7 minute read

vídeos e feminismos: o acervo do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir

curadoria Barbara Rangel

A conferência sobre a mulher – Nairóbi 85

(La Conférence des femmes - Nairobi 85)

Françoise Dasques | Arquivo digital

Os racistas não são nossos camaradas, nem os estupradores (Les Racistes ne sont pas nos potes, les violeurs non plus) Anne Faisandier, Ioana Wieder e Claire Atherton | Arquivo digital

Maso e Miso vão de barco

(Maso et Miso vont en bateau)

Carole Roussopoulos, Ioana Wieder, Delphine Seyrig e Nadja Ringart | DCP

Seja bela e cale a boca!

(Sois belle et tais-toi!)

Delphine Seyrig | Arquivo digital

Flo Kennedy, retrato de uma feminista americana (Flo Kennedy, portrait d’une féministe américaine)

Carole Roussopoulos e Ioana Wieder | Arquivo digital

A morte não quis saber de mim: retrato de Lotte Eisner (La Mort n’a pas voulu de moi: portrait de Lotte Eisner)

Carole Roussopoulos, Carène Varène, Michel Celemski | Arquivo digital

A FHAR – Frente Homossexual de Ação Revolucionária (Le FHAR – Front homosexuel d’action révolutionnaire)

Carole Roussopoulos | Arquivo digital

SCUM Manifesto (S.C.U.M. Manifesto)

Carole Roussopoulos e Delphine Seyrig | DCP

Delphine e Carole, insubmusas (Delphine et Carole, insoumuses)

Callisto McNulty

Carole Roussopoulos, uma mulher por trás das câmeras (Carole Roussopoulos, une femme à la caméra)

Emmanuelle de Riedmatten | DCP

Transformações… em Mondoubleau

(Ça bouge… à Mondoubleau)

Carole Roussopoulos e Catherine

Valabrègue | Arquivo digital

Os homens invisíveis

(Les Hommes invisibles)

Carole Roussopoulos | Arquivo digital

Profissão: ostreicultora

(Profession: conchylicultrice)

Carole Roussopoulos e Claude Vauclaire | Arquivo digital

As trabalhadoras do mar (Les Travailleuses de la mer)

Carole Roussopoulos | Arquivo digital

É só não trepar! (Y’à qu’à pas baiser!)

Carole Roussopoulos | DCP

Com a palavra, as prostitutas de Lyon

(Les Prostituées de Lyon parlent)

Carole Roussopoulos | Arquivo digital

Où est-ce qu’on se mai?

Lona Wieder, Delphine Seyrig | DCP

16:00 Uýra – A retomada da floresta (70')

18:00 Medusa Deluxe (101')

20:00 Bem-vindos de novo (105')

16:00 Medusa Deluxe (101')

18:00 Bem-vindos de novo (105')

15:00 Uýra - A retomada da floresta (70')

16:30 A praga (70')

11

16:00 Bem-vindos de novo (105')

18:00 A praga (70')

20:00 Canção ao longe (76') 18

16:00 Canção ao longe (76')

18:00 A praga (70')

20:00 Superstição + Os romeiros do Padre Cícero (80')

20:00 Uýra – A retomada da floresta (70') 12

16:00 Bem-vindos de novo (105')

18:00 A praga (70')

20:00 Canção ao longe (76')

18:00 Canção ao longe (76')

20:00 Setembro chileno (40') seguido de conversa com Vladimir Safatle e Sergio Burgi

16:00 Bem-vindos de novo (105')

18:00 Canção ao longe (76')

20:00 Santo forte (80')

19

16:00 Bem-vindos de novo (105')

18:00 A praga (70')

20:00 Canção ao longe (76') 26

16:00 Canção ao longe (76')

17:30 Fogo-fátuo + Fantasma neon (87')

19:30 A vida dos performers (90'), seguido de debate com os críticos da revista Cinética

16:00 Canção ao longe (76')

17:30 Luz nos trópicos (260')

16:00 Fogo-fátuo + Fantasma neon (87')

17:45 Canção ao longe (76')

19:30 A conferência sobre a mulher – Nairobi 85 + Os racistas não são nossos camaradas, nem os estupradores (83'), seguido de conversa com Barbara Rangel, Glênis

Cardoso e Rosane Borges

Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em ims.com.br.

16:00 Fogo-fátuo + Fantasma neon (87')

18:00 Où est-ce qu’on se mai? (55')

19:30 Maso e Miso vão de barco (55') sessões apresentadas por Barbara Rangel

14:00 Bem-vindos de novo (105')

16:30 A praga (70')

18:00 Canção ao longe (76')

20:00 Brasil: relato sobre tortura (60') sessão apresentada por Jom Tob Azulay

22:00 A praga (70')

14

14:00 Uýra - A retomada da floresta (70')

16:00 Bem-vindos de novo (105')

18:00 A praga (70')

20:00 Canção ao longe (76')

22:00 A praga (70') 21

15:30 Canção ao longe (76')

17:00 Fogo-fátuo + Fantasma neon (87')

19:00 Luz nos trópicos (260')

15:00 Uýra – A retomada da floresta (70')

17:00 Medusa Deluxe (101')

19:00 Bem-vindos de novo (105')

21:00 Mato seco em chamas (153')

8

14:00 Bem-vindos de novo (105')

16:30 A praga (70')

18:00 Uýra – A retomada da floresta (70')

20:00 Canção ao longe (76')

22:00 A praga (70')

2

14:00 Uýra – A retomada da floresta (70')

16:00 Medusa Deluxe (101')

18:00 Bem-vindos de novo (105')

20:00 Medusa Deluxe (101')

9 15:00 Mato seco em chamas (153')

18:00 Canção ao longe (76')

20:00 A praga (70')

14:00 Luz nos trópicos (260')

18:45 Flo Kennedy, retrato de uma feminista americana + A morte não quis saber de mim: retrato de Lotte Eisner (85'), sessão apresentada por Barbara Rangel

20:30 Delphine e Carole, insubmusas (68')

22:00 A praga (70')

15

15:00 Mato seco em chamas (153')

18:00 Superstição + Os romeiros do Padre Cícero (80')

20:00 Canção ao longe (76')

22:00 A praga (70')

22

15:00 Canção ao longe (76')

17:00 Santo forte (80')

19:00 Luz nos trópicos (260') 29

15:00 Carole Roussopoulos, uma mulher por trás das câmeras (76')

16:30 Transformações… em Mondoubleau + Os homens invisíveis (51')

18:00 Profissão: ostreicultora + As trabalhadoras do mar (60') sessões de 16h30 e 18h apresentadas por Barbara Rangel

19:30 Seja bela e cale a boca! (115')

22:00 Fogo-fátuo + Fantasma neon (87')

16

15:00 Mato seco em chamas (153')

18:00 Canção ao longe (76')

20:00 A praga (70')

23

15:00 Luz nos trópicos (260')

20:00 A vida dos performers (90')

30

18:00 A FHAR – Frente Homossexual de Ação Revolucionária + SCUM Manifesto (53')

19:30 É só não trepar! + Com a palavra, as prostitutas de Lyon (63')

Arquivos, vídeos e feminismos: o acervo do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir

Barbara Rangel

Nenhuma imagem da TELEVISÃO pode nos representar, é com o vídeo que nós contaremos nossas histórias. Presente nos créditos de fim de Maso e Miso vão de barco, realizado por Delphine Seyrig, Carole Roussopoulos, Ioana Wieder e Nadja Ringart em 1976, a frase exprime um desejo central dos coletivos feministas de vídeo na França ao longo dos anos 1970: a completa independência para registrar a própria história. A partir desse gesto emancipatório, que coincide com a emergência dos equipamentos de gravação de imagem e som portáteis em vídeo no final dos anos 1960, surgem alguns coletivos de realização, cujo objetivo era registrar os diversos movimentos sociais que marcaram o período, não apenas na França, mas em outros países. Essa mostra tem por objetivo exibir algumas dessas lutas, com um enfoque particular em vídeos sobre temáticas feministas, a partir do acervo do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir em Paris (CaSdB). Arquivo audiovisual feminista situado em Paris, o CaSdB foi fundado em 1982 por três militantes e realizadoras: Delphine Seyrig, Carole Roussopoulos e Ioana Wieder. Em um contexto político favorável após a eleição de François Mitterrand à presidência do país e conscientes da fragilidade dos suportes em vídeo e da importância de preservar o que haviam registrado na década anterior, elas resolveram lançar as bases de um arquivo, que atuaria também como produtora e distribuidora de filmes, além de organizar projeções periódicas. Fechado por razões financeiras em 1992, o CaSdB retomou suas atividades no início dos anos 2000, e, às suas missões já existentes, se juntaram a realização de ateliês e formações para sensibilização a estereótipos de gênero (o projeto Genrimages) e a organização de projeções seguidas de debate em casas de detenção, que também privilegiam filmes com personagens femininas proeminentes e homens que não correspondem a modelos binários. No final dos anos 1960, Roussopoulos foi uma das primeiras pessoas na França a adquirir um equipamento de vídeo portátil. Nos anos 1970, Delphine Seyrig, atriz conhecida por filmes como O ano passado em Marienbad e Muriel (ambos dirigidos por Alain Resnais), passa a se afastar paulatinamente desse papel de objeto do olhar masculino, escolhendo trabalhar com realizadoras como Chantal Akerman (Jeanne Dielman) ou Liliane de Kermadec (Aloïse).

A partir dessa década, ela se vale de sua notoriedade para publicizar debates, como a legalização do aborto ou a libertação de presas políticas, como quando realizou em

1975 o filme Inês , a partir da história de Inês Etienne Romeu, militante de esquerda presa e torturada durante a ditadura militar brasileira. Ou ainda para registrar os depoimentos de atrizes americanas e francesas sobre experiências sexistas no ambiente de trabalho, em Seja bela e cale a boca!, que será apresentado em versão restaurada. Essas trajetórias se cruzaram quando, em 1974, Delphine Seyrig e Ioana Wieder tocaram à porta de Carole Roussopoulos, que ministrava ateliês de realização em vídeo, para se formarem na prática. Em pouco tempo, nasce o coletivo Les Insoumuses (um jogo de palavras em francês entre insubmissas e musas), no qual elas dissecam as mais variadas formas de misoginia televisionada, como no filme Maso e Miso andam de barco Serão também exibidos alguns filmes-chave do fundo histórico dos anos 1970, produzidos pelo coletivo Video Out, formado por Carole Roussopoulos e seu parceiro intelectual e companheiro Paul Roussopoulos, que mostram o interesse de ambos pelos mais diversos movimentos sociais que lhe são contemporâneos: o combate dos Panteras Negras (Genet parle d’Angela Davis) ou a emergência do movimento gay e lésbico na França (A FHAR – Frente Homossexual de Ação Revolucionária). E outros raros filmes de Carole já produzidos nos anos 1980 e 90, que prolongam seu gesto de escuta atenta e receptiva aos diversos tipos de vivências, como Profissão: ostreicultora e As trabalhadoras do mar, ou ainda um sensível retrato de um hospital que acolhe e cuida de pessoas em situação de rua (Os homens invisíveis).

Nos filmes propostos, o registro de testemunhos e vivências é consciente de sua importância para a transmissão da luta e da história feministas. Seja através de práticas de contrainformação bem-humoradas ou de vídeos institucionais, são obras que atuam como ponto de partida para o aprofundamento dos debates aos quais se propõem, não como um fim em si mesmas. A exibição dessas, que nada mais é do que uma continuidade da preservação dessas memórias, permite descobertas das intersecções com o tempo presente, sem perder de vista seu contexto histórico. Conservar, no entendimento do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir, é um verbo vivo e emancipatório por excelência.

Gostaria de agradecer à programadora Andrea Cals, por ter organizado a mostra Século XXI: mulheres, ação, que trouxe em 2018 a arquivista e ativista feminista e LGBT Nicole Fernández Ferrer (então diretora do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir e atualmente sua copresidente) e alguns dos filmes aqui propostos ao Brasil, incluindo uma passagem dessa programação pelo IMS Paulista. Para muitas, inclusive para mim, foi um primeiro encontro com essas obras e com as práticas desse arquivo, descoberta que foi fundamental para a realização desta mostra em 2023.

This article is from: