Jornal Nossa Voz (março/abril de 2015)

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NOSSA VOZ INFORMATIVO OFICIAL DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES – UNE

Março/Abril de 2015 - www.une.org.br - facebook.com/uneoficial

NAS RUAS EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DA REFORMA POLÍTICA Os rumos da democracia brasileira estão em disputa. A UNE e os movimentos sociais querem barrar a ofensiva conservadora e aprovar uma reforma política verdadeira, que possa mudar o Brasil. Para acabar com a corrupção, os estudantes querem, entre outras medidas, o fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais. PAG. 3

EM DEFESA DO FIES E DA REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO PRIVADO PAG. 5

UNE AO LADO DA PETROBRAS PÁG. 11

Crédito: Mídia Ninja

PARANÁ RESISTE AO DESMONTE DA EDUCAÇÃO PAG.12

Manifestação no dia 13 de março, que reuniu 100 mil pessoas na Avenida Paulista (SP)

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Política

EDITORIAL

AQUI ESTÁ PRESENTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL

Para combater a corrupção, a UNE quer o fim do financiamento empresarial de campanhas. Parlamentares conservadores e o ministro Gilmar Mendes, porém, fingem não ouvir.

A juventude brasileira está mobilizada na defesa do país. Enquanto a ofensiva conservadora de alguns aposta na desestabilização nacional, no enfraquecimento das instituições, no desmanche da Petrobras e pega carona no discurso golpista, a UNE se posiciona onde sempre lhe coube: nas ruas, pela democracia, pelos avanços sociais e por um futuro de oportunidades para todas e todos.

O Brasil é a nossa casa e estamos em reforma. A UNE e a juventude brasileira são uma parte fundamental desse processo, que passa pela garantia dos avanços na educação do país, pelo crescimento democrático e a consolidação ampla e irrestrita de direitos. Nossa luta é para erguer um novo país e o caminho é sempre para cima, não há como retroceder. Neste ano de 2015 o movimento estudantil está, também, em alerta

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movimento da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a UNE participa, desenvolveu um projeto de lei de iniciativa popular com os principais pontos para uma mudança verdadeiramente eficiente no país. No entanto, boa parte da Câmara e do Senado já mostrou que vai tapar os seus ouvidos para essa demanda. Prova disso é que a bancada conservadora trabalha fortemente para a aprovação da PEC 352, uma proposta de emenda constitucional negativa e bem diferente daquela que as vozes das ruas esperam.

máximo para defender a educação. Questionamos o cenário recente de contingenciamento orçamentário, bloqueio de recursos das universidades federais e restrições ao FIES. É necessário ter unidade, energia e a resolução inabalável de que nós, estudantes brasileiros, não daremos nenhum passo atrás, não aceitaremos a retirada de nenhum tijolo do que foi construído. Pelo contrário, queremos ir além, queremos mais avanços. Exigimos o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação, aprovado a partir de uma mobilização sem precedentes dos estudantes e do movimento educacional no país. Lutamos pela implantação dos 10% do PIB investidos na educação, garantidos pelos royalties do petróleo e o fundo social do pré-sal,

DIRETORIA EXECUTIVA DA UNE – GESTÃO 2013/2015 Presidenta: Virgínia Barros Vice-presidente: Mitã Chalfun 1º Vice-presidente: Katerine Oliveira 2º Vice-presidente: Ronald Luis 3º Vice-presidente: Adriele Manjabosco Secretária-geral: Iara Cassano 1º secretário-geral: Tony Sechi Tesoureiro-geral: Bruno Correa Dir. Assistência Estudantil: Thiago Wender Ferreira Dir. Comunicação: Thiago José Silva Dir. Universidades Públicas: Mirelly Cardoso 2° Dir. Universidades Públicas: Iago Campos Dir. Relações Internacionais: Thauan Fernandes Dir. Área de Humanas: Ivo Braga Dir. Direitos Humanos: Camila Souza Dir. Cultura: Patrícia de Matos

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Dir. Movimentos Sociais: Déborah Costa 3° Dir. Movimentos Sociais: Laís Rondis Nunes de Abreu Dir. Políticas Educacionais: Juliana dos Anjos de Souza 1º Dir. Políticas Educacionais: Pedro Paulo Rocha de Araújo Dir. de Relações Institucionais: Patrique Lima 1° Dir. Relações Institucionais: William Rodrigues Dantas 2º Dir. Relações Institucionais: André Amaral Filho 1° Dir. Universidades Particulares: Matheus Weber 2° Dir. Universidades Particulares: Rafael da Silva da Costa

conquistados a partir de uma grande mobilização dos estudantes. É hora de mostrar a nossa força, organização e determinação. A UNE sempre teve participação crucial nos momentos mais importantes da história do Brasil e não será diferente agora. Aos que pregam o golpe, defendemos o respeito à decisão soberana das urnas e a democracia. Aos que querem ver o Brasil sangrar, defendemos o crescimento econômico inclusivo e a ampliação de direitos. Aos que difundem o ódio, respondemos com amor e esperança. Vamos lutar e vamos continuar construindo, com suor e luta, o Brasil dos nossos sonhos.

O projeto, além de não proibir o financiamento de empresas a políticos, constitucionaliza essa prática e estabelece outras medidas democraticamente questionáveis, como o voto distrital e a cláusula de barreira. “Não há como se pensar em reforma sem acabar com o financiamento de empresas a campanhas eleitorais. Essa é a raiz mais profunda da corrupção”, ressalta Aldo Arantes, ex-presidente da UNE e representante da OAB na Coalizão. “Há um certo cinismo de algumas pessoas ao dizer que a corrupção é fruto de um só partido ou um só político. A corrupção está em todos os lugares porque o problema está, justamente, no sistema.”, pontua Aldo.

EXPEDIENTE O jornal NOSSA VOZ é uma publicação da União Nacional dos Estudantes. Dir. Comunicação da UNE: Thiago José Silva Jornalista responsável: Rafael Minoro – CR (DRT/MG 11.287) Redação: Artênius Daniel, Cristiane Tada, Renata Bars e Yuri Perez Projeto gráfico: Fields Comunicação – fieldscomunicacao.com.br Endereço: Rua Vergueiro, nº 2485, bairro Vila Mariana, São Paulo/SP - Cep 04101-200 Telefone: +55 11 5539.2342 Fale com a UNE: contato@une.org.br Fale com a comunicação da UNE: redacao@une.org.br Fale com a assessoria de imprensa da UNE: imprensa@une.org.br twitter.com/uneoficial

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NÃO À “PEC DOS CORRUPTORES”! DEVOLVE GILMAR! Para o diretor de comunicação da UNE, Thiago José, a luta pela verdadeira reforma política depende da grande mobilização nas ruas. “Precisamos reunir a juventude para mostrar o nosso sonoro ‘não!’ à PEC 352. Essa é, na verdade, a ‘PEC dos Corruptores’, porque constitucionaliza o financiamento empresarial das campanhas e todo o sistema de interesses escusos que já conhecemos”, defende. Segundo ele, o conservadorismo e o corporativismo do Congresso Nacional não podem se virar contra a vontade popular. Os estudantes também farão muito barulho para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que “escondeu” em algum lugar a Ação Direta de Inconstitucionalidade da OAB que proíbe o financiamento empresarial de campanhas. Já faz um ano que o ministro pediu vistas do processo e não retornou a peça para o trâmite no tribunal. Para cobrar o ministro e para que a ação volte ao Supremo, foi lançada a campanha “#DevolveGilmar”. Outros pontos defendidos pelos movimentos sociais são maior inclusão de grupos excluídos da política, como mulheres, negros e jovens, além da criação de novos e melhores instrumentos de participação popular direta na política. (Acesse o site da campanha: www.reformapoliticademocratica.org.br)

PLEBISCITO POPULAR

Vic Barros Presidenta União Nacional dos Estudantes

Crédito: Mídia Ninja

Queremos erguer as paredes de um novo sistema político, mas sabemos que enfrentamos o mais conservador e limitado Congresso Nacional desde os tempos da ditadura militar. Defendemos uma ampla reforma política, verdadeiramente democrática, para proibir o financiamento de empresas a campanhas, diminuir o personalismo e fortalecer a participação social. Não queremos a reforma da PEC 352, conhecida como a “PEC dos Corruptores“, que parte dos deputados e senadores já ensaiam preparar para a sociedade.

REFORMA POLÍTICA PARA AMPLIAR A DEMOCRACIA

Uma demonstração de que o povo brasileiro quer mudanças na política se deu em setembro de 2014, quando mais de 7 milhões de pessoas participaram de um Plebiscito Popular, das quais 97% afirmaram que querem mudanças por meio de uma Constituinte Exclusiva. Em outubro a votação popular foi entregue em Brasília aos três poderes e, agora, a luta continua com mobilizações pela regulamentação do Plebiscito. Entenda mais pelo portal: www.plebiscitoconstituinte.org.br

Dia 13 de março: Passeata na Paulista (SP).

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Movimento estudantil

EDUCAção

CRESCE A LUTA PELO PASSE LIVRE ESTUDANTIL Estudantes já conseguiram a aprovação do direito em São Paulo, Rio, Recife e diversas cidades. Batalha segue pelo país contra o aumento nas tarifas do transporte público.

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direito ao transporte público de qualidade e ao passe livre para estudantes é uma luta que se intensifica desde as manifestações de junho de 2013. Conquistas têm mobilizado o movimento estudantil de diversos estados em torno desse tema, com vitórias no Rio de Janeiro, para os estudantes de baixa renda, e em Recife, para estudantes da rede municipal e estadual de educação básica. A mais recente vitória foi a aprovação do passe livre em São Paulo para estudantes de escolas públicas, prounistas, bolsistas e estudantes de baixa renda, após as entidades estudantis organizarem acampamento em frente à prefeitura da capital para pressionar pela ampliação do direito. Ao todo, cerca de 800 mil alunos de todo estado terão o direito garantido nos ônibus municipais, nos trens da CPTM, no metrô e coletivos intermunicipais.

A presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), Carina Vitral, afirma, no entanto, que ainda há muito pelo o que lutar, pois as regras limitam o acesso para alguns estudantes. “Nossa luta é pelo passe livre irrestrito, sem limite de viagens e para todos os estudantes, na forma de um bilhete único mensal gratuito”, explica. PELO BRASIL, A LUTA CONTINUA... Em Porto Alegre, que já conta com o passe livre estudantil desde o ano passado, milhares de pessoas marcharam pelas ruas da cidade em manifestações contra o aumento de 10,58% no preço da viagem, o que eleva a tarifa de R$ 2,95 para R$ 3,25, tornando-a a quarta mais cara do país. Em Manaus também ocorreram protestos. A alta de 9% elevou a tarifa de R$ 2,75 para R$ 3. A população se queixa de más condições e, principalmente, atraso nos itinerários. Estudantes têm

se mobilizado e em março marcharam pelas ruas para pressionar a prefeitura. No Rio de Janeiro, após a conquista do passe livre municipal, a luta agora é para que o direito seja irrestrito e também intermunicipal.

JORNADA DE LUTAS DA JUVENTUDE As entidades estudantis UNE, UBES e ANPG, assim como diversos outros movimentos ligados à juventude, já se preparam para a Jornada de Lutas, que deverá acontecer entre o fim de março e início de abril. A série de manifestações em todo o país movimentará diversas cidades, envolvendo temas como a luta pela educação, o fim do extermínio da juventude negra, a reforma política, o passe livre e a democratização dos meios de comunicação.

DEFENDER O FIES E A REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO PRIVADO UNE e UEEs lutam pelo controle das mensalidades e pela resolução dos problemas no programa federal .

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ara alguns estudantes do Ensino Superior privado, o início do ano letivo chegou cheio de transtornos devido às mudanças no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O Ministério da Educação (MEC) anunciou uma série de medidas que podem limitar o repasse do financiamento das universidades que não apresentam contrapartidas, que não garantem a qualidade ou que cometem reajustes das mensalidades acima da inflação sem justificativa. Para a UNE, as contrapartidas são importantes, porque ajudam no combate à mercantilização do ensino. Contudo, nessa fase de transição, muitos estudantes saíram prejudicados. “A cobrança devida sobre as IES acabou chegando aos estudantes que ainda estão convivendo com a ameaça de terem os estudos prejudicados”, destaca a presidenta da entidade Vic Barros.“É por isso que o Ensino Privado precisa urgentemente de regulação definitiva. Contribui para isso a aprovação do Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes)”, afirma. Segundo a UNE, diversas universidades tiveram problemas com o programa porque aumentaram a mensalidade de forma abusiva, o que prejudica tanto o estudante regular como o bolsista do FIES, au-

mentando a sua dívida acumulada ao final do curso. Na Universidade de Fortaleza, por exemplo, o DCE obteve uma grande conquista. “Os estudantes conseguiram reduzir o aumento abusivo de mensalidade, enquadrando a universidade às novas regras”, conta o diretor de universidades privadas da UNE Mateus Weber. “Está aberta a temporada de caça aos tubarões do ensino”, complementa. Outro problema ocorrido foi o congestionamento no Sisfies, site oficial do programa, que acarretou filas imensas de estudantes para renovar seus contratos nas instituições, como aconteceu no Complexo Educacional FMU, em São Paulo. O Fies é um importante instrumento de ampliação do acesso ao ensino superior. Por isso, a UNE

MAIS INVESTIMENTOS Em Santa Catarina os estudantes da Furb mobilizaram Blumenau chamando atenção para os problemas na renovação dos financiamentos do Fies. A Furb é uma instituição pública de caráter privado e de acordo com o presidente do DCE, John Maicon Albanis, cerca de 30% dos estudantes da universidade, ou seja, 2.600 alunos dependem do programa do governo federal para estudar. “Temos uma Lei Orgânica no município que prevê o repasse de verbas para a instituição, mas há 3 anos isso não acontece. A nossa mobilização quer chamar atenção do governo federal, estadual e municipal”, explicou.

não vai aceitar que o programa seja restringido. Mais FIES representa mais jovens cursando o ensino superior. Por isso, a entidade tem defendido o direito de milhares de estudantes cobrando soluções das universidades e do MEC, assim como exigindo melhorias na qualidade de ensino das instituições. A UNE se coloca à disposição através do endereço fies2015.une@ gmail.com para lutar por todo e qualquer estudante que enfrenta algum problema no programa.

PAGAMENTO INDEVIDO Várias instituições estão pressionando os estudantes para que assinem uma concessão de dívida com os valores da diferença entre o valor do aumento da mensalidade e o índice da inflação. A UNE está exigindo do MEC a devida fiscalização e punição dos gestores que tem agido dessa forma. Essa cobrança é indevida.

Acampamento dos estudantes em frente a Prefeitura de São Paulo.

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CULTURA

BIENAL DAS BIENAIS REÚNE 15 MIL E FAZ HISTÓRIA NO RIO Crédito: Vitor Vogel

Crédito: Vitor Vogel

Crédito: Vitor Vogel

Estudantes, artistas, movimentos sociais e culturais brasileiros realizaram, entre os dias 1º e 6 de fevereiro, a 9ª Bienal da UNE. Essa foi considerada a maior das edições do evento, reunindo 15 mil pessoas e mais de 200 atrações entre as mostras selecionadas e convidadas. O encontro marcou também o retorno do festival ao Rio de Janeiro.

Crédito: Vitor Vogel

Com o tema “Vozes do Brasil”, encontro na Lapa marca retorno à capital fluminense e consolida a Bienal como o maior festival estudantil da América Latina.

A Bienal é a grande vitrine da produção realizada, atualmente, dentro das universidades brasileiras, além de trazer uma série de reflexões, debates e trocas com representantes da academia, do poder público e de organizações da sociedade civil. O tema em 2015 foi “Vozes do Brasil”, trazendo uma reflexão a respeito da linguagem e das diferentes formas de expressão em um país diverso, porém ainda marcado por grandes desigualdades.

CUCA DA UNE A TODO VAPOR Após a realização da Bienal no Rio de Janeiro, a área cultural da UNE continua em movimento com as atividades e planejamentos do CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Arte). Em breve deverá ser lançado o edital do Prêmio Cultural Eduardo Coutinho, em homenagem ao cineasta e com o objetivo de valorizar a produção artística das universidades. O CUCA também planeja intervenções no próximo Congresso da UNE e um seminário de gestão após o encontro estudantil.

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Crédito: Vitor Vogel

Crédito: Juliana Pimenta

Crédito: Vitor Vogel

Realizada no bairro da Lapa, a Bienal também trouxe grandes atrações para o público da cidade do Rio de Janeiro, de forma gratuita e democrática. Passaram pelo palco do festival artistas como Arlindo Cruz, Pitty, Alceu Valença, Cidade Negra e Criolo. Segundo a diretora de Cultura da UNE, Patrícia de Matos, o festival é um caldeirão da diversidade para a juventude brasileira: “É um espaço para trocas culturais e para reflexão sobre a identidade cultural brasileira, além de ser um território livre da criatividade, onde todos podem ajudar a projetar o Brasil do futuro, tendo como ponto de partida a cultura”, analisou.

Crédito: Vitor Vogel

Entre os convidados do evento estiveram o ministro da Cultura Juca Ferreira, o cartunista Ziraldo, o dirigente do MST João Pedro Stédile, o publicitário Jefferson Monteiro (Dilma Bolada), o cineasta Sílvio Tendler, o poeta e compositor Silvério Pessoa, o organizador do Sarau da Cooperifa Sérgio Vaz, além de representantes das áreas da comunicação, cultura e direitos humanos.

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notas

NEM UM CENTAVO A MENOS PARA A EDUCAÇÃO! As universidades federais brasileiras começaram o ano enfrentando o bloqueio de verbas que tem levado a uma situação crítica, causando protestos da UNE e da rede do movimento estudantil pelo Brasil. Uma das razões alegadas pelo MEC foi o negligente e absurdo atraso do Congresso Nacional para a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), o que bloqueou um terço dos recursos das federais. Soma-se a isso o contingenciamento anunciado pelo ministro Joaquim Levy, que levou ao corte de R$ 7 bilhões para a área da educação. Segundo a secretária-geral da UNE, Iara Cassano, a situação tem lesado diretamente os estudantes: “Com o orçamento arrochado, as reitorias precisam fazer cortes

Acontece de 3 a 5 de abril, na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador, o IV Encontro de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE (Enune). Sob o tema ‘’O Brasil que queremos para a população negra’’, o evento promete debater a fundo o desenvolvimento nacional e a superação do racismo ainda inerente em muitos setores da sociedade.

A II Conferência Nacional de Educação (Conae) ocorreu de 19 a 23 de novembro de 2014 e reuniu mais de três mil pessoas no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. Para a UNE, foi o momento de fortalecer a relação com outros movimentos educacionais do país, organizar as lutas vindouras pela execução das metas do Plano Nacional de Educação e reforçar a pauta dos 10% do PIB para a educação.

Vem aí!

e, às vezes, retiram da assistência estudantil”, critica. É o que relata o presidente da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG) Paulo Sérgio: “Aqui no estado a UFMG chegou a cortar o pagamento de suas contas de água e luz. Já na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), houve o corte de bolsas, o que é muito negativo”, protesta.

Combater o racismo: essa luta nos UNE

Conae 2014

Vitória em Recife Em outubro do ano passado a prefeitura de Recife anunciou a criação do ProUni municipal. O projeto, que oferecerá quase 500 bolsas de estudo por ano para estudantes e professores, é mais uma conquista das reivindicações do movimento estudantil. A presidenta da UNE, Vic Barros, presente ao ato de lançamento, lembrou da luta dos estudantes pela democratização do acesso ao ensino superior: “Temos lutado para pintar a universidade de todas as cores. Já é um lema nosso em todo o Brasil que, agora, o filho do pedreiro vai poder virar doutor”, comemorou.

A III Conferência Nacional de Juventude, com o tema “As várias formas de mudar o Brasil”, foi lançada no último dia 26 de fevereiro, em Brasília. Previsto para o fim do ano, o encontro terá como principais objetivos discutir as novas formas de participação e expressão da juventude, a promoção do combate aos preconceitos, a participação dos jovens no ambiente digital e a aprovação do Primeiro Plano Nacional da Juventude.

Rondon 2015 As novas atividades do Projeto Rondon já têm data marcada. A Operação Bororos será realizada no Mato Grosso, no período de 10 a 26 de julho de 2015, em 15 municípios da região. Já a operação Itacaiúnas será realizada nos Estados do Pará e do Tocantins, no período de 17 de julho a 2 de agosto de 2015. Em janeiro, a Operação Porta do Sol levou mais de 200 estudantes de 30 instituições públicas e privadas de ensino superior do país para a capital paraibana, João Pessoa. Para conhecer mais acesse: projetorondon.pagina-oficial.com

Novo site da UNE

Em breve você estará ainda mais conectado com a UNE. A entidade lançará um novo site, mais moderno, interativo e fácil de navegar. O novo portal foi pensado para incentivar cada vez mais a interatividade: ‘’O novo site vem para reforçar essa trincheira da democratização dos meios de comunicação, pois com mais espaços colaborativos aumentaremos ainda mais a participação dos estudantes’’, conta o diretor de comunicação da UNE, Thiago José. É a estudantada de luta nas redes e nas ruas!

Ver-sus Com o objetivo de proporcionar aos estudantes vivências do Sistema Único de Saúde (SUS), o Ver-sus, parceria do Ministério da Saúde com a UNE e a Rede Unida, vem crescendo a cada dia. Neste início de ano já foram realizados estágios em Minas Gerais, nas cidades de Araguari, Uberlândia, Belo Horizonte e no Vale do Jequitinhonha. ‘’O Ver-sus é uma nova forma de diálogo com o estudante. É uma ferramenta de transformação social conectada com a saúde. Neste projeto, a juventude tem a oportunidade de entender o funcionamento do SUS para apontar soluções e desenvolver críticas propositivas’’, explica a diretora de Universidades Públicas da UNE, Mirelly Cardoso.

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Movimentos sociais

MARÇO: MÊS DAS MULHERES EM LUTA

Estudantes em defesa da Petrobras e da democracia

Coletivos feministas, trabalhadoras e estudantes ocuparam as ruas e promoveram o debate sobre o fim das opressões. UNE prepara seu próximo encontro de mulheres.

UNE foi as ruas, junto aos movimentos sociais, para defender a riqueza nacional e seu investimento nas áreas da educação, ciência e tecnologia, além da reforma política.

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o último dia 13 de março, os movimentos sociais brasileiros realizaram uma mobilização nacional de grandes proporções em defesa da Petrobras, da reforma política e da democracia. A UNE esteve entre as entidades que coordenaram o ato, junto à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Mais de 500 mil pessoas participaram em todo o Brasil. Somente em São Paulo 100 mil marcharam da Av. Paulista até a Praça da República, mesmo sob forte chuva.

mês de março é um período importante para as mulheres afirmarem, historicamente, a sua luta por uma sociedade mais justa, com o fim do machismo e direitos iguais a todas. No Brasil, o 8 de março foi mais uma vez realizado com grande unidade, reunindo mulheres dos mais diferentes movimentos. Estudantes, trabalhadoras, representantes da luta por moradia, pela democratização da mídia e agricultoras organizaram atos em diversas capitais.

Para a diretora de Mulheres da UNE, Lays Gonçalves, o movimento feminista fortalece o mesmo projeto de transformação dos grupos progressistas. “A democratização dos meios de comunicação e a reforma política são pautas centrais dos movimentos e de suma importância para as mulheres, pois dizem respeito diretamente a qual imaginário é cotidianamente construído na mídia e na política em relação às mulheres e ao capital (espaço privado, padrão de feminilidade, controle do Estado e da polícia, de política racista, machista e lbgtfóbica)”, explica Lays.

MULHERES E A REFORMA POLÍTICA Debater o atual cenário de desigualdade enfrentado pelas mulheres brasileiras na esfera política, também foi um dos motes do 8 de março. Maioria no eleitorado mas ainda minoria no poder, elas exigem uma reforma com alternância de gênero. Para a presidenta da UNE, Vic Barros, muitos avanços já ocorreram, mas as principais conquistas ainda estão por vir. ‘’Nós, mulheres, representamos apenas 10% do Congresso Nacional, embora sejamos maioria das que votam. Precisamos avançar rumo a uma reforma política com paridade de gênero nas eleições proporcionais. Infelizmente, nosso Congresso está cada vez mais conservador, então só com muita

mobilização das mulheres de todo o país faremos avançar estas pautas’’, avaliou. Movimentos de mulheres lançaram, no último dia 25 de fevereiro, o Manifesto em Favor da Reforma Política Inclusiva. Entre as propostas estão a ampliação da democracia participativa e democracia interna nos partidos, aprimoramento dos mecanismos da democracia direta, defesa do voto proporcional e a paridade entre homens e mulheres nas listas de votação.

O Encontro de Mulheres Estudantes da UNE (EME), que reúne representantes de diversas universidades do país em torno da luta contra o machismo e outras pautas, já tem data marcada. O encontro acontecerá entre os dias 1º e 3 de maio, em local ainda a ser definido. O EME é marcado por debates, oficinas, atividades de formação e atos de manifestação a favor de um ambiente de maior protagonismo feminino, dentro e fora da universidade.

Estudantes exibem faixa na Avenida Paulista no protesto do dia 13.

Pré-sal para a educação. Defendemos a investigação irrestrita, o julgamento e punição de todos os envolvidos em casos de corrupção, mas não aceitaremos o uso político para enfraquecimento da companhia”, defendeu.

O dia 13 de março foi marcado também pela defesa da reforma política democrática como instrumento de combate à corrupção, contra os cortes na área da educação e ameaça aos direitos trabalhistas no país.

ENTREVISTA: JOSÉ MARIA RANGEL, PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO ÚNICA DOS PETROLEIROS Porque defender a Petrobras nesse momento? Sabemos que o petróleo ainda representa a principal matriz energética do mundo e nesse cenário, a Petrobras é a empresa que realiza as maiores descobertas dessa riqueza em todo o planeta. Isso explica o interesse daqueles que sempre foram contrários à Petrobras estatal. O desejo deles é sangrar a companhia, mudar a lei da partilha e entregá-la a outros interesses. Quais são hoje os interesses que disputam a Petrobras? Acredito que temos um campo bem definido que sempre esteve ao lado da companhia, desde a sua criação. São movimentos populares, estudantes, trabalhadores e até mesmo empresários que entendem a sua importância para o país. De outro lado, você vê setores do empresariado que sempre buscaram a privatização e grupos políticos que também agem nesse sentido.

VEM AÍ O 6º EME

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A presidenta da UNE, Vic Barros, lembrou que a luta dos estudantes pelo Petróleo já é antiga no Brasil. Na década de 1950, os estudantes foram protagonistas do movimento que culminou com a criação da Petrobras. Ela criticou aqueles que, atualmente, agem no sentido de enfraquecer a empresa. “Quem ataca atualmente a Petrobras tem uma sanha privatizadora. Foram os mesmos que estiveram contra o

Passeata na capital paulista no dia 8 de março.

Crédito: Divulgação FUP

Neste ano as pautas do movimento foram a defesa da democracia, a reforma política, o fim da violência contra a mulher e a busca por mais direitos. Temas como a legalização do aborto e equidade salarial também foram lembrados.

contra o machismo

na universidade

Os estudantes batalharam e conseguiram a aprovação dos royalties do petróleo e fundo social do Pré-Sal para a educação. Qual a importância dessa vitória? É fundamental. O povo nunca será completamente livre se a sua riqueza não for revertida, diretamente, em educação. Acompanhamos esse tipo de iniciativa em outros países, como a Noruega, e foi por isso que lutamos pela criação do fundo soberano do Pré-Sal. Sabemos, porém, que teremos embates sérios. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), por exemplo, quer rever a lei de partilha e, consequentemente, rever os recursos desse fundo. Precisamos ficar em alerta.

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Educação

PARANÁ RESISTE E LUTA PELA EDUCAÇÃO Histórica greve geral dos professores pressiona governo tucano contra política do “pacotaço” para retirada de direitos.

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este início de ano letivo, o Estado do Paraná protagonizou um dos episódios mais marcantes na luta contra o desmonte da educação no país. Os professores das escolas estaduais permaneceram um mês em greve e só voltaram ao trabalho no dia 12 de março. “A mobilização no Paraná é um exemplo de resistência à política neoliberal, que significou jogar nas costas do trabalhador, através do arrocho salarial, de demissões e da retirada de direitos, a responsabilidade de uma crise que o próprio governo estadual criou”, destacou o diretor da UNE, Iago Montalvão, que junto com a União Paranaense dos Estudantes (UPE) esteve lado a lado na luta dos professores. Acampados em frente ao Palácio Iguaçu e à Assembleia Legislativa, os manifestantes realizaram uma ocupação história da casa legislativa para impedir a votação do “pacotaço”, que validaria uma série de retirada de direitos no funcionalismo e queria acabar com o Fundo Previdenciário Paranaense para pagar as dívidas salariais atuais. Pressionado, o governador Beto Richa (PSDB) teve que voltar atrás e acatar as exigências do movimento. Para a presidenta da UPE, Elys Maryna, a greve foi vitoriosa porque teve ampla participação da sociedade. “O cenário todo é muito negativo. A greve foi, desde o começo, no sentido de não deixar retroceder direitos”, destacou.

Crédito: APP Sindicato

Diretor da UNE Iago Montalvão em protesto na capital Curitiba.

UNIVERSIDADES NA LUTA O Governo do Paraná deve, ao menos, R$ 30 milhões em verbas de manutenção atrasadas para as universidades que ameaçam até mesmo fechar. Existe ainda falta de professores nas salas de aula e paralisação de obras nos campus. De acordo com Iago Montalvão, os estudantes universitários aproveitaram o momento de negociação, se organizaram, ocuparam algumas das reitorias das estaduais e estão se manifestando, principalmente, por mais Assistência Estudantil. “O Paraná não tem nenhum programa de assistência e importantes universidades como a UEM, por exemplo, que tem mais de 20 mil estudantes, não tem Restaurante Universitário, parado para obras há dois anos”, destacou Iago. Além disso, os estudantes também pedem o fim do vestibular e a entrada nas universidades por meio do Enem, além da implementação de um sistema de cotas sociais.

Governador BOM DE CORTE Desde que assumiu o estado em 2011, Beto Richa vem cortando, ano após ano, as verbas destinadas à manutenção e custeio das instituições, numa clara opção política de sucatear e privatizar a educação. A comunidade universitária também está colocando em cheque a suposta “autonomia universitária” para gerir os recursos proposta pelo governo, o que na verdade seria um congelamento do orçamento anual que não beneficiaria em nada as instituições.

Assembleia dos professores aprova greve no Paraná.

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