejosas de perfeição e beleza estacionam, preparando-se para um glorioso porvir. SISTEMA DE TRÊS SÓIS Informações de Maria João de Deus, no livro já citado: “Penetramos numa atmosfera rosada, plena de luz, mas de claridade suave, que se irradiava espalhando sons dentro da mais harmoniosa das cadências que os meus ouvidos escutaram nas condições de minha nova vida. Sobre as nossas frontes, contemplávamos, então, um sol magnífico, cor-de-rosa quase enrubecido(...). A seguir, percebemos que uma estrela esverdeada brilhava no infinito dos céus(...) e de repente, enquanto uma dessas estrelas se encontrava no zênite e a outra prestes a desaparecer nos horizontes desse planeta maravilhoso, outro sol surgia, amarelo, cor de laranja amadurecida, tonalizando, com um elemento novo, as paisagens.” Não existe sombra, noite ou escuridão... os efeitos da luz e das cores são indescritíveis. Existem oceanos e florestas, jardins, minerais, animais e muitas outras coisas parecidas com a Terra. Os seres são muito superiores aos homens e cuidam de trabalhos elevados e de ordem divina. As moradias são de uma arquitetura interessante: quase todas possuem torres como se fossem agulhas, muito elevadas. A LUZ tem

aplicações que não podemos compreender, tal a elevação dos trabalhos onde são empregadas as suas vibrações. “Não conseguimos penetrar nos seus problemas, nem na elevação da superioridade de seus labores.” “São altamente dotados de sensibilidade e aguçada inteligência. Uma grande bondade se irradia dos seus pensamentos, porque nos sentimos maravilhosamente bem dispostos, enquanto estivemos em contato direto com seu ambiente.” VIA LÁCTEA A Via Láctea é uma família imensa de Sóis e mundos, girando em torno de um núcleo. Sua forma é espiral. Nossa estrela, o Sol, localiza-se num dos braços da Via Láctea. O COSMO Se nos lançarmos no espaço, encontraremos bilhões de estrelas, sistemas de sóis múltiplos animando outros planetas, nebulosas, nuvens cósmicas, e outras galáxias.Mundos de aprendizado, de luta, de regeneração, mundos dedicados às artes, à música celeste, mundos dedicados à ciência Divina, mundos de ventura, de amor. HERDEIROS DE DEUS Esses mundos fantásticos espalhados no espaço infinito, em distâncias incomensuráveis, não oferecem obstáculos ao Espírito Superior, liberto da matéria, que transpõe distâncias incríveis à velocidade do pensamento. Eis o destino do Espírito eterno, filho de Deus, herdeiro do Supremo Criador do Universo: O Universo infinito em sua variedade espantosa é seu lar, junto à imensa família Universal.

Jovens e crianças estudaram os textos citados e montaram uma sala especial para uma exposição pública, que chamamos de EXPOESPI. Forraram uma sala pequena com plástico preto, furando muitos pontinhos e colocando luz atrás. Dependuraram bolas de isopor decoradas representando os planetas e alguns satélites do Sistema Solar. Os visitantes entravam no ambiente e os jovens falavam sobre cada planeta.

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