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Debate

ÉPOSSÍVEL TER CRESCIMENTO ECONÓMICO QUE NÃO SEJA MOVIDO APENAS PELO CONSUMO? John assegura que, de momento, a única forma de crescimento económico sustentável é através do consumo e a única forma de crescer é se houver uma grande população consumidora. Não há alternativa ao modelo atual como se pode ver pelo exemplo do Japão, atingido por três décadas de estagnação e com uma das populações em maior declínio. Alioune acredita que, de uma perspetiva Africana, deve existir uma alternativa porque África vive numa situação em que consome o que não produz e produz o que não consome, sendo que esta tendência não é sustentável. África exporta matérias primas, significando que exporta empregos, mas precisa desses empregos e consome o que é produzido noutro lado, aumentando a dependência de alimentação e de outros bens. Há que encontrar alternativas que não sejam baseadas em consumo. A CRISE PANDÉMICA FOI UMA OPORTUNIDADE PARA REPENSAR PRIORIDADES. SERÁ TAMBÉM O CASO DAS CAPITAIS AFRICANAS QUE ENFRENTAM VÁRIAS VULNERABILIDADES, INCLUINDO AS CLIMÁTICAS. PODE INVESTIR-SE NOUTRAS ÁREAS DA URBANIZAÇÃO?

Alioune explica que, em África, existe um legado de dependência. A forma como as cidades africanas foram planeadas para o tráfico de escravos implica que as cidades estão ligadas ao mundo externo e não têm ligação com as povoações do interior. É também preciso garantir que as cidades sejam mais produtivas do que são hoje, porque o setor informal é dominante, e esse é um setor de baixa produtividade. Há que garantir também que se investe nas áreas rurais, porque ao contrário do que acontece no resto do mundo, em África há dois movimentos: aumento da população urbana, e aumento da população rural. Portanto, a urbanização não é às custas da população rural, essa está a aumentar.

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A urbanização da migração é uma tendência importante e ninguém foi capaz de detê-la. Mas o que importa perguntar é que tipo de urbanização? A industrialização e a urbanização que acontecem em África não acontecem no contexto das industrializações. A urbanização ocorreu num contexto de desindustrialização, o que explica porque há pessoas que trabalham no setor informal, e o setor informal é, como já foi referido, um setor de baixa produtividade. Em consequência, há uma pressão enorme nas infraestruturas urbanas. Há ainda uma grande parte da população (40%) que vive em áreas rurais, portanto é preciso investir nela, na sua educação.

HAVERÁ UMA POSSIBILIDADE, NUM MUNDO PÓS-PANDEMIA, DO FATOR SOCIAL SER TOMADO EM CONSIDERAÇÃO DE UMA MANEIRA MAIS CREDÍVEL, MAIS FORTE E MAIS DETERMINANTE PARA AS POLÍTICAS?

John acredita que os sistemas não serão impactados pela Covid-19. Na verdade, a pandemia não levará, como alguns sugeriram, a um baby boom. Há dados que sugerem que as recessões económicas reduzem permanentemente a taxa de fertilidade de uma sociedade, ou seja, os jovens decidem não ter filhos porque os tempos são difíceis. Adiam essa decisão e não têm tantos filhos quanto pretendiam inicialmente. Então, a pandemia irá, provavelmente, suprimir ainda mais as taxas de fertilidade.

Alioune salienta que algo que se deve aprender com esta situação é o advento de uma crise séria no que diz respeito ao conhecimento. Há uma grande lacuna de conhecimento, o que levou a uma má resposta à crise. A Europa foi um bom exemplo, não sabiam o que fazer, uns países entraram em confinamento, outros não. A pandemia mostrou a vulnerabilidade do sistema alimentar, tanto na produção como na dependência de importações. Quando um país não consegue produzir algo simples como uma máscara, obviamente há um problema. Alioune pergunta-se sobre as vacinas, por exemplo. Quanto custarão? Serão acessíveis? Como teremos certeza de que estarão disponíveis para toda a população? A dependência da ajuda para prover necessidades humanas básicas e direitos humanos é algo que precisa ser abordado. Há áreas em que é preciso mudar a forma como vemos as coisas e acertar as nossas prioridades, por exemplo, a segurança humana, através da nutrição, da educação, ou do empoderamento das mulheres, é essencial.

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