revista da gestĂŁo A luta dos estudantes brasileiros nos Ăşltimos dois anos
2015/2017
EXPEDIENTE Revista da Gestão é uma publicação da União Nacional dos Estudantes especial para o 55º CONUNE, realizado em Belo Horizonte de 14 a 18 de junho de 2017 Coordenação editorial Contra Regras - Produção e Comunicação Redação Artênius Daniel, Cristiane Tada e Renata Bars Edição Rafael Minoro Revisão Luana Bonone Direção de arte e capa Vinícius Costa Projeto gráfico JuVechi - Design Fotos Yuri Salvador, CUCA da UNE, Mídia Ninja, Acervo UNE Tratamento de imagens 231 Mídias Endereço Rua Vergueiro, nº 2485, bairro Vila Mariana São Paulo/SP – CEP: 04101.200 Telefone 11 5539.2342 Fale com a UNE contato@une.org.br Fale com a redação redacao@une.org.br Fale com a assessoria de imprensa imprensa@une.org.br Site oficial www.une.org.br
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SUMÁRIO 06 EDITORIAL 08 FRASES E ASPAS 14 ENTREVISTA 18 LUTA CONTRA OS CORTES 20 REDUÇÃO NÃO É SOLUÇÃO 24 O INIMIGO NÚMERO UM DA JUVENTUDE 26 GOLPE 16 32 A UNIÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS 34 FORA, TEMER! 40 EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA 44 PEC DO FIM DO MUNDO 50 GREVE GERAL 54 A UNE SOMOS NÓS 62 NAS RUAS E NAS REDES 64 10ª BIENAL DA UNE 72 DIRETAS JÁ! 76 DIRETORIA 78 PRESTAÇÃO DE CONTAS
E D I TO R I A L
DO LADO DE CÁ, VAMOS EM FRENTE
D
O LADO DE CÁ, nunca foi fácil. Um caminho e as suas pedras. Os invernos que se impõem antes das primaveras. Os avanços e as quedas, a vontade de prosseguir. A nossa história é uma jornada, o punho erguido e a cara pintada, a insistência, a resistência, a consciência da alvorada que inicia outro dia e faz o rosto voltar a sorrir. Oitenta anos aqui desse lado, onde as apostas são altas, do valor de cada brilho nos olhos de uma menina ou um menino que acredita no seu país. Do valor de cada rima do rap, de cada poema postado na rede, de cada cartaz afixado em uma ocupação, de cada palavra gritada, com afinco, em uma passeata. Do lado de cá, já foi preciso enfrentar outros golpes. Já foi preciso recolher as bandeiras em uma noite de tristeza e esperar o peito se reconstruir. A União Nacional dos Estudantes é uma escola de gente determinada, de quem não desiste e não teme nada, de quem não veio até aqui para Temer.
Do lado de cá, teremos maturidade e perseverança para seguir enfrentando os efeitos do golpe no próximo período. Temos um Plano Nacional de Educação a resgatar, uma universidade a popularizar, um cenário de autoritarismo, preconceitos e repressões a enfrentar. Somos meninas e meninos, somos negras e negros, somos indígenas, somos gays, lésbicas, cis ou trans, somos uma entidade do povo e para o povo, um caldeirão que prepara o novo, aqui
O Brasil da juventude é o Brasil da coragem, que botou a cara na democracia ou na ditadura, que já se mostrou valente até mesmo sob tortura, que já fez e fará, novamente, o jogo virar. Parece que vamos ganhar. A nossa força ninguém apaga, a nossa história nunca está terminada, ainda temos muito pelo que lutar. Do lado de cá, terminamos mais uma gestão com a cabeça erguida e a consciência de ter um cumprido um papel histórico nesse momento duro. Não hesitamos em construir a unidade nacional contra o golpe, em firmar o pé e denunciar os retrocessos que viriam. Fizemos da universidade a nossa barricada, criamos comitês pela democracia, unimos o Brasil popular e o povo sem medo de lutar. Nas ruas, fomos milhões, ainda que sob a violência da repressão, dos tiros, dos cassetetes e das bombas que não conseguiram nos implodir. A UNE está intacta, e cada vez mais forte. Diretores e diretoras da UNE
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estamos sempre a nos redefinir. O horizonte será de embate contra aqueles que não aceitam, de forma nenhuma, a experiência democrática. Na prática, sempre foi assim. Nós de um lado e eles de outro. Do lado de cá, a UNE sabe que a grande maioria da população quer avançar. Quer o direito de votar e ter seu voto respeitado, quer Diretas Já. O Brasil quer ter os seus direitos trabalhistas, quer se aposentar. O Brasil quer educação pública, gratuita e de
qualidade, quer os pobres na universidade, quer oportunidades, quer sonhar. O Brasil quer uma reforma política, para mudar o sistema que define sempre os mesmos para nos representar. Quer participar. O Brasil quer democratizar a mídia, quer pluralidade, novas vozes do campo ou da cidade, quer a juventude viva, no centro ou na periferia, quer voar. O Brasil quer ter orgulho do seu desenvolvimento social, quer voltar a ser exemplo mundial de inclusão. Essa é a nossa direção.
Do lado de cá, nunca foi fácil, mas vamos em frente e com a esperança brotando dos lábios. A quem quiser nos ouvir, dizemos que aqui está, e sempre estará, presente o movimento estudantil.
Carina Vitral Presidenta da UNE Gestão 2015-2017
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F R A S E S E A S PA S
A UNE É
NOSSA VOZ
Essa gestão da UNE começou ocupando o Ministério da Fazenda contra os cortes na Educação, ocupando as praças contra a redução da maioridade penal e as ruas contra um golpe de Estado. A gestão 20152017 é a que faz pela primeira vez uma sucessão entre mulheres, tem uma transexual na diretoria, além de pela segunda vez na história, e a primeira depois da redemocratização, uma vice mulher negra, que assumiu a presidência da entidade, o que conecta a UNE com a luta do povo negro que agora acessa as universidades. A UNE está cada vez mais diversa, mais conectada com a juventude brasileira.
Katerine Oliveira 1ª Vice-Presidenta
Nossa gestão foi marcada pela resistência dos estudantes em defesa da educação e do povo, através das lutas contra o golpe e a retirada de direitos promovida pela direita. Essa conjuntura deixou claro os limites da social-democracia e da conciliação de classes, exigindo da UNE uma postura mais consequente, como há anos já vinha sendo cobrado por diversos setores da entidade. É grave a situação do país, o desemprego é crescente, e quem paga a conta são os pobres. Só a pressão popular pode transformar o Brasil em um país justo e democrático.
Essa foi uma das gestões mais combativas dos últimos tempos, iniciamos ocupando Brasília contra os cortes da educação, ocupamos as ruas e as universidades lutando contra o golpe e em defesa da democracia e hoje continuamos a luta nas universidades e nas ruas contra o desmonte que esse governo golpista está fazendo. Tenho orgulho de ter na minha história uma gestão que esteve do lado dos trabalhadores, dos estudantes e movimentos sociais na luta contra o retrocesso, e que reuniu milhares de jovens em nossos encontros nacionais em que discutimos desde o combate às opressões nas universidades ao projeto de educação que defendemos. Agora, nessa reta final, é fazer valer nosso suor e lutar por um ensino superior público e de qualidade, para todos e todas!
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Moara Correa Saboia Vice-Presidenta
Tamires Gomes Sampaio 2ª Vice-Presidenta
Essa gestão está marcada por muitas lutas e processos de mobilizações. Começamos com o acampamento contra a redução da maioridade penal em Brasília e estivemos constantemente envolvidos nos diversos movimentos de defesa da democracia e contra o golpe. Um dos momentos mais marcantes foi a grande onda de ocupações que se alastrou por todo o Brasil, dentro das escolas e universidades, contra a PEC 55 e a Reforma do Ensino Médio, que culminou no ato nacional das ocupações no dia 29 de novembro em Brasília. Nós conseguimos mostrar a força da juventude e do conjunto do movimento estudantil, pois construímos um ato com muita unidade política. Essa é a UNE que queremos!
Iniciamos ocupando o Congresso Nacional contra a redução da idade penal e realizando uma caravana a Brasília contra os cortes na educação! Ocupamos as ruas pelo “Fora Cunha” e lutamos contra o golpe num único grito: Fora Temer, Nenhum direito a menos! Vivenciamos o maior movimento de ocupações de universidades da história do país na luta contra o congelamento dos gastos públicos e para barrar a reforma do ensino médio! E finalizamos enfrentando os duros ataques do golpe contra povo brasileiro, como as reformas da previdência e trabalhista, e o desmonte das empresas nacionais como a Petrobras! Cumprimos o dever do nosso tempo, fazendo valer a história da nossa entidade!
Ivo Braga Tesoureiro-Geral
Taíres Santos 3º Vice-Presidenta
Jessy Dayane Silva Santos Secretária-Geral
Entre uma passeata e outra enfrentamos, além dos debates nas ruas e nas universidades, ataques à nossa sede em São Paulo, ao nosso prédio em construção no Rio de Janeiro, e ainda uma tentativa de calar a nossa voz através de uma CPI. Realizamos o maior EME da história, e grandes encontros como o 5º ENUNE e 2º Encontro LGBT. Entramos na reta final com a grande Feira da Reinvenção em Fortaleza que marcou a 10ª Bienal. A UNE reforçou sua relação com as UEEs e DCEs por meio do sistema nacional da carteira de identificação estudantil, bem como implantamos a opção do uso do nome social no documento. Enfim, chegamos aos 80 anos conectados com o futuro. Vida longa à UNE!
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F R A S E S E A S PA S
Vinicyus Sousa 1° Tesoureiro
Foi indescritível poder fazer parte dessa gestão. Não recuamos nem um passo. A UNE protagonizou a luta contra o golpe e esteve na linha de frente na defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora brasileira e da soberania nacional. Seguiremos ocupando as ruas e as universidades, defendendo a educação pública, de qualidade e para todos, fazendo valer o suor do povo brasileiro. Tenho a certeza de que mais 80 anos de lutas e conquistas virão pela frente. Venceremos!
Ser da UNE é um grande aprendizado, é ter a possibilidade de conhecer o nosso povo, nossa história. Tenho a certeza de que lutamos do lado certo, ao lado da democracia, da justiça. Travamos o bom combate com mais garra a cada dificuldade que ousou aparecer. A juventude brasileira está mais forte do que nunca para continuar na luta. Somos a geração da nova universidade, filhos do Prouni, do Reuni, da expansão das universidades, e por isso prosseguiremos dando respostas à altura dos desafios e demandas que nos são colocados. Seguiremos em frente pelos nossos direitos! Viva a UNE!
David Almansa Diretor de Políticas Educacionais
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Mateus Weber Diretor de Comunicação
A gestão da UNE atuou em um cenário que boa parte da população brasileira não imaginou que voltaria a viver. O golpe perpetrado no país foi um golpe contra todo o povo, em especial, contra nós, jovens e estudantes. Diante desta conjuntura, a gestão da UNE foi aguerrida e combativa, ocupou as ruas do país na defesa da democracia, denunciou a aliança entre imprensa, grandes setores capitalistas e um sistema judiciário corrompido, que se aliou às forças políticas mais retrógradas do país para tirar nosso direito de estudar e viver plenamente. Somos a juventude que resiste e viverá para ver a democracia ser restabelecida no Brasil.
Passamos por fortes ataques à nossa entidade, o que nos levou ao amadurecimento de nos unirmos e, junto com o povo brasileiro, defendermos nossa tão recente democracia. Os encontros que a UNE realizou, ENUNE, EME, LGBT e a 10ª Bienal, também mostraram uma diversidade de identidade que essa gestão reflete: uma UNE de todas e todos, negras e negros, LGBTs, mulheres, trabalhadores, multicultural, do Norte ao Sul, de todas as regionalidades e de uma luta só: a defesa da educação e do direito do povo brasileiro. Tenho orgulho de fazer parte dessa construção. Que conseguiu, mesmo diante de todos os ataques, dizer que na luta estamos e da luta nunca sairemos. "A UNE somos nós, nossa força e nossa voz", nunca teve um significado tão grande como nessa gestão.
O retrato dessa gestão foi a demonstração da força dos estudantes em defender o Brasil. Entramos para a história e, certamente, um dos capítulos mais marcantes foi o dia 29 de novembro de 2016: OCUPA BRASÍLIA! Os estudantes saíram em caravana de todas as regiões do país, cheios de sonhos e esperança, para defender os nossos direitos. Protagonizamos a luta contra os ataques e retrocessos impostos pelo atual governo. A UNE chega aos seus 80 anos com a força de milhares de estudantes.
Camila Souza 1ª Diretora de Relações Internacionais
Mel Gomes Diretora de Cultura
Marianna Dias Diretora de Relações Internacionais
Nos últimos dois anos ficou evidente que o Brasil vive uma democracia vendida aos acordões de gabinetes. O golpe parlamentar, os escândalos de corrupção envolvendo o antigo e o atual governo, mostram que o Brasil precisa de uma revolução política, onde os 99% tenham vez e voz. A juventude sabe disso e tomou pelas próprias mãos a defesa de seus direitos e de seu futuro. Declaramos guerra aos corruptos e poderosos: construímos as Ocupações de Universidades, tornamos Brasília a capital das Ocupações e, junto à classe trabalhadora, paramos o país na maior Greve Geral da história. Vamos juntos à luta!
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F R A S E S E A S PA S Os últimos dois anos foram os mais difíceis da história recente do Brasil: o golpe de estado retirou nossa democracia e vem atacando, cada dia mais, direitos do povo brasileiro. Tenho orgulho de ter participado dessa gestão combativa que nunca se furtou de denunciar os golpistas e defender nossos direitos. A conjuntura nos trouxe desafios incríveis e os aprendizados foram enormes. Acredito que o movimento estudantil brasileiro amadureceu muito e estamos construindo uma unidade cada dia maior, isso será fundamental para enfrentarmos as próximas batalhas.
Josiel Rodrigues Dir. de Universidades Privadas
Dia após dia desta gestão fomos desafiados a resistir, seja na defesa da democracia, seja na defesa de uma educação de qualidade. É simbólico lembrar que esta foi uma gestão que tem importantes conquistas, como a caravana de outubro de 2015, em que pautamos a preocupação dos estudantes com o Ensino a Distância. Chegamos a conseguir o compromisso do MEC em intervir nesta questão, mas o impeachment favoreceu ainda mais os tubarões do ensino. Nossa luta foi e continuará sendo, também, pela regulamentação do ensino superior privado!
A UNE completa 80 anos em meio a uma catástrofe na democracia. Com o golpe institucional, é urgente que a entidade faça jus a sua história e se coloque a serviço das lutas. Nesta gestão tivemos momentos em que a unidade na diferença se fez essencial: ao barrar a redução da maioridade penal, na construção dos encontros auto-organizados como EME, ENUNE, Encontro LGBT. E, sem dúvida, na construção da grande marcha do dia 29 de novembro, que com muito suor conseguiu levar um pouco de todas as ocupações de universidades a Brasília para dizer não à PEC do fim do mundo!
Iago Montalvão Dir. de Relações Institucionais
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Felipe Malhão Diretor de Movimentos Sociais
Luiza Foltran Diretora de Direitos Humanos
Foram dois anos de muita turbulência. Tivemos uma reviravolta no papel do Estado brasileiro: nossa democracia saiu fortemente ferida de um golpe institucional e grandes retrocessos vêm sendo impostos aos nossos direitos. Mas também foram anos de fortalecimento da mobilização e resistência dos estudantes. É o tempo em que fizemos florescer a unidade pra lutar, e assim foi contra a Redução da Maioridade Penal, na luta contra o golpe e em defesa da democracia, nas ocupações e passeatas em Brasília. Agora seguiremos em frente, com luta e resistência, a vitória há de vir.
Mariara Cruz Dir. de Extensão Universitária
Essa gestão da UNE foi responsável por lutar contra o maior período de cortes que a educação pública recebeu. Passamos pela maior greve das federais em 2015, e defendemos a educação pública como instrumento para o crescimento do nosso país. Agora encerramos realizando uma grande greve geral em unidade, contra os ataques de Temer aos direitos do povo. Ocupar as ruas contra a Reforma da Previdência e por Novas Eleições, juntos com a indignação do povo, é a continuação do compromisso dessa gestão.
Construímos essa gestão de muita unidade entre os diversos setores da UNE para garantir que a voz da juventude fosse ouvida. Foi um período que exigiu muita combatividade, disposição e mobilização para estarmos nas ruas contra o golpe, pelo Fora Temer, contra a agenda ilegítima a que querem nos submeter, pelo futuro da educação pública no nosso país. Continuamos incansáveis, rumo aos 80 anos da UNE, na defesa dos nossos direitos e para protagonizar a virada que garantirá uma vida melhor para os jovens brasileiros.
Graziele Monteiro Dir. de Universidades Públicas
Rarikan Heven Diretor Jurídico
Construir a gestão da UNE foi uma das melhores experiências que tive. Eu sinto muito orgulho de ter feito parte de um capítulo dessa história. O momento mais marcante foi a votação contra redução [da maioridade penal]. Levei spray de pimenta e fiquei com meu corpo marcado pela truculência da polícia. Passamos semanas fazendo blitz e atos. Quando as caravanas dos estados foram chegando, percebi o poder que tínhamos. Barramos a redução. Aquele era o começo da queda de Cunha.
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CARINA VITRAL Estudante de economia da PUC-SP e natural da cidade de Santos, Carina Vitral liderou a UNE em um momento de grande instabilidade na democracia brasileira. Confira nessa entrevista o seu balanço sobre o que foi feito e sobre quais devem ser os rumos do movimento estudantil daqui para frente. COMO FOI INICIAR ESSA GESTÃO NO MEIO DE TANTA TURBULÊNCIA POLÍTICA NO BRASIL? Foi difícil e desafiador. Nunca imaginei que veria uma crise política tão grave no meu país e muito menos o crescimento de um golpe, embaixo dos meus olhos. A minha geração cresceu já acostumada com a democracia. Para nós, os golpes eram coisas de um passado que precisávamos lembrar só para que nunca mais acontecesse, mas foi essa realidade que estava ali, em 2015, quando assumimos. Ao mesmo tempo em que essa direção da UNE tomava posse, o Brasil vivia uma ascensão do autoritarismo e do fascismo, com manifestações de rua que pediam até mesmo a volta da ditadura militar. Virar presidenta da UNE nesse contexto era uma responsabilidade gigante, mas não tive medo.
E COMO A UNE LIDOU COM ISSO A PARTIR DALI? A gente fez o diagnóstico de que a República tinha sido sequestrada pelos interesses de personagens como Eduardo Cunha, na presidência da Câmara. Era um conluio entre aqueles que queriam esconder seus próprios crimes e aqueles que não aceitavam o resultado das últimas eleições, que se utilizavam da pauta conservadora para aglutinar os deputados que viriam a ser chamados de “centrão”. Marcamos posição forte contra Cunha e ocupamos o Congresso Nacional diversas vezes, contra as barbaridades que ele queria votar à mão forte e na base da truculência. Foi assim, por exemplo, na nossa grande resistência à Redução da Maioridade Penal, quando tivemos de lutar, inclusive na justiça, pelo direito de entrar na casa do povo. Cunha nos recebeu com cassetete, spray de pimenta e toda truculência. Era o começo de um embate que ainda cresceria muito.
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COMO FOI A RESISTÊNCIA AO GOLPE EM SI? A UNE foi a primeira entidade a fazer a leitura de que uma golpe estava em curso. Nessa época, muitos movimentos se confundiram com a luta contra o ajuste fiscal de Dilma, achando que lutar contra o golpe podia significar dar um cheque em branco aos erros do governo. Mas nós não vacilamos, era preciso consolidar uma grande unidade das forças populares para fazer frente ao consórcio midiático, judiciário e parlamentar dos golpistas. Por isso, participamos com protagonismo na criação da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, coalizões históricas que permitiram a resistência. Foi uma luta de mais de um ano, as ruas viraram um grande palco de disputa entre a direita e a esquerda sobre os rumos do país. Na votação do impeachment da presidenta da República, levamos milhares a Brasília para protestar contra o show de horrores daquela data, 17 de abril, quando Eduardo Cunha liderou sua hoste de deputados enrolados em denúncias de corrupção para atacar a democracia. A partir dali, o que se viu foi o crescimento dessa ferida, culminando com a chegada do vice traidor Michel Temer ao poder por meios ilegítimos.
UNE tem sucessão entre mulheres pela primeira vez; Virgínia Barros saúda nova gestão
LOGO NO INÍCIO DO PERÍODO TEMER, OS ESTUDANTES MARCARAM POSIÇÃO COM AS OCUPAÇÕES EM TODO O BRASIL. QUAL FOI A IMPORTÂNCIA DESSE MOVIMENTO? Foi a ação que inaugurou a oposição ao governo do Michel Temer, naquele momento, marcando posição contra o projeto de falsa reforma do Ensino Médio e o congelamento dos gastos públicos, com a PEC 55, condenando a educação pública e outras áreas. Foi um movimento impressionante, que iniciou com os estudantes secundaristas, que merecem toda a nossa admiração e inspiração. Vale fazer uma homenagem aqui para a militância fantástica da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e para o talento da sua presidenta naquele momento, a Camila Lanes. A UNE e os universitários também se somaram, com a ocupação de mais de 160 universidades, reitorias, prédios inteiros para resistir aos ataques na educação superior. Dia 29 de novembro foi um dia histórico, foi o dia que juntamos as ocupações de todo o Brasil, sob convocação da UNE, numa grande marcha à Brasília. Foi uma manifestação gigante construída em grande unidade do movimento estudantil.
VOCÊ ESTAVA PRÓXIMA À PRESIDENTA DILMA NO DIA EM QUE ELA DEIXOU O PALÁCIO DO PLANALTO. QUAL FOI O SENTIMENTO DAQUELE DIA? Foi um sentimento de muita tristeza. Não apenas pelo golpe em si, mas também por ser mulher e saber o que ela sofreu para estar ali e todo o machismo que enfrentou. Sabemos que os ataques de misoginia a Dilma foram um dos principais ingredientes de ódio dessa etapa vergonhosa da história brasileira. Logo em um momento em que a nossa geração de mulheres e feministas encampou uma primavera por mais direitos, contra a violência e a opressão diárias, pelo fim do silenciamento e pela participação maior nos espaços de poder. Precisamos avançar ainda muito nisso, com paridade e cotas para mulheres na política, novas leis para proteção e liberdade feminina sobre seus corpos, ações de combate à cultura do estupro e todo o preconceito estrutural ao qual somos submetidas.
OS ÚLTIMOS MESES DA GESTÃO CONTARAM COM A MASSIFICAÇÃO DAS LUTAS CONTRA AS REFORMAS DE MICHEL TEMER. COMO ISSO FOI CONSTRUÍDO? A UNE se colocou de forma muito firme, desde que Temer assumiu, contra os absurdos das propostas de Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista e lei das terceirizações, entendendo que, na prática, isso significa a invalidação de garantias da Constituição de 1988 e o desmonte da Confederação das Leis Trabalhistas, conquistadas com tanta luta pelo nosso povo. Os estudantes sempre souberam que seriam uma das parcelas mais prejudicadas com essas manobras, voltadas unicamente ao enriquecimento do capital financeiro e condenatórias dos mais pobres. Participamos com força de todos os atos contrários a essas medidas e ajudamos a construir uma greve geral gigantesca no dia 28 de abril, em 2017.
NO FINAL DA GESTÃO A CRISE POLÍTICA SE APROFUNDOU.QUAL DEVE SER O CAMINHO DA UNE A PARTIR DE AGORA? Os escândalos revelados nos últimos dias só mostram que estávamos do lado certo da história. O golpe foi dado, travestido de combate à corrupção, mas na verdade era para manter os verdadeiros corruptos no poder. Além disso, para aplicar um programa que não foi escolhido pelas urnas. Agora mais do que nunca vamos lutar pelas Diretas Já! O povo tem que decidir. Tenho certeza que o movimento estudantil está mais maduro e preparado do que nunca. Com certeza teremos um período tão quente ou mais no Brasil pelos próximos dois anos, mas provamos que estamos do lado certo da história, o lado da democracia, onde sempre estivemos. O caminho da UNE, com a nova direção que tomará posse, deverá continuar sendo o de buscar a unidade e mobilizar a juventude para as ruas, com a nossa força máxima. Ninguém vai nos parar.
Carina Vitral participa de manifestação em São Paulo
Thiago Pará (Secretário-Geral até Maio de 2017), Carina Vitral (Presidenta), Moara Correa (Vice-presidenta) tomam posse no dia 22 de julho de 2015 na Câmara dos Deputados (DF)
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LUTA CONTRA OS CORTES
Estudante protesta contra os cortes na educação em Brasília
Estudantes ocupam o Ministério da Fazenda, durante o ''Ocupe Brasília''
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NENHUM CENTAVO A MENOS PARA A
EDUCAÇÃO!
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GESTÃO 2015-2017 da União Nacional dos Estudantes abriu os trabalhos com uma importante tarefa em mãos: lutar contra o corte de quase 9 bilhões de reais na Educação realizado pelo então ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Em virtude disso, um acampamento foi montado em frente ao Ministério da Fazenda, logo após o término do 54º Conune. O chamado “Ocupe Brasília’’ representou uma ofensiva contra os cortes e demarcou a posição dos estudantes contra a cobrança do ajuste fiscal sobre a juventude.
Carina Vitral e Bárbara Melo (expresidenta da UBES) comandam o acampamento estudantil contra os cortes
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REDUÇÃO NÃO É SOLUÇÃO Bandeirão hasteado em Brasília na grande manifestação do dia 30 de Junho de 2015
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A JUVENTUDE
QUER VOAR MAIS ESCOLAS E MENOS CADEIAS. OUTRA BANDEIRA IMPORTANTE empunhada pelos estudantes logo nos primeiros dias da gestão foi a luta contra a proposta de redução da maioridade penal, uma disputa política ressuscitada por um Congresso nunca antes tão conservador desde a redemocratização do Brasil. Além de clamar contra os cortes na educação, o acampamento "Ocupe Brasília" ocupou comissões que discutiram o tema da redução. Protestos aconteceram nos mais diferentes cantos do país. Em São Paulo e no Rio
de Janeiro, o festival "Amanhecer contra a redução" mobilizou artistas, políticos, jovens e trabalhadores pela vida da juventude. Foi uma luta intensa que conseguiu barrar o avanço do projeto da redução no momento, mas segue até os dias atuais. Atualmente, a proposta está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal, e a UNE permanece vigilante em defesa dos direitos fundamentais da juventude. Redução não é solução!
01. Barracas tomam conta da Esplanada dos Ministérios na grande marcha do dia 30 de junho de 2015 02. Estudantes marcham até o Congresso contra a redução
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03. Direto do Conune que a elegeu, Carina Vitral, é surpreendida pela hostilidade dos deputados na Comissão Especial que avaliava a PEC da Redução dentro da Câmara dos Deputados
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REDUÇÃO NÃO É SOLUÇÃO
A JUVENTUDE
QUER VIVER!
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ATÉ JUNHO DE 2011, cerca de 90 mil adolescentes cometeram atos infracionais. Destes, cerca de 30 mil cumprem medidas socioeducativas. O número, embora considerável, corresponde a
0,5% da população jovem do Brasil que conta com 21 milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos.
Já os homicídios de crianças e adolescentes brasileiros cresceram vertiginosamente nas últimas décadas: 346% entre 1980 e 2010. De 1981 a 2010, mais de
176 mil foram mortos e só em 2010, o número foi de
8.686 crianças e adolescentes assassinadas ou seja, 24 por dia.
O I N I M I GO N º 1 DA J U V E N T U D E
Cunha recebe chuva de dólares realizada por diretor da UNE
FORA CUNHA! O EX-PRESIDENTE da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha desempenhou durante sua passagem no Congresso Nacional o papel de fiador de interesses reacionários e conservadores que agiam contra a população brasileira e, claramente, contra a juventude. Na lista de atrocidades do ex-parlamentar estão a proposta de redução da maioridade penal, o que inclui ainda uma manobra política para conseguir sua aprovação, a proibição de público nas sessões
Marcha das Mulheres contra Cunha protesta pela queda do ex-presidente da Câmara
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da redução, o projeto que dificultava o aborto legal em casos de estupro e as artimanhas para encaminhar o pedido de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff. Contudo, a força dos estudantes frente aos retrocessos de Cunha inaugurou uma forte campanha pela sua saída em todo o país. De norte a sul, de leste a oeste, os gritos de ''Fora Cunha'' ecoaram em protestos que levaram para as ruas das principais cidades milhares de pessoas. Hoje, Cunha segue preso condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
CUNHA TAMBÉM DEIXOU EM SEU CURRÍCULO A TENTATIVA FRUSTRADA DE CRIAÇÃO DE UMA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES. A CPI PROPOSTA EM CONJUNTO COM O DEPUTADO MARCOS FELICIANO (PSCSP) FOI ANULADA EM JULHO DE 2016, EM DECISÃO ASSINADA POR WALDIR MARANHÃO (PP-MA), DEPUTADO QUE PRESIDIU A CÂMARA APÓS A CASSAÇÃO DE EDUARDO CUNHA. PARA OS ESTUDANTES, POR DETRÁS DO REQUERIMENTO DA CPI ESTAVA APENAS A INTENÇÃO DE CALAR A JUVENTUDE E ATACAR A HISTÓRIA DA UNE.
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GOLPE 16
NÃO HAVERÁ
NEM UM MINUTO DE TRÉGUA
DE PÉ, E FORTES no combate. Assim caminhou a luta, aglutinando forças e colocando movimentos sociais, do campo e da cidade, estudantis e de cultura, num importante papel de resistência. O golpe que assombrou e ainda assombra nosso país não aconteceu sem enfrentar a energia e posicionamento firme da juventude, no lado certo na história. A UNE impulsionou os Comitês pela Democracia em universidades de todo o Brasil, o que uniu toda a comunidade acadêmica. Em 12 de maio de 2016, o afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff engrossou o caldo das manifestações. Milhares tomaram as ruas. Estudantes ocuparam escolas e universidades. Artistas ocuparam sedes do Ministério da Cultura (MinC) por todo o país. Caravanas estudantis ocuparam Brasília. Na sociedade civil organizada a luta foi intensificada com a adesão de defensores públicos, juristas, escritores, coletivos de periferia, intelectuais e reitores. Em 10 de junho de 2016 um mar de gente ocupou a Avenida Paulista para dizer não ao golpe. Foram mais de 100 mil vozes em defesa da democracia. Em 31 de agosto, a consolidação do impeachment de uma presidenta com 54 milhões de votos, ignorando os elementos jurídicos e constitucionais e a inexistência de um crime de responsabilidade fiscal, não acovardou a luta. Não houve e nem haverá um minuto de trégua. Seguimos resistindo.
Dia 31 de Março de 2016 a Jornada Nacional de Lutas em defesa da Democracia reuniu jovens de diversos locais do país no DF num grande ato contra o golpe
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Carina Vitral e Tamires Sampaio, 2ª vice-presidenta da UNE participam de protesto contra o golpe na Avenida Paulista, em São Paulo
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GOLPE 16
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UFRGS
UFRGS
FMU (SP)
UERJ
Direito São Bernardo
UFRGS
UNB
Ato no TUCA da PUC-SP a favor da legalidade
USP
UNIVERSIDADE PELA DEMOCRACIA Em meio aos ataques políticos a UNE impulsionou a criação de 74 Comitês universitários, milhares de atos e aulas-públicas em grandes universidades do país que se tornaram pólos de defesa do mandato legítimo de Dilma Rousseff.
UFRJ
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GOLPE 16
NAS RUAS E NA MÍDIA
A LUTA CONTRA o golpe atingiu âmbitos inimagináveis. Além das ruas, a discussão se apropriou de espaços na mídia tradicional brasileira: a presidenta da UNE, Carina Vitral, participou de um debate na TV Folha com o coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri. Apesar dos ataques pessoais e da tentativa de desestabilizar a representante dos estudantes, Carina de um show de argumentos e democracia, e o vídeo viralizou na internet.
Chico Buarque participa de ato pela cultura durante o ''Ocupa Minc'', no Canecão, Rio de Janeiro
Ato em defesa da democracia no Teatro Oficina, em São Paulo
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Estudantes saem em defesa da democracia em todo o paĂs
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A UNIÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
FRENTES BRASIL POPULAR E POVO SEM MEDO união dos movimentos sociais impulsionou ainda mais a luta contra as graves ameaças ao mandato legítimo da presidenta eleita Dilma Rousseff.
A
As Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, criadas em setembro e outubro de 2015, respectivamente, englobam inúmeros movimentos sociais como o Movimento Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalha-
dores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) que avançam juntos no combate aos desmandos do governo golpista de Michel Temer. Juntas, as Frentes organizaram manifestações em todo o Brasil sempre em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra qualquer tipo de opressão e em defesa da democracia.
Manifestantes prestam solidariedade à presidenta Dilma Rousseff
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Carina Vitral discursa durante o lançamento da Frente Brasil Popular, em Belo Horizonte
Lançamento da Frente Povo Sem Medo, em São Paulo
Movimentos Sociais participam de evento com a presidenta Dilma Rousseff, em Brasília
FORA, TEMER!
Dia 31 de Julho de 2016 uma passeata do Largo da Batata até a residência de Temer em SP reúne mais de 60 mil pessoas
SEM TEMER FORA, TEMER! Esta é a frase mais ouvida desde a tomada do poder pelo governo ilegítimo, que tenta a todo custo impor uma agenda retrógrada, neoliberal e privatista, que não foi eleita nas urnas. Um acordo com os grandes empresários e o sistema financeiro. O alvo: estudantes, trabalhadores, mulheres, negros, e LGBTs. Porém, a luta permanece incansável. Greves, paralisações e protestos tomaram conta do país, num grande movimento nacional contra os retrocessos que não para de crescer. O 64º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da UNE, realizado em São Paulo entre os dias 15 e 17 de julho de 2016, também saiu em defesa da democracia e abordou temas importantes sobre a conjuntura em tempos de golpe.
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FORA, TEMER!
Manifestações contra o presidente ilegítimo crescem por todo o país
Tamara Naiz
Presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG)
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"A grave crise do Estado e demais instituições democráticas de direito, pela qual atravessa o país hoje, foi iniciada com a deposição da presidenta Dilma Roussef, num processo escuso e sem crime comprovado promovido pela elite entreguista brasileira e pelo capital financeiro. E é neste contexto que as entidades estão em luta para que nenhum direito conquistado seja retirado. A ANPG, junto a UNE e UBES têm um papel fundamental na mobilização dos estudantes do Brasil inteiro. A ANPG está envolvida nos embates contra o corte de verbas na ciência e teve um papel fundamental ao barrar a cobrança de mensalidades na pós-graduação das Universidades Públicas. A luta ainda está só começando e essa parceria entre as entidades é fundamental para que as ações sejam realmente mais efetivas."
Dia 18 de Março a juventude toma as ruas de todo o país em defesa da democracia e da Educação. Marcha em SP reuniu mais de 350 mil pessoas na Av. Paulista
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FORA, TEMER!
Estudantes realizam protesto em Brasília contra os desmandos do governo golpista
64º Coneg, o maior encontro de DCEs do Brasil teve como tema o Brasil se une pela democracia e debateu saídas para o golpe
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Manifestação desce a Rua da Consolação, em São Paulo, e pede "Fora Temer"
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EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA
Assembleia na Universidade de Brasília (UnB) impulsiona o movimento de ocupação
Estudantes ocupam a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp)
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OCUPA TUDO PELA
EDUCAÇÃO
A SÉRIE DE OCUPAÇÕES nas escolas públicas de São Paulo contra o projeto de "desorganização" da rede de ensino, proposto pelo governador Geraldo Alckmin, mostrou toda a força dos estudantes secundaristas na luta por uma educação de qualidade para todos e todas. O movimento, que cresceu no final de 2015 até derrubar o então secretário de Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, e suspender o projeto que fecharia 94 escolas, impulsionou novas mobilizações contra os retrocessos do governo ilegítimo. Um ano depois, as propostas de reforma do ensino médio e a famigerada PEC do Teto reacenderam a luta, com novas ocupações em escolas e universidades, dessa vez, em todo o país.
Ocupações estudantis em escolas e universidades em todo o Brasil mostram a força de mobilização da juventude brasileira
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EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP)
Camila Lanes
Presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
Ocupação na UFMG
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“Nesses últimos dois anos, realizamos parcerias entre nossas entidades, não apenas nas questões educacionais em defesa da escola e da educação pública, gratuita, laica, de qualidade, para todos e todas, mas nas lutas democráticas do povo, em defesa da democracia, contra o golpe parlamentar que destituiu a presidenta eleita do Brasil, Dilma Rousseff. Lutamos juntas pela aplicação integral do Plano Nacional de Educação, por mais verbas para a educação e todas as áreas sociais, contra privatizações e a entrega do nosso patrimônio aos interesses estrangeiros, contra a Reforma da Previdência e todas as outras “reformas” do governo golpista de Michel Temer. Essa gestão mostrou ao país uma entidade aguerrida, liderando estudantes de todo o país para defender conquistas ameaçadas.”
“Desde o processo de ocupações de escolas em 2015 e 2016, os estudantes secundaristas têm vivido uma efervescência de lutas e, durante todos estes momentos, a força do movimento universitário tem sido de grande contribuição. As ocupações nas universidades, em seguida, vieram somar e mostraram que os estudantes estão juntos na luta não só contra o golpe parlamentar, mas também contra os ataques que o Ministério da Educação tem realizado ao Fies, ao Sisu, ao ProUni, ao Ciências Sem Fronteiras e a várias outras políticas que ajudaram a população de classe mais baixa a ter acesso ao ensino superior. Como presidenta da UBES, eu só tenho a agradecer, em nome dos estudantes secundaristas, a todos os universitários que estiveram nestes últimos anos ao nosso lado na luta, ocupando tudo para barrar o retrocesso e garantir nosso futuro.”
Assembleia Estudantil na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Assembleia estudantil decide pela ocupação na Universidade Federal do Ceará (UFC)
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PEC DO FIM DO MUNDO
Ocupa Brasília contra a PEC 55 terminou com a violência da PM que dispersou os estudantes sob bombas e balas de borracha
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NÃO HÁ TETO PARA OS NOSSOS SONHOS U
m dos pilares da política golpista de Michel Temer, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, mobilizou os movimentos sociais. De norte a sul do país, escolas e universidades foram palco de manifestações e paralisações. Em São Paulo, o escritório da Presidência da República foi ocupado numa clara demonstração de repúdio ao congelamento dos investimentos da União por 20 anos, objetivo da PEC. Em 29 de novembro de 2016, uma nova ofensiva estudantil tomou a capital federal, na caravana "Ocupa Brasília", para dizer não aos desmandos de Temer. A mobilização, fortemente reprimida pelas forças policiais, entrou para a história como um bravo ato de resistência pelos sonhos da juventude. Em 13 de dezembro, dentro do Senado Federal, a PEC foi aprovada, mostrando mais uma vez a face escancarada do golpe. Dali pra fora, a classe estudantil brasileira, assim como os demais movimentos sociais, convocaram a sociedade a resistir, nas ruas, à tentativa de desmanche do Estado brasileiro e à retirada de direitos.
Protestos contra a PEC do congelamento em Vitória, no Espírito Santo
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PEC DO FIM DO MUNDO
Heleno Araújo
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)
"As atuais gestões da UNE e da CNTE enfrentaram e enfrentam os golpistas e este governo ilegítimo de Michel Temer. As nossas mobilizações nas ruas, nas casas legislativas e em tantos outros espaços, foram intensas. Lutamos bravamente para barrar a aprovação de mudanças na Constituição Federal, perdemos a batalha, mas a guerra continua e juntas vamos continuar marchando firmes. Viva a nossa luta na defesa intransigente do direito à educação, garantindo o acesso, a permanência e sua qualidade social. Com profissionais valorizados, atuando em ambiente com gestão democrática, em um espaço escolar que garanta a representação sindical de base, a organização do movimento estudantil e um conselho escolar deliberativo."
40 mil pessoas na Av. Paulista protestaram contra a PEC 55 no dia 27 de Novembro de 2016 num ato que serviu de esquenta para a caravana para Brasília
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Estudantes protestam no espelho d'água da Esplanada no Ocupa Brasília contra a PEC no dia 29 de Novembro de 2016
Estudantes ocupam o prédio da presidência da República em SP no dia 11 de Outubro de 2016 contra a PEC 55
UNE organizou uma grande caravana e ocupação de Brasília no dia da votação da PEC para pressionar os parlamentares
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PEC DO FIM DO MUNDO
Daniel Cara
Coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
"Há anos a Campanha trabalha em aliança com a UNE. Caminhando lado a lado, as entidades incidiram de forma articulada e decisiva nas leis 12.858/2013 – também chamada de Lei dos Royalties, que destina recursos petrolíferos à educação –, e 13.005/2014 – que estabelece o Plano Nacional de Educação 2014-2024 –, além da luta contra a Emenda à Constituição 95/2016, que determinou um absurdo teto aos gastos públicos federais por 20 anos. A UNE é um patrimônio da sociedade brasileira. Nem todas as conquistas e lutas sociais foram pautadas por ela, porém nenhuma delas se materializou sem a participação da UNE."
Presidenta da UNE fala aos manifestantes em SP na passeata de 27 de Novembro de 2016
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Ato em BrasĂlia no dia 31 de Março de 2016
GREVE GERAL
O POVO CONTRA AS REFORMAS DE TEMER SEJA DURANTE o combate contra a ditadura militar, ou contra o golpe que usurpou a presidência dos 54 milhões de votos obtidos por Dilma Rousseff, a UNE permanece do lado em que sempre esteve. Embora a história aponte para caminhos obscuros, a luz dos estudantes permanece acesa e forte. Prova disso é a união do povo contra as ''deformas'' da Previdência e Trabalhista anunciadas pelo governo ilegítimo. Em 28 de abril de 2017, uma greve geral parou o país e já entrou para a história como a maior paralisação desde 1989, quando mais de 35 milhões de trabalhadores cruzaram os braços. Desta vez, a união de 40 milhões reafirmou a disposição do povo brasileiro na luta por um país melhor. Nas universidades, assembleias, "trancaços", aulas públicas, debates, panfletagens e passagens em sala de aula alertaram sobre os retrocessos que o governo ilegítimo tenta impor sobre estudantes de universidades públicas e privadas.
UNE protesta na Av. Paulista no dia 1 de Março com 50 mil pessoas
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15M em Curitiba reuniu mais de 10 mil pessoas nas ruas
Dia 15 de Março de 2017 ficou conhecido como 15M com atos encabeçados pelo setor da Educação contra a Reforma da Previdência em vários Estados. No destaque manifestação no Centro do Rio de Janeiro
Cézar Britto
Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
"Não vejo muita perspectiva para o jovem na Educação, no que diz respeito ao que o governo plantonista quer. Mas eu vejo perspectiva na reação que os jovens apresentaram. As ocupações nas escolas são um exemplo disso. E agora, a participação da UNE em vários atos. No que se refere ao futuro do jovem, eu tenho esperança pela luta."
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GREVE GERAL
ESTUDANTES EM LUTA CONTRA OS RETROCESSOS NA EDUCAÇÃO De 17 a 19 de março de 2017, mais de 500 lideranças estudantis de todo o Brasil refletiram as principais preocupações da juventude brasileira diante do cenário político de incertezas, recessão e retirada de direitos da classe trabalhadora no 65º Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE (Coneg da UNE), realizado na Faculdade Zumbi dos Palmares em São Paulo. As Reformas da Previdência e Trabalhista foram temas centrais e abriram debates importantes com a colaboração de professores, pesquisadores e representantes de centrais sindicais e do movimento social e educacional. O combate às opressões e melhorias no ensino superior federal, estadual e privado também foram amplamente debatidos em mesas e grupos de discussão repletos de estudantes.
Mesa diretora comanda os trabalhos da Plenária Final do 65º Coneg no Teatro Gamaro.
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Adilson Araújo
Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
"Essa gestão da União Nacional dos Estudantes cumpriu um importante papel, honrando o legado dos que a antecederam. Essas lideranças imprimiram na história dessa importante entidade mais um capítulo de lutas e conquistas não só para a juventude brasileira, mas, sobretudo, para a nação."
Vagner Freitas
Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Cariocas protestam no 15M no Centro do Rio de Janeiro
"Falar da UNE é falar de mobilização, da ação conjunta entre a entidade, CTB e CUT; de um período em que os jovens voltaram a protagonizar as lutas por uma educação inclusiva e de qualidade, por mais emprego, renda e direitos; é falar de uma aliança fundamental para a construção e consolidação do projeto de desenvolvimento social e econômico que queremos implementar no Brasil. E o que é muito importante: ‘Sem perder a ternura jamais.”
15M em Belo Horizonte paralisou a cidade e reuniu mais de 100 mil pessoas
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A UNE SOMOS NÓS
TODAS AS VOZES NA UNE
PRIMAVERA
DELAS!
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AS RUAS ÀS REDES sociais, não há como negar que o último período foi delas: as mulheres gritaram contra a opressão e a violência fortalecendo a luta feminista em todo o país.
Prova disso foi a 7ª edição do Encontro de Mulheres Estudantes (EME) que reuniu em março de 2016, na cidade de Niterói, mais de 3.500 universitárias. O maior encontro de mulheres estudantes da história da UNE e também o maior encontro feminista da América Latina refletiu a força demonstrada depois nas ruas: como as mulheres contra Cunha, ou as milhares que foram às ruas no Dia Internacional da Mulher, lutando por um país mais democrático e igualitário.
Bruna Rocha
Diretora de Mulheres da UNE
No dia 28 de Outubro de 2015 milhares de mulheres tomam as ruas do Rio de Janeiro e afirmam: A pílula fica, Cunha sai!
"Fazer movimento estudantil nunca foi fácil para as mulheres, e estar na política é um permanente teste de nossa capacidade de resistência e organização, mas sem dúvida alguma, essa foi a gestão mais desafiadora para as Mulheres da UNE. Lotamos as ruas do Brasil para dizer #ForaCunha. Tivemos a ousadia de inverter o calendário da UNE e fazer o Encontro de Mulheres Estudantes (EME) logo no início da Gestão. E que EME! Mais de 3.500 mulheres coloriram os pavilhões da UFF, provando que a primavera feminista acontece em todas as estações e que, em nossa diversidade e unidade, seríamos protagonistas da luta contra o golpe. Denunciamos todas as medidas de #TemerGolpista contra os direitos das mulheres, dos negros e negras, e da juventude. Estamos ocupando as ruas, as universidades e as redes para barrar os retrocessos. Deixamos um legado que segue no fluxo de luta e resistência e que unifica as diversas gerações de mulheres da UNE. #ForaTemer #FeminismoÉrevolução."
Presidentas da UNE, UBES e ANPG nas ruas em plena Primavera das Mulheres contra a agenda retrรณgrada e machista do Congresso Nacional
Diretora de Mulheres da UNE comanda plenรกria final do 7ยบ EME da UNE, na Universidade Federal Fluminense, em Niterรณi
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A UNE SOMOS NÓS
MULHERES
EM AÇÃO
O
PROTAGONISMO FEMININO tomou conta da gestão. Do 7º EME à tomada das ruas em grandes passeatas, as mulheres deixaram sua marca contra a violência, o machismo e a retirada de direitos. Na UNE, tal força se refletiu também nas lideranças: tanto a mesa diretora quanto presidência da maioria das UEEs Brasil afora são lideradas atualmente por mulheres. Mulheres feministas, fortes e engajadas que carregam o sonho da construção de uma sociedade melhor para todas.
Primavera Feminista em São Paulo
Presidenta da UNE e presidentas de UEEs de todo o Brasil
Moara Correa, Carina Vitral e Jessy Dayane formam a mesa diretora composta só por mulheres pela primeira vez em 80 anos de história da entidade
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Plenária do 7º EME da UNE
Diretoras da UNE da gestão 2015/2017
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A UNE SOMOS NÓS
TODAS AS VOZES NA UNE
EDUCAÇÃO FORA DO ARMÁRIO
O
auditório lotado e colorido com as cores do arco-íris da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, deu o tom plural e engajado do 2º Encontro LGBT da UNE, que aconteceu nos dias 11 e 12 de junho de 2016.
Foram dois dias de debates e a participação recorde de mais de 600 estudantes na luta contra a LGBTfobia. Esta gestão implementou uma importante conquista para a luta contra o preconceito: o nome social na carteira estudantil.
Dani Veyga
1ª diretora LGBT da UNE
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“O saldo desses dois anos de gestão foi extremamente positivo: muita luta e resistência dentro e fora do ensino superior, fazendo com que cada vez mais LGBTs tenham uma perspectiva de vida diferente. A campanha de luta pela aceitação do nome social de pessoas Trans nas universidades e a conquista do uso do nome social no Documento Nacional dos Estudantes foram grandes marcos. Findamos essa gestão com o sentimento de dever cumprido e a esperança no peito de um mundo melhor e uma universidade democrática e justa para toda a comunidade LGBT.”
Convidados debatem durante encontro
Acima: Construindo direitos e reafirmando identidades é tema de discussão dos estudantes LGBTs Ao lado: Diretoria LGBT da UNE dá início ao 2º Encontro LGBT da entidade
Augusto Oliveira
“Fizemos o maior encontro LGBT da história da UNE! Mais de 500 participantes debateram e construíram a política LGBT de nossa entidade. Nós nos fizemos presentes em diversos espaços, levantando as demandas dos estudantes LGBTs, e encabeçamos diversas campanhas que são fundamentais para a garantia dos direitos já conquistados e por muito mais políticas públicas para todas e todos.”
Diretor LGBT da UNE
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A UNE SOMOS NÓS
TODAS AS VOZES NA UNE
POVO NEGRO UNIDO,
POVO NEGRO FORTE
D
e 5 a 7 de agosto de 2016, em Salvador, milhares de jovens construíram o 5º Enune e reafirmaram a luta da juventude negra. A edição marcou os dez anos do encontro e abordou temas fundamentais, como o empoderamento negro, racismo e violência, além da luta contra os retrocessos. Douglas Belchior da UNEafro, foi um dos convidados
Rodger Richer
Diretor de Combate ao Racismo da UNE
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“Este foi o maior ENUNE da história e foi uma honra coordená-lo numa conjuntura tão adversa. A partir das políticas educacionais e afirmativas adotadas recentemente, e graças à pressão do movimento negro, hoje há mais negros nas Instituições de Ensino Superior e no movimento estudantil. Influenciamos na agenda da UNE a partir da campanha nacional pelo enfrentamento aos homicídios da juventude negra: #PoderiaSerEu; na luta pelas cotas na pós-graduação e contra a redução da idade penal. Continuaremos lutando contra o genocídio do povo negro, pelas ‘Diretas Já’ e contra o golpe.”
Moara Correia, vice-presidenta da UNE, Rodger Richer, diretor de Combate ao Racismo e Marcela Lisboa, 1ª diretora de Combate ao Racismo
Feminismo negro e atrações culturais foram destaque no encontro
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NAS RUAS E NAS REDES
COMUNICAÇÃO, LUTA E
CONTRAINFORMAÇÃO
A
bandeira da mídia livre e do respeito ao princípio fundamental da democratização das comunicações foi hasteada durante toda a gestão. De 2015 pra cá, todas as manifestações, atos, greves, eventos e ocupações tiveram a cobertura colaborativa como aliada. Estudantes das mais diversas áreas puderam participar dessa divulgação independente de informações fotografando, filmando, escrevendo ou espalhando conteúdo de qualidade, tornando-se agentes de sua própria narrativa. Neste sentido, o Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE (CUCA da UNE) obteve papel de destaque. Foram inúmeras as coberturas realizadas pelos chamados ''cuqueiros'', numa mobilização diversificada e combativa, pronta para pôr em prática a concepção da juventude sobre o poder da comunicação. Clicar, gravar, editar, descrever ou narrar cada detalhe da 10ª Bienal da UNE foi, por exemplo, a missão do time de mais de 70 pessoas que participaram da cobertura colaborativa do festival. As ações de mídialivrismo na Bienal foram organizadas pelo CUCA, que pela primeira vez organizou uma estrutura ampla para a produção de conteúdo. O trabalho foi promovido de forma independente por fotógrafos, videomakers, comunicadores e ativistas de diferentes áreas.
Equipe de cobertura colaborativa do Cuca
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DIÁLOGO QUE NOS UNE
Tico Santa Cruz
José Eduardo Cardozo
Boaventura de Sousa Santos
Ciro Gomes
Georgette Fadel
Renato Janine Ribeiro
Rico Dalasam
Moysés
Daniel Cara
Laerte
A
série de vídeos ''Diálogos que nos UNE'' foi lançada em 2016 no site e no Youtube da União Nacional dos Estudantes para expor ideias e desenvolver conversas com artistas, políticos e figuras públicas importantes. Cultura, educação, política, e os mais variados temas já foram abordados em bate-papos com o músico Tico Santa Cruz, o professor português Boaventura de Sousa Santos, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes, a diretora de teatro Georgette Fadel, o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, os rappers Rico Dalasam e Moysés e o ex-advogado geral da União José Eduardo Cardozo. Você pode assistir aos vídeos aqui: www.youtube.com/uneoficial
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10ª BIENAL DA UNE
REINVENTANDO
A LUTA D
e 29 de janeiro a 1º de fevereiro de 2017, a 10ª edição da Bienal da União Nacional dos Estudantes ocupou o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, com a criatividade, irreverência e transformação inerentes à juventude. Sob o tema ''Feira da Reinvenção'' aconteceram debates, exposições, peças de teatro, saraus e grandes shows. Uma mega estrutura foi montada na Praça Verde e recebeu uma feira de alimentação, com a presença do MST, e apresentações de projetos de extensão. Foram cerca de 100 atrações prestigiadas por mais de 5 mil estudantes de todo país – o primeiro grande encontro da juventude brasileira após o golpe –,
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que reuniram ideias e somaram energias para os enfrentamentos que estariam por vir nesta conjuntura de retrocessos e perda de direitos. A Bienal foi uma grande ''reinvenção da luta'' com convidados especiais: Emicida, Fernando Haddad, José Celso Martinez Corrêa, Gaby Amarantos, Franklin Martins, Ciro Gomes, Luciana Genro, Eryk Rocha, Juca Ferreira, entre muitos outros
Conheça a página da Bienal da UNE
Peça "Todo Camburão tem um pouco de Navio Negreiro", do Grupo Nóis de Teatro trouxe questões da periferia para o centro da Bienal
Uma mistura de festa e luta encerrou a 10ª Bienal da UNE "Feira da Reinvenção" com a Culturata dos estudantes pelas ruas da Praia de Iracema, em Fortaleza
10ª BIENAL DA UNE
Atração principal da última noite da Bienal Emicida trouxe a energia do rap com canções que contam a vida das quebradas de todo o país e a luta diária contra o racismo
A paraense Gaby Amarantos levou a ginga do carimbó e toda sua mistura para o palco do segundo dia de evento
O patrono do Teatro Oficina, Zé Celso Martinez, fez mímica, cantou, dançou, encenou e principalmente provocou a juventude na Aula "magma"
10ª BIENAL DA UNE
CUCA NA
BIENAL
Nova coordenação do Cuca da UNE: Camila Ribeiro (Uniso), Philipe Ricardo (UFRPE), Dani Rebelo (Universidade Livre de Cinema de BH), Caique Renan (Uniso)
P
arte fundamental da construção da 10ª Bienal da UNE, o CUCA realizou um seminário durante todo o festival com objetivo de discutir a área da cultural diante da perspectiva da resistência ao golpe, fazer um balanço e elaborar um planejamento de ações para o ano de 2017. Uma assembleia também foi realizada para eleger a nova coordenação da rede. A estudante de design da Universidade de Sorocaba (Uniso) Camila Ribeiro foi eleita para a coordenação geral.
Tesoureiro da UNE, Ivo Braga, participa do cortejo de encerramento da maior mostra de arte estudantil da América Latina
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Carina Vitral e convidados do debate político
Professor e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, participa de encontro sobre reinvenção de fronteiras
Estudante exibe performance durante vernissage da Mostra de Artes Visuais
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10ª BIENAL DA UNE
BIENAL
EM NÚMEROS
70
4 DIAS DE FESTIVAL
80 MIL PÚBLICO TOTAL
MAIS DE 60 HORAS DE ATIVIDADES
85 CONVIDADOS
1.140 TRABALHOS INSCRITOS
75 ATRAÇÕES
MAIS DE 100 CARAVANAS DE ÔNIBUS
4 GRANDES SHOWS
5 MIL ESTUDANTES
23 APRESENTAÇÕES MUSICAIS
BIENAL
EM NÚMEROS revista da gestão 2015 - 2017 71
DIRETAS JÁ
UNE ENTREGA 1 MILHÃO DE ASSINATURAS POR
Entidades estudantis em coletiva de imprensa após entrega oficial de assinaturas
72
Petições foram entregues junto com a UBES e Centro Acadêmico de Direito XI de Agosto ao presidente da Câmara dos Deputados
A
UNE e UBES entregaram no dia 24 de Maio dois abaixo-assinados com 220 mil assinaturas físicas e 700 mil digitais para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), em que pedem a saída do presidente Michel Temer e eleições diretas para o cargo.
Participaram da entrega também o Centro Acadêmico XI de Agosto de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o DCE da UFRJ e o DCE da UnB.
O movimento estudantil está unânime: Temer não tem mais legitimidade devido ao agravamento das denúncias contra ele delatadas pelas gravações da JBS. A exigência de “Diretas Já” não é só dos estudantes e sim de toda a população que não elegeu um programa neoliberal de retirada de direitos e reformas regressivas. Segundo pesquisa Data Folha, 85% da população defende as Diretas Já. De fora do Congresso Nacional no mesmo dia um ato com mais de 150 mil pessoas deixou claro que o Brasil quer votar para a presidência.
Estudantes entregam petições ao presidente Rodrigo Maia
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DIRETAS JÁ
24 DE MAIO
OCUPA BRASÍLIA
N
o mesmo 24 de maio de 2017 enquanto a UNE protocolava a vontade do povo por novas eleições, do lado de fora do Congresso Nacional as ruas mostraram novamente sua força. Mais de 150 mil pessoas se reuniram no ''Ocupa Brasília'' convocado pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, no que se consolidou o maior ato de oposição a Michel Temer já realizado na capital federal. Apesar da forte repressão realizada pela polícia militar, que atirou bombas de efeitos moral e balas de borracha para dispersar o protesto, os pedidos de “diretas já”, tornaram-se mais fortes. O movimento popular continua mobilizado para derrubar o governo golpista.
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Protesto termina com violĂŞncia desmedida da PM sobre o povo unido pelas Diretas JĂĄ
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D I R E TO R I A D A U N E - G E S TÃ O 2 0 1 5 - 2 0 1 7 Presidenta: Carina Vitral
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Vice-Presidenta: Moara Correa Saboia
1º Diretor de Assistência Estudantil: João Luis Lemos de Paula
2º Dir. de Universidades Privadas: Jonathan Lauro Rossi Machado
1ª Vice-Presidenta: Katerine Oliveira
2º Diretor de Assistência Estudantil: Felipe Eduardo Lopes
3º Dir. de Universidades Privadas: Alisson Nicoldi de Oliveira
2ª Vice-Presidenta: Tamires Gomes Sampaio
3ª Dir. de Assistência Estudantil: Simone Nascimento
4º Diretor de Universidades Privadas: Tony Robson da Silva
3º Vice-Presidenta: Taíres Santos
4º Diretor de Assistência Estudantil: Marcio Brito
1ª Diretora de Direitos Humanos: Mariana Vieira Lacerda
Secretária-Geral: Jessy Dayane Silva Santos
1ª Dir. de Políticas Educacionais: Barbara Cardoso
2ª Diretora de Direitos Humanos: Raiana Siqueira Mendes
Tesoureiro-Geral: Ivo Braga
2º Dir. de Políticas Educacionais: Guilherme Victor Montenegro
1º Diretor Institucionais: Ruan Rodrigues
1° Tesoureiro: Vinicyus Sousa
3º Dir. de Políticas Educacionais: Raphael Almeida
2º Diretor Institucionais: Michel Afif Magul
Diretor de Comunicação: Mateus Weber
4º Dir. de Políticas Educacionais: Rita Gomes
Diretor de Combate ao Racismo: Rodger Richer
Diretor de Políticas Educacionais: David Almansa
1ª Diretora de Cultura: Poliana Nadin
1ª Dir. de Combate ao Racismo: Marcela Lisboa Rodrigues da Silva
Diretora de Cultura: Mel Gomes
2º Diretor de Cultura: Caio Teixeira
2ª Diretor de Combate ao Racismo: Yuri Brito
Dir. de Relações Internacionais: Marianna Dias
Diretora de Mulheres: Bruna Couto Rocha
Diretor de Ciência e Tecnologia: Jonas Lube
1ª Dir. de Relações Internacionais: Camila Souza
1ª Diretora de Mulheres: Amanda Ariadne Mantovani
Diretor de Inclusão Digital: Carlos André Lobato Mendes
Diretor de Movimentos Sociais: Felipe Malhão
2ª Diretora de Mulheres: Nathália Bittencurt dos Santos
1ª Diretora de Extensão: Pamela Kenne
Dir. de Universidades Particulares: Josiel Rodrigues
3ª Diretora de Mulheres: Elida Elena
2º Diretor de Extensão: Guilherme Henrique Targino
Diretora de Direitos Humanos: Luiza Foltran
4ª Diretora de Mulheres: Aline Moraes
Diretora de Meio Ambiente: Samara Danielle Souza
Diretor de Relações Institucionais: Iago Montalvão
1º Diretor Movimentos Sociais: Francisco das Chagas Pereira
Diretora de Memória Estudantil: Marillia Silva Rodrigues
Diretora de Extensão Universitária: Mariara Silva da Cruz
2º Diretora de Movimentos Sociais: Katty Hellen
Diretor LGBT: Augusto Oliveira Pereira
Diretor Jurídico: Rarikan Heven
3º Diretor de Movimentos Sociais: Gabriel Alves
1ª Diretora LGBT: Daniella Veyga
Diretora de Universidades Públicas: Graziele Monteiro
4ª Diretora de Movimentos Sociais: Sarah Lindalva
2º Diretor LGBT: Augusto Malaman
Diretor de Assistência Estudantil: Lucas Bicalho
1º Dir.r de Universidades Privadas: Carlos Augusto Portela
1º Dir. de Universidades Públicas: Gabriel Medeiros
1ª Dir. de Universidades Públicas: Johari Provezani
3ª Diretora de Extensão: Thaynara Melo Rodrigues
2ª Diretor de Universidades Públicas: Eziel Duarte
Diretora de Políticas Públicas para Juventude, Estágio e Trabalho: Ranyelle Neves
3º Dir. de Universidades Públicas: Jessé Samá
2º Diretor de Políticas Públicas para Juventude, Estágio e Trabalho: Raimundo Igor
4ª Dir. de Universidades Públicas: Elen Rebeca 5ª Dir. de Universidades Públicas: Mara Juliana de Sousa Tramontini
3º Diretor de Políticas Públicas para Juventude, Estágio e Trabalho: Daison Roberto Colzani
Vice-Presidente AC/RO: Jeffrey Caetano Vice-Presidente AM: Kennedy Oliveira Vice-Presidente AL: Lucas Vinicius Vice-Presidente BA: Natan Ferreira Vice-Presidente CE: Luis Carlos Vice-Presidenta PE: Flor Ribeiro Vice-Presidente PI/MA: Lucas Matos Vice-Presidente SP: Cris Grazina Vice-Presidente MG: Carlos Sousa Vice-Presidenta DF: Luiza Calvette Costa Vice-Presidente RJ/ES: José Messias da Silva Vice-Presidente Sul: Giovani Calau Vice-Presidenta MT/MS: Amanda Anderson Vice-Presidente PA: Hebertt Lima
UEEs
CUCA da UNE
UEE-SP: Flávia Oliveira
GESTÃO 2015-2017
UEE-RJ: Leonardo Guimarães UCE-SC: Yuri Becker
Coordenação Geral: Patrícia de Matos Coord. de Projetos e Finanças: Bárbara Cipriano
UEE-MT: Vinicius Santos
Coordenação de Comunicação e Audiovisual: Rodrigo Morelato
UEE-GO: Ritley Alves
Coordenação de Arte e Cultura: Bruno Bou
UEE-MG: Luanna Ramalho
GESTÃO 2017-2019
UEE Livre-RS: Thais Berg Dinamara Farias Natalia Doria UPE-PE: Bruno Pacheco UEB-BA: Nagila Maria UEE-AM: Bruna Brelaz
Coordenação Geral: Camila Ribeiro Coord. de Projetos e Finanças: Philipe Ricardo Coordenação de Comunicação e Audiovisual: Dani Rebello Coordenação de Arte e Cultura: Caique Renan
Diretor de Desporto Universitário: Patrick Guimarães
revista da gestão 2015 - 2017 77
PRESTAÇÃO DE CONTAS
78
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