Informativo do Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ
Junho - Julho de 2017
CONCENTRE-SE
A InFormação foi em busca dos motivos da falta de concentração e dá dicas de como os superar
Revista Informação Edição nº 13 Concentre-se Junho - Julho de 2017
Realengo 03 Campus Quintas Sensíveis:
sensibilização e cuidado no cotidiano acadêmico
Reitor Paulo Roberto de Assis Passos ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Duque de Caxias 06 Campus Educação inclusiva
em destaque no IFRJ
Assessor de Comunicação Jorge de Moraes Jornalistas Jorge de Moraes Danyelle Woyames Programadora visual Juliana Santos
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Campus Paracambi
Formação além da Acadêmica
Revisora de Textos Claudia Lins Estagiários de Comunicação Arraial do Cabo Suelen Sodré Duque de Caxias Elly Ana Cardozo Nilópolis Filipe Dowsley Maiara Bachschmied Niterói Gabriel Rios Paracambi Vitória Quirino Pinheiral Pedro Menezes Realengo Raquel Banus Reitoria Daniella Batista Rio de Janeiro Luiza Gomes São Gonçalo Lucas Pereira São João de Meriti Nathália Terciane Volta Redonda Maele Fuentes
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16 Capa Ansiedade: o mal do século
Nilópolis 04 Campus Um ‘jogo’ em
que todo mundo ganha Niterói 08 Campus Cultivando conhe-
cimento e oportunidade
10 Capa Dificuldade de
concentração nos estudos tem diferentes motivos
Rio de Janeiro 17 OCampus futuro passa pelo
betacariofileno
Campus São Gonçalo Campus Arraial do Cabo 20 18 Assistência Aluna do campus Psicoló-
gica Escolar Auxilia Jovens na Luta Contra a Depressão
São Gonçalo no 46º Congresso Mundial de Química
São João de Meriti 21 Campus Pontes para o diálogo Pinheiral 22 Campus Trilhas interpretativas
promovem aprendizado prático aos alunos de Pinheiral Volta Redonda 24 Campus Integração com a comunidade
Campus Realengo
Quintas Sensíveis: sensibilização e cuidado no cotidiano acadêmico
Q
uem disse que faculdade é lugar de corpo cansado, mente esgotada e pouco afeto? Essa é a retórica do Projeto Quintas Sensíveis. A iniciativa tem como objetivo formar uma rede de trocas e de suporte entre estudantes, servidores e professores para a construção de outras formas de encontro e diálogo no campus. A ação promove atividades artísticas e corporais que fomentam expressão, reflexão e uma rede de compartilhamento de experiências, produzindo abertura sensível no cotidiano acadêmico. O Quintas Sensíveis teve início em 2015, quando alunos da disciplina Corporeidade, do Bacharelado em Terapia Ocupacional, apresentaram à professora Fernanda Carneiro a necessidade de um espaço com trabalho voltado a corpo e mente, a sensações, relaxamento e trocas. Os alunos sugeriram as atividades, e, então, surgiu a ideia de se criar esse projeto – que é piloto, mas, até o final deste ano, será registrado como um Projeto de Extensão. Atualmente o Quintas está sendo desenvolvido pela professora Fernanda Carneiro e pelas alunas do Bacharelado em Terapia Ocupacional Rebeca Barros, Beatriz Moreira e Thayane Mayara. Nas oficinas, que ocorrem quinzenalmente no Laboratório de Corporeidade, de 15h às 16h30, são desenvolvidas atividades como yoga, dança, rodas de conversa, meditação, jogos e dinâmicas. A participação contempla os três cursos de Graduação do campus Realengo: Terapia Ocupacional, Farmácia e Fisioterapia. “O interessante nas atividades do projeto é que elas partem do que cada um sabe fazer. Muitas vezes as pessoas consideram pequenas as coisas que elas sabem, mas aquilo transmitido a um grupo se torna macro. É mágico poder transmitir esse conhecimento, que pode ser uma dança ou poesia. O Quintas tem dado um retorno muito bom para a gente”, afirmou Beatriz Moreira, dizendo ainda que considera essa troca transformadora e que pensa na ação como uma ferramenta de modificação social. Acerca da repercussão do projeto, a professora Fernanda Carneiro acrescenta: “Neste ano, vamos levar o projeto Quintas Sensíveis ao Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional,
Thayane Mayara, a professora Fernanda Carneiro, Rebeca Barros e Beatriz Moreira desenvolvem o Projeto Quintas Sensíveis.
em setembro. Essa é mais uma conquista dessa iniciativa”, comemorou. Relatos das organizadoras do evento apontam que um momento de ruptura da rotina contribui para outras formas de conexão com a instituição de ensino, na diminuição da evasão dos cursos e na aproximação e melhora na qualidade de relação entre os participantes. Além disso, o projeto estabelece um local de escuta e uma rede de cuidado para o estudante. Sobre essa importância, a psicóloga do campus, Lívia Brum, esclarece: “As pressões presentes no cotidiano podem gerar dificuldade em conciliar os âmbitos acadêmico e pessoal. Ao instaurar um ponto de encontro, o Projeto Quintas Sensíveis valoriza as relações interpessoais e as práticas prazerosas”. Ainda segundo a psicóloga, a convivência e o compartilhamento de experiências e reflexões podem favorecer a identificação de algumas das causas do mal-estar e a construção de uma gama de estratégias de enfrentamento desses desafios, cujo manejo pode se utilizar não só da expressão verbal e corporal, mas também do lúdico, da arte e da cultura. De acordo com as organizadoras do projeto, os seus resultados indicam uma necessidade de que as instituições de ensino repensem formas de cuidado para o estudante no cotidiano acadêmico, de maneira a também promover aprendizagem no estabelecimento de vínculos e de relações solidárias. 33
Campus Nilópolis
Um ‘jogo’ em que todo mundo ganha Monitores e alunos destacam a importância do trabalho em conjunto
A
vida acadêmica enfrenta desafios diários; um deles é o aluno aprender (e ser aprovado em) uma disciplina na qual tem dificuldade. Por isso, as aulas de monitoria são tão importantes no processo de aprendizagem; afinal, são um reforço para o estudante, que passa a ter uma oportunidade maior de tirar dúvidas sobre a matéria e fazer exercícios de fixação, aumentando assim as chances de compreender melhor o conteúdo. Além de ajudar os alunos, os benefícios se estendem aos discentes monitores, que desenvolvem autonomia, responsabilidade, argumentação, relação interpessoal e domínio dos conteúdos. Por essa razão, o campus Nilópolis disponibiliza aulas de monitoria. O foco são disciplinas em que o índice de reprovação é mais
elevado, e o objetivo é modificar esse cenário. No Ensino Médio, Matemática e Física são as matérias mais procuradas pelos estudantes. Já na Graduação, Pré-Cálculo e Cálculo I têm maior procura. A coordenadora da monitoria, Professora Aline Farves, destaca a importância dessas aulas. “Com a monitoria acadêmica, os discentes têm a oportunidade de vivenciar novas práticas e experiências pedagógicas, favorecendo a melhoria na produtividade tanto para o aluno monitor quanto para o aluno com dificuldade”, afirma. Foi assim com o monitor Bruno Pereira, que está no 7° período de Licenciatura em Matemática e auxilia nessa disciplina estudantes do Ensino Médio, e, em Cálculo I, alunos de Graduação. Ele diz que está desenvolvendo cada vez mais seu senso de responsabilidade, e, como faz Licenciatura e no futuro dará aulas, a monitoria torna-se um diferencial. “Além de receber a bolsa, posso ficar em contato com as disciplinas por mais tempo; aí fica mais difícil esquecê-las”, conta. E as aulas de Bruno já mostram resultados positivos. É o caso de Andreza Paes, que está no 2° período de Licenciatura em Química e frequenta há duas semanas a monitoria de Cálculo I. Ela conta que já viu melhoria nos seus resultados, mesmo em pouco tempo. “Precisamos estar sempre praticando, fazendo monitoria naquilo em que temos dificuldade, e assim teremos um melhor desempenho”, afirma.
O monitor Bruno Pereira e os alunos Jean Mafra e Andreza Paes.
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Quem também obteve boas notas foi Jean Mafra, que está cursando o 2° período de Licenciatura em Química e frequenta as monitorias de Cálculo I e Química Geral II. “Se não fossem as monitorias, eu estaria no 1° período ainda”, brinca. Há, porém, aqueles que ainda estão aguardando a melhoria nos resultados. É o caso de Maria Clara Nascimento, aluna do 4° período de Bacharelado em Química. Ela frequenta a monitoria de Cálculo I e, em uma escala de 0 a 10, classifica com nota 6 seu grau de dificuldade na disciplina. “Antes eu já tinha dificuldade na matéria, mas conseguia me virar sozinha. Só que agora estou sem tempo e preciso ir à monitoria”, pondera.
O benefício é para todos
As vantagens da monitoria não se resumem aos alunos que necessitam de reforço. Na verdade, também oferece aos monitores a chance de aprender com essa metodologia de ensino e de crescer profissionalmen-
te, pois podem desenvolver sua capacidade de ensinar os conteúdos adquiridos. Além disso, esse programa exige que os estudantes dos últimos períodos revisem sempre as matérias dos anos iniciais, mantendo na memória o conteúdo atualizado. Esse é o caso do monitor de Cálculo II e III Vinícius Gatzke, segundo o qual a monitoria traz benefícios não só agora, mas também para o futuro. “Ela me ajuda a ter um domínio dos conteúdos que são básicos tanto para a Graduação quanto para a Pós-Graduação”. Para ser monitor é preciso atender alguns pré-requisitos: é necessário que os candidatos já tenham sido aprovados na matéria que pretendem monitorar e, depois, realizem uma prova e uma entrevista que comprovem sua capacidade para ensinar determinada disciplina. Para mais informações, o aluno pode entrar em contato com o Programa de Monitoria Acadêmica pelo e-mail: promac.cnil@ifrj.edu.br.
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Campus Duque de Caxias
Educação inclusiva em destaque no IFRJ A integração de pessoas com deficiência no sistema de cotas
O
campus Duque de Caxias deu um grande passo para uma sociedade de inclusão. O debate Educação Inclusiva no IFRJ: considerações e ações a partir da nova Lei 13.409/16 foi realizado no dia 30 de março de 2017 e possibilitou que docentes, coordenadores de curso, equipe pedagógica e convidados discutissem sobre práticas de aprendizado para alunos com deficiência, agora incluídos na política de cotas das instituições federais. O documento prevê que a quantidade de vagas seja, no mínimo, “igual à proporção respectiva de negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade federativa onde está instalada a instituição”, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento de 2010, o Brasil tem 6,2% da população com alguma deficiência.
As convidadas para o debate foram: Helena Torquilho, pró-reitora de Ensino Médio e Técnico (Proet); Elizabeth Augustinho, pró-reitora de Ensino de Graduação (Prograd); Márcia Guerra, coordenadora geral de diversidade; Cíntia Santos, diretora pedagógica da Proet; e o convidado Vanderson Amaral, revisor de textos em braille do IFRJ e que possui deficiência visual. Para Elizabeth Augustinho, cabe às Pró-Reitorias acompanhar e orientar os campi em relação ao acolhimento a esse estudante com deficiência, de modo que sua permanência e êxito prevaleçam. “O professor deve buscar se adequar a essa nova realidade, acolher esse estudante e, caso seja necessário, solicitar auxílio de profissionais qualificados e orientação, podendo também recorrer à formação na área. Trazer à tona essa discussão é fundamental para o Instituto, pois o princípio da educação inclusiva faz parte da nossa missão institucional.
Leandro Pereira é aluno da Licenciatura em Química e representante dos discentes no NAPNE. Ele participa das reuniões do núcleo e destaca que percebeu melhorias no campus.
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Integrantes de Pró-Reitorias participaram do debate “Educação inclusiva no IFRJ: considerações e ações a partir da nova Lei 13.409/16” no campus Duque de Caxias.
Com a promulgação da Lei nº 13.409/16, essa demanda será cada vez maior”, diz Elizabeth. Ana Caroline Chaves, intérprete de LIBRAS do campus Duque de Caxias, diz que a lei pode acelerar as adaptações em acessibilidade das instituições federais tanto na estrutura física quanto na humana, já que poderão surgir capacitações dos professores e funcionários para atender bem a esse público. “Também será um estímulo para que as pessoas com deficiências completem seus estudos nos ensinos médio e superior”, conta. Como secretária do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) local, Ana Caroline afirma que o grupo contribuirá no processo de inclusão trazendo recursos, projetos e capacitação a toda a comunidade escolar a fim de esclarecer e informar sobre as particularidades dos alunos com deficiência. Ela acredita que a lei é um marco na história da educação brasileira, especificamente no campus Duque de Caxias, que promoveu a re-
alização do debate. “Por meio dessas leis, esse público pode encontrar novas possibilidades na formação profissional com ações que contemplem e respeitem suas especificidades como aluno e cidadão”. Aluno da Licenciatura em Química e representante dos discentes no Napne, Leandro Pereira tem 31 anos e possui deficiência física. Ele participa das reuniões do núcleo e destaca as melhorias que percebeu no campus após seu ingresso no 2º semestre de 2013. Para ele, a Lei nº 13.409/16 é de grande importância na vida das pessoas com deficiência, pois é uma forma de incentivo à procura de uma qualificação. “Eu vejo o empenho dos professores, dos técnicos administrativos, todo mundo com a intenção de melhorar a estrutura do campus em termos de atitude, e acho importante destacar isso. Graças ao Napne, hoje temos vagas reservadas, mesas adaptadas... Tudo isso, para mim, é um avanço”, comemora.
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Campus Niterói
Cultivando conhecimento e oportunidade
O
curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) foi a primeira semente plantada pelo campus Niterói. A cada aula, o cultivo é feito coletivamente, e novos campos se abrem. É o que percebem as alunas Ana Paula Siqueira, Juliana Cunha e Larissa Krstic, do curso de Assistente de Administração em Organização e Métodos, no qual entraram com o intuito de se qualificarem no setor, mas se surpreenderam com o ensino e a oportunidade de refletir temas amplos, que vão além do contato com os professores. Não limitada a conhecimentos técnicos, Ana Paula consegue a cada aula desenvolver questões socioculturais. “Existe essa possibilidade de olharmos ao redor e pensarmos sobre economia, política e sociedade. Não é mais uma aula em que você chega, senta e só ouve”, diz a estudante, que passou a levar 8
o aprendizado para além da sala: “O grande diferencial é essa nova percepção de tratar o humano; é o ser humano sendo trabalhado como um todo. Ampliou os horizontes”. A turma destacou que o pouco tempo de curso não restringe o conhecimento. A possibilidade de ver teoria e prática colabora com a observação do dia a dia e com a visão de que a formação cidadã transformará o futuro delas, futuras profissionais, e da sociedade. “Isso traz uma alteração de dentro para fora nas nossas vidas. Estamos aprendendo de fato, e isso a gente leva adiante; vai além de currículo ou de questões de mercado”, ressalta Ana Paula. Juliana, que inicialmente viu o FIC como uma forma de especialização para alcançar o primeiro emprego, hoje já tem maiores perspectivas. “Além de pensar em questões de
trabalho, o FIC está me ajudando como pessoa e me incentivou a buscar mais cursos de aperfeiçoamento na área”, explica. “Administração não é só ‘coisa de secretária’; fala muito sobre pessoas. Antes eu achava que elas eram quase como robôs, agora eu entendo que todos têm suas particularidades, seus interesses e formas de refletir”, enfatiza.
Germinar nem sempre é fácil O tempo gasto no deslocamento para o curso, que pode chegar a 3 horas para quem mora em municípios vizinhos, e o preço do transporte são apontados como fatores que dificultam o acesso. “Eu moro longe, então é caro, porque só tem uma linha de ônibus. É uma escolha que tenho que fazer: ou o curso ou outras coisas”, aponta Juliana, que gasta aproximadamente 30 reais de passagem por dia.
cada um, temos contato com várias realidades e visões, o que colabora na criação de uma sensibilidade para perceber que os outros pensam diferente na sociedade. E, como assistentes administrativos, vamos lidar com pessoas; então temos que entender que a sociedade não é composta por um padrão, e sim pela diversidade”. Partilhar é uma palavra que também passou a fazer parte do dia a dia de Juliana – ela comenta a dificuldade que tinha de conversar e lidar com outras pessoas e como tem conseguido superar isso por meio do curso. “Para mim, a oportunidade que tenho é o acesso ao conhecimento e a possibilidade de repassá-lo, não guardar o que aprendo só para mim. Hoje percebo que posso expor minhas ideias e absorver as de todos, não só dos professores, mas também dos colegas”, conclui.
Cada aluno tem uma bagagem de conhecimento e seu próprio ritmo, mas nas aulas o que era obstáculo se torna objeto de troca. “Eu vejo que alguns têm dificuldade em relação a assimilar o conteúdo com o ritmo do curso; é uma questão bem pontual. Mas temos uma relação muito boa, e nos debates que levantamos é possível resolver uma boa parte disso. Nossa troca de ideias colabora para ajudar a superar essas questões de aprendizado”, destaca Larissa.
Partilhando os frutos As conversas em turma são um grande acréscimo na formação, diz Larissa: “Aprendemos com a diversidade de origem e forma de compreensão de
Após o FIC, Juliana pretende seguir os estudos com o curso técnico na área administrativa, que o campus oferecerá ainda em 2017.
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Campus Paracambi
Formação além da Acadêmica
Alunos atuam na organização de eventos, desenvolvendo noções de coletividade, disciplina, divisão de tarefas, entre outros aspectos
Monitores Larissa Gomes e Mateus Nascimento (em primeiro plano) durante oficina de dança africana.
A
s atividades no ambiente externo à sala de aula, a abordagem diferente do modelo tradicional de aprendizado e a ação dos alunos na organização das palestras são as principais características dos eventos organizados pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, o Neabi. Desde o primeiro encontro, em novembro de 2015, o Neabi do campus Paracambi recebe a ajuda dos alunos para o preparo das palestras, e a cada ocasião o número de membros aumenta. Joyce Rocha, coordenadora do Neabi em Paracambi, explica que no início contava com o auxílio de cinco monitores; quatro eventos depois, o grupo já contabiliza 20 alunos. “A cada evento que passa há mais alunos interessados em entrar no grupo de organizadores, e isso é reflexo do trabalho dos monitores. 10
Só no último evento foram cinco novos alunos do Ensino Médio e um de Licenciatura em Matemática”, ressalta a coordenadora. Ainda de acordo com Joyce, na organização dos eventos os alunos absorvem muito mais que os conteúdos trabalhados no dia. Desenvolvem noções de coletividade, disciplina, divisão de tarefas e gestão de crises ou imprevistos. As funções básicas dos alunos incluem monitorar oficinas, elaborar material de divulgação, fazer cadastramento, conduzir os palestrantes e verificar os equipamentos de som. A aluna Vitória Morena, do terceiro período do curso Técnico de Eletrotécnica, faz parte do grupo de monitores desde a segunda ação do núcleo. “Organizar os eventos do Neabi é uma causa que me deu sentido dentro do campus, me fez permanecer aqui e é gratificante. Eu não vejo como mais uma obrigação”, pondera.
Nos eventos, os alunos têm acesso a questões importantes relacionadas à cultura e à vida em sociedade, por meio da vivência dos palestrantes e convidados. E além de variar a rotina do estudante, os eventos possibilitam a troca de conhecimento dos alunos de Licenciatura com os alunos do Ensino Médio. No III Encontro do Neabi, as alunas Mariana Melquíades, Nathalia de Azevedo e Glauce de Assis apresentaram aos alunos do Ensino Médio o minicurso A Matemática e as Culturas Africanas, desenvolvido em aula e orientado pela professora Janaína Corenza. O projeto já foi apresentado, em 2016, no Encontro Nacional de Educação Matemática (Enem) em Tatuapé, São Paulo. “Apresentar o curso no campus acrescenta muito na minha vida profissional e no tato de lidar com os alunos de várias idades”, conta Mariana, aluna do 7º período da Licenciatura em Matemática.
Experiências dos organizadores “Minha maior motivação para entrar no Neabi foi minha indignação com o racismo; por isso, eu quis participar e ajudar a abordar esse tema aqui no campus” Alexandra Higino, aluna do 5° período de Técnico em Mecânica. “Quando eu entrei no Instituto, percebi que não era uma escola focada só no estudo e nos conteúdos aprendidos em sala. Isso despertou essa vontade em mim, pois quero carregar uma bagagem cultural também” Larissa Gomes, aluna do 5° período de Técnico em Mecânica. “É um jeito de nos distrairmos das semanas e dos aprendizados convencionais e adquirirmos conhecimento sem sentir” Márcio Saraiva, aluno do 5° período de Técnico em Mecânica. “A gente se diverte e, mesmo quando há trabalho ou prova para o outro dia, nós não nos importamos em trabalhar, porque é muito recompensador” Gleiciane Maciel, aluna do pré-vestibular. “Eu me sinto honrado de estar dentro do evento pela temática do núcleo, um tema que eu, particularmente, gosto de abordar” Mateus Nascimento, aluno do 5° período de Técnico em Mecânica. “A agitação em dia de evento é motivadora, e participar desse processo de aprendizagem é muito importante para nossa formação” Ivan Carvalho, aluno do pré-vestibular.
Dinâmica no minicurso ofertado pelas alunas de Licenciatura em Matemática.
“Geralmente são eventos grandes, que podem durar até um dia inteiro. E a escola tem muitos alunos, então é importante a gente ajudar” Vitória Nascimento, aluna do 5° período de Técnico em Mecânica.
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CAPA
Dificuldade de concentração nos estudos tem diferentes motivos A InFormação foi em busca de alguns deles e dá dicas de como os superar
A
dificuldade em se concentrar nos estudos, ou até mesmo em conseguir absorver o conteúdo, é algo que permeia o dia a dia de boa parte dos estudantes. Para entender melhor os motivos que podem levar a essas dificuldades e apresentar possíveis soluções para melhorar o foco na hora de aprender e relembrar a matéria, a InFormação conversou com Lívia Brum, psicóloga do campus Realengo do IFRJ, que, em parceria com os servidores da Coordenação Técnico-Pedagógica (CoTP), realiza uma roda de conversa com alunos da Graduação sobre qualidade dos estudos. Lívia destaca que as dificuldades nos estudos foram vistas de diferentes perspectivas, de acordo com o contexto histórico. Ainda segundo a psicóloga, na contemporaneidade, a escola tem sido influenciada pelo individualismo, pela medicalização do quotidiano, pela meritocracia, pela intensa velocidade, pela produtividade, pelo consumismo e pela descartabilidade. “É importante colocar em xeque a visão tradicional sobre a dificuldade nos estudos,
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que propõe um parâmetro rígido sobre o que seria o ‘normal’. Nessa visão, os estudantes que não se encaixam nessa norma precisam se adaptar a essa ‘fôrma’, que desconsidera as diferenças entre as pessoas e localiza no aluno as causas das ditas dificuldades. A queixa escolar seria um sintoma individual, podendo ser visto como uma patologia a ser tratada com psicoterapia e/ou medicação, criando estereótipos, que rotulam as pessoas”, alertou. Em contrapartida, a profissional aponta na direção de outra perspectiva, a qual ressalta que as causas da dificuldade de estudo são amplas e complexas, sendo constituídas por fatores biológicos, psicológicos e sociais, intimamente correlacionados. Assim, o aluno precisa ser compreendido de forma integral. “O acolhimento, a escuta e o diálogo são ferramentas importantes no enfrentamento das dificuldades nos estudos. A construção de estratégias de manejo não possui regras, já que cada aluno tem o seu próprio contexto de vida. Não há respostas prontas, mas algumas perguntas podem favorecer o aluno
a refletir sobre sua realidade, construindo um conhecimento sobre si, verificando o que o auxilia ou não nesse processo”, afirma, destacando ainda a necessidade de um olhar ampliado para a heterogeneidade de fatores que atravessam o processo de ensino–aprendizagem, os quais incluem os aspectos histórico, político, econômico, institucional e pedagógico. Além dos alunos, Lívia enfatiza que os profissionais, os familiares, as unidades educativas e a comunidade podem influenciar no processo educativo, o que demanda uma intervenção ampliada, que abarque os âmbitos individual e coletivo, os quais são correlacionados.
Alguns alunos apenas tentam decorar, a fim de reproduzir conteúdos que nem sempre fazem sentido para eles nem têm relação com seus contextos de vida. Por vezes, eles podem obter uma boa nota na prova, mas esquecer as informações após uns dias. Em contrapartida, caso o estudante tenha conseguido articular os seus antigos e novos conhecimentos, ele pode efetivamente compreender os conteúdos, tendo aprendizagens significativas. “Além disso, a concepção de prova como um mecanismo segregador entre ‘vencedores’ e ‘fracassados’ pode gerar ansiedade em uma gama de estudantes. Alguns, inclusive, relatam ‘brancos’ em provas, em que ‘esquecem’ conteúdos já aprendidos”, afirma a psicóloga.
Dentre os vários aspectos que poderiam ser discutidos na reflexão sobre as dificuldades nos estudos, destacaremos, a seguir, cinco.
Processo de ensino–aprendizagem “A escola tem estimulado uma educação pautada na memorização de informações ou baseada na reflexão? A avaliação é vista como uma prova que quantifica o cumprimento de metas através de décimos ou uma forma de acompanhamento contínuo do processo de ensino–aprendizagem?”, questiona Lívia.
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CAPA
Faz-se importante repensar o erro enquanto oportunidade de revisão de percursos e a prova como mais um exercício cotidiano, o que demanda a construção de hábitos de estudo, que por vezes não existem quando o aluno opta por estudar apenas na véspera das avaliações.
Campo institucional
A escola considera a dificuldade de aprendizagem um conflito a ser abolido ou uma oportunidade para rever as suas próprias práticas? “Por vezes, tudo o que difere da regra da escola gera uma dificuldade, que precisa ser ‘consertada’, a fim de que o aluno se adapte ao ‘molde’ passivamente. Em contrapartida, o conflito pode colocar o próprio funcionamento da escola em xeque, abrindo espaço para a criatividade, a negociação e a inclusão da diferença”, destaca Lívia. É importante estimular a autonomia do estudante, valorizando o seu protagonismo em assembleias de caráter deliberativo e em grêmios estudantis, a fim de que ele possa participar da transformação desse espaço.
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Singularidade de cada aluno
É importante identificar a motivação em estudar. O aluno tem interesse pelo curso ou o faz por pressão? A abordagem pedagógica estimula o desejo ou o desinteresse por estudar? Qual a função dos estudos para o estudante? O estudante tem “déficit de atenção” ou o seu foco está em outros pensamentos que invadem a sua mente durante os estudos? Seria possível aos estudantes falar desses pensamentos em algum momento, a fim de que não precisasse apenas suprimi-los devido aos estudos? O lazer tem sido uma possibilidade nos intervalos de estudos ou vivenciado como algo extra? Por vezes, com o grande volume de estímulos rapidamente propagados de forma simultânea, os alunos privilegiam o lazer, sendo difícil interromper esse fluxo para estudar. Em outros casos, usufruem do lazer, mas se sentem culpados, pois isso dificulta que eles respondam a todas as demandas. “Além disso, alguns alunos compreendem os estudos como possibilidade de uma mudança de vida, o que gera ansiedade por trazer à tona o encontro com o desconhecido. Em al-
guns casos, ocorre a procrastinação na realização de trabalhos de conclusão de curso (TCC). Em contrapartida, outros estudantes apontam a necessidade de eleger os estudos como única prioridade de vida, já que ele pode ser uma forma de preencher um vazio existencial ou evitar pensamentos que lhe geram angústia”, problematiza Lívia. Uma dica interessante para buscar o equilíbrio é utilizar uma ferramenta que possibilita realizar alguma gestão do tempo, em que a vida pessoal seja incluída, não estando o aluno restrito apenas às atividades pedagógicas (ou vice-versa). O recurso (agenda, quadro de horários, lista de tarefas ou outro) deve ser utilizado de forma flexível, permitindo a constante revisão de prioridades e a realocação de atividades, a fim de não engessar nem causar ansiedade no estudante por não ter cumprido uma meta. Por vezes, a reorganização de horários pode necessitar de um diálogo com a família, a fim de solicitar apoio, discutir prioridades e negociar mudanças na rotina.
Ambiente propício aos estudos
Com o intuito de minimizar um possível desgaste físico e/ou mental, é preciso analisar o local e avaliar: se a luminosidade dele facilita ou dificulta a leitura; se o calor ou o frio são excessivos nesse ambiente; se, caso haja muitos ruídos ou música no espaço, eles capturam a atenção do estudante, desviando o foco; se o local é reservado ou fica na passagem de outras pessoas, colocando quem está tentando estudar no centro das atenções; se, caso o local seja considerado um fator que dificulte os estudos, é preciso pensar na possibilidade de transformá-lo ou de utilizar outro ambiente.
Uma das dicas da psicóloga Lívia Brum é utilizar alguma ferramenta que possibilte a gestão do tempo
Também é necessário analisar se manter a televisão ligada e o celular próximo, tocando e/ ou notificando a chegada de novas mensagens com frequência, desvia a atenção durante os estudos. Em caso afirmativo, melhor mantê-los desligados enquanto busca concentração.
Técnicas e métodos de estudo
Existem técnicas e métodos que podem ser adotados ou transformados, a fim de que se atenda à realidade do aluno. Dentre elas, destacam-se: o fichamento, o resumo, o esquema, a resenha, o manuseio de bibliotecas e repositórios virtuais. “A participação em monitoria acadêmica também pode ter um impacto positivo nos estudos, sendo os monitores mediadores no processo de ensino–aprendizagem dos demais estudantes, que ocorre através da interação, da colaboração mútua e do compartilhamento de informações, questionamentos e hipóteses, ressignificando pontos de vista e construindo conjuntamente o conhecimento”, finaliza Lívia.
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CAPA
Ansiedade: o mal do século
V
ocê já deve ter sentido frio na barriga na véspera de alguma situação importante, como uma prova de vestibular ou uma viagem esperada. Agora imagine ter a mesma sensação com uma frequência maior e em situações não tão importantes assim. Esse é o cotidiano das pessoas portadoras do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Frio na barriga, insônia, sensação de falta de ar e dificuldade de relaxar são alguns dos sintomas da doença. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o líder na lista de países com maior incidência do TAG. Cerca de 9,3% da população perde o sono, literalmente, devido ao problema. Entre os jovens a situação não é diferente. Segundo o psiquiatra, professor e escritor brasileiro Augusto Cury, em seu livro Ansiedade, como Enfrentar o Mal do Século, a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) está presente na sociedade moderna devido à rapidez e urgência dos acontecimentos. O resultado, segundo o autor, é o desencadeamento de doenças como o TAG e até mesmo a depressão, chamada por ele de “último estágio da dor humana”. Entretanto, o psicólogo e coordenador do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor do IFRJ, Fernando Beserra, ressalta que a ansiedade por si só não é necessariamente um problema, sendo importante para que o indivíduo possa encontrar maneiras de finalizar uma situação que lhe causa agonia. Fernando explica que o problema surge, de fato, quando essa aflição impede a pessoa de 16
fazer tarefas normais, como ir ao trabalho ou sair com os amigos. E essa mistura de ansiedade e medo em momentos de perigo, sejam eles reais ou imaginários, pode vir à tona por meio de diferentes motivos. “Elementos como fatores genéticos, psicológicos e sociais são associados aos casos dos pacientes. Porém, os transtornos mentais são fenômenos complexos, e, por isso, a causa só pode ser diagnosticada com a ajuda de um especialista”, ponderou. Nos casos de dificuldade de aprendizado, o excesso de tarefas e de informação do mundo moderno – como, por exemplo, o intenso uso da internet – pode impedir a resolução de problemas e, assim, levar o indivíduo a desenvolver a patologia. Entre os sintomas mais comuns do TAG estão: dores de cabeça e musculares, queimação no estômago, taquicardia (coração disparado), tontura, formigamento, falta de ar, sudorese fria. Também ocorre com frequência insônia, dificuldade para relaxar, tensão, nervosismo ou irritação. Em alguns casos, lapsos de memória (“branco na mente”) também são considerados parte da doença. Os sintomas são parecidos com uma ansiedade eventual. Fernando aponta a importância de entender que há dois tipos de ansiedade diferentes: “A ansiedade pontual ocorre como parte biológica do indivíduo; já o Transtorno de Ansiedade Generalizada acontece com frequência e afeta a rotina de quem sofre da doença”, alerta. Para o supervisor, práticas simples como adequadas horas de sono, meditação, boa alimentação, realização de atividades físicas regulares, convívio social e lazer podem promover o bem-estar de alguém com sintomas ansiosos.
Campus Rio de Janeiro
O futuro passa pelo betacariofileno
C
om o projeto intitulado Desenvolvimentos de Formulações, a partir da Nanotecnologia, Viabilizando o Uso de Hidrocarbonetos Bioativos, os ex-alunos do IFRJ – campus Rio de Janeiro – Daniel Castro e Fabrício Santos buscam, por meio de nanoformulações, viabilizar o uso da substância química betacariofileno, tornando-o tanto seguro quanto eficaz, já que, se as pessoas ingerissem o composto sem um sistema farmacêutico adequado, ele não causaria efeito, pois seria liberado sem absorção nenhuma.
análises de controle como ultravioleta, infravermelho, calorimetria, avaliações de tamanho, dispersão e uniformidade, além de contas, modelos matemáticos e estatísticos. Eles também buscam avaliar tanto novas atividades biológicas do composto quanto as concentrações seguras de seu uso. Fabrício conta que o projeto está em fase de novos testes mais complexos e que demandam trabalho e tempo. “Ensaios futuros que nos dirão quais rumos deveremos tomar frente às nanoformulações que conseguimos desenvolver”, explica.
Um dos objetivos do trabalho consiste em buscar um tratamento alternativo ao câncer de mama com a utilização do betacariofileno. Os estudantes também visam melhorar a solubilidade da substância, descobrir a sua concentração segura e a sua possível toxicidade. O projeto, conduzido nos laboratórios do IFRJ e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conta com a orientação da professora do Curso Técnico de Fármacia Vivian Almeida.
Vivian acredita que o trabalho beneficiou toda a equipe. “Esse projeto foi bastante enriquecedor e possibilitou a nossa participação nas mais importantes feiras de Ciências nacionais e internacionais”, conta. O projeto também teve a colaboração da professora Sheila Reis, que auxiliou os alunos nos experimentos de citotoxicidade.
Os procedimentos tomados são primeiramente para preparo das nanoformulações – como complexação com “cones de açúcares” denominados ciclodextrinas e preparo de partículas de tensoativos. A partir daí, são feitas
Fabrício, a orientadora e professora Vivian e Daniel.
Foi esse trabalho de pesquisa que fez os alunos alcançarem o segundo lugar na categoria Environment Health and Desease Prevention, da Sustainable World – Engineering Energy Environment – Project (I-Sweeep), a Feira Internacional do Mundo sustentável – Engenharia Energética e Meio Ambiente –, realizada em Houston, nos Estados Unidos. Daniel comemora a colocação em que o projeto ficou. “Representar o IFRJ no exterior é uma sensação fantástica e extremamente gratificante. Só a participação já era algo incrível; ser premiado foi algo inimaginável, mas, ao mesmo tempo, foi o fruto de um longo trabalho feito com muita dedicação”. Fabrício concorda com o companheiro de projeto. “Tivemos uma troca cultural e de conhecimento científico muito grande. Além disso, é algo único representar o Brasil como um país também da Ciência, não só do carnaval”, destaca. Vivian se mostra satisfeita com a participação do trabalho na feira. “Durante todo o desenvolvimento, trabalhamos bastante buscando resultados promissores e que nos levassem a um projeto realmente competitivo. Fiquei muito orgulhosa dos meus alunos de iniciação científica”. 17
Campus Arraial do Cabo
Assistência Psicológica Escolar Auxilia Jovens na Luta Contra a Depressão
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ngústia, tristeza, aperto no coração, sofrimento sem fim. Há quem perca o chão, a fé e até a vontade de viver. Comer, dormir, sair de casa, levantar-se da cama, nada disso faz sentido. Quem sente ou sentiu na pele os sintomas da depressão entende bem do que se trata. Aqueles que não passaram pelo problema apenas imaginam o que seja, e alguns pensam se tratar de algo sem tanta importância. A depressão atinge hoje cerca de 7% da população mundial, segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizada nos últimos três anos. Ainda segundo estatísticas, a maior parte desse número de diagnosticados com depressão e afins é composta por jovens entre 12 e 17 anos.
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Uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, acessou (entre 2005 e 2014) dados de 176.245 adolescentes de 12 a 17 anos e de 180.459 adultos com 18 a 25 anos. E o resultado foi preocupante: analisando as respostas de questionários ligados ao bem-estar psíquico, a taxa de jovens que reportaram ter sofrido algum episódio de depressão subiu 37%. Por esse motivo, o acompanhamento profissional se torna essencial para que esses jovens não se afundem na depressão. Nos dias de hoje, escolas e faculdades já disponibilizam aos alunos o atendimento psicológico profissional. Um exemplo disso é o IFRJ, que, por meio da Coordenação Técnico-Pedagógica e Psicológica (CoTP), possibilita aos discentes receber atendimento profissional.
Como funciona o acompanhamento
O psicólogo Luiz Henrique Alves da Silveira explica que é possível categorizar em grupos a busca pelo serviço de Psicologia no campus. A maior parte das pessoas que recorrem a esse serviço buscam orientação ou um espaço de escuta. Há grupos formados por alunos passando por momentos de maior desorganização em suas vidas e que querem manter o acompanhamento por um período prolongado, o qual é organizado em encontros semanais com duração média entre 50 e 60 minutos. Alguns servidores docentes e servidores administrativos também acessam o serviço de Psicologia, seja para encaminhar ou discutir situações relacionadas a alunos, seja para conversar sobre questões focadas fora da escola. Para falar sobre o assunto, entrevistamos alguns alunos que receberam esse tipo de ajuda. Os nomes apresentados na reportagem são fictícios, para preservação da identidade desses estudantes. “Foi importante procurar a CoTP, pois, além de ser gratuito e de ótima qualidade, está no ambiente escolar. Para alguns colegas, é muito melhor terem um atendimento desses na escola, já que em casa não possuem apoio dos pais e não têm como recorrer a um psicólogo de fora. Ou até para quem resiste a esse tipo de ajuda, como eu resistia, fica muito mais fácil ceder e buscar atendimento, justamente por estar naquele ambiente e por você ver outras pessoas passando pelo mesmo”, Astor, 19 anos. “Esse tipo de suporte é essencial para todos os alunos, principalmente aqueles que não têm suporte psicológico da família e amigos para estar no Instituto ou para não desistir na primeira barreira. Oferecer esse recurso de forma gratuita e anônima facilita muito o contato do profissional com o aluno e também os incentiva a buscar ajuda quando se vê a necessidade. Ver que o programa estava ajudando um amigo me incentivou muito a acreditar que esses atendimentos também poderiam me ajudar”, Valadares, 19 anos.
“A princípio, busquei o atendimento por achar que minha timidez estava afetando minhas apresentações de seminário e, consecutivamente, afetando o meu grupo também. Depois percebi que eu precisava desse atendimento para tratar questões familiares mal-resolvidas. A questão de ser gratuito ajuda bastante aqueles que precisam, mas não têm condições de custear esse atendimento. Comecei a buscar essa ajuda através de A. e G. [duas amigas], que me encorajaram a buscar o atendimento. A e G já faziam atendimento e me falavam que era bom; isso me motivou a ter mais vontade de ir. Sobre a assistência psicológica do campus, eu só tenho a elogiar, pois temos um ótimo profissional, que está disposto a ajudar os alunos, independente se está ou não no seu horário de atendimento. As conversas com o psicólogo me ajudaram bastante; aprendi a controlar meu nervosismo ao apresentar trabalhos em público e descobri problemas familiares que estavam me afetando, e eu não percebia. Dessa maneira, pude trabalhar junto com o Henrique [psicológico] formas, maneiras”, Vasconcelos, 19 anos. “Quando pensamos num conceito ampliado de saúde, passamos a entender como positiva toda e qualquer ação que busque promover melhores condições de saúde para as pessoas. Essa para mim é a principal importância da oferta do serviço de acompanhamento psicológico em um ambiente escolar. Esse acompanhamento pode ser oferecido a todos os atores que integram a escola”, Gomes.
Os alunos do IFRJ que desejam receber assistência psicológica podem ir à CoTP, que fica na sala 104 do campus Arraial, na Rua José Pinto de Macedo, s/nº. O atendimento é 100% gratuito e anônimo. Para mais informações, ligue:
(22)
2622-9200.
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Campus São Gonçalo
Aluna do campus São Gonçalo no 46º Congresso Mundial de Química Pesquisa sobre a Typha Dominguensis foi aprovada para evento internacional
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iscente do campus São Gonçalo, Julya Emmerich, de 20 anos, será a representante do IFRJ no 46º Congresso Mundial de Química. O projeto de pesquisa da aluna foi aprovado para apresentação no International Union of Pure and Applied Chemistry (Iupac), que será realizado de 7 a 13 de julho, em São Paulo.
O Estudo Fitoquímico de Plantas de Arraial do Cabo tem tentado mapear, isolar e identificar as substâncias presentes nas plantas. Essas substâncias podem ser submetidas a ensaios para se tentar atribuir a elas alguma atividade biológica, como, por exemplo, o tratamento de doenças ou a modulação de vias bioquímicas importantes.
A pesquisa da estudante tem como foco definir o perfil químico da planta aquática Typha Dominguensis, conhecida popularmente como Taboa. O tema foi escolhido pela orientadora de Julya, a professora de Química Orgânica do IFRJ Luiza Maria de Magalhães Camargo: “No campus Arraial do Cabo, eu realizei uma pesquisa de campo sobre plantas aquáticas; foi como eu descobri a Typha Dominguensis. Sendo assim, achei interessante trazer esse tema para ser aplicado em sala de aula e ter um trabalho maior sobre as restingas da região dos lagos”, relata a professora.
A assembleia do Iupac é um encontro com muito peso para o setor de Química e acontece pela primeira vez no Brasil. Sendo assim, Julya teve a percepção de que essa seria uma ótima oportunidade para expor seu trabalho e ter reconhecimento na área: “O meu interesse em participar da Assembleia da Iupac é por ser um congresso muito importante, reconhecido e conceituado na área da Química e por ser próximo; geralmente acontece longe. O próximo provavelmente não vai ser fora do Brasil, e é uma oportunidade única de ter um evento desse porte tão perto”.
A disciplina ministrada pela professora é uma das matérias preferidas da estudante, que diz ter muito interesse em Química Orgânica; por isso, o projeto a atraiu com mais facilidade. E relata que a professora Luiza a acompanhou durante todo o projeto. “A Luiza foi minha primeira e única orientadora; eu estava no quarto período quando começamos o projeto. Hoje eu sou aluna de Farmácia na Universidade Federal Fluminense (UFF), mas ainda mantenho o projeto em parceria com a professora no IFRJ”, conta Emmerich.
Em relação aos custos que teria para inscrever o trabalho no congresso, Julya teve receio de não conseguir o valor; por isso, fez uma cotização, a fim de obter a quantia necessária. “Foi meio desesperador, porque é bem caro para fazer a inscrição no congresso. Mas daí eu criei a ‘vaquinha’ e postei no Facebook. Meus amigos e familiares viram, e muita gente compartilhou, inclusive professores do IF. E o valor já foi quase alcançado”, comemora.
Já o professor de Química e coorientador da pesquisa, Vitor Santiago, relata que o projeto
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As expectativas são altas para Julya, que não vê a hora de apresentar o projeto. Ela pretende que ele seja relevante no evento, mesmo sendo apresentado em forma de banner.
Campus São João de Meriti
Pontes para o diálogo Representantes de turma são a principal ligação entre as aspirações dos alunos e a direção do campus
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om apenas um ano de funcionamento, o campus São João de Meriti vem constituindo sua política interna com o auxílio dos representantes de turmas. Os discentes representantes atuam como mediação entre os alunos e as diferentes instâncias do campus, sendo de grande importância para o crescimento e o fortalecimento dessa relação. Além de querer evidenciar a visão dos educandos, o campus busca uma autoavaliação diante das diversas questões levantadas. “São reflexões necessárias para definirmos e, quando preciso, redefinirmos as ações da gestão nos diferentes setores”, afirma o pedagogo do campus, Luiz Alberto Chaves, enfatizando ainda que a Coordenação Técnico-Pedagógica (CoTP) é um setor fundamental para a existência desse processo dialógico. Luiz Alberto comentou, ainda, sobre a importância da aproximação com os alunos como forma efetiva de crescimento. “Temos a oportunidade de ouvir os seus anseios e refletir sobre a nossa atuação na sociedade, mesmo em uma dimensão micro”. Ainda segundo o pedagogo, dessa maneira, a instituição passa a ter ações mais democráticas e uma visão externa e mais ampla das necessidades da comunidade. A analista de sistemas Luciana Anklin, de 40 anos, é representante da turma do curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) de Inglês
As representantes de turma Mariana Barbosa, Midiã da Silva, Luciana Anklin e Silvia dos Santos.
para Leitura e se considera uma mediadora do Instituto. “Eu me enxergo como uma figura de grande importância para a melhoria da turma, pois colho as percepções e dificuldades como um todo e as levo às reuniões com os diretores”, explicou. Já a representante do curso FIC de Espanhol Básico, Midiã da Silva, de 17 anos, acredita que, como representante, deve dedicar-se mais à vida escolar para conseguir um bom desempenho. “Creio que as responsabilidades aumentaram e, devido a isso, preciso dar exemplo com boas notas e ser uma boa aluna dentro de sala de aula, além de absorver as necessidades gerais da turma”, ponderou. Visando aumentar a valorização da figura dos representantes de turmas e estreitar a aproximação do corpo discente com a direção do campus, acontecem, periodicamente, reuniões para ouvir as demandas apresentadas por eles. Esses encontros sempre contam com a presença do pedagogo Luiz Alberto Chaves, do diretor-geral do campus, Sérgio Moraes, e do diretor de Ensino, Isaac de Souza.
Relevância do campus e melhorias na comunidade
Mariana Barbosa, de 23 anos, representante do curso FIC de Administração de Negócios, Comércio e Serviços, comentou sobre a importância do IFRJ – campus São João de Meriti – para a região. “Acredito que o IFRJ veio para mudar a educação da cidade. Tanto eu quanto meus familiares estamos muito satisfeitos e encantados com a qualidade dos cursos oferecidos”, afirmou. Já Silvia dos Santos, de 52 anos, representante do curso FIC de Qualificação Básica em Informática, Linguagens e Empreendedorismo, enfatizou as mudanças que o IFRJ trouxe a quem mora próximo ao campus. “Eu moro em frente à instituição e já vejo melhorias em relação à cidadania, além de notar a vizinhança mais organizada e segura”, destacou. 21
Campus Pinheiral
Trilhas interpretativas promovem aprendizado prático aos alunos de Pinheiral
Trilhas tornaram-se um ambiente de aprendizado prático para alunos do campus, de outras instituições e também da sociedade.
A
s trilhas interpretativas do Espaço Ecológico Educativo (EEcoE) do campus Pinheiral – quase um ano após serem inauguradas, em junho de 2016 – tornaram-se um ambiente de aprendizado prático que proporciona vivência na natureza aos alunos do campus, de outras instituições e também da sociedade. O EEcoE é um laboratório com aproximadamente 34 hectares, criado com o intuito de despertar a consciência ambiental e servir de instrumento de aprendizado a todos que o visitam. O local é divido em cinco trilhas, cada uma com tamanho e dificuldades diferentes: a trilha de Acesso; do Tucano; da Sapucaia; da Mata Aluvial e a Trilha de Circuito Completo. Naíla de Sá, estudante do 3º ano do Curso Técnico em Meio Ambiente, é estagiária do EEcoE e participou ativamente do processo de criação das trilhas. “Aquele momento antes da inauguração foi de muito trabalho para tudo dar certo”, comentou. A discente aponta, ainda, que foi um período de muito aprendizado. “Ver as coisas na prática é muito diferente do que aprender só na teoria”, afirmou. 22
Um dos objetivos da criação das trilhas e, também, do EEcoE foi proporcionar aos alunos, membros da comunidade interna e externa, a vivência e o contato pessoal com a natureza. Naíla afirmou que a experiência é boa para o aprendizado profissional e, também, de cidadania. “Depois que você começa a ter mais contato com a natureza, começa a enxergar o meio ambiente de outra forma e a respeitá-lo”, concluiu. O espaço é aberto a qualquer aluno que deseje participar de algum projeto, como é o caso da aluna Juliana Nascimento, do 3º ano do curso Técnico em Meio Ambiente: ela desenvolve um programa de restauração da mata ciliar (formação vegetal localizada nas margens de córregos e lagos) em uma parte da trilha do Tucano. “No projeto, nós visamos fazer essa restauração com menor gasto possível e buscamos ensinar isso aos produtores rurais”, afirmou. A estudante apontou a importância do EEcoE para sua formação. “Lá nas trilhas, eu tenho acesso às atividades práticas que dificilmente teria em outros ambientes”, completou. A professora da área técnica de Meio Ambiente e uma das gestoras do espaço, Cristiana Miranda, apontou a importância das trilhas do EEcoE para a formação de quem as conhece. “Elas proporcionam um contínuo aprendizado sobre diferentes temas ecológicos, botânicos, geomorfológicos e históricos da região, além de despertarem o interesse das pessoas”, afirmou.
Visitas
As trilhas interpretativas do EEcoE são abertas à visitação de qualquer pessoa, mediante contato prévio com representantes do espaço. Tais visitas estimulam a apropriação de conhecimentos necessários sobre o espaço em que vivem e os meios para melhorá-lo, preservando-o para futuras gerações. A docente ressaltou: “Além de torná-los protagonistas nas ações em prol do meio ambiente, tornam-se agentes multiplicadores, pois, por meio deles, o conhe-
cimento adquirido e as ações propostas podem chegar ao seu círculo familiar, influenciando mudanças de atitudes de um maior número de pessoas na região Sul-Fluminense”, pontuou. O espaço já recebeu diversas visitas desde que foi inaugurado. Uma delas foi a de 30 alunos do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CTUR). Matheus Bidira, aluno do 2º ano da instituição, afirmou que a visita foi importante para ele aprender conteúdos na prática. “Espero que eu possa voltar mais vezes para ver o resto das trilhas”, revelou. A visita técnica contribuiu não apenas para o acréscimo de conhecimento dos discentes; o professor de Estatística do Meio Ambiente do CTUR, José Carlos Azevedo de Souza, ressaltou que foi útil inclusive para ele. “Os conhecimentos que adquiri aqui agora posso levar para o colégio”, afirmou.
O EEcoE
As trilhas interpretativas localizam-se no EEcoE, um laboratório ao ar livre, formalizado em março de 2015. O espaço, coordenado pela professora Cristiana, foi pensado em 2012 e, desde seu início, tem o foco em ampliar os conhecimentos sobre a conservação e recuperação dos ecossistemas florestais e de seus serviços ambientais, assim como promover atividades que possibilitem mudanças de hábitos da população, a partir da sua interação com o meio ambiente. A área onde está situado o EEcoE já foi utilizada para um reflorestamento do SOS Mata Atlântica, assim como para a criação de uma trilha, conhecida como trilha do Tucano, a qual contava com visitas esporádicas de grupos escolares. De lá para cá, no entanto, as ações pontuais foram se constituindo em projetos de pesquisa e extensão, e o espaço de atuação foi ampliado até alcançar a uma área de aproximadamente 34 hectares, com limite demarcado e reconhecido oficialmente pela Instituição.
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Campus Volta Redonda
Integração com a comunidade IFRJ campus Volta Redonda realiza projeto de aprendizagem matemática em escola municipal
Escola Municipal Nilton Penna Botelho busca melhorar nota no Ideb e pediu o apoio do IFRJ para oferecer lições de matemática.
E
m busca de uma educação de qualidade e da formação reflexiva de professores, o Projeto de Apoio à Aprendizagem de Matemática, que relaciona os discentes do campus à comunidade externa, leva até a Escola Municipal Nilton Penna Botelho, localizada no bairro Roma II, em Volta Redonda, um reforço escolar para os alunos do 6º ano. O projeto é realizado pela professora de Matemática Isabella Corrêa, do campus Volta Redonda, junto a duas alunas voluntárias do curso de Licenciatura em Matemática do 5º período, Jucilene Pinheiro e Andressa Duarte. A iniciativa partiu da diretora da escola Nilton Penna, Flávia Gama, que procurou a coordenação da Licenciatura em Matemática do campus Volta Redonda solicitando a ajuda do Instituto. A diretora relatou que os alunos da escola municipal apresentavam notas muito baixas do 5º ao 9º ano, além de dificuldades diversas de aprendizagem em relação ao conteúdo relatadas pelos professores. A Escola Municipal Nilton Penna ficou em 24
2015 entre as menores notas do município no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), marcando 4,8 na turma de 5º ano e 3,7 na do 9º. Segundo dados do site QEdu, 19% dos alunos do 9º ano do colégio têm aprendizado satisfatório; o restante é apontado como insatisfatório ou sem aprendizado. Com isso, a professora Isabella Corrêa idealizou um projeto de reforço escolar para realizar no colégio. Com início em setembro de 2016, naquele momento, foi identificada a necessidade de um esforço emergencial, o que assumiu a forma de um reforço escolar nos moldes tradicionais. Contudo, o projeto em sua essência tinha o objetivo de promover a aprendizagem dos alunos em um formato diverso de como usualmente se pensa o reforço escolar. Nesse sentido, no ano letivo seguinte, o projeto pôde ser desenvolvido com atividades diferenciadas, lúdicas e a fim de recuperar não apenas a aprendizagem, mas também o interesse dos alunos pelo processo de aprender Matemática.
Os alunos são escolhidos para o reforço pela direção do colégio junto aos professores sob o critério de dificuldade de aprendizado. As aulas acontecem uma vez por semana (na quinta-feira, durante duas horas e meia) e são planejadas entre a professora Isabella e as licenciandas voluntárias, sendo realizadas fora do horário de aula normal. De acordo com Isabella, a frequência normalmente é muito boa: a turma possui 22 alunos, sendo a média presencial de 18 a 22 por aula. “Descobrimos que existe, inclusive, uma aluna que, a partir do depoimento de uma colega do reforço – que disse a ela que as aulas eram muito legais –, decidiu ir um dia, gostou e passou a ir todos os dias voluntariamente”, contou a professora.
Métodos de ensino estimulam o lúdico
O método utilizado para essa nova turma é diferenciado. A professora e as voluntárias pensaram em usar atividades lúdicas iniciais (jogos, dinâmicas) que promovessem a interação entre os próprios alunos e, também, entre eles e as voluntárias. Iniciaram assim com um jogo de bingo, treinando tabuada. O jogo funcionava da seguinte maneira: os alunos deveriam escolher números entre 0 e 40 para compor a cartela. Eram utilizados dois dados para sortear os números que, multiplicados, teriam de corresponder a uma opção para ser marcada na cartela. Assim, os alunos eram incentivados a pensar nos números com maior probabilidade de sair. A partir das primeiras atividades e da correspondência dos alunos são criados os próximos exercícios. Todos os materiais necessários para as aulas são disponibilizados pelo colégio. Como uma avaliação do desenvolvimento dos alunos, a atividade aplicada no primeiro encontro será repetida no último para comparação do avanço do aprendizado. Com esse reforço, alguns professores da escola estão percebendo um interesse maior nos alunos. “Uma professora nos contou que alguns alunos do reforço quiseram ensinar aos outros alunos da sala, na aula sobre tabuada, o método diferente que eles aprenderam. São alunos que normalmente não participavam muito das aulas, e agora estão mais interessados. Apesar desses retornos, o resultado real será dado em longo prazo”, afirmou Isabella.
Professora e alunas voluntárias do IFRJ dão aulas uma vez por semana e usam atividades lúdicas para facilitar aprendizado.
A professora também afirma que o impacto se dá não apenas nos alunos que participam do reforço, mas também nas licenciandas voluntárias do projeto. Segundo Isabella, as atividades estimulam nelas discussões sobre o método utilizado nas aulas, o resultado das atividades e o que podem fazer quando se tornarem professoras. “Para mim, formar um professor reflexivo, que pensa se a resposta dele foi o melhor caminho para aquele aluno, não é algo que se consiga com facilidade. Talvez seja um dos pontos cruciais para melhorar nossa educação que o professor atue e possa refletir sobre seu desempenho no sentido de melhorar, de criar outros caminhos e de trocar ideias”, pontuou Isabella. O projeto de Apoio à Aprendizagem de Matemática oferece a oportunidade de o estudante passar pela realidade da profissão e assim adquirir experiência. As discentes garantem ser uma ação muito produtiva e relevante para sua futura profissão. “O projeto está sendo de grande importância, pois estou atuando no meu futuro campo de trabalho antes mesmo da minha formação. Estou vendo de perto como é o ambiente escolar, e isso está contribuindo bastante para a minha formação crítica”, afirmou Jucilene. “Aprendi como graduanda e estou executando isso no projeto; para superar os problemas de ensino e aprendizagem, é necessário um planejamento que inclua atividades diversificadas e individuais, estudo constante, dedicação e muita competência, pois será preciso investigar as teorias de aprendizagem e colocá-las em prática. Só assim será gratificante ver o desenvolvimento e a evolução de cada aluno”, complementou Andressa. 25
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