Como escrever, revisar e publicar seu livro Um guia completo do mercado editorial mundial Informações detalhadas e abrangentes de como criar personagens, descrever cenários e situações, cortar o original, revisar e publicar. Contém ainda dicas de autores Best-sellers para quem quer começar a escrever. Igor Silva 12/08/2010
Como escrever, revisar e publicar seu livro 2.0 Por Igor Silva De tempos em tempos, recebo e-mails de pessoas perguntando como eu fiz para que meu livro fosse publicado, se tive de pagar alguma coisa, meus processos criativos... Dúvidas assim pairam na cabeça dos escritores. Visto isso, resolvi criar um manual passo-a-passo sobre esse processo. Seguir as minhas dicas não garante que sua obra será publicada, mas com certeza ao menos 90% de chance você terá. No início A História Antes de tudo, entenda que uma boa idéia não é sinônimo de uma boa história. Se você viu um documentário no Discovery Channel e acha que pode sair por aí escrevendo um livro, pense melhor. Isso porque: 1º - Você deve saber MUITO sobre o que está escrevendo e qual o seu objetivo com tudo isso. Quer um exemplo? Quando tive a idéia de “O Olho de Hórus’’, defini que seria uma narrativa sobre dois jovens que encontrariam um medalhão egípcio com propriedades misteriosas. Embora meu tema tenha se mostrado complicadíssimo de desenvolver (romance histórico é fogo), estava aí a semente do meu livro. Pesquisei, pesquisei, pesquisei e quando achei que já estava bom, pesquisei mais um pouco. Você entendeu a mensagem, não é? Quando tiver uma idéia, deixe-a fluir, desenvolva-a com cuidado, amadureça a história e o personagem para depois pegar na caneta e no papel; 2º - Você nunca deve escrever sobre algo da qual não tenha propriedade ou domínio. Para efeito ilustrativo, se você mora no interior do Acre e nunca saiu sequer do seu estado, não pode sair por aí falando de uma história que se passa na Alemanha. Se o fizer, sua obra soará falsa e cheia de “buracos”; 3º - Todo texto, por mais impossível que pareça, deve ter um fundo de verdade. Isso conecta o leitor com a realidade e o faz identificar-se com o que está lendo. Mas é importante não sair por aí distribuindo conselhos (a não ser que esteja escrevendo um livro de auto-ajuda). Existem pessoas mais maduras que você (claro, se você não é o Niemeyer nem a Hebe, por que aí encontrar alguém mais maduro vai ser difícil) e que têm muito mais experiência de vida. Dizer a esse público o que ele deve ou não fazer deixará o livro piegas demais.
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O personagem Nenhuma história existe sem personagens. Eles são a sua razão de ser, sem eles simplesmente não haveria nada para ser contado. Cada escritor tem seu método próprio para a criação: alguns se inspiram em um amigo ou parente, outro em algum ator/atriz ou mesmo tiram todos eles da própria imaginação (meu caso).
Se você se encaixa na terceira alternativa, existem algumas dicas que podem ser bastante úteis na hora de elaborar um texto. Vamos, pense na sua história. Imagine todos os contornos básicos que ela terá, os cenários por onde ela passará, os mistérios, os romances, as intrigas. Agora, vamos começar a desenvolver quem a viverá. Pegue uma folha e anote todos os nomes dos personagens principais. Não se preocupe se esquecer alguém – quando se está escrevendo, é comum que um personagem simplesmente surja do nada. 1 – Personalidade Na “vida real”, todo mundo é único. Cada pessoa tem o seu modo de agir, de pensar e de falar. Todos nós seguimos uma linha de comportamento muito fixa durante a nossa existência e tomamos poucas decisões que não condigam com nosso caráter, educação ou cultura. Com personagens é a mesma coisa - a única coisa que ele tem de incomum é que só vive em um mundo limitado de páginas, enquanto que você tem um mundo (limitado também, mas bem maior do que o dele). Logo a primeira coisa a fazer é ir colocando na frente dos nomes que você anotou na folha a personalidade de cada um – como se porta? Como se comporta quando está pressionado? É nervoso? Distraído? Engraçado? Sombrio? Depressivo? Corajoso? Não se preocupe com as características físicas dele ainda. Calma, um passo de cada vez. 2 – Cultura Cada povo tem seus costumes, sua moeda, seu idioma, sua cultura. Portanto, antes de sair escrevendo, pense um pouco no contexto na qual o seu personagem está inserido. Exemplo: se você quer escrever sobre um alemão durante a segunda guerra mundial. Procure saber como viviam as pessoas nessa época, como se vestiam, o que comiam... Se quiser descrever um cenário que se passa no exterior, pesquise sobre ele, veja fotos e faça o máximo de esforço possível para visitar o lugar. Caso o seu livro chegue a várias nações algum dia, as pessoas de lá se sentiram ultrajadas caso você escreva algo que não condiga com a realidade do povo. Anote todas essas informações na frente do nome do personagem aí na sua folha. 3 – Cenário Como descrito no item anterior, um cenário também afeta a forma como o seu personagem se interage com o meio. Uma pessoa de origem humilde não se porta da mesma forma que uma pessoa abastada pelo fato de ter vivido de forma diferente, em um lugar diferente.
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4 – Passado Seus personagens precisam de um passado. Nossa personalidade é construída sobre uma série de acontecimentos em nossas vidas. Quem somos hoje é resultado do lugar onde moramos, da convivência com as pessoas que passaram por nossas vidas, do colégio em
que estudamos e por aí vaí. Seus personagens têm que ter vivido tudo isso. Eles precisam de uma história, mesmo que você não conte esta história para o leitor. É com base nesta história, que pode ser construída desde a infância, que você irá obter as reações, os sentimentos, o jeito de falar, os medos, as angústias, as alegrias, os prazeres e tudo mais que seu personagem irá transmitir para o leitor. Um exemplo bastante vívido é “A Breve Segunda Vida de Bree Tanner”, um spin off escrito pela Stephenie Meyer. Você sabia que aquele livro de quase 200 páginas surgiu de um exercício de escrita da autora de “Crepúsculo”? Acredite ou não, Meyer o escreveu para deixar “Eclipse” mais verossímel. 5 – Nomes Não confunda o seu leitor com nomes parecidos. Lembro-me que a Livia, do blog Wishing a Book, fez uma resenha bastante negativa de um livro chamado Witches and Wizards, na qual os personagens eram gêmeos e se chamavam Wist e Weist (acho que era isso). Imagina que confusão não deve ter sido ler isso? Eu sempre dou a dica de marcar o nome dos personagens com iniciais diferentes. Exemplo: se o nome de algum deles é Carlos, não coloque nenhum outro que comece com a letra C. Também atenha-se ao fato de que nomes feios e pessoas bonitas quase nunca combinam. Exemplo, quando você está conversando com alguém pelo MSN e pergunta o nome dela e ela te responde “Chamo-me Zumira”, qual é o seu primeiro pensamento? “Santo Deus, imagina que dragão!”. Entendeu o que quero dizer? 6 – Características físicas Aleluia, chegamos à parte mais legal. Procure marcar bastante os seus personagens: atribua a eles uma característica física única. Um exemplo é o que a Jô faz com Harry – uma cicatriz, ao passo que Rony tem cabelos vermelhos como fogo e Hermione o cabelo crespo. Se alguém da história é engraçado, procure colocar adjetivos inusitados a ele. Use a descrição, mas não abuse – textos descritivos demais são muito desgastantes.
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Emoções Escrever um texto em terceira pessoa é uma arte. É preciso falar como o personagem falaria, agir como ele agiria, sentir o que ele está sentindo naquele momento: enfim, é preciso sê-lo. Prova do que estou falando é que a maioria dos Best-sellers de hoje são escritos em primeira pessoa (The House of Night, Percy Jackson & os Olimpianos, Os Imortais e Crepúsculo são bons exemplos). Um texto em terceira pessoa é difícil de desenvolver porque, se a pessoa não tiver talento e técnica, a trama fica cheia de “buracos” e não se consegue passar exatamente o que pensa a personagem. Já em primeira pessoa, é o próprio personagem quem fala o que está fazendo ou sentindo, mas perde-se uma parte substancial de uma trama porque ele não pode descrever o que não está vendo.
A melhor forma de escrever o que o seu personagem está sentindo é entrando no estado de espírito dele. Isso significa que se você acabou de terminar o seu namoro de dois anos e precisa escrever uma cena de amor, é melhor deixar para outro dia (até que a raiva do seu namorado (a) tenha passado e você já não tenha mais vontade de matá-lo (a)). Mas eu tenho uma dica bastante eficiente para esse problema e que, ao menos comigo, funciona de forma esplêndida, além de quebrar o bloqueio que alguns escritores tem diante de uma tela de Word em branco: usar a música como “transmutador de emoção”. Existem sites como o FreePlay Music que possuem um longo acervo de músicas instrumentais, que vão desde a parcimônia da lira até os acordes enlouquecidos da guitarra. Lá você encontra sons dramáticos, épicos, alegres, engraçados, misteriosos, de suspense, tudo divido por categorias e o melhor – 0800 (de graça). A música serve como uma espécie de trilha sonora do filme sabe? É como ver uma cena de filme. E acredite, a história flui com uma riqueza de detalhes absurda. Bom, comigo as músicas instrumentais funcionam melhor do que as que possuem voz porque essa última categoria acaba de desconcentrando do que eu tenho de escrever (com exceção de “Say” de One Republic, “The Only Exception” de Paramore e “Numb” de Linkin Pak, que já me ajudaram muito). Nada de frases clichês Tem gente que entra no Twitter, vê uma frase bonitinha e sai colocando no texto. Isso é ridículo! Além de deixar o original prolixo e insosso, você estará assinando o passaporte de retorno do seu livro com a clássica desculpa dos editores: “Sentimos muito, mas o nosso catálogo está fechado até o final do ano...” o que traduzindo significa “Não nos faça perder tempo com esse lixo de novo!”. Seja original, conciso e jamais plagiador. POV (Point of View) Você pode escrever o seu texto da forma como quiser, mas terá sempre de filtrar a cena pelos olhos de um personagem. Essa técnica muito utilizada é chamada de Point of View – Ponto de Vista e pode ser muito últi até para quem escreve em primeira pessoa, mas deseja mostrar uma cena na qual o detentor da fala não está presente.
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Pense no POV como uma câmera de um filme de cinema. Já percebeu quando uma imagem fixa no que o personagem está prestando atenção? A técnica é basicamente esta: colocar o seu personagem filmando. Escritores experientes conseguem fazer a mudança de POV usando alguns recursos como pular uma linha ou apenas inserindo algumas dicas no próprio texto, fazendo com que o leitor realize a transição sem maiores problemas. Já escritores que ainda não dominam completamente esta técnica, devem utilizar recursos mais claros, como o encerramento de um capítulo e início do próximo em outro POV.
Alguns escritores utilizam o ponto de vista neutro, ou seja, a cena se passa como se estivesse sendo filmada por uma câmera. Este recurso é raro nos livros de hoje, mas ainda é utilizado em livros infanto-juvenis, como Harry Potter. De qualquer forma, o ponto de vista neutro é difícil de ser usado e somente o deve ser por aqueles que dominam a técnica. Acho que todo escritor deveria ler a série “Crônicas Vampirescas de Gardella”, escrita por Collen Gleason e publicada pela Geração Editorial. A história é simplesinha, mas deve ser analisada do ponto de vista técnico. Collen desliza pelos POV’s com uma facilidade e leveza impressionante: pode ser um bom exemplo no qual se espelhar. Algumas regras na hora de desenvolver o POV: * O personagem que detém o POV não pode "ler" os pensamentos dos outros (exceto, é claro, se ler pensamentos seja uma característica do personagem);
* De onde está posicionado, o personagem não consegue enxergar o que acontece através das paredes ou em um local distante (exceto se o personagem for o Super-Homem);
* O personagem com o POV pode apenas supor o que os outros estão sentindo, seja com base na sua expressão corporal ou no histórico conhecido pelo personagem. Quando estamos narrando uma história através do ponto de vista de um personagem é mais interessante descrever sentimentos através de ações ativas. Veja? Ele sentiu um calafrio ao passar pela porta enferrujada. Ao passar pela porta, seu corpo sacudiu-se inteiro com um calafrio. Viu como as palavras adquirem um movimento diferente no segundo exemplo? Da mesma forma, você pode narrar cenas do ponto de vista de personagens secundários, lembrandose sempre que eles não pensam exatamente da mesma forma, logo a forma de descrever algo ou alguém não deve ser a mesma. Determinados acontecimentos podem ser importantes para uns e totalmente entediantes para outros. Tente encontrar o seu ritmo. Ganchos
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Quando você está assistindo uma novela, o que te faz parar para ver a continuação no dia seguinte? Um acontecimento impressionante no final, não é mesmo? Portanto, sempre que terminar um capítulo, deixa um mistério solto, uma cena de ação pela metade... Isso fará seu leitor progredir na leitura. Sabe quem é mestre nisso? Dan Brown. Se tiver a oportunidade, leia “Anjos & Demônios”. É impressionante como ele divide os capítulos, deixando ganhos para a história continuar e prender sua atenção.
Divisão de capítulos É comprovado – capítulos grandes demais desmotivam a leitura. Procure dividir sua história em capítulos mais curtos e concisos, com mais movimentação e agilidade. Isso torna a leitura mais rápida. Causa no leitor aquela sensação de “Peraí, só vou ler mais um capítulo. Mais um, ahh, faltam só mais duas páginas para o outro terminar, então deixa eu ler. Mais um...”. Quando o leitor perceber, já terá lido metade do livro. Se você precisar de capítulos muito extensos, utilize marcadores ao longo do texto. Alguns asteriscos, por exemplo, ou mesmo um subtítulo. Um exemplo é o livro “Before I fall” de Laura Oliver. O livro é grande é só tem 07 capítulos, mas a autora subdivide com marcadores do tipo Brigas, Beijo, Morte. Você também pode conferir a forma original como Lisa Schoder escreveu os capítulos de “I Love you, You haunt me” – a história é contada parecendo um poema. Lindo e original! Corte Chegamos a parte mais difícil ao escrever – o corte. Já diria Voltaire, “escrever é a arte de cortar palavras”. Não adianta achar que tudo o que você escreve vai virar livro. Isso não existe: há sempre o que melhorar ou retirar, por mais que você não veja. Para cortar o desnecessário, coloque-se na posição de leitor crítico. Isso é complicado porque, na maioria das vezes, escritores não costumam achar defeitos em um original – é como admitir que seu filho é feio. Assuma uma posição austera e pergunte para si mesmo: qual importância a passagem X tem para o desenvolvimento do texto? Se eu cortá-la, isso vai comprometer o ritmo e o enredo da obra? Em caso negativo, corte sem pena. E um parêntese: assim que terminar de cortar, passe o corretor ortográfico no seu texto. Preparando o original PUBLICANDO NO BRASIL
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Terminou de escrever? Hora de mostrar seu original para as editoras. Existem dois caminhos que você pode seguir: um mais curto e com mais chances de um sonoro NÃO e outro mais demorado, que apesar de não garantir uma aprovação, o deixará com mais de 80% do caminho andado. O primeiro é enviar o seu original normalmente para as editoras (vamos falar disso daqui a pouco). O segundo é guardar seu original, cortando de vez em quando e mexendo nele vez ou outra, ao passo que vai adquirindo experiência no meio literário.
Digo isso por um simples motivo: autores estreantes não costumam ter chances em editoras grandes. Isso acontece porque, de cada 10 autores publicados no Brasil, só 2 vendem o suficiente para cobrir os gastos com capista, diagramador, revisor, distribuidor, distr etc. Sendo assim, editores preferem optar por pessoas já conhecidas, com um público formado e donos de relativa popularidade midiática. Existem algumas alternativas bastante simples: •
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Publicar em Zines Zines são revistas eletrônicas, muito em moda mod hoje em dia. Para participar, geralmente você não paga nada. Basta entrar no site da Zine e enviar um texto de acordo com as especificações de cada uma. Costumo recomendar a TerrorZine, que publica micro contos de terror de até 15 linhas. É muito famosa no meio literário e qualquer um pode participar: basta escrever e mandar para os organizadores (Elenir Alves e Ademir Pascale). A Scarium Magazine publica contos de literatura fantástica, sem limite de linhas e em uma “revista de verdade” (impressa). Mas nesse nesse caso, há seleção do que entra ou não. A Revista Lit! possui um espaço assim também – é o “Conta Aê!”, que possui uma temática diferente todo mês. Antologias Essa é uma das formas mais fáceis de ser publicado efetivamente. Nas antologias, os editores não costumam ver se o autor tem ou não experiência. Eles possuem meios muito singulares de cobrir os gastos operacionais. Boas editoras para participar de Antologias Giz Editorial, Andross, Andross All Print, Multifoco e CBJE..
A editora abre uma espécie de concurso no site para a Antologia e determina um tema a ser escrito. Algumas possuem temática livre, mas são raras.
Fixa-se um número máximo de caracteres (com os espaços) com o qual o texto deve ser escrito (o padrão são 8.000 toques) e um prazo final para o recebimento dos textos;
Assina-se se um contrato de edição, no qual o autor se compromete a vender um número X de cópias como forma de pagamento. Se não conseguir vender no prazo, ele deverá custear com recursos próprios.
O autor recebe como remuneraçã por direitos autorais, de 01 a 03 exemplares gratuitamente, que podem ser vendidos. Cada um determina o preço do livro, mas a editor tem um valor certo a receber (preço de custo).
Terminado o prazo. os editores/organizadores avaliam o material e enviam uma carta ou email para os autores selecionados
Blogs Esses sites que hospedam blogs caíram do céu. Através dos blogs, muitas pessoas acabaram ficando famosas e publicaram um livro (se quiser um exemplo de blog de textos, visite o meu http://auroresderowling.blogspot.com). http://auroresderowling.blogspot.com Além de ser er um ótimo exercício de escrita, o blog te ajuda a ficar conhecido, a expor seu
trabalho, e a aprender a receber críticas negativas (nem todo mundo vai gostar do que você escreve, hora essa).
Revisão e Leitura Crítica Leitura Crítica Publicou em antologias? Fez seu blog? Hora de pensar em uma leitura crítica do seu original. Esse é um serviço ao qual a pessoa que o fará apontará problemas estruturais em seu texto, assim como um editor avalia uma obra. Geralmente, é feita por mestres /doutores em Letras e/ou Literatura e, por isso mesmo, não são muito recomendadas para que não sabe ouvir críticas. A função do leitor crítico é exatamente criticar. É um olhar clínico sobre tudo o que não presta em um livro e precisa ser retirado. Claro que existem leitores críticos que não apreciam o texto que você escreve e por isso vão detonar o seu texto – não tem como pedir a uma pessoa que ame poesia que avalie um livro de terror, certo? Existem vários leitores críticos no país e você pode se dar ao luxo de escolher o que mais se adéqua ao livro, já que o serviço não é tão caro: por volta de R$400,00. A Giz Editorial realiza o serviço de leitura crítica, só que cobrando por laudas. Vale a pena entrar em contato. Revisão O corretor ortográfico é muito bom, mas é passível de erros. Sempre vai ter um período mal estruturado, um erro de digitação ou concordância, algum errinho que pode acabar lhe valendo uma carta de devolução de original. O revisor serve exatamente para isso: corrigir imperfeições de ordem ortográfica e gramatical, deixando o texto limpo. Editoras são muito rigorosas com relação a isso. Contratar um revisor por módicos R$300,00 (preço médio) pode evitar que seu manuscrito seja recusado por uma merca troca de SS por ç. ISBN O que é? Estamos quase ao ponto de enviar seu texto às editoras. Mas antes é preciso registrar seu texto para evitar possíveis transtornos quanto a plágio. O ISBN é um número de registro na Biblioteca Nacional que regulamenta o seu texto o protege contra cópias.
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É um código universal único, ou seja, se você for pro Japão ou pra Dinamarca com o número e digitá-lo em um PC, vai encontrar o seu livro lá. Como registrar e o que levar? Xerox: RG + CPF
Todas as obras devem ser apresentadas em pastas tipo polionda ou papelão com elástico: (c/ o título das obras e índice com numeração) Uma cópia irá para a Biblioteca (assinar cada folha, conforme RG); a outra irá ficar com o escritor e/ou compositor. O Escritório procede enviando os trabalhos de letras de música, músicas com partitura, textos literários e teatrais, poesias, crônicas, contos, romances, etc para à Biblioteca Nacional. Os valores são de R$20,00 para pessoas físicas – o autor pode registrar um conjunto de trabalhos (um livro de poesias, por exemplo) pagando essa taxa única e de R$40,00 (quarenta reais) para pessoas jurídicas, ou música com partitura (que nesse caso, o valor será cobrado por obra).
Algumas editoras grandes, como a Rocco, só recebem os originais com uma cópia do registro e o número de ISBN. Endereço e telefone de alguns escritórios da BN:
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BIBLIOTECA ESTADUAL ELCY LACERDA Rua São José, 1800 Bairro Central - Macapá, CEP: 68900110 Tel: (96) 3212-5119, 3212-5239 Bahia – BA BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA Rua General Labatut, 27 – 3º andar Barris – Salvador, CEP: 40070-100 Tel: (71) 3117-6064 Fax: (71) 3328-3940 Brasília – DF
BIBLIOTECA DEMONSTRATIVA DE BRASÍLIA Maria da Conceição Moreira Salles Av. 3W Sul - EQS 506/507, s/nº Brasília – CEP: 70350-580 Tel: (61) 3443-0852 , 3443-5682 Fax: (61) 3443-9142 Espírito Santo – ES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Av .Fernando Ferrari, 514 Goiabeiras – Campus Universitário – Vitória, CEP: 29060-900 Tel: (27) 3335-2370, 3335-2375 Fax: (27) 3335-2378 Maranhão – MA BIBLIOTECA PÚBLICA BENEDITO LEITE Praça do Panteon s/n Centro – São Luis, MA CEP: 65020480 Tel: (98) 3218-9961 e-mail: datbpbl@cultura.ma.gov.br Mato Grosso – MT UNIVERSIDADE DE CUIABÁ – UNIC Av. Beira Rio, 3100 Jardim Europa – Cuiabá, CEP: 78015480 Tel: (65) 3615-1261 Fax: (65) 3615-1176 Pará – PA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Av. Augusto Corrêa, nº 1 Guamá - Belém, CEP: 66075-900 Tel: (91) 3201-7258, 3201-7000 (Geral) Pernambuco – PE Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco Rua João Lira, s/nº Bairro Santo Amaro – Recife, CEP: 50050-550 Tel: (81) 3221-3716, 3423-8446 Fax: (81) 3221-3716 Paraná – PR
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BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ Rua Cândido Lopes, 133 Centro – Curitiba, CEP: 80020-901 Tel: (41) 3221-4900 Fax: (41) 3224-0575, 225-6883 Rio de Janeiro - RJ (SEDE) Escritório de Direitos Autorais Rua da Imprensa, 16/12º andar - sala 1205 Castelo - Rio de Janeiro - 20030-120 Tel (21) 2220-0039, 2262-0017 Fax (21) 2240-9179
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA Av. Madre Boaventura, 2007 Itacorubi – Florianópolis, CEP: 88035001 Tel: (48) 3321 8020, 3231-1590 Fax: (48) 3334-6000 Sergipe - SE Universidade Federal de Sergipe Cidade Universitária Prof. Jose Aluisio de Campos São Cristóvão - Sergipe, CEP: 49100000 Tel: (79) 212-6521, 212-6528, 2126529, 212-6534 Fax: (79) 212-6474
Formas de Envio Existem duas formas de envio de um original no Brasil: através de um agente literário ou por conta própria. Contudo, até mesmo os agentes são unânimes ao concordar que hoje em dia é mais fácil conseguir uma editora do que um agente por aqui. Isso porque, ao contrário da (grande) maioria dos outros países, editoras brasileiras recebem originais não-solicitados. No exterior, editoras só recebem livros das mãos de agentes (que ficam com uma boa porcentagem da vendagem) e esses são responsáveis por acompanhar todo o processo do livro, desde assinatura do contrato até estratégias de divulgação. Vamos falar de agenciamento daqui a pouco, mas devo avisar: a melhor agência do país, a Agência Riff, está fechada para novas representações. Tente a Agência Virgil. A segunda forma de enviar é entrar no site de potenciais editoras do seu livro e se informar sobre o catálogo. Não dá para mandar um original de romance policial para uma editora que publica livros de odontologia, né? Verifique como (e se) a editora recebe originais. Cada uma tem seus próprios parâmetros. Algumas, por exemplo, costumam cobrar um currículo com as realizações literárias do autor. Outras, só recebem manuscritos via e-mail. Mas aí vão algumas dicas gerais: 1. Envie um exemplar impresso, encadernado e numerado. Não se preocupe com a capa agora: no futuro, quando seu livro for publicado, você poderá escolher uma juntamente com o pessoal do departamento gráfico. Também é legal colocar um pontinho de cola entre as páginas – é a chamada técnica da colinha antidepressiva. Algumas editoras devolvem o original sem mesmo abrirem: se você receber o manuscrito ainda colado, é sinal de que eles não olharam nada (ou quase nada) do seu livro – mais um motivo para não desanimar; 2. Anexe à correspondência uma carta de apresentação dizendo o porquê de o seu livro ser publicado. Caso seja uma obra de não-ficção, pesquise o mercado e descreva o porquê do seu livro ser diferente dos outros temas sobre o mesmo assunto. Analise e discorra sobre o público-alvo de seu texto e indique possíveis formas de divulgação. Mas atenção, tudo isso em uma página, no máximo duas; 3. Não fique ligando para a editora e nem bombardeando com e-mails a caixa de entrada do leitor crítico. Esse é um processo que leva algum tempo (às vezes, até um ano) porque passa pelas mãos de diversos profissionais até ser aceito. Pagamento de direitos autorais O pagamento varia muito de editora para editora, mas, e média, 10% da vendagem sobre o valor de capa é enviado para o autor a cada três meses.
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Divulgação Publicou seu livro? Parabéns! Mas tá pensando que acabou? Não! É preciso divulgar sua obra para que todo mundo conheça e compre, certo? Vamos a algumas dicas:
1. Invista em um web site. Além de manter contato com seus leitores através dele, você pode divulgar informações que você obteve durante a confecção do livro e que não entraram no livro, playlists, spin off’s, sua biografia e, se achar conveniente, um chat; 2. Pague para que façam um book trailer profissional do livro. Um book trailer funciona da mesma forma que um trailer para um filme. O valor desse serviço gira em torno de R$500,00 a R$1.800,00, dependendo dos efeitos que você quer colocar nele e da forma como será desenvolvido (se quiser um exemplo, entre no Youtube e procure pelo vídeo de “O Senhor das Sombras”, de Leandro Reis. É o melhor que já vi feito nacionalmente); 3. Disponibilize o (s) primeiro (s) capítulo (s) para download. Você pode hospedar no 4Shared/ Easy Share/ Rapidsahre ou mesmo colocar no Issuu, que é um site para publicações virtuais que diagrama o documento em formato de livro, com direito ao ruído sonoro de passagem de páginas e tudo mais – tudo on-line; 4. Mande a sinopse do livro para seus amigos mais próximos e peça que divulguem. O boca-a-boca é uma ferramenta poderosa; 5. Feche parcerias com blogs literários. Esses sites que vêm tomando conta do espaço editorial explodiram no ano passado e estão fazendo o maior sucesso, além de serem bastante eficazes na divulgação. E o melhor, você não precisa pagar: na maioria das vezes, o blogueiro só solicita uma cópia do seu livro para resenha ou sorteio, o que atrai a atenção de centenas de pessoas. São bons blogs para se divulgar um livro: Lendo & Comentando, Fracky, Sobre Livros, Livros em Série, Viajem Literária, Wishing a Book e Literalmente Falando; 6. Crie um Twitter: essa rede social tem se mostrado, além de uma forma de manter contato com seus amigos, uma poderosa ferramenta de marketing. Impressão sob demanda; Não conseguiu uma editora? Não desanime! A impressão sob demanda tem ganhado força nos últimos tempos e já é possível publicar sem ter de depender de uma editora tradicional. A impressão sob demanda vem ganhando terreno e tornando-se uma alternativa bastante viável para aqueles que querem ver seus livros publicados. Neste sistema, o autor paga pela publicação, mas o custo é muito inferior aos custos de uma edição normal (via editora comercial). Inicialmente, são cobrados do autor a diagramação e outros serviços como capa, obtenção de ISBN, etc. Os exemplares são impressos apenas depois de vendidos ou por solicitação do autor.
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Veja algumas vantagens: 1. A publicação do livro é realizada em curto espaço de tempo. Na maioria das vezes, em menos de 30 dias os primeiros exemplares já estão prontos; 2. O autor não depende de ser selecionado por uma editora e ter que esperar para ser publicado;
3. Os direitos autorais são muito maiores do que os oferecidos pelas editoras tradicionais; 4. É o autor quem determina o que será ou não publicado, como fotos, imagem da capa, etc. Mas como tudo na vida tem os prós p e contras, aqui estão algumas umas desvantagens desse sistema: 1. Ao contrário de uma editora convencional, o autor é quem irá pagar a conta; 2. Na maioria dos casos, o autor é quem terá que vender seus livros, pois neste sistema, com algumas exceções, não irá existir existir apoio de marketing ou distribuição dos livros para livrarias; 3. O trabalho de revisão e acompanhamento do processo de publicação é muito maior, já que a qualidade final irá depender muito mais do autor do que da editora. Algumas editoras, como a CBJE, possuem um sistema de impressão de pequenas cópias a preço de custo (no caso desta, no mínimo 30). Outras só publicam grandes tiragens (de 1000 pra cima). Dessa forma, o que vale mesmo é pesquisar e ver onde o seu livro pode ser publicado de forma barata e eficiente. Costumo recomendar o site Clube dos Autores.. Nele, você mesmo consegue montar a capa, a diagramação e vender, um exemplar por vez. Você não gasta nada, a cada vez que um livro é comprado, os seus direitos autorais são depositados... e é você que qu escolhe quanto quer ganhar por livro (cuidado para não deixar o livro caro demais!). Boas editoras para se publicar sob demanda All Print, Giz Editorial, CBJE, Clube de Autores, Publit e Schortezy. Multifoco A Editora Mutifoco trabalha de maneira diferenciada: só publica autores iniciantes. É uma mão na roda porque o tipo de publicação dessa editora não gera ônus para nenhuma das partes. Em linhas gerais, funciona assim:
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O autor envia seu projeto para ser analisado via e-mail. e Se aprovado, a editora faz todo o trabalho de diagramação, capa, revisão sem repassar nenhum custo.
Em seguida, a editora envia a quantidade solicitada para venda (mínimo de 30 exemplares). Essas cópias devem ser vendidas em 1 mês.
Caso o autor queira quitar o valor dos exemplares antes, a editora concede 30% de desconto.
Além disso, após vender 100 livros, a Editora Multifoco colocará a obra nas livrarias conveniadas do Rio de Janeiro, além de repor sempre que o autor precisar de mais exemplares. Modelo interessante, não?
http://www.editoramultifoco.com.br PUBLICANDO NO EXTERIOR Se você quer publicar no exterior, o caminho é bastante árduo, mas muito mais compensador. Cada país e cada editora têm suas particularidades. Vou apresentar aqui o modelo americano, que é o mais comum co no mundo. Agente Só é possível conseguir que uma editora olhe seu original através de um agente. Em partes é ruim porque ele leva 10 ou 15 % de tudo o que você ganha. Em outras partes é ótimo porque agentes possuem uma linha de trabalho.
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Se você trabalha lha com ficção juvenil, por exemplo, estará certo de que o agente dessa área terá contato com as melhores editoras e terá as melhores técnicas de apresentação de seu original. Veja como funciona o processo de publicação: O autor envia uma carta de apresentação do seu livro, informando a sua experiência literária, um pouco da história, gênero literário, etc.
Os editores decidem o que comprar e quando lançar em uma reunião chamada "compra de papel".
É assinado um contrato de edição. Nesse caso, você é contratado para escrever um número certo de livros e recebe pelo contrato, não pelos direitos (com raras exceções)
Caso o agente se interesse, ele requisita o envio de dois a cinco capítulos da obra. Em algumas agências, os capítulos de amostra são exigidos junto com a carta de apresentação.
Caso o agente se interesse em representá-lo, um contrato será firmado e ele começará a apresentar seu livro para os editores. Em alguns casos, é feito um leilão de direitos.
Após o término do contrato, você pode continuar publicando com determinada editora, mas terá de apresentar novas idéias de livros.
Se ele ainda estiver interessado, vai lhe pedir metade do livro. O processo de avaliação agora entra em uma fase mais demorada e minuciosa.
Se ele estiver quase convencido, vai pedir o livro inteiro.
Caso os direitos do livro sejam vendidos para o exterior, você ganha no contrato, mas não tem quaisquer participações nos lucros de vendagem.
Esse é um sistema mais eficiente e mais lucrativo. Contratos de edição para séries, por exemplo, sempre ultrapassam a casa dos US$10.000 (isso se seu livro for ruim. Se ele for bom e comercial, costuma ser comprado de US$300.000 acima). Claro, isso também depende muito do talento do seu agente. a
Existe uma editora dos EUA que recebe originais não-solicitados. É a Avon, que pertence ao grupo Harper Collins. ATENÇÃO. Se você tiver pretensões de publicar nos EUA, saiba que os originais devem ser entregues já traduzidos. Boas agências dos EUA: Writers House, Upstart Crow, Connor Literary Agency, Jill Grinberg Literary Agent, The Literary International Group. Boas editoras dos EUA:
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Simon & Schuster, Disney Hyperion, Harper Collins, Scholastic, Harper Collins e Penguin Group.
Dicas de escritores consagrados para quem quer começar a escrever Como entrevistador, tive a felicidade de conversar com dezenas de escritores Best-sellers. Ao longo desses anos, vinha colhendo dicas dos mesmos para quem quer escrever profissionalmente. Confira as melhores: Que conselhos você daria para quem deseja ser escritor?
Alyson Noël (autora da série “Os Imortais”, Best-seller do The New York Times):
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ei que parece o básico, mas não há outra forma. Ler centenas de livros, nos mais diferentes estilos é uma coisa que o escritor pode fazer para melhorar a sua forma de escrever. Os livros que você gosta, os livros que você não gosta, todos eles têm algo a lhe ensinar. Acho que críticas construtivas são bem vindas, mas acho também que em certos momentos é preciso deixá-las um pouco de lado e acreditar em você. Deixe a sua história fluir sem se importar com o julgamento das pessoas. Você pode (e deve!) revisá-lo depois, mas não pode rever uma página em branco, não é verdade?”
Holly Black (autora da série “As Crônicas de Spidewick”, publicada em 32 idiomas e adaptada para o cinema):
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er de tudo, nos mais diferentes gêneros – para ser um bom escritor, primeiro é importante ser um bom leitor; 2) Escrever e revisar aos montes - trabalho por meio de histórias é como você
encontrar o seu tom; 3) Encontrar um outro escritor que gosta de livros semelhantes aos que você gosta e se tornarem parceiros crítica. Ter alguém para dizer o que está funcionando e o que não, é de valor inestimável e aprender a descobrir por que alguém da história não está tão verossímil para que você possa escolher o que é ou não útil pode ser fundamental no sucesso ou no fracasso de uma obra; A última que ouvi na semana passada e achei que era brilhante e simples, 4) não ser chato
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e não ser confuso. Os leitores são implacáveis com ambos.
Sarah Rees Brenna (irlandesa publicada nos EUA, com direitos de publicação vendidos para 18 países com a série “The Demon’s Lexicon)
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unca desista! Eu escrevi durante anos antes de eu ter publicado. Além disso, escrever esboços para a sua história pode ajudá-lo a superar os momentos difíceis. E ler muito, isso fará de você um ótimo escritor.”
*.*.* Mais do que um simples tutorial, optei por montar um guia passo-a-passo ao qual, se você seguir, terá grandes chances de se tornar um escritor bem sucedido. Poucas pessoas ficam ricas escrevendo aqui no Brasil, mas a satisfação de obter uma cópia impressa de um trabalho que costuma durar anos é mais valiosa do que todo o dinheiro do mundo. Sucesso para você!
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Igor Silva
Em breve mais tutoriais no
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