O que é ser anglicano

Page 1

O QUE É SER ANGLICANO

BISPO JOSEP M. ROSSELLO FERRER


2

ÍNDICE O QUE É SER UM ANGLICANO?

4

O QUE É A IGREJA ANGLICANA?

6

OS FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS 6 1. 2. 3.

A Bíblia Sagrada A Tradição A Razão

OS CREDOS 1. 2. 3.

Credo Apostólico Credo Niceno Credo Atanasiano

AS DOUTRINAS ESSENCIAIS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11.

A Santíssima Trindade O Homem e o pecado A Salvação A Justificação E A ELEIÇÃO A Santidade A Igreja O Culto O MINISTERIO O mundo e a igreja A Segunda Vinda de Cristo A esperança cristã

OS SACRAMENTOS

Bispo Josep M. Rossello Ferrer

6 7 8

8 9 9 10

10 11 11 12 13 13 14 15 16 16 17 17

18


3

1. 2. 3.

Santo Batismo 18 Ceia do Senhor, Eucaristia ou Santa Comunhão 19 Atos sacramentais 20

O MINISTÉRIO 1. 2. 3. 4.

BISPO PRESBÍTEROS DIÁCONOS OUTROS MINISTÉRIOS

ESTRUTURA 1. 2. 3.

A paróquia O sínodo Comissão permanente

21 21 21 22 22

22 23 23 24

O QUE DISTINGUE OS ANGLICANOS DOS CATÓLICOS? 24 1.

As Diferenças

25

O QUE UNE OS ANGLICANOS COM À IGREJA EVANGÉLICA? 29

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


4

O QUE É SER UM ANGLICANO? Um Anglicano é em primeiro lugar, uma pessoa que tem entendido a necessidade de ter Cristo como Senhor e Salvador, tem recebido nova vida do Espírito Santo, além do perdão dos pecados pela Cruz de Cristo, e a possibilidade de reconciliação e uma vida abundante de comunhão com Deus, portanto um Cristão. Também, é crer e valorizar em sua vida cristã, a obra e o agir do Espírito Santo na salvação, santificação e capacitação da Igreja de Deus. Igualmente, é crer que o Evangelho do Reino se preocupa com o ser humano como um todo e que a Sua salvação nos alcança integralmente, não somente as pessoas, mas também as cidades e as nações. Da mesma forma, é ser apaixonado pela evangelização e a missão de Deus no poder do Espírito Santo, promover o crescimento do Reino, por intermédio do fazer discípulos em todas as nações. Finalmente, é participar integralmente da vida da igreja, por meio do exercício dos dons, do compromisso de ser dizimista e bom mordomo não só dos bens materiais, como também da vida de modo geral. Ser Anglicano é ser parte da Igreja Anglicana. A Igreja Anglicana é uma igreja evangélica

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


5

(protestante e reformada). O nome "Anglicano" deriva da palavra Anglo, Inglês. O nome “Anglicano” nos lembra que não somos uma seita moderna, fundada pelos homens, aqui ou ali com o fito de ressaltar este ou aquele costume ou prática, em detrimento de outros. Antes, considerase como parte da Santa Igreja Católica, no sentido básico do termo, isto é, da Igreja única no mundo todo que é o Corpo de Cristo, porquanto possui as credenciais da missã o, tradiçã o, sucessã o e doutrina dos apó stolos, preserva e ensina toda a verdade cristã , as doutrinas da graça e se destina a todos os homens de todos os tempos. Entendemos que a Reforma Protestante se desencadeou através de um processo de conscientização na Igreja Inglesa para reformar os erros doutrinários e os costumes ilícitos que tinham sido incorporados na Igreja de Cristo por vários séculos que levou a necessidade de uma Reforma. Este movimento atingiu toda Grã-Bretanha, especialmente Inglaterra e País de Gales, e teve influência cultural e social no mundo inteiro, principalmente na América do Norte, África, Ásia, Austrália e Nova Zelândia. Na atualidade, existem mais de 110 milhões de Anglicanos espalhados pelo mundo. Isto faz do Anglicanismo a maior denominação evangélica na atualidade.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


6

O QUE É A IGREJA ANGLICANA? Muitas pessoas entendem que o protestantismo é distinto e oposto ao catolicismo romano. Não é bem assim. Martinho Lutero e os Reformadores Protestantes nunca tiveram em mente fazer outra igreja. A ideia era levar adiante uma reforma na Igreja. Não era uma reforma para introduzir novas doutrinas, mas era exatamente para recuperar algumas doutrinas esquecidas e voltar a simplicidade da igreja primitiva. A Igreja Anglicana é uma Igreja que prega o Cristo ressurreto, trabalha para a expansão do Reino de Deus, proclama o Evangelho da Graça e mantem firmemente a sã doutrina e o ministério da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

OS FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pelo que há em Cristo Jesus” (I Tm 3:14-15 )

1. A BÍBLIA SAGRADA Ela é a fonte e autoridade de toda a doutrina. Escrita por homens inspirados pelo Espírito Santo. Nós

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


7

Anglicanos acreditamos que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus e nela contém todas as doutrinas necessárias para a salvação e nada que não esteja explicita ou implicitamente nela é considerado como artigo de fé e nem necessário para a salvação. A Bíblia Sagrada é suficiente, completa, revelada e inspirada por Deus. Tanto o Antigo como o Novo Testamento contem a Revelação de Deus aos homens, e são a pura e verdadeira Palavra de Deus que proclama a Jesus como Deus e homem, e como o Salvador do mundo.

2. A TRADIÇÃO A Tradição nos ajuda a interpretar a Escritura e está subordinada a Bíblia Sagrada. A Tradição é a experiência e o testemunho de desenvolvimento e crescimento da fé, orientada e guiada pelo Espírito Santo, através dos séculos em diferentes nações e culturas. Nos permite compartilhar a experiências dos primeiros cristãos e dos crentes de todas as épocas e povos. Preserva hinos, sermões, teologia, biografias, etc., que mantem viva nossa fé e a fortalece cada dia. Por sua continuidade e consistência, a tradição nos ajuda a preservar a sã doutrina na vida da igreja. A primeira fonte para aprender e participar da tradição Anglicana é o Livro de Oração Comum. A tradição da igreja é contida na liturgia, orações, hinos, credos, e artigos de fé. Estes proveem o

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


8 contexto para as pessoas encontrar Deus e crescer em Cristo através da ação do Espírito Santo nos sacramentos, a pregação e a oração. A tradição nos traz à presença de Deus e nos envia ao mundo para caminhar e servir com Cristo na sua missão de proclamar a fé, anunciar a esperança e expressar o amor.

3. A RAZÃO Ajuda ao homem a entender as profundezas da verdade divina. O Anglicanismo fomenta nos seus membros o uso da razão para compreender e entender a Palavra de Deus. Deus nos ajuda a interpretar a Bíblia Sagrada através da razão, a sabedoria. Deus nos dá a liberdade para questionar, pensar e ensinar a vivermos juntos em amor. A razão permite apresentar a fé Cristã de forma que possamos compreender e explicar a outros. A Razão nos ajuda a glorificar a Deus ao reconhecemos a presença de Deus em ação no mundo e nas nossas vidas e nos capacita para perceber o pouco que sabemos.

OS CREDOS Os Credos Universais são símbolos da fé Cristã, expressa claramente nossa fé na Santíssima Trindade. São

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


9

chamados de universais, porque foram escritos pela Igreja indivisa e são aceitos por todos os cristãos.

1. CREDO APOSTÓLICO Por ser parte do Rito do Batismo e ensinado no Catecismo, o Credo Apostólico é o credo mais usado. E, exceto o Pai Nosso, não há conjunto de palavras na Igreja Cristã que os cristãos mais pronunciem. Ele é o primeiro dos credos. As igrejas protestantes e reformadas, para demonstrar que não eram uma seita, incorporaram os três credos em suas confissões.

2. CREDO NICENO Enquanto a Igreja se desenvolvia, passou a sofrer oposição do Império Romano e dos judeus em forma de perseguições, prisões e morte aos que professavam a Fé Cristã. Mas este não foi o único tipo de perseguição sofrida, um outro tipo de perseguição começou a se infiltrar na Igreja – o da oposição à fé como revelação direta da verdade por parte de Deus. A origem do Credo Niceno se encontra na necessidade de defender a doutrina apostólica da divindade de Cristo contra as pregações e ensinos de Ário, e da divindade do Espírito Santo contra os seguidores de Macedônio. O Credo Niceno não procura apresentar todos os artigos da fé cristã, mas confessa e defende as

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


10 verdades fundamentais da doutrina bíblica acerca de Deus.

3. CREDO ATANASIANO O Credo Atanasiano é uma confissão magnífica sobre o Deus Trino. O Credo Atanasiano nunca teve um uso generalizado como os outros credos. Mas se há um momento no Ano Eclesiástico que ele deveria receber atenção, este é o Domingo da Santíssima Trindade, pois essa doutrina, e especialmente a da divindade de Cristo e de sua obra redentora, é o fundamento sobre o qual está edificada a igreja (Ef. 2:20).

AS DOUTRINAS ESSENCIAIS “No essencial, unidade; no não essencial, liberdade; em tudo, caridade.” – Santo Agostinho, de Hipona. As principais características do Anglicanismo são suas doutrinas bíblicas que se diferem de muitas denominações que confundem doutrinas com costumes. Portanto, as doutrinas cristãs, que afirmamos, são totalmente fundamentadas na Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. A natureza confessional do Anglicanismo está baseada na Bíblia Sagrada. Como exposição correta

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


11

da Bíblia Sagrada, o Anglicanismo reformado adota os 39 Artigos e o Catecismo. Se bem que é verdade que exista diversidade nisto de uma diocese para outra, porém existem algumas doutrinas essências que são fundamentais na vida cristã e que não podemos abrir mão.

1. A SANTÍSSIMA TRINDADE Deus se manifesta ao homem em três pessoas: Deus Pai – Deus é amor, também é justo, infinito, soberano, todo-poderoso, bom, com um propósito para o homem revelado pela criação do mundo, na encarnação do seu Filho ne a Bíblia Sagrada. Deus Filho – Deus se fez homem para nossa salvação. Sua vida, morte e ressurreição, nos liberta das limitações do pecado e da morte. Deus Espírito Santo – Que regenera, redime, dá vida aos homens, renova, mantém e aviva a Igreja, e nos capacita para seguir a Cristo, como Senhor, e obedecer aos mandamentos de Deus.

2. O HOMEM E O PECADO Deus criou o homem à Sua própria imagem, santo e justo; entretanto o homem pecou, trazendo sobre si a morte e a condenação; Pelo pecado, o homem tornou-se morto em delitos e pecados, não podendo, por sua própria razão ou força, salvar-se (Gn 1: 27; Gn. 2: 7; Sl 51:5; Ef. 2:1).

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


12

3. A SALVAÇÃO A salvação significa o fim da nossa separação de Deus e o começo de uma vida nova de acordo com Sua vontade. A salvação é inteiramente pela Graça de Deus, por intermédio da redenção em Jesus Cristo. Todos os seres humanos pecaram (Rm 3:23), sendo, por isso, culpados diante de Deus (Rm 3:19) e estão debaixo da maldição da lei (Gl 3:10), merecendo a morte (Rm 6:23). Abandonado a si mesmo, é absolutamente impossível ao ser humano alcançar sua própria salvação, pois pelas obras da lei nenhuma carne será justificada (Rm 3:20). Salvação pelo mérito de nossas próprias obras é impossível. Logo, a graça divina é necessária para que sejamos salvos. O Espírito Santo nos dá vida. Ele, também, nos leva ao arrependimento de nossos pecados, em outras palavras, mudar de vida e voltar-nos a Deus. E a confessar pela fé a Jesus, como Salvador e viver seguindo ao Senhor. Assim, somos capazes de conhecer e experimentar o amor e propósito de Deus para nossa vida. Somos eleitos e escolhidos em Deus, chamados a seguir a Cristo, e viver na Igreja pelo Espírito Santo.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


13

4. A JUSTIFICAÇÃO E A ELEIÇÃO Cremos que Deus, graciosamente, por causa de Jesus Cristo, justifica os pecadores, mediante a fé; esta fé justifica, sem qualquer mérito da nossa parte, mas por causa de Jesus Cristo (Rm. 1:17; Ef. 2: 8-9). A eleição é um ato amoroso de Deus, que é feito pela Sua bondade e vontade eterna pela Igreja de Cristo (Ef. 1:4; Ef. 3:11; II Ts. 2:13; II Tm 1:9; Rm 9:11)

5. A SANTIDADE A Santidade, ou santificação, da vida começa no coração. Por natureza, o ser humano tem mente carnal e é inimigo de Deus (Rm 8:7). Mas pela fé, aprecia e aceita as bênçãos da Graça de Deus. Criamse assim em seu coração gratidão e amor a Deus. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (I Jo 4:19). Sua atitude para com Deus esta tomada. Essa mudança de coração, de inimizade em amor, também traz mudança da mente com respeito às coisas da vida. Sua visão da vida e sua valorização das coisas terrenas estão mudadas (Fp 3:7-8) e sua afeição se dirige às coisas do alto (Cl 3:2). Por amor a Deus, sua mente não mais está posta nas obras da carne, que a Deus aborrece, mas nas coisas do Espírito, que são agradáveis a Deus (Rm 8:5). Odeia o que antes amava; ama o que antes odiava. Por causa das bênçãos recebidas de seu Deus, não se conformará com o seu mundo, mas transformar-se-á

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


14 pela renovação de sua mente, para experimentar qual seja a boa e agradável vontade de Deus (Rm 12:2). Assim a atitude moral do ser humano é radicalmente mudada. Moralmente ele se tornou nova criatura (IICo 5:17). Esta mudança e renovação interior são a essência da santificação.

6. A IGREJA É o povo de Deus, um só corpo tendo a Cristo como Cabeça. Todos os batizados são membros da Igreja. Todos os cristãos são sacerdotes e reis diante de Deus. Todos os crentes têm acesso direto e igual à Graça de Deus, por intermédio de Cristo, nosso único Mediador. A Igreja é a sociedade na qual os cristãos são nutridos na vida, comunidade e esperança cristã pela proclamação do evangelho, o Batismo, a participação da Ceia do Senhor, Oração Comum e outros atos sacramentais. Pelo Espírito Santo, os membros da Igreja compartilham da comunhão dos Santos. Assim, a Igreja é verdadeiramente: - Una: Porque é um só corpo com uma Cabeça: Cristo. “Há um só corpo e um só Espírito, da mesma forma que a esperança para a qual fostes chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos vós” (Ef 4:4-6) - Santa: Porque é separada pelo próprio Deus, para ser a noiva de Cristo, pelo Espírito Santo, que mora

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


15

nela e nos seus membros que são chamados a serem o Seu povo no mundo. - Católica: Universal. Porque mantém e confessa a fé sustentada "sempre, por todos e em toda a parte" [Vicente de Lerins], expressada nos Credos, e vivida nos Sacramentos e no Ministério Ordenado. Ela é para todas os povos, em todos os tempos, mantendo a Fé Cristã em plenitude. - Apostólica: Porque é a continuidade do ensino dos Apóstolos e mantém o Ministério de Bispos, Presbíteros e Diáconos, na continuidade do Episcopado Histórico fundamentados na Missão confiada por Cristo aos Apóstolos. Enviados a pregarem o Evangelho no mundo, e proclamarem o Senhorio de Cristo sobre o mundo, recebendo sua autoridade de Jesus Cristo através dos apóstolos.

7. O CULTO O Culto Cristão é uma resposta cheia de alegria ao amor de Deus. Expressa a alegria da salvação e nos da uma oportunidade de adorarmos a Deus, recebermos o perdão e sermos fortalecidos. Confessamos assim nossa fé juntamente com outros cristãos. O culto no Anglicanismo se remonta aos primeiros séculos e foi desenvolvido na forma atual no século XVI. A Bíblia Sagrada é lida e ensinada de forma expositiva através das leituras do calendário do ano cristão. O Livro de Oração Comum contém as ordens

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


16 do culto e cerimônias. O Hinário e Livro de Cânticos nos ajuda a adorar e louvar a Deus através da música. Os cultos podem ser desde bem simples até solenes.

8. O MINISTERIO O ministério Cristão deriva de Jesus Cristo, o Cabeça da Igreja. O ministério de Cristo é profético, sacerdotal e régio, e é continuado pelo Espírito Santo através dos apóstolos, e seus sucessores. Por virtude de ser membro da Igreja de Cristo, o povo de Deus é chamado e enviado para compartilhar o ministério no mundo. Para a boa ordem deste Ministério, Deus tem dado à Igreja várias ordens sagradas. Estas são separadas, ordenadas e enviadas, como foram os Apóstolos, para um ministério particular dentro da Igreja, para edificar a Igreja e capacitar todos os membros para a missão de Deus. As ordens sagradas exercem as funções de proclamação, serviço e supervisão, expressadas na forma de Bispos, Presbíteros e Diáconos.

9. O MUNDO E A IGREJA O mundo, que foi criado para a Glória de Deus e que é objeto do Seu amor, é a missão da Igreja. Deus chamou homens para usarem todos os Seus dons de acordo com Seu propósito criador.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


17

O mundo em que vivemos mostra evidencias claras da separação entre Deus e o homem e em todos os abusos de pecado humano. Ainda assim Jesus Cristo é Senhor sobre toda a vida, sociedade, nações e povos, e a Igreja é o Seu povo servidor, chamado em um mundo caído para declarar o Evangelho, compartilhar no ministério da reconciliação e fazer visível o Reino de Deus. Sua vocação é transformar o mundo através do Evangelho e preparar o caminho da volta do Senhor.

10.

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

Esperamos com alegria a volta de Jesus Cristo em glória, no fim dos tempos, para julgar os vivos e os mortos. Deus criará então Novos Céus e Nova Terra, onde viverão os salvos eternamente, na presença de Deus (At 1:11; II Pe 3:13; Ap 1: 7-8; Ap 21:1-8).

11.

A ESPERANÇA CRISTÃ

O homem é criado para glorificar a Deus e compartilhar da Sua vida divina. A plenitude deste propósito é garantida pela ressurreição de Jesus Cristo da morte. Para aqueles que estão em Cristo, a vida eterna começa aqui na terra e continua eternamente na presença de Deus e na companhia de todo o Seu povo. Na plenitude do tempo, Deus cumprirá tudo o que Ele começou. O próprio Cristo será revelado em poder, vitória e glória. Todos os homens serão julgados por Deus em Cristo na luz do

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


18 Seu conhecimento, santidade e amor perfeito. O destino daqueles que rejeitam a Cristo será decidido por Deus no juízo final. O fim da história será a vitória de Cristo, a ruína de Satanás e o triunfo do amor de Deus.

OS SACRAMENTOS Um sacramento é um sinal externo e visível de uma graça interna e invisível. Há somente dois sacramentos instituídos pelo próprio Jesus, que são meios de graça essencial para todo cristão:

1. SANTO BATISMO O batismo, como instituição divina, é permanente. Foi instituído por Cristo para ser administrado na Igreja até o fim dos tempos. Em Mateus 28.18-20, vemos que Cristo ordenou o batismo, que deve ser administrado por seus discípulos, com os quais prometeu estar “até a consumação dos séculos”. O Batismo é, pois, ordenança permanente, e as igrejas que abandonaram o batismo alegando que se destinava apenas à igreja primitiva, anulam uma clara ordem de Jesus e violam uma instituição fundamental de Deus. É a porta de entrada à família de Deus. Se administra uma só vez a cada pessoa, geralmente na infância. Realiza-se com água, simbolizando a limpeza do

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


19

pecado, e em nome da Santíssima Trindade. O dom interior e espiritual é a união com Cristo na sua morte e ressurreição, o perdão dos pecados e a iniciação cristã na Igreja. As crianças devem ser batizadas porque certamente estão incluídas em “todas as nações”. Assim como não podem ser excluídas do termo “nações”, tão pouco devemos ousar excluí-las do batismo. Deus não as excluiu na antiga aliança pela circuncisão, por que as excluiria na nova aliança pelo batismo?

2. CEIA DO SENHOR, EUCARISTIA OU SANTA COMUNHÃO Se trata da celebração e ação de graças pela morte e ressurreição de Cristo. Se usa o pão e o vinho. O corpo de Cristo é dado, tomado e comido de um modo celestial e espiritual e a maneira pelo qual se recebe e se come é a fé. Pelo sacramento da Eucaristia, os membros da Igreja se oferecem a si mesmos a Deus em arrependimento, amor e fé, lembram a morte, testemunham seu sacrifício e renovam sua esperança na comida celestial. As igrejas anglicanas praticam uma politica de comunhão aberta aos membros comungantes das outras igrejas cristãs.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


20

3. ATOS SACRAMENTAIS Há cinco atos sacramentais que têm sido adotados pela Igreja seguindo a orientação do Espírito Santo, mas que não tem a mesma natureza que os Sacramentos. Eles não foram ordenados pelo próprio Cristo e nem se aplica a todos os cristãos. Os atos sacramentais são: Confirmação – Uma Profissão de Fé pública que vai acompanhada da oração e imposição de mãos pelo bispo, e com a ação do Espírito Santo, se renova e fortalece o compromisso com Cristo feito no Batismo. Matrimônio – Nesta cerimônia, o homem e a mulher entram em união para toda a vida, fazem suas promessas diante de Deus, trocam seus votos e alianças, e pedem a graça e a benção de Deus para cumprir suas promessas e votos. Reconciliação do Penitente – Reconhecimento e confissão a Deus pelos pecados, feitos livre e voluntariamente na presença de um Ministro, e com o sincero desejo de mudar sua atitude. Por meio da absolvição, o ministro declara o perdão de Deus e a reconciliação do pecador. Ordem – Pela imposição de mãos do bispo e oração, se ordena e consagra cristãos ao serviço de Deus. Recebem o poder e a graça que capacita e ajuda a dedicar suas vidas para ensinar e pregar a Bíblia

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


21

Sagrada, administrar os sacramentos e governar a Igreja. Unção dos enfermos – Pela imposição das mãos dos Ministros e/ou a unção com azeite e oração, se agradece pela graça de Deus pela cura interior, física e espiritual em resposta a fé e oração.

O MINISTÉRIO O tríplice ministério é o centro da estrutura da Igreja, expressando assim a sua unidade em Cristo e a comunhão da comunidade cristã pelo Espírito Santo:

1. BISPO O Bispo é o Ministro guardião da fé e o pastor principal de uma diocese (grupos de paróquias e missões) que tem escolhido um Presbítero para cumprir este ofício. Atua como governante da Igreja, conselheiro do clero; tem o poder de ordenar presbíteros e diáconos, consagra a outros bispos e administra a confirmação. Os bispos são os sucessores históricos dos apóstolos e assim mantém o Episcopado Histórico.

2. PRESBÍTEROS O Presbítero (reitor ou pastor) é o Ministro que dirige a paróquia. Suas funções incluem aspectos pastorais, espirituais e educativos; ensina e batiza,

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


22 celebra a Santa Comunhão, pronuncia a absolvição e abençoa em nome de Deus, entre outras atividades.

3. DIÁCONOS O Diácono é o Ministro que assiste ao Presbítero no seu trabalho na congregação, ou ministra sob a direção do bispo em uma missão ou paróquia não organizada. Ele desenvolve trabalho de assistência social, compaixão, pregação e evangelismo.

4. OUTROS MINISTÉRIOS Além destes ministérios ordenados, podem existir na Igreja outros ministérios ou associações com finalidades especiais de trabalho, como grupos de mulheres, homens, jovens, entre outros. Também, se encoraja os ministérios de todos os membros, seja na instrução de crianças, adultos, jovens, evangelização, ação social, plantação de igrejas, entre outros.

ESTRUTURA A Igreja Anglicana, desde o século XVI, tem uma estrutura profundamente democrática. O Bispo preside uma diocese (ou grupo de paróquias) e é o seu pastor principal. Não é uma igreja hierárquica, como a Católica Romana ou algumas igrejas evangélicas, mas a Igreja Anglicana é governada por um Bispo juntamente com

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


23

um Sínodo. Em outras palavras, o Sínodo sem o Bispo não pode fazer algo e nem o Bispo sem o Sínodo.

1. A PARÓQUIA Cada paróquia está dirigida pelo seu Presbítero o qual esta assistido pela Junta Paroquial. A Junta Paroquial é composta por leigos. É eleita na Assembleia Geral e sua missão é aconselhar ao Ministro e administrar os bens e recursos financeiros da paróquia. Os leigos têm um papel essencial na vida da Igreja, tomam parte dos cultos da igreja e exercem outras funções, tanto administrativas como ministeriais. Os cristãos se relacionam com toda a Igreja através da sua paróquia que é a congregação local. As paróquias elegem delegados leigos para participarem como membros do Sínodo.

2. O SÍNODO O Sínodo, sujeito somente a autoridade de Cristo, que é o Cabeça da Igreja, tem o máximo poder legislativo e administrativo na Diocese. Proporciona as linhas gerais para toda a Igreja, do trabalho realizado, em relação com os programas de educação cristã, evangelismo, ação social, entre outros.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


24 O Sínodo é um colegiado composto pelos bispos, presbíteros, diáconos e os delegados leigos das paróquias, todos com voz e voto.

3. COMISSÃO PERMANENTE É eleita pelo Sínodo. É formada pelo clero e leigos em igual número. O bispo preside também esta Comissão. Sua função é tratar os assuntos da Igreja que surgem entre as reuniões do Sínodo. Tem igualmente a responsabilidade de cuidar da execução, em tempo e forma, dos acordos adotados pelo Sínodo.

O QUE DISTINGUE OS ANGLICANOS DOS CATÓLICOS? Há muitas coisas que os Anglicanos e Católicos Romanos têm em comum: a Bíblia, os Credos, O Pai Nosso, a Sucessão Apostólica e algumas partes da liturgia usada no Culto. Depois da separação da Igreja Anglicana da Igreja Católica, os que o seguiam decidiram manter da Igreja Católica, as coisas que estavam corretas e verdadeiras. Os Reformadores Ingleses apenas rejeitaram as crenças e práticas que não eram bíblicas. Uma percentagem significativa dos crentes da nossa Igreja Anglicana são ex-católicos, o que mostra que não temos nenhum sentimento negativo em relação

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


25

às pessoas católicas. O que nós não concordamos é com os ensinamentos da Igreja Católica que não são baseadas na Bíblia. Diferenças significativas entre a Igreja Católica e a nossa incluem: o papado, a veneração e o papel da Virgem Maria, a invocação dos santos, a natureza e número de sacramentos, a doutrina da transubstanciação, o purgatório, o uso dos livros apócrifos e da tradição como fonte de doutrina, assim como a justificação por meio de uma combinação da fé em Cristo e das boas obras. Como anglicanos, gostamos de falar sobre o perdão dos pecados que temos em Cristo. Se as pessoas perceberem que têm completo perdão através de Cristo, vão ver porque não pode haver purgatório para os cristãos. Se eles compreenderem que todos nós somos filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, vão entender por que nós não precisamos orar tendo santos como mediadores. Do mesmo modo, a Igreja Anglicana, como herdeira da verdadeira Igreja Cristã, na sua liberdade cristã e para que tudo se faça com decência e ordem, mantém e observa certos costumes históricos, como padrinhos no batismo, confissão e absolvição pública, vestes litúrgicas, o sinal da cruz, a cruz, a observância do ano eclesiástico.

1. AS DIFERENÇAS 1. A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


26 Os Anglicanos creem na suficiência das Escrituras e que somente As Escrituras tem autoridade para determinar a doutrina. A Igreja Católica Romana dá essa autoridade também ao Papa, ao Magistério da Igreja, e a certas tradições da igreja. 2. A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO. Os Anglicanos creem que uma pessoa é salva pela Graça de Deus somente através da Fé em Cristo e pelos méritos do Senhor, e não pelas boas obras. A Igreja Católica Romana, embora às vezes use uma linguagem parecida, oficialmente ainda sustenta que a fé, a fim de salvar, deve ser acompanhada por alguma "obra" ou "amor" ativo dentro de um cristão. 3. A DOUTRINA DA SALVAÇÃO. Enquanto os Anglicanos acreditam que qualquer erro doutrinário tem o potencial de distorcer ou negar o ensino da Escritura a respeito da salvação, também acreditamos que alguém, independentemente da sua filiação denominacional, que verdadeiramente crê em Jesus Cristo como Salvador será salvo, enquanto a Igreja Católica Romana acredita que não existe salvação fora dela. 4. A AUTORIDADE DO PAPA. Ao contrário da Igreja Católica Romana, os Anglicanos não acreditam que o ofício do papado, como tal, tenha qualquer autoridade divina, ou na

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


27

infalibilidade papal, ou que os cristãos precisem se submeterem à autoridade do Papa como "verdadeiros" membros da igreja visível. 5. O NÚMERO E A NATUREZA DOS SACRAMENTOS. Os Anglicanos acreditam que o corpo e o sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes espiritualmente na Ceia do Senhor, mas eles não acreditam, como crêem os Católicos Romanos, que o pão e o vinho, são permanentemente "transformados em" corpo e sangue de Cristo [transubstanciação]. Os anglicanos creem em dois sacramentos e cinco atos sacramentais, a Igreja Católica Romana acredita em sete sacramentos. Também diferimos na compreensão e efeitos dos mesmos na vida do crente. 6. O PAPEL DA VIRGEM MARIA E DOS SANTOS. Ao contrário de Católicos, os Anglicanos não acreditam que seja bom ou bíblico oferecer orações a santos ou a Virgem Maria ou ainda considera-la como Mãe da Igreja, ou uma "mediadora" entre Deus e os seres humanos ou “co-redentora” com Cristo. Nem veneramos a Virgem Maria, nem os santos. Não acreditamos na Imaculada Concepção, nem na Assunção de Maria, tampouco na virgindade real e perpétua de Maria.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


28 7. O GOVERNO DA IGREJA. No Anglicanismo, as decisões são tomadas de forma democrática. Todos os membros participam na tomada de decisões. Existem reuniões anuais, concílios, comitês e sínodos, onde o clero e os leigos estão representados com voz e voto. Os próprios bispos são escolhidos entre os presbíteros e eleitos por votação dos leigos e do clero. 8. OUTRAS DIFERENÇAS. Na sequência do que está escrito anteriormente, a Igreja Anglicana ensina e promove a leitura da Bíblia Sagrada, permite o casamento dos seus Ministros e distribui, na Comunhão, das duas espécies, isto é, o pão e o vinho, a todos os seus membros. O Anglicanismo não aceita os livros Apócrifos como inspirados; acredita que a Igreja deve submeter-se a autoridade das Escrituras; rejeita a ideia da existência do purgatório e o conceito de que os Ministros sejam sacerdotes em qualquer outro sentido diferente daquele em que todos os crentes são um sacerdócio real; e também que a Regeneração é inseparavelmente ligada com o Batismo.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


29

O QUE UNE OS ANGLICANOS COM À IGREJA EVANGÉLICA? Se temos que apresentar de forma clara o que une os anglicanos aos outros evangélicos, acredito que a melhor forma de esclarecer é percebendo que nós Anglicanos concordamos com os pontos da Declaração de Fé da Aliança Evangélica. Aqui apresentamos tais crenças a partir da Declaração de Fé da Aliança Evangélica Portuguesa: 1. Cremos na existência de um único Deus eterno, pessoal, inteligente e espiritual, eternamente existente em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. 2. Cremos na soberania e sabedoria de Deus na criação e sustento do Universo, na providência, na revelação e na redenção. 3. Cremos no Senhor Jesus Cristo como Filho Unigénito de Deus e coexistente com o Pai, na Sua encarnação humana, no Seu nascimento virginal, na Sua vida sem pecado, nos seus milagres divinos, no Seu sacrifício redentor, na Sua ressurreição e ascensão corporal, na Sua mediação junto de Deus, na Sua segunda vinda pessoal, visível e em poder e glória.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


30 4. Cremos no Espírito Santo, sua personalidade, divindade e atividade, que opera a conversão e regeneração do pecador e lhe concede poder para testemunhar do Evangelho e exercitar dons. 5. Cremos na inspiração divina e total das Escrituras Sagradas, na Sua suprema autoridade como única e suficiente regra em matéria de fé e de conduta e que não existe qualquer erro ou engano em tudo o que ela declara. 6. Cremos que o homem foi criado por Deus à Sua imagem, que pecou em Adão, que caíu do seu primitivo estado de santidade por transgressão voluntária e que é atualmente um pecador por natureza e escolha, estando, por isso, sob a condenação de Deus. 7. Cremos na salvação e justificação do pecador pelo sacrifício expiatório de Jesus Cristo, que se adquire pela Fé nEle, como uma Graça de Deus, independente do mérito humano, de boas obras ou de cerimónias. 8. Cremos na imortalidade da alma, na ressurreição corporal de todos os mortos, no juízo final do mundo pelo Senhor Jesus Cristo, na eterna condenação dos não crentes.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


31

9. Cremos que a igreja é o corpo universal e espiritual de Cristo, cuja cabeça é Ele, com a missão de pregar o Evangelho no mundo inteiro e que, na sua expressão local, ela é um corpo vivo, uma comunhão de crentes congregados para a sua edificação, adoração e proclamação do evangelho. Cremos também que Cristo conferiu à sua Igreja, com carácter de permanência, duas ordenanças: o Batismo e a Ceia do Senhor. 10. Cremos que é dever de todas as igrejas locais e de cada crente em particular esforçarem-se por fazer discípulos em todas as nações e proclamarem a toda a criatura a grande salvação de Deus. 11. Cremos que é dever de todo o cristão servir a Deus em boa mordomia, promover a paz entre todos os homens e a cooperação entre as igrejas e os irmãos, tendo em vista a concretização dos grandes objetivos do Reino de Deus.

Pindamonhangaba, 12 de Dezembro de 2015.

Bispo Josep M. Rossello Ferrer


 

Visite-nos em:


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.