IFRJ no Fórum Mundial | Junho 2015

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Edição Especial - Junho 2015


A Assessoria de Comunicação (AsCom) preparou essa revista com reportagens que retratam as atividades autogestionadas propostas pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro ao III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, que aconteceu entre os dias 26 e 29 de maio, em Pernambuco. O Instituto participou com dez atividades, selecionadas em edital interno pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), entre mesas redondas, debates, relatos de experiência, feira gastronômica, feira de economia solidária, mostra de inovação tecnológica, atividades culturais e lançamento de livro.

EXPEDIENTE Reitor Paulo Roberto de Assis Passos Assessor de Comunicação Jorge de Moraes

Reportagem e fotografia Luís Costa

Diagramação Juliana Santos

Entre em contato conosco pelo e-mail ascom@ifrj.edu.br.


Tá na rede

Professor do campus Arraial do Cabo explica como passou a usar um dos mais importantes programas acadêmicos de treinamento em redes de computadores do mundo

P

rofessor de Informática do campus Arraial do Cabo, Álvaro de Barros foi ao Recife apresentar os resultados de um programa educacional que desenvolve em parceria com a Cisco, multinacional detentora da maior parte do mercado de tecnologia da informação na área de redes. O projeto é resultado de uma parceria entre a companhia e os Institutos Federais do país, por meio da qual é possível usar os treinamentos oficiais da empresa, com acesso a todos os recursos didáticos disponíveis. Para adotar o programa Cisco Network Academy, os professores devem passar por uma certificação. Ainda muito desconhecido nos Institutos Federais, o programa já foi experimentado em três turmas do curso técnico em Informática do campus Arraial do Cabo. Instrutor formado pela companhia, o professor

Álvaro usa a metodologia na disciplina de Redes de Computadores. “Na minha aula, eu adoto a explicação dos capítulos [do curso da Cisco], em cada capítulo o aluno tem que fazer uma prova, ao final ele faz uma prova de todo o curso e ainda tem uma prova prática”, explica. Para participar do programa, os alunos são cadastrados na plataforma, passam a ter acesso aos materiais oficiais da companhia e, no fim do curso, recebem um certificado com reconhecimento internacional.

Biografia de um educador Livro de professor do campus Duque de Caxias narra trajetória política de Jorge Florêncio, militante da educação popular na Baixada Fluminense

O

professor de sociologia Marcelo Costa, do campus Duque de Caxias, é um dos autores do livro “A trajetória de Jorge Florêncio, um educador popular”, lançado durante o Fórum Mundial. A obra passeia pela vida do militante e educador de São João de Meriti, além de perscrutar suas ideias sobre temas atuais, como a mobilização política por meio das mídias sociais. O livro faz um contexto histórico dos movimentos sociais que perpassam o período da atividade política de Florêncio, desde a formação de sua identidade social, com as ações de base da Igreja Católica na década de 1970, até a sua atuação partidária. Ele seria, em 1996, o primeiro vereador do Partido dos Trabalhadores (PT) eleito na Baixada Fluminense.

“Ele construiu a sua consciência de educador popular dentro dos movimentos sociais. A partir daí, ele colocou na cabeça que a função social dele seria essa: fortalecer os movimentos sociais e formar novas lideranças políticas”, conta Marcelo, que conheceu Florêncio no fim da década de 1990, quando ainda era estudante de Ciências Sociais na UFRJ e bolsista em uma ONG que ministrava cursos de formação de lideranças na Baixada Fluminense.


Oficina do sabor

Egressas do Programa Mulheres Mil apresentam resultados (deliciosos) de uma cooperativa de fabricação de doces e salgados em Pinheiral

I

maculada Mayer estava há 34 anos fora dos bancos escolares quando cruzou pela primeira vez os portões do campus Pinheiral do IFRJ. Começava, naquele ano de 2012, o curso

de salgadeira do Programa Mulheres Mil. Três anos depois, ela é uma das 20 egressas daquela turma que hoje fazem parte da Oficina do Sabor, um dos empreendimentos de economia solidária apresentados no Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. “Quando fui fazer o curso de salgadeira, não pensei que tanta coisa pudesse acontecer na minha vida. E houve, na verdade, Imaculada Mayer, Julia Santoro e Mariângela Leal (aluna do curso técnico em Agroindústria e bolsista do projeto)

uma reviravolta”, conta Imaculada, agora também aluna do curso técnico em Agropecuária do campus Pinheiral. “Hoje me sinto muito orgulhosa, muito importante para mim mesma, para minha família”, diz a estudante, de 53 anos, mas que conta se sentir com “17, 18 anos”. “A gente quer e deseja permanecer juntas e cada vez mais tentar trazer as outras meninas que não fazem ainda parte do empreendimento”, diz Imaculada, que já fala em voos maiores, como a faculdade de Nutrição. Coordenado pela professora Júlia Santoro, um grupo de alunas egressas e de bolsistas do projeto foi ao Fórum Mundial apresentar os resultados dessa oficina, que alia geração de trabalho e renda à autogestão para um desenvolvimento justo e sustentável das comunidades. Entre as iguarias saídas desse projeto, estão quitutes como biscoito de farinha de banana verde,

Equipe do projeto também ministrou uma oficina de preparos de coffee break com base no aproveitamento integral de alimentos

biscoito amanteigado, banana desidratada banhada com chocolate, biscoito de aveia e mel e o inacreditável brigadeiro de casca de banana (veja receita).


Agenda cheia A iniciativa começou a partir de uma dúvida. Dois anos depois da formação da primeira turma de salgadeiras, Júlia encaminhara um projeto para investigar os resultados do curso. O objetivo era saber qual fora o caminho tomado pelas alunas depois de formadas. A professora descobriu que, apesar da vontade de começarem um empreendimento próprio, as egressas não tinham conseguido se organizar. Foi quando a Universidade Federal Fluminense (UFF) convidou o campus para incubar uma cooperativa na IntecSol. Começava a Oficina do Sabor, também fomentada pela Pró-Reitoria de Extensão do IFRJ.

Brigadeiro de casca de banana Ingredientes 3 cascas de banana bem maduras 500 ml de água 3 cravos da índia 1 lata de leite condensado

A ideia, a princípio, era formar uma fábrica de salgados. Com o suporte da incubadora, elas

1 colher (sopa) de margarina 4 colheres (sopa) de chocolate em pó

começaram a cogitar outras possibilidades, até lançarem o Pausa Justa, um serviço de coffee

Modo de Preparo

break em que todas as preparações servidas são

Em uma panela, cozinhe as cascas de

preparadas com o aproveitamento integral de alimentos. “O nosso projeto sempre teve o objetivo de

banana, previamente lavadas e picadas, com a água e cravo, até que estejam moles. Retire do fogo e espere esfriar.

geração de trabalho e renda”, frisa a professora

Escorra e leve para o liqüidificador com

Júlia. “Hoje, elas estão cheias de compromisso,

o leite condensado e bata bem. Coloque

com a agenda cheia, fazendo coquetéis para vá-

em uma panela e adicione a margarina

rios eventos. Isso mexe muito com a autoestima

e o chocolate em pó. Leve a panela ao

dessas mulheres. A gente tem relatos de mulhe-

fogo, mexendo sempre, até desgrudar do

res que dizem que hoje são gente, porque não

fundo da panela.

se viam como pessoas importantes, como cidadãs, que têm seu direitos e deveres”, observa.

Despeje em um prato e espere esfriar. Com as mãos levemente untadas, pegue pequenas porções de massa e enrole formando bolinhas. Passe pelo chocolate granulado e coloque em forminhas.


Selfies em spray Oficina do campus São Gonçalo ensina formas simples e baratas de fazer os primeiros grafites de stencil

U

m pano preto estendido no chão de ci-

tudou intervenções artísticas de rua no Rio de Janeiro

mento, algumas latas de tinta spray e re-

e em São Paulo. Com alguns poucos materiais, foi

cortes em papel foram o suficiente para

possível criar, durante o Fórum, pequenas obras com

atrair algumas dezenas de estudantes à oficina de

personagens da cultura pop, como o irritadiço Dex-

stencil do campus São Gonçalo. Coordenado pela

ter, cientista prodígio dos desenhos animados.

professora de Artes Rosane Cantanhede, o projeto, apresentado durante o Fórum Mundial, trabalha

Segundo a professora Rosane, o sucesso da ofici-

técnicas do grafite como forma de expressão em

na entre os jovens se explica no desejo que eles têm

sala de aula.

de ocupar espaços e serem reconhecidos. “Esse é o foco do grafite. É o adolescente se projetar no espa-

A oficina é um dos desdobramentos da dissertação de mestrado na qual a professora Rosane es-

ço público e se ver através de sua manifestação”, diz a professora.


Turmas de 1º e 2º períodos de cursos médio e técnico haviam sido, no ano passado, as primeiras a experimentar as técnicas no campus São Gonçalo. A proposta consistia em tirar uma selfie – o autorretrato que é febre entre adolescentes (e nem tão adolescentes assim) – e, por meio de um editor de imagens, criar um efeito de stencil. Depois, era só fazer os cortes na imagem impressa,

Wendell Oliveira, estudante de Administração e Marketing da Universidade Federal Rural de Pernambuco, é ilustrador e estuda técnicas de desenho há mais de dois anos.

apoiá-la sobre uma superfície e aplicar o spray de tinta. As obras foram expostas em painéis durante a Semana Acadêmica do campus.

Uma das alunas que monitorava a oficina era Thamires Moraes, do 5º período do curso técnico em Química. Ex-monitora de artes, ela agora trabalha no projeto de extensão e já pesquisou sobre o grafite no município de São Gonçalo.

Style Wars (1983) Além da oficina, uma mostra de filmes sobre arte urbana também foi levada a Recife pelo grupo do campus São Gonçalo


Fazendo cena Oficina reúne estudantes para um bate-papo sobre teatro e jogos de representar

B

rincadeira, ilusão, linguagem, mágica. Pão

pública, estão em sintonia com a natureza do cam-

com mortadela sentado em um banheiro

pus, que oferece cursos de graduação em Fisiotera-

público. A pergunta sobre o que era teatro

pia, Farmácia e Terapia Ocupacional.

rendeu respostas as mais variadas durante a oficina de formação teatral comandada pela atriz Ester

A trupe, hoje com cerca de 15 integrantes, já

Antunes, aluna de Fisioterapia do campus Realengo.

encenou peças autorais e clássicos, como o “Auto da

Cerca de 20 pessoas, de diferentes cantos do país,

Compadecida”, de Ariano Suassuna. O grupo tam-

trocaram ideias sobre a arte de representar e partici-

bém já fez uma aula pública no parque da Quinta

param de um jogo que envolveu construção e feição

da Boa Vista, na região central do Rio de Janeiro. “É

de personagens.

um curso [de teatro] muito voltado para a reflexão. A gente pensa questões sociais, faz esquetes sobre

A atividade é consequência das oficinas de teatro

propostas do SUS. Nós trabalhamos a saúde de uma

que Ester coordena no campus da Zona Oeste cario-

forma teatralizada”, explica Ester, que no ano passa-

ca. Ela criou, em 2014, uma ementa de teatro, em

do dirigiu uma esquete de rua, no meio de uma pra-

parceria com a Coordenação Técnico-Pedagógica

ça em Realengo, para discutir a questão do abuso

da escola. Depois da primeira turma formada, hoje

infanto-juvenil. Ela também dá aulas de palhaçaria,

o grupo se apresenta em eventos internos, além de

em parceria com o ator Wagner Esse, para atuação

procurar estratégias de alcançar a população do en-

em ambientes hospitalares.

torno. As peças, que tocam em temas caros à saúde

Ester Antunes mediou conversa sobre teatro


“Merda!” Gigantes do Teatro

Imagem: Google

Durante a oficina de formação teatral, Ester Antunes falou um pouco sobre a trajetória de alguns teóricos do teatro que influenciam gerações de atores no país. Augusto Boal (1931-2009). Fundador Imagem: Google

de Teatro do Oprimido, movimento internacionalmente reconhecido que articula a arte teatral à intervenção social. Foi um dos mais importantes teatrólogos contemporâneos.

Paschoal Carlos Magno (1906-1980). Autor, produtor, diretor e crítico teatral. Um Imagem: Google

dos grandes renovadores do teatro brasileiro, foi fundador do Teatro do Estudante do Brasil (1938) e do Teatro Duse (1952). Construiu uma trajetória de oposição à elitização das artes teatrais. Eugenio Barba (1936). Autor e diretor italiano. Criador do teatro antropológico, Imagem: Google

que estuda e aplica técnicas e procedimentos que determinam a eficácia da presença do ator em cena e seu impacto sobre o sistema nervoso do espectador.

Oficina contou com estudantes de diversas regiões do país

Não estranhe se ouvir um ator desejar “muita merda” para um colega ou para si próprio antes de entrar em cena. Essa tradição remonta ao teatro do século XIX: quando um grande número de carruagens fazia fila em frente a uma casa teatral, era comum que ali se amontoassem os excrementos dos cavalos que as puxavam. Muita merda (ou merde, na expressão original em francês) era sinal de muito público. Logo a expressão passou a ser usada como um amuleto, um desejo de boa sorte.


Atitude inclusiva

Pesquisa do campus Arraial do Cabo aponta dificuldades e desafios para a quebra de barreiras no acesso de pessoas com deficiência à Rede Federal

A

inda faltam orientação e preparo adequa-

Segundo Adriana, a principal barreira a ser superada

dos na comunidade acadêmica para lidar

é a adoção da chamada acessibilidade atitudinal, que

com pessoas com deficiência. Essa foi uma

pressupõe uma mudança comportamental. “É mais fácil

das conclusões de um estudo de caso coordenado pela

construir rampas, quebrar portas e alargá-las, colocar

psicóloga Adriana Souza, técnica em Assuntos Educa-

barras de apoio do que trabalhar com conceitos arrai-

cionais do campus Arraial do Cabo e coordenadora do

gados, com preconceitos”, afirma a psicóloga. “Nós

Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especí-

temos conceitos sobre o que é ser negro, o que é ser

ficas (Napne) da unidade. Ao lado das alunas Bárbara

homossexual, o que é ser deficiente. Trazemos, com

Ramos e Rafaella Alparone, Adriana apresentou os re-

esses conceitos, barreiras e não vemos nas pessoas o

sultados de um estudo que esquadrinhou as impressões

que elas são de verdade, mas aquilo que nós achamos

de alunos, servidores e funcionários terceirizados a res-

que elas são ou aquilo que nós achamos que elas não

peito das condições de acessibilidade da escola. Com

poderão ser”, sublinha Adriana.

quase 40 questionários respondidos, elas chegaram a conclusões que põem em evidência o ainda longo per-

Revisões em pauta

curso no aprimoramento das práticas inclusivas da Rede

Entre os desafios postos à educação inclusiva no país,

Federal.

estão a formação adequada de servidores e a revisão de currículos, metodologias, avaliação e acesso ao ensino.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos professo-

“A educação inclusiva não parte da premissa de que é a

res não recebeu, em sua formação, qualquer orientação

pessoa com deficiência que deve se adaptar ao ensino,

sobre como trabalhar com pessoas com necessidades

ao espaço ou à instituição. Essa instituição é que deve es-

educacionais específicas. Os números apontaram que

tar preparada para o atendimento a todos”, diz Adriana.

54% dos alunos acreditam que o campus ainda não está devidamente preparado para receber pessoas com

Aluna do curso técnico em Informática, Bárbara

deficiência. Servidores técnico-administrativos e funcio-

Ramos conheceu o Napne durante a Semana de Aco-

nários terceirizados disseram não estar preparados para

lhimento do campus. Quando surgiu a proposta de

lidar com alunos com deficiência.

uma bolsa de estudos da Faperj, pelo programa Jovens Talentos, ela escolheu estudar a inclusão. “Foi uma experiência muito enriquecedora. A gente adquiriu uma maturidade muito grande tanto em relação ao assunto quanto aos nossos estudos. Com a pesquisa, a gente aprende a estudar de verdade”, conta a aluna, que lidou com uma metodologia que envolveu estudos de fundamentos da educação, aplicação de questionários e análise documental. Para Rafaella Alparone, do mesmo curso, participar da pesquisa foi uma oportunidade incomum. “É uma experiência totalmente nova, que a gente normalmente não tem em outras escolas”, obser-

Bárbara Ramos, Rafaella Alparone e Adriana Souza

va. O projeto contou ainda com a aluna Marina Peixoto.


Barreiras, transposições, horizontes Debate organizado por servidores do campus Volta Redonda discute percalços, experiências e propostas na rotina das ações de educação inclusiva

E

m um debate de mais de duas horas, educa-

dade de acesso ao ensino, a falta de material didático

dores e gestores da Rede Federal expuseram

adaptado e de capacitação de profissionais, e a limita-

os desafios dos Institutos na direção de uma

ção de espaço físico.

escola que contemple a diversidade em todas as suas formas. Organizado pelos servidores do campus Volta Redonda Andrea Tunin, Andrea Ferreira, Aline Costa e

Tecnologia assistiva será tema de cinco monografias no campus Volta Redonda

Otávio Meloni, um relato mapeou dificuldades no dia

Para Andrea Tunin, coordenadora do Núcleo de

a dia da educação inclusiva e traçou algumas rotas de

Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (Nap-

transposição de barreiras.

ne) do campus Volta Redonda, é preciso também abandonar certa natureza personalista na aplicação

A conversa girou em torno da necessidade de uma

das políticas públicas. Segundo a assistente social, é

mobilização pelo acesso das pessoas com deficiên-

necessário superar a ideia de que a responsabilidade

cia à educação regular, desde o servidor que está na

pelas ações de diversidade cabe a um único servidor

ponta das ações até os gestores das instituições e o

ou grupo, e não ao conjunto da comunidade acadêmi-

Ministério da Educação. “Existem projetos isolados, de-

ca. “A inclusão deve passar desde o porteiro da insti-

mandas que são impostas, mas a política pública em

tuição até o diretor-geral”, afirma Andrea.

si não existe”, afirmou Aline Costa. Uma das propostas apresentadas foi a articulação de gestores dos Institu-

Com um grupo de 10 pessoas, hoje o Napne do

tos Federais no sentido de costurar normas e regula-

campus Volta Redonda procura estimular ações em

mentos que definam com mais clareza o funcionamen-

parceria com os alunos da escola. Um primeiro pas-

to dos programas governamentais de promoção da

so já foi dado: ao tentar aproximação com as turmas

diversidade na educação da Rede Federal.

de Automação Industrial para o desenvolvimento de projetos de tecnologia assistiva, os servidores conse-

O cenário da institucionalização das ações inclu-

guiram convencer um grupo do 6º período a aceitar o

sivas, segundo os debatedores, ainda está longe do

desafio de trabalhar, em seus trabalhos de conclusão

ideal. Entre as barreiras que persistem, estão a dificul-

de curso, questões relacionadas ao apoio tecnológico às pessoas com necessidades específicas. Divididos em cinco grupos, cada um vai se voltar a um tipo de deficiência. “Eles compraram a ideia. Agora vamos começar uma parceria com instituições da cidade que possam recebê-los para que eles tenham vivência com pessoas com necessidades específicas e possam ouvir as demandas delas”, explica Andrea Tunin. Além disso, o Napne está preparando um informativo eletrônico. A primeira reportagem percorre todo o intrincado trajeto de um aluno cadeirante de casa até a escola.

Equipe do campus Volta Redonda falou sobre desafios para consolidar a agenda da diversidade na Rede Federal


Experimentos de sociologia Alunas do campus São Gonçalo apresentam experiências sobre o ensino e a prática da sociologia por meio de intervenções e articulação de coletivos

Q

uem chegava ao campus São Gonçalo

vai além da sala. A gente entende que a sala de aula

do IFRJ em meados de março dava com

não basta. Você também tem que intervir no espaço

uma cena, no mínimo, curiosa. Forradas

da escola”, explica o professor.

por cartolinas escritas à mão, as paredes da escola estavam inundadas por frases feministas - e por réplicampus, o episódio ganhou um nome. Foi a “Revolta

Feminismo foi o mote de “guerra” de cartazes

dos Cartazes”.

A intervenção que gerou a tal “revolta” começara a

cas em contraponto. Como uma página da história do

partir da ideia de espalhar pelo campus, no Dia InterDocumentada e analisada, essa foi uma das expe-

nacional da Mulher, cartazes com frases que endos-

riências que um grupo de alunas do campus, coorde-

sassem ideais e fundamentos feministas. O resultado

nadas pelo professor e sociólogo Ricardo César Costa,

mais imediato foi o aparecimento de uma enxurrada

apresentou durante o Fórum Mundial. A ideia era

de outros cartazes em oposição ao movimento. Em re-

conversar sobre a vivência no ensino e na prática da

ação à reação, foi criado um coletivo feminista forma-

sociologia em uma unidade da Rede Federal. Segundo

do por alunas do campus, que já organizou debates e

Costa, o encontro pretendeu provocar reflexões sobre

palestras sobre o tema.

metodologias e formas de abordagens conceituais da disciplina na formação dos alunos. “A nossa pesquisa

Uma das integrantes do grupo é Ana Buriche, aluna do curso técnico em Química e bolsista do projeto. Ela – que foi ao Recife falar sobre essa experiência – conta que já percebia a reprodução de comentários machistas em sala de aula e nos corredores da escola. Com a eclosão da guerrilha de cartazes, Ana acredita que houve consequências positivas para as mulheres do campus. “Toda essa intervenção é muito boa porque as mulheres que conseguem perceber que a opressão existe começam a se organizar. Se elas sabem que tem alguém discutindo aquilo, elas se aproximam, querem discutir”, analisa Ana. O debate, durante o Fórum, passeou ainda por temas como racismo, invisibilidade das religiões afrodescendentes e diversidade sexual.

Alunos e professores relataram e debateram experiências no ensino e na prática da Sociologia


Gol de placa Robôs humanóides de equipe do campus Volta Redonda se preparam para participar de campeonato de futebol e atraem curiosos no Fórum Mundial

E

Agora com robôs humanóides, a Jaguar se pre-

le joga em várias frentes. É contador de histórias, dançarino e, agora, está suando a

para para ser a primeira equipe de ensino médio

carcaça para participar de um campeonato

a competir em futebol de robôs. Até hoje, apenas

de futebol. Assediado para uma interminável sessão

times de cursos superiores jogam nessa modalida-

de selfies, NAO, o robô humanóide da equipe Jaguar,

de de competição.

do campus Volta Redonda, foi uma das atrações do Fórum Mundial.

Projeto busca interação com escolas de Volta Redonda

A equipe, que começou em 2009, com peças LEGO emprestadas do campus Pinheiral, hoje já é

A equipe desenvolve um projeto multidisciplinar,

dona de um título mundial de dança, conquistado em

que articula pesquisa, extensão e divulgação cien-

2014, em João Pessoa, na Paraíba. “Hoje os nossos

tífica. Escolas do município de Volta Redonda já

robôs são desenvolvidos por alunos, desde a parte

receberam a visita dos alunos do IFRJ e conhece-

mecânica, em que eles pegam o alumínio, cortam,

ram os simpáticos bonecos de metal. Como resul-

furam, parafusam, rebitam, desenvolvem toda a ele-

tado dessa interação, a Jaguar apadrinhou uma

trônica e programação. Esse é o nosso diferencial em

equipe de uma escola municipal da periferia de

relação a outras equipes”, conta o professor Helton

Volta Redonda, que já conseguiu o 7º lugar em um

Sereno, coordenador do time colecionador de troféus

campeonato nacional na categoria de dança de

e formado por alunos do curso técnico em Automa-

robôs entre escolas de nível fundamental.

ção Industrial.

Você já ouviu falar das leis de Asimov? O escritor russo de ficção científica Isaac Asimov (1919? - 1992) escreveu, no livro “Eu, Robô”, as chamadas Leis da Robótica, regras de coexistência entre robôs e humanos que serviriam para impedir que estes pudessem ser ameaçados por aqueles.

1ª Lei: Um robô não

pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2ª Lei: Um robô deve

obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.

3ª Lei: Um robô deve

proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.

Mais tarde, no livro Os Robôs do Amanhecer, o robô Daneel viria a instituir uma quarta lei - a ‘Lei Zero’: Um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por inação, permitir que ela sofra algum mal. Fonte: Wikipédia

NAO, o robô


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