PARA COMEÇAR EDIÇÃO | IGOR DOS SANTOS
NOTÍCIAS, IDEIAS E TENDÊNCIAS PARA O EMPREENDEDOR
Alexandre Diniz, da Quality: lavadora e secadora para uso coletivo
ESTRATÉGIA
DANIELA TOVIANSKY
Lavanderia (quase) dentro de casa Por causa do aumento de preço do metro quadrado nas grandes cidades, muitos prédios residenciais são lançados com pequenas áreas individuais. Em São Pau lo, por exemplo, de cada dez apartamentos novos ven didos, quatro têm apenas um quarto. Para compensar o aperto, as construtoras costumam instalar serviços coletivos, como academia e cineminha. O paulista Ale xandre Diniz, de 42 anos, enxergou nessa tendência uma
oportunidade de negócio para sua rede de lavanderias Quality. “As casas não têm espaço para máquinas de lavar”, diz ele. Recentemente, a empresa passou a ven der e alugar lavadoras e secadoras para a montagem de lavanderias comunitárias. Cada conjunto é vendido por 15 000 reais ou alugado por 1 000 reais mensais. Em 2014, a Quality obteve um faturamento de 105 milhões de reais — 30% veio das negociações com condomínios.
Janeiro 2015 | Exame PME | 11
PARA COMEÇAR
O QUE ACONTECEU A WineTag, rede social em que as pessoas sugerem harmonizações de vinhos e comidas, foi tema de reportagem de Exame PME em maio de 2013. Para obter receitas, a empresa tinha começado a vender para restaurantes um sistema de cardápio eletrônico instalado em tablets. O carioca João Paulo Alves, de 33 anos, e seus sócios pretendiam aperfeiçoar a tecnologia para permitir a compra online de vinhos que o consumidor havia tomado no restaurante. Veja o que aconteceu.
MAI 2013
MARCELO CORREA
DANIELA TOVIANSKY
A ESTRATÉGIA
Eduardo Pereira, da Elumini: uso sustentável de equipamentos eletrônicos
REÚSOS
Patrulha contra o acúmulo de tranqueiras De tempos em tempos, o empreendedor Eduardo Pereira, de 52 anos, da prestadora de serviços de TI Elumini, precisa trocar as peças dos computadores usados de sua equipe. “Atualizamos nossas máquinas com uma frequência relativamente alta”, diz. Em vez de fazer o descarte puro e simples, ele achou um modo de reaproveitar as peças obsoletas. Foi criado um espaço para guardar monitores, placas de
memória e todo tipo de traquitana. A cada seis meses, um funcionário monta novas máquinas com esse material, que depois são destinadas a instituições dedicadas à inclusão social de jovens carentes. “São peças que estão em perfeito estado para um usuário comum”, diz Pereira. “É ótimo saber que estamos dando um novo destino para elas.” Veja outras sugestões de reúso de material nas empresas.
JORNAIS VELHOS
ELETRÔNICOS ANTIGOS
ROUPAS USADAS
CLUBE DO LIVRO
PAPÉIS PARA IMPRESSÃO
Os jornais já lidos não precisam ir para o lixo. É possível doar para centros de zoonose ou instituições que cuidam de animais
Os aparelhos podem sem doados para os funcionários ou ONGs. Alguns fabricantes aceitam as peças de volta para ser recicladas
A doação de roupas não está limitada a campanhas do agasalho. Algumas ONGs transformam peças usadas em novos trajes
A empresa pode instalar uma estante e pedir para as pessoas levarem livros que não usam mais e, em troca, pegarem outros que desejem ler
Existem instituições de caridade que transformam os papéis usados em agendas, bloquinhos e até em convites de casamento
12 | Exame PME | Janeiro 2015
A WineTag permaneceu apenas como uma rede social. Uma segunda empresa, a TagMe, foi criada para vender os cardápios eletrônicos para bares e restaurantes. Com base nas informações que os usuários da WineTag geravam, a empresa melhorou algumas funções do aplicativo comercializado.
OS RISCOS
A logística poderia ser um entrave para a operação de venda de vinhos pelos cardápios eletrônicos dos restaurantes. Os sócios da WineTag precisariam negociar com diversas importadoras de bebidas, já que nenhuma delas trabalha com todas as marcas de vinhos. Eles não tinham experiência com canais de venda.
O RESULTADO
A venda de vinhos pelo menu eletrônico não teve o resultado esperado e foi abortada meses depois. As negociações com os distribuidores eram complexas e as entregas demoravam. O cardápio digital é a principal fonte de renda do negócio. A empresa faturou 1,1 milhão de reais no ano passado — 38% mais do que em 2013.
O FUTURO
Os sócios criaram o Applausit, aplicativo que deve estreitar a relação entre clientes e restaurantes. “Quando o cliente chegar, o aplicativo avisará que o local possui o vinho predileto dele e indicará um prato que combine com a bebida”, diz Alves. Com isso, a empresa espera crescer 60% em 2015.
PARA COMEÇAR
MÍDIAS SOCIAIS
Engajamento em série
PERGUNTAS BÁSICAS
Uma pesquisa recente mostra que os brasileiros estão usando cada vez mais diferentes mídias sociais. Enquanto o Facebook cresce de forma tímida, outras mídias conquistam um grande número de usuários em pouco tempo. Cerca de 35% dos entrevistados afirmam usar o WhatsApp, por exemplo. O Instagram, por sua vez, já tem a mesma relevância que o Twitter no país. O estudo também revela um aumento da participação dos usuários em movimentos políticos pela internet. Veja abaixo.
Código de vestuário
A lei permite criar um código de vestimenta? Sim. O empreendedor tem o direito de decidir qual tipo de roupa seus funcionários devem usar, bem como modificar um código já existente a qualquer momento. Outra opção que ele tem é implementar o uso de uniformes. Nesse caso, o custo para confeccionar as roupas deve ser da empresa. Para evitar desavenças, é importante fornecer o mesmo número de peças para cada funcionário. Quais informações devem estar no código? O manual precisa ser claro e direto. Quanto mais detalhado, melhor. Caso a empresa adote vestimentas mais formais, como terno e gravata ou salto alto, o ideal é criar um período de adaptação para que os empregados não sejam prejudicados, uma vez que eles terão de comprar novas peças.
E se a empresa quiser criar o dia casual? O dia casual, em que os funcionários podem se vestir de maneira mais informal, normalmente acontece às sextas-feiras. É necessário deixar claro, se for o caso, que mesmo durante esse dia não é permitido o uso de algumas peças, como saias curtas e camisetas de time. Um funcionário pode ser advertido por usar roupas inadequadas? Pode. Caso algum empregado não obedeça ao código de vestimenta, a empresa, num primeiro momento, deve aconselhá-lo sobre a roupa ideal para o escritório. Se a indicação não tiver resultado, o profissional pode receber uma advertência. É preciso cuidado para não colocar o funcionário numa situação vexatória ou constrangê-lo. Isso pode ser enquadrado como assédio moral.
Hábito de se conectar às mídias sociais
(em % de internautas) Abril de 2013 Abril de 2014
85 .FACEBOOK.
.GOOGLE+.
37 43 33
7
.SKYPE.
27
.TWITTER.
19 22
Participação em movimentos sociais ou políticos via internet (em % de usuários)
17 9 . M A GR A ST .IN
17 0 10
Participou Não participou
.2011.
16
84
.2014.
26
74
.SERVIÇOS.DE MÚSICA.
Fonte Pesquisa F/Radar, realizada pela agência F/Nazca e Datafolha, com 2 600 internautas de 12 anos ou mais, em 144 municípios brasileiros, em 2014
Denis Santini, da MD Eventos: o faturamento dobrou em 2014
OPORTUNIDADES
Na carona das franquias
O paulista Denis Santini, de 41 anos, está aproveitando o bom momento do setor de franquias — mercado que cresce mais de 10% ao ano. Ele é sócio da MD Eventos, responsável por organizar feiras e convenções para empresas que mantêm uma rede de lojas, como a Nutty Bavarian e o Dia Supermer cados. Antes de montar os eventos, a empresa realiza reu niões com os clientes. “Queremos saber a mensagem que eles desejam transmitir a seus franqueados”, diz ele. Santini adquiriu experiência com o mercado de franquias quando virou sócio de uma agência de comunicação para o setor. “Meu histórico ajuda a identificar as necessidades dos clien tes”, diz Santini. O negócio faturou em torno de 3 milhões de reais em 2014, mais do que o dobro do ano anterior.
Refazer, refazer e refazer de novo, até a história achar seu caminho — Edwin Catmull, presidente dos estúdios Pixar e Walt Disney Animation, ao contar que a criatividade
precisa de um ponto de partida , mas que as boas ideias surgem entre uma tentativa e outra
14 | Exame PME | Janeiro 2015
.WHATSAPP.
88
DANIELA TOVIANSKY
Fonte Lígia Marques, consultora em etiqueta profissional, e Paula Rocha, sócia do escritório de advocacia Trigueiro Fontes
Muitos empreendedores têm dúvida sobre como montar um código de vestimenta em suas empresas. Veja o que é possível exigir dos empregados e a melhor forma de alertá-los sobre a roupa correta para o ambiente de trabalho.
PARA COMEÇAR POR DENTRO
DA LEI
Quebrou. E agora?
A empresa pode cobrar do funcionário o valor de um equipamento de trabalho quebrado por mau uso?
SIM.
O que fazer Trata-se de uma cláusula nada simpática. Muitas empresas nem a incluem em seus contratos. Porém, é a única maneira de legitimar o desconto. Decidido a usar a regra, o empreendedor pode descontar até o limite de 30% do salário mensal de um empregado que tenha danificado um equipamento ao usá-lo de forma inadequada. Há algumas situações que pedem uma análise mais cuidadosa. Por exemplo: quando o funcionário está com o notebook da empresa e é assaltado. De modo geral, o risco é da empresa. Mas, se o profissional não tinha autorização para sair com o equipamento naquele dia e horário e mesmo assim o fez, a responsabilidade é dele. Essa prerrogativa só é válida se o contrato contemplar o período de uso autorizado. Thiago de Carvalho, do escritório PLKC Advogados — Com reportagem de Patrícia Basilio
16 | Exame PME | Janeiro 2015
José Roberto Alvarez e Johnny Jardini, da Americanflex: rentabilidade mais protegida
DANIELA TOVIANSKY
Motivo A legislação trabalhista permite que seja incluída uma cláusula no contrato de trabalho prevendo a possibilidade de desconto no salário por quebra e uso indevido de material do escritório, como telefone, notebook e outros equipamentos.
VENDAS
Antídoto contra descontos
Depender de um único canal de vendas é um problema para muitas empresas. Até 2009, quase todo o faturamento da fabricante paulista de colchões Americanflex vinha das vendas para varejistas como Lojas Cem, Casas Bahia e Magazine Luiza. “Elas pedem muito desconto, e a rentabilidade caía ano a ano”, afirma Johnny Jardini, de 80 anos, dono da Americanflex. Por isso, ele decidiu procurar novos canais. “Em cinco anos, a importância das revendas em nossas receitas diminuiu de 90% para 70%”, diz o diretor José Roberto Alvarez. A Americanflex prevê faturar 128 milhões de reais em 2015 — 11% mais do que no ano passado. Veja como está configurada atualmente a estrutura de vendas do negócio.(1)
REVENDAS
HOTÉIS
LOJAS PRÓPRIAS
A empresa continua vendendo para varejistas por causa da escala. Mas passou a privilegiar os pequenos comércios. Hoje, são 3 000 revendedores espalhados pelo país, de onde vêm 70% das receitas
Um gerente foi contratado só para prospectar grandes redes de hotéis, como Blue Tree e Holiday Inn, que chegam a comprar até 50 colchões num mesmo pedido. O setor colabora com 7% do faturamento
A Americanflex abriu 14 lojas próprias para chegar a cidades onde não havia revendas da marca, como o interior de São Paulo e o do Paraná. As lojas geram 15% das receitas, e a margem é 20% superior à das revendas
1. Não inclui vendas esporádicas para governos e outros mercados