Revista Pedagógica Espírita - XVIII

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Ano IV • Nº XVII • Março/Abril 2011 • www.rpespirita.com.br

NEUROPEDAGOGIA - A CONSTRUÇÃO DA MENTE XVII

Encarte Atlas de Neuroanatomia



EXPEDIENTE Direção geral Walter Oliveira Alves Ano IV - Nº 17 - março/abril - 2011

Equipes Artísticas Música: Juliana Hypólito Silva Dança: Daniela Pereira Teatro: Gustavo Lussari Artes Plásticas: Enis Mariano Rissi Literatura: Luiz André Miguel da Silva

SUMÁRIO

Revisão Doutrinária Hércio Marcos Cintra Arantes

Mensagem - Bezerra de Menezes 02

Revisão Geral Doralice Scanavini Volk

Estudos Pedagógicos - Psicanálise e Educação

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Curriculo para Evangelização - O Programa de Kardec 10 Encarte - Atlas de Neuroanatomia

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Neuropedagogia - A Construção da Mente XVII 19 Artigo de Nubor Facure - Metaneurologia 24 Prática Pedagógica na Educação - Lei do Trabalho 28

Polos regionais Franca - São Paulo Campinas - São Paulo Santos - São Paulo São Paulo - São Paulo Matão - São Paulo Barbacena - Minas Gerais Uberlândia - Minas Gerais Rio de Janeiro - Rio de Janeiro Joinville - Santa Catarina Curitiba - Paraná Polos internacionais Nova York - Nova York - USA Boston - Massachusetts - USA Orlando - Flórida - USA Porto - Portugal Viena - Áustria Londres - Inglaterra Winterthur - Suíça

Editorial

Jornalista responsável Mario Joanoni - MTB 025546

Neste momento de grave expectativa em que nosso Planeta passa por mudanças profundas, a educação se revela como a grande esperança de nosso futuro. Não nos referimos à educação praticada nas escolas tradicionais, mas à educação integral do ser, que eleva e aprimora, auxiliando a evolução do Espírito.

Assinatura anual assinaturas@rpespirita.com.br www.rpespirita.com.br Brasil - R$ 45,00 Exterior - US$ 33,00 Número avulso: R$ 9,00

“A educação, se bem entendida, é a chave do progresso moral”, nos afirma Kardec na questão 917 de O Livro dos Espíritos. “É pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a Humanidade” acrescenta em Obras Póstumas. A educação integral do ser, que olha o homem como Espírito imortal, criado por Deus, dotado do germe de seu próprio aperfeiçoamento é a educação do Espírito, alicerçada na Doutrina Espírita. Propicia o desenvolvimento das potências do Espírito em seu aspecto cognitivo (intelecto, razão), afetivo (sentimento, amor) e volitivo (vontade, fé). Portanto, o movimento de evangelização, em seu profundo significado de educação do Espírito, se destaca como a mais importante tarefa da atualidade.

Atendimento ao leitor Informações, sugestões, elogios ou reclamações: atendimento@rpespirita.com.br Fale com a redação Contato direto com a redação da revista para que você nos envie seus comentários. editor@rpespirita.com.br

A Revista Pedagógica Espírita se propõe, pois, a auxiliar esse trabalho da mais alta importância no processo evolutivo de nosso Planeta.

Walter Oliveira Alves Diretor Geral

Diagramação e Impressão Instituto de Difusão Espírita Av. Otto Barreto, 1067 Araras | SP | Brasil Fone 55 19 3541-0077 www.ideeditora.com.br


MENSAGEM DE

BEZERRA DE MENEZES “Estamos agora em um novo período, estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de provas e expiações para mundo de regeneração. A grande noite que se abatia sobre a Terra lentamente cede lugar ao amanhecer de bênçãos, retroceder não mais é possível.

que demonstremos a grandeza do amor de Jesus em nossas vidas; que outros reclamem, que outros se queixem, que outros deblaterem, que nós outros guardemos, nos refolhos da alma, o compromisso de amar e amar sempre, trazendo Jesus de volta com toda a pujança daqueles dias que vão longe e que estão muito perto.

Firmastes, filhas e filhos da alma, um compromisso com Jesus antes de mergulhardes na indumentária carnal de servi-lo com abnegação e devotamento, prometestes que lhe seríeis fiel, mesmo que vos fosse exigido o sacrifício.

Jesus, filhas e filhos queridos, espera por nós, que seja o nosso escudo, o Amor, as nossas ferramentas, o Amor, e a nossa vida, um Hino de Amor, são os votos que formulamos os Espíritos Espíritas aqui presentes e que me sugeriram representá-los diante de vós.

Alargando-se os horizontes deste amanhecer que viaja para a plenitude do dia, exultemos juntos, os espíritos desencarnados e vós outros que transitais pelo mundo de sombras; mas além do júbilo que a todos nos domina, tenhamos em mente as graves responsabilidades que nos exortam a existência do corpo ou fora dele. Deveremos reviver os dias inolvidáveis da época do martírio nosso, seremos convidados não somente ao aplauso, ao entusiasmo, ao júbilo, mas também ao testemunho, o testemunho silencioso nas paisagens internas da alma, o testemunho por amor àqueles que não nos amam, o testemunho de abnegação no sentido de ajudar aqueles que ainda se comprazem em gerar dificuldades tentando inutilmente obstaculizar a marcha do progresso. Iniciada a grande transição, chegaremos ao clímax e, na razão direta em que o planeta experimenta as suas mudanças físicas, geológicas, as mudanças morais serão inadiáveis. Que sejamos nós aqueles Espíritos Espíritas 4

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Com muito carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre, Bezerra, muita paz filhas e filhos do coração.” Mensagem recebida por Divaldo Pereira Franco no dia 18/4/2010, durante o encerramento do 3º Congresso Espírita Brasileiro em Brasília/DF.


WalterOliveiraAlves

PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO COMPREENDENDO EDUCAÇÃO como sendo o desenvolvimento das potências do Espírito, nos referimos a toda vida mental do indivíduo, em todos os seus aspectos. A educação do Espírito compreende o próprio processo evolutivo, como a construção da mente. Em neuropedagogia e neuropsicologia, estamos estudando a construção da mente, através de seu aspecto psicofisiológico, compreendendo que não há como separar a fisiologia da vida psíquica em nosso estágio evolutivo. Ao estudar a psicologia em suas diferentes vertentes, em especial a psicanálise, percebemos também, associando tal estudo com a Doutrina Espírita, que já podemos falar em um organismo psíquico ou mesmo em um sistema psíquico permeando os sistemas físicos (nervoso, digestório, respiratório, etc.) e em íntima ligação com o corpo mental, citado por André Luiz em Evolução em Dois Mundos. Iniciaremos nosso estudo por Sigmund Freud. SIGMUND FREUD Freud foi um dos primeiros a descobrir que muitas enfermidades, aparentemente orgânicas, tinham sua origem na psique, ou seja, eram de origem mental. Essa ideia descortinou o conceito de inconsciente, abrindo as portas para estudos mais profundos sobre a mente humana. Ao mesmo tempo, Freud abriu o ca5

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minho para a Psicossomática ou Medicina Psicossomática. Embora sem jamais utilizar o termo psicossomática, a obra de Freud deixa claro que fatores psíquicos podem determinar afecções orgânicas, abrindo um novo e profundo caminho para a medicina da época. ANTES DE FREUD A preocupação com o estado mental do paciente vem desde os médicos gregos, em especial Hipócrates (460-377 a.C.), cuja filosofia é muito bem retratada na famosa frase do poeta romano Juvenal: Mens sana in corpore sano. Em 1587, Oliva Sabuco (1562 1609), filósofa espanhola, descreve como as emoções podem causar forte impacto no corpo, conclamando os médicos para que observassem os pacientes em sua totalidade de corpo e alma. Philippe Pinel (1745 -1826) foi um médico francês, considerado por muitos o pai da psiquiatria. Ao contrário do que acontecia na França da época, afirmou que os que sofriam perturbações mentais eram doentes e deveriam ser tratados como doentes e não de forma violenta. Foi o primeiro a tentar descrever e classificar algumas doenças mentais. Franz Anton Mesmer (1734 - 1815), médico e magnetizador, iniciou, em 1773, o tratamento por meio do magnetismo animal, sendo seu caso mais famoso a cura da cegueira da famosa pianista Maria Theresa

Freud foi um dos primeiros a descobrir que muitas enfermidades, aparentemente orgânicas, tinham sua origem na psique, ou seja, eram de origem mental.


Jean-Martin Charcot iniciou os estudos de doenças nervosas crônicas. Em 1881, foi instituído no Salpêtrière uma cátedra de Neuropatologia a ele confiada.

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Paradis. Foi o primeiro a utilizar o termo fluido universal em sua tese de doutorado. No entanto, foi totalmente rejeitado pelas Sociedades Médicas da época. Interessante é que, em 1785, Mesmer abandona Paris, tendo se encontrado em Zurique com o pastor Johann Kaspar Lavater (1741-1801), entusiasta do magnetismo animal, na Suíça. Lavater seria, mais tarde, nosso querido Eurípedes Barsanulfo. William Cullen (1710-1790), médico escocês, foi o primeiro a ver uma analogia entre delírio e sonhos estranhos, criando o termo neurose. Curioso é que foi justamente um artigo de Cullen sobre a substância quina que levou Samuel Hahnemann (1755-1843) a iniciar suas pesquisas que culminaram na homeopatia, valorizando o estado mental do paciente. Por volta de 1818, o médico alemão Johann Heinroth (1773-1843) já afirmava que muitas doenças do corpo tinham sua origem na alma, tendo utilizado o termo psicossomática pela primeira vez. Jean-Martin Charcot (1825 - 1893), médico e cientista francês, diretor do maior manicômio de Paris, o Salpêtrière, utilizava a hipnose no estudo da histeria. Pierre Janet, (1859 - 1947), aluno de Charcot, também se notabilizou no estudo da histeria. Freud, que também trabalhou com Charcot no hospital Salpêtrière, foi quem mais aprofundou os estudos sobre as doenças mentais. Dentre os seguidores de Freud temos Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra suíço, e Alfred Adler (1870 - 1937), psicólogo austríaco. Embora a psicanálise, a psicologia analítica, e outros métodos de análise mental tenham surgido com esses estudiosos, é interessante notar que Michel de Montaigne (1533-1592), escritor francês, já utilizava a autoanálise nos seus “ensaios”, publicados a partir de 1580, em três volumes, como um ensaio pessoal ou autorretrato.

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SIGMUND FREUD Sigmund Freud (1856-1939) nasceu

em Freiberg, na época, parte do Império Austríaco, tendo sido médico neurologista, considerado o criador da psicanálise. Ainda criança, sua família muda para Viena. Inicia seus estudos na universidade aos 17 anos. Depois de se dedicar à pesquisa científica em um laboratório de Viena, trabalhou por muitos anos no Hospital Geral de Viena e como professor de Neuropatologia na Universidade de Viena. Em 1885, Freud obteve da Universidade de Viena uma bolsa de estudos para viajar a Paris e acompanhar os estudos de Charcot, no Hospital de Salpêtrière. Foi a partir de então que Freud se afastou de seu tema preferido, a anatomia do sistema nervoso, para os problemas da histeria e do hipnotismo. FREUD E CHARCOT Jean-Martin Charcot (1825-1893), em 1856, era médico interno do hospital, quando iniciou os primeiros estudos de doenças nervosas crônicas, com enorme número de enfermos do hospital. Durante doze anos, deu aulas como professor voluntário até que, em 1881, foi instituída no Salpêtrière uma cátedra de Neuropatologia a ele confiada. Quando lá chegou, em 1885, Charcot já possuía grande número de alunos ou discípulos, tendo Freud se juntado a eles. Assistia às aulas teóricas e práticas, junto aos pacientes do grande hospital. Foi em uma dessas aulas que Freud ouviu de Charcot que “o trabalho em anatomia estava encerrado. O que precisava ser abordado a seguir eram as neuroses”. E seu trabalho centralizou-se quase por completo nas neuroses, principalmente na histeria. Ao observar a melhora nos pacientes de Charcot, concluiu que a causa da doença era psicológica e não orgânica. Iniciou, então, seus estudos pela utilização da hipnose como método de tratamento para pacientes com histeria. BREUER, FREUD E O INÍCIO DA PSICANÁLISE Josef Breuer (1842-1925) foi um médico e fisiologista austríaco, a quem também


se atribui a fundação da psicanálise. Em 1880, ele consegue aliviar os sintomas de depressão e hipocondria de uma paciente, Bertha Pappenheim, de 21 anos. A paciente melhorou depois de ser induzida a recordar experiências traumatizantes sofridas na infância, através da hipnose e de um método novo, a chamada terapia da conversa. Os problemas de Bertha eram depressão e nervosismo, com um quadro de hipocondria com os mais diversos sintomas, na época denominado “histeria”. Os sintomas surgiam e se alteravam: paralisia e contraturas musculares, perda de sensibilidade na pele, impossibilidade de deglutir, distúrbios visuais e outros. Breuer submeteu-a à hipnose, tendo a paciente recordado casos de sua infância, sentindo-se melhor após o transe. Depois, substituiu a hipnose pela conversa habilmente dirigida no sentido de provocar recordações difíceis de serem trazidas à consciência, percebendo que a hipnose poderia ser dispensada. Entendeu que os sintomas tinham conexões simbólicas com recordações dolorosas relacionadas à morte do pai. Breuer concluiu que os sintomas neuróticos resultam de processos inconscientes e desaparecem quando esses processos se tornam conscientes. Chamou a esse processo catarse. Embora tenha parado de clinicar, ensinou seu método a Freud, tendo ambos discutido diversos casos dos pacientes de Freud. Em 1893, ambos publicaram, em conjunto, um artigo sobre o método e, dois anos depois, publicaram o livro Estudos sobre a Histeria, considerado o marco inicial da psicanálise. Esta técnica passou a ser o ponto central do tratamento de Freud, surgindo daí o conceito de inconsciente e memórias reprimidas. No entanto, para Freud, essas “memórias reprimidas” eram sempre de natureza sexual, o que causou o rompimento com Breuer, que discordava deste ponto de sua teoria. A contribuição mais significativa de Freud é o conceito de inconsciente e a pro7

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posta de que a mente é dividida em camadas ou níveis, onde existem vontades primitivas escondidas sob a consciência, mas que se manifestam nos sonhos e em algumas ocasiões excepcionais, como nas hipnoses e nas técnicas de análise. Segundo sua teoria, as pessoas podem experimentar pensamentos e sentimentos tão dolorosos, que não podem suportá-los, que acabam sendo expulsos do consciente, mas que permanecem no inconsciente. Seus conceitos de inconsciente, desejos inconscientes e repressão foram revolucionários. Mas, no início, a classe médica chegou a marginalizar as ideias de Freud. Até os dias de hoje, a ideia do inconsciente não é aceita por várias áreas da ciência, em especial da psicologia comportamental, cuja base teórica é o behaviorismo, estudado na última edição de nossa revista. O EGO E O ID Em 1923, no livro O Ego e o Id, Freud expôs uma divisão da mente humana em três partes: O Id, o Ego e o Superego. O Id designaria os impulsos, desejos e motivações mais primitivas do ser. Para Freud, esses impulsos seriam de natureza sexual. O Id seria inconsciente, mas procura alcançar o consciente para realizar os seus desejos. A partir de 1920, Freud também passa a atribuir ao Id os desejos agressivos. O Superego ou “supereu” representa os valores da sociedade, normas e regras a que o indivíduo se submete, dentro de seu processo cultural. Pode representar um “eu ideal”, a pessoa boa e virtuosa. De forma inconsciente, censura os impulsos ou pulsões do Id, impedindo a manifestação dos instintos e desejos. O Ego ou Eu seria o centro da consciência. Corresponde à soma dos conhecimentos, ideias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. Corresponde, pois, ao conjunto de processos psíquicos que, em contato com a realidade objetiva, procura guiar o comportamento do indivíduo. Está entre o Id e o Superego, selecionando e controlando as exigências do Id, sem transgre-

Philippe Pinel (Saint André, 20 de Abril de 1745 - Paris 25 de Outubro de 1826) foi um médico francês, considerado por muitos o pai da psiquiatria.


dir o controle do Superego.

Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho de 1875 - Küsnacht, 6 de junho de 1961) foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana.

LIBIDO A palavra libido vem do latim, significando “desejo” ou “anseio”. É caracterizada como a energia aproveitável para os instintos de vida. Interessante é que Santo Agostinho foi o primeiro a distinguir três tipos de desejos: a libido sciendi, desejo de conhecimento, a libido sentiendi, desejo sensual em sentido mais amplo, e a libido dominendi, desejo de dominar. Sigmund Freud retoma o conceito de libido, conferindo um papel de destaque na psicanálise, compreendendo a libido como a energia sexual no sentido de impulso do desejo e do prazer. Segundo sua teoria, na infância, a libido de desenvolve por fases: oral, anal, fálica, latência e finalmente genital. Distúrbios no desenvolvimento da libido podem levar a transtornos mentais. Para Jung, no entanto, a libido é vista em seu sentido geral, como toda a energia mental de um homem, lembrando os conceitos do oriente do chi ou prana. DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL Estágio oral: de 0 a 18 meses, aproximadamente - estágio mais primitivo, quando a percepção e a expressão do bebê estão concentradas na boca e órgãos relacionados com a zona oral. As sensações orais incluem a sede, fome, o ato de mamar e a deglutição. Estados de tensão levam à procura da gratificação oral: beber, comer e, no final, relaxar e dormir. Pode surgir uma fase de agressão na ação de morder ou cuspir, vinculados aos desejos primitivos de morder, devorar e destruir. O bebê é egocêntrico e enxerga a mãe como uma extensão dele próprio. A inveja e o ciúme podem estar relacionados aos distúrbios nessa fase. Estágio anal: de 18 meses a 3 anos, ativado pela maturação do controle do esfíncter, especialmente do esfíncter anal, maior controle voluntário sobre a retenção ou expulsão das fezes. Segundo alguns autores, é um período de esforço por independência

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e fuga do controle dos pais. Pode também ocorrer manifestação de desejos agressivos ligados à descarga das fezes como armas de destruição. Traços patológicos desta fase podem revelar cólera, desafio, desordem e até neuroses obsessivo-compulsivas. Alguns autores incluem também a fase uretral relacionada ao prazer em urinar e na retenção uretral, semelhante à retenção anal. Estágio Fálico: de 3 a 6 anos, aproximadamente - corresponde ao interesse sexual quanto à estimulação e excitação da área genital. Nesta fase pode surgir o conflito edípico ou complexo de Édipo. O menino deseja seduzir a mãe. Jung incluiu nesta fase o Complexo de Electra, em que a filha deseja seduzir o pai. Estágio Latência: de 7 a 12 anos, tem sua origem na dissolução do Complexo de Édipo (ou de Electra). Surge sentimento de pudor, identificação com os pais, intensificação das repressões e desenvolvimento de sublimação. Aprendizagem e atividades lúdicas, exploração do ambiente e aumento de habilidades. Estágio genital: dos 12 anos até atingir a vida adulta - é o último estágio do desenvolvimento sexual. Supõe-se que seja estabelecida uma relação heterossexual amadurecida. Nos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, Freud esclarece: “A diferença desta última reside apenas em que a concentração das pulsões parciais e sua subordinação ao primado da genitália não são conseguidas na infância, ou só o são de maneira muito incompleta. Assim, o estabelecimento desse primado a serviço da reprodução é a última fase por que passa a organização sexual.” COMPLEXO DE ÉDIPO Segundo Freud, o Complexo de Édipo ocorre quando a criança atinge o período sexual fálico na segunda infância e dá-se então conta da diferença de sexos, tendendo a fixar a sua atenção libidinosa nas pessoas do sexo oposto no ambiente familiar. O conceito foi descrito por Freud e recebeu a designação de complexo por Carl Jung, que desenvolveu semelhantemente o conceito de complexo de Electra.


A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS Em sua obra Interpretação dos Sonhos, Freud descreveu o extenso emprego de simbolismo nos sonhos, sobretudo para a representação do material sexual. Para ele, tais símbolos podem ser comparados a sinais da taquigrafia, com uma significação fixa. Antes de Freud, os sonhos eram tidos como efeitos de um trabalho desconexo, provocados por estímulos fisiológicos. Os conhecimentos desenvolvidos por Freud trouxeram os sonhos para o campo da Psicologia e demonstraram que estes estão relacionados com a realização de desejos, disfarçados ou não, satisfeitos em pleno campo psíquico. O sonho seria então a parte que aparece na consciência referente à atividade mental de nível inconsciente. Quando essa atividade mental é de natureza imoral ou não aceita pela consciência, surge de forma simbólica, nos sonhos. A interpretação dos sonhos levaria ao conhecimento da real atividade mental e, portanto, ao conhecimento do inconsciente. A PSICANÁLISE A psicanálise corresponde, pois, a um procedimento para a investigação dos processos mentais para tratamento de distúrbios mentais. Como não é possível abordar diretamente o inconsciente, procura-se, através da análise, descobrir as pistas que levam a ele. De início, o analisado, numa postura relaxada, geralmente deitado num divã, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente (associação livre). Suas aspirações, angústias, sonhos, fantasias e experiências vividas serão “trabalhadas” em análise. O analista tenta manter uma atitude de neutralidade e não-julgamento, procurando criar um ambiente seguro, partindo para um diálogo sistemático. OS DISSIDENTES Dentre os seguidores de Freud, vários acabaram discordando do mestre sobre a questão sexual. Carl Gustav Jung (1875-1961) psi9

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quiatra suíço, muito ligado a Freud, tendo-o acompanhado aos Estados Unidos, discordava do conceito da libido e a exagerada valorização do sexo. Para Jung, a libido representava toda a energia mental do indivíduo e não apenas a sexual. Conceito semelhante ao citado por Santo Agostinho, séculos antes. Foi o fundador da psicologia analítica e será objeto de nossos estudos futuros. Alfred Adler (1870-1937), médico e psicólogo austríaco, também discordava de Freud quanto à supervalorização do sexo nos transtornos mentais. Foi o fundador da chamada psicologia do desenvolvimento individual. Da mesma forma, Wilhelm Reich (1897-1957) foi um psiquiatra e psicanalista austríaco-americano que acabou divergindo de Freud em alguns aspectos. Reich destaca a existência de uma substância intangível, vital, que ele chamou de orgone cósmico, equivalente ao fluido cósmico citado por Kardec. A energia orgônica ou orgônio corresponde à energia universal, à substância da vida ou força vital, semelhante ao “Prana” no hinduísmo e “Chi” na medicina chinesa. CONCLUSÃO Podemos concluir que Freud, aproveitando as ideias de Charcot e Breuer, abriu um vasto campo de estudos baseado no conceito do inconsciente e na psicanálise. Alguns de seus discípulos ou seguidores, como Jung e Adler, ao romperem com Freud, abriram outros campos de estudos, sem se desviarem do conceito do inconsciente e da psicanálise como tratamento, mas desvendando outros universos da mente. PSICANÁLISE E DOUTRINA ESPÍRITA Na obra No Mundo Maior, item 11, André Luiz nos revela as instruções de elevado espírito, cujo texto citamos abaixo: “O inquérito educativo continuava proveitoso, quando um companheiro ventilou certa questão que me aguçou a curiosidade. — Venerável instrutor — disse reverente, nos últimos tempos, na Terra, os psicologistas encarnados, em número considerável, esposaram os princípios freudianos

Alfred Adler (Viena, 7 de fevereiro de 1870 Aberdeen, 28 de maio de 1937), psicólogo austríaco.


como bases de investigação dos distúrbios da alma. Para o grande médico austríaco, quase todas as perturbações psíquicas se radicam no sexo desviado. Alguns discípulos dele, porém, modificaram-lhe algo as teorias. Corrigindo a tese das alucinações eróticas que a psicanálise aplicou largamente às próprias crianças, no estudo dos sonhos e das emoções, pensadores eminentes apuseram a afirmativa de que todo homem e toda mulher são portadores do desejo inato de se darem importância, o qual os compele a manter impulsos primitivistas de dominação; outros expoentes da cultura intelectual asseveram, a seu turno, que o ser humano é repositório de todas as experiências da raça, trazendo consigo vasto arsenal de tendências para determinadas linhas do pensamento. (...)” Após o questionamento, o Instrutor esclareceu: “O notável cientista centralizou o ensino no impulso sexual, conferindo-lhe caráter absoluto, enquanto as duas correntes de psicologistas, inicialmente filiadas a ele, se diferenciaram na interpretação. A primeira estuda o anseio congênito da criatura, no que se refere ao relevo pessoal, enquanto a segunda proclama que, além da satisfação do sexo e da importância individualista, existe o impulso da vida superior que tortura o homem terrestre mais aparentemente feliz. Para o círculo de estudiosos essencialmente freudianos, todos os problemas psíquicos da personalidade se resumem à angústia sexual; para grande parte de seus colaboradores, as causas se estendem à aquisição de poder e à ideia de superioridade. Diremos, por nossa vez, que as três escolas se identificam, portadoras todas elas de certa dose de razão, faltando-lhes, todavia, o conhecimento básico do reencarnacionismo. Representam belas e preciosas casas dos princípios científicos, sem, contudo, o telhado da lógica. Não podemos afirmar que tudo, nos círculos carnais, constitua sexo, desejo de importância e aspiração superior; no entanto, chegados à compreensão de agora, podemos assegurar que tudo, na vida, é impulso criador. Todos os seres que conhecemos, do verme ao anjo, 10

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Futuro superconsciente Presente consciente Passado subconsciente

Esquemailustrativo

são herdeiros da Divindade que nos confere a existência, e todos somos depositários de faculdades criadoras.“ “...mais da metade dos milhões de espíritos encarnados na Crosta da Terra, de mente fixa na região dos movimentos instintivos, concentram suas faculdades no sexo, do qual se derivam naturalmente os mais vastos e frequentes distúrbios nervosos; constituem eles compactas legiões, nas adjacências da paisagem primitiva da evolução planetária, irmãos nossos na infância do conhecimento, que ainda não sabem criar sensações e vida senão mobilizando os recursos da força sexual. Grande parte de criaturas, contudo, havendo conquistado a razão, acima do instinto, permanecem nos desatinos da prepotência, seduzidas pelo capricho autoritário, famintas de evidência e realce, ainda que atidas a trabalho proveitoso e a paixões nobres, muitas vezes... Pequeno grupo de homens e de mulheres, por fim, após atingir o equilíbrio sexual na zona instintiva do ser e depois de obter os títulos que lhes confere seu trabalho e com os quais dominam na vida, regendo as energias próprias, em pleno regime de responsabilidade individual, passam a fixar-se na região sublime, na superconsciência, não mais encontrando a alegria integral no contentamento do corpo físico ou na evidência pessoal; procuram alcançar os círculos mais altos da vida, absorvidos em idealismo superior; sentem-se no limiar de esferas divinas, já desde a estrada nevoenta da carne, à maneira do viajor que, após vencer caminhos ásperos na treva noturna, estaca, desajustado, entre as derradeiras sombras


da noite e as promessas indefiníveis da aurora... Para esses, o sexo, a importância individual e as vantagens do imediatismo terrestre são sagrados pelas oportunidades que oferecem aos propósitos de bem fazer; entretanto, no santuário de suas almas resplandece nova luz... A razão particularista converteu-se em entendimento universal. Cresceram-lhes os sentimentos sublimados na direção do campo superior. Pressentem a Divindade e anseiam pela identificação com ela. São os homens e as mulheres que, havendo realizado os mais altos padrões humanos, se candidatam à angelitude... De um modo ou de outro, porém, tudo isto são sempre as faculdades criadoras, herdadas de Deus, em jogo permanente nos quadros da vida. Todo ser é impulsionado a criar, na organização, conservação e extensão do Universo!” Percebemos, pois, que, filhos do Criador que somos, também possuímos o impulso criador em nós mesmos. A energia criadora se manifesta de diferentes formas, conforme nosso estágio evolutivo. A Doutrina Espírita, ao nos apresentar o ser humano como Espírito em evolução, desvenda um inconsciente profundo, açambarcando todas as experiências em nossa longa jornada evolutiva, através de múltiplas reencarnações. Comparando nosso cérebro com um castelo de três andares, Calderaro nos informa que, no primeiro, simbolizamos o nosso passado, com todo o arquivo de nossas experiências anteriores. É o nosso subconsciente. No segundo, está o nosso presente, onde estamos trabalhando atualmente para a construção de nosso futuro. É o nosso consciente. No terceiro, está o ideal, a meta superior a ser alcançada, o nosso futuro, a herança Divina que nos cabe conquistar. “Num deles, moram o hábito e o automatismo; no outro, residem o esforço e a vontade; e no último, demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro”. 11

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(No Mundo Maior – André Luiz–cap. 3). SISTEMA PSÍQUICO A Doutrina Espírita abre um campo vasto de estudos da mente, baseado principalmente no inconsciente profundo, arquivo milenar de experiências evolutivas, onde nada se perde, mas tudo se aprimora, permanecendo indelével no chamado corpo mental. Temos assim um verdadeiro sistema psíquico formado por complexa estrutura mental, dinâmica em sua essência, mas em constante transformação e, portanto, vulnerável, sujeita a desequilíbrios. A educação, em seu verdadeiro e profundo significado, trata exatamente da construção dessas estruturas mentais em seu amplo aspecto, que podemos dividir em cognitivas (inteligência, conhecimento), afetivas (emoções e sentimentos) e volitivas (vontade). Podemos afirmar que a enfermidade nasce da desarmonia da mente, no desequilíbrio entre o pensar, o sentir e o agir. Assim, a enfermidade que nasce das profundezas da mente bloqueia o desenvolvimento harmonioso das potências do Espírito. Da mesma forma, entendemos que somente a educação do Espírito, harmonizando o pensar, o sentir e o agir, produz a cura propriamente dita. Entendemos por “cura” a harmonia interior e não apenas a supressão dos sintomas. Portanto, educação e psicologia caminharão de mãos dadas, em íntimo e profundo relacionamento

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Bibliografia e obras para consulta: Evolução em Dois Mundos - A.Luiz - F.C.Xavier - FEB No Mundo Maior - André Luiz, F.C.Xavier - FEB Interpretação dos Sonhos - Freud - em Obras Completas de Sigmund Freud (23 volumes) - Imago. Estudos sobre a Histeria - Freud e Breuer - idem O Ego e o ID - Freud - idem Três Ensaios sobre aTeoria da Sexualidade - Freud - idem A Psicanálise depois de Freud, Bleichmar - Artmed Psicanálise e Educação - Jean-Claude Fillox - Expressão e Arte. TemasdaRevistadePedagogiaPsicanalítica(1926-1937) Psicanálise - Introdução a Praxis - Freue Lacan - Rappaport, Clara Regina, Ed. EPU FundamentosdaPsicanálisedeFreudaLacan(2volumes) - Marco A.C.Jorge - Ed.Jorge Zahar


“PROGRAMA DE KARDEC PARA EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA” GrupodeEstudos Pedagógicos

Não tratamos aqui apenas da Infância e da Juventude, mas da educação do Espírito imortal, filho de Deus, dotado do germe da perfeição, que renasce com o objetivo de evoluir e desenvolver toda a perfectibilidade de que é dotado. Infância, juventude, madureza, velhice são apenas etapas de um processo evolutivo que continua além da vida física, através da vida no Mundo Espiritual. A casa espírita, seja um humilde centro de quatro paredes ou uma imensa instituição, é uma escola de almas a caminho da perfeição. O movimento de infância e juventude não é, nem poderia ser, um movimento isolado, mas parte de um organismo maior, em que todas as atividades devem ser integradas, com o mesmo objetivo: auxiliar a evolução do Espírito. Assim, sugerimos um trabalho de intensa integração entre a infância, a juventude e as demais atividades da casa, formando um ambiente evangelizador, onde os princípios da Doutrina Espírita sejam vivenciados. ESTRUTURA DA PROPOSTA CURRICULAR Entenda-se aqui por proposta curricular toda uma ação educa12

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tiva em que se levam em conta: 1. Os objetivos - qual o objetivo geral desta proposta. 2. O conteúdo - o que aprender e os respectivos objetivos. Como dosar, ordenar e dar sequência ao conteúdo e objetivos 3. A metodologia - Como estruturar as atividades de ensino-aprendizagem a fim de atingir os objetivos propostos em relação aos conteúdos selecionados e aos amplos objetivos da educação que visa o desenvolvimento integral de toda a potencialidade da alma. Na metodologia, também se inclui a amplitude do trabalho que deve atingir toda a casa espírita, a família e a sociedade além das atividades artísticas: teatro, música, dança, artes plásticas, literatura. 4. A avaliação - avaliação como diagnóstico de nosso próprio trabalho, melhorando-o gradualmente, de acordo com as necessidades. OS OBJETIVOS Sem dúvida, o objetivo da vida é a própria evolução. Cada encarnação é uma oportunidade de progredir e avançar rumo à perfeição. A criança, o jovem, o adulto, todos temos a mesma essência espiritual. Na questão 132 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta: “Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? R: - Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. (...)“ Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, no item Instruções dos Espíritos, Santo Agostinho adverte: “Ó espírita! compreendei hoje o grande papel da Humanidade; compreendei


que quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus.” Compreendemos, pois, que o Espírito criado por Deus é um ser perfectível, ou seja, suscetível de perfeição. Ainda recordando Kardec, na questão 776 de O Livro dos Espíritos, temos que “O homem, sendo perfectível, e carregando em si o germe de seu aperfeiçoamento (...)” E na questão 754: “Todas as faculdades existem no homem, em estado rudimentar ou latente, Elas se desenvolvem conforme as circunstâncias lhes são mais ou menos favoráveis.” O próprio Cristo afirmava: “Buscai primeiro o Reino dos Céus e tudo o mais vos será dado por acréscimo.” (Mateus 6, 33) “O Reino de Deus está dentro de vós.”(Lucas, 17,21) “O que eu faço vocês também o poderão fazer e ainda mais...” “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus, 5,48) Filhos e herdeiros de Deus, trazemos em nós o Reino de Deus, a essência Divina, o germe da perfeição e caminhamos todos para a perfeição relativa que nos aguarda. O objetivo supremo da vida é, pois, a busca da perfeição. O objetivo da educação, em seu verdadeiro sentido, é auxiliar o Espírito a desenvolver o germe da perfeição que traz em si mesmo como herança Divina, o potencial interior, as faculdades latentes do Espírito imortal, filho de Deus, que somos todos nós. Não é este o próprio objetivo da Doutrina Espírita? Que outro poderia ser o objetivo da Evangelização Espírita Infanto-juvenil Espírita? Que outro poderia ser o objetivo da própria Casa Espírita, em todos os seus setores e departamentos, senão auxiliar a própria tarefa do Cristo, a construção do Reino de Deus, que se inicia no interior de cada um? AS POTÊNCIAS DO ESPÍRITO Emmanuel, na obra Pensamento e Vida, nos fala: “... duas asas conduzirão o Espírito humano à presença de Deus. Uma chama-se Amor, a outra, Sabedoria...” “Mas a educação, com o cultivo da inteligência e com o aperfeiçoamento do campo íntimo, em exaltação de conhecimento e bondade, saber e virtude, não será 13

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conseguida tão-só à força de instrução, que se imponha de fora para dentro, mas, sim, com a consciente adesão da vontade que, em se consagrando ao bem por si própria, sem constrangimento de qualquer natureza, pode libertar e polir o coração, nele plasmando a face cristalina da alma, capaz de refletir a Vida Gloriosa e transformar, consequentemente, o cérebro em preciosa usina de energia superior, projetando reflexos de beleza e sublimação.” Leon Denis, na monumental obra O Problema do Ser, do Destino e da Dor nos diz que a vontade, a inteligência e o amor são as três potências da alma. “Todo o poder da alma resume-se em três palavras: - Querer, Saber, Amar! “ Na busca da perfeição temos, pois, que desenvolver a inteligência, o sentimento, sendo que a mola mestra deste processo é a vontade. Tal objetivo deve estar presente em nossa mente durante cada atividade realizada: A criança, o jovem, o adulto e todos nós somos seres que pensam, sentem e agem, de forma integrada. O objetivo da educação do Espírito é, pois, o desenvolvimento gradual e progressivo das potencialidades da alma, do germe da perfeição que trazemos em nós mesmos como herança Divina, das faculdades latentes do Espírito imortal filho de Deus, que somos todos nós. O CONTEÚDO O conteúdo básico da Evangelização ou Educação do Espírito, em qualquer faixa etária, não pode ser outro senão a própria Doutrina Espírita em seu tríplice aspecto: científico, filosófico e religioso, dosados e trabalhados conforme a capacidade de assimilação de cada grupo. O alicerce fundamental da Doutrina está, sem dúvida, na obra O Livro dos Espíritos, que nos encaminha naturalmente às demais obras de Kardec e ao imenso patrimônio da literatura espírita. O LIVRO DOS ESPÍRITOS se divide em 4 partes: 1ª PARTE - AS CAUSAS PRIMEIRAS - liga-se especialmente à obra A GÊNESE 2ª PARTE - MUNDO DOS ESPÍRITOS - liga-se à obra O LIVRO DOS MÉDIUNS 3ª PARTE - LEIS MORAIS - liga-se à obra O EVANGELHO SEG. O ESPIRITISMO 4.PARTE - ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES - liga-se especialmente à obra O CÉU E O INFERNO No entanto, toda a obra está interligada entre si, mantendo íntima ligação entre os conteúdos, abrangendo os aspectos filosófico, científico e moral ou religioso,


não restando a mais leve dúvida que o aspecto moral trata da moral do Cristo, como nos revela Kardec. Todo esse conteúdo proposto por Kardec é semelhante a uma rede, em que os assuntos se interligam, integrados num sistema único, global. Cada assunto tratado é parte e todo ao mesmo tempo, em que nada deve ser considerado independentemente, pois tudo se liga. Assim, o conteúdo não deve ser analisado “fechado”, mas aberto e flexível. A Doutrina Espírita, em seu aspecto integral, nos oferece uma visão global e ampla da vida, do Universo, de nós mesmos e das leis que regem mundos e seres. Responde às perguntas essenciais de todos nós: QUEM SOU? DE ONDE VIM? ONDE ESTOU? PARA ONDE VOU? O Livro dos Espíritos, em sua estrutura, abre imenso campo para a educação em seu sentido mais profundo, a educação do Espírito. De início, devolve ao homem a crença inabalável em Deus, como a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. Amplia a compreensão da Divindade até onde a razão humana pode chegar. Na primeira parte, iniciando pelas Causas Primeiras e ao tratar de Deus e da Criação, nos permite analisar, primeiro o nosso próprio meio, o mundo em que vivemos, a própria Natureza, mas sempre mantendo a ligação do mundo e da vida com o Criador de todas as coisas. Desde o primeiro instante, a primeira questão, o aspecto espiritual da vida está presente. Tudo será visto como obra de Deus. Ainda na primeira parte, analisa a fantástica obra da Criação, recolocando o homem como filho de Deus, Espírito imortal, a caminho da perfeição. Essa primeira parte será desenvolvida em A Gênese. 14

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Na segunda parte, examina o Mundo dos Espíritos, demonstrando a existência do perispírito, as diferentes ordens de Espíritos e que todos progridem mais ou menos rapidamente para a perfeição. Afirma que o homem é um ser perfectível e carrega em si o germe de seu aperfeiçoamento. Revela a lei de causa e efeito e a reencarnação que servirão de balizas para a educação do Espírito. Ainda nessa segunda parte, demonstra as relações dos Espíritos com os homens encarnados, a influência exercida, por eles sobre a humanidade. Este estudo continua em maior profundidade em O Livro dos Médiuns. Na terceria parte, analisa as Leis Morais, devassando o móvel das ações humanas e os mecanismos da elevação moral, levando à compreensão integral da Justiça, do Amor e da Caridade. Trata do relacionamento do homem consigo mesmo, com o mundo material em que vive e também com o mundo Espiritual e com Deus. Abre as portas da educação moral em seu verdadeiro sentido, tomando o Evangelho de Jesus como base dessa educação. Nesse ponto, encaminha ao estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Na quarta parte, estuda as consequências de nossos atos, demonstrando as penas e as recompensas terrestres e futuras, como consequências naturais, continuando tal estudo em O Céu e o Inferno. A estrutura planejada por Kardec, sem dúvida, com o auxílio dos Espíritos Superiores, é a ideal para o desenvolvimento de nossos objetivos. Utilizamos a estrutura de O Livro dos Espíritos para a elaboração do programa geral, que poderá ser desenvolvido em dois anos. 1º ANO

I - AS CAUSAS PRIMEIRAS Deus Elementos Gerais do Universo Criação Princípio Vital Os Três Reinos (da 2a.parte) II - MUNDO DOS ESPÍRITOS Dos Espíritos Encarnação dos Espíritos Retorno da Vida Corporal para a Vida Espiritual Pluralidade das Existências Vida Espírita Retorno à Vida Corporal Emancipação da Alma Intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal Ocupações e Missões dos Espíritos 2º ANO

dade

III - LEIS MORAIS Lei Divina ou Natural Lei de Adoração Lei do Trabalho Lei de Reprodução Lei de Conservação Lei de Destruição Lei de Sociedade Lei do Progresso Lei de Igualdade Lei de Liberdade Lei de Justiça, Amor e CariPerfeição Moral

IV - ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES penas e Gozos Terrestres Penas e Gozos Futuros DA METODOLOGIA É importante estudar o conteúdo, selecionar o essencial e transformar esse conteúdo em atividades assimiláveis, procurando sempre não dar conceitos prontos, mas buscar o caminho do interesse e da des-


coberta, atividades sensibilizadoras, métodos ativos, que levem a criança a uma participação intensa, vivências, atividades artísticas e uma integração gradual com as demais turmas e as atividades da Casa Espírita. Todo esse conteúdo deve fazer parte integrante de nossas vidas e estar ligado ao nosso dia a dia, à nossa vivência pessoal. Ao invés de trabalhar com temas, em forma de aulas isoladas do tipo: Deus, Jesus, Caridade, Bondade, etc., sugerimos trabalhar com conteúdos integrados, seguindo a própria ordem de O Livro dos Espíritos, que já contém os conteúdos “afins” totalmente integrados e que oferece caminho natural para as demais obras de Kardec, podendo avançar com segurança pela imensa literatura espírita. A construção do conhecimento não ocorre apenas com uma aula. É necessário um período de atividades intensas para ocorrer o processo de assimilação e, como consequência, uma transformação interior (vide teoria de Piaget) e a construção de novas estruturas interiores. O conteúdo proposto por Kardec é semelhante a uma rede, onde os assuntos se interligam, integrados num sistema único, global. Cada assunto tratado é parte e todo ao mesmo tempo, mas nada deve ser considerado independentemente. No entanto, o conteúdo não deve ser analisado “fechado”, mas aberto e flexível, sem trair os objetivos propostos. Nesse sentido, o conteúdo deve permitir o diálogo, a confrontação de pontos de vistas, o intercambio entre o particular e atual com o geral e atemporal. O conteúdo deve ser colocado de tal forma, que permita ao educando a sua assimilação dentro de seu ciclo, mas também deve permitir um aprofundamento constante, para 15

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possuir uma qualidade majorante sempre presente, onde os educandos crescem gradualmente. No entanto, permite o intercâmbio entre os diferentes níveis, pois o conteúdo é o mesmo, tratado de forma diferente, majorante. Para isso, o conteúdo necessita ser retomado nos ciclos seguintes e, portanto, serem revistos de forma global e analisados nos novos detalhes e na complexidade de suas relações. AMETODOLOGIANAPRÁTICA Apresentamos uma sequência lógica de ação, não como modelo para uma aula, mas como um projeto de ação pedagógica: 1 - DESPERTANDO O INTERESSE - SENSIBILIZANDO Procure partir do interesse imediato da criança e do jovem ou desperte esse interesse. A criança é curiosa e está aberta às novidades. Jesus, Mestre por excelência, atendia às necessidades imediatas das pessoas que o procuravam (a cura de um mal físico ou espiritual), depois atendia às necessidades reais do espírito através das lições imorredouras do seu evangelho. Todos os grandes educadores e pensadores como Pestalozzi, Froebel, Decroly, Freinet, Dewey, apontam o interesse como a base do processo de educação. Claparède nos demonstra que a necessidade interior é que gera o interesse. O interesse do indivíduo está intimamente relacionado com uma necessidade interior, mesmo que seja simplesmente uma curiosidade em conhecer. Piaget demonstra que, quando o indivíduo experimenta uma necessidade, e portanto, um desequilíbrio íntimo, ele age para restabelecer o equilíbrio, ou seja, readaptar-se. A necessidade gera o interesse. Esse interesse varia de acor-

do com o grupo. Procure conhecer suas crianças e jovens e trabalhe dentro da realidade que lhes é própria. Com as crianças pequenas, além da necessidade natural de desenvolver as habilidades interiores, existe a curiosidade natural pelas coisas da natureza. Pode-se usar um acontecimento da semana, um fato ocorrido, um passeio planejado, uma visita, um filme, etc... Com os maiores, aproveite também a necessidade interior de conhecer. O impulso para avançar, conhecer, descobrir existe em todos. O próprio conteúdo da Doutrina é extremamente interessante para a mente do jovem sempre em busca de novos caminhos. Pode-se também aproveitar notícias de jornais, assuntos polêmicos, filmes em cartaz, etc. QUESTIONANDO E DESAFIANDO Ao despertar o interesse, lance questionamentos e desafios ao seu intelecto ou dilemas morais a serem resolvidos. Pode-se perguntar sobre o assunto de forma tal, que leve a criança ou o jovem a buscar a solução ao problema apresentado. Pode ser apresentado em forma de histórias ou cenas da realidade de vida das próprias crianças ou jovens, que tenham ligação com o conteúdo em estudo e que apresentem um dilema moral a ser resolvido. Estaremos colocando problemas do cotidiano, da realidade de vida, para depois demonstrar (levar a criança a concluir) que a Doutrina Espírita tem as respostas, pode e deve fazer parte de nossa vida, no dia a dia. 2 - O DEBATE E O DIÁLOGO: Permita as colocações das crianças e jovens, o debate e o diálo-


go, quando todos podem expressar suas opiniões e iniciar a construção coletiva e, ao mesmo tempo, individual, não só do conhecimento em estudo, mas a construção do ser, em seu aspecto intelectual, afetivo e volitivo. Sócrates, na Grécia antiga, utilizava o diálogo como forma de levar o interlocutor a chegar à própria conclusão. Estimulava o raciocínio, abrindo caminhos na mente do interlocutor para que ele descobrisse a resposta. 3 - CONSTRUINDO O PRÓPRIO CONHECIMENTO: Assim, lançado o desafio ou o problema e abrindo-se ao diálogo, levamos a criança ou o jovem a buscar a solução na Doutrina Espírita, tendo em mente que ela somente poderá avançar a partir das estruturas mentais que já possui dentro de si mesma. Avançar demais não adianta, pois, assim como os desafios, além das possibilidades da criança, tem efeito negativo - tudo deve ser gradual e progressivo. Piaget nos demonstra, em perfeita sintonia com a Doutrina Espírita, que a construção do conhecimento ocorre através de um processo em que o indivíduo utiliza suas estruturas anteriores (conhecimentos que já possui) para assimilar os novos conhecimentos até uma acomodação ou mudança interior, para ocorrer a construção de novas estruturas. É necessário um período de atividades de interação com o meio físico e social para que o indivíduo possa assimilar o novo conteúdo. 3.1 - BUSCANDO SOLUÇÕES: Inicie a construção do conhecimento com base na Doutrina Espírita, partindo da realidade da criança. Procure não oferecer tudo pronto, mas que esse momento seja de descoberta, quando inteligência, sentimento e vontade interagem de maneira dinâmica, para a construção do ser em seu aspecto integral. Os evangelizadores devem estudar o conteúdo e transformá-lo em atividades assimiláveis pelas crianças e não oferecendo o conteúdo pronto. O conteúdo da Doutrina Espírita deve ser analisado em seus três aspectos inseparáveis: científico, filosófico e religioso. 3.2 - VIVÊNCIAS: as atividades deverão ser vivenciadas e, não apresentadas como “aulas teóricas”. A criança não aprende ouvindo aulas teóricas, mas vivenciando atividades dinâmicas. A construção do ser depende da vivência integral: segundo Pestalozzi, ela vivencia pelos sentidos, pelo intelecto e pelo sentimento. 3.3 - ATIVIDADES ARTÍSTICAS: As atividades artísticas estimulam o poder criador do Espírito e traça canais para sua expressão. Mas a arte não é apenas forma 16

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de expressão, mas atividade criadora, ampliando a capacidade vibratória do ser, sensibilizando e direcionando a vontade para os canais superiores da vida. O teatro, a música, a dança, as artes plásticas em sua diversidade e a literatura em toda sua amplitude, propiciam atividades criadoras onde a cooperação é uma constante. A arte abre canais que o intelecto, por si só, desconhece, pois age no campo emocional e vibratório do ser. É agente de transformação e construção do ser, tanto no aspecto cognitivo, quanto no aspecto afetivo e volitivo. 4 - O AMBIENTE EVANGELIZADOR Aqui entra em ação a integração de toda a casa espírita, dos elementos do grupo entre si, com elementos dos demais grupos. São momentos de profunda interação entre os indivíduos de mesma idade e de idades diferentes e oportunidade de interagir com os demais membros da casa espírita, que é uma grandiosa escola de almas. “Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem”, afirmou Jesus. Esse será o grande desafio a ser vivido por todos. As salas poderão ser decoradas dentro do conteúdo principal. Toda a Casa Espírita passa a refletir o conteúdo em estudo. Grupos de pais, grupos de estudos, setores assistenciais, enfim, todos em sintonia com os princípios doutrinários em estudo naquele período - e com o sentimento de amor e tolerância a ser exercitado. Apresentações de natureza doutrinária, como exposições espíritas e apresentações artísticas sobre o conteúdo principal poderão ser realizadas, neste período: Apresentações de corais e grupos musicais, peças de teatro, danças, exposição de pintura, murais, recortes, etc. Isso formará um ambiente vibratório propício ao desabrochar das qualidades interiores do ser, onde intelecto, sentimento e vontade se harmonizam. Aqui entra a capacidade do educador de manter aceso o interesse e o entusiasmo do grupo, durante todo o processo de assimilação. Ninguém assimila conteúdos tão complexos em apenas uma aula teórica, nem se transforma interiormente tão rapidamente, mas num processo educativo bem elaborado e integrado com nossa vida prática. Aqui entra também a “luz” interior do evangelizador consciente de sua tarefa e de sua responsabilidade

.


A

TLAS DE

Quadro 18 Tálamo

N

EUROANATOMIA - ENCARTE V

O tálamo faz conexões recíprocas com o córtex e, através de seus núcleos, se relaciona com a sensibilidade, motricidade, sistema límbico, área pré-frontal e com a formação reticular.

formação reticular

comportamento emocional

àrea pré-frontal Núcleos do grupo medial dorso medial

Núcleos anteriores

Lâmi n

a me

lateral dorsal ventral anterior

dular

hipotálamo

intern

Núcleos do grupo mediano a

área associação temporo-parietal

lateral posterior

áreas motoras ventral lateral ou intermédio

Pulvinar ventral postero-lateral áreas somestésicas

Núcleo reticular

Via acústica do cerebelo

ação moduladora dos núcleos

Corpo geniculado medial

Trato óptico

audição

Corpo geniculado lateral visão

“O centro coronário, através de todo um conjunto de núcleos do diencéfalo, possui no tálamo, para onde confluem todas as vias aferentes à cortiça cerebral, com exceção da via do olfato, que é a única via sensitiva de ligações corticais que não passa por ele, vasto sistema de governança do espírito. Aí, nessa delicada rede de forças, através dos núcleos intercalados nas vias aferentes, através do sistema talâmico de projeção difusa e dos núcleos parcialmente abordados pela ciência da Terra (quais os da linha média, que não se degeneram após a extirpação do córtex, segundo experiências conhecidas), verte o pensamento ou fluido mental, por secreção sutil não do cérebro, mas da mente.” (Evolução em Dois Mundos, André Luiz, Francisco C.Xavier, ed. FEB).

Encarte | Atlas de Neuroanatomia | 17


Quadro 19 Tálamo Núcleos anteriores

Núcleos do grupo medial

ventral lateral ou intermédio

lateral dorsal

lâmina medular intern

a

Aderência intertâmica

Núcleos do grupo mediano

ventral anterior

Tálamo, centro coronário e corpo mental

lateral posterior

ventral postero-lateral

Pulvinar

Núcleos intralaminares formação reticular

Adesão intertalâmica

Centro mediano Ventral postero-medial gustação e área somestésica

Somestésico, proveniente da cabeça Somestésico, proveniente do corpo

18 | Atlas de Neuroanatomia | Encarte

Os tálamos são duas massas de substância cinzenta, de forma ovóide, dispostas uma de cada lado e ligadas entre si pela aderência intertalâmica.

Com base nos estudos de André Luiz, podemos concluir que o ponto de interação entre o corpo físico e o Espírito está no Centro Coronário, que corresponde, no cérebro físico, à região do diencéfalo, mais precisamente, ao tálamo. Percebemos também, que todos os sentidos passam pelo tálamo, antes de se dirigir ao córtex, com exceção do olfato, que, contudo, também mantém conexões com o tálamo. Assim, o tálamo recebe as informações dos órgãos dos sentidos antes das áreas sensitivas do córtex e envia os estímulos externos ao inconsciente profundo, localizado no perispírito, mais precisamente no corpo mental que, segundo André Luiz, é o “envoltório sutil da mente”. Compreendemos que essa ligação do tálamo com o corpo mental não ocorre por meio de conexões neuronais, mas vibratórias, e depende da frequência mental. Os Núcleos do Tálamo O tálamo contém diversos núcleos: anterior, dorsomedial, lateral dorsal e lateral posterior, pulvinar, ventral anterior, ventral lateral, ventral posterior lateral e medial, intralaminares, da linha média, reticulares, e os geniculados laterais e mediais.


Quadro 20 Tálamo

O tálamo também está intimamente ligado com as áreas relacionadas às emoções, ou seja, o Sistema Límbico, através do giro do cíngulo, giro para-hipocampal, hipocampo, fórnix e amígdala.

Fórnix

lo cíngu caloso po r o C

do Giro

Tálamo

o

Hipocamp

Amígdala

Giro parahipocampal

Medula

Encarte | Atlas de Neuroanatomia | 19


Quadro 21 Radiações Talâmicas

As conexões entre o tálamo e o córtex, geralmente recíprocas, ocorrem através das fibras tálamo-corticais e córtico-talâmicas, que constituem as radiações talâmicas.

Radiações anteriores do tálamo

Radiações posteriores do tálamo

Núcleo caudado

Trato frontopontino Tálamo

Trato óptico

Fibras parieto-occiptotemporais Radiações ópticas

Pedúnculo cerebral

Quadro 22 Detalhes do Córtex

Radiações acústicas

Áreas funcionais do córtex. O tálamo mantém conexões recíprocas com praticamente todas as áreas do córtex cerebral. Área pré-motora Associação motora

Motor

Sensorial motor (tato)

Área de associação Análise multisensorial

Visual III Pré-frontal

Visual II

Funções psíquicas superiores Emoções

Visual I

Controle comportamental

Centro da fala Área de Broca Processamento completo da informação auditiva e memória

20 | Atlas de Neuroanatomia | Encarte

Auditiva II Auditiva I

Área de Wernicke - Compreensão da linguagem


NEUROPEDAGOGIA A CONSTRUÇÃO DA MENTE XVII WalterOliveiraAlves

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Física Química

Biologia

Percebemos que não existe fenômeno isolado na Natureza, mas tudo está interligado como numa rede, onde cada ciência dita “autônoma”, na realidade não o é, mas mantém íntimas correlações com os demais campos de estudo. Isso, naturalmente, obriga o estudioso a sair de seu observatório mental, para observar os fenômenos sob outros pontos de vista, o que exige uma boa dose de humildade intelectual. Neste momento de dúvidas, a Doutrina Espírita nos desvenda a existência de outro mundo, o Mundo Espiritual, em íntima relação com o mundo físico. Não apenas um lugar no espaço denominado Mundo Espiritual, mas Mundos diversos, vibrando em diferentes padrões vibratórios. Percebemos claramente que, por trás de todo fenômeno dito material, principalmente os fenômenos biológicos, existe um fenômeno espiritual. O homem do futuro deverá desenvolver em si a capacidade de realizar a síntese mental através de um estudo multidisplinar onde tudo se liga. Física, Química, Biologia, Psicologia, Pedagogia, Filosofia... são ciências que mantêm íntimas relações. Ao mesmo tempo, a humanidade inicia seus conhecimentos da vida Espiritual, que pulula em todo o Universo, em diferentes padrões vibratórios e em íntima relação com o chamado mundo material. Com a descoberta do aspecto espiritual da vida, nosso Planeta escola sofrerá a maior transformação que jamais houve, entrando em nova etapa de estudos e pesquisas, mas principalmente de mudanças na própria consciência. Com certeza, as neurociências, em qualquer de suas áreas: neuropsicologia, neuropsiquiatria, neurofisiologia, neuroanatomia e agora a neuropedagogia com a visão espiritual da vida, correspondem a um vasto

? ?

O especialista de hoje, assim como quem olha um cubo apenas de forma a ver uma ou duas faces, deverá mudar seu ponto de vista até perceber que o cubo tem seis faces... Seis? E se forem doze? E se existirem faces ocultas que os sentidos comuns não percebem? E se o que parece um cubo, com lados bem definidos, for outra coisa, como uma rede, onde tudo se liga, onde cada fenômeno está em íntima relação com os demais? E se além desta rede perceptível existirem outras imperceptíveis aos nossos sentidos comuns?

campo de estudos multidisciplinares. Embora tenha a biologia como centro de seus estudos, outras áreas se relacionam intimamente, como a química, a física, a psicologia, a pedagogia e, sem dúvida, o aspecto espiritual da vida, que está na base de todos os fenômenos biológicos e psicológicos. Tentaremos aqui uma síntese dos principais aspectos relacionados com as neurociências. ESTUDO MULTIDISCIPLINAR | A FÍSICA QUÂNTICA Vamos iniciar pela Física Quântica (Vide Revista Pedagógica Espírita 13 e 14) relacionando-a às demais áreas da cultura humana. Considerando que nosso estudo está ligado à vida mental, lembramos aqui a afirmação de André Luiz de que “o pensamento não escapa às realidades do mundo corpuscular” para justificar a afirmativa de que o pensamento está dentro do Universo estudado pela física quântica. Como já vimos em edições anteriores, até fins do século XIX, a física clássica parecia explicar todos os fenômenos físicos. Baseada na relação causa e efeito, a física de Newton podia determinar matematicamente o comportamento de um fenômeno. Duas teorias surgiram, então, abalando esse conceito. Uma foi a Teoria da Relatividade de Albert Einstein (18791955), afirmando que tempo e espaço são relativos quando aplicados a grandes distâncias e velocidades. A outra foi a teoria quântica iniciada por Max Planck (18581947), que, na verdade, ainda não foi bem definida, mas vem causando impactos profundos, não só na Física, mas em áreas apa-


rentemente bem diferentes, como a Filosofia. Sabia-se que ondas e partículas tinham comportamentos diferentes. As partículas eram analisadas pela mecânida de Isaac Newton (1643-1727) e as radiações das ondas eletromagnéticas eram descritas pelas equações de James Clerk Maxwell (1831-1879). Mas, em 1924, Louis de Broglie anunciou que os elétrons apresentavam características tanto ondulatórias como corpusculares, comportando-se ora como onda, ora como partícula, dependendo do tipo de experimento e do observador. O observador, pois, interfere no fenômeno. Chega-se à conclusão que, no mundo subatômico, as leis da física clássica não funcionam. Warner Heisenberg anuncia o Princípio da Incerteza, afirmando a impossibilidade de se determinar simultaneamente posição e velocidade de uma partícula, tornando a física quântica uma ciência probabilística. Neils Bohr (1885-1962) afirma a dualidade onda e partícula (ao mesmo tempo), mas que um determinado experimento pode mostrar apenas uma forma ou outra. Alguns físicos discordaram de tal ideia. Permaneceu então, como a mais aceita, o princípio da Incerteza de Heisenberg. Einsteim, contudo, também discorda de tal princípio, afirmando que “Deus não joga dados”, devendo existir leis precisas por trás do fenômeno, apenas não são conhecidas. Dedicou-se a formular uma teoria do campo unificado que explicasse tanto a Teoria da Relatividade e a Teoria Quântica, sem sucesso. Einstein expressou a esperança de que, no futuro, fosse en22

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contrada uma ordem oculta para a Física Quântica. Além do Princípio da Incerteza, outras teorias surgem então, como a Teoria dos Mundos Paralelos e a Teoria das Cordas (veja Revista Pedagógia Espírita nº 13). A TEORIA DAS CORDAS Tomemos por base de nosso estudo a Teoria das Cordas, que afirma que as partículas primordiais são como filamentos unidimensionais vibrantes, ou seja, vibram em diferentes tons. Ao vibrarem, as partículas primordiais originam as demais partículas subatômicas com suas propriedades. Para cada partícula subatômica do Universo existe um padrão de vibração particular. Assim, tudo no Universo seria vibração, sintonia, ressonância. Em síntese, a Teoria das Cordas afirma que tudo provém das vibrações dessa partícula primordial. Mas quem ou o que provoca essas vibrações? Nas experiências de Broglie, com o rigor do método científico, admite-se a interação entre as partículas observadas e o próprio observador, sugerindo que a consciência parece fazer parte da realidade física. Embora a divergência de opiniões e teorias, alguns cientistas já admitem uma grande consciência oculta e que o Universo tem uma intensionalidade. De forma impressionante, as incógnitas da Física Quântica chamaram a atenção de espiritualistas de todo o mundo e não sem razão. A razão clama por uma “Grande Consciência”. Os chineses chamam de Tao e quase todos os povos ocidentais chamam de Deus em suas diferentes denominações. A Doutrina Espírita define como sendo a “inteligência suprema, causa primária de todas as coi-

sas”. André Luiz diz que estamos mergulhados no “pensamento de Deus”. Se a ciência não consegue provar empiricamente a existência de Deus, também é racionalmente impossível negar a existência de uma inteligência poderosa por trás de todo e qualquer fenômeno que se observa, seja no plano macroscópico ou microscópico. A Teoria das Cordas, com a ideia das partículas primordiais que, ao vibrarem em determinado padrão originam as demais partículas subatômicas, chega bem perto da ideia de que “o fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza.” (Revista Pedagógica Espírita n. 13) A modificação do Fluido Cósmico, neutro em seu estado original, ocorre por interferência do pensamento, ou seja, de acordo com o estado vibratório da energia mental do observador, utilizando a linguagem da física. Os fluidos, pois, são sensíveis ao pensamento e à vontade, que podem modificar-lhes as propriedades. A energia mental se propaga através de ondas eletromagnéticas, em diferentes padrões vibratórios, determinando as propriedades dos fluidos. Como já vimos, os Espíritos superiores criam sobre o Fluido Cósmico, construindo as “habitações cósmicas de múltiplas expressões”, da mesma forma que nós mesmos criamos, a partir da matéria prima existente, nosso mundo particular. Mas acima de tudo, está a “Grande Consciência”, na linguagem dos físicos ou o Tao dos chineses, ou ainda Deus, o Criador, de tal forma que André Luiz afirma que


“O fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano.” Em síntese, a Doutrina Espírita também afirma que tudo no Universo é vibração, sintonia, ressonância. Tudo no Universo, pois, tem uma natureza mental. UNIVERSOS PARALELOS A teoria dos Universos Paralelos, procurando explicar a sobreposição quântica, chegou perto da explicação da Doutrina Espírita das diferentes esferas espirituais, em diferentes faixas vibratórias. Embora existam diferentes concepções e diferentes hipóteses, e deixando de lado a ideia de que tais Universos evoluem independentemente uns dos outros e um não interfere no outro (o que a Doutrina Espírita nega) a idéia geral de vários Universos muito se assemelha à ideia do mundo espiritual, dividido em esferas, ou diferentes mundos em diferentes frequências vibratórias, conforme o estado evolutivo dos seres que o habitam, mas que interagem continuamente uns sobre os outros. Percebemos claramente que a Teoria das Cordas e a Teoria dos Universos Paralelos se completam, se as ligarmos aos conceitos que a Doutrina Espírita nos apresenta. (Vide Revista Pedagógica Espírita n. 14) QUÍMICA André Luiz, na obra Nos Domínios da Mediunidade, cap. 5 cita as observações do Espírito Aulus, que afirma: “Assim como possuímos na Terra valiosas observações alusivas à química da matéria densa, relacionando-lhe as unidades atômicas, o campo da mente oferecia largas ensanchas ao estudo de suas combinações... Pensamentos de crueldade, revolta, tristeza, amor, compreensão, esperança ou alegria teriam natureza diferenciada, com características e pesos próprios, adensando a alma ou sutilizando-a, além de lhe definirem as qualidades magnéticas... A onda mental possuiria determinados coeficientes de força na concentração silenciosa, no verbo exteriori23

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O pensamento se irradia em forma de ondas de natureza eletromagnética, em diferentes padrões vibratórios, determinando as propriedades dos fluidos. Com qualidades de indução as ondas mentais transportam consigo as qualidades de quem irradia. Comprimento da onda

B

E

C

λ

Campo Elétrico (E) Campo Magnético (B)

Direção da propagação (C)

Uma onda eletromagnética transporta uma quantidade de energia proporcional a sua frequência. Isto é, as ondas de maior frequência têm maior energia. zado ou na palavra escrita...” No item 19 da mesma obra, o instrutor Aulus nos fala da química mental, por trás de fenômenos os mais diversos, inclusive no relacionamento entre as criaturas: “O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. Quando benigno e edificante, ajusta-se às Leis que nos regem, criando harmonia e felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e ruína. A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam conosco.” Embora irradiando em forma de ondas eletromagnéticas, André Luiz, de forma impressionante, nos esclarece que o pensamento ainda é matéria: “Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria: — a matéria mental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo.” (Mecanismos da Mediunidade – vide também a Revista 14) O pensamento, pois, pode alterar as propriedades dos fluidos à nossa volta e, de maneira impressionante, também dentro de nós mesmos, como veremos no próximo ítem. BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR Passemos agora ao estudo da Biologia Celular e Molecular (veja Revista Pedagógica Espírita 15 e 16, item Microanatomia) Embora existam milhões de espécies diferentes, sabemos que os seres vivos, em nível celular e molecular, possuem um plano


Síntese de proteínas. O código genético está contido no DNA,no núcleo da célula, na forma de unidades conhecidas como genes. Para sintetizar as proteínas, ocorrem 3 etapas:

DNA

RNA

Núcleo 1- Transcrição 2- Migração

1. Para a transmissão do código, o DNA forma o RNA mensageiro (mRNA) no processo chamado transcrição. 2. A molécula de mRNA (fita única), contendo a informação genética, migra para o citoplasma.

3- Tradução

Citoplasma

tRNA

3. A molécula de RNAm irá iniciar o processo de formação de proteínas (tradução) nos ribossomas, formando assim longas cadeias de aminoácidos - as proteínas.

único de organização: a célula, que é a unidade estrutural e funcional básica dos organismos vivos. Assim, a aparente complexidade da classificação dos seres vivos se torna simples ao nível celular. Com exceção das bactérias e algas azuis-esverdeadas (células procarióticas), todos os demais seres são formados de células eucarióticas que possuem estrutura e função básica semelhantes. Uma célula eucariótica possui um núcleo, (definido pelo envoltório nuclear) que contém um ou mais nucléolos e o citoplasma envolvido pela membrana plasmática, contendo muitas organelas, como já vimos em artigos anteriores. Já vimos também que as proteínas são moléculas essenciais para manter a estrutura e funcionamento de todos os organismos vi24

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mRNA

proteína

ribossomo

vos e podem ter diferentes propriedades e funções. As proteínas são formadas nos ribossomos, pela sequência de aminoácidos determinada pelo mRNA, cuja informação foi transmitida pelo DNA. Como já vimos também, nosso pensamento se irradia através de ondas de natureza eletromagnética que influencia o fluido dentro de seu campo de atuação, transmitindo-lhe as suas qualidades. Sendo o citoplasma de natureza fluídica, mais sutil perto do núcleo (citosol), passará a vibrar na mesma sintonia da mente do indivíduo, que corresponde a um verdadeiro código mental, envolvendo o núcleo e, portanto, o DNA, na mesma vibração, influenciando assim a transcrição do RNA e, consequentemente a produção da proteína.

(Maiores detalhes na Revista nº 16) Considerando que as proteínas estão presentes em todo o organismo, nos anticorpos, em hormônios, enzimas, etc., podemos concluir que a vida mental do invidíduo influencia toda a sua vida biológica. PSICOLOGIA A INFLUÊNCIA DO SUBCONSCIENTEPROFUNDO A Doutrina Espírita, ao nos revelar a existência de um inconsciente profundo, arquivo milenar de nossas experiências evolutivas, arquivado no corpo mental, também nos revela que esse inconsciente permanece atuante, respondendo aos estímulos do meio. Patrimônio indelével do Espírito, mas ainda em construção, pois estamos longe da perfeição, é,


portanto, vulnerável e sujeito a desequilíbrios. Poderosa energia criadora, a mente inconsciente influencia nossa vida em todos os sentidos e, com certeza, será alvo de estudos profundos da Psicologia, que avançará muito além do inconsciente de Freud. Repetindo André Luiz que, após afirmar que tudo na vida é impulso criador, afirma também que mais da metade dos Espíritos encarnados mantém ainda a mente fixa nos movimentos instintivos, enquanto outros, conquistando a razão acima do instinto, ainda permanecem nos desatinos da prepotência, famintos de evidência e realce, enquanto pequeno grupo de seres atingiram a região sublime da superconsciência, procurando alcançar os círculos mais altos da vida, possuindo entendimento universal e sentimentos nobres e elevados. (vide artigo Psicanálise e Educação, nesta edição) SOCIOLOGIA E POLÍTICA Podemos, pois, afirmar, sem receio de exagerar, que tudo na vida possui uma natureza mental. Tudo está envolvido em energia mental, em seus diferentes estados evolutivos. As guerras, a corrupção, a violência, os crimes, a prostituição, as viciações e as enfermidades, provêm das mentes em desatino, mergulhadas nas zonas inferiores da vida mental. As grandes realizações, as propostas de paz, o avanço nas ciências e na filosofia, a beleza das realizações religiosas, os orfanatos e as instituições de caridade, os hospitais e escolas, são criações das mentes que já vibram em padrão elevado, que buscam se identificar com a vida superior que pulula por todo o Universo. 25

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Tudo, pois, provém da energia mental, energia criadora por excelência. Chamamos aqui de energia mental a energia irradiada pelos seres mais simples da criação, passando por nós, os seres humanos, a mente elevada dos Espíritos superiores, até a mente suprema do Criador que a tudo permeia, considerando que realmente estamos mergulhados na mente de Deus. PENSAMENTO E EDUCAÇÃO Muito clara está a imensa importância da educação em todos os fenômenos da vida. Sendo o pensamento energia criadora que se irradia em forma de ondas eletromagnéticas, influenciando o fluido cósmico que está em toda parte, percebemos que a mente está no centro de todos os fenômenos. Daí a importância da educação do Espírito, a educação que envolve os três aspectos principais da mente: o cognitivo, que corresponde a quanto o indivÍduo sabe, à quantidade de seus conhecimentos, o aspecto afetivo, que corresponde à qualidade do pensamento e o aspecto volitivo, que corresponde à intensidade do pensamento. Considerando ainda que o pensamento possui propriedades de indução, perceberemos a responsabilidade do ato de pensar e a importância da educação do Espírito. MEDICINA E PENSAMENTO Considerando que o perispírito é produto do fluido cósmico e que o pensamento influencia, inicialmente, o próprio perispírito de quem o emite, surge aí um mundo de pesquisas na área da medicina, envolvendo o estado mental do paciente. Na obra Entre a Terra e o Céu, item 21, André Luiz narra as palavras de Clarêncio sobre a medi-

cina do futuro: “Um dia, o homem ensinará ao homem, consoante as instruções do Divino Médico, que a cura de todos os males reside nele próprio. A percentagem quase total das enfermidades humanas guarda origem no psiquismo. (...) Orgulho, vaidade, tirania, egoísmo, preguiça e crueldade são vícios da mente, gerando perturbações e doenças em seus instrumentos de expressão.” SÍNTESE MENTAL Física, Química, Biologia, Psicologia, Pedagogia e demais áreas da ciência, estão intimamente interligadas, não existindo fenômeno isolado. A Doutrina Espírita revela um mundo quase desconhecido, um mundo de raios, ondas e vibrações, onde o próprio Espírito, que se revela pelo seu pensamento, está no centro de todos os fenômenos. Considerando esse fato, ao contário do que afirma Heisenberg, não há nada incerto e Einstein tinha razão ao afirmar que “Deus não joga dados”. Todavia, nem o próprio Einstein, que procurava uma “ordem oculta” para a Física Quântica, e uma “teoria unificadora”, poderia prever a extensão dessa “ordem oculta”, agora revelada pela Doutrina Espírita. Os conhecimentos espirituais, devidamente estudados e compreendidos, poderão unificar não apenas a física moderna, mas todos os fenômenos da natureza. Isso propiciará ao homem a síntese mental, necessária ao ingresso em novo patamar evolutivo, e o desenvolvimento do pensamento intuitivo, que lhe permitirá entrar em sintomia com o pensamento cósmico que pulula em todo o Universo do Criador. Mas isso será assunto para as próximas edições

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METANEUROLOGIA AS NOVAS ERAS O estudo de crânios fósseis está acumulando revelações surpreendentes sobre o cérebro de animais que viveram há milhões de anos. Essa nova especialidade, a neuropaleontologia, estuda pequenos sinais marcados no crânio desses animais. A expansão do cérebro com o uso predominante da mão direita, o aprimoramento da visão em detrimento do olfato, a capacidade de produzir ferramentas e o desenvolvimento das áreas da linguagem, reflete no crânio mudanças em determinadas áreas que podemos observar mais tarde, milhares de anos depois. A partir dos anos setenta do século passado, os cientistas perceberam que poderiam estudar o cérebro visualizando seus mecanismos biológicos. Fenômenos tão complexos como a memória, a atenção e a linguagem são analisados, agora, a partir dos neurônios, suas sinapses, os neurotransmissores, as redes neurais e os sistemas modulares comprometidos com essas funções. Foi criada assim a neurociência cognitiva, cujo propósito é revelar quais os fenômenos biológicos acontecidos no cérebro estão relacionados a determinados fenômenos psicológicos. Por outro lado, analisando comportamentos que ocorrem em animais de diversos níveis evolutivos, os estudiosos criaram a psicologia evolucionista e, quantificando a participação do patrimônio genético ligado a esses comportamentos desenvolveu-se a genética comportamental. O progresso nas neurociências está revelando funções cerebrais jamais suspeitadas. Até mesmo a espiritualidade, que se revela em matizes variados em cada um de nós, está sendo estudada cientificamente. A Neuroteologia vem identificando a atividade cerebral que se relaciona a esse tipo de sentimento. COMO ESTUDAR O CÉREBRO O cérebro trabalha mobilizando múltiplas funções, integrando-as e organizando-as dentro de um sistema hierarquizado. Um fenômeno simples, como sentir o efeito da picada de uma agulha, tem um local anatômico preciso numa região cerebral ligada à sensibilidade dolorosa, mas, sua repercussão psicológica mobiliza diversas áreas. Por outro lado, funções complexas como a linguagem, o cálculo, a escrita, a memória e a tomada de decisões exigem, desde seu início, a integração de várias regiões anatômicas, e cada um desses procedimentos pode recrutar caminhos diversos para sua execução. A interpretação de cada um dos fenômenos cerebrais

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que conhecemos ainda exige o raciocínio reducionista usado pelo método científico. Numa determinada área cerebral que motiva nosso interesse, podemos estudar as vias de entrada e saída dos seus feixes de fibras nervosas e ampliar com o microscópio o estudo dos seus neurônios. O neurônio, por sua vez, nos revelará suas membranas, seus receptores e sua química que dispara a comunicação com seus milhares de vizinhos. A composição química dos neurotransmissores já está identificada em dezenas de substâncias que os compõem. Já temos métodos bioquímicos para identificar sua produção e distribuição em regiões particulares do cérebro. Conhecemos, por exemplo, por onde circula a serotonina, a noradrenalina e a dopamina em diversas regiões cerebrais. No estudo das funções complexas as quais já nos referimos, podemos seguir, também, o caminho inverso. Agregamos funções de diversas áreas na tentativa de compreender toda complexidade que envolve o fenômeno. A memória e a linguagem são ótimos exemplos para exigir nossa reflexão sobre sua apresentação multiforme. O que nos faz lembrar e esquecer? Por que a criança expande tão rapidamente o seu vocabulário e o adulto tem enorme dificuldade de aprender uma segunda língua? Como conseguimos lembrar de um rosto familiar no meio de uma multidão? As diversas áreas das neurociências estão, reconhecidamente, produzindo um avanço extraordinário na interpretação do cérebro e da mente, entretanto, ainda estão longe da fronteira final. A Física já se consolidou com Teorias que funcionam muito bem no seu papel de explicar o mundo físico. A relação de identidade entre energia e matéria unifi-


cou princípios fundamentais entre essas Teorias. A Biologia já construiu seus fundamentos básicos ao descobrir a célula, a evolução das espécies e o DNA, mas, a psicologia, pretendendo estudar a mente, só produziu até agora Teorias provisórias e nenhuma com certificado de validade. Temos de reconhecer que ainda estamos longe de contar com uma Teoria unificadora para explicar a mente. Quando escrevi sobre o “corpo mental”, tive a intenção de trazer para a neurologia estudo clínico que pode introduzir um novo paradigma no conhecimento da mente. Sem qualquer presunção, estou chamando este conhecimento de metaneurologia. FUNÇÕES CEREBRAIS Vamos considerar funções cerebrais cujos mecanismos já estão razoavelmente conhecidos: A VISÃO DE UM OBJETO A luz que reflete nesse objeto se projeta aos nossos olhos sinalizando os neurônios na retina. A partir daí, o estímulo nervoso percorre vias anatômicas que levam este estímulo até ao córtex visual. Distribuídos em camadas concêntricas como uma casca de cebola, os neurônios codificam em áreas próximas, cada uma das particularidades do objeto a ser visualizado. Assim é que temos um local específico para ver a forma do objeto, outro local para ver sua cor e outro ainda para perceber seus movimentos. Esse objeto pode ser, por exemplo, a mão de alguém nos chamando. Depois disso, temos pela frente um grande enigma: como o cérebro junta essas informações decompostas – a forma, a cor e o movimento, em um único objeto acompanhado do seu significado, ou seja, o reconhecimento de um objeto que nos é familiar ou não. Vamos falar da memória – Todos sabem que temos uma memória de curto prazo, que nos serve para as resoluções 27

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do cotidiano. Qual meu compromisso hoje? O que acabo de ver na televisão? Quando minha mulher perguntou, que hora eu disse que voltaria para casa? Temos também uma memória de longo prazo. Quem são meus pais, onde nasci e que remédio eu uso para dor de cabeça. Essa memória pode ser resgatada parcialmente a partir de certo esforço. Podemos nos lembrar de cenas que vivenciamos na última viagem de férias. Outras vezes, essa memória é traiçoeira e nos deixa na mão não nos permitindo lembrar do nome de um amigo. Estudos sistemáticos sobre o resgate de memória têm confirmando que todo relato de fatos memorizados estão impregnados de imaginação. Podemos confirmar, também, que a gente não se lembra do que aconteceu, na verdade, lembramos do que pensamos ter acontecido. Os cientistas da mente estão usando a expressão “facção” para nomear essa mistura de fatos com ficção. E nossa memória é generosa em criar essa mistura explosiva. A linguagem falada – Em 1867, Paul Broca, confirmou que o giro frontal inferior do hemisfério esquerdo está relacionado com a emissão da linguagem falada e, alguns anos mais tarde, Carls Wernick, relacionou a compressão da linguagem a uma área situada um pouco mais atrás, no lobo parietal esquerdo. A partir daí, com acréscimos de eminentes neurologistas como Pierre Marie, ficou delimitado um “quadrilátero”, com estruturas corticais e sub-corticais relacionados com nossa capacidade de revelar nosso pensamento pela linguagem falada e sermos compreendidos pelos que nos ouvem. Depois dos trabalhos de Noan Chronski, sabemos que a criança nasce com um módulo gramatical que lhe facilita aprender qualquer uma das línguas humana. O estímulo do ambiente e a cultura de cada povo vão acrescentando o vocabulário que sedimenta na criança a língua materna. A escrita – atividade motora simples, como estender a perna, pode ser realizada com o reflexo patelar, envolvendo teoricamente dois neurônios – uma para estimular o reflexo e outro para elaborar a resposta. Apertar a mão já exige certa dose de intencionalidade e, escrever um texto, implica em uma capacidade especial para se criar uma ideia, produzi-la em um texto com palavras e se utilizar de um instrumento como a caneta ou o computador para transcrevê-lo. O diálogo humano – manter uma conversação com um amigo que acaba de chegar vai nos obrigar a mobilizar uma série de ideias e transmiti-las em palavras. Esse amigo pode nos perguntar: Que carro você tem agora? Eu, quase que imediatamente, respondo: Um Honda Cyvic verde. Daí a pouco nós dois escutamos a voz de minha esposa fazendo a correção - O Honda verde era o carro do ano passado, agora temos um Honda preto. Fui traído pela distração e pela falha da memória. Os sonhos – a neurologia já nos esclareceu os ritmos


que transitamos durante o sono e alguns mecanismos químicos ligados a ele. Já foram identificados centros no hipotálamo que estimulam o lobo frontal nos mantendo acordados e núcleos de neurônios situados na ponte que nos induz ao sono. Sabemos, também, que durante alguns períodos de sono, os olhos se movimentam, revelando que neste instante estamos sonhando. Dormir e sonhar são indispensáveis à nossa própria sobrevivência. Conseguimos ficar mais tempo sem comer do que sem dormir. O sonhar está intimamente relacionado com a consolidação de memórias. A nossa véspera não será lembrada se não dormimos e produzirmos sonhos, alguns deles ligados aos últimos momentos da festa que nos animava. O ESTUDO DA MENTE Grande parte da atividade cerebral é fácil de ser reconhecida e definida. Por exemplo, reflexos são respostas que o sistema nervoso produz reagindo a estímulos. Comportamentos podem ser reduzidos a um conjunto de atitudes. Emoção é um estado de humor. Quando vamos definir mente, não haverá termos competentes nem acordo entre os especialistas. Classicamente a mente é vista como um conjunto de funções complexas que inclui memória, percepção, linguagem, consciência e emoção. De qualquer maneira, a mente é produto de atividade complexa do cérebro. O “CORPO MENTAL” A neurologia entende que para todos os fenômenos psicológicos existe um substrato biológico que se revela na atividade cerebral. Neurônios que se despolarizam, circuitos que se organizam em redes, áreas cerebrais que se especializam em movimentos e sensações, e regiões que se agrupam compondo funções mais ou menos complexas construindo a memória e compondo a linguagem. A mente seria resultado imanente dessa atividade complexa do cérebro. Sem o cérebro, não existiria a mente. Minha proposta sobre o “corpo mental” se baseia em evidências clínicas. Exemplos neurológicos sugerem a existência de um corpo que compõe, constrói e expressa os fenômenos da mente. Com a “metaneurologia” pretendemos sedimentar a ideia de que podemos investigar e acrescentar, paulatinamente, conhecimento sobre a anatomia e a fisiologia desse “corpo mental”. A neurologia conseguiu fragmentar diversas funções cerebrais. Sabemos, por exemplo, onde o cérebro decodifica as características físicas de um objeto, mas, não sabemos como o cérebro faz a integração dessas informações. Como o cérebro integra nossas memórias para nos fornecer uma identidade única e permanente? 28

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O “corpo mental” pode resolver todas essas questões. A investigação do que ocorre em quadros clínicos como na histeria, no transe sonambúlico, na narcolepsia, no membro fantasma, nos permite acreditar na existência de uma fisiologia específica desse “corpo mental”. Assim, podemos considerar que ele não se aprisiona nos limites do nosso corpo físico; não se restringe aos circuitos e vias da anatomia cerebral e circula por ambientes que transcendem a realidade física que conhecemos. FUNÇÕES DO “CORPO MENTAL” A visão – O olho humano registra o impulso luminoso que nos permite identificar os objetos a nossa volta. O “corpo mental” vê sem a necessidade de luz. Ele se apodera das propriedades dos objetos. Vamos considerar que estamos diante de uma moeda. Com nossos olhos vamos saber do seu tamanho, cor, forma, talvez a sua procedência e o seu valor. Vamos dizer que se trata de uma moeda do tempo do Império. Com o “corpo mental”, independentemente da luminosidade que clareia a moeda, além das características físicas relatadas, podemos registrar todos acontecimentos relacionados com esta moeda. O ambiente da sua fabricação e as mãos por onde ela foi negociada inúmeras vezes. O “corpo mental” registra os aspectos físicos e os eventos psicológicos a ela relacionados. O olho humano não é o instrumento de visão do “corpo mental”. Como o que ele detecta é a vibração dos corpos, os objetos são percebidos em qualquer parte do “corpo mental” como, por exemplo, as pontas dos dedos que tocam este objeto. A linguagem falada – a capacidade para falar, ler e escrever estão intimamente inter-relacionadas. Para cada uma destas funções, o cérebro usa um conjunto de módulos que se ligam por vias de


associação. A criança aprende a falar ouvindo as pessoas a sua volta aumentando progressivamente o seu vocabulário. Para ler e escrever, ela terá que absorver o significado dos símbolos que representam as coisas e as ideias traduzidas em palavras. Existem quadros clínicos em pacientes neurológicos que ilustram didaticamente o comportamento dessas funções. Temos lesões capazes de produzirem incapacidade para reconhecer as palavras – agnosia visual; para escrever – agrafia; para ler – dislexia, e para falar – afasia. No corpo mental, essas capacidades estão ligadas à percepção do conteúdo mental das ideias, independentemente da forma como elas são expressas. Vamos agora considerar que estamos diante de um livro. Precisamos ler todo o seu conteúdo para nos inteirarmos do seu conteúdo. Com o “corpo mental” nos apoderamos das ideias expressas no livro, dos eventos com ele relacionados e com seu autor. A memória – O indivíduo comum é capaz de memorizar uma sequência de sete números, retém alguns telefones familiares, sabe endereço de alguns amigos, lembra de seus nomes e é capaz de relatar o que fez nos últimos dias. Quando faz relatos de eventos antigos como festas ou encontros com amigos, os relata de maneira mais ou menos incompleta, ressaltando que alguns desses encontros ficaram mais marcados e são tidos como inesquecíveis. Cada um desses relatos, quando são confrontados com o testemunho de terceiros, tem sempre o colorido de outras versões mais ou menos enfáticas. Descrever uma festa de formatura tem tantas versões quanto o número de formandos. A memória de um computador nos permite abrir um texto já escrito e revisá-lo para corrigir ou acrescentar detalhes. A memória do “corpo mental” nos permite abrir o cenário do ambiente vivido durante os acontecimentos que presenciamos. Ele nos permite reviver o passado 29

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como se o trouxéssemos para o presente. Vivenciando um fato por uma segunda vez, podemos acrescentar elementos que não nos tínhamos dado conta na primeira ocasião em que ocorreu. Um detetive poderia rever um assalto e dessa vez anotar a placa do carro que vira sair fugindo. Os sonhos – O “corpo mental” não é prisioneiro do corpo físico e, durante o sono, ele tem possibilidade de se libertar mais ou menos parcialmente. A emancipação do “corpo mental” facilitada pelo sono põe o “corpo mental” diante de outras realidades que ele apreende conforme seu nível de conhecimento. Uma pessoa inexperiente colocada diante de um ambiente desconhecido perceberá muito pouco do que está presenciando. Sem experiência, ficaremos totalmente perdidos na UTI de um hospital, no meio de uma mata fechada, no comando de um avião ou entre a multidão em um país estranho. E, será assim que essas vivências terão de ser relatadas após passarem pelo filtro do cérebro físico. É esse o conteúdo extraordinário dos sonhos, uma percepção espiritual filtrada pelo cérebro físico. Vez por outra, em situações especiais, conseguiremos registrar uma cópia fiel de acontecimentos que vivenciamos sonhando, fixando-a com completa lucidez. A mente – Temos, como hipótese, que a mente é uma entidade que se corporifica numa estrutura organizada que denominamos “corpo mental”. Esse corpo tem existência extracerebral e propriedades que se diferenciam das funções cerebrais conhecidas. A semiologia neurológica, analisando determinados quadros clínicos, pode revelar funções que confirmam claramente a existência do “corpo mental”. Podemos perceber que a fisiologia do “corpo mental” nos dá informações confiáveis que o situa para além do cérebro físico. Explorando suas memórias, podemos reviver claramente o passado. Confirmamos que sua sensibilidade é afetada pela vibração das substâncias. Sua forma de percepção nos possibilita contato com o conteúdo e significado dos objetos, mais do que com a forma, e a linguagem se processa pela transmissão de ideias. O “corpo mental” inaugura um novo paradigma para a neurociência clínica

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NOTA DE RODAPÉ “André Luiz define o corpo mental como o envoltório sutil da mente. Vide Evolução em Dois Mundos, item 2, André Luiz, F.C.Xavier.”


AS LEIS MORAIS - LEI DO TRABALHO Baseado no roteiro de O Livro dos Espíritos

TRABALHANDO COM CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS ATIVIDADE 1 - DESPERTANDO O INTERESSE Pequena História Neio Lúcio - Alvorada Cristã, cap.3 Um dia, a Gota d’Água, o Raio de Luz, a Abelha e o Homem Preguiçoso chegaram ao Trono de Deus. O Todo-Poderoso recebeu-os, com bondade, e perguntou pelo que faziam.A Gota d’Água avançou e disse: – Senhor, eu estive num terreno quase deserto, auxiliando uma raiz de laranjeira. Vi muitas árvores sofrendo sede e diversos animais que passavam, aflitos, procurando mananciais. Fiz o que pude, mas venho pedir-te outras Gotas d’Água que me ajudem a socorrer quantos necessitem de nós. O Pai sorriu, satisfeito, e exclamou: – Bem-aventurada sejas pelo entendimento de minhas obras. Dar-te-ei os recursos das chuvas e das fontes. Logo após, o Raio de Luz adiantou-se e falou: – Senhor, eu desci... desci... e encontrei o fundo de um abismo. Nesse antro, combati a sombra, quanto me foi possível, mas notei a presença de muitas criaturas suplicando claridade. Venho ao Céu rogar-te outros Raios de Luz que comigo cooperem na libertação de todos aqueles que, no mundo, ainda sofrem a pressão das trevas. O Pai, contente, respondeu: – Bem-aventurado sejas pelo serviço à Criação. Dar-te-ei o concurso do Sol, das lâmpadas, dos livros iluminados e das boas palavras que se encontram na Terra. Depois disso, a Abelha explicou-se: – Senhor, tenho fabricado todo o mel, ao alcance de minhas possibilidades. Mas vejo tantas crianças fracas e doentes, que te venho implorar mais flores e mais Abelhas, a fim de aumentar a produção... O Pai, muito feliz, abençoou-a e replicou: – Bem-aventurada sejas pelos benefícios que prestaste. Con-

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O Livro dos Espíritos - 3a. Parte - cap. III (674 a 685) O Evangelho Seg. o Espiritismo - Cap. XVI - XXV - XVIII - XX Estudos Espíritas - J. de Ângelis - D.P.Franco - 11 Pensamento e Vida - Emmanuel - F.C.Xavier - 7,16,17 Caminho Espírita - Diversos - F. C. Xavier - 72 Alvorada Cristã - Neio Lúcio - F. C. Xavier - 2, 17 e 25 Amor sem Adeus - Walter - F. C. Xavier - 12 e 13 Bem-aventurados os simples - cap. 21 e 42 Contos e Apólogos - Irmão X - F. C. Xavier - 25, 33, 34 Pontos e Contos - Irmão X - F. C. Xavier - cap. 1 Caridade - Diversos - F. C. Xavier - 6, 23 e 38 Pai Nosso - Meimei - F. C. Xavier - cap. 4, 5 e 7

ceder-te-ei novos jardins e novas companheiras. Em seguida, o Homem Preguiçoso foi chamado a falar. Fez uma cara desagradável e informou: – Senhor, nada consegui fazer. Por todos os lados, encontrei a inveja e a perseguição, o ódio e a maldade. Tive os braços atados pela ingratidão dos meus semelhantes. Tanta gente má permanecia em meu caminho que, em verdade, nada pude fazer. O Pai bondoso, com expressão de descontentamento, exclamou: – Infeliz de ti, que desprezaste os dons que te dei. Adormeceste na preguiça e nada fizeste. Os seres pequeninos e humildes alegraram meu Trono com o relatório de seus trabalhos, mas tua boca sabe apenas queixar, como se a inteligência e as mãos que te confiei para nada valessem. Retira-te! os filhos inúteis e ingratos não devem buscar-me a presença. Regressa ao mundo e não


voltes a procurar-me enquanto não aprenderes a servir. A Gota d’Água regressou, cristalina e bela. O Raio de Luz tornou aos abismos, brilhando cada vez mais. A Abelha desceu zumbindo, feliz. O Homem Preguiçoso, porém, retirou-se muito triste.”

consumiu, desorientado, junto de amigos loucos. Quando o monarca voltou, surpeendeu o príncipe abatido e cansado, a apresentar-lhe uma cabana esburacada, ao invés de uma casa nobre. O rei, no entanto, deu-lhe a chave do pequeno casebre e disse-lhe, bondoso: – A casa que mandei edificar é para você mesmo, meu filho... Não me parece a residência sonhada por seu pai, mas devo estar safisfeito com a que você próprio escolheu...

ATIVIDADE 2 QUESTIONANDO/DIALOGANDO Após contar a história, procure lançar questões sobre a mesma e sobre a importância do trabalho. Comentar sobre nossa casa, os trabalhos da mamãe, de manhã cedinho, para nos preparar o café da manhã, o trabalho do papai, etc. Por que o trabalho é importante? O que aconteceria se ninguém mais trabalhasse? Deixe as crianças falarem, exporem suas ideias e vá completando com base na Doutrina Espírita.

ATIVIDADE 4 O VALOR DOS PEQUENOS TRABALHOS Iniciar na própria turma um trabalho de arrumação. Definir tarefas tais como: uma criança fica responsável pelo lápis de cor, outra pelo giz de cera, outra pela cola, etc. Os pequenos trabalhos de arrumação e mesmo de limpeza da sala têm um valor educativo muito grande. Explique aos pais os objetivos da atividade. Assim como a prece, proposto na Lei de Adoração, a Lei do Trabalho, através da participação ativa das crianças deve ser uma constante, presente em todas as atividades e não apenas em uma aula. As crianças adquirem o hábito de auxiliar o evangelizador na preparação do material, na arrumação e na limpeza da sala todos os dias.

ATIVIDADE 3 - CONTANDO HISTÓRIAS Através da história, demonstrar a importância do trabalho para nós mesmos. O Dever Esquecido Meimei, em Antologia da Criança Certo rei muito poderoso, sendo obrigado a longa ausência, tomou de grande fortuna e entregou-a ao filho, confiando-lhe a incumbência de levantar grande casa, tão bela quanto possível. Para isso, o tesouro que lhe deixava nas mãos era suficiente. Acontece, porém, que o jovem, muito egoísta, arquitetou o plano de enganar o próprio pai, de modo a gozar todos os prazeres imediatos da vida. E passou a comprar materiais inferiores. Onde lhe cabia empregar metais raros, utilizava latão; nos lugares em que devia colocar o mármore precioso, punha madeira barata, e nos setores de serviço, em que a obra reclamava pedra sólida, aplicava terra batida... Com isso, obteve largas somas que 31

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ATIVIDADE 5 - ARTES PLÁSTICAS Prepare, junto com as crianças, massinha para modelar. Coloque sobre a mesa farinha de trigo, sal, óleo de cozinha e corante. Peça para as crianças ajudarem, juntando 3 xícaras de chá de farinha de trigo e 1 xícara de sal. Misture muito bem os dois e acrescente aos poucos um pouco de água, até adquirir a consistência desejada. Depois acrescente 1 colher de café de óleo, amassando com as mãos. Deixe as crianças amassarem. Separe em porções e cada criança vai cuidar de preparar uma cor, juntando o corante e amassando novamente. Se precisar de muita massa, é só dobrar ou triplicar a receita. Determine um tema ou deixe as crianças modelarem livremente. Destacar a importância de todos terem “trabalhado” para “fabricar” as massinhas em várias cores. TRABALHANDO COM CRIANÇAS DE 7 A 12 ANOS ATIVIDADE 1 - DESPERTANDO O INTERESSE CONTANDO HISTÓRIAS Trabalhar e servir (de “Sou Criança”, n. 8) – Preciso de você, Emília. Era a mamãe quem chamava, lá do fundo do quintal.


Outra vez? Pensou Emília, irritada, enquanto ia ao encontro de sua mãe. – Por que essa má vontade, filha? – perguntou dona Laura. – Você sabe que nossa família é grande e o trabalho da casa é muito. Se todos colaborarem, fica mais fácil para todos... – Tarefas, tarefas, estou cansada de ter tarefas. Não se pode parar nesta casa? Será que eu nunca vou poder fazer as coisas de que gosto? No dia seguinte, um acontecimento inesperado veio mudar a rotina da casa. Emília estava doente. O Dr.Sílvio foi firme: oito dias de repouso, em observação. Não podia sair do quarto. E assim foi, recostada em seus travesseiros macios, Emília percebeu um certo movimento diferente na casa. A mamãe, com o olhar preocupado, desdobrava-se em atenções. As irmãs iam e vinham e a cada instante faziam a mesma pergunta. – Quer alguma coisa, Emília? Aquele foi um dia de rainha. Pôde ler à vontade, ouvir o som e até assistir televisão. Estava doente, afinal. Segundo dia de repouso. Depois do café, que a mamãe trouxe na bandeja, pegou uma revista para ler. De repente, porém, foi parando a leitura. Alguma coisa parecia incomodá-la. Lá embaixo a casa estava quieta. O papai saíra cedo para o trabalho. As irmãs já haviam ido para a escola. Pequenos ruídos subiam até seu quarto, agora. E por serem pequenos, pareciam mais perturbadores: eram os passos apressados de mamãe, o cheque-cheque da vasoura no quintal, depois o ronco surdo da máquina de lavar, a campainha, o telefone... e foi aí que começou também o choro do nenê. Emília fechou a revista, contrafeita. Por que estava tão inquieta? Não, não era o barulho que a incomodava. Era a ideia de ver mamãe sozinha, com tantas tarefas. E foi então que sentiu uma coisa que nunca havia sentido antes, em toda a sua vida: era uma vontade enorme de ajudar. – Pode deixar o Didi aqui no quarto, mamãe. Eu me distraio com ele e o Dr. Sílvio não proibiu – e foi assim que o irmãozinho engatinhou pelo quarto o tempo todo, enquanto a mamãe preparava o almoço. À tarde, o nenê dormiu, e conseguiu que a irmã menor lhe trouxesse o cesto de roupas para consertar. No dia seguinte, Emília descobriu também que a mamãe estava preocupada com os recortes da festa beneficente. Havia se comprometido a entregar logo e agora não podia mais fazer. Com tesoura e tintas coloridas, Emília aprontou tudo caprichosamente. E viu um sorriso iluminar o rosto da mamãe, por ter o trabalho terminado. – Tudo bem com você, Emília – disse o médico, sorridente. – Já pode voltar à sua vida normal, que os exames estão bons. Tudo não passou de um susto. – Acabou a vida folgada, hein? – disse a irmã menor. E foi aí que Emília ouviu de mamãe estas belas palavras que nunca mais esqueceu: – Vou sentir sua falta em casa, minha filha. Você me ajudou muito, mesmo na cama. Está provado que o trabalho de nossas 32

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mãos é um presente maravilhoso que só podemos dar quando queremos servir. ATIVIDADE 2 - QUESTIONANDO/DIALOGANDO Após contar a história, procure lançar questões sobre a mesma e sobre a importância do trabalho. Comentar sobre nossa casa, os trabalhos da mamãe, de manhã cedinho para nos preparar o café da manhã, o trabalho do papai, etc. Por que o trabalho é importante? O que aconteceria se ninguém mais trabalhasse? Deixe as crianças falarem, exporem suas ideias e vá completando com base na Doutrina Espírita. ATIVIDADE 3 - NECESSIDADE DO TRABALHO Deixar a sala “uma bagunça”, antes de iniciar as atividades. Tudo fora de lugar, papéis pelo chão, cadeiras jogadas. As crianças entram e deparam com o ambiente. – Nossa! Como é que vamos “trabalhar” aqui hoje? Parece que passou um ciclone por aqui! Esperar que alguém proponha arrumar a bagunça e começar a trabalhar. Colocar cada material no seu lugar, limpar a mes, as cadeiras e o chão. Antes de iniciar as atividades do dia, propor que todos ajudem a cuidar da sala e do material, e dividir as tarefas. Os pequenos trabalhos de arrumação e mesmo de limpeza da sala têm um valor educativo muito grande. Explique aos pais os objetivos da atividade. Assim como a prece, proposto na Lei de Adoração, a Lei do Trabalho, através da participação ativa das crianças deve ser uma constante, presente em todas as atividades e não apenas em uma aula. As crianças adquirem o hábito de auxiliar o evangelizador na preparação do material, na arrumação e na limpeza da sala todos os dias. ATIVIDADE 4 - ESTUDO EM GRUPOS Lançar as perguntas:


(674) A necessidade do trabalho é uma lei da Natureza? (675) Não se deve entender pelo trabalho senão as ocupações materiais? (676) Por que o trabalho é imposto ao homem? ATIVIDADE 5 INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA A PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS (Mateus, 25: 14-30) Veja a parábola transcrita no item Lei Divina ou Natural. Dividir em dois grupos que deverão ler e interpretar a parábola. ATIVIDADE 6 - VISITA Visitar o corpo de bombeiros de sua cidade e pedir aos bombeiros que demonstrem ou expliquem seus trabalhos para as crianças. Geralmente eles o fazem com muita satisfação. ATIVIDADE 7 - ENTREVISTAS Entrevistar profissionais diversos. Podem ser os próprios pais das crianças: motorista, pintor, professor, dentista, carteiro, enfermeiro, médico, padeiro, etc... Se possível, convidar um profissional para expor para as crianças como é o seu trabalho. Montar um painel sobre “profissões”. A atividade pode durar vários dias, mas vale a pena. ATIVIDADE 8 - ATIVIDADES ARTÍSTICAS Propor apresentações artísticas sobre o item trabalho. Teatro, música, poesias. Seguem abaixo duas poesias que poderão ser úteis. DECLAMANDO POESIAS Trovas de Aviso Múcio Teixeira (Antologia da Criança – diversos – F.C.Xavier) Duas regras infalíveis Na Santa escola do bem: Quem não estuda não sabe, 33

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Quem não trabalha não tem. Alegria de uma casa Tem este preço comum: Um tanto de caridade Da parte de cada um. 13 ANOS EM DIANTE ATIVIDADE 1 - DESPERTANDO O INTERESSE VISITA A UM CANTEIRO DE OBRAS Visitar uma construção de uma casa ou de um prédio. Conversar com o engenheiro, mestre-de-obra, pedreiro, servente, carpinteiro, eletricista, encanador, etc. Pedir ao engenheiro que mostre a planta ou projeto da obra e explique. Observar que cada um tem uma atividade, e o trabalho só se realiza se cada um fizer a sua parte, seguindo o projeto pré-estabelecido. ATIVIDADE 2 - QUESTIONAR E DIALOGAR Lançar questões sobre a importância do trabalho, quem já escolheu sua profissão, etc... Dialogar sobre as diversas profissões escolhidas e suas características. ATIVIDADE 3 - ENTREVISTAS Entrevistar profissionais diversos. Podem ser os próprios pais das crianças: motorista, pintor, professor, dentista, carteiro, enfermeiro, médico, padeiro, etc. Se possível, convidar um profissional para expor para as crianças como é o seu trabalho. As entrevistas podem ser realizadas em conjunto com outras turmas. ATIVIDADE 4 - ESTUDO EM GRUPOS Estudo em grupos das questões 674 a 681. Lançar as perguntas e deixar espaço para as respostas. Depois, ler as respostas de O Livro dos Espíritos. ATIVIDADE 5 - ESTUDO EM GRUPOS - LIMITE DO TRABALHO Estudo em grupos das questões 682 a 685. Sugerimos, após o estudo – especialmente da questão 685 – O homem tem direito ao repouso em sua velhice? – a visita a um asilo de idosos, procurando conversar com os internos sobre as profissões que exerceram, o trabalho que já realizaram. ATIVIDADE 6 - OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS Analisar com o grupo a parábola dos trabalhadores da última hora. A seguir, estudar em grupos o Cap. XX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, itens Os Últimos Serão os Primeiros – 2, 3 e 4 e Missão dos Espíritas, item 4 e Os Obreiros do Senhor, item 5.


ATIVIDADE 7 - NOSSO TRABALHO NA DOUTRINA ESPÍRITA Recordar o imenso trabalho já realizado para a implantação da Doutrina Espírita (vide Lei Divina ou Natural – As Três Revelações) e a biografia dos grandes vultos do Espiritismo. Destacar a importância da Doutrina Espírita e do nosso trabalho como espíritas, para a reconstrução e reestruturação de nosso mundo. Agora é a nossa vez de trabalhar, cooperando com Jesus na construção do Reino de Deus. ATIVIDADE 8 - ESTUDO EM GRUPO O TRABALHO DOS ESPÍRITOS SUPERIORES André Luiz nos ensina que existem Espíritos muito elevados que são colaboradores de Deus na obra da criação. São os Devas da teologia hindu ou os Arcanjos da interpretação de outros templos religiosos, que utilizando o fluido cósmico como matéria-prima constroem sistemas e planetas em serviço de Co-Criação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Todo-Misericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação Excelsa. (Evolução em Dois Mundos – A.Luiz, F.C.Xavier e W.Vieira, 1ª P., Cap. I.) “Devidas à atuação desses Arquitetos Maiores, surgem nas galáxias as organizações estelares como vastos continentes do Universo em evolução e as nebulosas intragaláticas como imensos domínios do Universo, encerrando a evolução em estado potencial, todas gravitando ao redor de pontos atrativos, com admirável uniformidade coordenadora. (...) A Engenharia Celeste equilibra rotação e massa, harmonizando energia e movimento, e mantêm-se, desse modo, na vastidão sideral, magnificentes florestas de estrelas, cada qual transportando consigo os planetas constituídos e em formação, que se lhes vinculam magneticamente ao fulcro central, como os eletrões se conjugam ao núcleo atômico, em trajetos perfeitamente ordenados na órbita que se lhes assinala de início.” (Evolução em Dois Mundo – André Luiz, F.C.Xavier) André Luiz nos revela ainda, na mesma obra, que outros Espíritos utilizam o mesmo fluido cósmico em permanente circulação no Universo, para a Co-Criação em plano menor, “formando o veículo fisiopsicossomático (corpo físico e corpo espiritual) em que se exprimem ou 34

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cunhando as civilizações que abrangem no mundo a Humanidade Encarnada e a Humanidade Desencarnada”. Emmanuel, na obra A Caminho da Luz (Cap. I), também nos esclarece que “na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos. A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.” Percebemos na mesma obra que todo o trabalho evolutivo das espécies, até o surgimento do homem, foi coordenado e supervisionado pelas equipes espirituais que colaboravam com Jesus. Após o surgimento do homem, os primeiros núcleos, as grandes civilizações, em todos os tempos e por toda parte, Jesus e seus trabalhadores coordenam o trabalho evolutivo, enviando seus emissários: Lao-Tsé, Fo-hi e Confúcio na China milenária, Crisna e Sidarta Gautama (o Buda) na Índia, Hermes no Egito, Sócrates, Platão e Aristóteles na Grécia e toda a história do povo Hebreu, citado no Velho Testamento, nos fala de figuras veneráveis de trabalhadores que colaboraram com Jesus na educação do Espírito através dos séculos. Tudo, pois, é trabalho, atividade, ação, no Universo de Deus. Tudo evolui, se aprimora, se aperfeiçoa

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