Revista InFormação | IFRJ | Fevereiro 2016

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Informativo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ

Fevereiro de 2016

Revelamos tudo o que você sempre quis saber sobre o Trabalho de Conclusão de Curso, o temido TCC. O que é? Como é feito? O que a banca de defesa espera? O que fazer (e o que não fazer) para ser aprovado? Coordenadores de curso, professores e alunos de TCC mostram os passos para se sair bem no teste final da graduação


Reitor Paulo Roberto de Assis Passos

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Campus Nilópolis

O que é que a Produção Cultural tem?

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

Campus São Gonçalo

Assessor de Comunicação Jorge de Moraes

Havia pedra, fauna e flora no meio do caminho

Jornalistas Jorge de Moraes Luís Costa Danyelle Woyames Programadora visual Juliana Santos

Estagiários de Comunicação Arraial do Cabo Suelen Sodré Nilópolis Lis Ribeiro Lisys Sevilha Paracambi Igor Medeiros Pinheiral Dayane Nogueira

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Campus Arraial do Cabo

Alunos do IFRJ garantem vaga em universidades federais através do Enem CAPA

Quem tem medo do TCC?

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14 Como é o TCC na prática? CAPA

São Gonçalo Mayara Silveira

Campus Pinheiral

Je suis IFRJ

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18 A Arte em Movimento Campus Paracambi

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Campus Nilópolis

O que é que a Produção Cultural tem? Alunos do curso de Bacharelado em Produção Cultural do campus Nilópolis destacam-se por seus talentos

Thuane de Carvalho

Karine Lima

O que é que a Produção Cultural tem? Tem dança e música, tem! Conta histórias como ninguém! Assim como as qualidades da baiana, traduzidas na letra de Dorival Caymmi e eternizada na voz Carmen Miranda, os alunos de Produção Cultural do campus Nilópolis destacam-se por seus múltiplos talentos. De escritores a dançarinos, os alunos do curso fazem de tudo. Usar a realidade como forma de inspiração: é assim que o escritor Gustavo Majory, de 20 anos, define seu processo criativo. O estudante do 2º período começou a escrever ainda na quarta série do ensino fundamental, aos 10 anos: “A professora deu um trabalho sobre poesia. No final, ela disse que era nossa vez de escrever. A partir de então, eu nunca mais parei”, conta. Gustavo tem dez livros escritos, dos quais quatro já foram publicados. Entre eles, três exemplares do gibi “Turminha do Itapecerica”, contando as histórias de personagens da cidade mineira onde autor nasceu. De acordo com Gustavo, no curso de Produção Cultural, ele pode unir as duas coisas que mais ama fazer: trabalhar em contato com o público e escrever. “Estou na área de produção de eventos há muito tempo, mas não tinha base teórica. Hoje aprendo mais sobre o que faço. Amo trabalhar com o público e escrever”, afirma. Expressar seus sentimentos em forma de movimento é o que motiva a aluna Karine Lima, de 20 anos, a dançar. Sua história com a dança é recente, mas intensa. A aluna do primeiro período começou suas aulas em 2014 e, desde então, encontrou nos ritmos e passos uma maneira de demonstrar o que sente. “Dançar para mim é tudo. É deixar minha alma se manifestar e colocar para fora todo o amor que há dentro de mim”, diz.

Gustavo Majory

Atualmente ela faz parte da companhia de street dance New Way Street, de Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio. No momento, o grupo se dedica a uma modalidade específica: o robot dance (dança robótica). Dentro desse estilo, a inspiração de Karine é a dançarina e coreógrafa da República Tcheca Jaja Vankova. Ela afirma que o curso de Produção Cultural tem ajudado também na companhia de dança, onde ela pode utilizar o que aprende em sala de aula. “O responsável pelo grupo pede para que eu ajude na criação e produção dos espetáculos dentro da companhia”, conta. Já Thuane de Carvalho, de 18 anos, sabia do que gostava desde criança. E para aperfeiçoar seu dom, a estudante, que cursa atualmente o 1º período de Produção Cultural, passou pelo curso técnico de Instrumentos Musicais do colégio Dom Pedro II, unidade Realengo, em 2012. “Já sabia que queria cantar, mas não tinha instrução. Eu tinha afinação inerente e fui me aperfeiçoando no curso”, diz. Thuane também pôde aprender instrumentos musicais, como piano e violão. Para ela, melhor do que falar é se expressar com uma música que reflete seu pensamento. “Sou uma pessoa muito ligada à espiritualidade e à sensibilidade das coisas, então eu trato a música como uma mensagem para as pessoas”, afirma. A escolha pelo curso foi feita a partir de sua vontade de seguir carreira artística e trabalhar com a produção musical. “Não tenho interesse em seguir carreira acadêmica, eu quero ser artista. A faculdade vai me ajudar na criação de eventos ligados à música voltada para a religiosidade afrodescendente”, diz.

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Campus São Gonçalo

Havia pedra, fauna e flora no meio do caminho Com sede de desafios, alunos do campus São Gonçalo se aventuram em trilhas no Rio de Janeiro

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campus São Gonçalo é espaço para inúmeras personalidades, inclusive as aventureiras, como a do aluno do 3º período do curso Técnico em Segurança do Trabalho Leonardo Costa. O estudante passa despercebido, com uma feição tímida, tem conversa calma e conduz tudo com ar de quem espera o instante decisivo. Porém, ele surpreende ao revelar que pratica trilha desde 2012. Depois de perceber que a atividade proporciona um contato maior com a natureza, Leonardo não parou mais. O Peito do Pombo (Sana, Casemiro de Abreu-RJ) é o local preferido para desanuviar. No mesmo ponto, veio o susto, tempos atrás: Leonardo machucou o punho direito e teve ferimentos leves pelo corpo ao cair de uma pedra que estava escalando. “Eram três horas de caminhada e, por ser um caminho longo e cansativo, eu já estava exausto devido ao calor

e me descuidei”, lembra. Apesar de ter se ferido outras vezes, ele destaca esse dia pelo grau de cansaço, o que tornou os machucados mais dolorosos. Para ele, as trilhas são como uma válvula de escape das pressões dos estudos e do estágio, que o mantém sempre renovado para um novo objetivo. “As trilhas trazem sensação de paz”, afirma. O estudante diz ainda que a prática também aumenta a autoestima e melhora o preparo físico. Ele afirma que adoraria experimentar também canoagem, natação e surf. Estudantes do curso Técnico em Química também adoram a atividade. Leonardo Kapiska, do 3º período, começou a gostar de trilhas no início da adolescência. Ele via amigos mais velhos praticando e aderiu à atividade. Entre os locais visitados, ele coleciona a trilha de Itacoatiara, que leva à enseada do Bananal e ao Costão; a trilha do Morro das Andorinhas, no

Alef, Hemilly e Leonardo preferem o ar puro das trilhas

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Parque Estadual da Serra da Tiririca; e a Pedra Bonita, que fica no Parque Nacional da Tijuca. Leonardo pretende fazer ainda a trilha da Pedra da Gávea. Há também uma lembrança difícil: o jovem quebrou o braço quando fazia uma trilha de bicicleta no Parque da Cidade, em Niterói. “Naquele dia choveu muito, o caminho estava molhado e escorreguei”, recorda Kapiska. O discente afirma que, através das trilhas, luta contra o sedentarismo e a hipertensão. “Encontro paisagens maravilhosas e desistir dos exercícios físicos não está entre os meus planos”, garante. O sorriso de Alef Cassiano, do 2º período do curso Técnico em Segurança do Trabalho, carrega os olhares de quem passa por ele. Mas, por trás da simpatia, está uma pessoa que já teve algumas experiências decepcionantes. Praticante de trilha há apenas cinco meses, ele conta que teve muitos momentos difíceis, como quando ficou reprovado em um período e perdeu a namorada. “A atividade física me ajuda a espairecer e tirar os problemas e momentos complicados da cabeça”, explica Cassiano, que também já percorreu a trilha de Itacoatiara. A persistência é seu ponto forte. “Gosto de desafios. Isso me dá disposição”, afirma. Já o ex-presidente do Grêmio Estudantil do campus e aluno do 7º período do curso Técnico em Segurança do Trabalho, Julio Aguiar

– primeiro a ocupar esta posição, pois quando chegou transferido do campus Rio de Janeiro não havia um grêmio em São Gonçalo – revela que a paixão pela natureza começou cedo, já que o tio é guia e turismólogo. Ele conta que já fez diversas trilhas, como Bico do papagaio, no Parque Nacional da Tijuca; Costão de Itacoatiara; Dois Irmãos, no morro do Vidigal, no Rio de Janeiro; Pedra Bonita; Manguezal, em São Gonçalo; e Lagoa Azul, em Bonito, no Mato Grosso do Sul. Julio diz que, em um Instituto de excelência que exige muito como o IFRJ, os alunos precisam descarregar a pressão e o estresse, para renovar os ânimos nos estudos. Para ele, a trilha melhora a parte aeróbica, pois o ar tem uma qualidade melhor. Além disso, com a prática da atividade, tem-se a sensação de que se faz parte da natureza. Quanto aos machucados durante as trilhas, Julio brinca: “Com atenção por onde pisa, você sabe até como cair”. Para mostrar que essas aventuras não são apenas para garotos, Hemilly Fernandes, do 8º período do curso, declara sua paixão pela prática. Ela fez trilha em Itaipu, Niterói, e em Ilha Grande, em Angra dos Reis. Para ela, a caminhada traz bem-estar físico e mental, além de desanuviar as fases tristes da vida. Hemilly diz não ter medos, e conta apenas arranhões por causa dos galhos das árvores.

Dicas para aproveitar a trilha sem sustos Praticante de trilhas e professor de educação física do campus Realengo, Paulo Oliveira deu dicas à InFormação sobre como aproveitar a atividade ao máximo e sem sustos. O educador físico indica – de acordo com objetivo da caminhada, local e duração - o uso de lanterna, agasalho, canivete, estojo de primeiros socorros, água ou bebida isotônica, alimentos de fácil digestão, roupas leves, calça comprida em locais de mata mais densa, um guia e meias grossas para proteger os tornozelos. Paulo diz que se deve andar em pequenos grupos, para reduzir o impacto ambiental e não sair da trilha principal. Assim, a equipe contribui para a preservação do lugar. Para ele, a atividade proporciona a prática de esportes da natureza, com risco calculado, além de despertar a conscientização dos indivíduos em relação à educação ambiental. “Esse contato direto com a natureza é uma forma de lazer que alivia a tensão e aumenta a valorização dos papeis da fauna e da flora e demais recursos naturais na relação com o ecossistema”, avalia. Ingrid Fonseca, professora de educação física do campus São Gonçalo, incentiva diferentes exercícios físicos em grupo. Para ela, as dicas do professor Paulo são essenciais. “Já temos ideias sobre o assunto para os alunos do campus São Gonçalo”, adianta. 5


Campus Arraial do Cabo

Alunos do IFRJ garantem vaga em universidades federais através do Enem Estudantes falam sobre o papel do Instituto na preparação para a prova

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ão é novidade que a maioria dos jovens que cursa o ensino médio almeja conquistar uma vaga no curso superior em uma instituição federal. Mas garantir um lugar em uma universidade pública nem sempre é tão simples quanto sonhar com ele. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – utilizado para avaliar a qualidade do ensino médio no país e possibilitar o acesso ao ensino superior – tem contribuído para tornar esse sonho realidade. Philipe Roger, de 21 anos, Ana Flávia Pacheco, de 20 anos, e Gabriel Fialho, de 19 anos, são ex-alunos do campus Arraial do Cabo que garantiram suas vagas em cursos superiores de instituições públicas através do Enem. Os três participaram do exame em 2014, quando quase 10 milhões de pessoas se inscreveram, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Os jovens afirmam que o ensino recebido no Instituto foi extremamente importante para que pudessem se sair bem nas provas. “A experiência de cursar o ensino médio no IFRJ foi extremamente enriquecedora. Durante os estudos, o nível de dificuldade foi grande, mas isso era realmente ótimo, pois pude ter aula com os melhores professores, que sempre elevavam o nível de dificuldade. Isso preparou nossa turma não só para os vestibulares, mas também para a vida”, conta Ana Flávia. A

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jovem passou para a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, onde cursa a faculdade de Direito. Já Philipe Roger ingressou na UFRJ-Macaé, onde cursa Engenharia Mecânica. Para ele, estudar no IFRJ também foi um diferencial na disputa da vaga. “Foi sensacional, pois no IFRJ eu pude saber o que era realmente gostar de estudar e não somente frequentar a escola. Lá o aluno tem outros tipos de atividades, além da aula normal. Havia monitorias e bolsas de pesquisas, das quais tive o privilégio de participar, além de visitas técnicas e idas às feiras de ciências, que ajudam muito no conhecimento cultural”, afirma Philipe. ESCOLHA DIFERENTE Com Gabriel Fialho, foi um pouco diferente. Ele passou em primeiro lugar na UFF - Campos dos Goytacazes, no curso de Psicologia, e também para a UFF - Macaé para cursar Direito. Porém, optou por graduar-se em uma instituição privada através do Programa Universidade Para Todos (PROUNI), após receber uma bolsa integral para o curso de Direito. Gabriel conta que preferiu estudar em faculdade particular por esta ficar mais perto de casa, já que


Ana Flávia, aprovada em direito na UFF em Niterói

na formação de cidadãs e cidadãos. Fico extremamente feliz pelo reconhecimento, como também pela possibilidade de influenciar estudantes a seguirem a carreira do magistério, mesmo sem ser um objetivo direto de minha parte”, diz Japiassú. Para o diretor do campus Arraial do Cabo, João Gilberto Carvalho, aprendizagem é informação com significado, que passa a fazer parte do próprio repertório cognitivo e emocional dos alunos. Segundo ele, os ensinamentos recebidos na escola são de extrema importância, tanto didática quanto humanamente falando. “É evidente que todo educador se sente feliz com os resultados obtidos pelos alunos. Torcemos para que consigam boas colocações ou ingressem em universidades públicas. Mas, do ponto de vista educacional, os resultados são mais sutis. Queremos vê-los participativos e críticos, bons filhos e cidadãos. Isto é, mais do que o resultado material, o que se busca é o resultado integral, a formação humana”, afirma o diretor.

Gabriel Fialho cursa direito em universidade privada, onde ganhou bolsa por meio de PROUNI

PARACAMBI

ele não teria condições financeiras para mudar de cidade. O rapaz também afirma que o mérito da conquista das vagas não é só dele, mas também dos professores que o acompanharam durante o ensino médio cursado no IFRJ. “O IFRJ me ensinou como estudar corretamente, a importância do dever de estudar e o fruto que pode ser conquistado através dos estudos. É preciso ser estimulado e retirar prazer do próprio esforço quando há dificuldade e desafios, coisas que o IFRJ me proporcionou. Fora os professores que realmente me inspiraram, por criarem um laço de amizade e confiança comigo”, explica. Gabriel revela que deseja seguir carreira como professor do curso de Direito, graças a esses professores que serviram de inspiração para ele. Um dos professores citados pelo jovem é Marcelo Japiassú, educador há mais de 20 anos. “Acho que o trabalho docente é extremamente gratificante, pois possibilita contribuir

Philipe Roger cursa Engenharia Mecânica na UFRJ em Macaé

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CAPA

Quem tem medo do TCC? Em junho de 2012, uma estudante universitária de Belém, capital do Pará, foi denunciada à Justiça por forjar o próprio sequestro. O motivo, segundo a própria jovem confessaria à polícia, não tinha a ver com apropriação de resgate ou qualquer outra razão mais grave. Tudo não passava de uma pitoresca farsa para não ter de entregar o trabalho de conclusão de curso da faculdade. O episódio (um tanto extremo, é verdade) revela a tensão que muitas vezes paira sobre o famoso, temido e - por que não? - incompreendido TCC. Mas, afinal, o que vem a ser o Trabalho de Conclusão de Curso? No IFRJ, o TCC é um requisito obrigatório em todos os cursos de graduação. Pode ser uma pesquisa acadêmica ou tecnológica, voltada à produção de conhecimento ou ao desenvolvimento de metodologias, processos e produtos relacionados à área de formação do aluno. “O papel do TCC é permitir a todos os estudantes a vivência de uma pesquisa acadêmica sistematizada e da redação científica, elementos fundamentais da formação em nível superior”, observa o professor Hudson Silva, pró-reitor de Ensino de Graduação do IFRJ. Atualmente, o regulamento do Instituto permite apenas a modalidade escrita de TCC. No entanto, essa norma está sendo reavaliada e no-

vos formatos estão em discussão. “Hoje estamos revisando o regulamento de TCC para que possamos aprimorar esse procedimento às novas realidades dos cursos ofertados e às demandas de formas de produção de conhecimento”, afirma Hudson Silva. A elaboração da monografia é uma responsabilidade do aluno, que será orientado por um professor da instituição. É permitido, ainda, que o estudante tenha um co-orientador, interno ou externo ao IFRJ, desde que haja aprovação do orientador e comunicação oficial à coordenação do curso.

Chegou a hora. O que fazer? O Trabalho de Conclusão de Curso – como o próprio nome sugere – é o ato final da graduação. O primeiro passo desse processo é se inscrever na disciplina de TCC, obrigatória em todos os cursos do IFRJ (em caso de um curso oferecer duas disciplinas de TCC, a primeira será para elaboração do projeto e a segunda para execução e defesa do trabalho final). Em seguida, o aluno deve escolher o professor orientador, com quem será definida a temática abordada. Com a elaboração do projeto de pesquisa e do plano de trabalho, o aluno parte para a elaboração e escrita da monografia. “A dificuldade começa na escolha do tema do TCC em si”, avalia a professora Simone Alves,

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coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Processos Químicos do campus Rio de Janeiro. “E os alunos têm bastante dificuldade em seguir as normas da ABNT e defender logo na primeira vez que se inscrevem na disciplina de TCC2”, acrescenta. Em média, no curso de CST em Processos Químicos, cinco monografias são defendidas por semestre, em razão da elevada retenção de alunos inscritos na última disciplina de TCC. Durante a elaboração da monografia, o estudante passa sistematicamente a consultar livros, artigos científicos e outras produções acadêmicas que embasem o seu trabalho. A partir dos dados e informações levantados, o aluno tem de descrever, analisar e discutir os resultados da pesquisa, de acordo com as questões e objetivos estabelecidos no projeto de pesquisa. Todas as fases contam com a parceria do orientador, que vai propor caminhos e soluções, além de corrigir eventuais deslizes do estudante. Em média, os TCCs variam de 40 a 60 páginas. O trabalho final envolve uma parte pré-textual (capa, resumo, sumário, etc.), elementos textuais (introdução, desenvolvimento e conclusão) e pós-textuais (referências, que são obrigatórias, além de glossário, apêndices e anexos, quando for o caso). A adequação do texto às normas acadêmicas de apresentação é uma das principais exigências dos avaliadores e pode determinar o sucesso ou o fracasso de um

TCC. Aliás, a falta de intimidade com as regras da escrita científica é apontada pela professora Carmelita Silva, coordenadora do Bacharelado em Química do campus Nilópolis, como um dos principais problemas encontrados pelos alunos de TCC. “De uma maneira geral, os alunos apresentam grande dificuldade em escrever seus próprios textos inspirados nas referências consultadas, e principalmente em adequar esse texto às exigências de um trabalho acadêmico”, observa. Escrito o trabalho e feitas as revisões do orientador, chega um dos momentos mais temidos pelos graduandos. O aluno deve defender o TCC a uma banca examinadora, em sessão pública (exceto nos trabalhos relacionados ao registro de patentes e marcas). Quem preside a banca é o orientador, que deve indicar, com a concordância do professor da disciplina de TCC, outros três membros avaliadores, um deles suplente. O coordenador do curso é o responsável por aprovar ou não as indicações. A critério do orientador e do aluno, um membro da banca poderá ser convidado externo.

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O aluno tem de 20 a 30 minutos para apresentar seu trabalho. Em seguida, cada membro da banca tem até dez minutos para fazer comentários ou questionamentos. Encerrada a defesa, a banca examinadora se reunirá em sessão fechada para deliberação. São avaliados critérios como formatação, estrutura e coerência do trabalho, ortografia, conteúdo, organização das referências, apresentação oral e postura durante a arguição. “O examinador espera que o aluno tenha vivenciado as diferentes etapas da pesquisa desde a elaboração do projeto, e que tenha se apropriado da teoria relacionada ao tema do trabalho e da metodologia adotada”, explica a professora Carmelita Silva. É possível, segundo a docente, que os examinadores perguntem, durante a arguição, de onde o aluno retirou uma determinada informação ou a origem de uma referência citada e não listada no texto. A professora Simone Alves explica que não há um padrão de questionamento da banca, pois as perguntas dependem do tema abordado na monografia e do tipo de pesquisa realizada – como bibliográfica, documental ou experimental. “As perguntas são direcionadas a passagens

do texto que não tenham ficado claras para o leitor ou apresentem erros conceituais”, observa. “Mas é também comum perguntar ao aluno o que ele aprendeu com o TCC de uma forma mais geral”, acrescenta a professora. A monografia recebe então notas de 0,0 a 10,0, de acordo com os critérios estabelecidos pelos cursos. A nota final é dada pela média aritmética das notas individuais de cada avaliador. Para ser aprovado, o aluno tem de conseguir nota igual ou superior a 6,0 e frequência igual ou superior a 75%. “Em linhas gerais, espera-se que o aluno seja capaz de dissertar, segundo as normas ABNT aplicáveis, sobre o tema escolhido”, aponta a professora Simone Alves. Se for reprovado, o aluno precisará se inscrever novamente na disciplina de orientação de TCC, cumprindo mais uma vez as etapas da monografia. Com informações do Regulamento dos Trabalhos de Conclusão dos Cursos de Graduação. goo.gl/bN9Yly

Qual a diferença entre citação e plágio? As citações são regulamentadas pela norma ABNT 1050/2002 e referem-se a menções, no texto monográfico, de informações extraídas de outras fontes bibliográficas. As citações podem ser de três tipos: indiretas, diretas e citação de outra citação. É necessário, independentemente do tipo, citar a referência bibliográfica, tanto ao longo do texto quanto na lista de referências ao final do TCC. O plágio ocorre quando um autor usa o texto produzido por outra fonte sem respeitar as regras da ABNT, omitindo a referência, sobretudo quando faz uma citação direta – ou seja, transcrição textual de parte da obra do autor consultado – sem dar os devidos créditos. É o famoso “copia e cola” ou Crtl+C/ Crtl+V. 10


O que são as normas ABNT?

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é responsável pela normalização técnica no país. Entre as suas competências, está a criação de padrões para a apresentação de trabalhos acadêmicos, como monografias, dissertações e teses. As normas incluem regras relativas à apresentação gráfica (papel, margem, parágrafo, fontes, espaçamento e alinhamento, etc.), à estrutura do trabalho (parte pré-textual, textual e pós-textual), além de regras para citações, sistema de chamada e notas de referência, por exemplo. O Manual de Elaboração de Trabalhos Acadêmicos dos Cursos de Pós-Graduação do Instituto é um guia prático de apresentação de textos científicos, feito a partir de normas da ABNT, do Código de Catalogação Anglo-Americano (2ª ed.) e dos manuais dos programas de pós-graduação do próprio IFRJ e de outras instituições. O Manual de Elaboração de Trabalhos Acadêmicos está disponível na página www.ifrj.edu.br/node/2207.

#ErrosMaisComuns Delegar a responsabilidade ao orientador por prazos e sugestões de fonte de pesquisa ou esperar que o orientador faça o trabalho pelo aluno. Considerar perguntas e eventuais críticas do orientador e dos examinadores da banca como críticas pessoais. Achar que defender o TCC é desnecessário, ou que o trabalho pode ficar para depois, porque todas as disciplinas do curso já foram concluídas. Escolher um tema ou um orientador com os quais não tenha afinidade. Escolher um professor como orientador apenas porque é uma pessoa legal ou não costuma ser exigente com os alunos nas disciplinas que leciona no curso. Achar que escrever uma monografia significa copiar outros trabalhos. 11


#MelhoresAtitudes Assumir a responsabilidade pela autoria e desenvolvimento do trabalho (o aluno é o autor, o professor só orienta). Desenvolver com o apoio do orientador um plano de trabalho detalhado que inclua um cronograma com as atividades e prazos de entrega. Não deixar para escrever tudo de “última hora”, mas sim entregar o texto preferencialmente produzido em partes para revisão do orientador, seguindo os prazos do cronograma acordado. Escolher um tema pelo qual tenha interesse e não apenas para cumprir uma exigência acadêmica. Procurar desenvolver um trabalho que tenha chance de ser publicado ou que pelo menos represente um diferencial no currículo de um recém-formado. Citar corretamente todas as referências utilizadas no trabalho, com atenção às regras da ABNT. Colaboraram para esta reportagem os professores Carmelita Gomes Silva, José Celso Torres, Príscila Marques (campus Nilópolis) e Simone Alves (campus Rio de Janeiro).

Para ler COMO SE FAZ UMA TESE, de Umberto Eco (Editora Perspectiva, 2010, R$ 45). Como se Faz uma Tese, do filósofo italiano Umberto Eco, tornou-se, ao longo dos anos, um clássico da cultura acadêmica. Neste manual prático, Eco vale-se de sua enorme experiência acadêmica para esquadrinhar desde os aspectos básicos de uma tese (a escolha do tema e do orientador, as técnicas de pesquisa e fichamento) até as regras de sua redação (chegando mesmo a minúcias de diagramação).

Para rir Se quiser relaxar entre horas intermináveis de pesquisa, você pode gostar do site PhD Comics (phdcomics.com). Criado por um engenheiro mecânico da Stanford University, nos EUA, o site publica séries de tirinhas hilárias sobre a vida (ou a falta dela, segundo a própria página) de estudantes universitários às voltas com trabalhos acadêmicos. 12


O começo de tudo: o projeto de pesquisa O projeto de pesquisa é o documento que servirá como guia para o TCC. É o planejamento das etapas de um trabalho de pesquisa, sendo, portanto, o primeiro documento gerado em qualquer processo de investigação científica. Nas diferentes seções de um projeto de pesquisa, devem ser apresentadas, basicamente, respostas às seguintes perguntas: O que se pretende pesquisar? Por que se deseja desenvolver a pesquisa? Para que se deseja desenvolver a pesquisa? Como será realizada a pesquisa? Como os dados serão analisados? Quanto tempo se levará para executá-la? Fonte: Roteiro para Elaboração dos Projetos de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) goo.gl/B8U8MS

Quais são os elementos textuais da dissertação? ELEMENTOS

Introdução

DEFINIÇÃO Incluem-se normalmente os seguintes aspectos: a) apresentação geral e definição sucinta do tema abordado; b) justificativa da escolha do tema e dos métodos empregados; c) problema, hipótese(s) e objetivo(s) do trabalho; d) informações gerais sobre o referencial teórico; e) etapas do desenvolvimento.

Desenvolvimento

Divide-se em seções e sub-seções, relacionadas de maneira lógica, mostrando o desmembramento do tema. Devem constar a revisão da literatura (fundamentação teórica) e os resultados da pesquisa descritiva ou experimental, se for o caso.

Conclusão

Fundamentada nos resultados e na análise de dados. Refere-se à Introdução, fechando-se sobre o início do trabalho. Fonte: Diretrizes para Apresentação dos Trabalhos de Conclusão de Curso dos Cursos de Graduação goo.gl/qC2ooc 13


Como é o TCC na prática? Três alunos do IFRJ contam a experiência de chegar ao último estágio da graduação e dão dicas de como se sair bem na monografia

Helen Lugao

A aluna Helen Figueredo Lugao, do campus Realengo, está no 8º período do curso de Terapia Ocupacional. Sua monografia tem como tema “O terapeuta ocupacional na reabilitação de pessoas através de prótese ocular”, um relato de sua experiência durante estágio no setor de Prótese Ocular em um serviço de referência fluminense. O trabalho busca descrever o processo de intervenção da Terapia Ocupacional na reabilitação de pessoas com indicação para protetização ocular, entender a importância do profissional neste tipo de intervenção e verificar causas e impactos na vida de pessoas com perda do globo ocular. A discente conta que, até perto do fim do curso, desenvolvia outro assunto, mas mudou o foco do trabalho quando conheceu a realidade de pacientes que precisam de prótese ocular. “Até fazer o primeiro estágio obrigatório, que acontece no 6º período, eu havia trabalhado em outro tema. Quando me deparei com a realidade destas pessoas que perdem o globo ocular, por causas diversas, me chamou atenção a tristeza com que elas chegavam ao serviço e também como ficavam felizes ao serem protetizadas. Comecei então a estudar sobre o assunto e, ao terminar o estágio, decidi que este seria o tema para o TCC”, conta Helen. Jorge Luiz de Carvalho Silva também está no 8º período e trabalhando na elaboração do seu TCC. Ele é aluno do curso de Licenciatura em Matemática, do campus Paracambi. O tema do seu trabalho é “O Estudo do Gráfico da Função Quadrática 14

Utilizando Software Fismat Desenvolvido no IFRJ – Campus Paracambi”. “Ele traz um novo aplicativo para o ensino de funções contínuas, não esgotando, claro, outras aplicações e metodologias que ajudam o professor na prática docente”, explica o aluno, que decidiu fazê-lo durante o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), quando foi desenvolvido o software. Rômulo Henrique Jesus Souza é aluno do campus Nilópolis e está cursando o 8º período do Bacharelado em Química com Atribuições Tecnológicas. O tema da sua monografia é “O estado da arte do reaproveitamento de fosfogesso no Brasil”. O trabalho objetiva mostrar que o fosfogesso (resíduo produzido em larga escala na indústria química) pode ser reaproveitado, mostrando as melhores alternativas de reaproveitamento deste material no Brasil. Além disso, o trabalho busca verificar se já há um mercado para este material no país, uma vez que ele encontra diversas utilizações, como na agricultura e na construção civil, onde pode ser usado para baratear os custos de materiais de construção. “Decidi por este tema quando cursava a disciplina de Metodologia da Pesquisa, ministrada pela professora Príscila Marques, que atualmente é minha orientadora. Este foi um tema que me interessou por combinar duas áreas pelas quais eu tenho interesse, a Química e o Meio ambiente (sou ex-aluno do curso Técnico em Meio Ambiente do campus Rio de Janeiro). Além disso, já havia realizado um trabalho de pesquisa acerca do fosfogesso e meu interesse por este tema permaneceu”, explica.

Dificuldades Helen afirma que foram muitas as dificuldades na elaboração do TCC, embora ela estivesse apaixonada pelo assunto que iria abordar. “A principal delas foi a falta de material produzido por terapeuta ocupacional nesta área de atuação, no Brasil. Durante a confecção deste trabalho, consultei mais de 40 artigos e sete livros. A maioria não me serviu. Também encontrei dificuldades em achar registros de atendimentos no Sistema de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), para tentar saber as principais


lho também é uma das grandes diferenças do TCC. Para ele, a densidade da pesquisa (até o momento ele já consultou cinco livros e dois artigos como fontes) e todo o rito que a monografia tem que ter também são pontos de diferenciação.

Estratégia de estudos e dicas Rômulo Souza

causas de perda do globo ocular. De fato, não encontrei nenhum registro”, lamenta. Já Rômulo afirma que a principal dificuldade tem sido conciliar a monografia com as outras disciplinas que ainda cursa e com as demais atividades que desenvolve. “Não posso deixar de exercer uma atividade remunerada, pois preciso arcar com parte dos custos de minha residência e com os custos de transporte, alimentação e material didático da faculdade. Mas, de qualquer forma, estou conseguindo desenvolver meu trabalho, graças ao enorme auxílio prestado pela minha orientadora”, afirma. A falta de tempo também tem sido a maior dificuldade enfrentada por Jorge. “Trabalho de segunda a sexta, das 8h às 17h, por isso acabo sempre chegando um pouco atrasado nas aulas. O tempo para escrever a monografia é bem curto. Acabo dedicando o finais de semana integralmente ao TCC”, explica.

Trabalhos comuns x TCC Para Rômulo, existem diferenças entre desenvolver um trabalho acadêmico comum e elaborar o TCC. Entre as principais, ele destaca a contribuição da professora orientadora, o cuidado que se deve ter com a redação do trabalho e a quantidade de referências consultadas. “Até o presente momento, em meu trabalho, já citei 18 obras, entre livros, artigos, dissertações de mestrado, teses de doutorado e estatísticas de órgãos do governo relativos às atividades de Mineração”, elenca. Jorge concorda que a formatação rígida do traba-

Para dedicar um tempo regular ao TCC, Helen separa um dia na semana para focar apenas nos estudos. “Terça-feira é o único dia em que não tenho estágio, aí fico em casa trabalhando no TCC”, conta. Ela dá dicas que considera cruciais para o sucesso nesta etapa decisiva dos estudos. “Aos alunos que estão na graduação e que futuramente vão ter que elaborar o TCC, a dica é escolher um tema que te apaixone, que te mova, que te intrigue, assim você sentirá cada vez mais vontade de estudar, mesmo com as dificuldades. Também é preciso escolher um bom orientador e elaborar bem as ideias”, conclui. Jorge, que estuda em casa e dedica diariamente duas horas à elaboração da monografia, faz coro à necessidade de escolher um orientador que domine o tema escolhido. “É de suma importância, pois, sem isso, é bem mais difícil, uma vez que ele orientará sua pesquisa. Mas além disso, a principal dica é que se faça uma boa delimitação do tema, pois isso facilita muito”, salienta. Já Rômulo dedica, em média, de seis a oito horas semanais à construção da monografia. Essas horas de estudo são passadas em casa ou na biblioteca do campus. E também dá alguns conselhos para quem, assim como ele, enfrentará o TCC. “Minha principal dica aos outros estudantes que vão se preparar para o TCC é: preparem-se o quanto antes! É importante chegar à fase de elaboração com um projeto bem definido e, se possível, com um orientador escolhido. Outra dica é: aproveitem as pesquisas realizadas em suas atividades de iniciação científica para elaborar o TCC a partir delas. Poupa-se uma grande parte caminho e tem-se a certeza de se estar trabalhando com um tema que vai ser do interesse daquele aluno”, aconselha. 15


CAMPUS PINHEIRAL

Je suis IFRJ Intercâmbio científico e aprendizado cultural marcam viagem de estudantes do campus Pinheiral a fórum de agroecologia em Arras, na região norte francesa

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campus Pinheiral participou, pela primeira vez, do Fórum Franco Brasileiro Ciência & Sociedade, que ocorreu em Arras, na França, em outubro passado. A unidade foi representada pelos estudantes Alicia Bevace, João Gabriel Silva e Rafaela Martins, todos do curso Técnico em Agropecuária, e pelo professor Marcelo Santos Souza, diretor de Extensão, Pesquisa e Inovação do campus. A agroecologia foi a temática central do evento, que abordou ainda os subtemas agricultura familiar, produção agroecológica, alimentação na agroecologia, circuitos curtos de comercialização, biodiversidade e água. “Foi muito enriquecedor participar do fórum e se envolver em tantas atividades ligadas à área agroecológica. Foram palestras e oficinas muito explicativas e entusiasmantes”, afirmou a aluna Rafaela Martins. “A experiência me trouxe não só conhecimento, mas também amadurecimento”, complementa. Os estudantes foram para a França no dia 11 de outubro e, entre os dias 12 e 17, fizeram um intercâmbio no Licée de Rennes, uma instituição de ensino agrícola da região da Bretanha. Durante essa semana, os alunos participaram de oficinas e palestras ligadas à área agroecológica, além de visitarem fazendas da região e realizarem atividades temáticas e artísticas. Já na semana seguinte, compareceram ao fórum franco-brasileiro. Durante o evento, os discentes estiveram em conferências e oficinas de discussão e atividades culturais. Além disso, visitaram áreas de manejo ecológico da água e de produção alternativa de energia, entre outras experiências.

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Visitas aos museus e pontos históricos da França agregaram conhecimento cultural aos alunos


A estudante Alicia Bevace participou das oficinas com a temática agrofloresta e fotografia. “As agroflorestas apresentam como principais vantagens a fácil recuperação da fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes, o controle de ervas daninhas, entre outras coisas. Também fui junto com meu grupo visitar um pântano, já que é uma área que apresenta um solo bastante fértil”, explica. “Além disso, visitamos museus e tiramos fotografias que foram apresentadas durante o fórum”, acrescenta. No decorrer da primeira semana, os alunos ficaram hospedados em uma escola localizada na região da Bretanha e, na semana seguinte, foram para a região de Norte-Passo de Calais, onde fica Arras, cidade do fórum. Na viagem, os estudantes visitaram diversos pontos turísticos, como o Monte Saint Michel, localizado no departamento da Mancha, na França, e a comuna francesa Saint-Malo. “A experiência me trouxe um ganho não só no campo acadêmico, mas cultural também. Na primeira semana, fomos divididos

Alicia Bevace e João Gabriel Silva em visita ao Liceu de Rennes

em grupos e ficamos em equipes diferentes. Sendo assim, interagimos com outras pessoas e acabamos criando laços de amizade”, explica o discente João Gabriel Silva. O professor Marcelo Santos Souza destaca que foram dias de intercâmbio de conhecimentos sobre agricultura, agroecologia, ensino técnico e políticas. O docente ainda explica que um dos objetivos da viagem foi a negociação de convênios com instituições de ensino da França. “A proposta é abrir caminhos para a implementação de intercâmbios internacionais no Instituto”, afirma. O Fórum Ciência & Sociedade é um evento destinado ao público jovem, de ensino médio, de escolas públicas. Seu objetivo principal é a popularização da ciência, especialmente no que tange aos temas da saúde, alimentação e meio ambiente. É um evento anual em que o Brasil e a França se alternam como país sede. Assim, a edição de 2016 será realizada em território brasileiro.

João Gabriel e Rafaela participam de oficina sobre produção de queijo

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CAMPUS PARACAMBI

A Arte em Movimento Grupo de dança do campus Paracambi acumula prêmios em competições e promove interação entre alunos de diferentes cursos

O grupo The Phoenix Dance participou de competições como o 13º IAGAD, em Duque de Caxias

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bordando alunos, servidores e funcionários, Douglas Ibraim, estudante de Licenciatura em Matemática, anda pelos corredores do campus Paracambi em busca de novas vendas: “Você aceita uma rifa? É para ajudar o nosso grupo de dança. Aliás, você conhece o grupo de dança?”. Dessa forma, o rapaz sorridente e seus amigos conseguiram dinheiro para mais uma apresentação do The Phoenix Dance. Criado em 2012, o grupo é sucesso nas competições de que participa. A ideia de formar uma oficina de dança partiu do próprio Douglas, quando ainda era discente do ensino médio do campus. Com o apoio da professora Angelissa de Azevedo, à época coordenadora de Extensão, o projeto ganhou força e teve seus primeiros participantes. No início, a ideia era que os alunos apenas fizessem aulas de dança dentro da unidade. Mas, com o passar do tempo, as coreografias foram ficando mais aprimoradas e os estudantes resolveram participar de sua primeira competição. PRIMEIROS PASSOS Nem todos os inscritos da oficina de dança fazem parte do Phoenix. Atualmente a equipe tem 12 dançarinos, mas já chegou a contar com 18

33 integrantes. Quem propôs a participação no primeiro festival foi Williane Souza, aluna do sexto período do curso técnico em Eletrotécnica: “Eu vi que o grupo estava se empenhando e pensei: ‘Ah, por que não competir? Por que não se abrir? Por que não fazer as coisas pensando em mais, no futuro?’”, diz. Em 2013, ao participarem do XXI Festival de Dança de Nova Iguaçu, o grupo subiu pela primeira vez ao palco para competir e o resultado foi melhor do que o esperado. Pelas regras do concurso, apenas equipes que alcançassem notas acima de nove conseguiriam disputar o primeiro lugar e, acima de oito, o segundo. Por causa das notas exigidas, não houve premiação para as primeiras colocações: “Ficamos em quarto lugar, mas com gostinho de segundo, porque fomos o segundo melhor grupo”, explica Douglas. Jorge Rosa, aluno do quarto período de Mecânica, completa a fala do amigo: “Foi uma experiência única, porque muitas pessoas não levavam fé no grupo. E, para alguns, foi a primeira competição de que estavam participando. E também foi a primeira vez que subi num palco”, conta. SUPERAÇÃO A coreografia é um dos pontos de maior orgulho da equipe. Eles, que dançam diversos estilos musicais, criam a coreografia em conjunto, a partir do que é aprendido nas aulas da oficina. Em novembro, por exemplo, a equipe representou uma música afro no I Encontro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do campus. “Eu acho que o diferencial do nosso grupo é que a gente não dança por dançar. Nós tentamos passar uma mensagem através das nossas coreografias”, orgulha-se Douglas. Tanto empenho na busca pela melhor coreografia, entretanto, esbarra em um ponto importante: a falta de dinheiro. Sem verba, os


dançarinos têm dificuldade para comprar figurinos novos, se inscrever em campeonatos e até de se locomover aos locais de disputa. No ano em que surgiu, a equipe chegou a receber verba para se manter. Porém, agora, os discentes precisam se virar como podem: caixinhas, rifas e vendas de produtos foram as soluções encontradas por eles. 13° IAGAD Essas saídas foram essenciais para que os amigos participassem do último torneio de 2015, em Duque de Caxias: o 13° IAGAD (Intercâmbio entre Academias e Grupos Amadores de Dança). Na disputa, cerca de 50 grupos, de diferentes modalidades. E o The Pheonix Dance ficou em 1º lugar na modalidade danças urbanas, 1º lugar como melhor trio, 2º lugar na modalidade contemporâneo moderno, além de receber o prêmio de melhor bailarino para Lucas Dias. Após tantas apresentações, os dançarinos já não se sentem mais inseguros no palco: “Eu não fico mais nervoso, só bate aquele friozinho na barriga”, revela Jorge, sendo complementado por Otávio Portugal, estudante do 3º período de Eletrotécnica: “Você sente uma energia na hora que é difícil explicar, acaba fazendo tudo certo, como se no ensaio fosse diferente”, constata. Além dos concursos em Nova Iguaçu e em Duque de Caxias, a equipe também participou de um campeonato em Japeri. Para concorrer, levaram três coreografias: duas solo, que ganha-

ram primeiro e terceiro lugar, e uma em grupo, que levou o primeiro lugar. AMIZADE A união da equipe criou um laço de amizade entre os integrantes. Douglas, Williane e companhia são unânimes ao afirmar que a criação do grupo ajudou bastante nesse ponto: “Eu nunca fui de panela. Agora, querendo ou não, fechou um grupinho. É uma amizade gostosa porque a gente se ajuda sempre”, afirma Douglas. Williane continua: “E fora que você pode contar sempre. Minha mãe sabe o nome de cada um e, quando vai fazer um churrasco, já sabe até quem chamar”, diverte-se. Após participar de três competições, o The Phoenix Dance já planeja as atividades para o futuro. Mas os dançarinos, que se apresentam todo período na semana de integração do campus, ainda esbarram na falta de verba. A inscrição em novas competições depende, na maioria das vezes, do dinheiro disponível. “Geralmente, os prêmios são ganhos pelos grupos que levam, tipo, 10 coreografias. O prêmio acaba sendo direcionado a quem mais está contribuindo para o festival. E, quanto maior a contribuição, mais chances de ganhar”, analisa Douglas. Com tantas histórias de sucesso, superação e amizade, quem seria capaz de não aceitar uma rifa desse grupo?

Várias premiações: 1º lugar na modalidade danças urbanas, 1º lugar como melhor trio, 2º lugar na modalidade contemporâneo moderno e prêmio de melhor bailarino para Lucas Dias no 13º IAGAD

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www.ifrj.edu.br


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