Impresso Imobiliário nº 75

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OPINIÃO

ANO VII | 2014 | Nº 75

Projeto a caminho da derrota Para o PT a negociação só interessa quando os opositores já entram derrotados e têm de aceitar as imposições petistas

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presidente Dilma começou seu governo, em 2011, aparentando relativa independência frente ao seu criador, o ex-presidente Lula. Disse que daria à sua gestão um perfil administrativo e que não transigiria com a corrupção. Representava à época o figurino de gerentona e faxineira. Era tudo uma farsa, mera encenação para consumo dos ingênuos — e não faltaram os que acreditaram que a criatura era não só diferente do criador, como até, se fosse preciso, romperia politicamente com ele. Em quatro anos deixou um país com crescimento zero, um governo paralisado e marcado por escândalos de corrupção. Agora o figurino que está tentando vestir é o da presidente que deseja dialogar com os partidos e a sociedade. Mais uma farsa. Todo mundo sabe que Dilma não gosta de política. Nunca gostou. Na juventude transformou oposição à ditadura em confronto militar — com trágico resultado. Quando chefiou a Casa Civil do presidente Lula foi elogiada pelo estilo de durona. Era a mãe do PAC, uma tocadora de obras. A coordenação política governamental era tarefa do próprio Lula. Quando assumiu a Presidência, Dilma fez questão de demonstrar diversas vezes o absoluto desinteresse — até mais, enfado — pelas tarefas políticas. Ela não gosta de ouvir. Decide por vontade própria. No discurso de comemoração da vitória, a presidente já deu sinais de como pretende governar nos próximos quatro anos. E insistiu na proposta de reforma política petista que, entre outras coisas, despreza o papel constitucional do Congresso. O governo elabora as mudanças e busca, via plebiscito, o apoio popular. Para o PT a negociação só interessa quando os opositores já entram derrotados e tem de aceitar as imposições petistas. Dilma liderou a campanha eleitoral mais suja da história. No primeiro turno usou da mentira para triturar a can-

didatura de Marina Silva. Guardou para Nem o doutor Pangloss diria que as coia fase final da campanha os ataques à sas vão bem. O quadriênio Dilma conhonra de Aécio Neves. E tudo sem qual- seguiu desorganizar as contas públicas, quer problema de consciência. Assim estourar a meta de inflação, colocar em como Lula, Dilma passou a ter como risco a saúde das empresas e dos banprincípio não ter princípio. O importante cos estatais e paralisar a economia do era ganhar. Quem fez o que ela fez na país. E qualquer processo de negociacampanha tem condições morais de di- ção política é muito mais difícil nessa alogar com a oposisituação, pois o goverção? no teria de ceder. E ceDilma liderou a Dificilmente a reder faz parte da polítiforma política — ou campanha eleitoral mais ca, e Dilma odeia a posuja da história. No qualquer outra reforma lítica. proposta pelo governo Na atual conjuntuprimeiro turno usou da — vai ocupar espaço ra aceitar o aceno do mentira para triturar a na agenda política. O governo é jogar na lata candidatura de Marina escândalo do petrolão de lixo 50 milhões de Silva. Guardou para a é de tal monta que povotos. De votos oposifase final da campanha cionistas. De eleitores derá ter um (inicialmente) efeito destrutique estão indignados os ataques à honra de vo e saneador (caso as com o — usando a exAécio Neves apurações forem até as pressão do ministro últimas consequências). O encaminha- Celso de Mello citada no julgamento do mento das investigações comandadas mensalão — projeto criminoso de popelo juiz Sérgio Moro já desnudou que der petista. Não há desejo sincero de dio assalto dos marginais do poder à Pe- álogo. As palavras de Dilma não correstrobras é o maior caso de corrupção da pondem aos fatos. O que dizer de uma história do Brasil. E vai atingir os três presidente que demonizava a adversápoderes da República chegando até, se- ria imputando a pecha de defensora dos gundo depoimento do doleiro Alberto banqueiros e — dias após à eleição — Youssef, o Palácio do Planalto. aumenta a taxa de juros e convida um A oposição acabou sendo arrastada banqueiro para o Ministério da Fazena exercer o seu papel pelo eleitorado. A da? É esperteza ou falta de caráter? crise de identidade foi resolvida ainda O PT venceu a eleição presidencial durante a campanha eleitoral. Diferentemente das duas últimas eleições presidenciais, desta vez tivemos uma campanha mais politizada e com participação popular. Fracassou a interpretação de que as manifestações de junho de 2013 tinham sepultado a “velha política.” Pelo contrário, basta recordar as discussões nas redes sociais, o acompanhamento de toda a campanha, a excelente audiência dos debates televisivos, principalmente no segundo turno, e a permanência do interesse pela política após o 26 de outubro. O cenário econômico é péssimo.

mas está longe de caminhar para ter o controle dos três poderes — sonho acalentado pelo partido. Perdeu 20% das cadeiras da Câmara dos Deputados e no Senado manteve o mesmo número de assentos. Tudo indica que não terá a presidência de nenhuma das duas Casas no próximo biênio. E a melhoria qualitativa da bancada oposicionista deve criar situações embaraçosas para o governo — e não faltam temas para explorar. Por outro lado, a composição do Executivo federal terá de ser ainda mais partilhada com os partidos que dão sustentação ao governo, enfraquecendo o projeto petista. E se for aprovada a PEC da bengala ainda este ano, a presidente Dilma perderá a oportunidade de nomear, devido à expulsória, cinco novos ministros para o STF, acabando com o sonho petista — e verdadeiro pesadelo nacional — de transformar aquela Corte em um puxadinho do Palácio do Planalto. Já estamos em 2015, um ano de 14 meses. Ano agitado, o que é bom para a democracia. E tudo que é bom para a democracia é ruim para o PT. Vamos ter muitas surpresas. O projeto autoritário petista caminha para a derrota política: são os paradoxos da História. Marco Antonio Villa é historiador Fonte: O Globo

EXPEDIENTE - IMPRESSO IMOBILIÁRIO José Humberto Pitombeira M. E - Rua Manoel Achê, 697 - sala 02 - Ribeirão Preto - SP - Jardim Irajá - impressoimobiliario@gmail.com DEL LAMA CONTABILIDADE Edição e Redação: José Pitombeira - João Pitombeira | Jornalista responsável: João Pitombeira MTB: 71.069/SP | Arte Final: Ney Tosca (16) 3019-2115 Rua Américo Brasiliense, 1318 - 3632-8434 Tiragem: 10.000 exemplares | Distribuição gratuita | Impressão: Gráfica Spaço (16) 3969-2904 - Sempre causando uma ótima impressão


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FALA DONA ADELAIDE

Caros leitores, Desde nosso primeiro exemplar, há 07 anos, vimos recebendo em nosso e-mail os comentários e participações de Dona Adelaide. Algumas vezes, vários na mesma edição. Dada sua atenção ao nosso trabalho, sua perspicácia, lucidez e humor sobre os mais variados assuntos, decidimos publicar suas opiniões, mas não sem antes saber mais sobre esta nossa longeva e generosa leitora. Dona Adelaide nasceu em 1915. Creiam, aos 99 anos, dita ao seu bisneto suas mensagens e exige que o mesmo nos mande exatamente o que ditou. Quando indignada, costuma praguejar e soltar alguns impropérios. Deixamos bem claro que suas opiniões nem sempre coadunam com nossa linha editorial. Porém, em respeito aos nossos leitores e a liberdade de expressão, publicamos na integra suas opiniões.

Fala Dona Adelaide!

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amo menino, anda logo que já tá quase na hora da novela! Carma Bisa um cáspite... Já te falei que num tenho mais tempo pra perdê! Tem que ligá a merd.. do computadô! Ma que tanto tempo esta bost... demora prá ligá? Tem que isquentá as varvula? Dá uns tapa nele que pega! Pronto... pegou? Intão tá bão. Posso falá? Io no me aguento mais essa por-

queria de pulitica! Se eles qué impor- minha cerveja. Tô com sono. calhá o mundo, que se frégue eles! Ma não, os pinguço botaro uma múMa agora me tão esculachando sica barulhenta e começaro a dançá! com a mia família! Io pensei comigo, vai virá uma Aqui é tudo pazzo!!!! Um é cumu- merd... nista, outro é farabuto facista, outro é Dito e feito! quinta coluna, outro é sem vegonha Um maledeto começô: Dirma! Dirmesmo!!! ma! Ma é tutti uma família. Io vi um bisneto meu que é um belo Inhantes, nas festa, nos casamen- ragazzo, bem educado, uma moça... to, nos batizado, no - Vai toma no funnatar, nos velório... Aqui é tudo pazzo!!!! Um do do olho do seu... tudo nóis se falava e falando pro outro! é cumunista, outro é dexava as briga de farabuto facista, outro é Esse outro intão lado. gritô: seu burguêis de quinta coluna, outro é merd... filho do paAgora tá tudo sem vegonha mesmo!!! pai! stronzo! Tudo nervoMa é tutti uma família. so! Um não se fala Minha neta, que com o outro. tem pelo nas venta Até filho e pai tá se istranhando! jogô nele um prato de capelete! Na minha festa de 99 ano, teve até Tão bão os capelete! pancadaria! Essa gente não sabe o que é fome!! Um era do partido da tar da presiBão, aí virô uma esbórnia! denta, outro era do outro lado... Estragaro um monte di comida! Bão, cumeçô tudo bem. Beijo na Dirrubaro uma mesa de quitute que io Bisa, churrasco, umas tarantela tocan- nem comi ninhum! do... Até dancei com um neto meu. Ma e a mesa dos dôce!!! Só num Meia música... istragaro mio bolo porque tava na geAí, falei: melhor acabá, já tomei ladêra!

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Tudo isso por causa di política? Vaffanculo!!! Eles se acha inteligente! Ma num sabe que quem entrá vai robá? E quem entrá vai dá emprego pros parente! Quem entrá vai puxá a sardinha pra sua brasa! É assim desde inhantes de Jesus morrê na cruz! Ma se nóis sabe, porque fica brigando na família? E si nóis tudo é brasilero, pra que ficá brigando? Arruma a merda da casa e faiz uma festa! Tudo nóis se diverte e come e bebe e vive! É tão difícilll, porca miséria? Gente nova é mais burra que nóis já fumo! E chega de me dá chinelinho e cobertor de presente! Não sô centopeia e tá um calor desgraçado! Escreveu o que eu mandei? Então, manda. Escreva-nos com sua opinião sobre as posições de Dona Adelaide, seja também nosso colaborador. Nosso endereço para este espaço: impressoimobiliario@gmail.com


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DIÁRIO DA CONSTRUÇÃO

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Qual é o forro certo para sua casa? Além do quesito estético, um bom forro tem que oferecer durabilidade e baixo custo de manutenção

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hamamos de forro o revestimento interno ou o lado de dentro do teto de uma edificação. Quando suspenso por uma estrutura (presa na laje, no madeiramento do telhado ou nas paredes), ele cria um vão entre a cobertura e o ambiente e atende a diversas necessidades. Esse modelo flutuante, também conhecido como forro falso, age como item de proteção ter-

moacústica, abrigo para o sistema elétrico e hidráulico e até suporte para o equipamento de iluminação. Há diversas opções de material. O mais tradicional, de madeira, deixa o cômodo aquecido e acolhedor e tem como principal característica a boa reflexão do som (por isso, é tão comum em salas de espetáculos). O de gesso está entre os mais usados por conciliar preço acessível com a possibilidade de detalhamento requintado - aceita curvaturas, recortes ou rebaixos. Convém exigir dos fabricantes e instaladores o correto descarte das sobras, pois se jogadas em aterros, podem produzir gás sulfídrico, tóxico e inflável. Já o de PVC desponta como o mais prático dessa família. Leve, é facil de transportar e manusear, além de proporcionar instalaa aplicação (5%), impermeável, nperfil de PVC obras ecrte das sobras, pois se jogadas em aterros, podem produzir gção ágil. Seu baixo custo também configura forte argumento para o emprego em obras econômicas. Veja a seguir, os prós e contras dos materiais mais populares

LAMBRI DE PVC Formato: Lâminas com encaixe macho e fêmea de 20 cm de largura, 1 cm de espessura e até 6 m de comprimento Estrutura: Metálica com acabamento lateral de perfil de PVC Características: Mínimo desperdício na aplicação (5%), impermeável; não propaga chamas; rígido, não permite a criação de várias formas, curvaturas, recortes ou rebaixos; resiste a ação de fungos, bactérias, insetos e roedores; reciclável; pode sofrer deformação ou manchas com o excesso de calor; bom isolante termoacústico e elétrico; não necessita pintura, o que sairia mais caro; grande facilidade de limpeza Custo por m²: R$ 45,00 GESSO ACORTONADO Formato: Placas de 1,20 x 1,80 m e 1,2 cm de espessura Estrutura: Metálica, com acabamento lateral tabicado Características: Mínimo desperdício na fabricação e na aplicação (5%), existem chapas especiais para áreas com presença de vapor; tem boa resistência ao fogo; possibilita a criação de várias formas, curvaturas, recortes e rebaixos; pouca resistencia a ação de fungos, bactérias, insetos e roedores; não é reciclável; não sofre deformações ou manchas com o excesso de calor; bom isolante termoacústico; pede aplicação de tinta a cada cinco anos, principalmente em banheiros; média facilidade de limpeza Custo por m²: R$ 100,00 LAMBRI DE MADEIRA Formato: Lâminas com encaixe macho e fêmea de 10 cm de largura, 1 cm de espessura e até 5 m de comprimento Estrutura: De madeira, com acabamento lateral feito de perfil do mesmo material Características: Pouco desperdício na

aplicação (10%), sofre com a ação da umidade e do vapor; oferece pouca resistência ao fogo; permite a criação de várias formas, recortes e rebaixos; pede tratamento contra a ação de fungos, bactérias, insetos; reciclável; não sofre deformações ou manchas com o excesso de calor; bom isolante termoacústico; pede aplicação de verniz a cada dois anos; admite pintura; pouca facilidade de limpeza Custo por m²: R$ 165,00 IMPACTOS AMBIENTAIS DO GESSO O gesso é amplamente utilizado na construção civil. Seus usos mais comuns incluem o revestimento de tetos e paredes, a confecção de componentes pré-moldados como forros e divisórias e como elemento decorativo, devido às suas propriedades de lisura, endurecimento rápido e relativa leveza.

A matéria-prima para a fabricação do gesso é o minério chamado gipsita, cujas maiores jazidas estão localizadas no polo gesseiro de Araripe, no sertão de Pernambuco - o polo é responsável por 95% da produção nacional. As sobras de gesso devem ser destinadas a aterros especiais e, se não contiverem impurezas, podem ser reaproveitadas como matériaprima nas fábricas de cimento. Os resíduos de gesso são classificados como de Classe 3 e não podem ser misturados a outros materiais, como madeira, ferro, plásticos e lixo orgânico. Ronaldo Leão Arquiteto e Urbanista com mestrado em Inovação, Tecnologia e Desenho, pela Universidad de Sevilla, na Espanha. www.moarquitetura.com


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CRÔNICA

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Conversinha prazeirosa de irmãos E

ntão truta, parça, cumpadre, mano e cearense um dia disse que Bahia não e você aí, gente boa! Encheu a pa- é nordeste. Tava brincando (?). Nunca ciência esse papo idiota e obsoleto so- me senti tão bem na vida quanto no bre o preconceito contra o nordeste. Pelourinho. Nem me achei tão branQue coisinha tacanha, sô! Quem vai co assim! Talvez um pouco italiano... pro nordeste com peja de sinhozinho No Recife, fomos agraciados pela do sudeste se dá sempre mal. Vai por gentileza dos transeuntes indicando mim... Primeiro, perde a essência cul- mosteiros, igrejas, museus e prédios tural deste povo lindo e de tudo o que históricos com o trato da língua porele representa. Se vai pra ver praia, tá tuguesa mais cheias de concordânciperdendo viagem. Fias e esses do que se casse cuidando do lifala em todo o sul e Que povo educado! toral norte de São sudeste deste país. Lá, pude ver a arte de Paulo, que é divino. A Que povo educado! natureza... porque o Francisco Brennand em Lá, pude ver a arte de seu atelier/museu e o resto virou shopFrancisco Brennand ping... meio resort, em seu atelier/museu amor do espetacular mas tem gosto pra e o amor do espetamuseu/dedicação de tudo. Tipo praia de cular museu/dedicaRicardo Brennand à Boa Viagem... De um ção de Ricardo Brencultura universal. lado prédios espelhanand à cultura unidos. Do outro tubaversal. Sua coleção é rões e recifes. Resta aquela linha de valorizada pelo mundo todo! Em Olinareia com cara de litoral sul de São da, descer e subir ladeiras, com suas Paulo: barraquinhas e guarda- sóis! No músicas naturalmente brotando dos litoral norte paulista, tomei muito casarios com as suas cores quase pinbanho pelado com minha turma quan- tadas à aquarela, é emoção que só perdo lá só tinha mato e os bondosos de para a linda visão que se apresenta caiçaras. Sem escândalos. Éramos do alto da cidade. Como disse o fidalneo-hippies e os momentos gerais go Duarte Coelho: “Oh, linda situação permitiam... para se construir uma vila!”. Foi lá, no Mas, tem gosto pra tudo. nordeste, que nasceu nossa civilização Um amigo músico, (internacional) cabocla. Lá se fez a primeira sinagoga

da América Latina. De lá saíram as primeira faculdades do continente. De lá brotaram os poetas e pensadores desta raça mestiça e nobre. A partir de lá nos tornamos o que somos. Me-

lhor então não acreditar no seu amigo mal informado do Facebook. Não se contagie pela raivinha politizada e geralmente burra. Leia mais, pesquise mais, e se puder, sem as amarras do preconceito e da desumanização que te cerca, visite o nordeste. Vais adorar meu irmão! E mande lembranças de mim. Porque saudade é coisa nossa. Só nossa. Inda mais se for de nossa identidade. Jeff Gennaro


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MÚSICA Independência ou sorte

uem liga a tv ou o rádio nos dias de hoje se dústria. Hoje, com a internet e o fácil acesso a depara com uma grande variedade de artis- meios de produção e comunicação que antes só tas independentes com a mesma exposição de as grandes gravadoras - não mais tão grandes – nomes que tem contrato com gravadoras e patro- tinham, a independência tornou-se o caminho mais cinadores. Para quem não está por dentro da in- próximo e natural para quem ingressa no mercado dústria fonográfica, ser independente significa da música. Emicida, Criolo, Tulipa Ruiz, Calypso e Cachorro nada mais que ser dono da própria empresa que Grande, por exemplo, são indegere toda a obra e carreira do arpendentes. Detonautas, Nando tista. Hoje esse segmento ganha Na década de 1950, destaque na mídia e compete de várias pequenas grava- Reis e Racionais Mc’s hoje tamigual para igual com os nomes do doras surgiram nos EUA bém são. Com as gravadoras, às vezes fazem parcerias de distribuimainstream, mas, essa história comandadas por comu- ção ou em projetos específicos começou há muito tempo. nidades de negros que Na década de 1950, várias pemas, detém todos os direitos soquenas gravadoras surgiram nos não conseguiam espaço bre suas obras sem interferência ou pressão dos interesses financeiEUA comandadas por comunidana grande mídia. ros de uma empresa acima deles. des de negros que não conseguiam espaço na grande mídia. Em 1967, depois da Os gastos são menores (não é preciso bancar toda morte de seu empresário, uma banda inglesa cha- a equipe da gravadora) o que barateia o custo dos mada The Beatles criou a própria empresa, a Ap- produtos tornando-os mais acessíveis ao público. ple Corps, para gerir sua carreira. Um braço dela, Decidem o quê, quando e como fazer e o resultaa Apple Records, era a nova gravadora. Era a pri- do, mais autêntico, conquista tantos fãs que a mímeira vez que a independência chegava ao ma- dia simplesmente não pode ignorá-los. instream, e logo no topo do mundo. Nos anos 70, João Pitombeira o movimento punk produzia e lançava os próprijornalista, músico, produtor cultural os trabalhos num ato de rompimento com a in-

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CIÊNCIA Física quântica - “de onde vem a incrível complexidade e ordenação do universo”

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complexidade do nosso mundo pode ser avassaladora: das delicadas formas de flocos de neve aos padrões de movimento de bactérias em uma gota de água, vários fenômenos exibem uma grande engenhosidade. Mas de onde vem esta complexidade ? “Emergência”, uma palavra derivada do verbo emergir, vir à tona, é usada para descrever a capacidade de componentes individuais de um sistema maior de trabalharem juntos a fim de dar origem a um comportamento dramático e diverso. VÓRTICES DE BACTÉRIAS Um dos trabalhos recentes feitos por EnkeleidaLushi, da Universidade Brown (EUA), mostrou bactérias formando espontaneamente um vórtex bidirecional dentro de uma gota de água. As bactérias do centro da gota movimentavam-se na direção oposta às das bordas. Nenhuma bactéria escolhia criar o vórtex de forma consciente, por isto este comportamento é chamado de “emergente”. Uma das características do comportamento emergente é que ele surge de uma forma espontânea, devido a interações geralmente simples entre as partes que constituem o grupo e o ambiente. Não há um “líder” decidindo como o sistema irá se comportar. Uma das características desconcertantes da emergência é que o fenômeno geralmente não pode ser predito pelo comportamento das partes. Em outras palavras, sistemas emergentes são considerados maiores que a soma de suas partes. Alguns modelos simplificados, como o dos autômatos celulares, servem para ajudar a compreender o fenômeno da emergência. Alguns modelos incluem a interação entre os elementos do sistema e seu efeito sobre o ambiente.

EMERGÊNCIA, EMERGÊNCIA tra muitas operárias, ela automaticamente POR TODOS LADOS muda de perfil para outro dos menos reAs amebas, nas condições certas, presentados. Este sistema simples de siunem-se e formam algo novo: uma mele- nais químicos mantém a força de trabaca que começa a trabalhar como um orga- lho em equilíbrio não importa o que aconnismo único. Essa “forma única” é capaz teça coma colônia. de cobrir mais terreno que as bactérias Na física e na matemática, a emergênoriginais, colocar colônias em locais esco- cia tem um sentido um pouco diferente lhidos e já mostraram que podem encon- da biologia. A migração do micro para o trar a saída em labirintos. macro, na física, geralmente não resulta O cérebro é outra estrutura que apre- em organização, mas em novas propriesenta o fenômeno da emergência. Um dades. Alguns átomos, ou até mesmo bineurônio individual, ou mesmo fatias in- lhões de átomos, fluindo por um cano ou teiras do cérebro, não tem as mesmas pro- por um lago se movimentam de forma alepriedades de um cérebro atória e imprevisível, interconectado. Afete O cérebro é outra estru- mas quando certo fluxo partes do cérebro, e a víé atingido, ele se torna tura que apresenta o tima apresenta uma vaprevisível. A dinâmica fenômeno da emergên- de fluidos, é de certa forriação enorme na capacidade cognitiva e física, cia. Um neurônio indivi- ma, uma propriedade na personalidade, no emergente de grupos dual, ou mesmo fatias humor e, em alguns caaleatórios de átomos. sos, ocorre perda total de inteiras do cérebro, não Outros aspectos da função. física em que a emertem as mesmas proprieNão só na biologia, gência aparece são a dades de um cérebro como na sociologia apapressão e volume de recem fenômenos emersubstâncias, que é maninterconectado gentes. Um dos mais tida pela interação de dramáticos talvez seja a grupos de átomos. O organização da sociedade das formigas. São campo magnético de ímãs é outro exemtodas operárias, até mesmo aquela que nós plo de emergência – é o resultado do alichamamos de rainha – uma operária es- nhamento espontâneo do momento magpecializada em colocar ovos. nético de bilhões, trilhões de elétrons. E a As necessidades do formigueiro envol- supercondutividade, bem como a super vem saúde, segurança e alimentação e, a fluidez, emergem do fluxo cooperativo de qualquer momento, 25% das formigas es- elétrons e átomos, respectivamente. tão dedicadas à limpeza do ninho, 25% à Em uma escala muito maior, a prósegurança e 50% à busca de alimentos. pria estrutura do universo emerge da inAs proporções são fixas e, quando uma teração gravitacional das estrelas. E volformiga morre, outra é convertida auto- tando a escalas menores, a combinação de maticamente para manter a relação. Esta átomos forma moléculas e macromolécurelação é mantida pelos ferormônios que las, com a emergência de estruturas e inas formigas emitem: quando uma encon- terações que determinam sua função em

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biologia molecular, que por sua vez criam a biologia celular. LIGANDO OS NÍVEIS DE COMPLEXIDADE Apesar do comportamento emergente estar em praticamente todos os lugares, esta é uma área nova de pesquisa, e não há uma compreensão profunda sobre ela. A cada nível de complexidade surgem novas leis, propriedades e fenômenos, o que é problemático para a ciência: as leis e propriedades que descrevem um nível de um sistema complexo não necessariamente explicam outro nível, não importa o quanto eles possam ser conectados. A compreensão da emergência de estruturas de moléculas não permite necessariamente que alguém possa prever a emergência da biologia celular. Mesmo a análise e modelagem de fenômenos como os vórtices de bactérias, que ajudam a identificar ingredientes necessários para o comportamento emergente, não é suficiente. É preciso encontrar novas formas de pensar sobre a emergência, que ultrapassem os limites da modelagem convencional de sistemas específicos. Estas novas ferramentas vão nos permitir determinar os princípios unificantes do comportamento emergente, fazendo a conexão entre todos os níveis de complexidade. Este é um dos grandes desafios da ciência atualmente: compreender e utilizar os princípios da emergência. Miguel Galli Terapeuta Quântico/Holístico miguelgalli@ig.com.br


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CINEMA Pela diversidade do individual. Cheia de tons.

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evo lhes confessar que os arroubos coletivos que os últimos tempos nos impuseram, (tipo copa do mundo e eleições), me cansaram um bom tanto a beleza, tão jurada por minha mamãe, e o resto que me sobrava de paciência. Creio mesmo que todos nós, de todos os pontos cardeais do país, necessitamos de um pouco da boa pratica de

ensimesmarmo-nos. Quem sabe se um pouco do tempo em que possamos adentrar em nossos mundos particulares, em nossas consciências e universos pessoais, possa resultar em algo salutar para o coletivo. Passados esses momentos em que sempre esperamos que nossa postura pessoal, nossa torcida e/ou ideologia se

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sobreponha sobre o outro, resta-nos a homem comum. Bem sucedido. Casaglória ou o entendimento do que é real- mento perfeito. Boas amizades. Enfim, mente um fair play. dentro do padrão de um cidadão estabiliPensando nisso e tentando aglutinar zado. em uma mesma redaAté que sua vida é ção dois filmes que me Pensando nisso e tentan- desestruturada por um impressionaram recenencontro fortuito. do aglutinar em uma temente, ouso lhes inA normalidade, ou o mesma redação dois dicar ambos. Completaque se apresentava mente díspares en- filmes que me impressio- como tal tem seu eixo quanto estética, tema, desnivelado. naram recentemente, estilo e ritmo. Des (pen- ouso lhes indicar ambos Uma historia que, so) então a pretensa idecorriqueiramente podealização do igualitário. ria acontecer com qualAposto na beleza do díspar. Do disparata- quer um de nós em nossa vida quotidiado! na, passa a cutucar com curta vara a noAcredito mesmo e quero profunda- ção que os personagens, tão centrados mente que os paralelos possam se encon- tem do viver. trar no infinito de um raciocínio comum. Já se disse que “o inferno está nos Mesmo sendo contra a lógica e as inter- detalhes”. Talvez... mináveis egolatrias vigentes. Ele pode se apresentar nos pequenos incômodos do dia a dia... ANTES DO INVERNO Ou nos acumulados de um todo. O certo é que a perfeição não existe. Por Falemos mais que a busquemos. primeiro Sejamos nós um delinquente sem deste filme pátria ou um PhD em neurocirurgia. francês. Não ELENCO: Daniel Auteuil, Kristin torça o naScott Thomas, Leïla Bekhti riz! O bom DIREÇÃO: Philippe Claudel vinho, o O TEOREMA ZERO queijo, a filosofia e os A solidão e a angustia coletiva e indiardores do vidual que hoje nos assola será a mesma pensar pasque virá a nos atormentar no futuro? Se sam pela afirmativamente, daqui a quanto tempo, França. de que formas e maneiras ela virá? Também o Quanto irá durar essa nossa solidão bom cinema. É só uma questão de tratar seus sentidos de forma adulta e com rít- universal? Os que não acompanham esta ideia/ mo alterado, fora do formato “hollyhooconstatação poderão, seguindo a boa cardiano” de olhar, pensar e viver. Aqui vivenciamos a história de um tilha facebookiana, contradizer:


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“Não! Solidão, que nada! Pensar sobre o positivo!” Ora, então o que somos hoje? Presos em engarrafamentos infindáveis dentro de mega cidades/estados/

territórios/veículos, bombeados a ar condicionado e barulho. Grudados às tecnologias viciantes, “chupetas de silício” e ainda cheios de saudades de uma felicidade urbana e moderna que nunca vivemos... Este preâmbulo pode ser um tanto desconfortável se pretende ser o enunciado de uma indicação para um filme. Mas estamos falando de um filme dirigido por Terry Gilliam. Este integrante do fabuloso grupo cômico Monty Python vem se aprimorando em nos presentear com seus filmes grandiloquentes e nada comuns.

“O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus”, “Os 12 Macacos”, “O Pescador de Ilusões” e “Brazil, o filme” são algumas de suas melhores alucinações cinematográficas. Parece falácia, mas já estamos no universo apresentado neste boníssimo “Teorema Zero”. Em tempo: Mais uma vez o trabalho de Christoph Waltz, ganhador do Oscar e do Globo de Ouro em “Bastardos Inglórios”, vale todo o filme. Uma viagem num todo estranho... e muito familiar. ELENCO: Christoph Waltz, David

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Thewlis, Mélanie Thierry, Matt Damon, Tilda Swinton, Peter Stormare DIREÇÃO: Terry Gilliam E pra não dizer que não falei das cores, os filmes indicados fogem dos cansativos azul e vermelho que tanto nos impacientaram nos últimos tempos. Bom poder tratar das varias tonalidades do cinza real. Jeff Gennaro é ator e diretor da Cia Teatro Salada Vinte (São Paulo/SP.) teatrosaladavinte@terra.com.br


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