FUNDAÇÃO CULTURAL EM CARTAZ – Mais de 40 anos de história Prefeitura Municipal de Curitiba Prefeito Gustavo Fruet
Fundação Cultural de Curitiba
Presidente Marcos Cordiolli Superintendência: Igor Cordeiro Diretoria de Incentivo à Cultura: Maria Angélica da Rocha Carvalho Diretoria de Comunicação: Diogo Dreyer Diretoria Administrativa e Financeira: Sonia Rosana Zanetti Diretoria de Patrimônio Cultural: Mauro Tietz Coordenação geral do projeto, idealização e produção: Josina Melo Assessoria administrativa: Nivaldo Vieira Lourenço, Sandra Bezerra Assessoria do processo técnico: Filomena Hammerschmidt, Patrícia Natel e Rosana Cavalcanti de Albuquerque Tratamento de imagem – Divisão de Multimeios: Roberson Mauricio Caldeira Nunes Tratamento de imagem, edição e designer: Wellington Soares (Ticcolor) Edição de imagens da exposição: Josina Melo Assessoria técnica (organização): Elizabeth Piekarski e Jasmine de Melo Apoio de pesquisa: Adenilson Lara, Gentila Bordignon e Marly Pacheco Apoio à produção: Luciene Siqueira, Luiz Guilherme Brasil, Miguel Gubert e Marcos Saboia Estagiárias de apoio à produção: Tainá Reis Serafim e Pamela Melo EXPOSIÇÃO Seleção dos cartazes: Carla Berwig, Denise Nasser, Josina Melo, Miguel Gubert, Vivian Schroeder Seleção final: Vicente Jair Mendes e Josina Melo Consultoria técnica: Ana González Tradução dos textos: Elizabeth Prosser Montagem da abertura: Jaciel Teixeira e equipe Grupo Nimphas: Carmen B. da Silveira; Cristina Bakker; Juliana Fontoura; Mara Fontoura; Míriam Lau; Rosa L. F. Ploner; Rosa Maria M. Fontoura; Soraya Tuma Coordenação de Montagem de Exposições: Jenecir Góis da Silva Equipe: Clovis S. da Silva, Antonio C. de Luna, Antonio J. de Sousa, Rui Sutil Vitrines PERHAPPINESS: Rosana Cavalcanti de Albuquerque Gibiteca de Curitiba: Márcia Squiba e Maristela Garcia Museu da Gravura Cidade de Curitiba: Ana González Diretoria de Patrimônio/Casa da Memória: Marcelo Sutil e Maria Luiza Baracho Camerata Antiqua de Curitiba: Elizabeth Prosser Publicação A FUNDAÇÃO CULTURAL EM CARTAZ – Mais de 40 anos de história Idealização e organização: Josina Melo Coordenação de Programação Visual: Vivian Siedel Schroeder Projeto gráfico: Carla Tavares Arte-final: Aparecido C. Oliveira Revisão de texto: Carla Anéte Berwig Foto da capa: Cido Marques
Há inúmeras maneiras de se contar uma história Os traços do passado estão em relatórios, documentos, depoimentos, fotografias, imagens. Afloram dos arquivos oficiais e particulares, da memória das pessoas. O cartaz foi o elemento escolhido por Josina Melo, para marcar os 40 anos de trajetória da Fundação Cultural de Curitiba, completados em 5 de março de 2013. Os primeiros cartazes da Fundação Cultural de Curitiba foram feitos para divulgar espetáculos no Teatro do Paiol, que fora inaugurado em 27 de dezembro de 1971. A FCC, que seria oficializada em 1973, ainda era o Departamento de Relações Públicas e Promoções da Prefeitura, dirigido pelo jornalista Aramis Millarch. Os cartazes pioneiros, em formato A3, eram criados sobre uma vinheta fixa feita por Rones Dumke, com direção de arte de Dante Mendonça e trabalho de uma turma de arteiros-artistas iniciantes, que fez escola, fama e até hoje sacode a cidade: Rogério Dias, Solda, Zuateg, Miran, Werneck, Pancho. O mimeógrafo era operado pelo gráfico “Perereca”. Do mimeógrafo dos anos 1970 ao off-set e às técnicas digitais, a Curitiba de 700 mil habitantes pulou para 1,8 milhão e o velho Paiol de Pólvora se transformou na logomarca da FCC, que se consolidou e cresceu em unidades, invenções, performances, espetáculos. Nesta exposição, está em cartaz a Fundação Cultural de Curitiba. São mais de 40 anos de história contados década a década, desde os primeiros espetáculos e exposições do Paiol até a virada cultural que reuniu um pouco de tudo em 2013. Desde o distante 1973, o país se redemocratizou após 21 “anos de chumbo”, a cidade inchou, as pessoas assistiram à virada de um século e um milênio e a cultura se tornou produto instantâneo em sua divulgação pelas redes sociais. Mas o talento permanece imprescindível, assim como a necessidade de memória. Maí Nascimento Mendonça Jornalista
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Aramis Millarch
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O Aramis Millarch merece um capítulo à parte, era um louco! Totalmente louco! Mas tinha uma dinâmica e um dinamismo incrível. Difícil trabalhar com ele, para acompanhar o raciocínio e o ritmo dele. Aramis foi uma das pessoas que deixou realmente uma lacuna na cultura paranaense, insubstituível. Ele escrevia, analisava, promovia, ajudava, criticava e em todas as áreas; no teatro, cinema, na música, nas artes plásticas. Ele era um jornalista que tinha uma coluna de uma página por dia num jornal, um caderno no sábado e domingo e tinha a empresa dele e era diretor da Fundação. Tinha contato com o Brasil inteiro, conhecia todos os músicos, todos os atores. Foi fantástico, assim como foi o Valêncio Xavier.
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(trecho da entrevista do artista plástico Jair Mendes do livro Histórias de Funcionários – Resgate da Memória da FCC).
O jornalista Aramis Millarch (1943-1992) foi o grande mentor de uma instituição que é, hoje em dia, um polo difusor das mais diversas linguagens e propostas culturais para a cidade de Curitiba. A Fundação Cultural tornou-se não só referência local das artes em geral, mas também nacional, por meio das políticas de inclusão social implementadas de forma diversificada no decorrer de quatro décadas. Aramis foi um dos grandes nomes do jornalismo cultural no Brasil. Adorava a música, o cinema e a poesia. Em 1971 era o Diretor de Relações Públicas e Promoções (DRPP) da Prefeitura de Curitiba.
Primeira sede da FCC
Aramis em seu escritório com o fillho e um artista
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Aramis Millarch e João Gilberto
A primeira sede da Fundação Cultural de Curitiba foi um imóvel no número 20 da Rua Lysimaco Ferreira da Costa, no Centro Cívico, local hoje ocupado por um edifício. Ficou ali entre junho de 1973 e o início de 1975.
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Antigo Paiol de pólvora, hoje Teatro do Paiol. Na década de 1940, a construção serviu como depósito de materiais da Prefeitura. Foto: Arthur Wischral.
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ideia de aproveitar o antigo paiol para nele construir um teatro partiu da própria classe artística. A sugestão, apresentada à Prefeitura, encontrou simpatia e apoio no prefeito à época, Jaime Lerner, que viu no espaço o ponto de partida para movimentar a vida cultural da cidade.
SHOW DE INAUGURAÇÃO em 27 de dezembro de 1971. De perfil, Vinicius de Moraes. A seu lado, Marília Medalha.
na casa de Calazans Neto e convencê-lo a vir a Curitiba. Millarch tinha o aval do prefeito Jaime Lerner que, em seu primeiro ano de gestão, começava a pôr em prática um ambicioso plano urbano que mudou a cara de Curitiba.
A inauguração aconteceu no dia 27 de dezembro de 1971. A vinda de Vinicius e cia. se deu graças à determinação do jornalista Aramis Millarch, então diretor de Relações Públicas e Promoções da Prefeitura. Foi ele quem conseguiu localizar Vinicius em Itapoã, Bahia,
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Neste 2013, aos 40 anos, a FCC está tão impregnada à cidade que fica difícil imaginar Curitiba sem seus teatros, salas de aula e de exposição, museus, publicações, espaços e toda a sorte de manifestações artísticas. (texto extraído do Guia Curitiba Apresenta nº 72, junho de 2013).
ELZA SOARES em show do Paiol em 1993
criação da Fundação Cultural de Curitiba se mistura à origem do Teatro do Paiol, inaugurado por Vinicius de Moraes, que veio à cidade pela primeira vez para a abertura do espaço, sem contrato escrito, acompanhado de Toquinho, Marília Medalha e o Trio Mocotó. A experiência foi tão marcante para o poeta que ele compôs a música “Paiol de Pólvora”, encantado com o que vivenciou em Curitiba.
(texto extraído do Guia Curitiba Apresenta nº 72, junho de 2013).
Apresentação de GONZAGUINHA Junho de 1977
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O sucesso do evento marcou o início da Fundação Cultural de Curitiba, que só veio a nascer oficialmente no dia 5 de janeiro de 1973. A partir daí, graças a uma série de ações de planejamento, nasceu também uma política de preservação da cultura e da história da cidade, o que contribuiu para desencadear o processo de renovação cultural e configurar a necessidade de uma instituição para cuidar especialmente da política cultural do município.
Para adequar o espaço, foi chamado o arquiteto Abrão Assad, que manteve as
características originais da construção, transformando-a no único teatro de arena de Curitiba. As obras ainda estavam em andamento quando foi marcada a data de inaguração, 27 de dezembro de 1971. Para o evento, o poeta Vinicius de Moraes.
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A Fundação Cultural
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m 41 anos de existência, a dedicação de centenas de funcionários, em ações espalhadas por mais de cem espaços da FCC, fez a diferença. E mudou o perfil da cidade. Cada nova gestão imbuía os funcionários de renovados desafios e aprendizados cotidianos, “ no corpo a corpo” de cada evento, de cada nova programação, de muita produção e de cada descoberta.
Sim, descoberta, pois inúmeras ações, que hoje constituem- se em modelo de gestão, foram criadas da necessidade, da criatividade e improvisação, das estratégias empregadas para concretizar as metas socioculturais direcionadas à nossa cidade. Talvez só os mais antigos funcionários possam atestar e contar as histórias deste passado áureo, base da atual instituição. É o que esperamos possa também concretizar-se.
“É CONHECENDO O PASSADO DE REALIZAÇÕES E CRIAÇÕES DA FCC, QUE PODEMOS CONTINUAR INOVANDO E PRODUZINDO A CULTURA EM NOSSA CIDADE” Marcos Cordiolli
Josina Melo
Lar da Fundação a partir de 6 de março de 1975. A FCC funcionou por alguns meses de forma improvisada em uma salinha no Palácio 29 de Março. O palacete Wolf só se tornou sede em 6 de março de 1975, após passar por uma restauração. Uma seresta com Silvio Caldas marcou a inauguração do novo lar da Fundação.
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O presente constitui-se de leituras e releituras do passado
A função do cartaz impresso como elemento de difusão já teve seus tempos de glória. Atualmente, no mundo digital em que vivemos, o cartaz impresso é registro de um passado repleto de outros valores, outras técnicas e estéticas pertinentes a cada década, a cada nova gestão, a cada designer. Nos anos 1970 e 1980, a maioria dos cartazes impressos era feita em serigrafia, a arte-final realizada com colagens e muita imaginação. O cartaz impresso tornou-se, na época, um espelho, um elo, entre as novas propostas culturais e a população da cidade, ansiosa por novos ares e iniciativas, então ousadas para a época. Em 1990, com a chegada da era digital, as máquinas de escrever, os faxes, os cartazes impressos foram ficando para trás... Parte de uma história em constante evolução.
Sobre os cartazes: o por quê...
Uma ideia surge de um insight, uma observação, uma leitura, ou muitas. No caso desta exposição, surgiu no final da entrevista que fiz com a designer Vivian Schroeder em 2011. Ao ouvir esse depoimento, vislumbrei uma exposição de cartazes com as técnicas e temas pertinentes a cada década. Esse foi o início, é o meio e o objetivo final deste projeto: que todos tenham a oportunidade de “remexer velhos baús”, por meio deste nosso olhar de funcionários/ artistas que somos, neste malabarismo contemporâneo de ter de cinco a oito funções, coordenando e executando projetos culturais. Nesta exposição pretende-se revelar às novas gerações, um passado repleto de criatividade, cores e beleza, produzido à custa do trabalho de centenas de ilustres desconhecidos: os funcionários da Fundação Cultural de Curitiba em mais de 41 anos de fomento às artes, nas mais diversas propostas e iniciativas. Que este primeiro remexer, esse primeiro olhar em nossos “arquivos secretos” oportunize novas leituras e proposições, a cada um que se interesse em conhecer mais profundamente este acervo original e único e em criar novas perspectivas. ...Tudo teve início com o ator e produtor Ailton Silva (o Caru). Ele montou o primeiro grande acervo com sua bela coleção de cartazes; ofereceu à Lucia Camargo que logo criou o Museu do Cartaz. Décadas passaram, o acervo aumentou e agora faz parte da mapoteca da Casa da Memória (DPC). Agradeço a todos os gestos de apoio em direção à realização deste projeto: a ação eficaz da Sonia Zanetti. Ao saber ouvir e dialogar do Diogo Dreyer da Silva e do Elton Barz, a Sandra Bezerra, e à estagiária Tainá. Às prestativas Elizabeth Piekarski, Célia Contim, Luciene Siqueira. A Sérgio Serena, Genecir Góis da Silva e equipe, Daici de Lara e Denise Zanini da DPC. A Jaciel Teixeira e equipe, meus sinceros agradecimentos. Em especial à inspiradora e mecenas dos poetas daqui e de fora: Rosana Albuquerque. Ao super-herói Roberson, que sempre nos salva nos piores momentos e a tempo; à boa vontade em colaborar de Carla Berwig e Denise Nasser. São muitos outros, nas mínimas ajudas e delicadezas, desde os porteiros às telefonistas, tão antigas na casa quanto quase todos nós... Sou grata principalmente ao otimismo e à solidária paciência do Chefe de Gabinete, professor Nivaldo Vieira Lourenço, e às competentes Cleunice Garcia de Paula e Diani Eire Camilo Bussato. Agradecerei sempre à intrépida e ousada Ana González, que deu soluções simples e sábias no pouco tempo de que dispunha. Como não agradecer, só por existir, ao grande colega e artista plástico Jair Mendes, ser humano ímpar e adorável!... E à sempre atenciosa e inteligente Maí Mendonça, nossa diretora nos anos 1990. Que sempre colabora! Minha eterna gratidão ao leal amigo Manoel Linhares, proprietário da TICCOLOR, que acreditou neste projeto (assim como em outros) desde o seu início. Logo me aposentarei, mas fico feliz em deixar essa nossa memória mais viva, nesses nossos quarenta e um anos de FCC. Foram milhares de ações de fomento à cultura; sem esquecer a importância “divisora de águas” da Lei de Incentivo à Cultura, criada em 1992, que produziu e difundiu uma enorme gama de artistas inovadores, arrojados e competentes de Curitiba. Parabéns à ação e à reação produtiva e em cadeia de todos os funcionários da Fundação Cultural, desde 1973 até os dias atuais; somando, hoje, 287 funcionários ativos em mais de 100 espaços culturais distribuídos pela cidade de Curitiba. Essa é a nossa história!... Josina Melo
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VIVÊNCIAS NA FCC Cartaz – PAIOL – ARAMIS: “O que mais aproximava a cidade de manifestações culturais até 1970 era o Departamento de Relações Públicas e Promoções (DRPP), que tinha entre suas funções organizar o Carnaval de Rua e os Desfiles cívicos. Fora isso, nada mais em atividades culturais. Apesar disso, foi ao DRPP que coube a função de pensar no Paiol como um futuro núcleo de atividades culturais.” (Boletim Informativo da Casa Romário Martins – v23n.114dez1996 / pag. 13) Cartaz – BALAS ZEQUINHA – ELTON BARZ: Eu sempre trabalhei na Diretoria de Patrimônio Cultural. Fiz pesquisas, montei muitas exposições, escrevi em conjunto com camaradas de trabalho cinco Boletins Casa Romário Martins. Tem uma publicação, da qual eu participei, que gostei muito: a História de Curitiba em Quadrinhos. Uma exposição que gostei de fazer foi a da História das Constituições Brasileiras, para ser colocada ao lado do Circo da Constituinte, que funcionava na época do debate da nova Constituição do país em 1988. Era também um museu de rua e rodou a cidade. Foi montado, me lembro bem, na Praça Rui Barbosa. (Elton Barz é funcionário da DPC, desde 1985, atualmente é assessor de Políticas Culturais da FCC) Cartaz – CAMERATA – INGRID SERAPHIM: Em 1974 nasceu a Camerata. Foi no oitavo festival de Música. Eu estava lecionando na Escola de Belas Artes e convidei alguns músicos talentosos de Curitiba para fazer estes concertos de música antiga durante o Festival. Queria reunir um pequeno coro para o maestro Roberto de Regina reger e um conjunto de Câmara para fazer dois concertos, foi assim que começou. Aí fomos à Fundação Cultural, o diretor era Alfredo Willer e ainda era em frente à Prefeitura, na Rua Lisymaco Ferreira da Costa. Então, ele concordou em continuar com o grupo. A Fundação Cultural já tinha um ano. (Ingrid é musicista, funcionária aposentada desde 2001. Foi criadora da CAMERATA ANTIQUA, junto com o maestro Roberto de Regina) Cartaz – MOSTRA DA GRAVURA – ANA GONZÁLEZ: Minha formação mais efetiva, e sempre informal, foi através das Bienais de São Paulo e das Mostras da Gravura, porque eram internacionais e eu podia ter contato direto com obras de artistas do mundo todo. Outra coisa importante é que o Museu da Gravura Cidade de Curitiba tem até hoje um Centro de Documentação e Pesquisa – Isso contribuiu muito para o crescimento do meu trabalho, para a minha formação e desenvolvimento como artista e até como pessoa – você começa a nadar mais confortável quando a água é funda. Em 1992, tendo como diretora do Museu da Gravura a artista Uiara Bartira, e como curadores Paulo Herkenhoff e Ivo Mesquita, aconteceu a X Mostra da Gravura, que trabalhou com a ideia de expansão dos limites da gravura, e tomou toda a cidade com suas manifestações, o que foi muito bom para a cidade, para as pessoas, para os artistas e para mim. (Ana González é artista, atualmente é Coordenadora de Artes Visuais da FCC) 19
Cartaz – CARNAVAL – VIVIAN: Uma coisa que me marcou muito foram as MOSTRAS DA GRAVURA, porque estávamos envolvidos no catálogo, cartazes; quem fez o primeiro cartaz da Mostra da Gravura foi o Marcos Bento em 1978. Eu entrei em agosto de 1979, como estagiária, na segunda Mostra. Começamos a imprimir em serigrafia e fazer as alterações de cores, de estudo de cor, e a criação, arte e produção dos catálogos. Era uma loucura porque trabalhávamos com todos os artistas, dependíamos deles para as fotos e os textos. O catálogo sempre chegava uma hora antes da exposição. (Vivian S. Schroeder – trabalhou 34 anos na Programação Visual. O cartaz sobre o carnaval, neste catálogo, foi um dos seus primeiros trabalhos) Cartaz OFICINA DE MÚSICA – MARIA CÂNDIDA: Em 1991 fui para a Fundação. Na época, Ingrid era a coordenadora da Casa Música no Solar do Barão. Eu já a conhecia desde os tempos dos grandes Festivais Internacionais de Música. Durante alguns desses Festivais, tive a honra de ter tido aulas com ela (grande mestra da Escola de Música e Belas Artes, grande cravista, grande pianista, grande conhecedora da obra de Johann Sebastian Bach e fundadora (junto a Roberto de Regina) da Camerata Antiqua de Curitiba e da Oficina de Música de Curitiba. Após o término dos gigantescos Festivais Internacionais de Música, então promovidos pelo Governo do Estado do Paraná, a Oficina de Música surgiu com a intenção de ser um evento sem pretensões de grande porte. Promovida pela FCC e realizada nas dependências do Solar do Barão, era para ser um acontecimento musical de alto nível sim, mas intimista, aconchegante, na qual o aluno pudesse usufruir o máximo da excelente qualidade dos cursos oferecidos. No entanto a Oficina cresceu, consagrando-se como um gigante de alcance internacional. (Maria Cândida é aposentada da FCC desde 2011) JORNAL MURAL – DINAH RIBAS: O Aramis Millarch, que era o diretor executivo da FCC na época, solicitou ao Aroldo Murá, que recomendasse alguém na área de cultura, e este prontamente me indicou. Então posso dizer que fui a terceira jornalista e me aposentei depois de 27 anos de serviços para a FCC. Um grande legado que Carlos Frederico Marés deixou, durante os seis anos de sua gestão, foi o Jornal Mural de Curitiba, uma grande referência comunicativa na cidade, para a época. Eles eram afixados nos monolitos dos pontos de ônibus, em diretórios acadêmicos e escolas de bairro. Eu participei do primeiro ao último número, foram 186 edições. Tivemos um rodízio de editores, mas havia um conselho editorial do qual fiz parte do número zero ao final. Foi triste ver uma experiência tão interessante ser encerrada. Havia uma coluna de utilidade pública que falava das campanhas de vacinação, indicava as feiras livres, pesquisa de preço. Uma outra coluna intitulada “Notícias da Câmara” dava conta dos atos dos vereadores. Houve edições especiais quando a ocasião merecia. Foi o caso da morte do Tancredo Neves, e do Paulo Leminski. Quando chegamos ao número cem, fizemos um balanço. Antes das eleições fazíamos um perfil de todos os candidatos. (A jornalista Dinah Ribas Pinheiro aposentou-se em 2001, mas continua mais ativa do que nunca – lançou em 2013 o livro “A viagem de Efigênia Rolim nas asas do peixe voador”) 20
Cartaz – PERHAPPINESS – ROSANA ALBUQUERQUE: O PERHAPPINESS foi um evento que teve início após o falecimento do poeta Paulo Leminski (1944-1989), que acontecia quase sempre no mês de agosto, em homenagem ao aniversário do poeta em 24/08. O evento PERHAPPINESS foi realizado no período de 1989-2005, num total de 17 edições. O PERHAPPINESS teve início na gestão do prefeito Jaime Lerner. A Presidente da FCC era a competente Lúcia Camargo. A curadora do primeiro evento foi a exímia conhecedora da literatura e da história paranaense, a professora Cassiana Lícia de Lacerda. É claro que, desde o primeiro ano de realização do projeto, houve muitos colaboradores, inclusive a participação de muitos amigos do Leminski. (Rosana é Bibliotecária e funcionária da DPC. Ingressou na FCC em 1979, foi Coordenadora de Literatura, coordenou e fez curadoria por 16 anos do PERHAPPINESS) JAIR MENDES – Em 1971 o arquiteto Roberto Gandolfi estava fazendo o projeto de construção do Centro de Criatividade de Curitiba, no Parque São Lourenço. Ele me convidou para fazer alguns estudos e para executar alguns painéis. Fiz os estudos, ele gostou e o presidente do IPPUC, Rafael Deli, aprovou e comecei a trabalhar, já no local. Foi no primeiro governo do Jaime Lerner como prefeito. Eles na verdade não tinham certeza do que iriam fazer naquele espaço. Como eu estava lá, vivendo 24 horas por dia, trabalhando, eu fui elaborando algumas ideias. Como o Jaime visitava bastante aquele local, eu conversei com ele e coloquei minhas ideias, como achava que deveria funcionar aquele espaço, que era privilegiado. Em 1972 eu já tinha entregado aquele painel e fui convidado para dirigir o Centro de Criatividade, que foi quando eu entrei na Fundação Cultural de Curitiba, que naquela época era uma casa na Rua Lisymaco da Costa, a primeira sede. A Fundação era dirigida pelo arquiteto Alfred Willer, Constantino Viaro era o diretor administrativo e o jornalista Aramis Millarch era o diretor executivo. Eu fui um dos primeiros funcionários que entrou pra trabalhar, e a Fundação, na época, era o Teatro do Paiol. Então o Centro de Criatividade foi o segundo equipamento da Fundação Cultural, que era evidentemente maior em espaço físico e perspectiva de trabalho. O Jaime tinha um grande carinho e incentivou muito o desenvolvimento dele como um todo. Então conversando com meus amigos artistas e com a Fundação, elaboramos um projeto que iria levar vários artistas para terem o seu ateliê no centro, e eles dariam aulas ali. Então o frequentador não iria se matricular em um curso, ele iria frequentar todos os ateliês, até descobrir sua vocação. Então esta foi a estrutura inicial do Centro de Criatividade, junto com o ateliê infantil, que trabalhava com as artes visuais, pesquisa de som, expressão corporal e com teatralização. Foi realmente um movimento muito interessante. Mais interessante é dizer que naquela época o maior problema que tínhamos com o Centro, era a distância. Todos achavam muito distante. E hoje é aqui! (Jair Mendes é funcionário aposentado da FCC desde 1995) (trechos de entrevistas dos funcionários da FCC no livro Histórias de Funcionários – Resgate da Memória da FCC).
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