intervenção em
frag men tos
um projeto de ocupação lgbtqiap+ nos vazios urbanos do centro do rio de janeiro
igor brito
intervenção em
frag men tos
um projeto de ocupação lgbtqiap+ nos vazios urbanos do centro do rio de janeiro Projeto Integrador II Universidade Veiga de Almeida | 2021.1 Orientadora Natalia Padilha Sanchez Igor Brito
agra ecim
ad me
Aos meus pais, Evandro e Luciane, por terem me proporcionado a oportunidade de estar me formando em Arquitetura e Urbanismo. À Julia Albeirice por ter caminhado junto comigo durante esses anos de faculdade e por ter me recepcionado de uma forma tão genuína À
que
quando
Luísa fiz
cheguei
Videira
na
centivarem
e
no
Letícia
faculdade,
tanto
e
por
Rio
de
Janeiro.
Abreu,
amigas
sempre
confiarem
em
me
in-
mim.
Às amigas de infância e da vida Alexia Mendes, Carol Rainha, Júlia Xavier, Laís Branco, Lenna Martins, Lia Souto,
Marina Mussi e Ví-
vian Athayde por estarem comigo desde muito tempo e fazerem parte de quem eu sou hoje. Ao Daniel Assumpção por ter me apoiado desde o início da construção da ideia desse trabalho.
resu o ab
um bs O projeto proposto visa se apropriar de vazios
The proposed project aims to appropriate ur-
urbanos na cidade do Rio de Janeiro, de modo
ban voids in the city of Rio de Janeiro, in order
a proporcionar novos usos a terrenos subuti-
to provide new uses for underutilized land and
lizados e construções abandonadas na atual
abandoned buildings in the current downtown
área central (II Região Administrativa – RA), cor-
area, corresponding to the old urban core of the
respondente ao antigo núcleo urbano da cida-
city, which currently is more than 450 years old.
de, que atualmente já tem mais de 450 anos.
Com o passar dos séculos, a cidade evoluiu e se ex-
Over the centuries, the city has evolved and ex-
pandiu para novas regiões, e é notável o desprezo
panded into new regions, and the contempt for
histórico por algumas das antigas construções e re-
some of the old buildings in downtown is clear-
giões do Centro que, se preservadas, poderiam al-
ly noticeable. Buildings that if preserved, could
cançar um outro grau de importância para a cidade.
reach another level of importance for the city.
Neste
re-
In this project, these urban voids receive sociocultural
volta-
equipment aimed mainly at the lgbtqiap + community.
cebem
trabalho,
esses
equipamentos
vazios
urbanos
socioculturais
dos principalmente à comunidade lgbtqiap+. Keywords:
LGBTQIAP+,
dade, Equipamentos Socioculturais, Intervenção
ciocultural
Equipment,
Urbana, Rio de Janeiro, Centro, Praça Tiradentes.
Rio de Janeiro, Downtown, Praça Tiradentes.
Palavras-Chaves:
LGBTQIAP+,
Homossexuali-
Homosexuality, Urban
So-
Intervention.
su má
justificativa
10
objetivos
20
problemática
22
lgbtqiap+
28
análise do território
38
conceito e partido
56
módulos
60
intervenções
64
bibliografia
108
justi ficat
i t
Segundo Corrêa (1996 apud NEVES, 2003, p. 11).
Observa-se um perfil urbano na região central do
o espaço de qualquer grande cidade capitalista é um
Rio de Janeiro, quase inteiramente modificado
espaço fragmentado, articulado, reflexo e condicio-
em relação ao núcleo original, levando em con-
nante da própria sociedade. Fragmentado, em primei-
sideração as inúmeras obras urbanísticas pe-
ro lugar, por constituir-se num conjunto de diferentes
las quais a cidade passou no decorrer dos anos.
usos da terra que se justapõem e que definem áreas distintas na cidade; articulado, em segundo lugar,
De acordo com Neves, a complexidade de fun-
porque cada parte mantém relações com as demais
ções urbanas que conseguimos observar atu-
de acordo com os interesses do capital e do trabalho
almente no Centro é uma evidência, comum à
ou com a prática de um poder ou de uma ideologia
maioria
capitalistas,
onde o centro aparece historicamente como o nú-
do dinamismo de atividades diversas e con-
cleo dessa articulação; por fim, o espaço é reflexo e
centradas, da valorização e do intenso uso do
condicionante social pelo fato de, além de traduzir as
solo. Entretanto, o centro da cidade ainda conta
suas lutas de classes, desempenha papel importan-
com muitos vazios e construções abandonadas.
te na reprodução das condições e relações sociais.
das
grandes
metrópoles
11
Neste contexto, o título do presente trabalho, “In-
Atualmente, existe na cidade a Casa Nem, um lu-
tervenção em fragmentos: um projeto de ocupa-
gar de acolhimento que recebe, em sua maioria,
ção LGBTQIAP+ nos vazios urbanos do centro do
travestis e trans em condição de vida na rua. O
Rio de Janeiro”, aborda a representatividade e a
espaço (que se mantém economicamente através
expressividade da causa através da ocupação
de doações e realização de eventos) vem factual-
de terrenos e antigas construções que atualmen-
mente sofrendo um enorme descaso da prefeitura.
te não possuem nenhuma utilidade específica em uma região tão rica e diversa como a área central.
Conforme o site UOL (2020), durante a pandemia do novo Corona vírus, em agosto de 2020, os ór-
O estudo será desenvolvido no entorno da Praça
gãos públicos despejaram todos os seus mais de
Tiradentes, que atualmente conta com diversos
50 moradores do prédio em Copacabana, realo-
destes vazios urbanos. O projeto favorece uma
cando-os provisoriamente numa escola localizada
maior visibilidade a causa LGBTQIAP+ na medida
na Rua da República do Peru, no mesmo bairro.
em que cria espaços de cultura e de lazer voltados à comunidade em questão. Além disso, serve
A previsão é a de que a situação perdure até
de apoio aos LGBTQIAP+ em situação de vulne-
o dia 5 de outubro de 2020, enquanto, se-
rabilidade, oferecendo abrigo aos que moram na
gundo a prefeitura, é reformado um espa-
rua ou que precisam de algum apoio psicológico.
ço definitivo para a iniciativa, em Laranjeiras.
12
Centro do Rio de Janeiro Flickr (2012)
É importante ressaltar que a arquitetura e urba-
nificar o uso das regiões da cidade (neste caso, do
nismo comumente trata de valores duráveis, de
Centro), que muitas vezes se tornam violentas, pela
modo que nos parece pertinente revitalizar re-
falta de sua ocupação pública em diversos horá-
giões específicas de uma cidade. Remete, por-
rios ao longo do dia, em diversos dias da semana.
tanto, a revitalizar no sentido mais forte da palavra, a dar vida, mas também a imprimir um novo significado
a
uma
determinada
inseguro
referência.
No que a isto diz respeito, de acordo com a arquiteta Lígia Sell (2017), um projeto de revitalização de muito sucesso é o High Line Park, em Nova York, onde se utilizou de uma antiga linha de trem
seguro
abandonada para criar um espaço elevado que fica aberto ao público diariamente, e que serviu para valorizar uma região que sofria com o abandono e consequentemente com a violência que ocorria nos arredores da estrutura. Pensando também num espectro mais urbano, precisamos revitalizar e ressig13
Estátua de Dom Pedro I, localizada no centro da Praça Tiradentes. Arch Daily (2016)
Vista aérea Praça Tiradentes A Cara do Rio (2014)
14
Cartão Postal Praça Tiradentes, Rio de Janeiro. Circulado em 1913 Conrado Leiloeiro (2016)
15
Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera na parada de 1973, foram fundadoras do grupo STAR, grupo de apoio aos transgêneros Esquerda.net (2019)
16
medellín: um exemplo de superação de violência Segundo Lourival Santana (2017), um caso de superação importante em relação à diminuição da violência urbana aconteceu em Medellín, Colômbia. Durante os anos 90, a taxa de homicídio chegou a 380 a cada 100.000 habitantes (considerado muito alto), levando Medellín a receber o título de cidade mais violenta do mundo. Contra isto, o estado passou a investir mais na segurança pública, esteve mais presente em comunidades pobres, mobilizou a população com ações comunitárias e projetos sociais, e promoveu melhoras no urbanismo (ganhando inclusive um Nobel na área).
taxa de homicídios em medellin
(números de homicídios a cada 100.000 habitantes) 1991
380
Com as medidas, a taxa em questão caiu com o
1997
155
passar dos anos para atuais 21 homicídios a cada
2002
183
2005
35
2009
94
tido foi a prova do quanto um lugar só tem a ganhar
2016
21
quando a redução da violência, o estímulo à educa-
Medellín Como Vamos (2017) Elaborado pelo Autor
100.000 habitantes. Uma vez que as pessoas se sentem mais seguras em estarem nas ruas, a violência perde cada vez mais espaço. Tal avanço ob-
ção e a projetos sociais, além de boas intervenções urbanísticas, são focos para as políticas do estado. No Rio de Janeiro, a taxa de homicídio é de 36 mortes a cada 100.000 habitantes, um valor bem menor do que o apresentado por Medellín duran-
taxa de homicídios brasil | cidade mais violenta, menos violenta e rio de janeiro (números de homicídios a cada 100.000 habitantes)
te seu pico de violência. As taxas apresentadas
fortaleaza
78
nos gráficos a seguir, servem de comparação à
rio de janeiro
36
situação carioca e mostram como os índices no
florianópolis
13
Rio de Janeiro, com medidas semelhantes às de Medellín, poderiam estar em melhor condição.
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2017) Elaborado pelo Autor
17
brasil: o país que mais mata lgbtqiap+ no mundo Atualmente o Brasil é o país com mais mortes de
vítimas lgbtqia+ por faixa etária
LGBTQIAP+ no mundo. De acordo com o Gru-
(no brasil em 2016)
po Gay da Bahia (GGB), acontece uma morte
125
a cada 23 horas. Em 2019 foram somadas 149 mortes entre janeiro e maio, sendo 15 suicídios.
100 75
O Rio de Janeiro se encontra na 4ª posição entre os estados mais violentos nessa categoria. Em 2018, um caso chocou o país: a jovem Matheusa
50 25
Passareli, que se identificava como não-binária, fi-
em seguida seu corpo esquartejado e queimado. Segundo Kelly Domingos (2019), secretária de Políticas Sociais da CUT-SP, esses números provam o
Grupo Gay da Bahia (2016) Elaborado pelo Autor
quanto o país não dá a devida importância ao combate aos crimes contra à comunidade LGBTQIAP+. Para a secretária, políticas de criminalização que
vítimas por segmento lgbtqiap+ (no brasil em 2016)
desencorajem tal violência não são criadas e grupos políticos junto a movimentos conservadores divulgam notícias caluniosas que distorcem a verdadeigay
ra causa da luta e incentivam o preconceito. Domingos também critica o governo Bolsonaro por seguir uma linha de pensamento político retrógrado, a partir da qual é possível até mesmo que o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos seja comandado por uma ministra que discursa em termos de “cura gay”, ao se referir à comunidade LGBTQIAP+.
trans
bi *inclui parentes e conhecidos de pessoas lgbtqiap+ assassinados por algum envolvimento com a vítima.
lésbica
Grupo Gay da Bahia (2016) Elaborado pelo Autor
18
hetero*
71 - 80
61 - 70
51 - 60
41 - 50
31 - 40
19 - 30
do 18, zona norte do Rio de Janeiro, a tiros, tendo
até 18 anos
concluiu que a mesma havia sido morta no Morro
0 não informado
cou desaparecida por nove dias. Uma investigação
Matheusa Passareli. Jovem não-binária assassinada no Rio de Janeiro em 2018 G1 (2018)
Visto que temos acesso à essas informações sobre a situação atual do país com relação à intolerância e violência, seria muito significativo para uma das maiores cidades do Brasil receber um projeto que sirva como uma referência de apoio a causa. O trabalho prevê espaços fragmentados (por estarem localizados em diferentes vazios urbanos nos arredores da Praça Tiradentes), porém conectados pela multiplicidade de usos específicos que unem arte, cultura, lazer e saúde. Dessa maneira, o público circundante da região poderia perceber aquele como um território marcado integralmente contra qualquer tipo de preconceito e, acima de tudo, como um lugar onde toda a classe se sinta acolhida e livre. Estamos aqui lutando por voz, por nosso espaço na cidade e por respeito. 19
obj etiv
objetivo geral:
objetivos específicos:
Redução da violência urbana com a ressignifi-
Criar
cação da Praça Tiradentes e seus fragmentos
de
com a instalação de equipamentos sociocul-
ferência
uma que
região
sirva de
no
como apoio
centro
uma a
da
espécie
causa
cidade
re-
LGBTQIAP+.
turais destinados à comunidade LGBTQIAP+. Valorizar a região da Praça Tiradentes através da ocupação de vazios com equipamentos socioculturais voltados principalmente aos LGBTQIAP+.
21
prob emá
bl át
Não é de hoje que país enfrenta grandes problemas relacionados a homofobia e segurança pública. Diariamente milhares de pessoas pertencentes a comunidade LGBQIAP+ sofrem com o preconceito por meio de piadas, agressões verbais e físicas que, infelizmente, muitas das vezes terminam em algo fatal. Como já citado anteriormente, o Brasil está no topo da lista como o país com mais mortes de LGBTQIAP+ em todo o mundo, acontecendo em média uma morte a cada 23 horas, como mostrou o GGB (Grupo Gay da Bahia) em seu relatório, que é atualizado anualmente. 23
W
24
25
Ww
Jovens em frente ao Stonewall Inn, bar que deu início à Rebelião de Stonewall. Hypeness (2018)
neste trabalho, me apoiei na identificação de quatro problemas ainda muito presentes na sociedade e na cidade do rio de janeiro: Homofobia: Preconceito sofrido pelos LGBTQIAP+. Não representatividade: Falta de espaços na cidade que faça com que a comunidade se sinta incluída e importante no planejamento urbano. Existem cidades ao redor do mundo com ruas, bairros, praças, marcados pelo orgulho Segundo Bastos, Garcia e Sousa (2011 p.4) a ho-
LGBTQIAP+. Por exemplo a região de Wellesley
mofobia é algo tão enraizado na sociedade que
Village em Toronto, no Canadá, onde a rua prin-
acontece desde a maneira na qual um LGBT é
cipal, Church Street, é repleta de elementos visu-
apresentado a alguém, seu comportamento é
ais e equipamentos públicos de apoio a causa.
identificado como um crime contra a natureza, pecado, algo abominável, doença. De uma ma-
Invisibilidade: Falta de investimento em equi-
neira como se a identidade, caráter de uma pes-
pamentos
soa se resumisse unicamente a sexualidade dela.
ços voltados para a comunidade LGBTQIAP+.
que
atendam
e
ofereçam
servi-
“A identificação de um sujeito como gay leva ao apagamento de sentidos que não os relaciona-
Segurança pública precária: Faz com que grupos
dos à sua sexualidade, inscrevendo-o e signifi-
minoritários, como os LGBTQIAP+ estejam mais sus-
cando-o unicamente a partir dessa sexualidade.”
cetíveis a sofrer com a violência urbana e homofobia. 27
lgbt qiap
t p
o que significa cada uma das letras? A sigla já passou por diversas transformações até chegar em LGBTQIAP+. Com o passar dos anos a causa conquistou mais espaço e atualmente é muito mais divulgada e falada do que anos atrás. Com esse avanço vieram novos estudos e surgiram novas classificações, sendo essas mais plurais. Esse estudo e novas classificações são fundamentais para que a gente consiga entender os comportamentos sociais. É muito importante que essas classificações existam para denominar cada um desses grupos minoritários, pois a partir do momento em que os diversos grupos são reconhecidos e classificados, a causa adquire sentido, sendo possível para o Estado a criação de políticas públicas para essas minorias, sendo assim, todas as letras são importantes. No Brasil a sigla começou nos anos 90 como GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) onde os simpatizantes eram aqueles que davam apoio a causa. Depois a sigla se transformou em GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais). Mais tarde com o objetivo de dar mais protagonismo as mulheres, a sigla se transformou em LGBT e atualmente é LGBTQIAP+. Existem
pontos im-
portantes para o entendimento das letras, mostrados no glossário do gênero, na página seguinte. 29
glossário de gêneros identidade de gênero maneira como você se enxerga
cisgênero
transgênero -transexual -travesti -não binário -outros
orientação sexual por quem você sente atração
bi
hétero
assexual
pan
homo
sexo biológico como você nasceu
intersexo
cisgênero
transgênero
expressão de gênero como você demonstra seu gênero {baseado nos papéis tradicionais}
andrógeno
Nexo Jornal (2016)
30
feminino
masculino
Mulher
Lésbica: jo
sexual
e
afetivo
Gay:
Homem
jo
e
sexual
com por
mulher.
com
afetivo
por
Pessoa
Bissexual:
outra
dese-
outro
desehomem.
com
dese-
jo sexual e afetivo por ambos os gêneros. Transgêneros: Na antiga sigla o T significava transexuais, atualmente significa transgêneros, é um termo “guarda-chuva” pois o mesmo abraça muitas identidades de gênero (entre eles transexuais, travesti, drag, crossdresser, não binário, etc.). Vai
Queer:
além
de
uma
denomina-
ção de gênero, é um movimento que vai contra
toda
Intersexual:
a
hetero-cisnormatividade.
Pessoas
com
características
fí-
sicas e cromossômicas do macho e da fêmea. Antes eram chamadas de hermafroditas, porém esse termo não é mais utilizado. Assexual: xual dem
por ou
Pessoas outras não
sem
pessoas, ter
interesse porém
interesse
que
sepo-
romântico.
Pansexual: Pessoas com qual o desejo aponta
para
todas
as
identidades
possíveis.
+: Tudo que existe mas que ainda não conhecemos. Um termo em aberto para receber novas coisas.
31
32 o termo “homossexualidade foi usado pela primeira vez pelo médico húngaro karoly maria benkert
1869
o homossexualismo deixou de ser tratado como doença pela associação americana de psiquiatria.
1969
1974
rebelião histórica em nova york em favor dos direitos LGBT+. resultou no dia do orgulho LGBTQIA+.
1894
com a consolidação das religiões, estabeleceu-se que qualquer relação sexual sem intuito de procriação deveria ser condenada. O homossexualismo era proibido
idade média
homossexualidade referida pela primeira vez no brasil pelo professor francisco j. v. de castro
homossexualidade tratada com normalidade e vista como necessária para a iniciação da vida sexual dos jovens
idade antiga
linha do temp
inauguração da casa nem, no rio de janeiro, casa de acolhimento de LGBTQIAP+ em situação de rua
2015
inaugurado em são paulo o primeiro alberge exclusivo para gays e mulheres transsexuais em situação de rua.
2013
acontece a primeira parada do orgulho LGBT em são paulo.
1993
2016
inaugurado o centro de cidadania lgbti luiz carlos ruas, em são paulo
2014
o casamento LGBTQIA+ é legalizado no brasil e houve o início do plano de metas da prefeitura de são paulo para combater a homofobia.
1997
oms define que homossexualidade é algo inerente à sexualidade humana, tal como o heterossexualidade.
po
Ana Terlechi (2019)
33
34 ministra da mulher, família e direitos humanos inicia seu mandato com a fala “menino veste azul, menina veste rosa”
policial militar gay é proibido de pedir seu namorado em casamento usando sua farda.
bolsonaro barra financiamento da ancine para filmes com temática LGBTQIAP+
junho
agosto
início governo bolsonaro
janeiro
2019
linha do temp
festivais culturais quase não saem do papel por falta de apoio financeiro do governo (principalmente os ligados às causa LGBTQIAP+)
novembro
governo suspende exames de hiv, aids e hepatites virais no sus
filho do presidente usa camisa que ironiza sigla LGBT+
outubro
2020
livros com temática LGBTQIA+ são cortados da bienal
setembro
po
Pontei (2019) Estadão (2020)
35
A única foto conhecida da primeira noite das rebeliões de Stonewall, em 1969 Hypeness (2017)
anál do t
lise terr O projeto se localiza na Área de Planejamento 1 da
cidade, na região do Centro, os terrenos escolhidos para a intervenção se tratam de cinco vazios urba-
nos no entorno da Praça Tiradentes, região que já foi muito rica culturalmente falando mas que nos dias atuais sofre com a violência pela falta de um bom planejamento urbano e equipamentos públicos que atraiam as pessoas a ocuparem as ruas em diversos momentos do dia, em diversos dias da semana. A
Praça
Tiradentes
neste
projeto
funciona
como um eixo de conexão entre todas as intervenções feitas devido a sua localização no centro
entre
todos
os
vazios
selecionados. 39
Segundo Gonçalves, Braida e Filho (2018) a praça com passar dos séculos passou por diversas intervenções, sendo as principais delas nos anos de 1903, 1928 e 1950. A primeira mudança aconteceu durante o governo de Pereira Passos onde novos ideais de higiene e circulação estavam transformando a cidade. Em 1928, remodelada e inspirada em jardins franceses, a praça ganha um potencial de espaço de uso cultural e em 1950 a praça é reformada mais uma vez, dessa vez seguindo conceitos modernistas, se priorizando o espaço livre para circulação. “Após uma estagnação, em 1996, a praça passou por uma reforma com o intuito de preservá-la. Outras ações de preservação foram implementadas no final do século XX, como exemplo o Corredor Cultural, de 1984, que definiu a Zona Especial do centro histórico do Rio de Janeiro, incluindo a praça Tiradentes e seu entorno. Por fim, nas considerações finais, reflete-se sobre a importância do século XX e suas práticas urbanísticas para a consolidação da forma da cidade do Rio de Janeiro, com enfoque na praça Tiradentes. (2018, p.03)
A
instalação
de
equipamentos
socioculturais
com essa abordagem de apoio a causa no entorno da Praça Tiradentes funcionaria como uma maneira de transformar essa região do centro do Rio em uma área LGBTQIAP+ friendly. O projeto por ter um teor social que acolhe os LGBTQIAP+ em situação de vulnerabilidade, faz com que a comunidade se sinta acolhida e abraçada no meio do caos do centro de uma cidade grande. E por contar com equipamentos de estimulo a cultura, estaria trazendo de volta o potencial cultural e artístico que aquela localização um dia já teve e perdeu com o tempo.
40
esquema gráfico indicando algumas intervenções ocorridas na praça tiradentes ao longo do século XX.
Gonçalves, Braida e Filho (2018)
41
cartografia
Visando um melhor estudo da área de intervenção, um
raio
partindo
foram
elaborados
de
aproximadamente
do
centro
da
mapas
Praça
600
com
metros
Tiradentes.
uso predominante do solo
N
misto comercial praça tiradentes institucional campo
0
Elaborado pelo Autor
44
50 100
200
600
1200
hierarquia viária
N
praça tiradentes e terrenos via arterial via coletora via local
0
50 100
200
600
1200
Elaborado pelo Autor
45
transporte público
ur
pv
ce
ca
N
terrenos ponto de vlt ponto de ônibus ce
estação de metrô central
pv
estação de metrô presidente vargas
ur estação de metrô uruguaiana ca estação da metro carioca
0
Elaborado pelo Autor
46
50 100
200
600
1200
equipamento urbano | cultural
b ec
b b
ec
t m
m
t
ec
t
t
ec
ec
m ec
ec
t
N
terrenos t
teatro
es
espaço cultural
o
biblioteca
m
museu
0
50 100
200
600
1200
Elaborado pelo Autor
47
equipamento urbano | educação
es es e
o
o
o es
o
o
e
o o es
o
o
o
es es
o
ur e o e
N
terrenos e
escola (primeiro grau)
es
ensino superior
o
outros
0
Elaborado pelo Autor
48
50 100
200
600
1200
equipamento urbano | saúde
N
terrenos unidades de saúde diversas
0
50 100
200
600
1200
Elaborado pelo Autor
49
adio lavr ru
o ad
N
cruzamento de pedestres
N
faixa de pedestre Elaborado pelo Autor
50
ente
tirad
s
im jard silva a u r
t era mp i ru a
ntes tirade praça co
bran
nd isco
rua v
ro etemb
te de s rua se
dentes
a praç
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tea
ru
tira praça
rua pedro i.
rio e do
o ad
s ente tirad a ç pra
eop riz l
o rua gonçalves léd
rua re
freij gente
ó
o branc do rio e d n o c rua vis
os ass ap d i n ave
oldi
na
logradouros
da rua
oca
cari
sentido de fluxo
N
mancha vegetal
N
Elaborado pelo Autor
51
setorização e percurso
N
percurso entre equipamentos socioculturais
Elaborado pelo Autor
52
53
o projeto
conc to e
cei pa 57
conceito: Conexão: ainda que seja uma intervenção fragmentada em 5 diferentes vazios, é importante que esses equipamentos socioculturais se conectem.
58
partido: Uma vez que o conceito deste trabalho é conexão, o projeto busca uma leitura que uniformize-o e identifique-o como fazendo de uma mesma ação. Isso é possível através da adoção de uma arquitetura modular, trabalhando a partir de módulos de 3x3 feitos a partir de estrutura metálica e fechamentos em light steel frame, que fazem a composição dos edifícios, que por sua vez são equipamentos socioculturais.
Praça tiradentes funcionando como um eixo de conexão entre os cinco vazios escolhidos.
59
mó du 60
61
módulo
estrutura: vigas e pilares perfil i metálicos
revestimento vinílico click placa cimentícia
fechamentos:
lona plástica
light steel frame
painel osb
62
isolamento termoacústico
placa osb externa
membrana hidrófuga
placa cimentícia
camada externa
isolamento termoacústico
63
gesso acartonado
placa osb interna
camada interna
inter ven ções 64
r
s
65
66
67
intervenção 01 | casa de acolhimento lgbtqiap+ logradouro: rua da carioca, nº 77, centro, rio de janeiro ra / rp: ii / i aei: urbanístico - ii ra - centro decreto 12409/1993, lei 2236/1994 iat: 15,0 - lei complementar 111/2011 gabarito: 15 metros pavimentos: 3 área: 325m² potencial construtivo: 975m² proteção: corredor cultural e apac uso atual: estacionamento estado de conservação: lote vazio
praça tiradentes
68
descrição acolher | cuidar | amar lar temporário para lgbtqiap+ em situação de vulnerabilidade social.
programa de necessidades hall de entrada sanitário sala de estar sala de tv administração area externa refeitório cozinha despensa lavanderia quintal
estar (2) dormitórios (8) banheiros (2) depósito (2) rouparia (2)
69
isométrica | casa de acolhimento lgbtqiap+
70
71
perspectiva | casa de acolhimento lgbtqiap+
72
73
plantas e corte | casa de acolhimento lgbtqiap+ módulos
A
B
C
D
E
F
G
H
1
2
3
4
planta térreo
módulos
A
B
C
1
2
3
4
5
planta 1º pavimento
74
D
E
F
G
H
I
J
I
módulos
A
B
C
D
E
F
G
H
I
1
2
3
4
5
planta 2º pavimento
corte aa’
CORTECORTE AA' CASA ACOLHIMENTO AA'DE CASA DE ACOLHIMENTO
75
intervenção 02 | centro de incentivo a educação logradouro: rua do lavradio, nº 2, 4, 6 e 8, centro, rio de janeiro ra / rp: ii / i aei: urbanístico - ii ra - centro decreto 12409/1993, lei 2236/1994 iat: 15,0 - lei complementar 111/2011 gabarito: 15 metros pavimentos: 3 área: 214.74m² potencial construtivo: 644,22m² proteção: corredor cultural e apac uso atual: vazio estado de conservação: lote vazio
praça tiradentes
76
descrição motivar | produzir | conquistar lugar de incentivo ao estudo e trabalho. ambiente com salas de workshops, coworking e informática.
programa de necessidades recepção administração sanitário (3) dml almoxarifado sala informática hall de circulação copa coworking salas workshop (2)
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isométrica | centro de incentivo a educação
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perspectiva | centro de incentivo a educação
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plantas e corte | centro de incentivo a educação
módulos
A
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1
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planta térreo
módulos
A
1
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planta 1º pavimento
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módulos
A
B
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1
1
1
planta 2º pavimento
corte aa’
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intervenção 03 | espaço cultural logradouro: praça tiradentes {nesta intervenção, uma área pública no entorno da praça tiradentes seria utilizada para a construção de um espaço cultural. o público que transita pela região se sentiria convidado a entrar}
praça tiradentes
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descrição criar | mostrar | apreciar ambiente para exibição de artes feitas por lgbts. além disso conta com um ateliê com oficinas de artes e um café.
programa de necessidades recepção exposição café administração dml ateliê depósito área de convivência sanitários (3)
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isométrica | espaço cultural
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perspectiva | espaço cultural
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plantas e corte | espaço cultural módulos
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planta térreo
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corte aa’
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intervenção 04 | centro de esporte e lazer logradouro: rua sete de setembro, nº 200 e 202, centro, rio de janeiro ra / rp: ii / i aei: urbanístico - ii ra - centro decreto 12409/1993, lei 2236/1994 iat: 15,0 - lei complementar 111/2011 gabarito: 15 metros pavimentos: 3 área: 405m² potencial construtivo: 1215m² proteção: corredor cultural e apac uso atual: estacionamento estado de conservação: lote vazio
praça tiradentes
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descrição exercitar | socializar | relaxar lugar que buscar a socialização das pessoas através de atividades físicas e de lazer.
programa de necessidades recepção administração depósito vestiários(2) sanitários(2) salas de dança sala de yoga sala de pilates academia sala de spinning piscina
deck área de convivência
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isométrica | centro de esporte e lazer
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perspectiva | centro de esporte e lazer
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plantas e corte | centro de esporte e lazer
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intervenção 05 | centro de apoio a saúde mental e sexual logradouro: rua sete de setembro, nº 231, centro, rio de janeiro iat: 15,0 - lei complementar 111/2011 gabarito: 15 metros pavimentos: 3 área: 137,22m² potencial construtivo: 411,66 proteção: corredor cultural uso atual: vazio
praça tiradentes
100
descrição tratar | revigorar | apoiar tratamento da saúde mental e sexual. sessões de terapia e exames de ist’s são realizados no local.
programa de necessidades recepção sala de espera dml sanitários (3) copa administração salas de terapia (4) salas de exame (3) sala de esperas exame estoque medicamentos
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isométrica | centro de apoio a saúde mental e sexual
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perspectiva | centro de apoio a saúde mental e sexual
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plantas e corte | centro de apoio a saúde mental e sexual módulos
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planta 2º pavimento
corte aa’
107
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