O pesado custo do transporte

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55ª é a posição do Brasil num ranking que avalia a logística de

160 países. O item em que o país obteve a melhor avaliação foi “monitoramento de cargas”. Já o pior foi “entregas internacionais”. Alemanha, Luxemburgo e Suécia ocupam os primeiros lugares. FONTE: BANCO MUNDIAL — Logistics Index 2016

LOGÍSTICA

O PESADO CUSTO DO TRANSPORTE O provável fim do e-Sedex torna ainda mais difícil para as lojas online equilibrar as contas do frete no Brasil Igor dos Santos

O serviço de entregas dos Correios destinado a lojas online, o e-Sedex, pode ser descontinuado a qualquer momento (a empresa havia estabelecido o último dia de 2016, mas a associação de agências franqueadas dos Correios ainda tentava reverter a decisão na Justiça). Os especialistas estimam que a medida deve encarecer o frete em 20% no país em 2017. O e-Sedex havia sido criado para concorrer com as transportadoras — custava um pouco mais caro que o PAC (serviço econômico dos Correios), mas com os mesmos prazos do Sedex. O frete é um ponto sensível para o setor. Uma estimativa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico aponta que a logística representa 60% dos custos operacionais de um e-commerce. Por outro lado, o valor do frete é a principal razão (58%) apontada por consumidores para abandonar o carrinho. “Os empreendedores terão que reajustar para cima os valores de compras que permitem o frete grátis, embutir parte dos custos nos preços de venda e pensar em novas alternativas de frete”, diz Douglas Oliveira, diretor da loja de móveis online Mobly. Uma saída é dar mais opções ao cliente entre um frete mais barato, mas com maior prazo de entrega, ou um transporte mais caro e rápido. “Uma estratégia para fechar as contas pode ser ofertar o frete grátis apenas para a região onde a loja está”, diz Priscila Laczynski Miguel, coordenadora do Centro de Logística da Fundação Getulio Vargas.

ALTERNATIVAS AO E-SEDEX

Para muitas pequenas e médias empresas, chegou a hora de repensar a logística. Veja as vantagens e desvantagens dos serviços mais usados

CONTRATO COM TRANSPORTADORAS

APLICATIVOS DE MOTOBOYS

TERCEIRIZAÇÃO DA GESTÃO

ADMINISTRAÇÃO INTERNA

Esse tipo de serviço é recomendado para lojas que despacham a partir de 60 encomendas por dia (volume necessário para negociar valores e prazos próximos aos do Sedex) ou que trabalham com itens pesados (os Correios só aceitam cargas de até 30 kg). Atualmente, há transportadoras que abrangem todo o território nacional. Se o custo médio do frete representar mais que 6% do valor dos pedidos, um contrato fixo passa a fazer sentido.

É uma opção para entregas no mesmo dia. quando a loja e o cliente estão na mesma cidade. Por um app, o lojista informa o endereço de retirada e entrega e as dimensões da caixa. Na tela aparece o custo e o tempo estimado. Como no Uber, é cobrado um valor mínimo por viagem (em torno de R$ 20) e R$ 2 por quilômetro rodado, em média. No geral, caixas de até 3 kg custam o equivalente ao Sedex 10. O ponto negativo é que a maioria das empresas, como Loggi e Rapiddo, só atende às grandes capitais.

Atualmente, algumas ferramentas estão disponíveis para ajudar o lojista — desde organizar tabelas de frete e rastrear cargas até simplificar o processo de embalagem. Empresas como Intelipost e Axado oferecem plataformas online de cotação de frete em mais de 500 transportadoras. Há também fornecedores denominados como “fulfillment”, como a Mandaê, que retiram, embalam e despacham os produtos por Correios ou por transportadoras conveniadas, o que for mais em conta.

Algumas lojas que lidam com mais de 100 pedidos por dia — e concentram grandes volumes de vendas na mesma região — optam por uma operação interna. É o caso da Mobly, especializada na venda de móveis. Por meio de um sistema inteno, o e-commerce organiza uma rede de entregas com transportadoras e uma frota própria. Na Mobly, são 12 microempresas parceiras que realizam mais de 60% das entregas em São Paulo. O modelo custa 20% menos do que quando a operação era toda terceirizada.

JANEIRO, 2017

pequenas empresas & grandes negócios

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