Ă life Silva, @alliffe
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Roupa agênero. O que apareceu aí na sua mente? Provavelmente não a mesma coisa que na minha, ou de qualquer outra pessoa; a fluidez do agênero possibilita a interpretação do título de diferentes formas, e para trazermos isso para as roupas ainda é preciso uma mudança profunda, de dentro para fora, do interior para as vitrines. Ao explorar as diversas vitrines na capital paulista, inclusive de lojas que já assumiram propagandas com coleções, supostamente, agêneros, nos deparamos com uma problemática quase universal: modelagens chatas e cores sem graça, e, a questão principal, continuar a divisão padrão no interior. Por isso, para construir a verdadeira vitrine agênero fomos às ruas, conferimos o que dita essa moda, de verdade. O agênero é fluidez, a desmistificação do sexo, o gênero para além das construções sociais, e ainda há de ter muita pesquisa para a construção de coleções que representem verdadeiramente isso, por isso, não foram as marcas que trouxeram as referências, e sim, as pessoas. A principal dica veio da observação das ruas, o que a essa galera “genderless” anda usando? As lojas e marcas que possibilitam, pelo menos, a adaptação da roupa, ou seja, aquela corridinha na seção que não “corres-
ponde” seu gênero sempre vale a pena para conferir o que serve e veste bem. Outra dica importante foram as Melissas, a marca assumiu a coleção agênero e, além de não possuir a divisão binária, traz a numeração variada em quase todos os seus modelos, geralmente do 33 ao 40, e alguns modelos tendo até o 44. Grandes lojas do varejo que já tentaram apostar nessa “vibe” não trouxeram resultados tão bacanas; peças que não funcionavam legal para ambos os sexos, tamanhos restritos, o que não colabora para a funcionalidade, além de serem looks sem graças e sem personalidade totalmente o oposto do que o movimento tenta trazer, seu reconhecimento. Ainda é difícil fazer compras sem pensar em gênero como dois, é preciso uma reviravolta no mundo da moda e na sociedade, enquanto isso a gente se vira nas adaptações e dá aquela passadinha na seção vizinha, afinal, estilo quem faz é você.
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@registradaoutlet
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Renan Santos, @renansan19
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Falar de moda sem pensar nela, também, como uma forma de expressão é impossível. Usamos a forma de vestir para comunicar ao mundo o jeito que somos há milhares de anos por todas as civilizações que já habitaram e habitam a terra, e junto a isso os padrões de reconhecimento dessa informação, que mudam entre os povos. Nossa sociedade de forma alguma se exclui dessa máxima, usamos a roupa para identificar classe, orientação sexual, tribo de pertencimento, gênero e tantas outras coisas… Com isso acostumamos a padrões de normalidade no qual grande parte da nós se encaixa, ou tenta seguir, muitas vezes por finalidade financeira, ou necessidade de aceitação. O reconhecimento de de gênero é o perfeito exemplo de como isso afeta o dia-a-dia de todos, des do início da indústria
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da moda essa diferenciação foi feita, a produção e venda dos produtos femininos e masculinos organizaram de forma a separar os dois conhecimentos fazendo que durante um longo tempo que a troca de conhecimentos fosse praticamente condenada pelos consumidores. Todo esse maquinário se forma e reforma em cima de uma sociedade machista que a todo tempo dita as funções da mulher e do homem como se fossem limitadas e determinadas em somente nove meses de gestação e não durante a extensa caminhada da vida. Um homem não pode usar saia por estar se aproximando da mulher, considerada erroneamente o “sexo frágil”, nem tão pouco uma mulher usa um terno sem ser
considerada, masculinizada ou assumirem que ela trabalha em um escritório cheio de homens. Agora no século XXI onde cada vez mais é disseminada a liberdade de expressão temos uma geração que está se propondo a realmente pensar a intercessão desse mundos, e pensar-la em todos os planos, no âmbito amoroso, profissional e outros, já que ser único e verdadeira está se tornando o jeito de ser aceito e amado por outros. Esta geração não se intimida em mexer com as estruturas, os jovens invadem as sessões de loja do sexo “oposto” e acreditam que nascer com uma genitália específica não determina nada, e roupa nem isso tem, então porque não usar o que nos dá vontade? porque ceder a uma pressão social que não nos representa? E assim cresce a androginia no dia- a-dia entre os milênios.
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Os riscos de assumir essa personalidade imagética são inúmeros, é manifestarse contra o tradicionalismo heteronormativo constantemente, e encarar os olhares, os xingamentos e o ódio gratuito que essa camada tapada e estagnada da sociedade nos dão, simplesmente por não compreenderem de onde vem essa diversidade que não se relaciona com eles diretamente. Perigoso, mas, necessário já que é preciso amolecer essa parede de preconceitos que pairam o imaginário social e um dos meios mais eficazes de realizar essa mudança é mostrando presença e coragem, pois não serão capazes de calar a mudança de uma era. Não há porque se limitar dentro de um mundo de possibilidades só porque nem todos entendem seu ponto de vista, seu jeito de ser.
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Diego Cruz, @diegocruzreal
Carina Cristina
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A tendência agênero vem ganhando muita força na contemporaneidade, especialistas afirmam que o movimento da moda sem distinção de sexo é muito eminente para uma formação social livre de preconceito e machismo. O discernimento dos gêneros tem início desde o nascimento da criança,sendo muito clássico e tradicional o uso de rosa para meninas e azul para meninos e quando não sabe-se o sexo presenteiam o bebê com alguma peça de cor neutra. Isso é considerado um padrão de moda infantil que nem sempre agrada as próprias crianças,ou seja, elas não têm o direito de escolher se realmente querem usar uma saia de bailarina ou uma blusa de carrinhos. Em 2016 um vídeo de uma garota de apenas 8 anos viralizou na internet pelo fato de que a menina ao entrar em uma loja de roupas infantis questiona o porquê das peças femininas estamparem palavras como “princesa”, “linda”,
“fabulosa” e as masculinas possuírem mensagens que incentivam a criatividade e força, como “herói”, “aventureiro”. Por que as garotas não podem ser heroínas e aventureiras? Essa foi a grande dúvida de Daisy Edmonds, e para resolver esse problema,ela misturou as roupas de ambas as sessões para tentar quebrar esse padrão. Priorizando o conforto, novas marcas infantis como a Florim,Cantarola e Mini.mi estudio apresentam o conceito plurisex, mostrando presente em suas coleções roupas feitas “para brincar”.As peças agênero não precisam de cores neutras e de modelagem larga,essas grifes desconstroem esse padrão sem distinção de sexo e apostam em cores vivas como laranja e roxo, e em diferentes silhuetas que cabem a ambos, pois na infância antes da puberdade as crianças têm o corpo mais semelhante o que torna ainda mais versátil o uso dessas roupas.
A Puc uma das marcas infantis mais vendidas no Brasil fez uma parceria com Alexandre Herchcovitch em abril deste ano e já conta com muito sucesso e vários itens já estão esgotados. A ideia do estilista que é pai de dois meninos era criar uma coleção unissex para que as crianças se sentissem livres e confortáveis para brincar,como leggings,coletes,moletons, camisetões e galochas divertidas. Essa união faz parte do projeto puc lab,que a cada coleção,convida um estilista diferente para trazer uma cara nova as peças. A moda plurisex não é apenas descolada,existe um contexto que vai muito além de ser fashion. Antes mesmo de nascerem, as crianças já são predestinadas a seguirem o padrão tradicional do que é feminino e masculino, e isso é o que influencia essa separação de gêneros imposto pela sociedade. Essa tendência no mercado infantil influencia a nova geração a viver em harmonia e se sentirem iguais independente do sexo, sendo assim mais compreensivos e menos machistas,talvez seja a solução para um futuro livre de tabus. Além de beneficios sociais, isto acaba sendo um método consciente,o qual as roupas passam de geração para geração sem se importar com o sexo,evitando o descarte dessas peças.
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Ken Black, @kenbking1 e Gabriel Rodrigues, @rodriguesgabs
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Fellipe Campos Fernando Carvalho Gabriella Dias Júlia Falcão Victória Alexandrino