Catálogo de Productos / Catalog of Products
2004/2005
Catálogo de Produtos
Santa Brígida CAATINGA BAHIA BRASIL
Catálogo de Produtos dos Artesãos de Santa Brígida
Santa Brígida Caatinga Bahia Brasil
A importância do fazer artesanal para o Sebrae conduziu à ação do Catálogo de Produtos dos Artesãos de Santa Brígida. É uma homenagem e o registro documental à esses Homens e Mulheres que através das fibras naturais costuram e entalham seus saberes e fazeres. São elas as artesãs das comunidades do km 40, da Morada Velha, do Bugi, da Fazenda Ingazeira, do Marancó e do povoado Bandeira. Os valores culturais registrados aqui no catálogo são geradores do dina-
mismo social e econômico e vêm a contribuir efetivamente para inserção social de grupos afetados pelas distâncias que os afastam dos grandes centros e das oportunidades de emprego e renda.
O Catálogo é a leitura dessas pequenas biografias aqui registradas, onde
sobressaem-se a fé e a força das imagens. Estes artesãos compõem em sua maioria uma geração nascida em uma época de grandes dificuldades sociais. Viram a força da fé originar uma cidade e crescendo junto com ela o fenômeno do êxodo do sertão. Desse modo, esses artesãos, presenciaram ou viveram o fenômeno do Messianismo, do Cangaço. Sentiram de perto o poder do coronelismo com seus mandos assentados na posse de muitas terras e gado.
Hoje, quando novamente o emprego escasseia ou falta, a busca de alternativas para o sustento da família é encontrado nas áreas rurais, através do estímulo de programas sociais, a exemplo do Programa SEBRAE de Artesanato e dos projetos Xingó e Comunidade Empreendedora, entre outros, que lhes transmitiram o conhecimento e o reconhecimento das suas potencialidades e vocações, da valorização das culturas tradicionais, aplicados na execução dos seus trabalhos, seguindo a cadeia de transmissão informal da atividade no interior do círculo familiar - modo secular de perpetuidade do trabalho artesanal, caminhando para um futuro sustentável em Santa Brígida, no que se refere ao uso da matéria-prima natural, ao aviltamento dos preços dos produtos e a grande representação simbólica do artesanato.
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Artesã Socorro trabalhando com fibra de Licurí
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raçar o próprio destino através do artesanato. É assim que homens e mulheres do município de Santa Brígida, a 540 km de Salvador, estão transformando uma atividade que era mero passatempo, em oportunidade de geração de emprego e renda. Este catálogo de produtos é um importante registro desse trabalho, que servirá, sem dúvida, para abrir mercados e conquistar novos clientes.
Eles fizeram bonito na Feira Internacional de Negócios de Artesanato promovida pelo Sebrae no ano passado e têm participado ativamente de eventos do setor pelo Brasil, mostrando a qualidade do produto baiano. São peças produzidas a partir da palha de licuri e madeira, padronizadas a partir de cursos de capacitação promovidos pelo Sebrae.
A produção de peças com base em palha de licuri começou com a confecção de objetos de função utilitária, como esteiras, cestas, vassouras e chapéus para os romeiros. Hoje são feitos outros produtos de decoração que atendem aos mais variados gostos. É importante destacar que esse trabalho de resgate e valorização do artesanato em Santa Brígida é resultado do Projeto Xingó, uma iniciativa que tem como parceiros Sebrae, Chesf, Instituto Mauá, Ibama, Codevasf e Banco do Nordeste. Este catálogo traz o registro de peças das comunidades do km 40, de Morada Velha, do Buri, da Fazenda Ingazeira, do Marancó e do povoado Bandeira. São comunidades carentes, que se organizaram em torno de uma associação e trabalham hoje com foco no mercado, buscando melhorar cada vez mais seus produtos. Além do Xingó, eles integram também o Comunidade Empreendedora, programa desenvolvido em parceria entre o Governo do Estado e o Sebrae nos 100 municípios com os menores índices de desenvolvimento humano. Todas essas iniciativas criaram uma cultura de cooperação, que hoje garante pelo menos um salário mínimo por mês para cada associado. Acreditamos que esse importante documento vai abrir muitas portas para um produto que é cada dia mais valorizado por arquitetos e decoradores, que já descobriram o valor agregado dessas peças para embelezar ambientes sofisticados.
Luiz Henrique Mendonça Barreto Diretor Superintendente
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Palmeira de Licuri
Símbolo da da fertilidade fertilidade na na aridez aridez da da Símbolo Caatinga, aa Palmeira Palmeira de de Licuri Licuri que que resiste resiste Caatinga, ao sol sol causticante causticante ee que que no no solo solo raso raso ao consegue fincar fincar sua sua sobrevivência, sobrevivência, tanto tanto consegue para os os índios índios como como para para os os caboclos caboclos para que oo sucederam sucederam na na região, região, éé geradora geradora que de muitos muitos bens. bens. Seu Seu fruto fruto éé fonte fonte de de de alimento da da Arara-azul-de-Lear, Arara-azul-de-Lear, as as folhas folhas alimento verdes fornecem fornecem aa fibra fibra para para vassouras, vassouras, verdes chapéus, bolsas bolsas ee muitos muitos outros outros utilitários, utilitários, chapéus, verdadeiras obras obras de de arte arte trançadas trançadas que que verdadeiras sustentam as as famílias famílias no no sertão. sertão. sustentam
Paisagem típica com palmeiras de Licurí
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Instituto Mauá, autarquia da Secretaria do Trabalho e Ação social, apóia o desenvolvimento regional, organizando núcleos, associações e cooperativas, transformando a atividade artesanal em um setor competitivo e auto-sustentável. Na nossa trajetória de incentivo ao artesanato baiano, encontramos na Associação dos Artesãos de Santa Brígida, a fibra do nordestino na sua mais fiel representação que, nas condições mais adversas transforma a palha do ouricuri em produtos de valor e beleza. Para o Governo do Estado através do Instituto Mauá promover e comercializar o artesanato de Santa Brígida significa mostrar a tradição e a cultura deste povo que convivendo com um mundo em constante evolução, continua perpetuando as suas crenças e seus saberes. Que Pedro Batista e São Gonçalo continuem a abençoar esta gente de alma tão singular e plural.
Maria Helena Baptista Tanajura Diretora Geral Instituto Mauá
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procissão de penitência realizada em Santa Brígida em louvor ao Beato Pedro Batista, é destinada a evitar algum castigo divino e, inclui tradicional-
Procissão de Corpus Christi celebrada em novembro
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história de Santa Brígida começa com um romance por volta de 1816, entre o português Antônio Manuel de Souza, que tomara como esposa a filha de Joaquim José do Bonfim, de nome Brígida, que durante uma viagem à Portugal, faleceu. Desolado com a perda da amada, o esposo resolveu batizar suas terras de Santa Brígida, até então denominada Itapicuru de Cima, pertencente ao município de Jeremoabo e desmembrado em 27 de julho de 1962, por força de Lei Estadual. A presença de um beato na região, promoveu um grande êxodo de pessoas dos estados vizinhos, fomentando o desenvolvimento social, político e econômico da região. Eram romeiros vindos de várias partes do Nordeste, que motivados pela fé do conselheiro Pedro Batista da Silva, beato seguidor da doutrina de Antonio Conselheiro (o peregrino que politizou o sertão) e assim tornando-se conhecido como o “Conselheiro que deu certo”, alusão feita em antítese ao massacre de Canudos que pôs fim a vida do peregrino.
Pedro Batista foi um andarilho que migrou de Alagoas, estado onde nasceu, criado em Pernambuco, passando pelo exército aos dezessete anos, percorreu várias regiões do Brasil. Trabalhou como marinheiro e estivador, do Rio de Janeiro a Paranaguá. Dedicou-se a vida de pescador e nessa fase teve uma visão que o fez regressar ao nordeste, onde, com suas andanças, ficou famoso pela sabedoria em dar conselhos, por efetuar curas e libertar pessoas de maus espíritos. Sua aparência física, alto e magro, cabelos e barba longos e grisalhos, lembrava a do líder de Canudos Antônio Conselheiro. Ao chegar em Santa Brígida, foi necessário a autorização do Coronel João Sá, grande latifundiário da época que detinha todo o poder político da região, para que ali permanecesse. Após certificarse que o movimento messiânico que ali iniciava-se não ameaçava se tornar uma nova Canudos, o coronel João Sá autorizou a permanência do beato, revelando uma visão política fundamental para o sucesso do movimento, que conseqüentemente também formava eleitores, com o aumento populacional do município. Para que o povo de Pedro Batista pudesse trabalhar, João Sá cedeu a fazenda Gameleira de sua propriedade, localizada no KM 40 da atual rodovia BA – que liga Santa Brígida a outros municípios. Hoje o lugar é um dos núcleos de produção artesanal, tendo Dona Fátima, beata, seguidora de Pedro Batista, com sua nora Sandra, que buscam na oração a força espiritual e usam a fé para realizar o trabalho artesanal que reúne dezenas de romeiros, que trançam chapéus, vassouras, cestos, bolsas e seguem as romarias, em louvor ao padrinho. Inspiração divina!
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Acervo de produtos na comunidade de Santa Brígida
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Os Produtos A produção de objetos de Fibra de Licuri em Santa Brígida se iniciou com a confecção de objetos de função utilitária como esteiras, cestas, vassouras e chapéus. Hoje encontramos produtos das mais variadas tipologias. Entre eles podemos caracterizar como matrizes, por apresentarem características formais únicas preservadas, para a composição de novos produtos as cestas do Bugí, as vassouras de trança do Bandeira e os cestos do KM40.
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Artesã Ritinha utilizando a vassoura de Licuri
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A Vassoura The broom
O artesanato em palha e fibra originariamente identificado em Santa Brígida, está representado na vassoura, objeto produzido em grande quantidade, a partir do recurso natural da região. A atividade artesanal, cuja mão de obra feminina se destaca, sempre representou uma renda no apoio à manutenção da família e se constitui no elemento iconográfico de fazer artesanal em Santa Brígida. A habilidade com a palha é revelada a cada fase do processo de elaboração. A coleta da matériaprima é feita com foice, facão ou faca, com os quais retiram a palha, para depois guardá-la ao abrigo do sol e posta para secar. A Palha de Licuri tem que ser coletada pela manhã, bem cedo e recolhida para ser preparada à noite, quando está macia para ser desfiada, senão as palhas ressecam, dificultando o trabalho. Câmara Cascudo chamou a atenção para a importância da vassoura quando destaca que o seu uso é universal.
“...Os romanos tinham a scopae e os varredores eram os scoparii. Nos templos, a função não era humilhante e mesmo constituía um título, o neocorpus, aparecendo com uma scopa bem semelhante à nossas contemporâneas banais vassouras”. Vassoura broom Cod. BA-V
fibra de licuri e madeira 15x40cm (D x H)
Luís da Câmara Cascudo
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Romeira em procissão
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Chapéus de Romeiro e outros Hat of Pilgrim & another
Adorno que faz parte da cultura e do vestuário local e, é principalmente utilizado durante as festas religiosas, quando é enfeitado com fitas azuis e brancas.
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1 Chapéu de Romeiro
3 Chapéu Cartola
5 Chapéu Crochê de Palha
fibra de licuri P/M/G
fibra de licuri P/M/G
fibra de licuri P/M/G
2 Chapéu Ponto Duplo
4 Chapéu Laçada
fibra de licuri P/M/G
fibra de licuri P/M/G
Hat of pilgrim Cod. BA-ChR1
Ponto Duplo hat Cod. BA-ChR2
Cartola hat Cod. BA-ChR3
Laçada hat Cod. BA-ChR4
Crochê de Palha hat Cod. BA-ChR5
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Artesã Lourdes, da Morada Velha, costurando a fibra
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Utilitários de Palha de Licurí Utilities of Steel wool Licurí
Costurando a palha de Licurí, vão surgindo das mãos dos artesãos objetos com as mais variadas formas e utilidades.
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Utilitários Utilities Em vários formatos e tamanhos, os artesãos criam diversos objetos que ultrapassam a simples função utilitária. De porta-objetos a balaios, as suas peças apresentam um sofisticado e durável trançado.
Porta-Treco Box Cod. BA-PT1
fibra de licuri e madeira 14x16cm
Caixa com Tampa Box Cod. BA-CT1
fibra de licuri e madeira 10x27x12cm
Balaio
Straw basket Cod. BA-BL1 fibra de licuri e madeira 28x25cm
Porta-Jóias Oval Oval box Cod. BA-PJ1
fibra de licuri e madeira 12x16x9cm
Porta-Jóias Redondo Circular box Cod. BA-PJ2
fibra de licuri e madeira 16x11cm
Porta-Treco 3x1 3x1 box Cod. BA-PT3
fibra de licuri e madeira 25x17cm
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Bolsa Galo de Campina
Galo de Campina purse Cod. BA-B1 fibra de licuri e madeira
Bolsa Balaio Balaio purse Cod. BA-B4
fibra de licuri
Bolsa Mucunã
Mucunã purse Cod. BA-B3
fibra de licuri e madeira 12x26x18cm
Bolsa Umburana 2
Umburana 2 purse Cod. BA-B5
fibra de licuri e madeira
Bolsa Umburana 1
Umburana 1 purse Cod. BA-B2
fibra de licuri e madeira
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Bolsas Purses Originariamente utilizadas nas feiras livre, hoje com novos formatos, estão presentes no dia-a-dia, carregadas de objetos femininos.
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Objetos de Mesa Utilities
Remanescência dos índios e caboclos do Sertão, os objetos utilitários em fibra, com sua função de organicidade à mesa, continuam presentes com sua função estética.
Jogo de Mesa Galo Plate mats Cod. BA-JM1
fibra de licuri e madeira 35x46cm
Bandeja Oval com Alça Oval tray Cod. BA-BD1
fibra de licuri e madeira 25x48cm
Souplat
Souplat Cod. BA-S1 fibra de licuri 45cm
Descansador Redondo Pan mats Cod. BA-D1
fibra de licuri e madeira 20/23/26cm (diametro)
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Fruteira
Fruit bowl Cod. BA-F1 fibra de licuri
Cesta de Pão Redonda Circular bread basket Cod. BA-CP1 fibra de licuri
Cesta de Pão Oval Oval bread basket Cod. BA-CP2 fibra de licuri
Cesta São João São João basket Cod. BA-C3 fibra de licuri
Cesta Calaço Calaço basket Cod. BA-C1 fibra de licuri
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Zé Preá geometrizando o banco
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Umburana – a madeira nobre Umburana - the wood noble
A escassez de árvores, no cenário da caatinga, faz da Umburana a melhor madeira para as obras dos escultores que vivificam a madeira em objeto.
Tamborete
Stool Cod. BA-ZP
madeira P (25x30cm) / M (28x40cm) / G (30x50cm)
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Artesão Zé Valdo em seu entalhe
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Produtos de madeira Products wooden
Dos restos das queimadas, prática primitiva usada na agricultura de sequeiro, os artesãos saem à procura de galhos e troncos para transformá-las em imagens sacras, figuras representativas do sertão, pássaros e elementos do cotidiano.
Garça 15
Heron 15 Cod. BA-G1 madeira
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Artesão Givanildo em tarefa de acabamento
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Pássaros da Caatinga Birds from Caatinga
Cabeça-Vermelha ou Galo de Campina, Azulão, Canário, Nambú, entre outros, constituem a fauna da caatinga, e inspiram os escultores artesãos que reproduzem réplicas desses pássaros.
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Pássaros de Umburana Birds of Umburana
Com a preocupação de engajar a população sertaneja contra o tráfico crescente de animais silvestres, a coleção de pássaros da caatinga possibilita conhecermos esta rica fauna ameaçada, gerando renda local.
Galo de Campina Natural Natural Galo de Campina Cod. BA-P1 madeira de umburana
Galo de Campina Pintado Colored Galo de Campina Cod. BA-PP1 madeira de umburana
Galo de Campina Casal
Couple of Galo de Campina Cod. BA-PP2 madeira de umburana
Tucano
Toucan Cod. BA-P7 madeira de umburana
Nambú
Nambú Cod. BA-P6 madeira de umburana
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Arara Azul de Lear O Projeto Xingó tem como eixo a sustentabilidade compatibilizada com a preservação do meio ambiente. As ações para o desenvolvimento do Artesanato, em especial no município de Santa Brígida, onde se encontra uma grande reserva de Palmeiras de Licuri, são focadas no manejo responsável e na relação de equilíbrio entre a atividade extrativista para a produção artesanal e a preservação da Palmeira Nativa, fonte de alimento da Arara Azul de Lear (Anodorhynchus leari), espécie ameaçada de extinção e que encontra nos paredões de Arenito do semi-arido baiano ambiente ideal para a nidificação e propagação da espécie. Os artesãos de Santa Brígida, num gesto de preocupação com a preservação da espécie considerada em extinção, reproduzem artesanalmente a Arara Azul de Lear na sua cor natural, além de recriá-la utilizando outras cores, mantendo viva não só a espécie, mas a própria existência do oficio.
Arara Azul
Cod. BA-Ar1 madeira de umburana
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Oficina de artesanato em madeira
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Design & Artesanato SEBRAE
TECNOLOGIA
VIA DESIGN O Programa Via Design do Núcleo de Inovação e Acesso à Tecnologia do SEBRAE nasceu da necessidade de contribuir para que as Micro e Pequenas Empresas se tornem competitivas através da inserção do design no processo produtivo. O design é utilizado na melhoria do processo produtivo, diminuindo custos de produção, melhorando a estética e a qualidade dos produtos. O design contribui para o artesanato quando se torna a ferramenta, que respeitando a cultura dos artesãos, o destaca valorizando o produto artesanal.
Grupo de artesãos e equipe de atendimento durante a Oficína
Este catálogo é mais um apoio do Programa Via Design do SEBRAE para o artesanato baiano, buscando mostrar resultados das Oficinas de Criatividade, a melhoria de seus produtos e sua identidade local.
Tag e Cartão da Associação
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marca que identifica os produtos artesanais é resultado do processo de participação comunitária adotado nas Oficinas de Criatividade e Design para o Artesanato, onde os artesãos opinaram sobre os valores culturais e as imagens que melhor identificariam os produtos e a região. A grande variedade de pássaros da caatinga é retratada na marca flutuando no caule de uma palha de lícuri: matérias-primas utilizadas no trabalho.
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Tradição e Cultura
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ica cidade no Brasil a repre sentar a dança de São Gonçalo do Amarante com três variantes, o município de Santa Brígida preserva essa tradição surgida na cidade do Amarante região portuária de Portugal, como um folguedo que envolvia homens e mulheres em jornadas que levava a exaustão física, para assim os manterem longe um do outro e, evitar a prostituição. A dança foi ganhando contornos diferenciados ao chegar no Brasil, mas chegou a ser proibida pelo Vice-Rei, Vaso Fernandes, Conde de Sabugosa: “... homens brancos, mulheres e meninos e negro com violas, pandeiros e adufes, com vivas e revivas São Gonçalinho, trazendo o Santo pelos ares, que mais pareciam abusos e superstições que louvores ao santo, as mandou proibir por um bando, ao som de caixas militares...” Gilberto Freire (2000:247) faz menção à dança como uma atividade religiosa com influências profanas: “São Gonçalo do Amarante presta-se a sem-cerimônias ainda maiores. Ao seu culto é que acham ligadas as práticas mais livres e sensuais.... Atribuem-lhe a especialidade de arrumar marido ou amante para as velhas como a São Pedro a de casar as viúvas. Mas quase todo os amorosos recorrem a São Gonçalo...”
A variante do São Gonçalo Baiano possui mais de um século de existência e, mantém a tradição portuguesa pelo hábito de dar nó na giesta (borda da saia), pelo colorido alegre das roupas e pelo lenço amarrado nos cabelos ao lado esquerdo da cabeça. Os instrumentos rústicos da dança são: cabaça ou cuia, para o marca-passo e o cavaquinho para o acompanhamento melódico. É dançado na região mais urbana do município. As outras duas variantes encontram-se na zona rural. Os Pernambucanos na BA305, tem como características a combinação das calças e saias azuis e camisas e lenços brancos com chapéus de palhas, o ritmo aproxima-se da alegria do samba de coco. Os Alagoanos
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Religiosidade e Folclore
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sertão, o povo é mais tradicional, mais arraigado a suas raízes em face do contexto social em que vive. Segundo Thales de Azevedo “O Folclore é uma manifestação espontânea. Não há nada de exótico ou engraçado, contrário ao que muita gente pensa.” – Porém não nos cabe procurar
explicações filosóficas para as manifestações dos sertanejos e, sim divulgá-las! Em Santa Brígida, as peregrinações religiosas, o culto ou devoção, chamam atenção pela força da mobilização social e pelo comportamento ritualístico da prática, assim como pelo teor de crenças e preceitos que estimulam aqueles que
Calendário de Eventos Janeiro
Ano Novo (Missa do galo e apresentações musicais) 31/12 e 01 - Igreja de São Pedro e Praça Jacob
Festa de São Gonçalo 01 a 10 - Sítio São Gonçalo
Festa de Reis. 06 - Praça Pedro Batista
Fevereiro Carnaval (guarda a tradição do entrudo).
móvel (fevereiro/março) - Sede
Março
Semana Santa: com diversas manifestações religiosas móvel (março/abril) - Sede e povoados
Abril
Festa de São Jorge (apresentação dos guerreiros). 20 a 23 - Capela de São Jorge
Maio
Festa de Joana D’Arc. 30 e 31 - Capela de São Jorge
Junho
São João. 20 a 29 - Clube, colégios e Praça Pedro Batista
São Pedro: principal festejo local. 29 - Igreja de São Pedro
Julho
Festa de Emancipação Política. 27 - Vias Públicas e clube municipal
Agosto
Festa de Nossa Senhora da Boa Morte. 01 a 31 - Igreja de São Pedro
Setembro Festa de Santa Quitéria.
08 - Sítio Bandeira
Outubro
Festa de Santa Brígida. 08 - Igreja Matriz e Mercado Municipal
Festa de São Francisco. 01 a 31 - Igreja de São Pedro
Caminhada de Pedro Batista
Reizado
Maneiro Pau
Novembro Aniversário de morte de Pedro Batista (procissão).
11 - Cemitério de Santa Brígida
Dezembro Natal.
25 a 31 - Igreja e Praça Pedro Batista
Bacamarteiros
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Considerações Finais
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Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial foi instituído no Brasil em 4 de agosto de 2000, pelo Decreto nº.3551. No qual consta, entre outros livros, um para o registro dos Saberes, “onde serão inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades”. São os fazeres que resultam da capacidade criadora do homem em atribuir significados e estabelecer representações materiais ou imateriais ao que está em seu entorno. Esse reconhecimento legal dos bens culturais imateriais vem reafirmar a importância do Artesanato no universo cultural daqueles que o mantém vivo. E, embora seja o Artesanato uma das principais referências de cultura e da criatividade popular do país, é um segmento que necessita de uma sistemática de apoio, articulação, cooperação e fortalecimento de programas que venham constituir uma efetiva política para o setor. Vivendo a experiência com essas comunidades, expresso aqui a preocupação de se legitimar a atividade artesã, para que esses homens e mulheres, encontrem estímulos suficientes para a continuidade de sua arte. Apesar dos esforços empreendidos pelo Sebrae e por outros órgãos públicos de fomento ao artesanato, ainda há que se pensar em alternativas que possibilitem ao artesão obter, da sua arte, do seu trabalho como artesão, a sua sobrevivência.
Nadja Monteiro Coordenadora do Projeto Xingó/Artesanato
Fontes Bibliográficas Santana, Alcivandes. Dança de São Gonçalo: Origem, caracterização Cascudo, Luís da Câmara. Sobre a Vassoura... disponível em www. e variantes. Monteiro, Douglas T .Religião e Sociedade, 1977. jangada brasil.com.br. Decreto nº.3.551, www.minc.gov.br.
Gonzalez, Olegário Miguel. Pedro Batista, Líder Messiânico de
SEBRAE / BA Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado da Bahia Presidente do Conselho Deliberativo Jorge Lins Freire Diretor Superintendente Luiz Henrique Mendonça Barreto Diretores Luiz Hebert Silva Motta Paulo Manso Cabral Assessora de Comunicação Ana Marta Garcia
Líder do Núcleo de Inovação e Acessso à Tecnologia José Élio de Souza Gestora do Programa Via Design Ângela Nolasco Gestora do Projeto Sebrae de Artesanato - Bahia Cristiane Moreira Mota Gerente Executivo da Agência Paulo Afonso Marco Antonio Dantas de Almeida Gestora do Projeto Xingó / Artesanato Nadja Maria Ferreira Monteiro Catálogo Coordenação de Projeto Henry Benavides-Puerto
Pesquisa e Textos Nadja Maria Ferreira Monteiro
Programa Bahia Design
SEBRAE - Paulo Afonso BA
Fotografia Mario Bestetti
Projeto Gráfico designers.associados / overboss
Programa Bahia Design
Mario Bestetti
Parceiro dos Brasileiros
Projeto Xingó
Diagramado com fontes Humanist e Garamond em sistema PC, e impresso pela GRASB em offset no sistema CTP, sobre papel Reciclato e Couchê Fosco.
Líder do Núcleo de Desenvolvimento Setorial e Local Josival Caldas Barbosa